RESUMO: Helena Kolody é escritora e poetiza de importância local, regional, nacional e até
internacional que possui em sua poesia a densidade e a amplitude de diferentes linguagens. Sendo
relevante a importância de identificar e analisar esses diferentes tipos de linguagens, uma vez que,
esses estão presentes de forma cultural em nossa sociedade, percebendo que a memória está
sempre ligada à história,assim como está ligada a literatura e a poesia, o que de fato é percebido na
poesia de Helena Kolody, uma personagem que nasce no município de Cruz Machado e tem sua
história profissional e pessoal em destaque nacional, porém, sempre se voltando a sua terra natal.
Tendo na biografia da autora as possibilidades de relação com a memória transformada em história
através de seus escritos poéticos que relatam toda uma história de vida e sucesso, assim como as
frustrações encontradas através das lembranças de um passado de dificuldades em torno da
imigração de sua família vinda da Ucrânia e estabilizando em Cruz Machado.
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chamada Galícia Oriental, no ano de mil oitocentos e oitenta e um, como seu pai
havia falecido vitima de uma epidemia de cólera que assolou a região, Miguel
imigrou para o Brasil com a mãe e os irmãos, onde anos mais tarde, conheceu a
jovem Victória Szandrowska que também havia nascido na Galícia Oriental e veio
para o Brasil no ano de mil novecentos e onze, os dois se casaram em Cruz
Machado em janeiro de mil novecentos e doze. (CHAIN, 1991, p. 645)
Segundo CHIN (1991, p. 654) em mil novecentos e quatorze sua família
muda-se para a vila catarinense de Três Barras, mas Helena decide ir mais à frente
onde ingressa no grupo escolar “Barrão de Antonina”, na cidade de Rio Negro,
concluindo assim, o curso primário em mil novecentos e vinte e dois. Estuda em
Curitiba, no colégio Divina Providência e na Escola Intermediária (atual instituto
de Educação do Paraná). No ano de mil novecentos e vinte e quatro passa a residir
em Mafra SC, na cidade vizinha a Rio Negro P.R. É ai que estuda piano, pintura, e
escreve os primeiros versos, três anos mais tarde sua família se transfere para
Curitiba, onde Miguel Kolody se estabelece com uma casa de secos e molhados na
Rua Itupava, esquina com a Sete de Abril. Um ano depois Helena teve sua primeira
publicação na revista “O Garoto”, editada por um grupo de estudantes, o poema
era: “A Lágrima”. Apaixonada pelos estudos Helena cursa a Escola Normal
Secundária, diplomando-se em mil novecentos e trinta e um.
Helena Kolody começou a escrever muito jovem, por volta dos treze anos,
más só a partir de mil novecentos e trinta seus poemas passaram a ser publicados
em jornais e revistas, especialmente na revista “Marinha”, editada em Paranaguá,
que foi a maior divulgadora de seu trabalho nesta época. (CHIN, 1991, p. 654)
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É importante ressaltar que Helena Kolody, foi uma importante poetiza, que
nasceu em Cruz Machado e desabrochou em sua capacidade artística, escrevendo
renomados poemas onde em alguns de seus versos conta um pouco da sua
infância, e do tempo em que permaneceu no município, onde iniciou sua história
de vida. Infelizmente no ano de dois mil e quatro, nos deixa, Por morte natural e
nos deixando como lembrança a beleza de seus versos, possuindo uma coletânea
de mais de vinte livros publicados, em toda a escritora faz questão de colocar
algumas linhas que falam sobre sua origem e infância:
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tradições, como de fato é possível com relação ao município de Cruz Machado, sua
cidade natal, sendo o mesmo, possuidor de um contexto, que pode ser difundido,
entre a visão histórica, literária e poética, com fontes de presença e autoria, tanto
local quanto regional.
Segundo POLLAK, (1992, p. 200), a questão torna-se mais instigante ainda
quando procuramos voltar nossos estudos a um rico contexto de linguagens, sendo
que envolvem a dedicação de quem escreve e o interesse de quem lê. Sabemos que
não há nada melhor do que despertar o nosso próprio interesse e de outras
pessoas por um assunto próprio e interessante, através do aprofundamento de
estudo dessas linguagens e da capacidade de visualização e integração entre
sociedade e cultura, bem como, a característica notável de poder difundir a
capacidade de perceber a memória proposta na narrativa escrita, a qual pode
relatar um momento, uma passagem ou uma lembrança, que avalia um fato
acontecido, uma recordação, a qual possibilita a construção e a valorização da
história.
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diversidade de temas e obras que as mesmas abrangem sabendo que quando o
autor escreve, o mesmo tende a colocar um pouco de sua alma na obra, permitindo
que o leitor possa sentir-se presente, o que de fato, acarreta a necessidade de saber
entender e interpretar sem que haja o risco de confundir a literatura e a poesia do
que realmente é história. Pois sabemos que a literatura e a poética são temas que
estão ligados a imaginação e à memória fazendo parte do ser humano e que ao
serem passadas para o papel recebem um caráter social sendo possível perceber
que a utilização da memória por vezes permite que o indivíduo torne-se parte
integrante da sociedade. Pois segundo ECO, (2002, p. 175) seria o “dever do
homem de cultura [...] o manter-se alerta para escrever a cada dia a enciclopédia”.
O que nos leva a perceber que de tempo em tempo a cultura e o povo mudam não
sendo uma falha da história e sim do ser humano adiantar-se por vezes no seu
próprio conceito de história. Como relata ECO (2002, p. 275) visivelmente é
possível perceber a densidade que a literatura e a poesia possuem em seu
conteúdo, pois tanto, uma obra literária quanto um poema podem conter em seu
interior passagens da memória de quem os escreve e estas serem fatos ou
acontecimentos pertencentes à história pessoal ou social, pois segundo POLLAK
(1992, p.05) “O trabalho de enquadramento da memória se alimenta do material
fornecido pela história”. O que nos leva a perceber a dimensão que estas
linguagens apresentam enquanto expressões de identidade.
Ainda segundo POLLAK, que acredita que a memória por vezes encontra-se
em uma disputa pela veridicidade dos fatos, que se perde, no silêncio e
esquecimento individual e coletivo, onde se constata ser muito mais fácil
relembrar de fatos que marcaram pela dor e pelo sofrimento. “[...] ele consiste mais
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na erupção de ressentimentos acumulados no tempo e de uma memória da
dominação e de sofrimentos que jamais puderam se exprimir publicamente.”
(POLLAK. 1992. p.6). Mas que, no entanto, não é uma verdade totalmente presente
nas obras poéticas da escritora paranaense Helena Kolody, sendo que a mesma
argumenta em sua poesia um imperativo psicológico onde caracteriza não apenas
as suas lembranças, e sim tudo que em sua volta lhe é considerado belo e
apresenta harmonia com a vida e com o contexto geral em que ela esta inserida,
apesar da mesma ser conhecida singelamente por sua poesia é dona de uma
personalidade humana e literária marcante, qualidades que podem ser percebidas
em várias de suas obras, e que contemplam a escrita como uma forma de se
reproduzir a história. PAZ, (1982, p. 133) considera que o poema é uma obra
provida de um tempo e de um lugar, ou seja, é um produto histórico. O poema é
histórico como um produto social “[...] como uma criação que transcende o
histórico [...]” (p.133). Ou ainda, “[...] a experiência poética não é a mesma coisa que
a relação da condição humana, isto é dessa sede sem cessar no qual reside
precisamente sua liberdade essencial”. (p.232).
De fato, tal constatação nos leva a perceber que a memória está sempre
ligada à história, assim como está ligada a literatura e a poesia. Existem lugares da
memória, lugares particularmente ligados a uma lembrança, que pode ser uma
lembrança pessoal, mas também pode não ter apoio no tempo cronológico.
(POLLAK. 1992, p.202-203). A poesia de Kolody também possui certo contexto
onde a memória transforma-se em história, como podemos analisar no seguinte
poema:
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SAGA
(1980)
Atravessei os milênios
Ousados conquistadores
De meus ancestrais.
A coragem e a esperança.
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Em sua luta sofrida,
No sertão paranaense
Milhares de passarinhos
Madrugadas da existência.
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(KOLODY, 1997, p.21-22)
Onde a própria autora relata nos versos que escreve fatos dos quais sua
lembrança recorda e os mesmos encontram-se muito bem retratados na obra:
“Sinfonia da Vida”.
Segundo Antonio Donizete da Cruz, “Kolody realiza um fazer poético
enquanto busca da síntese, projetada nas formas escolhidas e no enxugamento dos
textos. Os poemas sintéticos [...] haicais (poesia de origem japonesa). (CRUZ, 2001,
p. 147).
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A vida bloqueada
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Anexos:
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Referências
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