Logo de início, no primeiro parágrafo, Lacan fala de um inconsciente que não é,
somente, sede dos instintos, mas o que isso quer dizer. Vamos lá, seguindo o título, fica entendido que o inconsciente também tem letra- suporte material do discurso da linguagem, ao pé da letra (significante materializado). A linguagem preexiste à entrada do sujeito em seu desenvolvimento mental e, dessa forma, não se confunde com as funções que desservem o sujeito. Essa linguagem, enquanto fundadora das estruturas da cultura- experiencia de comunidade, cria uma norma nas trocas relacionais, sendo que essas, as trocas, são inconscientes. Como resultado disso, a dicotomia natureza e cultura se transformou em uma tricotomia natureza-sociedade-cultura, onde a cultura da dicotomia se transforma em sociedade e reduz-se na tricotomia à linguagem- dicotomia entre sociedade humana e natural. Ao falar da linguística, Lacan diz que todo seu estudo está preso resistência de significância, que para Lacan contempla o conceito saussuriano de arbritariedade- falta de conexão natural do significante com o significado, e o supera. Isso quer dizer, para Lacan, que nenhuma língua é insuficiente ao abranger o campo dos significados, pois esse é o efeito de sua existência enquanto língua. No mundo da linguagem, a constituição do objeto só ocorre enquanto conceito, e isso, na coisa, faz com que ela encontre abrigo na linguagem, e não abandone sua forma. Dessa parte, podemos tirar como conclusão que o tempo, enquanto significante- aquilo que faz conexão, gera a significância.