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Sistema de referência: o que é e para

que serve?

Sistema de referência, geoide, elipsoide,


superfície física. São tantos termos que talvez
você esteja confuso. Não é verdade?

Pois bem, neste artigo você aprenderá


tudo que precisa saber sobre o assunto,
descobrindo:

 O que é um sistema de referência;


 Para que o mesmo serve;
 Quais são os data ativos.
E muito mais, leia atentamente os
próximos parágrafos porque o conteúdo é ouro
puro.

O que é um sistema de referência

Provavelmente no seu dia a dia você em


alguns momentos escute o termo sistema de
referência, em outros a palavra datum.

A verdade é que datum e sistema de


referência são a mesma coisa.

Na realidade, um sistema de referência


nada mais é do que um modelo matemático
teórico que representa a superfície da terra.
Desta maneira, todo sistema de referência
possui 3 parâmetros. São eles:

 Um ponto de amarração;
 Um norte (orientação);
 Um elipsoide.

O surgimento dos sistemas de referência


foi necessário justamente pela necessidade de
se amarrar as diferentes superfícies existentes:

 Geoide;
 Elipsoide e;
 Superfície física.

A NBR 14.166, em sua contracapa traz


uma imagem que ajudará você a
entender melhor estas superfícies.
 

Perceba que conforme falei, existe a


superfície física, o geoide e o elipsoide.

Além disso, existe a altitude geométrica,


que é em relação ao elipsoide e a altitude
ortométrica que é em relação ao geoide.

Diante da existência destas superfícies, o


problema enfrentado pelos cartógrafos era como
amarar as mesmas.

Por exemplo, a altitude obtida


com receptores GNSS é em relação ao
elipsoide, ou seja, altitude geométrica. Porém, a
mesma não pode ser utilizada em obras de
engenharia.
Isso porque em obras de engenharia
deve-se utilizar a altitude ortométrica que é
em relação ao geoide.

Enfim, os cartógrafos precisavam de


alguma maneira amarrar as diferentes
superfícies e altitudes existentes.

Foi neste contexto que os mesmos


criaram o sistema de referência. Conforme
expliquei anteriormente, um sistema de
referência possui 3 parâmetros. São eles:

 Um elipsoide;
 Um ponto de amarração que serve
para amarar o elipsoide a
superfície física e ao geoide;
 E um norte que faz com que o
datum fique orientado de maneira
certa.

Perceba que é por isso que quando se


utiliza um software de geoprocessamento, o que
se faz é a transformação, por exemplo:

Do datum SAD 69 para o datum SIRGAS


2000!
E não do:

Elipsoide sad 69 para o


elipsoide SIRGAS 2000.

Perceba que o elipsoide é apenas um dos


parâmetros que compõem o datum (lembre-se
que datum e sistema de referência são a mesma
coisa).

 Detalhe atípico: o plural da palavra


datum é data e não “datuns” como a regra geral
nos induz a acreditar.

Por exemplo:

“Os data SAD 69 e SIRGAS 2000 são


geocêntricos”

Porque foi necessário a criação de


elipsoides?
Talvez você esteja pensando:

Professor Adenilson…

Mas porque é que existe o geoide e o


elipsoide?
A existência de apenas uma destas
superfícies não seria o suficiente?

Para entender o porque desta


necessidade, você precisa entender a evolução
da forma da terra.

No início, as pessoas consideravam a


forma terra plana. Com o tempo, passamos a
considerar a mesma uma esfera.

Porém, existia o mar e as montanhas.


Desta maneira, a terra não era uma esfera,
sendo que os cartógrafos com o
tempo atribuíram a terra o formato de geoide.

Lembre-se que o geoide possui como


conceito:

O nível médio dos mares, suposto em


equilíbrio, prolongado para dentro dos continentes
e sobre a influência da massa da terra e da força
da gravidade. 

Resumindo, é esta figurinha:


 

Porém, é importante que você saiba que


esta figura é um modelo exagerado que possui
como intuito, ajudar as pessoas a entenderem
melhor o que é um geoide.

Esta forma, geoidal, é a forma que mais


se aproxima a forma real do planeta. Só existia
um problema, o posicionamento sobre a mesma
necessitava da utilização de fórmulas
matemáticas complexas.

Com isso, os cartógrafos perceberam que


precisavam criar uma forma mais simples. Uma
forma matemática que fosse mais fácil de ser
utilizada pelos profissionais.

Foi então que foi criado o elipsoide. Neste


artigo eu explico exatamente o que é o elipsoide.
 

O mesmo é uma forma matemática


dotada de 2 parâmetros, são eles:

 Semi-eixo menor e;
 Semi-eixo maior;
Por causa disso foi que passou-se a
existir o geoide e o elipsoide e
consequentemente 2 altitudes:

 Geométrica – Em relação ao
elipsoide e;
 Ortométrica – Em relação ao
geoide.

Naturalmente, o próximo passo na


evolução seria, de alguma maneira amarrar-se
tudo. Isso porque a altitude geométrica não pode
ser utilizada em obras de engenharia.

Neste contexto foi que se criou o sistema


de referência. O mesmo possui este objetivo,
fazer uma amarração entre o geoide, o elipsoide
e a superfície topográfica.

 
Principais sistemas de referência
existentes

Após a criação do conceito datum,


passou-se a existir-se um problema
secundário, o mesmo utiliza um elipsoide de
base, que possui apenas 2 parâmetros.

Com isso, ao se configurar os parâmetros


para que o datum se adeque mais a
determinada porção da superfície terrestre, em
outros locais, o mesmo ficava muito distante da
superfície.

Ou seja, acontecia algo parecido com um


cobertor de pobre.

Imagine esta cena:


Uma pessoa grande tentando se cobrir
com um cobertor menor do que ela. Se a mesma
cobrir os pés descobre a cabeça, se cobrir a
cabeça, descobre os pés.

Ou seja, com isso surgiram diferentes


data, cada um se adequando mais a
determinado continente ou pais. 

A única exceção é o WGS84 que tenta se


adequar o melhor possivel a todo o
planeta. Com isso, mundialmente falando,
existem vários DATA (plural de DATUM).

Veja na imagem abaixo os sistemas de


referência SAD69 Alegre e WGS84.

 
Perceba que o SAD69 foi configurado sob
medida para o Brasil, enquanto o WGS84 tenta
se adequar a todo o planeta.

Porém, no Brasil três sistemas de


referência foram oficialmente
reconhecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) e utilizados por algum
período.

Córrego Alegre (Sistema Geodésico Córrego


Alegre)

O córrego alegre foi adotado na década


de 50, tendo como parâmetros:
Ponto de amarração – O ponto Córrego
Alegre;

Elipsoide (superfície de referência) –


Elipsoide Internacional de Hayford de 1924

Orientação – Determinada
astronomicamente.  

SAD69

O IBGE através de PDF disponível em


seu site, trás as seguintes informações a
respeito do SAD 69.
 

O SAD69 é um sistema geodésico regional


de concepção clássica. A sua utilização pelos
países Sul-americanos foi recomendada em 1969
através da aprovação do relatório final do Grupo
de Trabalho sobre o Datum Sul-americano, pelo
Comitê de Geodésia reunido na XI Reunião
Panamericana de Consulta sobre Cartografia,
recomendação não seguida pela totalidade dos
países do continente. Apenas em 1979 ele foi
oficialmente adotado como sistema de referência
para trabalhos geodésicos e cartográficos
desenvolvidos em território brasileiro.

Fonte: ftp://geoftp.ibge.gov.br/informaco
es_sobre_posicionamento_geodesico/sirgas/sisr
ef_2.pdf

Parâmetros do SAD69:

Elipsoide – Elipsoide do sistema


geodésico de referência GRS-67, aceito e
recomendado pela UGGI, em Lucerna, no ano
de 1967.
Ponto de amarração – Vértice chuá.

Orientação – Azimute geodésico da


direção inicial Chuá-Uberaba (ξ=0.31 η=-3.52
N=0 m)

Origem: topocêntrico

  

SIRGAS2000
 O SIRGAS2000 (sistema de referência
geocêntrico para as Américas) foi definido pelo
IBGE como o Sistema Geodésico Brasileiro.

 O mesmo foi criado em outubro de 1993,


e possui como principal objetivo, estabelecer um
sistema de referência geocêntrico para a
América do Sul. 

As constantes do mesmo são idênticas às


do WGS 84, sendo que o mesmo possui origem
geocêntrica.

Na imagem abaixo você pode ver os


parâmetros de transformação entre os diferentes
sistemas de referência:

 
 

Materialização de um sistema de
referência
 

A materialização de um sistema de
referência se dá através do estabelecimento de
uma rede de estações geodésicas implantadas e
pelo IBGE.

Estas estações possuem com


coordenadas tridimensionais estabelecidas
através de técnicas de posicionamento espacial
de alta precisão.

Utilizando-se do posicionamento pelo


GNSS, o IBGE implantou uma série destas
estações estrategicamente distribuídas ao longo
do território nacional. 

Veja na imagem abaixo um exemplo de


marco implantado pelo IBGE.

    
Sobre o Professor Adenilson:

O Professor Adenilson
Giovanini é Especialista em
Topografia Cadastral e Geo. de
Imóveis Rurais.

Possui mais de 230 artigos em seu blog e


mais de 250 vídeos em seu canal no youtube.

Também é o autor do livro


Topografia Cadastral e
Georreferenciamento de Imóveis Rurais
na Prática, que desde que foi lançado é o
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