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Resumo
A presente pesquisa pretende trazer algumas reflexões sobre a importância da tarefa escolar, a
partir de contribuições acerca de como a tarefa é vista de forma diferente, investigando como
a mesma pode ser desenvolvida em sala de aula, portanto, tem-se como objetivo identificar
como é a realização da tarefa e a visão de alunos, pais e professor em relação a sua prática em
uma escola pública do município de São Bento do Sul- SC. Num primeiro momento,
buscando responder essa questão, foi realizada uma pesquisa sobre o tema tarefa escolar,
inicialmente em internet e livros de diversos autores. Após o levantamento bibliográfico foi
elaborado e distribuído um questionário dirigido a alunos, professora e pais, colhendo
informações e visando auxiliar no estímulo da aprendizagem por meio da tarefa escolar. A
pesquisa foi realizada com vinte e dois alunos da 4ª série 01, período matutino, com idade
entre dez e onze anos. Estão envolvidos na pesquisa, os alunos da referida turma, pais e
professora, que responderam questionários sobre o tema. O estudo foi desenvolvido durante o
ano letivo de dois mil e oito, na Escola de Educação Básica Orestes Guimarães, mantida pelo
governo de Santa Catarina, localizada no município de São Bento do Sul – Santa Catarina.
Realizou-se uma pesquisa com intenção de verificar como é a realização da tarefa e a visão de
alunos, pais e professora em relação a sua prática. Os dados da pesquisa estão organizados em
forma de tabelas, para facilitar a visualização, e foram analisados pelo pesquisador.
Introdução
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Mestrando em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Graduado em Pedagogia
pela Faculdade Internacional de Curitiba (FACINTER), especialista em Pedagogia Gestora com Ênfase em
Administração, Supervisão e Orientação Educacional pela Associação Catarinense de Ensino (ACE) – Faculdade
de Educação de Joinville. Assistente de Educação responsável pela Secretaria da Escola de Educação Básica
Prefeito Carlos Zipperer Sobrinho. E-mail: vitoralves@sed.sc.gov.br
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A presente pesquisa pretende trazer algumas reflexões sobre a tarefa, a partir de como
é vista de forma diferente por parte do professor, dos alunos e dos pais, investigando como a
mesma pode ser desenvolvida de forma a trazer um estímulo à aprendizagem que acontece em
sala de aula, portanto, tem-se como objetivo identificar como é a realização da tarefa e a visão
de alunos, pais e professor em relação a sua prática em uma escola pública do município de
São Bento do Sul- SC.
Ao mencionar a palavra tarefa, as crianças já pensam no tempo que vão “perder”
presos em casa, preenchendo frases, resolvendo operações matemáticas de forma repetitiva,
copiando textos e fazendo pesquisas às vezes sem sentido para elas. Pais se preocupam, pois
acreditam que o filho gasta muito ou nenhum tempo com esses afazeres. Professores passam a
tarefa e dão um visto no caderno no dia seguinte, de forma automática e sem valorizar o
esforço ou a dedicação do aluno, apenas porque é seu dever cobrar a tarefa.
Essa antiga visão da tarefa remete a um sistema escolar defasado. A tarefa serve como
uma continuidade dos conteúdos trabalhados em sala de aula e é uma das maneiras da criança
aprender a se organizar e exercitar gradativamente sua autonomia. Um exemplo que pode ser
citado seria uma situação onde a criança precisa recortar palavras onde apareçam
determinadas letras: ela precisa organizar-se com os devidos materiais que precisará para
realizar a devida tarefa, e essa atitude precisa partir da criança, em procurar-se com o que é
necessário sem esperar que alguém a ajude ou até mesmo encontre para ela.
Essa organização deve ser orientada pelos pais e professores. Em casa, os pais devem
orientar as crianças em suas atividades, estabelecendo horários adequados para cada uma.
Com o tempo, a rotina vai ensinando a criança a se estabilizar nas suas tarefas. Conseguindo
se organizar em suas atividades, a criança desenvolve de forma positiva e crescente sua
autonomia, pois sabe o horário que pode brincar, assistir e sozinha realizá-las no horário
determinado, aprendendo que depois terá outras atividades do cotidiano a fazer.
A tarefa é fundamental para complementar o que a criança aprendeu na escola. Além
disso, é um recurso que oferece independência para a criança aprender, pois o professor não
está presente na hora da resolução, o que delega às crianças à tomada de decisão em como
organizar as respostas. Isso significa que ela está aprendendo a ser responsável, estará
trabalhando sua autoestima, aprendendo a lidar com os problemas e dificuldades que encontra
e tornando-se confiante em si mesma.
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Assim, questiona-se como a tarefa pode ser aplicada como uma ferramenta pedagógica
capaz de dar continuidade a assuntos introduzidos em sala de aula?
Referencial teórico
A tarefa escolar é uma rotina da prática pedagógica, adotada na grande maioria das
escolas, com pequenas diferenças, sejam quais forem as suas condições de ensino e
aprendizagem. Mesmo assim, é curioso o quanto incomoda pais, professores e alunos. “As
escolas queixam-se das famílias, e as famílias, por sua vez, também se queixam muito das
escolas. A verdade é que, provavelmente, ambas as partes tenham razão”. (SAVIANI,;
COSTA; CASCINO, 2000, p. 10)
Como resolver esse impasse? A melhor maneira é começar a ver as coisas como elas
são: não existe total integração entre a escola e a família.
O professor tem o trabalho diário de planejar tarefas condizentes aos conteúdos e
possíveis de serem realizadas sozinhas pelo aluno. Depois, precisa fazer a correção, descobrir
o motivo porque um aluno não fez, revisar as dúvidas. Muitas vezes, essa rotina não reflete a
variedade das situações vivenciadas em sala de aula, restringindo-se em atividades mecânicas
e repetitivas.
Os pais, em geral, têm dois tipos de visão sobre a tarefa: para alguns é muita tarefa e
não sobra tempo para outras atividades, para outros é pouca tarefa, que a criança realiza
rapidamente e não adquire hábitos de estudo. Alguns ainda acreditam que a tarefa não tem
qualidade, seja porque é fácil demais, sem desafios ao aluno, ou porque a criança não
consegue fazê-la sozinha, necessitando de ajuda, momento em que nem sempre eles podem
ajudar, pela falta de tempo ou mesmo por não compreenderem os enunciados, diferentes do
seu tempo de escola.
Para os alunos, a tarefa às vezes mostra-se como um castigo. Existem alunos que não
se permitem errar, outros que usam a tarefa como um pretexto para ter a presença e atenção
dos pais. Há também os que têm dificuldade em organizar sua rotina de estudo e com
freqüência esquecem de fazer ou trazer a tarefa; os que não se interessam pelas atividades e
costumam deixar para fazê-las mais tarde e acabam sem tempo para fazê-la ou fazendo sem
qualidade. Isso quando não são os pais que fazem a tarefa dos filhos, nesse caso.
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Para que a tarefa não seja vista como uma forma de punição ou simplesmente de
ocupar as crianças por certo tempo, é necessário que pais, professores e alunos entendam que
a tarefa
representa uma oportunidade de auto-aprendizagem, auto-conhecimento, de
reflexão, expressão e crescimento pessoal do aluno. Para isto, é necessário repensar
duas crenças arraigadas: a de que a tarefa de casa tem como objetivo que o aluno
aprenda o que foi trabalhado em classe, fazendo exercícios repetitivos e mecânicos,
ou seja, que aprendemos pela repetição; e a crença de que a obrigatoriedade da lição
diária gera, por si só, a responsabilidade e o hábito de estudo (ROMANO, 2008,
s/p.).
No começo, os pais devem monitorar os filhos para que estes criem o costume e
assim tenham condições de tomar a responsabilidade como sendo deles. O ponto
fundamental em relação à disciplina do estudo é garantir ao filho tempo e espaço, as
condições favoráveis para fazer a digestão da informação recebida em sala de aula.
Mas ninguém poderá digerir a informação por ele.
Portanto, é preciso que cada envolvido neste processo (alunos, pais e professores)
cumpram seu papel.
Conforme Romano (2008, s/p.), o professor “tem a missão desafiadora que é despertar
no aluno o desejo pelo conhecimento do mundo, do outro e de si mesmo”. Assim, ao planejar
a tarefa ele deve oferecer uma diversidade de propostas que possa beneficiar a todos os
alunos. Essa diversidade inclui atividades como: coletar dados, conhecer um determinado
assunto, aprofundar-se num tema iniciado em sala de aula, apreciar um poema, fazer uma
biografia, pesquisa, atividades de fixação e revisão, entre outras, são inúmeras as
possibilidades que o professor pode desenvolver. Quando se restringe a enunciados como
“Resolver”, “Leitura do texto” ou “Estudar a tabuada” dificilmente o aluno vai se sentir
motivado a fazer a tarefa, podendo resolver tudo de forma mecânica ou deixando de fazê-la. O
professor ainda deve estar atento ao grau de dificuldade que a tarefa oferece. Para o aluno, a
tarefa deve ser sempre um desafio, mas um desafio alcançável. A correção é indispensável,
para que o aluno sinta que seu trabalho tem uma finalidade e foi valorizado. Conforme
Romano (2008, s/p.),
A tarefa de casa de casa é apenas um dos aspectos da vida da sala de aula. Não se
pode esperar que o aluno tenha espontaneamente atitudes desejadas frente à lição de
casa, se a relação estabelecida no dia a dia da classe for autoritária e não houver
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Quanto mais o ser humano aprende, mais deseja aprender. O ignorante julga que já
sabe o suficiente e não se interessa em procurar novos conhecimentos. O
conhecimento motiva-nos a estudar mais e, quanto mais motivados, mais facilmente
aprendemos. (TIBA, 1996, p. 113)
Caminhos da pesquisa
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Por que o professor deve mandar tarefa para casa? Por que será que a maioria dos pais
gosta que os filhos façam tarefa?
Professora que não passa dever para casa é mais ou menos como médico que não
manda tomar remédio ou fazer exames. Fica parecendo que não há controle da
aprendizagem, no primeiro caso, e da saúde, no segundo. (KOSINSKI, 1998, p. 26).
Buscando responder essa questão, foi realizada uma pesquisa sobre o tema tarefa
escolar, inicialmente em Internet e livros de diversos autores. Após esse levantamento
bibliográfico foi elaborado e distribuído um questionário dirigido a alunos, professores e pais,
colhendo informações e visando auxiliar no estímulo da aprendizagem por meio da tarefa
escolar.
O questionário foi respondido por vinte e dois alunos de uma turma de 4ª série do
Ensino Fundamental de uma escola pública, seus pais e a professora. Os alunos desta turma
têm idade entre dez e onze anos.
Buscando facilitar a visualização dos dados obtidos, os dados foram organizados em
forma de tabelas, conforme a seguir.
Apresentação dos resultados do questionário aplicado a vinte e dois alunos da 4ª série
do Ensino Fundamental da EEB. Orestes Guimarães.
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A constatação geral das respostas analisadas permite visualizar aceitação unânime das
crianças em relação à tarefa de casa, um resultado favorável aos princípios teóricos
apresentados nesta pesquisa.
Conforme tabela 2 serão apresentados os resultados do questionário aplicado aos vinte
e dois pais de alunos da 4ª série do Ensino Fundamental da EEB. Orestes Guimarães.
A tarefa é também um instrumento que pode ser usado para dar continuidade aos
conteúdos iniciados em sala de aula,
É interessante considerar também que a tarefa feita em casa pode se tornar a aula do
dia seguinte, pois a inquietação produzida nos alunos dá início a novos conteúdos. Mas o
professor deve estar consciente que não pode mandar seu aluno fazer uma atividade sozinho
sem que ele possua conhecimento da mesma e saiba fazer por conta própria. Nesses casos a
ajuda da família quando pedida pela criança deve ser mínima, para que se atinjam os
objetivos.
Todo professor deve ter em mente que a lição de casa tem vários objetivos. O
principal é ensinar a criança a trabalhar sozinha e criar um vínculo agradável com os
estudos, dar-lhe autonomia para buscar o conhecimento por conta própria. Além
disso, ela serve a objetivos mais imediatos, como resolver questões específicas
ligadas aos conteúdos de cada etapa escolar ou antecipar algo que ainda será
trabalhado em sala de aula, como se fosse um desafio. Nesse caso, o importante é
dosar o grau de dificuldade proposto para não espantar ninguém (FACCIO;
GUIMARÃES, 2003, s/p.).
A tarefa pode servir ainda para explorar habilidades de pesquisa, introduzir novos
conteúdos, avaliar a aprendizagem da turma, recuperar alunos em defasagem. Sempre que
possível, cabe ao professor avaliar os diferentes graus de desenvolvimento dentro da classe e
tomar cuidado para que a autoestima dos que não conseguem cumprir as atividades não fique
prejudicada. Cada criança deveria fazer uma lição adequada ao seu ritmo de aprendizagem e à
sua condição familiar.
No entanto, tudo isso não parece motivar a criança que tem que abrir mão do tempo
livre que tem para brincar para cumprir as tarefas. Para incentivar a realização dessa
atividade, o ambiente é muito importante.
Pais devem receber sugestões sobre a maneira como podem proporcionar a seu filho
o ambiente apropriado à realização de sua tarefa extra-escolar. O lugar de estudo é
muito importante, a iluminação, arejamento e sossego são fatores a considerar.
Quando no mesmo lar vivem vários escolares, todos podem trabalhar na mesma sala,
aprendendo bons hábitos de consideração, de tolerância e de cooperação. (SPERB,
1976, p. 200).
É aconselhável ter uma mesa ou escrivaninha reservada para os estudos, e que não
haja televisão por perto, que pode desviar a atenção da criança. O material escolar deve estar
sempre a disposição, revistas, tesouras, lápis de cor e outros. É importante ainda ter um
horário estabelecido, e deve ser cumprido diariamente e estar atento ao tempo livre da
criança, pois segundo Elvira Aparecida de Araújo (2008, s/p.) “ser aluno é um pedaço da vida
da criança, não pode ser tudo”.
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Considerações finais
Ao término da pesquisa, pode-se concluir que a tarefa escolar ainda é um tema que
precisa de um olhar mais profundo para que desempenhe seu papel no ensino. Contudo,
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acredita-se que vista como caráter pedagógico, ela pode contribuir tanto para o estímulo ao
hábito de estudo e criar responsabilidades em relação a ele, quanto para o desenvolvimento de
outras competências e habilidades que o aluno utilizará em sua aprendizagem formal e
cotidiana.
REFERÊNCIAS
DIMENSTEIN, Gilberto & ALVES, Rubem. Fomos maus alunos. 6. ed. São Paulo: Papirus,
2004.
FACCIO, Liane & GUIMARÃES, Arthur. Viva a lição de casa. Disponível em:
<www.novaescola.com.br>. Acesso em: 14 abr. 2008.
JUNKGLAUS, Josiane Schwabe & WEIDUSCHAT, Edith. Olhar sobre a tarefa escolar.
Disponível em: <www.icpg.com.br/hp/revista/index.php> Acesso em: 30 set. 2008.
KOSINSKI, Regina Taam. 41 respostas sobre ensino e cotidiano escolar. São Paulo:
Scipione, 1998.
ROMANO, Eliane Palermo. Lição de casa – que prática é essa? Disponível em:
<http://ecc.br/fundamental/fundamentalIell/licao_de_casa.htm> Acesso em: 20 jun. 2008.
SAVIANI, Demerval; COSTA, Antonio Carlos Gomes da; CASCINO, Pasquale. Educador:
novo milênio, novo perfil? São Paulo: Paulus, 2000.
SPERB, Dalilla C. Problemas gerais de currículo. 2. ed. Porto Alegre: Globo, 1976.
TIBA, Içami. Disciplina: Limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996.