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A TAREFA ESCOLAR COMO ESTÍMULO À APRENDIZAGEM

ALVES, Vitor1 - PUCPR

Grupo de Trabalho – Didática: Teorias, Metodologias e Práticas


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

A presente pesquisa pretende trazer algumas reflexões sobre a importância da tarefa escolar, a
partir de contribuições acerca de como a tarefa é vista de forma diferente, investigando como
a mesma pode ser desenvolvida em sala de aula, portanto, tem-se como objetivo identificar
como é a realização da tarefa e a visão de alunos, pais e professor em relação a sua prática em
uma escola pública do município de São Bento do Sul- SC. Num primeiro momento,
buscando responder essa questão, foi realizada uma pesquisa sobre o tema tarefa escolar,
inicialmente em internet e livros de diversos autores. Após o levantamento bibliográfico foi
elaborado e distribuído um questionário dirigido a alunos, professora e pais, colhendo
informações e visando auxiliar no estímulo da aprendizagem por meio da tarefa escolar. A
pesquisa foi realizada com vinte e dois alunos da 4ª série 01, período matutino, com idade
entre dez e onze anos. Estão envolvidos na pesquisa, os alunos da referida turma, pais e
professora, que responderam questionários sobre o tema. O estudo foi desenvolvido durante o
ano letivo de dois mil e oito, na Escola de Educação Básica Orestes Guimarães, mantida pelo
governo de Santa Catarina, localizada no município de São Bento do Sul – Santa Catarina.
Realizou-se uma pesquisa com intenção de verificar como é a realização da tarefa e a visão de
alunos, pais e professora em relação a sua prática. Os dados da pesquisa estão organizados em
forma de tabelas, para facilitar a visualização, e foram analisados pelo pesquisador.

Palavras-chave: Aprendizagem. Prática. Tarefa escolar.

Introdução

A tarefa escolar ainda é um assunto pouco abordado, apesar de estar presente no


cotidiano da sala de aula como uma extensão dos assuntos trabalhados. Além disso, é exigida
pelos pais, que cobram sua realização na educação dos filhos.

1
Mestrando em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Graduado em Pedagogia
pela Faculdade Internacional de Curitiba (FACINTER), especialista em Pedagogia Gestora com Ênfase em
Administração, Supervisão e Orientação Educacional pela Associação Catarinense de Ensino (ACE) – Faculdade
de Educação de Joinville. Assistente de Educação responsável pela Secretaria da Escola de Educação Básica
Prefeito Carlos Zipperer Sobrinho. E-mail: vitoralves@sed.sc.gov.br
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A presente pesquisa pretende trazer algumas reflexões sobre a tarefa, a partir de como
é vista de forma diferente por parte do professor, dos alunos e dos pais, investigando como a
mesma pode ser desenvolvida de forma a trazer um estímulo à aprendizagem que acontece em
sala de aula, portanto, tem-se como objetivo identificar como é a realização da tarefa e a visão
de alunos, pais e professor em relação a sua prática em uma escola pública do município de
São Bento do Sul- SC.
Ao mencionar a palavra tarefa, as crianças já pensam no tempo que vão “perder”
presos em casa, preenchendo frases, resolvendo operações matemáticas de forma repetitiva,
copiando textos e fazendo pesquisas às vezes sem sentido para elas. Pais se preocupam, pois
acreditam que o filho gasta muito ou nenhum tempo com esses afazeres. Professores passam a
tarefa e dão um visto no caderno no dia seguinte, de forma automática e sem valorizar o
esforço ou a dedicação do aluno, apenas porque é seu dever cobrar a tarefa.
Essa antiga visão da tarefa remete a um sistema escolar defasado. A tarefa serve como
uma continuidade dos conteúdos trabalhados em sala de aula e é uma das maneiras da criança
aprender a se organizar e exercitar gradativamente sua autonomia. Um exemplo que pode ser
citado seria uma situação onde a criança precisa recortar palavras onde apareçam
determinadas letras: ela precisa organizar-se com os devidos materiais que precisará para
realizar a devida tarefa, e essa atitude precisa partir da criança, em procurar-se com o que é
necessário sem esperar que alguém a ajude ou até mesmo encontre para ela.
Essa organização deve ser orientada pelos pais e professores. Em casa, os pais devem
orientar as crianças em suas atividades, estabelecendo horários adequados para cada uma.
Com o tempo, a rotina vai ensinando a criança a se estabilizar nas suas tarefas. Conseguindo
se organizar em suas atividades, a criança desenvolve de forma positiva e crescente sua
autonomia, pois sabe o horário que pode brincar, assistir e sozinha realizá-las no horário
determinado, aprendendo que depois terá outras atividades do cotidiano a fazer.
A tarefa é fundamental para complementar o que a criança aprendeu na escola. Além
disso, é um recurso que oferece independência para a criança aprender, pois o professor não
está presente na hora da resolução, o que delega às crianças à tomada de decisão em como
organizar as respostas. Isso significa que ela está aprendendo a ser responsável, estará
trabalhando sua autoestima, aprendendo a lidar com os problemas e dificuldades que encontra
e tornando-se confiante em si mesma.
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Assim, questiona-se como a tarefa pode ser aplicada como uma ferramenta pedagógica
capaz de dar continuidade a assuntos introduzidos em sala de aula?

Referencial teórico

A tarefa escolar é uma rotina da prática pedagógica, adotada na grande maioria das
escolas, com pequenas diferenças, sejam quais forem as suas condições de ensino e
aprendizagem. Mesmo assim, é curioso o quanto incomoda pais, professores e alunos. “As
escolas queixam-se das famílias, e as famílias, por sua vez, também se queixam muito das
escolas. A verdade é que, provavelmente, ambas as partes tenham razão”. (SAVIANI,;
COSTA; CASCINO, 2000, p. 10)
Como resolver esse impasse? A melhor maneira é começar a ver as coisas como elas
são: não existe total integração entre a escola e a família.
O professor tem o trabalho diário de planejar tarefas condizentes aos conteúdos e
possíveis de serem realizadas sozinhas pelo aluno. Depois, precisa fazer a correção, descobrir
o motivo porque um aluno não fez, revisar as dúvidas. Muitas vezes, essa rotina não reflete a
variedade das situações vivenciadas em sala de aula, restringindo-se em atividades mecânicas
e repetitivas.
Os pais, em geral, têm dois tipos de visão sobre a tarefa: para alguns é muita tarefa e
não sobra tempo para outras atividades, para outros é pouca tarefa, que a criança realiza
rapidamente e não adquire hábitos de estudo. Alguns ainda acreditam que a tarefa não tem
qualidade, seja porque é fácil demais, sem desafios ao aluno, ou porque a criança não
consegue fazê-la sozinha, necessitando de ajuda, momento em que nem sempre eles podem
ajudar, pela falta de tempo ou mesmo por não compreenderem os enunciados, diferentes do
seu tempo de escola.
Para os alunos, a tarefa às vezes mostra-se como um castigo. Existem alunos que não
se permitem errar, outros que usam a tarefa como um pretexto para ter a presença e atenção
dos pais. Há também os que têm dificuldade em organizar sua rotina de estudo e com
freqüência esquecem de fazer ou trazer a tarefa; os que não se interessam pelas atividades e
costumam deixar para fazê-las mais tarde e acabam sem tempo para fazê-la ou fazendo sem
qualidade. Isso quando não são os pais que fazem a tarefa dos filhos, nesse caso.
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Para que a tarefa não seja vista como uma forma de punição ou simplesmente de
ocupar as crianças por certo tempo, é necessário que pais, professores e alunos entendam que
a tarefa
representa uma oportunidade de auto-aprendizagem, auto-conhecimento, de
reflexão, expressão e crescimento pessoal do aluno. Para isto, é necessário repensar
duas crenças arraigadas: a de que a tarefa de casa tem como objetivo que o aluno
aprenda o que foi trabalhado em classe, fazendo exercícios repetitivos e mecânicos,
ou seja, que aprendemos pela repetição; e a crença de que a obrigatoriedade da lição
diária gera, por si só, a responsabilidade e o hábito de estudo (ROMANO, 2008,
s/p.).

Para garantir o sucesso da tarefa como ação educativa, é necessário um envolvimento


entre a escola, o aluno e a família. Segundo Tiba (1996, p. 101),

No começo, os pais devem monitorar os filhos para que estes criem o costume e
assim tenham condições de tomar a responsabilidade como sendo deles. O ponto
fundamental em relação à disciplina do estudo é garantir ao filho tempo e espaço, as
condições favoráveis para fazer a digestão da informação recebida em sala de aula.
Mas ninguém poderá digerir a informação por ele.

Portanto, é preciso que cada envolvido neste processo (alunos, pais e professores)
cumpram seu papel.
Conforme Romano (2008, s/p.), o professor “tem a missão desafiadora que é despertar
no aluno o desejo pelo conhecimento do mundo, do outro e de si mesmo”. Assim, ao planejar
a tarefa ele deve oferecer uma diversidade de propostas que possa beneficiar a todos os
alunos. Essa diversidade inclui atividades como: coletar dados, conhecer um determinado
assunto, aprofundar-se num tema iniciado em sala de aula, apreciar um poema, fazer uma
biografia, pesquisa, atividades de fixação e revisão, entre outras, são inúmeras as
possibilidades que o professor pode desenvolver. Quando se restringe a enunciados como
“Resolver”, “Leitura do texto” ou “Estudar a tabuada” dificilmente o aluno vai se sentir
motivado a fazer a tarefa, podendo resolver tudo de forma mecânica ou deixando de fazê-la. O
professor ainda deve estar atento ao grau de dificuldade que a tarefa oferece. Para o aluno, a
tarefa deve ser sempre um desafio, mas um desafio alcançável. A correção é indispensável,
para que o aluno sinta que seu trabalho tem uma finalidade e foi valorizado. Conforme
Romano (2008, s/p.),

A tarefa de casa de casa é apenas um dos aspectos da vida da sala de aula. Não se
pode esperar que o aluno tenha espontaneamente atitudes desejadas frente à lição de
casa, se a relação estabelecida no dia a dia da classe for autoritária e não houver
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espaço para a dúvida, o erro, a hipótese, o pensamento divergente, para


procedimentos diversos. A atitude do professor diante do conhecimento do aluno,
daquilo que ele foi capaz de elaborar sozinho, terá uma influência decisiva na sua
segurança para ousar, arriscar, pensar, buscar procedimentos pessoais de resolução
de situações.

A família também tem papel importante para promover o aprendizado através da


tarefa. Deve-se prover à criança um lugar ventilado e iluminado, com mesa onde ela possa
colocar seu material e estudar sentada. Sofás devem ser evitados, pois a sua posição
confortável favorece mais o descanso que o estudo. No caso de várias crianças em casa,
sugere-se que elas estudem no mesmo horário, dividindo o mesmo espaço. Assim, o menos
estimulado acaba tendo de acompanhar os demais. Quando terminam, brincam todos juntos.
Ao estudar sozinho, o filho pode distrair-se ou perder tempo demais com uma única atividade.
A televisão não cabe na sala de estudos. Já a música até pode ajudar, desde que seja algo
suave que favoreça a concentração. Os pais também não devem sobrecarregar a agenda dos
filhos com atividades que ocupam todo o tempo das crianças enquanto trabalham, como
inglês, computação, esportes, as conhecidas “atividades-babá”; nem deixar o horário muito
solto. É preciso também respeitar o ritmo biológico de cada criança: umas rendem mais pela
manhã, outras à tarde. Quando o rendimento cai muito, está na hora de parar e realizar outra
atividade que não tenha relação com estudo, mas que possa ser interrompida dali a cinco ou
dez minutos.
Se a família colaborar desta forma, estará fazendo a sua parte na educação de seu
filho. Segundo Tiba (1996, p.107), “Cabe aos pais conferir a lição e checá-la todos os dias. Se
os pais não tiverem método, os filhos deixarão de cumprir com suas obrigações. Os estudos
são responsabilidade da família”.
Portando, entende-se que a comunicação entre a família e a escola é a melhor opção
para as dúvidas e dificuldades relacionadas à tarefa, pois cada situação envolve situações
diferenciadas. Uma tarefa desafiadora motiva a criança a buscar soluções.

Quanto mais o ser humano aprende, mais deseja aprender. O ignorante julga que já
sabe o suficiente e não se interessa em procurar novos conhecimentos. O
conhecimento motiva-nos a estudar mais e, quanto mais motivados, mais facilmente
aprendemos. (TIBA, 1996, p. 113)

Caminhos da pesquisa
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Considerando a importância da tarefa escolar na aprendizagem dos alunos, realizou-se


uma pesquisa com a intenção de identificar como é a realização da tarefa e a visão de alunos,
pais e professores em relação a sua prática.
O estudo foi desenvolvido durante o ano letivo de dois mil e oito, na Escola de
Educação Básica Orestes Guimarães, mantida pelo governo de Santa Catarina, localizada a
rua Manoel Tavares, 105, Centro, município de São Bento do Sul. A pesquisa foi realizada
com vinte e dois alunos da 4ª série 01, período matutino, com idade entre dez e onze anos.
Estão envolvidos os alunos da referida turma, pais e professora, que responderam
questionários sobre o tema. Os dados estão organizados em forma de tabelas, para facilitar a
visualização, e foram analisados pelo pesquisador.

Resultados e análise dos dados

Por que o professor deve mandar tarefa para casa? Por que será que a maioria dos pais
gosta que os filhos façam tarefa?

Professora que não passa dever para casa é mais ou menos como médico que não
manda tomar remédio ou fazer exames. Fica parecendo que não há controle da
aprendizagem, no primeiro caso, e da saúde, no segundo. (KOSINSKI, 1998, p. 26).

Buscando responder essa questão, foi realizada uma pesquisa sobre o tema tarefa
escolar, inicialmente em Internet e livros de diversos autores. Após esse levantamento
bibliográfico foi elaborado e distribuído um questionário dirigido a alunos, professores e pais,
colhendo informações e visando auxiliar no estímulo da aprendizagem por meio da tarefa
escolar.
O questionário foi respondido por vinte e dois alunos de uma turma de 4ª série do
Ensino Fundamental de uma escola pública, seus pais e a professora. Os alunos desta turma
têm idade entre dez e onze anos.
Buscando facilitar a visualização dos dados obtidos, os dados foram organizados em
forma de tabelas, conforme a seguir.
Apresentação dos resultados do questionário aplicado a vinte e dois alunos da 4ª série
do Ensino Fundamental da EEB. Orestes Guimarães.
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Tabela 1- Questionário aplicado aos alunos


Questão 1: Gosta de fazer a tarefa?
Respostas Frequência %
Sim 12 54,5
Não 0 0,0
Depende da tarefa 9 40,9
Nem sempre faço a tarefa 1 4,5
Total 22 100
Questão 2: Que tipo de tarefa gosta de fazer?
Respostas Frequência %
Pesquisas e interpretação de textos 6 27,3
Atividades para completar ou responder 9 40,9
Nenhum tipo de tarefa 0 0,0
Todos os tipos de tarefa 7 31,8
Total 22 100,0
Questão 3: Você pede ajuda aos seus pais ou irmãos para fazer a tarefa de casa?
Respostas Frequência %
Sempre 0 0,0
As vezes 12 54,5
Nunca preciso de ajuda 0 0,0
Eles fazem para mim 0 0,0
Só peço ajuda quando não entendo o que a profª pediu 5 22,7
Só peço ajuda quando a profª pede a participação da família 5 22,7
Total 22 100,0
Questão 4: Você acha que a tarefa te ajuda a aprender?
Respostas Frequência %
Sim 22 100,0
Não 0 0,0
Total 22 100,0
Fonte: Organizado pelo autor com base nos dados da pesquisa.

A constatação geral das respostas analisadas permite visualizar aceitação unânime das
crianças em relação à tarefa de casa, um resultado favorável aos princípios teóricos
apresentados nesta pesquisa.
Conforme tabela 2 serão apresentados os resultados do questionário aplicado aos vinte
e dois pais de alunos da 4ª série do Ensino Fundamental da EEB. Orestes Guimarães.

Tabela 2- Questionário aplicado aos pais


Questão 1: Que formação possui atualmente?
Respostas Frequência %
1º grau completo 5 22,7
1º grau incompleto 3 13,6
2º grau completo 7 31,8
2º grau incompleto 4 18,2
Superior 3 13,6
Total 22 100,0
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Questão 2: Em relação a tarefa, você considera:


Respostas Frequência %
Muito importante, pois auxilia na aprendizagem 21 95,5
Não gosto, mas considero importante 0 0,0
Desgastante para a criança 1 4,5
Não precisa, pois lugar de estudar é na escola 0 0,0
Total 22 100,0
Questão 3: Com que freqüência gostaria que seus filhos tivessem tarefa para fazer?
Respostas Frequência %
Todo dia 11 50,0
Três vezes por semana 10 45,5
Uma vez por semana 0 0,0
Não deveriam ter tarefa 1 4,5
Total 22 100,0
Questão 4: Como você avalia a aprendizagem de seus filhos através da tarefa?
Respostas Frequência %
Não vejo diferença 0 0,0
Desenvolve a autonomia e a responsabilidade da criança 16 72,7
Identificam-se as dificuldades 3 13,6
Identifica-se o nível de conhecimento da criança 3 13,6
Total 22 100,0
Questão 5: Quando seu filho pede ajuda com a tarefa, como você reage?
Respostas Frequência %
Não ajudo, ele deve fazer sozinho 2 9,1
Auxilio apontando idéias 19 86,4
Realizo para ele não demorar muito 0 0,0
Facilito a resposta 1 4,5
Total 22 100,0
Questão 6: Você disponibiliza tempo e lugar adequado para seu filho fazer a tarefa?
Respostas Frequência %
Sim, um lugar calmo que facilite a concentração 19 86,4
Não, qualquer lugar é adequado 0 0,0
As vezes, quando vejo necessidade 3 13,6
Não, acho a tarefa algo sem importância 0 0,0
Total 22 100,0
Questão 7: Como seus filhos realizam a tarefa?
Respostas Frequência %
Reclamam e não querem fazer 1 4,5
Dependem sempre de ajuda 1 4,5
Realizam sem dificuldade 19 86,4
Fazem sem motivação e por obrigação 1 4,5
Total 22 100,0
Questão 8: No dia-a-dia, enquanto pais, podem dizer que a tarefa é algo:
Respostas Frequência %
Necessário. Um bom momento para ver mais de perto a aprendizagem do
filho. 22 100,0
Incômodo. Conciliar a vida profissional com a de casa, família e diversos
compromissos de rotina torna a tarefa um complemento desnecessário, que
raramente sai bem feito pela criança. 0 0,0
Total 22 100,0
Fonte: Organizado pelo autor com base nos dados da pesquisa.
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Analisando as respostas dadas no geral, pode-se efetivamente visualizar que entre os


pais a tarefa é vista como atividade capaz de melhorar o nível de aprendizagem dos filhos, o
que sem dúvida é fator positivo e está de acordo com os pressupostos desta pesquisa.
Conforme quadro 1 serão apresentados os resultados do questionário aplicado à
professora da turma da 4ª série do Ensino Fundamental da EEB. Orestes Guimarães.

Quadro 1: Questionário aplicado à professora.


Dados acadêmicos
Cursou Magistério? Sim
Cursou Graduação? Sim
Qual curso? Pedagogia
Dados profissionais
Há quanto tempo leciona? 29 anos e quatro meses
Há quanto tempo leciona nesta escola? 27 anos
Questões sobre tarefa escolar
a) Costuma enviar tarefa para seus alunos?
Sim.
b) Qual a freqüência que envia tarefa para seus alunos?
Todos os dias.
c) Em relação à tarefa escolar, qual sua opinião?
É necessária para revisar, reforçar e complementar a aprendizagem.
d) Que tipos de tarefa podem ser estruturadas para que ocorra auxílio na aprendizagem dos alunos?
Pesquisas, interpretação de textos e atividades mais reflexivas que façam o aluno pensar sobre o conteúdo de
maneira diferente do que fez em sala de aula.
e) Como você realiza a correção das tarefas?
Junto com as crianças, onde fazem suas próprias correções; sozinha, para analisar os avanços da criança ou com
devolução para correção, se preciso; ou junto com as crianças, e depois ao recolher os cadernos, coloco um
incentivo com conceito ou nota para as crianças perceberem que o que fizeram foi importante.
f) Como as crianças se manifestam nos desafios propostos como tarefa?
Eles gostam; às vezes reclamam, mas em geral trazem as atividades bem feitas.
h) Consegue identificar as dificuldades do aluno ao corrigir a tarefa?
Sim.
i) De que forma identifica essas dificuldades?
Pelo erro ao responder, pelas perguntas durante a correção e até pelo “não fiz essa questão, não consegui”.
j) Qual é o tipo mais comum de atividade que costuma enviar como tarefa?
Interpretação de textos, operações matemáticas, pesquisas, desafios, organizar legendas de mapas e atividades
de português com o uso de cores, entrevistas, jogos didáticos.
k) Seus alunos mostram interesse em realizar estas atividades?
Sim.
l) Em que momentos percebe que a tarefa faz a diferença para os conteúdos trabalhados em sala?
Nas avaliações, na socialização das idéias, nas rodas de conversa.
m) Quais as principais dificuldades que encontra ao planejar tarefas para seus alunos?
No planejamento, não tenho dificuldades. Elas aparecem ao precisar imprimir tarefas no computador ou tirar
cópias.
Fonte: Organizado pelo autor com base nos dados da pesquisa.
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Ao analisar os questionários de forma geral (alunos, pais e professora), constatou-se


que todos valorizam a tarefa como estímulo a aprendizagem, e que entendem que a tarefa é
um recurso fundamental para que a criança complemente o que aprendeu na escola. Também
desenvolve senso de autonomia e independência, pois o professor não está presente para
ensiná-la. A tarefa deve fazer parte da rotina da criança, ter horário e local determinado, mas
não ocupando todo o tempo livre da criança, que tem outras atividades no lar, e precisa desse
tempo para brincar e se distrair.
Às vezes, o professor passa a tarefa como uma tradição escolar, de forma mecânica,
sem considerar o que é útil e importante naquele momento para o aprendizado. Se usada de
forma inteligente, a tarefa pode intensificar o rendimento das aulas e servir como uma ponte
entre família e escola. Mas para isso ela precisa ser planejada de forma cuidadosa, para não se
tornar uma atividade repetitiva e cansativa para a criança. De nada adianta o professor enviar
um questionário, pedir a cópia de um texto ou uma pesquisa na Internet se aquilo não fizer
sentido para a criança ou não for dentro do assunto proposto.

O aluno pode até deixar de fazê-la por falta de interesse, preguiça ou


irresponsabilidade. A tarefa escolar só faz sentido se é feita com entusiasmo e traz
resultados que contribuam de alguma forma para a aquisição e ampliação de
conhecimentos, de maneira que o educando perceba a importância de realizá-la,
assim como a família, a quem cabe a responsabilidade de auxiliá-lo e apoiá-lo nesse
processo (JUNKGLAUS; WEIDUSCHAT, 2008, s/p.).

A visão da tarefa como ferramenta pedagógica ou como mera obrigação depende de


como o professor fez o encaminhamento. A tarefa precisa ser tão bem elaborada quanto às
demais atividades, pois é em casa que o aluno repensa o assunto iniciado, exercitando a
atenção e a memória.

No momento em que o educando tiver que pensar e escrever sobre determinado


assunto, bem como fazer uma análise crítica, elaborar as questões de uma entrevista
ou o roteiro de uma pesquisa e realizar atividades em que precise comparar,
interpretar, criar e imaginar, a tarefa estará sendo utilizada como uma finalidade
pedagógica (JUNKGLAUS; WEIDUSCHAT, 2008).

A tarefa é também um instrumento que pode ser usado para dar continuidade aos
conteúdos iniciados em sala de aula,

Embora haja opiniões contrárias, a tarefa complementar ao trabalho escolar, feita em


casa, tem muita razão de existir onde o dia escolar se restringe a três ou quatro
horas. A pequena tarefa feita em casa encerra muitos e importantes objetivos, entre
eles a formação de hábitos e atitudes altamente desejáveis. (SPERB, 1976, p. 199).
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É interessante considerar também que a tarefa feita em casa pode se tornar a aula do
dia seguinte, pois a inquietação produzida nos alunos dá início a novos conteúdos. Mas o
professor deve estar consciente que não pode mandar seu aluno fazer uma atividade sozinho
sem que ele possua conhecimento da mesma e saiba fazer por conta própria. Nesses casos a
ajuda da família quando pedida pela criança deve ser mínima, para que se atinjam os
objetivos.

Todo professor deve ter em mente que a lição de casa tem vários objetivos. O
principal é ensinar a criança a trabalhar sozinha e criar um vínculo agradável com os
estudos, dar-lhe autonomia para buscar o conhecimento por conta própria. Além
disso, ela serve a objetivos mais imediatos, como resolver questões específicas
ligadas aos conteúdos de cada etapa escolar ou antecipar algo que ainda será
trabalhado em sala de aula, como se fosse um desafio. Nesse caso, o importante é
dosar o grau de dificuldade proposto para não espantar ninguém (FACCIO;
GUIMARÃES, 2003, s/p.).

A tarefa pode servir ainda para explorar habilidades de pesquisa, introduzir novos
conteúdos, avaliar a aprendizagem da turma, recuperar alunos em defasagem. Sempre que
possível, cabe ao professor avaliar os diferentes graus de desenvolvimento dentro da classe e
tomar cuidado para que a autoestima dos que não conseguem cumprir as atividades não fique
prejudicada. Cada criança deveria fazer uma lição adequada ao seu ritmo de aprendizagem e à
sua condição familiar.
No entanto, tudo isso não parece motivar a criança que tem que abrir mão do tempo
livre que tem para brincar para cumprir as tarefas. Para incentivar a realização dessa
atividade, o ambiente é muito importante.

Pais devem receber sugestões sobre a maneira como podem proporcionar a seu filho
o ambiente apropriado à realização de sua tarefa extra-escolar. O lugar de estudo é
muito importante, a iluminação, arejamento e sossego são fatores a considerar.
Quando no mesmo lar vivem vários escolares, todos podem trabalhar na mesma sala,
aprendendo bons hábitos de consideração, de tolerância e de cooperação. (SPERB,
1976, p. 200).

É aconselhável ter uma mesa ou escrivaninha reservada para os estudos, e que não
haja televisão por perto, que pode desviar a atenção da criança. O material escolar deve estar
sempre a disposição, revistas, tesouras, lápis de cor e outros. É importante ainda ter um
horário estabelecido, e deve ser cumprido diariamente e estar atento ao tempo livre da
criança, pois segundo Elvira Aparecida de Araújo (2008, s/p.) “ser aluno é um pedaço da vida
da criança, não pode ser tudo”.
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Fica claro o papel da família para auxiliar no processo educativo. É fundamental a


parceria entre escola e família. Uma das grandes preocupações dos pais é a sua ausência na
vida dos filhos, devido ao trabalho e outras ocupações. Por isso, muitos deles tentam
compensar essa falta com cobranças exageradas ou acabam por não impor limites aos filhos.
O momento da tarefa poderia ser aproveitado como aproximação entre pais, filhos e escola,
com os pais dedicando um tempo para conversar sobre os estudos. Ao adotar esse período na
rotina da família, mesmo que não haja tarefa naquele dia, outras atividades podem ser
propostas, como um jogo, um filme ou uma leitura que promova um elo entre a criança e os
pais. Desta forma, os pais participam da educação dos filhos e despertam neles
competências e habilidades, estimulando a criatividade e a imaginação, e acompanhando de
perto a vida escolar dos filhos em parceria com os professores.
Quando o professor consegue transformar a tarefa num desafio prazeroso, significativo
e contextualizado, está incentivando seu aluno a desenvolver um senso crítico e reflexivo. O
que não pode ocorrer é deixar para “passar” a tarefa nos momentos finais da aula, como uma
obrigação, mal elaborada e repetitiva, pois assim será realizada pelo aluno sem interesse e
motivação, e vista por ele como um castigo. Se bem elaboradas, as tarefas de casa permitem
avanços significativos ao desenvolvimento mental. A criança tenta mais, inventa mais, reflete
e assim, faz novas descobertas, apresentando-se mais interessada e motivada em sua vida
escolar. Nesse sentido, "O papel do educador é dar raízes para saber de onde a pessoa vem e
asas para ela poder voar. Se o indivíduo tiver as raízes e as asas, sempre vai fazer da vida um
ato criativo" (DIMENSTEIN; ALVES, 2004, p. 84).
A tarefa inicia em sala de aula, mas não pode terminar em casa, precisa de uma
continuidade. Cabe ao professor valorizar esta atividade quando o aluno retorna com ela.
Assim, ao perceber que a tarefa é levada em consideração, a criança a fará com mais
entusiasmo, e a tarefa, além de contribuir para o estudo, estará estimulando a autoestima do
aluno que teve responsabilidade e capacidade de realizar algo por si e teve seus resultados
valorizados.

Considerações finais

Ao término da pesquisa, pode-se concluir que a tarefa escolar ainda é um tema que
precisa de um olhar mais profundo para que desempenhe seu papel no ensino. Contudo,
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acredita-se que vista como caráter pedagógico, ela pode contribuir tanto para o estímulo ao
hábito de estudo e criar responsabilidades em relação a ele, quanto para o desenvolvimento de
outras competências e habilidades que o aluno utilizará em sua aprendizagem formal e
cotidiana.
REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Elvira Aparecida de. Para que serve a tarefa? Disponível em


<http://jornal.valeparaibano.com.br/2004/04/11/escola/abre1.html>. Acesso em: 14 abr. 2008.

DIMENSTEIN, Gilberto & ALVES, Rubem. Fomos maus alunos. 6. ed. São Paulo: Papirus,
2004.

FACCIO, Liane & GUIMARÃES, Arthur. Viva a lição de casa. Disponível em:
<www.novaescola.com.br>. Acesso em: 14 abr. 2008.

JUNKGLAUS, Josiane Schwabe & WEIDUSCHAT, Edith. Olhar sobre a tarefa escolar.
Disponível em: <www.icpg.com.br/hp/revista/index.php> Acesso em: 30 set. 2008.

KOSINSKI, Regina Taam. 41 respostas sobre ensino e cotidiano escolar. São Paulo:
Scipione, 1998.

ROMANO, Eliane Palermo. Lição de casa – que prática é essa? Disponível em:
<http://ecc.br/fundamental/fundamentalIell/licao_de_casa.htm> Acesso em: 20 jun. 2008.

SAVIANI, Demerval; COSTA, Antonio Carlos Gomes da; CASCINO, Pasquale. Educador:
novo milênio, novo perfil? São Paulo: Paulus, 2000.

SPERB, Dalilla C. Problemas gerais de currículo. 2. ed. Porto Alegre: Globo, 1976.

TIBA, Içami. Disciplina: Limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996.

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