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BRINCADEIRAS NO ESPACO INSTITUCIONAL DA EDUCAGAO INFANTIL: em discussGo os espacos da natureza Marynelma Camargo Garanhani A brincadeira na educagaéo institucional da crianca pequena Inicia: estudo sobre a educaga Tecorro as ati 2009), as quais orientam em seu att. 9~ As praticas pedagogicas que compem a proposta car ewlar da Educasio Infantil devem ter como eixos norteadores enn tas0es ¢ a brincadeira, garantindo experiéncias [..." @rasil, 2009, p. 21, g Essa recome: . Mas, para isso, necessitio perguntar: O que é brincadeira? E qual do se na educacio de criancas peque! Podemos afirmar 10s dos estudos sobre fasao da crianca pequena ocorreram por condicoes m (Chamboredon; Prévot, 198, surgindo no processo de brincar. Quando a crianca estruturaa brincadelra para brincar, por meio de regras e/ou combinados, surge o jogo. Em sintese, 0 jogo é a brincadeira estruturada, infantil, e sim um espaso de aprendizagens (Borba, 2007) gue ocorre no meio histérico-cultural em que a erianga 8 encontra, { © _ Mas o que faz a brincadeira ser lidica? & a promessa da _diversao e, para isso, é necessario enfrentar desafi frustracdes, ou seja, ¢ preciso comprometer se cumpram acordos, se respeitem regras e se realizem deter. minadas acoes que a tornam possivel. Nesse cenario, Sarmento (2004) esclarece que a ludicidade é um trago fundamental das culturas infantis e, com interatividade, fantasia do real ¢ rei ferasio’, constituem se eixos que estruturam a acio da erianca no brincar e na producio de suas brincadeiras, E preciso, efetivamente, romper com o mito da brineadeira natu. tal A crianga esta inserida, desde o seu nascimento, num context seus comportamentos esto impregnados por essa imersio vel. Néo existe na erlanca umabrincadeira natural. a brim ‘adeira é um proceso de relagbes interindividuais, portanto, de cultura. (Brougére, 2006, p97) \ecessario que Esses comentarios nos levam a concordar com Spréa (2010), ue, no set estudo sobre a invengiio das brincadeiras, conclui: “as brincadeiras sto ferramentas potentes de assimilacio do ‘mundo real, pois sugerem as mais variadas situagdes de convivio € de significagao” (Spréa, 2010, p. 22). Enfim, é um “espaco de socializagdo, de dominio da relacdo com 0 outro, de apropria- 0 da cultura, de exercicio de decisio e da invengao” (Brougére, 2008, p. 103), Mas de que maneira se organiza a brincadeira? Segundo, Borba (2007, p. 38), Equais sdo os espagos da brincadeira no cotidiano das insti tuigoes de educagao da crianga pequena? Esse aspecto poderia ser abordado de diversas maneiras: espagos da brincadeita infantil no curriculo, espagos da brincadeira na rotina da instituiao, esPa¢os no planejamento de priticas e/ou experiéncias infantis, espacos fisicos da escola da crianga, entre outras, Neste estudo, sero abordadas as brincadeiras infantis os espasos da natureza que configuram 0 espaco externo de instituicoes da educacao infantil, A justificativa esta na com- Preensio de que necessitamos valorizar experiéncias corporais infantis nos espacos externos das instituigoes educacionais, pois as criancas ficam uma boa parte de sua infancia nesses locais, idocomeos lisso]se da no proprio pracesso de brincar [a ‘outros, observando-os e participando das brincadeiras que vamos ‘nos apropriando tanto dos processos bisicos constitutivos do ‘cr, como dos modos particulares de brincadeira, ou sea, das rot znas,regrase universossimblicos que caracterizam e espectficam 95 grupos sociais em que nos inserimos. nteragl Em contrapartida, esses espacos podem apresentar uma gama de possibilidades de aprendizagens, como as que se observam com o empréstimo de brinquedos na caixa de areia, a imitagao doamigo que conseguiu subir na arvore ou andar em um cami nho de pedrinhas, a compreensio do segredo do perfume das Mores e da forma como os bichinhos se deslocam ou, ainda, a experiencia de brincar com tintas e com elas pintar, lambuzar esujar diferentes partes do corpo. Em sintese, a brincadeira ¢ uma atividade espontinea da crianga, que vai se estruturando na ago. E 0 brinquedo poderé Ser 0 seu suporte, por exemplo: um objeto, palavras e/ou sequén- ciar de palavras ou até mesmo uma miisica, como nas brincadei- ras denominadas bringuedos cantados. A espontaneidade, nesse cenario, significa ages, comportamentos e ou atitudes que vio Por que valorizarmos as experiéncias corporais? Se tivermos como premissa, na educacio de criangas peque- as, que © corpo em movimento constitui a matriz basica da aprendizagem infantil (Garanhani, 2004), faz-se necessario ofe recer a elas oportunidades de brincar nos espagos da natureza, para que dominem e compreendam o seu corpo, o seu corpo em movimento e, consequentemente, os seus movimentos nesses espagos de desenvolvimento motriz, sensorial, estético e social (Ritscher, 2012), As brincadeiras nos espasos da natureza de institui¢ées da educagéo infantil Nos dias de hoje, temas que se referem a relagao humana com © espago sto estudados e pesquisados por diferentes campos do conhecimento, por exemplo, a geogratia, a arquitetura, a Psicologia e também a pedagogia. No ambito da pedagogia, a otganizagao institucional para a educacdo infantil é uma das areas que mais tém se debrucado sobre esse tema com intencio de proporcionar as criancas pequenas ambientes de aprendiza em coerentes com suas necessidades de cuidado e educagao. Para Forneiro (1998), ambiente ¢ formado por relagoes que Se estabelecem com o espago fisico, entre as criancas e/ou entre as criancas e os adultos, Para melhor compreensio do conceito, Forneiro (1998, p. 233, grifo do original) esclarece: De um modo mais ampl oderiamos definir 0 ambiente como 'um todo indissoclivel de abjetos, odores, formas cores, sons e pes foas que habitam e se relacionam dentro de uma estrutura fisiea determinada que contém tudo © or todos estes. vida. Por isso, dizemos que o ambiente fala, transmite-nos senen 068, evoca recordacoes, passa-nos eeguranca ou inguletagao, mas sbunca nos defxa indiferentes. ae mesmo tempo, é contida ementos que pulsam dentro dele como setivessem Com base nessas consideragoes, ¢ possivel pensar que 0 ambiente de uma instituicao de educacao escolar é um espaco fisico definido, organizado, borrado, ou seja, configurado por uma cultura da escola (Forquin, 1993), Para Forquin (1993),a cultura da escola é um conjunto de caracteristicas proprias do cotidiano escolar que se diferencia da cultura escolar, a qual se refere ao conjunto de contetidos Cognitivos e simbélicos que, ao serem selecionados, organizados, normalizados, constituem o objeto de transmissao nas escolas Na educacdo infantil, a organizagao institucional esta relacionada as especificidades e necessidades do desenvol: vimento da crianca pequena. Segundo Oliveira-Formosinho (2002), a crianca pequena apresenta caracteristicas especifi cas de desenvolvimento, no qual pensamento, sentimento ¢ motricidade caracterizam uma globalidade na sua educacao. Ao mesmo tempo, a crianca apresenta uma vulnerabilidade fisica, emocional e social, 0 que determina uma dependéncia em relagao a0 adulto nas rotinas de cui cas da crianga dao uma especificidade muito prépria 4 cultura lado. Essas caracteristi- da escola de educagao infantil, pois acarretam uma simbiose entre educagao e cuidade. Nesse cenirio, utilizo o estudo de Abramowicz e Wajskop (2995) sobre 0 espaco fisico no contexto da educacio infantil Para concluir que “todo espago fisico é um territério cultural: a ser ocupado, construido, baguncado, organizado, marcado por experiéncias, sentimentos e acdes das pessoas” (Abramowicz; Wajskop, 1995, p. 30, grifo nosso). Assim, “essa quali do espaco fisico é que o transforma em um aml . 2004, p. 28), transforma-o em um ambiente de aprendiza- gem (Forneiro, 1998) Com o apoio desses aportes teéricos, participei da analise de um documento pedagdgico construido pelo Departamento de Educagao Infantil da Secretaria Municipal de Curitiba sobre a organizagdo de espacos externos das instituigées de educacio infantile relatei essa experiencia no XI Congreso Nacional de Educacao — Educere, em 2013, Esse relato resultou na publica- ‘do do texto Orientagdes para a organizacdo do espaco externo da instituigdo de educagao infantil: a construgdo de um documento peda- g0gico (Garanhani, 2013), 0 qual compoe uma parte do estudo que ora apresente, © documento faz parte de uma colegio de cadernos peda ‘g0gicos caracterizados como referenciais para estudo e planeja- ‘mento na educacao infantil, os quais tém o objetivo de “subsidiar de forma permanente as reflexdes ¢ a elaboracio do planeja: mento pedagogico dos profissionais de Centros Municipais de Educasao Infantil (CMEIs) e Centros de Educagio Infantil (CEIs) dose escolas com turmas de educagao infantil da Rede Municipal de Ensino” (Curitiba, 2010, p. 3). Nesse processo de andlise, estudo e discussoes do referido documento, orientei que conve: @ organizagao do espaco externo das instituigoes de educacio infantil se estruturasse em torno dos seguintes temas: espagos de interacao social; espacos de movimento do corpo; espacos de convivio com a natureza; espacos que mobilizam a imaginagao. Os temas apresentados foram pensados com base nos con: tetidos propostos pelo texto em analise, os quais me remeteram 0s elementos constitutivos da infancia propostos por Martins (2010) em um estudo sobre a organizacao dos significados e dos sentidos que as criancas de um centro municipal de educagao infantil (CMEl) atribuem aos espacos da instituicdo educativa que frequentam, Em seu estudo, Martins (2010) conclui que a ludicidade, a ofetividade, o reconhecimento das regras de convivén- cia social (dos grupos dos quais participam) e a curiosidade © imaginago podem ser considerados elementos constituti- vos da infincia, por meio dos quais as criangas significam o espago institucional que frequentam e dao sentido a ele. Esses elementos surgiram por meio dos niicleos de significag: de seus respectivos indicadores finais durante a anali falas dos sujeitos da pesquisa (as criangas). Assim, os micleos de significacdo construidos pela pesquisa (Martins, 2010) foram: bringuedos e brincadeiras (Iudicidade) telagdes afetivas (afetividade); rotinas instituidas (regras de convivencia soci contato com a natureza (curiosidade e imaginacao). A referida pesquisa apresenta muitas falas das criangas sobre 05 espagos externos do CMEI, o que me levou a concluir © quéo significativo sto, para a crianga pequena, os ambientes de aprendizagem fora do espago da sala de aulla e como podemos orientar sua organizacao pedagogica. Com base nessas reflexoes, realizadas com a equipe respon- savel pela elaboragao do documento (Curitiba, 2012), definiu-se que os referenciais para estudo ¢ planejamento sobre a organi 2acao de espacos externos das instituigdes de educacao infantil seriam estruturados em torno dos seguintes temas: espagos que possibilitam maior interacao entre as criancas; espacos que possibilitam a movimentagao do corpo; espacos que possibilitam o brincar com elementos da natureza; espagos que possil itam a imaginagio e a criagio. No entanto, neste estudo, proponho uma nova organizagao Gidatica dos espacos de institui¢oes de educagao infantil, inse indo as brincadeiras como um eixo (Brasil, 2009) que podera organizar os espagos de educagio da crianga pequena. Para isso, Proponho uma nova terminologia que acolhe a brincadeira, sendo: espacos das brincadeiras de interacao entre as criangas; espagos das brincadeiras com os movimentos do corpo; espacos das brincadeiras com elementos da natureza; espacos das brincadeiras de imaginacao. Espagos das brincadeiras de interagao entre as criangas Pesquisadora ~ O que vocés fazem Id no pargue? Motoqueiro Fantasma — Brinca. Pesquisadora — Com quem vocé gosta de brincar? Motoqueiro Fantasma ~ Com 0 Dragon Ball Z £0 Pedro, Pesqutisadora ~ E vocé Juliana, com quem voce gosta de brincar? Juliana ~ Com a Lara e a Patricia ¢ a Camila (Martins, 2010, p. 89) Com a intengao de promover encontros entre as criancas (como nos mostra o dialogo da epigrafe), os espacos externos dos CMEls, representados pelo parque, pelo patio, pela caixa de areia, pela pracinha, entre outros, podem ser caracterizados como espagos da netureza e ambientes de interacdo social da instituicao de educagio infantil, Assim, “os espacos exter: nos das institwigoes podem se tornar espacos que favorecem a interacao entre as criangas e delas com os adultos. Para tanto, € preciso conhecer as possibilidades de organizagao espacial ara planeja-la em funcao dos objetivos que se pretendeatingir com as exiangas” (Curitiba, 2012, p, 15) Forneiro (1998) nos ori ous #consequentemente, a vivencia de diferentes brineads iras, Por exemplo, Brougere (2004, . 263) os lembra “da brincadeira de esconde-esconde, cuja riqueza varia de acorde com a confi- Buragao do lugar em que ela ocorre” Com base nessas orientagdes, proponhoa caixa de oreiana educaso infantil como um exemplo de espaco da natureza que Ss transforma por meio das interagoes que as brincadei com areia possibilitam, Segundo Maranhio e Ortiz (2006, p. 41-42), sarela possi ste para int tas vezes proporeiona « sensa¢ae de controle que auxilia aerlanca a constreir a sc ma neilade corporal Até mesmo ao causarincemodo, quanto rate 24 pele ou no cabelo, permite que a crianga viva ea, aprenda a lidar com el Fazer com has ¢ brincar de casinha, transformar uma ‘meleca de terra e égua em bolo para uma festa ou, entao, cons: nuit estradas, rios e cidades podem ser brincadeieas ne areia atte exigem criar estratégias, discutir projetos, aceitar deine 8 Principalmente, compartilhar brinquedos, espacos ¢ amigos, Entim, a caixa de areia pode propor ionar as criangas pequenas a vivéncla ea construsio de brincadeiras que possibilitan uma maior interacio entre elas, Espacos das brincadeiras com °s movimentos do corpo Dragon Ball Z— No parque dé pra pular, dd pra fazer uma dana, da pra fazer uma apresentagéo, Pesquisadora — E nos dias que ndo tem apresentacdo, 0 que vocés fazem la? Dragon Ball Z — Brinca. (Martins, 2010, p. 90) Conforme Horn (2004, p. 28), “a arquitetura escolar é, por Si 80, o que materializa todo um esquema de valores, cren¢as, ‘bem como os marcos da atividade sensorial e motora, Sendo assim, ela esta inserida em uma cultura e a desvela, em suas formas, arranjos e adornes [..”. Em sintese: tanto as dimensoes e as caracteristicas do espago (de terra, calgado, «com grama. arvores ete) como osew equipamento(balangos cbogis, «struturas para subir, cabanas, pistas etc) condicion: idades de planeia ‘mento dof) professor(), de atividades de aprendizagem especiticas Ineegradas em um projeto de trabalho. (Forneizo, 1998, p. 243) Nesse cenario, o corpo em movimento constitui a matriz basica das aprendizagens infantis, pois é por meio do movi- mento do seu corpo que a crianca pequena compreende os significados presentes no meio cultural em que esta inserida, Segundo o documento Organizagdo de espacos externos das insti. ‘wigdes de educagao infantit (Curitiba, 2012, p. 6), Quando a criancs passa por um tinel ou atravessa obstaculos for ‘mados por elistieo, por exemple, vivencia diferentes movimentos ue sio importantes para o desenvolvimento de sua autonomia ¢ Jdentidade cozporal. Além diss ampliao conhecimento sobre as praticas corporais infantis, nestas brincadeiras ela interage e Essas consideracdes reforcam a necessidade de pensar ambientes ¢ equipamentos que nao s6 possibilitam a movi- ‘mentagdo do corpo infantil, mas que proporcionem as criancas 8 formagao de um repertério de vatiadas e diferentes experién. Cias de movimentos, o que pode ser observado na fala infantil trazida pela epigrafe do texto, © parque infantil, com seus bringuedos de balancar, escor Ceear, Girar, subir ou trepar, pendurat, escorregar e, &s vezes, cals, constitui um espago privilegiado para esse ceniio, pois Permite a movimentagao do corpo e brincadeiras de desatios “orPorais. E nas brincadeitas do parque que a crianca experi- nenta sensagoes e emogdes como vertigem, medo, seguranca e inseguranca,alegria ou satistacao, Assim cla conheceré e dort. Bard o seu corpo em situagdes de perigo e aprenderd a controlar Sua movimentacdo em tais contextos. Para isso, 0 parque nas instituigoes de educagto infantil pode ser construido na geo srafla que o espaco da natureza ofezece ou, entdo, por meio da instalacdo de brinquedos que suscitam nas criangas um inte. esse de setem tocados, manipulados, escalados, percorridos, balansados, enfim, bringuedos que originam brincadeicas com, 08 movimentos do corpo. Espacos das brincadeiras com elementos da natureza Vanessa ~ Aqui 6, 6 0 que cai nas ‘ Pesquisadora — Ah! E 0 que ¢ isso que cai nas drvores? Vanessa ~ E, num sei. Motoqueito Fantasma ~ E comidinha, Vanessa — Comida pra passarinho, Motoqueiro Fantasma — Da pra subir na drvore © pegar. Vanessa — Mas s6 que nas drvores tem formiga, Pesquisadora — Hu Vanessa — Olha ali outro buraco, Motoqueiro Fantasma — Esse num tem (formiga)... Eas crianas sobem em um galho da drvore Para recolher algumas sementes e me mostrar. (Martins, 2010, p. 103) A conversa da epigrafe nos mostra que brincadeiras com slementos da natureza sempre foram experiéncias que trazem muita motivacao para a crianga, A agua, a terra, a grama, os bichinhos e as flores sao sempre motivo de muita cu riosidade, assim como de experimentar sentimentos dé cuidado, momen, ‘osde contemplacao e, principalmente, atitudes de investigagao, Desse modo, os espacos externos podem prever lugares com diferentes elementos que promovam desafios ¢ despertem a Curlosidade das criancas, para que elas tenham a oportunidade de observar € sentir como os elementos e os seres transtor- mamse por diferentes relagoes (Curitiba, 2012), Assim, 0 espaso externo pode transformar-se em um ambiente de aprendizagens sobre os elementos da natureza © consequentemente, da ciéneia, por meio de experiéncias de investigacbes. Nesse cenario, é possivel possibilitar 4 crianga Pequena diversas brincadeiras, como aquelas com agua, que Podem colocar a ctianga em contato com conceitos da ciéncia Por melo de perguntas investigativas, Por exemplo: “como & que cu transformo o gosto dessa 4gua, ou ainda a cor, ou o cheiro? Essa pergunta pede uma resposta conceitual ~ ‘Fazendo mis- Stra! ~ que esté a0 alcance da crianga pequena” (Macedo, 2004, P. 13). Segundo Macedo (2004, p. 13), “Uma coisa é ver um pro. fessor misturar e fazer a magica. Outra totalmente diferente fazéla, Tal proposta permite refletirmos sobre a diferenca Compreender é ‘prender com, é compreender em acio” Em sintese, brineadeiras com elementos da natureza possi bilitam a crianga pequena o ingresso no mundo das investiga 808, Por meio de sensacées corporais que o ‘perfume das flores, aarp (ts frutas, a textura das folhas, a viscosidade da terra mothada e/ow as formas das pedras podem Proporcionar, Espacos das brincadeiras de imaginagao Lara ~ Agora aonde gue nés vamos (pergunta a si mesma cantandoj? Julia ~ O portao? Lara ~ O portao? Pesquisadora — Paca que serve esse porto? Julia ~ Pros pai entra) (Martins, 2010, p, 113) Imaginar e * como vemos na conversa de Lara e julia (8 epigrate), so comportamentos presentes no desenvolvi. * Grlanga um repertério de vivencias que Possibilitem a ativi. nasio (Vygotsky, 1991), Nesse censio, ag brincadeiras se apresentam como *complexos Ptocessos de arti culacdo entre o ji dado e o novo, entre a experiéncia, a memé, Tia ea imaginagdo, entre a realidade e a fants ia” (Borba, 2007, P. 36). Portanto, acura adeia€um espago da “mentrinha, no goal orsulios 7 © controle da stuacio, Justamente esa atitude ea brincadeia soja desprovida das 'm ma realidade imed; encta, para ulteapassagem de ovas experiencias, Borba, 2007, p. 37) Assim, 05 espagos da natureza, no contexto da educagio de criangas pequenas, podem ser um grande atelié de arte, no qual as brincadeiras de imaginagio levam a produgao de uma cul- ‘ura infantil, Para isso, “grande parte das propostas de desenho, pintura, modelagem e jogos simbélicos necessitam de um espaco que ultrapasse as paredes da sala de atividades, sendo o espaco externo uma otima op¢ao” (Curitiba, 2012, p. 26), Rabiscar paredes com giz, desenhar nos muros com tinta, 'o para brincar de amarelinha ou conduzir 0 car iho, construir cabanas, casinhas ou escon- pintar o rinho em um cai Aerijos, tudo isso pode ser uma experiencia fascinante e, nesse cenario, a imaginacao é a mola propulsora de criagao das brin- cadeiras infantis, Concluséo Na organizagao de espacos das instieuigoes de educacao infan- Ul, faz-se necessario compreender que “0 espaca ne educagao infantil ndo somente um local de trabalho, um lemento ‘mals no processo educativo, mas é, antes de tudo, um recurso, uum Instrumento, um parceiro do professor na pritica educativa" (Horn, 2004, p, 3 Para a crianca, os espacos externos das instituigoes de edu- catdo intantil, caracterizados como espacos da (tureza, podem se, unlerdim de segredos (Ritscher, 2012) E, paraa institer: a0, podem se apresentar como territérios da cultura intantit (Eslava, 2005), lugares em que as criangas vivem ¢ constroem brincadeiras. Em sintese, nas instituigoes de educacio infantil, a orga. pr asdo de espagos que possibilitem brincadeizas deve ser nor- ‘eadla pela observacio e pelo estudo das brincadeitas infantis Petes SSPA¢08 € seus elementos incentivam e/ou mobilizam Entim, € necessario conhecer e investigar os territérios da cul ‘ura infantil no contexto da educacio institucional Acho que que a ci A gente s6 descobre isso depois de grande. A gente descobre que o tamanto das coisas hd de ser medido pela intimidade que temos com as coisas. He de ser como acontece com o amor, Barros, 2008, p. 67) Referéncias ABRAMOWICZ, A; WAJSKOP, G. Creches: atividades para crian. as de zero a seis anos. Sio Paulo: Moderna, 1995, BARROS, M. de, MemGrias inventadas: as infancias de Manoel de Barros. Sio Paulo: Planeta do Brasil, 2008. BORBA, A. M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In: BEAUCHAMB, J; PAGEL, S. D; NASCIMENTO, A. R. do. (Org). 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