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Resumo
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GOMIDE, Elisa M. Licenciatura em Pedagogia, Pós-Graduação em Metodologia do Ensino, e Tecnologias em
Educação. Supervisora EaD –Centro de Educação Profissional de Anápolis. Professora no Curso de Pedagogia da
Universidade Anhanguera - Unidade Anápolis.
1- Introdução
Este artigo tem por objetivo discutir o tema “Os recursos tecnológicos como ferramentas de
aprendizagem X Currículo nas Escolas”. Apresentamos uma discussão onde pretendemos
confrontar as concepções que envolvem o termo currículo com a construção do conhecimento a
partir da inserção de meios multimídicos nos processos de ensino aprendizagem no ambiente
escolar e sugerimos a inserção das mídias nesse contexto de forma eficaz e produtiva.
Temos a consciência de que o conhecimento não se dá de forma fragmentada. Numa
sociedade onde a informação está presente das mais diversas formas, não podemos exigir que os
alunos aprendam de forma desconexa e disciplinar.
Moran (2006) afirma o seguinte a respeito do conhecimento:
Em síntese, julgamos que a reconceituação da transferência educacional, para ser mais bem
dimensionada, depende de novos estudos que, além de situá-la em relação ao contexto
sócio-econômico e político e as forças internacionais, discutam: a) a questão da adaptação
do material estrangeiro; b) a influência do contexto cultural do país receptor; c) as
especificidades e a dinâmica do contexto ideativo do campo transferido; d) o efeito de lutas
e conflitos envolvendo os grupos direta ou indiretamente participante do processo; e, e) as
peculiaridades e os efeitos do contexto institucional no qual o campo se desenvolve. (...)
Sugerimos, ainda, que investigações da prática curricular complementem as linhas acima
mencionadas. (MOREIRA, 1995, p204-205).
Essa questão curricular no Brasil vem travando muitas discussões atualmente, não só no
Brasil, mas em todo o mundo, num processo de profundas transformações.
SANTIAGO (1990) faz uma análise específica sobre o papel do professor e sua interferência
no processo ensino-aprendizagem, dentro do contexto sócio-político-econômico:
O professor tem uma concepção de mundo que se corporifica — mantida ou modificada —
nas relações dadas entre educador e educando, em um contexto determinado. Seu atuar é
um esforço para atingir o projeto idealizado de homem e de sociedade.(...)
Encarando a atuação do professor como uma opção política, vemos a necessidade de buscar
o significado da sua prática na natureza e desenvolvimento das atividades vivenciadas.
Buscar, no sentido de verificar em que direção apontam os propósitos pedagógicos e se
realmente o encaminhamento das atividades representam uma opção; em que proporção se
observa que os elementos teórico-práticos aproximam e/ou afastam o profissional da
compreensão das condições objetivas de vida e de trabalho na estrutura educacional e na
sociedade brasileira. (...) Portanto, o empenho para compreender como é gerado,
organizado e se materializa o currículo é conteúdo da prática pedagógica. Daí que
procuramos entendê-lo não apenas na forma apresentada no seu sentido clássico de
organização de disciplinas e listagem de conteúdos, mas a partir de sua natureza e
dimensão conceptual, como fundamento teórico-metodológico que dirige, traça diretrizes e
aciona os segmentos do sistema educacional e, particularmente, as atividades na escola.
(SANTIAGO, 1990)
Nestas poucas leituras que desenvolvemos sobre o currículo, pois este é um campo extenso e
teríamos que mergulhar nas várias teorias com maior afinco para analisá-las num âmbito mais
profundo, percebemos que a Política Educacional e suas diretrizes têm sido analisadas por
profissionais da educação de forma mais criteriosa, buscando valorizar os interesses das classes
menos favorecidas economicamente num esforço para transformar as instituições escolares em
lugares onde todos tenham a oportunidade de se desenvolver intelectual e pessoalmente.
Percebemos também que para reformularmos os currículos escolares precisamos, como educadores
que somos, ter uma visão ampla sobre este campo chamado “currículo”. Precisamos deixar de
pensar em currículo como uma seqüência de disciplinas e passar a compreender o universo que
envolve as questões curriculares. Apenas de porte dessa consciência seremos capazes de
transformar as relações dentro e fora do ambiente escolar, e buscar propostas que superem essas
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diferenças e se pautem em interesses de emancipação e formação crítica das gerações vigentes
(MOREIRA, 1995).
LIBÂNEO (2005) afirma que:
Quando se pensa num currículo numa perspectiva pós-moderna, pensa-se como são
construídos os saberes particulares, quais práticas discursivas constroem sentidos que as
pessoas dão às coisas. Destacam-se, nesse quadro, as questões do multiculturalismo,
desdobradas na diversidade social, no relativismo cultural, na valorização de experiências
intersubjetivas.
Segundo Moran (2006) o campo da educação vem sendo pressionado por mudanças, assim
como todos os segmentos da sociedade contemporânea. As mudanças nas relações de poder, ou
seja, o enfraquecimento do Estado frente ao mercado globalizado traz novas possibilidades para as
organizações e grupos econômicos, incluindo-se aqui a educação, que passa a ser um produto
comercial, transformando-se assim os processos de reorganização e gestão em moldes trazidos de
empresas mercadológicas. Em meio a essa disputa por “clientes” uma das áreas prioritárias de
investimento é a implantação de tecnologias telemáticas de alta velocidade, para conectar alunos,
professores e a administração. Existe uma expectativa de que as novas tecnologias trarão soluções
rápidas para o ensino, mas como afirma Moran,
Sem dúvida as tecnologias nos permitem ampliar o conceito de aula, de espaço e tempo, de
comunicação audiovisual, e estabelecer pontes novas entre o presencial e o virtual, entre o
estar juntos e o estarmos conectados a distância. Mas se ensinar dependesse só de
tecnologias já teríamos achado as melhores soluções há muito tempo. Elas são importantes,
mas não resolvem as questões de fundo. Ensinar e aprender são os desafios maiores que
enfrentamos em todas as épocas e particularmente agora em que estamos pressionados pela
transição do modelo de gestão industrial para o da informação e do conhecimento.
(MORAN, 2006, p 12)
Desta forma o desafio central do ensino não é a inserção ou não da tecnologia, mas, é a
preocupação como a formação integral dos indivíduos. É a forma como os conteúdos escolares são
organizados. É a falta de consciência e compreensão pelo professor sobre as políticas e relações de
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poder que envolvem os currículos escolares. Chamamos a atenção para o professor porque ele é o
elemento principal na formação e “execução de conteúdos” no interior dos ambientes escolares.
Os dois autores, Moran e Libâneo, concordam que tecnologia não é solução para
aprendizagem, nem para os problemas do ensino brasileiro. Pelo contrário, os recursos tecnológicos
são meios para o professor dinamizar e ampliar suas estratégias em sala de aula.
A escola ficou meio que à parte dos avanços tecnológicos justamente devido às políticas
públicas que investem na educação de forma meio tímida em nosso país. Com isto os educadores
também se acomodaram e desenvolveu-se uma espécie de acordo entre uma grande maioria:
“fingimos que investimos, fingimos que ensinamos e todos fingem aprender”. Esta frase
infelizmente vem se fazendo presente em diversas discussões entre educadores, chegou-se a uma
conclusão de que não é possível mudar, pois não temos recursos e nem vontade política. Ora e a
vontade dos profissionais da educação, onde fica? Acreditamos que as tecnologias são um meio
para renovar as formas de se ensinar. A criança de hoje é educada pela mídia, principalmente pela
TV e por jogos eletrônicos. A relação que tem com essas mídias é prazerosa, é feita de sedução, de
emoção, da exploração sensorial, da narrativa, elas aprendem vendo e sentindo, sem precisar fazer
esforço.
O grande desafio da educação hoje é transformar os conteúdos escolares em situações
prazerosas de aprendizagem, é fazer com que o aluno sinta prazer em aprender, em trocar idéias, em
avançar no conhecimento. Nesse sentido acreditamos serem as tecnologias telemáticas e
audiovisuais grandes parceiras do professor e do aluno na busca do conhecimento.
Para ilustrar nossa proposta tomamos como referência os estudos de dois autores Behrens
(2006) e Masetto (2006), que apesar de se referirem mais acentuadamente ao ensino superior trazem
importantes apontamentos para uma mudança de postura e de visão educacional por parte dos
educadores e demais atores envolvidos no processo educativo.
Behrens (2006) afirma ser necessário uma mudança substancial nos papéis do professor e do
aluno. Ambos têm que abandonar a postura passiva diante dos vários saberes e assumirem uma
postura inovadora, articuladora, reflexiva. Assumir novas posturas não é fácil principalmente
quando estamos cercados de ideologias que insistem em afirmar que “a educação deve formar
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cidadãos críticos”, mas na realidade forma o cidadão para o mercado de trabalho perpetuando o
interesse das classes dominantes. Para romper com esta realidade a autora propõe um modelo,
intitulado por ela de “aprendizagem colaborativa”. Esta proposta pressupõe um professor
familiarizado com a era digital, capaz de interagir com as informações de forma crítica e reflexiva,
um aluno motivado a buscar o conhecimento e com habilidades para compreender as várias
linguagens, oral, escrita, digital etc. Neste processo a sala de aula se transforma num local de
interação onde o professor propõe estudos significativos e alunos buscam o conhecimento como
indivíduos críticos e capazes de transformá-los em ação. Ambos se transformam em pesquisadores e
investigadores, a aprendizagem passa a ser significativa, desafiadora, problematizadora e instigante.
Behrens (2006) faz um alerta importante sobre essa mudança de abordagem:
A aprendizagem colaborativa precisa ter como referência uma prática pedagógica num
paradigma emergente. Para alicerçar uma prática pedagógica compatível com as mudanças
paradigmáticas da ciência, num paradigma emergente, Behrens (1999) acredita na
necessidade de desencadear uma aliança de abordagens pedagógicas, formando uma
verdadeira teia, da visão holística, com a abordagem progressista e com o ensino com
pesquisa. Essa aliança justifica-se e torna-se necessária de acordo com as características de
cada abordagem:
a) O ensino com pesquisa pode provocar a superação de reprodução para a produção do
conhecimento, com autonomia, espírito crítico e investigativo. Considera a pesquisa como
princípio educativo, portanto o aluno e o professor tornam-se pesquisadores e produtores
dos seus próprios conhecimentos.
b) A abordagem progressista tem como pressuposto central a transformação social. Instiga
o diálogo e a discussão coletiva como forças propulsoras de uma aprendizagem
significativa e contempla os trabalhos coletivos, as parcerias e a participação crítica e
reflexiva dos alunos e dos professores.'
c) A visão holística ou Sistêmica busca a superação da fragmentação do conhecimento, o
resgate do ser humano em sua totalidade, considerando o homem com suas inteligências
múltiplas, levando à formação de um profissional humano, ético e sensível (BEHRENS,
2006, p.87)
Essa teia partindo das três abordagens, proposta pela autora, permite uma aproximação de
pressupostos significativos, cada uma em sua dimensão. O computador e a rede de informações se
transformam em recursos para uma ação docente inovadora e eficaz, onde o aluno é o agente
principal do processo deixando a passividade e passando a atuar como pesquisador.
A segunda proposta da autora é o trabalho por projetos, que vai de encontro à proposta que
temos feito aos professores para utilizarem os laboratórios de informática instalados nas escolas
estaduais e municipais em nível de primeiro e segundo grau do Ensino fundamental.
Como vimos no documento da Reorientação Curricular d0 6º ao 9º ano do Ensino
Fundamental de Goiás, os dois focos principais para a dinamização das aulas e a renovação da
prática educativa se voltam para ações criativas e para a elaboração de projetos de ação. Na visão da
aprendizagem colaborativa a tecnologia se transforma numa ferramenta a serviço do profissional da
educação. Os professores passam a ser críticos e contemplam sua prática pedagógica com o uso de
recursos inovadores no intuito de desenvolver aptidões e formar seres humanos reflexivos e
criativos.
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Ao se conectar a rede de informações (ou tecnologia da informação) por meio de
computadores o professor terá acesso: a projetos pedagógicos de escolas do mundo inteiro em todos
os níveis, às políticas públicas, a projetos de aprendizagem elaborados por professores e alunos, à
proposições metodológicas de várias instituições de ensino etc. Além disso a rede cria a
possibilidade de exposição e disponibilização das pesquisas dos alunos de maneira atrativa e
produtiva. Os programas tutoriais e aplicativos, jogos, linguagem, programas de autoria, editores de
textos e simulações, são alguns exemplos de recursos que estão diretamente ligados à formação de
uma geração que já se encontra inserida numa sociedade que se utiliza desses recursos, dessa forma
é função da escola também oferecer essas possibilidades aos educandos e educadores.
Não queremos aqui dizer que a tecnologia é a solução dos problemas educacionais do Brasil,
mas que ela pode colaborar se for utilizada de forma adequada para o desenvolvimento dos
estudantes e para o aprimoramento da prática pedagógica do professor.
Masetto (2006) faz algumas observações relevantes sobre o processo de aprendizagem e
tecnologia. Ele chama a atenção sobre cinco elementos: o conceito de ensinar, o conceito de
aprender, o papel do aluno, o papel do professor e o uso da tecnologia. Em sua concepção:
O conceito de ensinar está mais diretamente ligado a um sujeito (que é o professor) que,
por suas ações, transmite conhecimentos e experiências a um aluno que tem por obrigação
receber, absorver e reproduzir as informações recebidas. O conceito de aprender está ligado
mais diretamente a um sujeito (que é o aprendiz) que, por suas ações, envolvendo ele
próprio, os outros colegas e o professor, busca e adquire informações, dá significado ao
conhecimento, produz reflexões e conhecimentos próprios, pesquisa, dialoga, debate,
desenvolve competências pessoais e profissionais, atitudes éticas, políticas, muda
comportamentos, transfere aprendizagens, integra conceitos teóricos com realidades
práticas, relaciona e contextualiza experiências, dá sentido às diferentes práticas da vida
cotidiana, desenvolve sua criticidade, a capacidade de considerar e olhar para os fatos e
fenômenos sob diversos ângulos, compara posições e teorias, resolve problemas. Numa
palavra, o aprendiz cresce e desenvolve-se. (MASETTO, 2006, p. 139-140)
6- Considerações finais
7- Bibliografia:
BEHRENS, M. A. Projetos de Aprendizagem Colaborativa num paradigma emergente. In:
MORAN, J., BEHRENS, M. A., MASETTO, M. T. Novas tecnologias e mediação pedagógica.
Campinas, SP: Papirus, 2005.
GOODSON, I. F. trad. BRUNETTA, Attílio. Currículo: teoria e história. Petrópolis, RJ: Vozes,
1995.
MOREIRA, A. F. e SILVA,T. T. Currículo, cultura e sociedade. 2.ed. São Paulo: Cortez, 1995.