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Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná

Departamento Acadêmico de Eletrotécnica

Carlos Alberto Karasinski

Edson da Silva Dias

GUIA PARA APLICAÇÃO E


MANUTENÇÃO DE BANCO
DE BATERIAS

Curitiba / 2003
Carlos Alberto Karasinski
Edson da Silva Dias

GUIA PARA APLICAÇÃO E


MANUTENÇÃO DE BANCO
DE BATERIAS

Trabalho apresentado no CEFET-


PR, como parte dos requisitos da
disciplina de Projeto Final 2.

Orientador: Prof Dr.Joaquim Eloir


Rocha

Curitiba / 2003
Edson da silva dias

Carlos Alberto Karasinski

GUIA PARA APLICAÇÃO E MANUTENÇÃO


DE BANCO DE BATERIAS

Este Projeto Final de Graduação foi julgado e aprovado como requisito parcial
para obtenção do título de Engenheiro Eletricista pelo Centro Federal de
Educação Tecnológica do Paraná.
Curitiba, 25 de 11 de 2003

______________________________
Prof. Carlos Alberto Dallabona
Coordenador de Curso
Engenharia Industrial Elétrica – Eletrotécnica

______________________________
Prof. Paulo Sérgio Walenia
Coordenador de Projeto Final de Graduação
Engenharia Industrial Elétrica – Eletrotécnica

______________________________
Prof. Dr. Joaquim Eloir Rocha
Orientador

______________________________
Prof. Dr. Ivan Eidt Colling

______________________________
Prof. Dr. Eduardo Romaneli
DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho ao orientador, que muito nos ajudou a atingir o nosso

objetivo.
AGRADECIMENTOS

Paulo Henrique Brixel - LACTEC

Jair Abreu Farias - COPEL

Marco Antonio T. Ogibowski - COPEL


RESUMO

Coletânea de informações sobre a teoria da construção de banco de baterias para


utilização como fonte de emergência para sistemas de telecomunicações e
subestações de energia. Aborda de forma didática os aspectos relacionados à
manutenção, construção, tipos de baterias, equipamentos auxiliares e de
proteção, meio-ambiente, ensaios de laboratório, normatização e reciclagem,
através de pesquisa em manuais de fabricantes, normas e na experiência de
usuários, podendo servir como conteúdo programático de um curso abrangente
sobre o assunto. Paralelamente à pesquisa, foi realizado um levantamento de
dados junto a alguns usuários, através do preenchimento de um questionário
padrão, para uma comparação sobre quais os tipos de baterias utilizadas,
processos de manutenção, normatização, reciclagem, processo de carga e tipos
de ensaios. Conclui que a pesquisa de referência bibliografica disponível em
língua portuguesa está desatualizada em relação as mais modernas técnicas
empregadas e que as novas tecnologias empregadas em baterias, acarretaram
uma significativa evolução em termos de materiais utilizados na construção,
otimizando a capacidade e a durabilidade das mesmas.
ABSTRACT

A combination of information about the construction theory of batteries bank used


as source for emergency systems for telecommunications and sub-station energy.
It approaches in a didactic form the aspects related to the maintenance,
construction, types of batteries, auxiliary and protection equipments, environment,
laboratory essays, standard rules and recycling, through research in
manufacturers’ manuals, norms and in the experience of users, being even able to
serve as a content in a large and intense program about the matter.
In parallel to the research it was carried out a data-collecting addressed to some
users, through the fulfilling of a standard questionnaire, in order to obtain a
comparison among batteries types that have being used, maintenance processes,
norms, recycling, load process and types of essays.
It concludes that the research based on the available bibliography in the
Portuguese language is outdated in relation to the most modern employed
techniques and that the new technologies used on batteries brought in a
significant evolution in terms of materials used in the construction, optimizing the
capacity and the durability of the same ones.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Separador AGM.(fibra de vidro) _____________________________12


FIGURA 2 Eletrólito na forma de gel ___________________________________12
FIGURA 3 Placas positivas _________________________________________18
FIGURA 4 Placas negativas _________________________________________19
FIGURA 5 Pólo de chumbo _________________________________________20
FIGURA 6 Separador de borracha microporosa __________________________21
FIGURA 7 Tipo de válvula utilizado ____________________________________22
FIGURA 8 Interligação de cobre revestida com plástico ____________________23
FIGURA 9 Curva da densidade do ácido sulfúrico em função da temperatura. __26
FIGURA 10 Retenção de carga em função do tipo de grade utilizada _________36
FIGURA 11 Influência da temperatura na vida projetada ___________________41
FIGURA 12 Arranjo típico de uma sala de carga _________________________68
FIGURA 13 Princípio de funcionamento do retificador _____________________69
FIGURA 14 Efeitos de chumbo inorgânico em crianças e adultos ___________100
FIGURA 15 Correlação entre chumbo no sangue e solo __________________105
FIGURA 16 Percentual de reciclagem descartáveis _____________________115
FIGURA 17 Fluxograma de produção ________________________________131
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Classificação dos acumuladores por aplicação ..................................... 14
Tabela 2 Características dos principais tipos de acumuladores secundários........ 15
Tabela 3 Teor máximo de impurezas permitido no eletrólito ................................. 27
Tabela 4 Teor máximo de impurezas permitido no ácido sulfúrico concentrado ... 28
Tabela 5 Valores do fator K, por fabricante .......................................................... 39
Tabela 6 Ensaios determinados pela ABNT.......................................................... 45
Tabela 7 Limites para perturbações conduzidas .................................................. 72
Tabela 8 Limites para perturbações radiadas ...................................................... 72
Tabela 9 Limite para distorção harmômica ........................................................... 72
Tabela 10 Fator de potência ................................................................................. 73
Tabela 11 Faixas de ajustes de tensão ................................................................ 73
Tabela 12 Rendimento retificadores ..................................................................... 75
Tabela 13 Imunidade a descargas eletrostáticas ................................................. 76
Tabela 14 Faixa de ajuste ................................................................................... 82
Tabela 15 Faixa garantida para ajuste de Ic ........................................................ 84
Tabela 16 Concentrações de chumbo em crianças ........................................... 103
Tabela 17 Efeitos dos metais pesados à saude ................................................. 110
Tabela 18 Análise da agua e do solo .................................................................. 125
LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ABS Acrilonitrila butadieno estireno
ACGIH American Conference of Governamental Industrial
Hygienists - Conferência Governamental Americana de
Higienistas Industriais
AGM Adsorbed Glass Mat – Fibra de Vidro
CBA Controle de Manutenção de Baterias
CDC Center Of Disease Control- Centro De Controle De
Doenças
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COPEL Companhia Paranaense de Energia
CVE Conselho de Vigilância Epidemiológica
CVE Centro de Vigilância Sanitária
ECD Ensaio de Capacidade de Descarga
ECO/OPS Evaluación Epidemiológica de Riesgos Causados por
Agentes Químicos Ambientales – Evoluções
Epidemiológicas dos Riscos Causados por Agentes
Químicos Ambientais
Epa Environmental Protect Agency-Agência De Proteção
Ambiental
Fao Food And Agriculture Organization – Organização Da
Agiculruta E Do Alimento
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ITME Instrução Técnica de Manutenção Elétrica.
ITP Instrução Técnica de Procedimentos - COPEL
LACTEC Laboratório Central de Tecnologia
MMA Ministério do Meio Ambiente
MMWR Current Trends Childhood Lead Poisoning - Tendências
Atuais De Envenenamento E A Ligação Com A Infância
NBR Norma Brasileira Registrada
OMS Organização Mundial de Saúde
ONG Organização Não Governamental
PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
QI Quociente de Inteligência
SAN Estireno-acrilonitrila
SE Subestação
TELEBRÀS Telecomunicações Brasleiras SA
Vpe Volts por elemento
WHO Human Exposure to Lead – Exposição Humana e a sua
Ligação
ZPP Zincoprlotoporfirina
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO _________________________________________________1

1.1 JUSTIFICATIVA ____________________________________________1

1.2 OBJETIVOS _______________________________________________2

1.3 METODOLOGIA ____________________________________________3

1.4 UMA IMPORTANTE INVENÇÃO _______________________________4

1.5 IMPACTO DA DESCOBERTA _________________________________6

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA _____________________________________10

2.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À APLICAÇÃO _____________________12

2.1.1 Acumuladores Ventilados ________________________________13

2.1.2 Acumuladores Regulados a Válvula ________________________14

2.2 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À CONSTRUÇÃO ___________________16

2.2.1 Placas Positivas ________________________________________16

2.2.2 Placas Negativas _______________________________________18

2.2.3 Terminais ou pólos ______________________________________19

2.2.4 Vaso _________________________________________________20

2.2.5 Separadores___________________________________________20

2.2.6 Tampa _______________________________________________21

2.2.7 Válvula Retentora de Segurança ___________________________21

2.2.8 Válvula reguladora ______________________________________23

2.2.9 Interligações ___________________________________________23

2.2.10 Aditivos_______________________________________________23
2.2.11 Eletrólito ____________________________________________25

2.3 CARGA __________________________________________________28

2.3.1 Carga de Equalização ___________________________________29

2.3.2 Carga a Corrente Constante ______________________________29

2.3.3 Carga com Tensão Constante _____________________________30

2.3.4 Carga em Dois Estágios _________________________________30

2.3.5 Carga com Agitação de Eletrólito___________________________31

2.3.6 Carga Profunda ________________________________________33

2.3.7 Carga de Flutuação _____________________________________34

2.3.8 Autodescarga __________________________________________35

2.4 CAPACIDADE DE UM ACUMULADOR _________________________37

2.5 TEMPERATURA ___________________________________________40

3 DESENVOLVIMENTO __________________________________________42

3.1 CRITÉRIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO _____________________42

3.2 ARMAZENAMENTO ________________________________________44

3.3 ENSAIOS E TESTES _______________________________________45

3.3.1 Ensaios de Tipo ________________________________________46

3.3.2 Ensaios de Rotina ______________________________________46

3.4 MANUTENÇÃO ____________________________________________59

3.4.1 Manutenção Mensal _____________________________________60

3.4.2 Manutenção Anual ______________________________________61

3.4.3 Manutenção Quadrienal__________________________________61


3.5 CONDIÇÕES ANORMAIS E DEFEITOS ________________________62

3.6 SEGURANÇA – CUIDADOS PESSOAIS ________________________62

3.7 SALA DE RECARGA DE BATERIAS.___________________________65

3.8 RETIFICADORES __________________________________________69

3.8.1 Características Técnicas _________________________________71

3.8.2 Princípio de Funcionamento ______________________________85

3.9 ENTREVISTA COM CONSUMIDORES _________________________88

3.10 O MEIO AMBIENTE ________________________________________91

3.10.1 O chumbo e a Saúde ____________________________________96

3.11 CASO DA BATERIAS MOURA _______________________________118

3.11.1 Acusação ____________________________________________118

3.11.2 A Defesa_____________________________________________130

4 CONCLUSÕES ______________________________________________138

REFERÊNCIAS __________________________________________________143

ANEXOS_______________________________________________________146

APÊNDICES____________________________________________________156

GLOSSÁRIO ____________________________________________________181
1

1 INTRODUÇÃO

De uso geral em instalações onde não é possível admitir a perda da fonte

de energia, ou em que havendo esta falta seja possível agir de forma a minimizar

os efeitos, as baterias de acumuladores são a melhor opção para garantir o

fornecimento ininterrupto de energia crítica para a operação em casos de

emergência. Devido a sua confiabilidade, baixo custo, características técnicas,

performance e qualidade da energia fornecida são utilizadas em subestações,

telecomunicações, hospitais, sistemas informatizados, relógios, alarmes, etc.

Em grandes instalações como subestações e usinas os comandos de

equipamentos utilizados nas unidades são realizados em corrente contínua,

normalmente esta é fornecida por um retificador que é ligado no sistema de

serviço auxiliar da unidade. Devido à necessidade de manobrar equipamentos em

caso de perda das fontes de corrente alternada em que o retificador perde sua

função, as baterias são a fonte de energia emergencial, pois é necessário preparar

a unidade para receber energia novamente, ou seja abrir disjuntores para isolar

equipamentos danificados, desligar cargas que eventualmente tenham ficado

ligadas, comandar os comutadores de derivação dos transformadores ou realizar

comunicação com as partes envolvidas no pronto restabelecimento do sistema.

1.1 JUSTIFICATIVA

Assim, desta maneira é que fica clara a necessidade dos acumuladores e

sua conservação, para que estes tenham sua durabilidade estendida, assim como
2

seu destino após o uso seja de acordo com a legislação, de forma a preservar o

meio ambiente. Visando o enfocado é que surgiu este guia de manutenção,

abordando aspectos de manutenção, montagem, conservação e meio ambiente.

Elaborando um guia para aplicação e manutenção de bancos de baterias é

possível encontrar em um único local as informações necessárias de dados

construtivos, de manutenção, segurança e operação, atendendo as necessidades

dos vários segmentos do setor.

O desenvolvimento deste guia numa forma didática, pode contribuir para o

âmbito acadêmico, pois facilitará o aprendizado de uma disciplina sobre este

assunto.

1.2 OBJETIVOS

Criar um guia de referência para aplicação e manutenção de banco de baterias.

Levantar características dos principais fabricantes;

Mostrar características de manutenção;

Levantar e avaliar dados do histórico junto a usuários;

Fazer levantamento dos aspectos que são necessários observar com relação a

segurança neste tipo de instalação;

Elaborar relatório conclusivo, abordando sugestões de melhorias no processo de

manutenção e segurança;

Comparar informações sobre a utilização de baterias estacionárias e seladas do

tipo automotiva;

Levantar os riscos ambientais inerentes ao processo e a reciclagem dos dejetos;


3

Compilar dados levantados e organizá-los em forma de guia.

1.3 METODOLOGIA

Pesquisa em manuais fornecidos pelo fabricantes, publicações em revistas,

resoluções de órgãos governamentais, normas da ABNT, TELEBRÁS, COPEL,

artigos disponíveis na Internet e na experiência de profissionais que trabalham no

ramo.

O primeiro passo para a elaboração do trabalho é o levantamento teórico do

que existe hoje disponível sobre o assunto em publicações. A etapa seguinte

fundamentar-se-á no estudo dos manuais de fabricantes de bancos de baterias,

normas e ensaios.

O trabalho tem como linha mestra a apostila do curso de baterias do

LACTEC; local onde faremos visitas técnicas para aprender sobre os principais

ensaios que são realizados em laboratórios, novas tecnologias e informações que

não são facilmente encontradas em publicações, porque não são exigências que

estejam nos manuais fornecidos pelos fabricantes no momento da implantação do

equipamento.

Com as referências em mãos, será iniciada a filtragem das informações

relevantes no propósito do trabalho. A colaboração do orientador será de grande

valia na lapidação do material: direcionando o foco do trabalho; e na organização

dos dados: atendendo o objetivo de se elaborar um trabalho didático, em uma

forma de guia.
4

Na biblioteca da COPEL conseguimos o fornecimento do referencial de

normatização inerente a realização do trabalho. Além das normas da ABNT,

Instruções Técnica de Procedimentos - ITP’s, ensaios e estudos de caso, valiosas

fontes principalmente para normatização e a realização de ensaios e

manutenções.

O trabalho de pesquisa terá continuidade com a pesquisa via Internet nas

páginas eletrônicas de instituições de ensino, órgãos do governo, fabricantes,

Organizações Não Governamentais - ONG’s, etc. O estudo pretende aboradar

desde a descoberta até o estado da arte no que diz respeito a baterias, bem como

informações sobre legislação, novas tecnologias, meio ambiente, riscos a saúde e

segurança.

Paralelamente, será realizado um levantamento de dados junto a alguns

usuários, através de entrevista com o encarregado da manutenção do banco de

baterias de cada empresa. A entrevista será moldada através da aplicação de um

questionário padrão, reunindo informações sobre quais são os fornecedores,

ensaios, normatização, acidentes, etc.

1.4 UMA IMPORTANTE INVENÇÃO

“Com placas metálicas, discos de papelão, salmoura e sagacidade, em

1799, surgiu uma das maiores invenções do mundo moderno: a pilha elétrica de

Volta” [9]. Alessandro Volta nasceu em 1745 em Camnago (distrito de Como),

atualmente chamada de Camnago Volta, e morreu na mesma cidade em 1827.

Realizou seus primeiros estudos e suas primeiras invenções em sua cidade natal,
5

onde aos 29 anos foi indicado como diretor das escolas públicas, começou a

ensinar física experimental na Universidade de Pávia em 1779 e em 1785 foi eleito

reitor da Universidade. Mesmo no final de sua vida, ele era ainda diretor da

Faculdade de Física [21].

Na segunda metade do século XVIII, difundiu-se a idéia da existência de

uma "eletricidade animal", a partir de uma série de observações simples feitas por

muitos naturalistas. Sabia-se, por exemplo, que certos animais, como a enguia,

eram capazes de liberar energia quando tocados, os quais eram similares aos

efeitos de outros choques elétricos. Em uma série de experimentos iniciados no

ano de 1780, Luigi Galvani (1737-1798) descobriu que os músculos e nervos na

perna de um sapo sofriam uma contração ou espasmo causados pela corrente

elétrica liberada por um gerador eletrostático. Galvani chegou à conclusão que

certos tecidos orgânicos geravam eletricidade por si próprios. Para ele estava

claro que os músculos do sapo eram capazes de gerar "eletricidade animal", que

ele julgou ser similar à eletricidade gerada por máquinas ou por raios.

Alessandro Volta repetindo os experimentos de Galvani na Universidade de

Pávia, obteve os mesmos resultados. Entretanto, não estava convencido da

explicação dada por Galvani e uma longa controvérsia foi iniciada. Volta logo

concluiu que a eletricidade observada deveria ter origens mais simples, e que o

tecido animal apenas conectava, inadvertidamente, os dois metais.

Volta construiu a primeira bateria, que consistia de dois pedaços de metal

distintos (zinco e prata), separados por discos de papelão umedecidos com uma

solução salina e ligados em série. Esta montagem foi chamada de célula galvânica

e a combinação destas células formava uma bateria, cuja potência dependia do


6

número de células que estavam conectadas. Esta é a base de todas as baterias

de célula úmida modernas, e foi uma descoberta científica enormemente

importante, porque foi o primeiro método encontrado para a geração de uma

corrente elétrica contínua. Ainda em 1799, Volta conseguiu aumentar a corrente

com a utilização de cobre, zinco e papelão.

O debate entre Galvani e Volta foi um dos mais proveitosos episódios na

história da ciência. Volta generosamente denominou a corrente observada de

corrente galvânica, e escreveu que o trabalho de Galvani "se trata de uma das

mais belas e mais surpreendentes descobertas".

A invenção da pilha foi comunicada, por Volta, à Royal Society of London

na hoje famosa carta de 20 de março de 1800. Entretanto, está bem documentado

que a invenção ocorreu no final de 1799, que foi universalmente reconhecido

como o ano de nascimento da eletroquímica [22].

1.5 IMPACTO DA DESCOBERTA: O NASCIMENTO DA ELETROQUÍMICA

Mesmo em sua forma inicial e rudimentar, a bateria de Volta possibilitou

algumas descobertas importantes no campo da eletroquímica. Entre os mais

significativos avanços nas áreas relacionadas à pilha de Volta se pode citar a

procura por fontes de energia eletroquímicas, a bioeletroquímica, devido ao

debate entre Galvani e Volta, a eletrodeposição e a contribuição, mesmo que

indireta, para o avanço de outras áreas como, por exemplo as telecomunicações.

O impacto da descoberta de Alessandro Volta pode ser observado tanto na área

acadêmica como em suas aplicações. O entusiasmo e o assombro causado pela


7

novidade da pilha de Volta no mundo científico, é comparável ao ocorrido com o

advento do controle da energia nuclear na década de quarenta.

Após mais de 2 séculos desta importante descoberta, a eletroquímica é

considerada atualmente uma ciência multidisciplinar. Para exemplificar a

aplicabilidade desta ciência, vale a pena lembrar que desde o impulso dado pela

pilha de Volta têm surgido vários métodos de análise eletroquímica. Entre os

métodos eletroanalíticos podem-se citar a titulação condutométrica,

potenciométrica, amperométrica e as técnicas polarográficas, entre outras. Por

causa da versatilidade, precisão e baixo custo, se comparada a outros métodos de

análise instrumentais, as técnicas de eletroanálise são amplamente empregadas

em pesquisa e controle de qualidade. Como testemunho da importância de uma

destas técnicas analíticas, pode-se citar que a Academia Real Sueca de Ciências

escolheu para o Prêmio Nobel em Química (1959) a Heirovský pelo

desenvolvimento da polarografia.

Os métodos eletroquímicos, além de serem empregados com finalidades

analíticas, são empregados largamente em diversos campos da indústria moderna

com as mais variadas finalidades: monitoramento e combate à corrosão, geração

e armazenamento de energia elétrica, fabricação eletroquímica de substâncias

químicas, descontaminação de efluentes, eletro-extração de metais, obtenção de

materiais avançados, etc.

Dentre as inúmeras aplicações que são conseqüência direta da descoberta

de Volta pode-se destacar:

O trabalho de John F. Daniell foi uma continuação da pesquisa realizada

por Alessandro Volta. A pilha de Daniell era muito mais eficiente e levou o físico
8

francês Gaston Plante à descoberta da bateria de chumbo ácido em 1959, seguida

da moderna bateria seca ("dry cell battery") desenvolvida poucos anos depois por

outro francês, Georges Leclanché.

Atualmente, existe uma grande gama de baterias que têm sido

desenvolvidas nas últimas décadas, classificadas em três grupos: baterias

primárias, secundárias e células a combustível. As baterias primárias, conhecidas

pela denominação de pilhas, são artefatos eletroquímicos que, uma vez esgotados

os reagentes que produzem a energia elétrica, são descartados. A diferença

essencial entre as baterias primárias e secundárias é que no segundo caso o

sistema pode ser regenerado, pelo emprego de uma corrente elétrica que reverte

as reações responsáveis pela geração de energia elétrica.

Estes sistemas geralmente são chamados de baterias. Cabe aqui explicar

que o termo acumulador define um elemento, e o termo bateria a combinação de

mais de um elemento; para o chumbo um elemento gera em torno de 2,2V e para

outros materiais o potencial gerado é diferente; uma bateria de 12V de automóvel

é formada de 6 acumuladores de chumbo. As células a combustível são

conversores de energia química em elétrica, como é o caso das baterias primárias

e secundárias. Contudo, neste caso, os reagentes químicos, que são consumidos

numa reação de combustão, tem que ser continuamente alimentados ao sistema.

As baterias primarias (pilhas alcalinas, por exemplo) e baterias secundárias

(bateria chumbo-ácido, níquel-cádmio, níquel-hidreto, lítio, etc.) são empregadas

geralmente em equipamentos eletro-eletrônicos portáteis. O uso de sistemas que

geram energia química em elétrica não se limita a equipamentos eletro-

eletrônicos. “As células a combustível tem sido empregadas para gerar energia
9

elétrica nas naves espaciais (por exemplo no ônibus espacial Columbia, com uma

potência média de 7kW). Plantas de energia de células a combustível podem ser

encontrados na cidade de Tóquio com potência de 4,5 MW” [9].

A descoberta de Alessandro Volta abriu uma multiplicidade de caminhos

para o desenvolvimento das telecomunicações. Com as contribuições de Hans C.

Oersted (1820), o elo entre magnetismo e eletricidade foi fechado, o que levou

diretamente à invenção do eletroimã. A geração de eletricidade em corrente

contínua e sua condução apoiada nos princípios do magnetismo, estabeleceram

as bases para a transmissão de mensagens por meio de sinais elétricos.

A bateria esteve desde o início diretamente nas primeiras invenções nas

telecomunicações. O invento do telégrafo elétrico por Samuel Morse (1837) era

composto um fio metálico unindo duas estações telegráficas, uma chave que abre

e fecha, um receptor e uma bateria. E o primeiro radiocondutor (1890), que tornou

possível a criação do telégrafo sem fio, foi construído por Édouard Branly

empregando um tubo de limalha de ferro, um galvanômetro e uma bateria. A pilha

de Volta se coloca na origem dos mais cruciais desenvolvimentos científicos,

tecnológicos e industriais do mundo moderno, dos quais depende a qualidade do

nosso futuro. A dimensão deste acontecimento teve tal importância, que o próprio

Volta apresentou a sua invenção a Napoleão Bonaparte no Instituto Nacional da

França (Paris), em 1801.

"Este é um grande passo" - escreveu Volta - "realizado no final de 1799; passo

que me conduziu à construção do novo instrumento" [9].


10

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os acumuladores são dispositivos que, durante a descarga, transformam a

energia química contida no seu material ativo diretamente em energia elétrica, por

meio de uma reação eletroquímica de óxido-redução (redox). Durante a carga

temos o processo inverso, energia elétrica é transformada diretamente em energia

química, que fica armazenada até uma nova descarga. Quando uma bateria é

submetida a um processo de carga, a eletrólise da água do eletrólito produz

oxigênio no eletrodo positivo e hidrogênio no eletrodo negativo. Isto significa que

nas baterias ventiladas há perda de água e, como conseqüência, a reposição de

água durante a vida. Durante a carga, o primeiro que se produz é o oxigênio e o

hidrogênio é produzido quando a placa negativa está praticamente carregada.

Este espaço de tempo pequeno entre a produção de oxigênio e a produção de

hidrogênio é devido à baixa eficiência de carga da placa positiva.

Enquanto nas baterias ventiladas os gases escapam para a atmosfera, nas

baterias reguladas a válvula o oxigênio gerado na carga difunde-se através do

eletrólito gelificado até a placa negativa onde, mediante uma seqüência de

reações químicas e eletroquímicas, é reduzido, incorporando-se de novo no

eletrólito. As reações químicas mais importantes são:

2 H2O ⇒ 4H+ + O2 + 4e- (1)

2 Pb + O2 ⇒ 2 PbO (2)

PbO + H2SO4 ⇒ PbSO4 + H20 (3)

PbSO4 + 2H+ +2e- ⇒Pb + H2SO4 (4)


11

Quando o oxigênio começa a ser produzido no eletrodo positivo (reação 1),

a placa negativa está parcialmente carregada e tem uma quantidade considerável

de chumbo esponjoso. Portanto se o oxigênio for transportado até o eletrodo

negativo, permanecerá dentro do elemento, sem ser expelido para a atmosfera. A

retenção do oxigênio acontece através de reações entre o oxigênio e o eletrodo

negativo (reação 2) formando óxido de chumbo. Em uma bateria com eletrólito

gelificado, este transporte é efetuado através das fissuras do gel.

O óxido de chumbo (PbO) reage com o eletrólito (H2SO4) formando sulfato de

chumbo (reação 3). O resultado disto é uma autodescarga no eletrodo negativo,

reação que é igual a carga, porém no sentido inverso (reação 4)

Deste modo, o eletrodo negativo não chega a estar completamente

carregado e não gera hidrogênio. As reações acima descritas também acontecem,

naturalmente em todas baterias chumbo-ácidas, porém a uma escala muito

reduzida. A questão principal é fazer com que todo o oxigênio gerado nas placas

positivas chegue até as placas negativas, para total aproveitamento do fenômeno

da recombinação, também chamado de ciclo do oxigênio e conseguir uma bateria

em que a geração de gases seja praticamente inexistente. Com isso, o consumo

de água será tão insignificante que sua reposição será desnecessária.

Existem duas maneiras para conseguir o ciclo do oxigênio:

Bateria com eletrólito absorvido em um separador de fibra de vidro

As fibras são de aproximadamente um micrômetro de diâmetro e são

depositadas de maneira que sua forma assemelha-se a um tecido (ou uma


12

esponja) feito de fibra de vidro. Esta estrutura serve para organizar o sentido do

fluxo do oxigênio para o pólo negativo.

Figura 1 Separador AGM.(fibra de vidro) fonte: Saturnia Hawker [41]

Bateria com eletrólito gelificado mediante a adição de sílica

Neste o eletrólito é imobilizado mediante a adição de dióxido de silício (SiO2),

como descrito anteriormente; o deslocamento do oxigênio ocorre pelas fissuras do

gel formado.

Figura 2 Eletrólito na forma de gel Fonte: Saturnia Hawker [41]

2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ACUMULADORES QUANTO À APLICAÇÃO

Os acumuladores chumbo-ácidos são divididos, quanto a sua aplicação, em

três grupos principais.


13

2.1.1 ACUMULADORES VENTILADOS

2.1.1.1 ACUMULADORES DE ALTA INTENSIDADE DE DESCARGA

Seu uso corresponde a tempos de descarga iguais ou menores que uma

hora. Os elementos são utilizados em aplicações estacionárias como: partida de

grupos motogeradores, sistemas “no-break”, arranque de motores de turbina,

operação de comutação, inversores, freios magnéticos e em outras aplicações em

que a alta descarga e a longa vida das baterias são condições essenciais.

2.1.1.2 BATERIA DE MÉDIA INTENSIDADE DE DESCARGA

Corresponde a tempo de descarga entre uma hora e vinte horas. Os

elementos são utilizados em aplicações estacionárias como: telecomunicações,

centrais elétricas, subestações, repetidoras de microondas, estações geradoras e

distribuidoras de energia, aeroportos, hospitais e sistemas de emergência.

2.1.1.3 BATERIA DE BAIXA INTENSIDADE DE DESCARGA

Os elementos são utilizados em aplicações estacionárias como: sistemas

fotovoltaicos de conversão de energia solar aplicado em estações meteorológicas,

sinalização marítima, faróis e transmissores de navegações, estações de

bombeamento, estações de microondas, VHF, UHF e equipamentos de

emergência, onde a pequena autodescarga e grandes intervalos entre períodos de


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manutenção são essenciais. Estes elementos têm características de reter até 85%

de sua capacidade nominal, após permanecer por um ano em circuito aberto, à

temperatura de 25ºC. Esta autodescarga pode ser até menor em temperatura

mais baixas. Para isso ser possível, é indispensável a extrema pureza dos

materiais componentes das grades (de chumbo puro): óxidos, pólos, etc.

2.1.2 ACUMULADORES REGULADOS A VÁLVULA

Grupo Definição Aplicação


Alta integridade Acumuladores que apresentam elevados índices de Uso em instalações que requerem
Acima de dez anos desempenho, segurança e integridade mecânica, tendo alto grau de confiabilidade do
uma expectativa de vida útil superior a dez anos sistema
Acumuladores que apresentam índices de desempenho, Uso em instalações que requerem
Alto desempenho segurança inferiores a do grupo Alta integridade, tendo uma médio grau de confiabilidade do
Dez anos expectativa de vida útil de dez anos sistema
Acumuladores em que as exigências de durabilidade e Uso em instalações em que a
Uso geral segurança não são requisitos essenciais, tendo uma confiabilidade do sistema não é uma
5 a 8 anos expectativa de vida útil de 5 a 8 anos requisito fundamental
Acumuladores cujas exigências técnicas são as mínimas Uso típico em equipamentos de
Padrão comercial necessárias para atender o uso em aplicações comerciais emergência de pequena capacidade
3 a 5 anos comuns, tendo uma expectativa de vida útil de 5 a 8 anos ou portáteis

Tabela 1 Classificação dos acumuladores por aplicação Fonte: NBR14204 [2]


15

Tipo Componentes Tensão Temp Densidade de Perfil de Densidade de Autodescarga Vida útil N° Ciclos /
(elementos) (V) operação energia descarg potência (% de carga/ mês) (anos) Maior tamanho
(ºC) (Wh/kg) (relativo) Disponível
Pb-ácido Pb N:2,0 20-30 (Pb-Sb)
SLI PbO2 A:2,1 -40 – 55 35 Plano Alta 2-3 3-6 200 –700
H2SO4 O:2,0 - 1,8 (Pb-Ca) 200 Ah
C:1,75
Pb-ácido Pb N:2,0 1500
Tração PbO2 A:2,1 -20 – 40 25 Plano Moderada 4 –6 6 200 Ah (por placa
H2SO4 O:2,0 - 1,8 Alta positiva)
C:1,75
Pb-ácido Pb N:2,0 400 Ah (por placa
Estacionária PbO2 A:2,1 -10 – 40 10 – 20 Plano Moderada - 18 – 25 positiva)
H2SO4 O:2,0 - 1,8 Alta
C:1,75
Ni – Cd Cd N:1,2 500 – 2000
Ventilada / NiOOH A:1,29 -20 – 45 20 Plano Alta 5 8 – 25 1300 Ah
Tipo bolsa KOH O:1,25 - 1,00
C:1,00
Ni– Cd Cd N:1,2
Ventilada NiOOH A:1,29 -40 – 50 37 Muito plano Alta 10 3 – 10 500 – 2000
/Sinterizada KOH O:1,25 - 1,00 100 Ah
C:1,00
Ni – Cd Cd N:1,2 300-700
Selada NiOOH A:1,29 -40 – 45 30 – 35 Muito plano Moderada 15 – 20 2–5 cilíndricas até 10
KOH O:1,25 - 1,00 Alta Ah
C:1,00
Ni – Fe Fe N:1,2 2000–4000
Convencional NiOOH A:1,37 -10 – 45 27 Plano Moderada 20 – 40 8 – 25 em
KOH O:1,25 – 1,05 moderado Baixa desenvolvimento.
C:1,00
Ni – Zn Zn N:1,6
NiOOH A:1,73 -20 – 60 60 Plano Alta 10 - 50 – 200
KOH O:1,6 - 1,4 não comercial.
C:1,2
Zn – AgO Zn N:1,5
AgO A:1,85 -20 – 60 90 Doble patamar Alta 3 1–3 100– 150
KOH O:1,7 - 1,3 6000 Ah
C:1,00
Cd – AgO Cd N:1,2
AgO A:1,4 -25 – 70 55 Doble patamar Moderada 3 2–3 150 – 600
KOH O:1,4 - 1,0 Alta 500 Ah
C:0,7
Ni – H H2 N:1,4
NiOOH A:1,32 0 - 50 55 Plano Moderada 60 - 1500 – 6000
KOH O:1,3 – 1,15 moderado 100 Ah
C:1,0
Ni – Metal MH N:1,2
hidrido NiOOH A:1,4 -20 – 50 50 Plano Moderada 20 2–5 300 – 600
KOH O:1,25 – 1,10 Alta cilíndricas
C:1,0
Zn – MnO2 Zn N:1,15
MnO2 A:1,15 -20 – 40 85 Inclinada Moderada 15 – 25
KOH O:1,3 – 1,0 cilíndricas
C:1,0

Tabela 2 Características dos principais tipos de acumuladores secundários


Fonte: LACTEC [30]
16

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS ACUMULADORES QUANTO À CONSTRUÇÃO

Dentre os principais temos:

Chumbo -- Ácido (ácida)

Níquel – Cádmio (alcalina)

Níquel – Ferro (alcalina)

Níquel – Zinco (alcalina)

Prata – Zinco (alcalina)

Prata – Cádmio (alcalina)

Níquel ou Prata – hidrogênio (alcalina)

Zinco – Óxido de manganês Zn- MnO2 (alcalina)

2.2.1 PLACAS POSITIVAS

Nas baterias de média descarga a grelha é formada de uma liga especial de

chumbo, antimônio e aditivos que aumentam a resistência mecânica da placa

durante a construção, melhoram a condutividade elétrica e diminuem a corrosão.

Em relação à quantidade de antimônio, pode ser:

AN: Antimônio Normal, 10% (positiva) e 3,5% (negativa) [43].

BA: Baixo Antimônio, menor ou igual a 1,6% (positiva) e 3,5%

(negativa) [43].

O material ativo é disposto simetricamente dentro dos tubetes [5] em volta da

grelha condutora, eles mantêm contato com as hastes da grade por serem um

invólucro de tecido em forma de tubo ou bolsa; essa bolsa é porosa e permite um

bom contato com o ácido; os poros são finos e retêm as partículas do material; as
17

fibras de poliester são elásticas e acompanham bem as variações de volume do

pólo.

Os tubos são vedados na parte inferior por meio de uma peça plástica, que se

encaixa na grelha impedindo a fuga do material ativo, de modo a evitar também o

desenvolvimento de curtos-circuitos na parte inferior do elemento.

Nas baterias de alta descarga a grade é feita com injetação de chumbo

antimônio (6 a 11% Sb) com espigas. O material ativo é acomodado ao redor das

espigas, dentro de tubetes de fibras de polietileno e/ou poliester de alta

tenacidade. As placas têm espessura reduzida para aumentar a área de contato

entre a massa positiva e eletrólito, bem como reduzir a resistência interna [27].

Os elementos são montados com placas positivas tubulares para alta

descarga, usando separadores específicos, permitindo assim uma alta densidade

de corrente em curto espaço de tempo.

Nas baterias de baixa autodescarga as placas são empastadas, de grande

espessura, com grade fundida em chumbo puro, pois o chumbo puro possui

menor autodescarga.
18

Figura 3 Placas positivas Fonte: Saturnia Hawker [40]

2.2.2 PLACAS NEGATIVAS

A grelha da placa negativa da bateria de média descarga é também de uma

liga especial de chumbo antimônio empastada. Essa construção especial

possibilita fixação e aderência do material ativo.

A placa negativa é de chumbo esponjoso, que devido aos aditivos

incorporados ao material ativo dão elevada coesão e porosidade à placa.

A bateria de alta descarga é construída com grade fundida em liga chumbo-

antimônio e empastada com massa ativa, visando a maior condutividade.

Nas bateria de baixa autodescarga as placas são empastadas, de grande

espessura, com grade fundida em chumbo puro.


19

Figura 4 Placas negativas Fonte: Saturnia Hawker [40]

2.2.3 TERMINAIS OU PÓLOS

Nas baterias de média descarga e baixa autodescarga, os pólos são feitos de

uma ligas especial de chumbo antimônio visando resistência mecânica e boa

condutividade elétrica. A vedação e a tampa são feitas por um anel de borracha

(O-ring) comprimido por um anel de chumbo.

Para baterias de Alta Descarga, são fundidos em liga chumbo-antimônio, de

construção reforçada para suportar altas correntes.


20

Figura 5 Pólo de chumbo (esquerda) e pólo com inserto de cobre e proteção


plástica. Fonte: Saturnia Hawker [40]

2.2.4 VASO

O vaso é de termoplástico SAN (Estireno-acrilonitrila) transparente injetado, de

elevada resistência mecânica e térmica, exceto em casos especiais o vaso é

injetado em ABS na cor cinza opaco.

No caso de baterias de alta descarga, o dimensionamento dos vasos prevê um

maior volume de eletrólito, permitindo um maior rendimento das massas ativas e

ampliando os intervalos de adição de água.

2.2.5 SEPARADORES

Componente isolante permeável ao eletrólito que separa as placas de

polaridades opostas, podendo assegurar também o espaçamento entra as placas,


21

são de material microporoso geralmente a base de borracha, resistente ao ácido e

de baixa resistência elétrica.

Figura 6 Separador de borracha microporosa. Fonte: Saturnia Hawker [40]

2.2.6 TAMPA

A tampa é de ABS (Acrilonitrila butadieno estireno) injetado de alto impacto, na

cor preta selada ao vaso com cola, para evitar vazamento, na sua construção são

deixadas aberturas para a passagem dos pólos.

As tampas também podem ser fundidas com o próprio material como uma

espécie de soldagem. Esse método está em expansão atualmente.

2.2.7 VÁLVULA RETENTORA DE SEGURANÇA


22

O uso da Válvula protege contra o risco de explosão, evitando que faíscas

causem ignição do gás interno do elemento, além de evitar adicionalmente

qualquer emanação de partículas de ácido durante a carga.

A válvula consiste de um filtro de parede espessa de material cerâmico

sintetizado, resistente ao ácido e com porosidade controlada. Algumas possuem

um tubo construído em termoplástico poliestireno em forma de funil encaixado na

parte interna do filtro; este funil de plástico facilita a adição de água na bateria e a

leitura da densidade sem remoção da válvula.

A extremidade interior do funil fica imersa no eletrólito e, o conjunto impede

que os gases da superfície do eletrólito entrem diretamente em contato com o

exterior, obrigando-os a atravessar o filtro cerâmico. É um dispositivo destinado a

permitir a liberação de gases formados no interior do acumulador formados

durante o processo de carga e impedindo a entrada de impurezas no mesmo. A

figura 7 mostra um dos tipos de válvula utilizados, a parte escura no meio é o

material poroso cerâmico.

Figura 7 Tipo de válvula utilizado. Fonte: acervo próprio


23

2.2.8 VÁLVULA REGULADORA

Dispositivo utilizado no acumulador regulado à válvula que permite o escape

dos gases quando a pressão interna atinja um valor predeterminado, impedindo

durante o funcionamento normal a entrada de ar. Após o alívio da pressão a

válvula deve voltar a sua condição normal, ou seja, fechada.

2.2.9 INTERLIGAÇÕES

As interligações são de cobre, a proteção contra corrosão é dada por uma

camada de chumbo aplicada eletronicamente. Em alguns bancos esta proteção é

feita por uma cobertura de material plástico ou é recoberta com graxa no caso de

bancos mais antigos. Na figura 8 temos um tipo de interligação em cobre,

recoberta com plástico.

Figura 8 Interligação de cobre revestida com plástico Fonte: acervo próprio

2.2.10 ADITIVOS
24

São vários os microconstituintes que compõem as ligas utilizadas nos

acumuladores. Cada um tem uma finalidade específica para melhorar o

desempenho, como por exemplo:

a) O cálcio serve como endurecedor da placa, facilita a construção, diminui a

“ciclagem” (vide ensaios), diminui a migração do chumbo da placa positiva

para a negativa. A gaseificação do eletrólito na recarga é menor com seu

uso, e é possível o carregamento praticamente com tensão de flutuação,

pois a resistividade da bateria é menor. Como desvantagem do uso de

cálcio, é sabido que provoca má distribuição da densidade dentro do

elemento e o crescimento da placa positiva é maior que usando outros tipos

de aditivos como o antimônio. A quantidade de cálcio permitida na

constituição dos elementos é limitada conforme a aplicação, por exemplo

para baterias estacionárias ventiladas é de 0,12% no máximo [1].

b) O antimônio é utilizado porque permite maior resistência mecânica da placa

positiva quanto ao ataque pelo ácido.

c) O selênio e cobre diminuem a granulometria(vide glossário) e o ponto

eutético da liga Pb-Sb, ou seja, com isso é possível utilizar-se menos

energia para derreter a liga, pois a temperatura de fusão baixa de 327ºC

para 300ºC.

d) O dióxido de silício (SiO2) é utilizado porque possui alta porosidade, então

absorve ácido dentro destas porosidades, funcionando como um

reservatório ao mesmo tempo que aumenta a área de contato com o

eletrólito.
25

e) A fibra de celulose é adicionada à pasta de chumbo para transmitir por

capilaridade o eletrólito para o interior da placa.

f) O sulfato de bário (BaSO4) absorve o sulfato de chumbo e permite que não

haja diminuição da área de contato da placa negativa. É utilizado em

conjunto com a lignina (lignosulfato de sódio) que permite que o sulfato de

bário libere o chumbo para a parte ativa e não para o fundo do acumulador

quando ocorre a recarga.

2.2.11 ELETRÓLITO

O eletrólito utilizado nas baterias ácidas é o ácido sulfúrico. O ponto de

congelamento da solução de ácido sulfúrico em função da concentração pode ser

vista na figura abaixo.


26

20
10
0
-10
TemperaturaºC

-20
-30
-40
-50
-60
-70
-80
1000 1200 1400 1600 1800 2000
Densidade g/cm3

Figura 9 Curva da densidade do ácido sulfúrico em função da temperatura.


Fonte: Saturnia Hawker [41]
O ponto de congelamento da solução varia amplamente em função da

concentração. Os acumuladores devem ser projetados de tal forma que a solução

de ácido sulfúrico do acumulador permaneça sempre acima do ponto de

congelamento, considerando a menor temperatura possível de ser atingida no

lugar e condições de instalação.

A concentração da solução de ácido sulfúrico na maioria das baterias de

chumbo-ácido utilizadas em climas temperados é de 1,260 – 1,280 g/cm3 [30].

Eletrólitos mais concentrados atacam os separadores, conectores e outros

componentes. Eletrólitos menos concentrados não são suficientemente

condutores quando a bateria está parcialmente descarregada, especificamente na

parte final da descarga. Em climas tropicais, como no Brasil, é utilizado um


27

eletrólito de menor concentração. Em acumuladores estacionários a concentração

de eletrólito utilizada em climas tropicais varia entre 1,200 e 1,220 g/cm3.

No caso de baterias de baixa autodescarga, densidade a plena carga deve

ser de 1280 g/cm3 a 25ºC. Uma propriedade muito importante do eletrólito é que

durante a descarga, a densidade do mesmo decresce, do valor inicial, em

condição totalmente carregada, até o valor final em condição totalmente

descarregada, numa proporção equivalente à quantidade de Ampères-horas

descarregados. Desta forma o valor da concentração do eletrólito é uma maneira

de testar o estado de carga de uma bateria. As impurezas contidas no eletrólito e

no ácido sulfúrico concentrado têm seus teores máximos determinados e devem

respeitar os valores tabelados a seguir.

Máximo admissível
Impurezas Denomina Para enchimento Em operação, carregado
ção % Mg/L % Mg/L
Ferro Fe 0,0025 30,00 0,0082 00,00
Anidrido sulfuroso SO2 0,0013 16,00 0,0013 16,00
Arsênio As 0,00008 1,00 0,00025 3,00
Antimônio Sb 0,00008 1,00 0,00083 10,00
Manganês Mn 0,000016 0,20 0,000016 0,20
Cobre Cu 0,000041 0,50 Ausente Ausente
Estanho Sn 0,00008 1,00 0,00025 3,00
Bismuto Bi 0,00008 1,00 0,00025 3,00
Cromo Cr 0,000016 0,20 0,000016 0,20
Níquel Ni 0,00008 1,00 0,00008 1,00
Cobalto Co 0,00008 1,00 0,00008 1,00
Platina Pt Ausente Ausente Ausente Ausente
Titânio Ti 0,000016 0,20 0,000016 0,20
Halogenetos totais Cl- 0,0004 5,00 0,0165 200,00
cloretos
Nitrogênio como NH+ 0,004 50,00 0,004 50,00
amônia
Nitrogênio com NO3 0,00008 10,00 0,0008 10,00
nitratos
Resíduo fixo - 0,020 250,00 0,066 800,00
Substâncias KmnO4 0,0025 30,00 0,0025 30,00
orgânicas oxidáveis
Tabela 3 Teor máximo de impurezas permitido no eletrólito com densidade
1210g/cm3 a 25ºC Fonte: NBR14197 [5]
28

Impurezas Denominação Máximo admissível


% mg/L
Ferro Fe 0,005 90,00
Cobre Cu 0,000008 1,50
Halogenetos totais Cl- 0,001 18,40
como cloretos
Nitratos NO3 0,0005 9,00
Resíduo fixo - 0,03 550,00

Tabela 4 Teor máximo de impurezas permitido no ácido sulfúrico concentrado


Fonte: NBR14197 [5]

2.3 CARGA

A carga da bateria é a operação mais importante para manutenção perfeita

da bateria. Quando o acumulador é conectado a uma carga externa, a energia

armazenada nas placas do acumulador é convertida em energia elétrica e elétrons

circulam pelo circuito externo, gerando uma corrente elétrica e descarregando a

bateria. Durante a carga, tem-se o processo inverso, a corrente circula no sentido

contrário e as reações acontecem na direção inversa às de descarga e a energia

elétrica é armazenada nas placas em forma de energia química.

A carga de um acumulador pode ser feita de muitas formas diferentes,

dependendo do tipo de acumulador, regime de funcionamento, etc. Nos momentos

iniciais de carga, os acumuladores chumbo-ácido aceitam valores de correntes de

carga elevados sem problemas. As dificuldades e os problemas começam quando

ao ir sendo carregados, os acumuladores atingem a tensão denominada de

gaseificação, ou seja, a tensão em que começa a decomposição da água do

eletrólito (aproximadamente 2,4 V por elemento). Para obter uma carga efetiva e
29

que não danifique os elementos do acumulador, o carregador deve manter a

tensão sempre próxima, porém inferior, à tensão de gaseificação.

Os métodos de carga mais comuns utilizados são:

2.3.1 CARGA DE EQUALIZAÇÃO (MANUAL/AUTOMÁTICA)

A carga de equalização é a utilizada para corrigir os valores de densidade e

tensão, ajustando-os para os valores nominais específicos. É considerada uma

carga manual pois necessita de acompanhamento do operador para não permitir

que a temperatura da bateria ultrapasse os 45ºC [30]. A carga de equalização

consiste em um prolongamento da última etapa de carga, por um período de 3

horas com acompanhamento e registro dos valores de tensão, densidade e

temperatura.

2.3.2 CARGA A CORRENTE CONSTANTE (MANUAL)

A carga com corrente constante é realizada com acompanhamento de um

operador, pois existe uma elevação de temperatura que pode atingir níveis

superiores ao máximo permitido (45ºC). Assim é necessário que o operador

diminua a corrente, ou até mesmo desligue o carregador, para manter o nível de

temperatura abaixo da máxima.


30

2.3.3 CARGA COM TENSÃO CONSTANTE (AUTOMÁTICA)

A carga com tensão constante é a recomendada por ser mais confiável.

Injeta-se maior corrente no início da carga, quando a bateria está descarregada,

mantendo-se uma corrente mínima no final da carga, diminuindo a gaseificação e

o aumento de temperatura.

Esta carga recebe o nome de tensão e corrente constante pois o carregador

é pré ajustado para valores específicos de tensão final (±2,40Vpe(Volts por

elemento) conforme fabricante) e corrente inicial limitada entre 15% e 20% da

capacidade em regime permanente, sendo que pela diferença de potencial entre a

tensão da bateria (crescente durante a carga) e a tensão ajustada no carregador,

a corrente diminui gradativamente conforme diminui tal diferença, a corrente final

pode chegar a valores entre 1,5% e 2% da nominal.

2.3.4 CARGA EM DOIS ESTÁGIOS

Existe ainda outro tipo de carga associado a este princípio, que é uma carga

dividida em dois estágios. Considere-se o seguinte procedimento para uma bateria

tracionária. No primeiro estágio com corrente de 20% de C8 (Carga em 8 horas) e

tensão limitada em 2,37 Vpe. Quando a tensão da bateria atinge este valor o

carregador comuta automaticamente para o segundo estágio em que a corrente

passa para 4% a 5% de C8, e a tensão crescente até 2,60 Vpe. O tempo total

neste tipo de carga é de aproximadamente 8 horas.


31

O tempo real de carga depende do tempo de descarga que a bateria foi

submetida, ou seja, uma bateria que descarregou apenas 50% da sua capacidade

terá um tempo de carga menor do que uma que tenha ido a uma profundidade de

descarga de 80%.

2.3.5 CARGA COM AGITAÇÃO DE ELETRÓLITO

Nas baterias com sistema por agitação de eletrólito, os carregadores possuem

uma bomba de ar comprimido com vazão determinada conforme a bateria, testada

e aprovada na fábrica, que determina a melhor forma desta recarga.

Com a tecnologia do sistema por agitação de eletrólito, o processo

eletroquímico da recarga é acelerado em 30% pela vazão do ar comprimido que é

recebido do carregador (com isto, a energia elétrica consumida nos carregadores

também é reduzida em 30%). Sendo assim, fica extinto o repouso antes e após a

recarga.

Com essa tecnologia, ocorre também resfriamento automático da bateria, uma

vez que o eletrólito fica circulando em todo o momento da recarga,

homogeneizando-se constantemente com a água.

Com a homogeneização eletrolítica, fica extinta a estratificação do ácido,

ocasionada pela adição de água após a carga, ou seja, as densidades passam a

ser únicas, tanto na parte inferior quanto na superior.

O consumo de água e a desagregação de óxido de chumbo são reduzidos,

uma vez que a temperatura neste processo torna-se menor. Isto faz com que se

aumente consideravelmente a vida útil das baterias.


32

A cada 5ºC superior a 45ºC em que a bateria trabalha (temperatura de

referência na recarga), sua vida útil é reduzida em 50%, ou seja, se a mesma

trabalhar ou recarregar com temperaturas superiores à de referência e as que

constam no manual técnico, o ácido fica mais concentrado, aumentando o

processo de decomposição das placas.

Resumo de vantagens apresentadas pelas baterias com agitação de eletrólito:

a) Não exige repouso inicial para a carga, pois a bomba do carregador envia

ar comprimido para o interior da bateria;

b) Não exige repouso após a recarga, pois tem homogeneização imediata do

eletrólito e temperatura reduzida;

c) Menor consumo de água;

d) Prolonga a vida útil, pois reduz a temperatura da recarga;

e) Maior aproveitamento da capacidade da bateria, pois a homogeneização do

eletrólito é imediata;

f) Maior controle da temperatura, pois a agitação de eletrólito faz com que a

bateria se auto-refrigere.

g) Maior autonomia, pois não existe estratificação do eletrólito.

Como desvantagem este método de carga apresenta o problema de que pode

desagregar o material ativo das placas devido à agitação, principalmente a medida

que o tempo de uso passa, por isso ainda não é um método amplamente

empregado, mas tende ser uma boa opção para minimizar custos, desde que seja

desenvolvido processos de melhoria no método, passando pelo tipo de chumbo

empregado nas placas e grades.


33

Este método é utilizado em baterias tracionárias. Na Europa, esta tecnologia é

utilizada há mais de 10 anos e, aqui no Brasil, já está sendo utilizada há mais de

seis anos pela empresa DAIMLER CHRYSLER e, há um ano, pela empresa

PARANÁ EQUIPAMENTOS [17].

2.3.6 CARGA PROFUNDA

A carga profunda é uma carga em regime de corrente constante sem limitação

da tensão final de carga. Nesta carga é desejada a gaseificação livre no estágio

final da carga para obter boa homogeneização da densidade dentro dos

elementos.

Esta carga deverá ser usada antes e após ensaio de capacidade de descarga

(ver ensaios) e na ativação de baterias que estejam com vida útil comprometida,

como última opção antes da condenação para uso nas condições de

especificação. É também aplicada como carga inicial ao se ativar a bateria

(tracionária) no local, e compõem-se de dois estágios bem distintos, ou seja:

1º estágio

Ajustar no carregador uma corrente de 0,10 a 0,20 C10 A ou seja 10 a 20 A

para cada 100 A/h da capacidade nominal, mantendo esta corrente constante. No

instante em que inicia a gaseificação, isto é, quando se obtem a tensão 2,4 V

vezes o número de elementos nos terminais finais, termina o 1º estágio da carga e

a corrente deverá ser reduzida, passando-se para o 2º estágio [41].


34

2º estágio

Ao ser atingida a tensão de gaseificação de 2,4 Vpe, a corrente de carga

deverá se reduzida para 0,03 a 0,05 C10 A, um valor de 3 a 5 A para cada 100 Ah

de capacidade.

Esta é a faixa recomendada para o estágio final de carga. A partir deste

instante a carga deverá prosseguir até que se obtenham tensões e densidades,

corrigidas para a temperatura de 25ºC, estáveis durante 3 leituras consecutivas,

num período de 2 horas, em todos os elementos e que se tenha recolocado de

110 a 115% dos Ah retirados na descarga anterior [41].

2.3.7 CARGA DE FLUTUAÇÃO

A flutuação é um regime de carga em que a bateria é mantida a plena carga;

neste regime é mantido um nível de tensão que garante uma circulação de

corrente suficiente para compensar as perdas por autodescarga e repor a energia

consumida por pequenos picos, pulsos de demanda do equipamento consumidor.

Antes de se colocar a bateria em flutuação esta deverá estar completamente

carregada. Recomenda-se para tensão de flutuação, um valor dentro faixa de 2,15

a 2,2 Vpe [43]. Não se pode de antemão definir um valor imediato, pois esta

tensão depende do regime de funcionamento do conjunto carregador-bateria-

consumidor. Somente quem opera o equipamento poderá escolher a tensão de

flutuação que, entre outros, depende da freqüência de falta de energia da rede na

localidade.
35

Um valor muito baixo deixará decrescer os valores de densidade do eletrólito,

ocasionando perda da carga e perigo de sulfatação. Um valor muito alto

aumentará o consumo de água e o desgaste das placas dos elementos, reduzindo

sua vida útil.

Para o início da operação, recomenda-se um valor de 2,18Vpe que deverá ser

reajustado se a bateria demonstrar irregularidades de funcionamento, como

decréscimo da densidade do eletrólito ou da tensão individual em um ou mais

elementos.

2.3.8 AUTODESCARGA

A liberação da energia química das placas não acontece única e

exclusivamente através do circuito externo; ela pode ocorrer por autodescarga. O

acumulador carregado possui um estado instável e procura por todos os meios se

descarregar. A forma mais rápida do acumulador se auto descarregar, quando o

circuito externo está aberto, é através da decomposição da água presente no

eletrólito. A velocidade da autodescarga das placas das baterias de chumbo-ácido

é muito rápida, mas pode ser reduzida significativamente controlando-se as

impurezas no eletrólito, mediante o uso de aditivos nas grades e material ativo e

utilizando-se projetos apropriados para a montagem dos acumuladores.

A velocidade da autodescarga depende do sobre-potencial, da temperatura,

da concentração do eletrólito e dos contaminantes que possam existir no eletrólito

ou mesmo nas placas.


36

As reações de autodescarga são:

Placa Positiva PbO2 + H2SO4 → PbSO4 + H2O + ½ O2 (5)

Placa Negativa Pb + H2SO4 → PbSO4 + H2 (6)

A autodescarga da placa negativa é geralmente mais rápida, principalmente

quando é devido a presença de contaminantes. Na figura 10, pode ser vista a

dependência da autodescarga, em função do tipo de grade utilizada nas placas.

Outra forma da autodescarga acontece quando por deficiência na

manutenção há o acúmulo de poeira, umidade, respingos de ácido na superfície

do acumulador. Neste caso o circuito externo é fechado através desses elementos

e a bateria descarrega-se lentamente.

100

Grades Pb-Ca
90

80 Grades baixo Sb
% de carga retida

Grades padrão

70

60

50
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Dias em circuito aberto a 25ºC

Figura 10 Retenção de carga em função do tipo de grade utilizada (25 oC)


Fonte: LACTEC [30]
37

A autodescarga, a uma temperatura média de 25ºC é de aproximadamente

1% ao mês e de 12 a 15% ao ano[43]. No final de vida a autodescarga pode ser

considerada maior de 30 – 50% em relação à nova [43].

2.4 CAPACIDADE DE UM ACUMULADOR

A característica mais importante de um acumulador é sua capacidade, ou

seja, a quantidade de corrente elétrica que pode ser obtida da reação

eletroquímica que nele acontece. Para evitar equívocos, as condições em que

deve ser medida a capacidade de um acumulador são determinadas

universalmente.

A capacidade do acumulador é medida com corrente de descarga,

constante, como o produto desta corrente pelo tempo transcorrido desde o início

da descarga até que o potencial caia até um valor predeterminado é definida em

Ampères-hora (Ah), como na equação abaixo:

C=Ixt (7)

A capacidade depende do valor da própria corrente de descarga, do valor

definido como o potencial de corte e da temperatura em que foi realizada a

descarga. O potencial de corte escolhido geralmente é de 1,75 Vpe

Especificar que um acumulador tem uma capacidade C = 100 Ah não tem

significado útil; é necessário informar em quantas horas foi medida esta

capacidade. Desta forma, por exemplo, dizer que um acumulador tem uma

capacidade, em 20 horas de descarga, de C20 = 100 Ah, significa que pode

fornecer uma corrente de 5 A (obtido de 100 Ah / 20 h) durante 20 horas (5 A


38

vezes 20 horas significam C20= 20A x 5h = 100 Ah), o que pode ser comprovado

experimentalmente. Em geral, os bancos de acumuladores industriais utilizam

capacidades medidas em 10 horas (C10) e em 5 horas (C5), ou ambas, sendo que

a capacidade em 20 horas (C20) é mais utilizada para baterias automotivas [30].

É necessário ressaltar que um acumulador que apresenta uma capacidade

C20 = 100 Ah, experimentalmente, não possui a mesma capacidade em regimes

C10 ou C5. Um acumulador apresenta maiores capacidades na medida que as

correntes de descarga são menores. Desta forma, um acumulador com C20 = 100

Ah, terá uma C10 < 100 Ah e uma C5 << 100Ah. Por isso dizer só que um

acumulador tem 100 Ah não permite saber qual corrente ele pode fornecer nem

por quanto tempo, tornando-se um dado enganoso.

Finalmente, a capacidade depende da temperatura em que é realizada a

descarga. As normas definem uma determinada temperatura para a realização da

medida experimental (25oC), ou no caso da medida ser realizada com outra

temperatura inicial do eletrólito, especifica um fator de correção (identificado com a

letra K) do valor de capacidade obtido. A expressão que deve ser utilizada para

corrigir os valores de capacidade em função da temperatura inicial do eletrólito é:

CT
C 25 = (8)
1 + K (T − 25 )

CT – valor da capacidade medido experimentalmente à temperatura T

K - fator de correção

T - temperatura inicial do eletrólito.

Os valores do fator K utilizados atualmente pela COPEL/LACTEC [30] em

função do fabricante das baterias, estão listados na tabela 5; para uso no cálculo
39

da capacidade percentual da bateria, em função da temperatura inicial do

eletrólito, para regime de descarga de 10 horas. Em caso de não ser especificado

pelo fabricante, o fator utilizado é 0,07.Para baterias de média descarga, da marca

5 por exemplo, a capacidade varia de 100 a 2500 Ah em 10 horas de descarga até

a tensão final de 1,75Vpe a 25ºC .

Para baterias de baixa autodescarga, da marca 5 por exemplo, a

capacidade varia de 340 a 1200 Ah em 500 horas de descarga até a tensão final

de 1,80Vpe.a 25ºC . Para baterias de alta descarga, da marca 5 por exemplo, a

capacidade varia de 560 a 2380Ah em 10h. de descarga até a tensão final de

1,75Vpe a 25ºC.

TemperaturaºC Marca 1 Marca 2 Marca 3 Marca 4 Marca 5


17°C 0,9542 0,907 0,907 0,952 0,908
18°C 0,9597 0,920 0,920 0,958 0,922
19°C 0,9652 0,932 0,932 0,964 0,936
20°C 0,9708 0,945 0,945 0,970 0,950
21°C 0,9766 0,956 0,956 0,976 0,960
22°C 0,9823 0,967 0,967 0,982 0,970
23°C 0,9881 0,978 0,978 0,988 0,980
24°C 0,9940 0,989 0,989 0,994 0,990
25°C 1,0000 1,000 1,000 1,000 1,000
26°C 1,0059 1,004 1,004 1,006 1,004
27°C 1,0118 1,010 1,010 1,012 1,008
28°C 1,0176 1,013 1,013 1,018 1,012
29°C 1,0234 1,017 1,017 1,024 1,016
30°C 1,0291 1,020 1,020 1,030 1,020
31°C 1,0347 1,023 1,023 1,036 1,023
32°C 1,0403 1,026 1,026 1,042 1,026
33°C 1,0458 1,029 1,029 1,048 1,029
34°C 1,0512 1,032 1,032 1,054 1,032
35°C 1,0566 1,035 1,035 1,060 1,035

Tabela 5 Valores do fator K, por fabricante Fonte: LACTEC [30]


40

2.5 TEMPERATURA

A temperatura nominal da bateria é 25ºC, e a máxima temperatura que a

bateria pode atingir é 45ºC [30].

A bateria é um dispositivo eletroquímico, estando seu desempenho

diretamente relacionado à temperatura de operação. A temperatura pode

influenciar tanto no rendimento como na vida útil da bateria. Seu melhor

rendimento é alcançado operando a temperaturas de 15ºC a 35ºC. Durante a

carga, normalmente observa-se um aumento de temperatura, este entretanto,

nunca deve ultrapassar 45ºC para evitar danos irreversíveis à bateria. Para

temperaturas na faixa de 10ºC a 25ºC a tendência é que a vida normal da bateria

seja aumentada.
41

Figura 11 Influência da temperatura na vida projetada, equação de arrhenius


Fonte: Saturnia Hawker [41]
42

3 DESENVOLVIMENTO

Nesta etapa abordamos a parte do trabalho que corresponde ao conteúdo

sobre instalação, ensaios, retificadores, manutenção, reciclagem e levantamento

de dados sobre como é tratado o assunto dentro das empresas que fazem uso em

grande quantidade de acumuladores para fonte de energia emergencial.

O estudo foi baseado nas normas utilizadas pelas companhias pesquisadas

e as referências por essas utilizadas.

Em alguns casos são seguidas fielmente as normas técnicas estabelecidas,

em outros são acrescidas considerações que oriundas da experiência profissional

das equipes de manutenção das companhias citadas acima e dos principais

fabricantes de equipamentos, através de manuais e normas próprias destes.

A crescente preocupação com a preservação dos recursos naturais, a

disposição final das baterias, bem como os riscos inerentes à saúde serviram

como fontes de pesquisa para complementação deste estudo.

3.1 CRITÉRIOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO

A bateria deverá ser montada de acordo com o Manual de Instalação,

Operação e Manutenção do fabricante, devendo ser observados os seguintes

cuidados:

a) As estantes devem ser niveladas, verificar se os parafusos estão apertados e

os perfilados em PVC posicionados corretamente nas longarinas;

b) Verificar se as estantes e os elementos encontram-se limpos;


43

c) Verificar a seqüência dos elementos montados na estante dependendo do

fabricante e cada elemento possui as seguintes identificações:

• no pólo negativo, em cima: o mês,

• no pólo negativo abaixo: o ano de fabricação,

• no pólo positivo encima: o número de série de fabricação,

• no pólo positivo abaixo: o número seqüencial do elemento.

d) A bateria deverá sempre ser instalada, sendo o pólo positivo do elemento de

número seqüencial 01. No comissionamento, se a seqüência de todos os

elementos estiver correta, os elementos deverão receber o número adesivo

correspondente, caso contrário, acertar primeiro a seqüência, para só depois

colar o número adesivo;

e) Verificar as conexões dos elementos. e se foram posicionadas corretamente na

estante, isto é, alternadamente, ora com os pólos positivos para a frente, ora

com os pólos negativos para frente, facilitando assim a conexão em série;

f) Com o auxílio de um torquímetro, verificar se todas as conexões estão com os

valores de torque recomendados pelo fabricante, bem como se os pólos,

barras de interligações estão uniformemente protegidas com graxa anti-

oxidante, de acordo com os critérios recomendados pelo fabricante.

Usualmente a maneira de aplicar a graxa é a seguinte: antes da montagem

isola-se a parte da interligação que deve ser parafusada com fita crepe e então

introduz-se em recipiente com a graxa previamente aquecida, após retira-se o

excesso deixando escorrer. Quando a graxa solidificar está pronto para

montar, ficando bem melhor do que fosse aplicada com pincel após a
44

montagem. Atualmente as interligações vêm protegidas com camadas de

plástico isolante que eliminam a necessidade de aplicação de graxa, que

somente é aplicada sobre a conexão com o pólo, cobrindo o parafuso e a parte

da interligação que ficou exposta.

g) Certificar-se que os dados nominais do carregador estão projetados para

atender a tensão da bateria, e se o terminal positivo do carregador está

conectado ao terminal positivo da bateria e o terminal negativo do carregador

ao terminal negativo da bateria.

3.2 ARMAZENAMENTO

Nos casos de armazenamento de baterias devem ser tomados os seguintes

cuidados: as baterias chumbo-ácidas possuem garantia de acordo com o tipo e a

utilização das mesmas, contra defeitos de fabricação e/ou materiais. Para que a

garantia permaneça em vigor, caso fiquem armazenadas, devem ser recarregadas

a cada três meses e colocadas em serviço no máximo aos seis meses após data

de envio da fábrica.

Não atendendo esses requisitos a bateria terá a sua vida útil encurtada devido

a sulfatação, a qual terá que ser eliminada com sobrecarga, com conseqüente

oxidação das placas positivas, aumentando o risco de corrosão do pólo positivo.


45

3.3 ENSAIOS E TESTES

Os ensaios realizados em bancos de baterias são prescritos pela ABNT nas

NBR´s:

• NBR 14199-Acumulador chumbo-ácido estacionário ventilado – Ensaios.

• NBR 14205- Acumulador chumbo-ácido regulado por válvula – Ensaios.

São eles:

Regula
Ventila
Tipos De Ensaios da a
da
Válvula
1. Inspeção visual X X
2. Inspeção visual interna X
3. Análise físico química do eletrólito X
4. Inspeção dimensional X X
5. Ensaio de estanqueidade X X
6. Capacidade, em ampère-hora nas condições nominais X X
7. Aptidão à flutuação/reserva de eletrólito X X
8. Capacidade, em ampère-hora, para regime diferente do normal X X
9. Queda de tensão nas interligações X X
10. Retenção de carga (autodescarga) X X
11. Durabilidade a ciclos de descarga X X
12. Resistência interna e corrente de curto circuito X
13. Durabilidade a sobrecarga com tensão de flutuação e temperatura elevadas X
14. Análise físico-química dos materiais X X
15. Eficiência de recarga X
16. Identificação dos materiais poliméricos X
17. Revelação de tensões residuais de moldagem dos vasos X
18. Ensaio de inflamabilidade X
19. Perda de capacidade após ensaio mecânico X
20. Ensaio de ciclagem térmica X

Tabela 6 Ensaios determinados pela ABNT-Fonte: NBR 14199 [3] e 14205 [5]

A norma divide os ensaios em: ensaios de tipo e ensaios de rotina, como

descritos a seguir.
46

3.3.1 ENSAIOS DE TIPO

Os ensaios devem ser iniciados no máximo três meses após o fornecimento

dos elementos pelo fabricante e são geralmente aplicados por laboratórios

especializados em fornecer laudo sobre qualidade dos produtos, ou pelo

laboratório do próprio fabricante para seu controle de qualidade e quando é feito o

comissionamento na fábrica . Os ensaios de tipo englobam os ensaios de rotina.

3.3.2 ENSAIOS DE ROTINA

Estes são realizados pela equipe de manutenção, geralmente no local onde se

encontra o banco, pois são ensaios voltados a verificar o estado funcional do

equipamento após a instalação, durante toda vida útil do equipamento.

Normalmente estes ensaios têm a finalidade de manter condições de garantia,

e embora obedeçam a NBR, costumam ter pequenas variações que podem ser

devidas a:

• Manter condições de comparação com ensaios anteriores à vigência da


norma.
• Possibilitar melhor avaliação do equipamento devido a variações
construtivas pelo avanço tecnológico na construção de equipamentos
novos.
• Buscar causas de anomalias observadas durante o funcionamento.
• Exigência do fabricante para cobrir a garantia.
• Experiência do usuário, em acordo com o fabricante em constatar que a
periodicidade dos ensaios pode ser alterada devido à confiabilidade
adquirida durante os anos que a empresa avalia seus equipamentos.
Os ensaios de rotina são os de números 1,4,5 e 6 da tabela 6.
47

Para realização dos ensaios e testes serão necessários os equipamentos

abaixo relacionados:

• Multímetro digital;

• Torquímetro;

• Densímetro;

• Termômetro;

• Caixa de resistores;

• Resistor em Paralelo.

3.3.2.1 ENSAIOS DE CAPACIDADE DE DESCARGA (ECD)

Utilizamos como referência a norma COPEL-LACTEC, que segue a NBR e

agrega a experiência teórica e prática da companhia, avalizada pela sua equipe de

técnicos e pesquisadores com grande conhecimento e varias publicações na área,

além de uma base de dados acumulada de vários anos.

CONDIÇÕES INICIAIS

a) Carga de equalização

Carga aplicada à bateria visando a equalização da tensão e densidade de

todos os elementos na condição de plena carga [2].

Esta deve ser aplicada no mínimo de 3 dias e no máximo de 7 dias antes do

ensaio de capacidade [17].


48

b) Tempo de repouso em circuito aberto

“Após submeter a bateria à carga de equalização, deixá-la em repouso e


em circuito aberto por um período de repouso mínimo de quatro horas e máximo
de 24 horas” [3].

c) Regime de descarga

“Condição de descarga de um acumulador, definido por uma corrente


necessária para que seja atingida a tensão final de descarga, em tempo e
condições especificados[2].
Considerar para realização do ensaio, regime de descarga de cinco

ou dez horas.

d) Corrente de descarga

Corrente fornecida pelo acumulador quando ele está em descarga

[2]. O valor da corrente de descarga, em ampères, deverá ser

numericamente igual ao valor fornecido pelo fabricante.

e) Tensão Final de Descarga de Bateria

Tensão na qual se considera o elemento tecnicamente descarregado

para um determinado regime de descarga [2].

A tensão final de descarga da bateria deverá ser igual a tensão

média final de descarga por elemento (1,75 V) multiplicado pelo número de

elementos.

f) Temperatura Ambiente

No transcorrer dos ensaios, deverá estar compreendida entre 15 e 35ºC.

g) Temperatura do Eletrólito
49

Durante o processo de descarga, deverá estar compreendia entre 15

e 35ºC, e a diferença de temperatura entre os elementos não deve ser

maior que 3ºC.

h) Densidade do Eletrólito

A densidade do eletrólito no instante inicial da descarga deve estar

compreendida entre os valores nominais especificados pelo fabricante,

referida a 25ºC.

i) Ligações dos Elementos

Verificar todas as ligações dos elementos, certificando-se de que

estejam limpas, firmes e livres de oxidação.

Durante a descarga as ligações devem ser monitoradas quanto ao

aquecimento excessivo, através da utilização de um termômetro de contato.

PROCEDIMENTOS

a) Desconectar a bateria do sistema deixando-a em circuito aberto.

b) Antes de iniciar o ensaio e com a bateria em circuito aberto, devem ser

registrados:

• tensão de todos os elementos;

• densidade do eletrólito de todos os elementos;

• temperatura do eletrólito de todos os elementos.

Conectar a bateria à caixa de resistores, ajustando para o valor da corrente de

descarga mantida constante e monitorada durante todo o ensaio.


50

Durante o processo de descarga, inspecionar as ligações entre elementos

quanto ao aquecimento excessivo.

Iniciar a contagem do tempo registrando o instante inicial da descarga.

c) Decorridos quinze minutos, efetuar as leituras e registrar:

• tensão da bateria;

• tensão de todos os elementos.

d) De hora em hora, contados a partir do início de descarga, ler e registrar:

• tensão da bateria;

• tensão de todos os elementos;

• manter monitorada a tensão da bateria até atingir 1,90 x n° de elementos.

e) De trinta em trinta minutos contados a partir do instante em que a tensão da

bateria atingiu 1,90 x n° de elementos, efetuar a leitura e registro de:

• tensão da bateria;

• tensão de todos os elementos;

• manter monitorada a tensão da bateria, até atingir 1,85 x n° de elementos.

f) De quinze em quinze minutos, contados a partir do instante em que a tensão da

bateria atingir 1,85 x n º de elementos até o instante final de descarga, efetuar a

leitura e registro de:

• tensão da bateria;

• tensão de todos os elementos;

• manter monitorada a tensão da bateria até atingir 1,75 x nº de elementos

que define o instante final de descarga.


51

Se algum elemento atingir a tensão de 1,75 V, mas a tensão da bateria não

tiver alcançado o valor final de descarga, prosseguir o ensaio retirando o elemento

defeituoso através de uma pone em curto-circuito com o diodo, efetuado afastado

do elemento, a fim de evitar a formação de faíscas próximas do mesmo. O novo

valor da tensão final de descarga deverá ser determinado em função do número

de elementos restantes. O procedimento deve ser realizado da seguinte forma:

1) Identificar o elemento com tensão igual a 1,75V ou menos

2) colocar o diodo conforme esquema abaixo

3) retirar o elemento descarregado


52

4) instalar a ponte (jumper) no lugar do elemento descarregado

5) retirar o diodo deixando a ponte no local

As conexões devem ser realizadas com cabos compridos o suficiente para

que a distância seja segura, pois no momento da conexão existe a formação de

uma pequena faísca que pode ocasionar acidentes. Os cabos da ponte devem ser

constituídos de duas partes, assim como os que irão receber o diodo. Primeiro é

conectado uma parte em cada pólo, e então é feita a conexão longe dos

elementos.

Este procedimento é adotado até que 10% dos elementos atinjam a tensão

de corte. A partir deste ponto o ensaio deve ser considerado como concluído.

Exemplo: para uma bateria de 60 elementos, retirar no máximo 06.


53

g) No instante final de descarga, efetuar a leitura e registro de:

• tensão de todos os elementos;

• densidade do eletrólito de todos os elementos; e

• temperatura do eletrólito de todos os elementos.

h) Concluído o ensaio, conectar a bateria ao sistema e aplicar carga de

equalização.

O ensaio de capacidade em baterias é realizado após o 1° ano de sua

instalação e na seqüência durante a manutenção quadrienal. Fica a critério da

área responsável pelo recebimento da bateria, a realização do ensaio de

capacidade de descarga, visto que esse ensaio é executado por ocasião da

recepção em fábrica e que a bateria só é liberada da fábrica para envio ao

consumidor, após ter sido aprovada no ensaio elétrico, na análise do eletrólito e na

inspeção das estantes, acessórios e sobressalentes. Recomenda-se, que esse

ensaio seja programado e realizado antes do vencimento da garantia total dada

pelo fabricante, ou seja, antes do prazo constante no certificado de garantia.

3.3.2.2 ENSAIO DE ESTANQUEIDADE

Neste ensaio é injetado ar ou nitrogênio sob pressão no interior do vaso e

verificado, através de um manômetro, se há queda de pressão indicando

vazamento nas junções pólo/tampa ou tampa/vaso.


54

3.3.2.3 ENSAIO DE DURABILIDADE

“Este ensaio visa determinar quantos ciclos de carga e descarga nas

condições de ensaio o acumulador pode suportar” (6). Os procedimentos iniciais

são os mesmos do ECD

“Os elementos devem ser conectados a um dispositivo automático, onde

serão submetidos a uma série de contínua de ciclos de aproximadamente 24

horas” (6).

Após cada série de 50 ciclos, os elementos devem ser submetidos a um

ECD, se a capacidade for acima de 80% proceder nova série de 50 ciclos. O

número mínimo de ciclos é especificado pelo fabricante mas não deve ser inferior

a 200. O ensaio é encerrado quando é atingido o número mínimo de ciclos

especificado pelo fabricante ou quando a capacidade medida for inferior a 80%.

3.3.2.5 ENSAIO DE DURABILIDADE FRENTE A SOBRECARGA COM

TENSÃO DE FLUTUAÇÃO E TEMPERATURA ELEVADA

Como o próprio nome indica, este ensaio mede a reação do acumulador a

situações adversas e como estas podem afetar sua vida útil.

Os elementos devem sofrer o tratamento prévio dedicado ao ECD, após

são colocados em um banho termostatizado que mantenha seu eletrólito na

temperatura de (40 ± 2)ºC. Os elementos ficam em carga durante três meses,

após são desconectados do carregador e espera-se sua temperatura estabilizar e


55

realiza-se o ECD. Maiores detalhes deste ensaio são prescritos na norma. Cabe

destacar que o número mínimo de períodos deve ser especificado pelo fabricante,

mas não deve ser menor que três períodos de três meses.

3.3.2.6 ENSAIO DE APTIDÃO À FLUTUAÇÃO E DE RESERVA DE

ELETRÓLITO

“Este ensaio avalia o comportamento dos acumuladores que operam em

regime de flutuação quanto ao consumo de água, estado de equalização (tensão e

densidade) e capacidade”.(6)

Os elementos devem estar nas condições iniciais prescritas para o ECD. O

banco é mantido em carga de equalização durante três meses. Verificar junto ao

manual do fabricante ou norma os valores e as variações admissíveis de tensão,

corrente e temperatura. No final do trimestre realizar o ECD para verificar se

houve variação.

3.3.2.7 ENSAIO DE RETENÇÃO DE CARGA

“Neste ensaio pretende-se avaliar a autodescarga dos elementos após

determinado período em circuito aberto”.(6)

As condições iniciais são as mesmas do ECD, observando-se neste caso

maior cuidado quanto à limpeza e presença de umidade na superfície dos

elementos, para evitar que qualquer agente externo venha facilitar as reações, que

não seja a sua própria característica de autodescarga. Os elementos são


56

armazenados durante três meses em circuito aberto em local limpo e seco, com

temperatura ambiente controlada. Antes de armazenar os elementos, executar o

ECD para determinar a capacidade nominal (Cin).

Passados os três meses é realizado um novo ECD, do qual se obtém o

valor da capacidade final (Cf ) . O valor de R não deve ser inferior a 82%.

A retenção de carga será calculada pela equação:

Cin (9)
R= • 100%
Cf

3.3.2.8 ENSAIO PARA DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA INTERNA E DA

CORRENTE DE CURTO CIRCUITO

Este ensaio visa determinar a resistência interna e a corrente de curto

circuito para o dimensionamento dos dispositivos de proteção em instalações

elétricas, não tendo caráter reprovatório [6].

A norma especifica como traçar o gráfico para a obtenção da corrente de

curto circuito e sua respectiva equação, assim como deduzir a equação do cálculo

da resistência interna. A exatidão obtida neste ensaio para o cálculo da resistência

interna é de 10%.

Existem muitas tentativas de melhorar este método de análise hoje em dia,

várias teses acadêmicas inclusive, por enquanto não passam de métodos

empíricos com resultados práticos ainda não adotados, devido ao comportamento

não linear do ácido sulfúrico na medida em que o elemento se descarrega. Isto faz

com que a faixa do espectro, do gráfico do comportamento do ácido sulfúrico,


57

abrangido pelo ensaio fique muito restrita, ou seja, o ensaio só é válido para muito

pequenas variações na densidade do eletrólito.

3.3.2.9 QUEDA DE TENSÃO NAS INTERLIGAÇÕES

“Este ensaio visa avaliar o dimensionamento e a queda tensão entre

elementos adjacentes da mesma fila e entre filas da mesma estante”.(6)

3.3.2.10 ANÁLISE QUÍMICA DO ELETRÓLITO

A análise química do eletrólito tem por objetivo a determinação das

substâncias e elementos químicos nele contidos, de modo a verificar as

características especificadas na NBR14197[4]. Nesta norma consta a tabela com

índices permitidos e quais impurezas são admissíveis na composição do eletrólito

e na composição do ácido sulfúrico concentrado.

Todas as medidas da densidade do eletrólito, em todos ensaios para os

quais for indicada, devem se realizadas com densímetros calibrados.

Densímetros utilizados na medição do eletrólito chumbo-cálcio não devem

ser utilizados em elementos do tipo chumbo-antimônio e vice versa.

Se o densímetro não possuir dispositivo de compensação para as leituras

das densidades, estas devem ser corrigidas à temperatura ambiente, pela

equação:

D25 = DT + 0,0007(T-25ºC) (10)

D25 é a densidade com o eletrólito a 25ºC, em gramas por centímetro cúbico.


58

DT é a densidade com o eletrólito a TºC, em gramas por centímetro cúbico.

T é a temperatura do eletrólito.

3.3.2.11 ANÁLISE QUÍMICA DAS LIGAS METÁLICAS

O laboratório deve ser escolhido em comum acordo com o fabricante;

métodos analíticos compatíveis com a exatidão e precisão necessária à

determinação dos elementos químicos nas ligas devem ser estabelecidos

previamente.

A análise química das ligas metálicas tem por objetivo verificar a

composição dos pólos, barras coletoras, grades e buchas, de modo a atender as

especificações contidas na NBR14197 [4] e NBR 6179.

3.3.2.12 ANÁLISE QUÍMICA DOS MATERIAIS PLÁSTICOS.

Este serve para verificar os componentes poliméricos dos materiais

constituintes do vaso, tampas, separadores, envelopes, calços laterais, válvulas e

do selante, de modo a atender as especificações da NBR14197 [4].

Devem ser coletadas amostras de cada um dos elementos citados e

processá-las de acordo com o método mais adequado para a preparação do

ensaio. Os métodos podem ser : solubilização, pirólise ou extração.

Deve ser empregado o método analítico compatível em nível de resolução e

ausente de interferências, por exemplo: espectrofotometria de absorção no

infravermelho, para identificação dos materiais poliméricos.


59

3.3.2.13 DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO ÁCIDO DE MATERIAIS

CONSTITUÍDOS DE BORRACHA E PLÁSTICO

Esta determinação visa avaliar a alteração em massa dos componentes

constituídos de borracha ou plástico. O corpo de prova tem sua massa medida e

após é imerso em uma solução de eletrólito; após um tempo determinado tem sua

massa medida novamente. A alteração percentual de massa é o índice de

avaliação da qualidade do material.

3.3.2.14 REVELAÇÃO DE TENSÕES RESIDUAIS DE MOLDAGEM DO VASO

A maioria dos vasos é moldada em SAN, e podem conter tensões residuais

de moldagem.

Para o ensaio mergulha-se este (e após retira-se enxugando o excesso) em

uma solução que tem a propriedade de revelar fissuras ou microtrincas no vaso.

3.4 MANUTENÇÃO

Os serviços de manutenção executados nos acumuladores de uma bateria

destinam-se a assegurar a permanente disponibilidade desta fonte de energia,

melhor desempenho e o máximo de vida útil. Deverão ser executadas conforme as

normas fixadas no manual de manutenção.


60

3.4.1 MANUTENÇÃO MENSAL

Abaixo temos relacionados os principais itens a serem observados durante a

realização da manutenção mensal:

a) Medida da tensão de flutuação de todos os elementos.

b) Medida da densidade do eletrólito de todos os elementos, utilizando uma

seringa densimétrica ou densímetro digital.

c) Medida do nível do eletrólito de todos os elementos.

d) Medida da temperatura do eletrólito de todos os elementos, tomada por

meio de um termômetro a álcool.

e) Tensão de flutuação da bateria, obtida no voltímetro instalado no retificador

ou nos terminais positivo e negativo dos elementos 01 e 60 da bateria.

f) Corrente de flutuação do retificador, obtida por leitura do amperímetro

instalado no retificador.

g) Tensão do consumidor, obtida por leitura do voltímetro consumidor

instalado no retificador.

h) Corrente do consumidor, obtida por leitura do amperímetro do consumidor

instalado no retificador.

i) Inspeção visual, inspecionando os elementos da bateria e observando:

limpeza externa dos vasos, apertos das barras de interligação, oxidação

dos bornes, pintura dos vasos, aquecimento dos terminais, limpeza e

pintura da estante, desprendimento de gases em flutuação,

desprendimento de gases com retificador desligado, estado geométrico

tricas nos vasos, estado das válvulas, se o conjunto de placas está sem
61

deformações ou afastamentos exagerados entre placas ou se estas estão

bem apoiados nos pontos previstos. Verificar se os separadores não

apresentam quebras, trincas, deformações ou colocação errada. O excesso

de sedimentação e ausência de corpos estranhos e se as bolsas das placas

positivas não estão estufados com indício de vazamento de material ativo

também devem ser observados.

j) Anotar todos os valores e observações necessárias no formulário

adequado.

3.4.2 MANUTENÇÃO ANUAL

Na manutenção anual, deverão ser executados os mesmos serviços

relacionados para a manutenção mensal e observados os mesmos

procedimentos. Também deverão ser executados todos os reparos necessários

que foram observados na inspeção visual.

3.4.3 MANUTENÇÃO QUADRIENAL:

Na manutenção quadrienal, deverão ser executados os mesmos serviços

relacionados para a manutenção anual e observados os mesmos procedimentos.

Além desses, deverá ser realizado o ensaio de capacidade de descarga.


62

3.5 CONDIÇÕES ANORMAIS E DEFEITOS

Em condições normais de funcionamento, constatadas através dos ensaios,

medições, verificações e inspeções, deve-se prontamente investigar a causa

provável e aplicar os procedimentos recomendados para restabelecer a bateria às

condições normais especificadas.

De modo a servir de orientação para essa investigação, verificar o “ANEXO I

– Condições anormais em baterias ácidas – Causas prováveis e procedimentos

recomendados”.

Se por quaisquer circunstâncias os procedimentos recomendados não

forem aplicados em tempo hábil, as condições de uso da bateria tendem a se

agravar a ponto de causar prejuízo ou término da habilidade em desempenhar

suas funções, podendo impossibilitar sua restauração às condições especificadas.

Podemos verificar no “ANEXO II – Principais defeitos em baterias ácidas –

Causas prováveis e procedimentos recomendados”, orientações para identificar as

causas prováveis do defeito e procedimentos recomendados para normalizar a

situação.

3.6 SEGURANÇA – CUIDADOS PESSOAIS

No item de segurança e cuidados pessoais os principais cuidados a serem

tomados quando da manipulação de ácido, bem como uma relação dos

equipamentos de segurança indispensável para a realização das tarefas é listada

a seguir:
63

a) Equipamentos de segurança:

• Luva de borracha de cano longo;

• Avental de PVC ou Trevira;

• Óculos contra respingos de produtos químicos e aerodispensóides;

• Bota de borracha de cano longo.

b) Segurança e cuidados especiais:

• O eletrólito das baterias ácidas é corrosivo (ácido sulfúrico);

• Quando do manuseio do mesmo, deve-se usar luvas de borracha,

óculos de segurança, avental e bota de borracha sendo que a calça

deve estar sobre o cano da bota;

• Quando vazar ou derramar eletrólito no chão, neutralizá-lo com solução

de bicarbonato de sódio, lavando posteriormente, com água. A solução

deverá ser preparada com 100 gramas de bicarbonato de sódio para 1

litro de água;

• Manter a sala bem ventilada;

• Nunca utilizar objetos incandescentes nem secionar dispositivos que

possam formar arcos elétricos, porque os gases produzidos durante a

carga da bateria ácida são explosivos;

• Nunca utilizar densímetros, flutuadores, termômetros ou qualquer outro

instrumento anteriormente usado para manutenção em baterias


64

alcalinas ou ácidas, com placas constituídas de ligas metálicas

diferentes, a fim de evitar contaminação química das baterias;

• Nunca movimentar os elementos pelos seus pólos ou ligações;

• Não ligar ou desligar os terminais da bateria sem antes retirar sua

alimentação;

• Nunca utilizar aditivos de qualquer espécie ou finalidade na bateria;

• Na preparação do eletrólito ácido, nunca despejar água no ácido

sulfúrico - fazer sempre o inverso e lentamente;

• Usar somente utensílios de plástico apropriado na preparação,

transporte ou armazenamento do eletrólito;

• As chaves e ferramentas utilizadas devem ser dotadas de cabos

isolados, nunca devendo ser colocadas sobre a tampa dos elementos;

c) Primeiros socorros

• Caso o ácido respingue na roupa ou no corpo, o respingo deve ser

imediatamente neutralizado com uma solução de bicarbonato de sódio

e, então, lavado com água em abundância. Se o material for ingerido,

não ministrar nada à vítima; transportá-la, imediatamente, para o serviço

médico;

• Caso o ácido espirre nos olhos, borrife-os com grandes quantidades de

água e, logo após, transporte a vítima para o serviço médico;

• Após a inspeção de uma bateria ácida, deve-se lavar bem as mãos. O

eletrólito derramado deve ser neutralizado com bicarbonato de sódio na


65

proporção de 10 (dez) partes de água por 1 (uma) de bicarbonato de

sódio.

3.7 SALA DE RECARGA DE BATERIAS.

Outro fator a ser considerado numa sala de recarga de baterias é a

ventilação, segue abaixo os requisitos de ventilação necessários para uma sala de

recarga em uma hora para baterias reguladas à válvula.

Um elemento chumbo ácido, quando em carga decompõe 0,34g de água

para cada 1A de corrente de carga, produzindo 0,42 litros de gás hidrogênio, Este

volume deve ser diluído com 11 litros de ar para perder sua propriedade explosiva,

devendo-se ainda considerar um fator de segurança de 5 vezes. Assim considera-

se a sala de baterias suficientemente ventilada se existir a troca do seguinte

volume de ar por hora.

Cálculo:

Q = v.q.s.n.I (11)

Sendo :

Q = Volume de ar em litros, a ser trocado por hora.

100%
v = fator de diluição V = = 26 , 3 (relação ar / hidrogênio sujeita a explosão)
3 , 8%

q = 0,42 (volume de hidrogênio em litros produzido por ampére/elemento / hora a

0ºC e 760 mm coluna de mercúrio).

s = fator de segurança, para instalações em terra = 5


66

n = número de elementos da bateria x n° de baterias.

I = Corrente em Ampères, que causa a produção de hidrogênio (esta corrente é a

final do 1° estágio da carga e pode ser considerada como 15 A por 100 Ah de

capacidade nominal C8)

Exemplo :

Considerando-se 10 baterias de 24 volts tipo 11 SP 760 (760 Ah C8) em carga, a

corrente final de recarga será de 114 A.

Teremos então :

v = 26,3

q = 0,42 l

s=5

n = 10 . 12 = 120 elementos

I = 114 A

Q = 26,3 . 0,42 . 5 . 120 . 114 = 755,5 m3

Sabendo a vazão do exaustor é possível saber o tempo de funcionamento

mínimo para que seja possível acessar a sala com garantia de que o ambiente

está com uma concentração aceitável de gás. Neste caso, necessariamente deve

haver a troca de no mínimo 755,5 m3 de ar por hora da sala de baterias.

No desenho abaixo podemos observar características de uma sala de carga

para baterias tracionárias. Os itens necessários são os mesmos para qualquer tipo

de bateria, cabendo destacar que:

a) O interruptor da iluminação deve ser localizado no lado externo, assim como o

interruptor do exaustor, para evitar faíscas no interior da sala.


67

b) A porta deve ser com abertura para o lado externo, para em caso de

emergência ser facilitada a saída com rapidez do local.

c) As luminárias instaladas no local devem ser do tipo anti-explosão, ou seja

blindadas.

d) Os resíduos líquidos da manutenção devem ser captados para futura

neutralização, antes de serem despejados.

e) A ventilação deve ser feita preferencialmente de forma que o ar seja insuflado

para dentro da sala, pois da maneira mais usual, quando aspiramos o ar,

estamos aspirando junto poeira que se deposita sobre os elementos.

f) O motor do exaustor deve ser do tipo que não produza faiscamento durante o

funcionamento para evitar incêndio dos gases localizados no interior da sala.


68

Figura 12 Arranjo típico de uma sala de carga Fonte [33]


69

3.8 RETIFICADORES

Em sistemas de energia, denomina-se unidade retificadora (UR) ou

simplesmente retificador, o equipamento que, recebe tensão CA de entrada e a

transforma em tensão CC na saída, após retificação e filtragem conveniente [45].

Nos sistemas de energia para equipamentos de controle e de

telecomunicações, a saída do retificador é altamente estabilizada em tensão (com

ondulação desprezível) com relação às variações de tensão de entrada e/ou do

consumidor; além disso, apresenta características de limitação de corrente. Estas

possibilidades de atuação como fonte de tensão e corrente constante são

ilustradas na figura abaixo:

Figura 13 Princípio de Funcionamento do Retificador Fonte [42]


70

O princípio utilizado para a estabilização da tensão e corrente de saída,

fundamenta-se no controle do ângulo de condução dos tiristores (SCR’s) da

coluna retificadora.

O controle a SCR’s é o método mais avançado tecnicamente para o

controle de sistemas de energia, apresentando sua utilização inúmeras vantagens,

dentre as quais citamos algumas de maior relevância:

• Elevada eficiência;

• Excelentes características de controle (exatidão, rapidez e estabilidade);

• Maior compacidade nos equipamentos;

• Podem suportar temperaturas elevadas, sem degradação de

características.

Os SCR’s assumem o estado de condução por ocasião de pulsos de tensão

aplicados ao seu eletrodo de disparo no gatilho . Variando-se o ângulo de tensão

de disparo ( θ ) dos referidos pulsos, altera-se o ângulo de condução dos SCR’s, o

que permite, controlar a tensão média retificada.

A tensão de saída do retificador corresponde ao valor médio da tensão

retificada, obtida na saída da coluna retificadora.

A regulação da tensão e corrente de saída é obtida por um sistema de

malha fechada (“closed-loop”), com dupla cadeia de realimentação.


71

3.8.1 CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS

Devem ser atendidos os seguintes valores nominais de tensão de entrada:

• Retificador monofásico (potência nominal de até 5670W, inclusive):

220V ou 127V.

• Retificador trifásico (potência nominal igual ou superior a 2880W): 220V

ou 380V.

O retificador deve operar, em regime contínuo, com variação de até +- 15%

da tensão de entrada, mantendo inalteradas todas as características. Não deve se

danificar quando submetido às seguintes variações:

• Tensão alternada de alimentação até pelo menos 30% abaixo da tensão

nominal;

• Tensão alternada de alimentação até pelo menos 20% acima da tensão

nominal, com até uma hora de duração.

A freqüência deve ser de 60Hz +-5%, em regime contínuo, admitindo uma

variação de até 20% durante 500ms.[15]

Com relação à interferência eletromagnética, o retificador não deve emitir

perturbações que excedam os seguintes limites, medidos conforme

recomendações do documento CISPR-22 ( Limits and Methods of Radio

Disturbance Characteristics of Information Technology Equipament)[26], sob

quaisquer condições de trabalho:

a)Limites para perturbações conduzidas, emitidas nos terminais de

alimentação CA do retificador:
72

Faixa de Freqüência Limites dB(µV)


(MHz) Quasi-Peak Médio
0,15 a 50 79 66
0,5 a 50 73 60

Tabela 7 Limites para Perturbações Conduzidas Fonte: Telebrás [45]

b)Limites para perturbações irradiadas à distância de 10m:

Faixa de Freqüência Limites Quasi-Peak


(MHz) dB(µV/m)

30 a 230 40
230 a 1000 47

Tabela 8 Limites para perturbações radiadas Fonte:Telebrás [45]

No que diz respeito à distorção harmônica total de corrente (thd) – o

retificador não deve provocar na corrente de entrada superior ao especificado na

tabela a seguir, para qualquer condição de saída, considerando uma distorção

máxima na tensão da rede de 2% e impedância de rede máxima de 1% ( corrente

de curto circuito igual a 100 vezes a corrente nominal de entrada do retificador).

Retificador Tipo 4 Retificador Tipo 3 ≥ 576W


(Unidade Retificadora Chaveada em (Unidade Retificadora Chaveada em Alta
Alta Freqüência que utiliza sistema Freqüência que utiliza sistema de
de ventilação natural) ventilação forçada)
15% 15%

Tabela 9 Limite para Distorção Harmômica Fonte: Telebrás [45]


73

Para o Fator de Potência, devem ser atendidos os valores a seguir:

Retificador Tipo 3
Retificador Tipo 4
≥ 576W
≥ 0,92 ≥ 0,97

Tabela 10 Fator de Potência Fonte: Telebrás [45]

As faixas de ajuste garantidas da tensão de saída e a tensão de ajuste de

referência , para os retificadores , devem atender os seguintes valores:

• 24V (positivo ou negativo aterrado);

• 48V (positivo aterrado).

Faixa de Ajustes Ajuste de Referência


(Volts) (Volts)
Tensão Flutuação Carga Flutuação Carga
Nominal Mínima Máxima Mínima Máxima
24V 23,0 28,0 26,0 29,5 26,4 28,8
48V 45,0 56,0 48,0 59,0 52,8 57,6
125V 120,0 130,0 125,0 127,0 132 144

Tabela 11 Faixas de Ajustes de Tensão Fonte: Telebrás [45]

Algumas observações devem ser relatadas, como:

1) Os ajustes de referência são valores padronizados para a realização de

ensaios de características elétricas no equipamento;

2) As faixas de ajustes garantidas estão definidas, considerando variações dos

valores de ajustes ideais das tensões de flutuação e de carga normal


74

recomendadas pelos fabricantes de baterias, em função das condições

ambientais e das características próprias de dos cada bateria;

3) Os valores de ajuste em campo devem ser determinados em função do tipo de

bateria (ácida ventilada ou regulada por válvula) e das tensões de flutuação e

carga recomendadas pelo fabricante de bateria;

4) Todos os ajustem devem ser independentes entre si;

5) Tolerância adicional no ajuste de tensão: para cada condição de ajuste

referida no item anterior, é admitida uma tolerância de +-10% em relação ao

limite superior de ajuste garantido de faixa de tensão, e de 10% em relação ao

limite inferior.

Na regulação de tensão, para variações máximas de rede (+- 15%) e de

carga (5 a 100% do valor nominal), considerando os piores casos, inclusive

temperatura ambiente na sala variando de 0º a 45ºC e umidade de até 95% e

variação de freqüência de +-5%.

Para a regulação dinâmica de tensão (< 150ms), o tempo em que o desvio

da tensão de saída ultrapassa 1% do valor correspondente à situação estática,

para variações bruscas de carga entre 50 e 100% e de 100 a 50% do valor

nominal ou degrau de tensão de entrada é de 5% medido em condições de carga

resistiva sem bateria em paralelo [45].

A resposta dinâmica de tensão de saída (tempo decorrido após a aplicação

de um degrau de corrente na saída, para que a tensão não apresente valores fora

da faixa determinada para a regulação estática de tensão de saída), deve ser

menor ou igual a 25ms. O desvio máximo da tensão de saída, durante o

transitório, deve estar compreendido entre +-8% do valor ajustado para a tensão
75

de saída. O degrau de 50% da corrente nominal, através de carga resistiva, de tal

forma que os valores inicial e final estejam compreendidos entre 10% e 100% da

corrente nominal de saída de uma unidade retificadora, sem bateria em paralelo

com a mesma [45].

A regulação estática da corrente não deve variar mais que 10%,

considerando a tensão de saída variando desde o início da limitação até uma

tensão correspondente, a pelo menos, o final de descarga da bateria (número de

elementos da bateria X 1,75V). Na variação permissível de 10%, não são

admissíveis valores inferiores ao correspondente ao início da limitação, ou

ocorrência de oscilações que possam representar instabilidade no sistema.

A tensão de ondulação ”Ripple” máxima de saída dever ser menor que 2%

do valor eficaz da tensão com a bateria conectada.

O rendimento, considerando tensão de saída na condição de carga, deve

atender os valores abaixo:

Rendimento (%)
Tensão Nominal (Volts)
Corrente de saída < 25A Corrente de saída >=25A
24 80 82
48 85 87
125 85 87

Tabela 12 Rendimento Fonte: Telebrás [45]

Nas dissipações internas máximas, computáveis nos valores de

rendimentos anteriores, estão incluídos os consumos de todos os circuitos e

subsistemas do equipamento, e eventual corrente de “bleeder” para estabilização

a vazio.
76

A limitação de corrente de saída é ajustada para 100% de In (ajustável de

10 a 110% de In). Esses valores, referem-se ao início da limitação, que deve ser

atendido como o valor da corrente de saída, na qual a tensão correspondente

atinge o valor mínimo da faixa específica para a regulação estática. O início da

limitação de corrente deve ser entendido como o valor da corrente de saída no

qual a tensão correspondente atinge o valor mínimo da faixa especificada para

regulação estática de tensão. É imprescindível que o retificador ofereça condições

para execução de todos os testes elétricos, nas condições nominais de corrente

de saída. A Corrente de surto na entrada da unidade (“Inrush”), no instante de

ligamento, deve ser limitada a duas vezes a corrente nominal de entrada. Para o

tipo 3 até 1440W, esta corrente deve ser limitada a cinco vezes, tendo como

parâmetro o valor de duas vezes a corrente nominal de entrada.

No caso da regulação da limitação de corrente, para um valor ajustável, a

corrente nominal não varia em mais do que 10% da nominal, para tensão de

saída, variando desde o início da limitação, até uma tensão correspondente a

Nx0,5V / elemento de bateria alcalina e Nx1,00V / elemento de bataria chumbo-

ácida (com N = número de elementos de Baterias). A imunidade a descargas

eletrostáticas (ESD) deve ter as seguintes características:

Níveis Especificados
Característica de Desempenho
Descarga pelo Ar Descarga por Contato
8kV 6Kv Desempenho normal do equipamento.
Desempenho anormal sem danos, com
15kV 8kV recuperação automática após
desaparecimento da perturbação.

Tabela 13 Imunidade a descargas eletrostáticas Fonte: Telebrás [45]


77

A resistência de isolamento é medida com megôhmetro com a aplicação de

500V entre as saídas negativas e positivas interligadas entre si e a massa.

A rigidez dielétrica é medida aplicando-se uma tensão de 1000V (CA) entre

a saída e a massa, ou de 2000V (CA) entre a entrada e a massa, durante um

minuto, não ocorrendo efeitos anormais [45].

A variação máxima admissível, dos valores ajustados, devida à

temperatura, não deve exceder os valores a seguir, dentro das condições normais

de operação do equipamento (temperatura de 0°C a 45°C e umidade relativa

inferior a 95% sem condensação) em relação aos valores ajustados a 25°C:

a) Ajustes de tensão de saída / sensor de sobretensão intrínseca / outros

sensores de tensão CC: +- 100mV;

b) Ajustes de eventuais sensores ligados à rede CA: coeficiente de variação de

0,05%/°C;

c) Ajustes de limitação de corrente de saída: coeficiente de variação de 0,01%/°C.

As chaves para os comandos manuais no retificador devem assim ser

relacionadas:

• Botão para Teste de Lâmpadas

Uma botoeira permite testar o funcionamento do LED de sinalização

existente geralmente no painel frontal do equipamento;

• Botão de Reposição

Permite repor a memória dos sensores;

• Botão Desliga Alarme Sonoro

Permite desligar a campainha;


78

• Chave de Entrada

Para ligar e desligar a unidade deve-se comutar uma chave;

• Chave Automática / Flutuação / Carga

Possibilita atuar sobre a tensão de saída do retificador, para as seguintes

condições: automático, flutuação e carga;

• Chave Seletora da Tensão de Entrada

Permite se fazer a leitura da tensão entre as fases de CA;

• Chave Seletora da Corrente de Entrada CA

Permite se fazer a leitura da corrente entre as três fases de CA;

• Chave Seletora Voltímetro CC

Permite se fazer a leitura da tensão da bateria ou consumidor;

• Chave Seletora Amperímetro CC

Permite se fazer a leitura da corrente de saída do retificador ou da bateria;

• Chave Inibe Alarme Sonoro

Permite ativar ou desativar a campainha para emitir alarme devido a

ocorrência de algum defeito.

Os comandos automáticos devem atuar no desligamento do retificador, com

memorização, qualquer que seja sua condição de funcionamento, nos seguintes

casos:

a) Avaria em qualquer dos semicondutores da coluna retificadora principal, ou

mesmo um curto-circuito em qualquer trecho desta coluna imediatamente.

b) Interrupção no disparo de qualquer dos tiristores, com retardo da ordem de

0,5 segundo.
79

c) Queima de qualquer dos fusíveis da unidade imediatamente.

d) Falta de CA, com retardo de 0,5 segundo. O desligamento não é

memorizado, sema perda da parametrização, se a falta ocorreu na

alimentação geral ou seja, antes dos terminais de entrada do retificador.

e) Tensão CC alta na saída.

f) Tensão CA anormal na entrada.

g) Sobretensão intrínseca.

Uma atenção especial deve ser tomada para as proteções de um

retificador, devido a sua importância para o sistema e seu elevado custo. Dentre

os equipamentos de proteção necessários, pode-se destacar:

• Disjuntor de proteção na entrada do retificador;

São utilizados, geralmente, disjuntores termomagnéticos para baixas tensões,

tripolares, com tensão máxima de 480Vca ou 600Vca, e corrente nominal de 10A

até 150A, de acordo com a especificação [8].

• Fusíveis para os circuitos em geral;

Utilizados para que nenhum circuito receba alimentação direta, ou seja, sem

passar pelo fusível, de fonte de baixa impedância. O retificador deve dispor de

fusível em cada fase de entrada. Para o caso de retificadores monofásicos com

alimentação em 220V, é desejável que sejam previstas facilidades para a sua

utilização em redes com ou sem neutro, de forma a possibilitar que a proteção

relativa ao condutor de uma das fases possa ser curto-circuitada para receber a

conexão de condutor de neutro.


80

Os fusíveis do tipo NH – fusível ultra-rápidos são utilizados para proteção dos

SCR’s (semicondutores), geralmente denominados: Fusíveis de proteção de

ponte.

Em proteções gerais são utilizados fusíveis de comando, do tipo cartucho, com

efeito retardado.

• Circuitos RC apropriados;

Instalados na linha de saída e/ou entrada do transformador principal, como

proteção aos semicondutores, contra transitórios que possam ocorrer na linha

primária e os originados das comutações dos tiristores;

• Dispositivos eletrônicos;

Para que a corrente de saída suba de forma gradativa até o valor da limitação

(máxima de 3s) sem ocorrência de sobretensão em relação à tensão regulada e

valor de limitação de corrente, quando o retificador estiver, ou for ligado, mesmo

com uma bateria completamente descarregada. Este dispositivo só atua quando

necessário, não afetando, em condições normais, a velocidade de resposta do

retificador em funcionamento;

• Limitação de corrente para proteções eletrônicas contra sobrecarga;

Trata-se de um circuito eletrônico que bloqueia imediatamente o disparo dos

SCR’s da coluna retificadora principal, protegendo assim, contra avarias, todos os

semicondutores desta coluna, nos casos de curto-circuito na saída e na própria

coluna retificadora. Este bloqueio deve ser seguido de imediato desligamento da

unidade, para completar a proteção. A corrente de saída deve subir, no tempo

máximo de 10s, de forma gradativa até o valor da limitação de corrente, sem


81

ocorrência de transitórios em relação aos valores de regulação estática da tensão

e corrente, mesmo quando o equipamento estiver ligado a uma bateria

completamente descarregada.

• Sensor de Tensão CC anormal

Este sensor constitui-se de um circuito integrado e transistores, que

associados, têm a função de detectar incoerências na corrente.

• Sensor de Tensão CA anormal

Igualmente constituído dos componentes acima, deve detectar os seguintes

eventos: falha de uma ou mais fases da alimentação geral de corrente alternada;

sobretensão de entrada CA, com atuação a partir de um valor entre +15% a +20%

da tensão nominal; subtensão de entrada CA, com atuação a partir de um valor

entre –15% a –20% da tensão nominal. Deve também, ter atuação imediata para

operação e retardada em 60+-10 segundos para saída de operação, aplicável à

detecção de qualquer tipo de anormalidade na alimentação CA. A atuação desse

sensor deve implicar o bloqueio dos retificadores e sinalização remota de

alimentação CA anormal.

• Sensor de falta de fase

Na ocorrência de falta de fase, faltam os pulsos correspondentes à fase

ausente, deixando lacunas no trem de pulsos, conseqüentemente a somatória terá

pulsos com nível lógico “0”, acionando o sensor.

• Sensor de fusível interrompido

Os fusíveis de alarme geralmente utilizados são do tipo que fecham um contato

quando da sua interrupção. Por outro lado, quando este tipo de fusível é
82

interrompido, aparece em sua parte frontal, um círculo branco, que permite uma

indicação visual de qual é o fusível queimado.

• Sensor de sobretensão intrínseca

Este sensor é utilizado para, quando houver dois ou mais retificadores,

funcionando em paralelo.

Na condição normal de operação, um diodo específico conduz normalmente,

pois a tensão enviada através de um resistor e pelo seguidor de tensão é maior do

que a tensão de amostragem colhida no cursor, e o operacional saturado

positivamente. As faixas de ajustes garantidas do sensor, para a tensão nominal

de saída, devem ser:

Faixa de Ajuste (Volts)


Tipo do Retificador
Mínima Máxima
24 28,5 29,4
48 57,0 58,8
125 148,4 153,1

Tabela 14 Faixa de ajuste Fonte: Telebrás [45]

• Sensor de Bateria descarregada

Em condições normais de funcionamento, a amostra da tensão de saída

colhida por um cursor, aplicada ao pino do inversor do operacional é superior à

tensão de referência. Deve detectar quando a tensão das baterias atingir o valor

correspondente a 2,05 Vpe de bateria ácida. A histerese entre os níveis de

operação e a saída de operação deve ser de aproximadamente: 2,5V para 125V ,

1,0V para 48V, 0,5V para 24V. Deve comandar o acionamento da sinalização local
83

e remota de bateria em descarga. Para ajuste do sensor de bateria em descarga

dever ser atendidas as seguintes faixas:

• 119,8V a 128,9V para tensão nominal de 125V;

• 46,0V a 49.5V para tensão nominal de 48V;

• 24,6V a 24,8V para tensão nominal de 24V.

O ponto de ajuste do sensor deve ser feito conforme os seguintes valores:

• 128,2V para 60 elementos de bateria;

• 49,2V para 24 elementos de bateria;

• 24,6V para 12 elementos de bateria.

• Sensor de Falha de Disparo

Quando todos os SCR’s estiverem conduzindo, a freqüência é de 180Hz, mas

na ocorrência de falha de disparo de um dos SCR’s, a freqüência cai para 60Hz,

sendo detectada pelo filtro.

• Sensor de fuga à terra

Na ocorrência de fuga à terra, tem-se presente uma resistência entre alguns

terminais específicos.

• Sensor de Recarga Automática

Sempre que a corrente de carga das baterias ultrapassar um determinado

valor, o sensor será ativado, comandando a elevação da tensão de saída dos

retificadores a um nível de 2,4Vpe.. Todavia deve ser previsto retardo

compreendido entre 5min a 30min, que evite o comando desnecessário deste

sensor após curto período de descarga de baterias, quando as mesmas podem se

recuperar somente por flutuação. O sensor é constituído, fundamentalmente, por


84

um amplificador operacional acoplado, em cascata, a dois detetores, com estágio

de saída a transistor. A saída de operação do sensor deve ser feita sempre que o

valor da corrente que flui para as baterias se tornar inferior ao valor da corrente

crítica (Ic). Adicionalmente deve ser previsto um circuito de temporização

prefixado num valor entre 30 a 50 horas, que permita a saída de operação caso a

corrente atinja o valor de Ic. Para o dimensionamento de sensor deve tomar como

base a tabela abaixo:

Faixa Garantida para Ajuste de Ic (A)


Capacidade (A)
Mínima Máxima
20 0,08 4,4
30 0,12 6,6
40 0,16 8,8
50 0,20 11
60 0,24 13,2
100 0,40 22
200 0,80 44
800 3,2 176
1200 4,8 264
2400 9,6 528

Tabela 15 Faixa Garantida para Ajuste de Ic Fonte [45]

Um sistema de sinalização local deve estar enquadrado dentro da filosofia

de operação mostrando que “A não existência de qualquer sinalização de defeito

implica em que todos os integrantes do sistema estão em perfeitas condições de

funcionamento e na situação normal de operação”.(8)


85

3.8.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

No caso de operação normal, o retificador está ligado à carga em paralelo

com os elementos do sistema de baterias.

A tensão fornecida pelo retificador será a tensão de flutuação dos

elementos do sistema de bateria, o qual é da ordem de 2,23V por elemento a 25ºC

para bateria selada ou 2,20V por elemento chumbo-ácido. Desta forma, são

compensadas as perdas internas de uma bateria carregada, mantendo-se em

perfeita disponibilidade para descarga de emergência.

A velocidade de resposta do sistema de regulação dos retificadores

assegura que a carga não absorva correntes das baterias.

Ao mesmo tempo, as baterias ligadas em paralelo, com saída da unidade

retificadora, contribuem efetivamente para a filtragem da corrente fornecida ao

sistema consumidor.

Sempre que ocorrer anormalidade na tensão de alimentação primária de

energia, como por exemplo, falta de CA, o retificador será automaticamente

desligado, ao mesmo tempo em que os elementos do sistema de bateria passarão

a fornecer a corrente solicitada pelo equipamento consumidor, sem interrupção.

Ao mesmo tempo, um sinal é enviado, acendendo o correspondente LED.

Com o retorno da alimentação da rede e, desde que a tensão da mesma

esteja dentro da faixa de valores permitidos, o retificador estará automaticamente

em serviço.
86

Admitindo que a falta de alimentação da rede tenha se verificado por um

tempo suficiente, o sistema de baterias terá perdido grande quantidade de carga

armazenada durante as condições normais de operação.

A carga dos elementos é efetuada de duas maneiras:

• Manualmente, através de uma chave, que permite que a tensão de

saída do retificador seja elevada ao nível correspondente a 2,4V por

elemento chumbo-ácido.

• Automaticamente, segundo a supervisão de recarga automática, sempre

que comandado, ativando sensores internos, que elevarão a tensão de

saída do retificador ao nível correspondente a 2,4V por elemento

chumbo-ácido.

O funcionamento dos retificadores é descrito basicamento como segue

abaixo. Recebe alimentação trifásica nos bornes A alimentação de CA é, em

seguida, interrompida pelo disjuntor de entrada, que permite ligar e desligar o

retificador.

Os capacitores são colocados em paralelo com o primário do transformador

principal e têm a finalidade de amortecer o transitório que ocorre no desligamento

do mesmo, além de contribuir para um aumento do fator de potência na entrada

do sistema.

Os secundários do transformador principal são aplicados à coluna

retificadora que, mediante pulsos aplicados aos gatilhos dos SCR’s da mesma,

executa a retificação da tensão alternada.


87

Em sua saída, a coluna retificadora dispõe de diodo de Roda Livre (Free-

Wheeling), o qual tem a finalidade de fazer circular a corrente armazenada nos

indutores do filtro de saída, quando os SCR’s não estão disparados.

Em paralelo com cada SCR encontra-se um circuito RC, que tem a

finalidade de proteger os tiristores contra transitórios que possam ocorrer na

alimentação de CA.

O filtro de saída do retificador é constituído de indutor e um capacitor, os

quais estão associados em configuração L. O indutor, construído com chapa

siliciosa de indução elevada é compacto e de indutância suficiente para manter em

nível reduzido a corrente de pico nos elementos retificadores, proporcionando a

filtragem necessária para conservar o ruído psofométrico (ondulação) inferior ao

nível máximo admissível na alimentação para equipamentos de telecomunicações.

Um resistor, normalmente designado por “resistor de bleeder”, tem a

finalidade de assegurar a operação da coluna retificadora na região mais linear

que sua curva de transferência. Associado ao pólo positivo da saída do retificador,

encontra-se o resistor sensor de corrente, que fornece uma tensão linearmente

proporcional à corrente de saída da unidade. Esta diminuta queda de tensão

(60mV para o valor nominal do resistor) é elevada por meio de um cabo coaxial,

ao módulo de controle MI1 como uma informação da corrente de saída, além de

alimentar também o amperímetro da unidade. Finalmente, os pólos de saída são

protegidos por fusíveis de capacidade compatível com a corrente nominal do

retificador.
88

3.9 ENTREVISTA COM CONSUMIDORES

Visando levantar características de manutenção e tendências de mercado, foi

realizado uma entrevista com alguns usuários de bancos de baterias

estacionários.

A metodologia utilizada foi aplicar a todos as mesmas perguntas, para alguns

enviamos o questionário via mensagem eletrônica, realizamos as perguntas por

telefone ou fomos ao local para aplicação.. As empresas escolhidas são grandes

usuários deste tipo de equipamento, porém a quantidade destes não é em número

suficiente para que os dados tenham uma abordagem estatística, embora tenha

sido possível captar, na nossa concepção, que as tendências para uma

quantidade maior de consumidores não modificaria significativamente as

características observadas.

Os questionários aplicados encontram-se no apêndice II deste trabalho.

Inicialmente procuramos levantar quais empresas se enquadrariam dentro

da nossa necessidade, escolhemos as empresas de energia elétrica,

telecomunicações e tráfego aéreo. Procuramos identificar, na segunda etapa, os

profissionais que lidam com a manutenção, seu tempo de experiência e formação;

neste caso foi possível verificar que a mão de obra é de boa qualidade, constituída

normalmente de técnicos de nível médio supervisionados por um engenheiro

responsável. Estes profissionais tem ainda cursos fornecidos pelos fabricantes ou

cursos internos da própria empresa, sendo que o nível de conhecimento para

atender as necessidades, aparentemente, não deixou a desejar em nenhum dos

casos.
89

Com relação as marcas dos produtos utilizados observou-se que são

poucos fabricantes que tem penetração neste mercado, devido a exigente

qualidade dos produtos para estas aplicações, portanto as marcas repetem-se.

Outro fato observado é que grandes companhias multinacionais incorporaram

vários fabricantes em uma única empresa, embora as antigas marcas registradas

tenham permanecido no mercado, vária pertencem a um único dono. O fato de

poucos fabricantes repetiu-se para o caso dos retificadores.

Quanto ao tipo de acumulador mais utilizado verificamos que a maioria das

empresas está utilizando as reguladas a válvula, embora não tenha sido possível

observar se estas possuem a maior quantidade de bancos. O fato das empresas

possuírem instalações descentralizadas com equipes de manutenção em vários

pólos dentro do estado ou país, os dados de quantidades totais não serem

centralizados ou não estão de posse da manutenção, não permitiu saber o total de

elementos instalados.

A verificação dos ensaios para avaliação, mostrou que todas empresas

realizam ensaios de rotina para avaliação de capacidade, com algumas variações;

como citado abaixo:

• Conforme prescreve a NBR;

• Normas próprias;

• Normas do fabricante;

• Desligar o retificador e verificar se o banco atende

a carga pelo tempo especificado;

• Medição da impedância;
90

• Normas TELEBRÁS.

Conjuntamente são realizadas inspeção visual e medições de tensão em

todos elementos, sendo que para este caso, como no ECD, não há consenso com

relação à periodicidade, esta pode ser mensal, trimestral, quadrimestral, semestral

ou anual. Todas companhias, pelo menos, fazem a inspeção visual mensalmente.

Verificando o histórico de manutenção com relação a defeitos apresentados

encontramos que os defeitos apresentados são:

• Vazamento de eletrólito nas baterias reguladas a válvula;

• Perda de capacidade nos elementos regulados a válvula

• Migração do eletrólito, por capilaridade, para fora do elemento em elementos

ventilados;

• Crescimento exagerado do pólo positivo (ventilados).

Embora o manuseio deste equipamento implique em riscos de acidentes

graves, não houve nenhum acidente registrado na operação e manutenção.

Diante da aplicação das legislações em vigor para destino final dos

elementos, após o uso todas empresas enviam aos fabricantes que às

forneceram.

Quando as baterias foram adquiridas antes da vigência da lei, são enviadas

a uma empresa de reciclagem para destino final.


91

3.10 O MEIO AMBIENTE

A natureza trabalha em ciclos — nada se perde, tudo se transforma.

Animais, excrementos, folhas e todo tipo de material orgânico morto se

decompõem com a ação de milhões de microrganismos degradadores, como

bactérias, fungos, vermes e outros, dando origem aos nutrientes que vão alimentar

novas espécies de vida. Na natureza não existe lixo. Até o início do século

passado, os seres humanos viviam em harmonia com a natureza. Todo o lixo que

geravam, excrementos de animais e outros materiais orgânicos — se reintegrava

aos ciclos naturais e servia como adubo para a agricultura. Mas, com a

industrialização e a concentração da população nas grandes cidades, o lixo foi se

tornando um problema. A sociedade moderna rompeu os ciclos da natureza: por

um lado, extraí-se mais e mais matérias-primas, por outro, faz-se crescer

montanhas de lixo. E como todo esse rejeito não retorna ao ciclo natural,

transformando-se em novas matérias-primas, torna-se uma perigosa fonte de

doenças e de contaminação para o meio ambiente. Recentemente percebeu-se

que, assim como não se pode deixar o lixo acumular dentro de nossas casas, é

preciso conter a geração de resíduos e dar um tratamento adequado ao lixo no

planeta. Para isso, é preciso brecar o consumo desenfreado, que gera cada vez

mais lixo, e investir em tecnologias que permitam reaproveitar e reciclar os

materiais em desuso. É necessário ainda reformular nossa concepção a respeito

do lixo. Não se pode continuar pensando que o saco de lixo é o fim do problema,

quando é apenas o começo e encarar o lixo como um resto inútil, e sim como algo
92

a ser transformado em nova matéria prima para retornar ao ciclo produtivo de

forma salutar [26].

Em geral, as pessoas consideram lixo tudo aquilo que se joga fora e que

não tem mais serventia. Mas, se olhar com cuidado ver-se-á que o lixo não é uma

massa indiscriminada de materiais. Ele é composto de vários tipos de resíduos

que precisam de manejo diferenciado. Assim, para efeito de coleta e tratamento, o

lixo pode ser classificado de várias maneiras. Com base em sua natureza física, o

lixo pode ser “seco” ou “molhado”. O lixo seco é composto por materiais

recicláveis (papel, vidro, lata e plástico). Alguns, porém, não são reciclados por

falta de mercado, como é o caso de papéis sujos e vidros planos. O lixo molhado

corresponde à parte orgânica dos resíduos, como as sobras de alimentos, cascas

de frutas, restos de poda, etc., que pode ser usada para compostagem. Essa

classificação é muito usada nos programas de coleta seletiva, por ser de fácil

entendimento para a população. Outra forma de classificar o lixo é de acordo com

sua composição química. Nesse caso, é denominado matéria orgânica, ou seja,

procedente de organismos vivos, como plantas e animais, ou matéria inorgânica,

que inclui os minerais, materiais sintéticos e outros. Quando se leva em conta os

riscos potenciais ao meio ambiente, o lixo pode ser classificado como perigoso ou

tóxico; inerte; não inerte; e radioativo. Por fim, existe ainda outra forma de

classificação, baseada na origem do lixo. Nesse caso, o lixo pode ser, por

exemplo, domiciliar ou doméstico, público, de serviços de saúde, industrial,

agrícola, entulho e outros. Essa é a forma de classificação usada nos cálculos de

geração de lixo. Listam-se a seguir as principais características dessas categorias

.[26]
93

a) • lixo domiciliar ou comercial: são os resíduos provenientes das residências

e dos estabelecimentos comerciais. É muito diversificado, mas contém

principalmente restos de alimentos, produtos deteriorados, embalagens em

geral, retalhos, jornais e revistas, papel higiênico, pilhas, fraldas descartáveis,

etc.

b) • lixo público: restos de poda e produtos da limpeza das áreas públicas,

limpeza de praias e galerias pluviais, resíduos das feiras livres e outros;

c) • lixo de serviços de saúde: resíduos provenientes de hospitais, clínicas

médicas ou odontológicas, laboratórios, farmácias, etc. É potencialmente

perigoso, pois podem conter germes patogênicos em agulhas, seringas,

algodões e curativos com sangue, além de materiais cortantes.

d) • lixo industrial: são os resíduos resultantes dos processos industriais. O tipo

de lixo varia de acordo com o ramo de atividade da indústria. Nessa categoria

está a maior parte dos materiais considerados perigosos ou tóxicos;

e) • lixo agrícola: resulta das atividades de agricultura e pecuária. São

constituídos por embalagens de agrotóxicos, rações, adubos, restos de

colheita e dejetos da criação de animais;

f) • entulho: restos da construção civil, reformas e demolição.

No Brasil, a geração de lixo per capita varia de acordo com o porte

populacional do município. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento

Básico (PNSB), elaborada pelo IBGE em 2000 [24], geração per capita de lixo no

Brasil varia entre 450 e 700 gramas por dia nos municípios com população inferior
94

a 200 mil habitantes e entre 700 e 1.200 gramas em municípios com população

superior a 200 mil habitantes [39].

Segundo a pesquisa, 64% dos municípios brasileiros deposita seu lixo de

forma inadequada, em locais sem nenhum controle ambiental ou sanitário [24].

São os conhecidos lixões, terrenos onde se acumulam enormes montanhas de

rejeitos a céu aberto. Além de degradar a paisagem e produzir mau cheiro, os

lixões são verdadeiros focos de contaminação, causando vários tipos de

problemas ambientais e de saúde pública. Expostos à água das chuvas, o material

orgânico, os produtos químicos e metais pesados contidos em pesticidas, pilhas,

baterias, produtos de limpeza e outros presentes no lixo formam um líquido

altamente tóxico, se infiltram na terra, contaminando o solo e as águas

subterrâneas. Esses líquidos, chamados líquidos percolados ou lixiviados:( vide

glossário), podem ter um grau de poluição até 200 vezes superior ao esgoto

doméstico e representam um sério risco para as reservas e água subterrâneas e

superficiais [23]. Ao serem decompostos, os materiais orgânicos (restos de

alimentos, verduras, etc.) produzem gases, principalmente o metano (CH4), um

gás tóxico e inflamável que mata a vegetação. Forma-se também o dióxido de

carbono (CO2), que, junto com o metano e outros gases presentes na atmosfera,

contribui para o aquecimento da Terra. Devido ao mau cheiro, os lixões atraem

moscas, insetos e ratos, que, em contato com os humanos, transmitem várias

doenças [39].

Os resíduos industriais e alguns domésticos, como restos de tintas,

solventes, aerossóis, produtos de limpeza, lâmpadas fluorescentes, medicamentos


95

vencidos, pilhas e outros, contêm significativa quantidade de substâncias químicas

nocivas ao meio ambiente. Estima-se que existam de 70 a 100 mil produtos

químicos sintéticos, utilizados de forma comercial na agricultura, na indústria e nos

produtos domésticos.

Muitos desses produtos contêm metais pesados, como mercúrio, chumbo,

cádmio e níquel, que podem se acumular os tecidos vivos, até atingir níveis

perigosos para a saúde. Os efeitos da exposição prolongada do homem a essas

substâncias ainda não são totalmente conhecidos; no entanto, testes em animais

mostraram que os metais pesados provocam sérias alterações no organismo,

como o aparecimento de câncer, deficiência do sistema nervoso e imunológico,

distúrbios genéticos, como veremos adiante. Quando não são adequadamente

manejados, esses produtos químicos vão, de alguma forma, contaminar o solo, a

água e o ar. Segue abaixo dois exemplos de resíduos perigosos, que devem ser

adequadamente tratados para evitar riscos ao homem e ao meio ambiente [26]:

• Baterias: as baterias de automóveis, industriais, telefones celulares e outras

contêm metais pesados em concentração elevada, por isso o descarte deve ser

feito de acordo com as normas estabelecidas para proteção do meio ambiente e

da saúde. No Brasil, resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(Conama), de 1999, números 257 e 263 [28] determinaram que o descarte e o

gerenciamento ambiental adequado de pilhas e baterias usadas são de

responsabilidade dos fabricantes, dos importadores, da rede autorizada de

assistência técnica e dos comerciantes. Portanto, o descarte as baterias de carro,

que contêm chumbo, e de telefones celulares, que contêm níquel, cádmio e outros
96

metais pesados, deve ser feito somente nos postos de coleta mantidos por

revendedores, assistência técnica, fabricantes, importadores; é deles a

responsabilidade de recolher e encaminhar esses produtos para a reciclagem. O

mesmo vale para qualquer outro tipo de bateria, devendo o usuário criar o hábito

de ler as instruções de descarte nos rótulos ou embalagem dos produtos. A

resolução número 228 [28] determina o controle de movimentos transfroteiriços de

resíduos perigosos seja reduzido ao mínimo compatível com a administração

ambientalmente saudável e eficaz desses resíduos e que seja efetuado de

maneira a proteger a saúde humana e o meio ambiente dos efeitos adversos que

possam resultar desse movimento.

• Pilhas: algumas pilhas de uso doméstico ainda possuem elevadas

concentrações de metais pesados. Já as chamadas pilhas alcalinas são menos

agressivas, e seu descarte não representa problema ambiental. Como o processo

de reciclagem das pilhas é complicado e caro, não é feito na maioria dos países;

por isso, o consumo de pilhas que contêm altas concentrações de metais pesados

deve ser evitado. Ao comprar pilhas, verificar na embalagem as informações sobre

os metais que a compõem e como descartá-las.

3.10.1 O CHUMBO E A SAÚDE

O chumbo se encontra naturalmente na crosta terrestre em concentrações

de aproximadamente 13mg/kg. Acredita-se que sua concentração venha

aumentando significativamente como resultado da atividade humana. A mineração

de chumbo já era conhecida pelos gregos e romanos. Durante a Revolução


97

Industrial e nos princípios do século ocorreu um maior incremento da produção e

utilização deste metal, particularmente com o seu uso como antidetonante de

gasolina e produção de baterias para automóveis [39].

Aproximadamente 80% do chumbo que se encontra na atmosfera provém

da gasolina. A indústria de acumuladores é a fonte principal de chumbo

secundário [13], mas outras fontes devem ser consideradas do ponto de vista

ambiental como: revestimento de metais e outras fontes expostas e corrosão,

tintas, esmaltes, cerâmicas vitrificadas com cozimento a baixas temperaturas,

soldaduras de embalagens de alimentos, solo contaminado por indústrias

emissoras de chumbo, remédios folclóricos (particularmente provenientes de

países orientais), cosméticos, etc.[34] [46]. A OMS (Organização Mundial de

Saúde) recomenda pesquisa constante de outras fontes de exposição ao chumbo

[36].

A exposição humana ao chumbo pode se dar por várias fontes: solo, ar,

água e ingestão sob várias formas [36], como por via digestiva e respiratória

(partículas finas). A absorção pela pele só é referida para o acetato de chumbo

[46]. Esta absorção é diferencial entre crianças e adultos. O chumbo inalado pelo

trato respiratório baixo é completamente absorvido, já pelo trato gastrointestinal

(principal via de absorção), os adultos absorvem 10 a 15% da quantidade ingerida

enquanto as crianças e mulheres gestantes mais de 50%. Esta absorção aumenta

quando há deficiência orgânica de ferro, cálcio e zinco [39].

O chumbo absorvido se distribui no organismo. No sangue, estudos têm

mostrado que sua meia vida é de 25 dias. Em torno de 95% do chumbo absorvido

se deposita nos ossos e dentes e os restantes 5% nos tecidos moles e sangue. Do


98

chumbo no sangue, 1% se encontra no plasma e 99% associado aos eritrócitos. A

vida média do chumbo nos tecidos moles é em torno de 40 dias e nos ossos mais

de 25 anos. Em estados de stress como gravidez, lactação e doenças crônicas

este metal pode ser mobilizado dos ossos e se constituir em fonte de elevação de

seus níveis sangüíneos [34].

Estudos em vários países têm estimado que aproximadamente 4% de todas

as crianças têm níveis elevados de chumbo no sangue. Estimativa de crianças em

áreas metropolitanas dos Estados Unidos chega a números mais elevados. A

partir de dados coletados de 1976 a 1980 estimou-se que 17% das crianças

apresentam níveis de chumbo acima de 15µg/dl; 5,2% acima de 20µg/dl e 1,4%

mais que 25µg/dl [11]. Estes níveis são diferenciais de acordo com o local de

moradia. Na área urbana, 18,6% das crianças apresentam níveis de chumbo no

sangue maiores que 10µg/dl e nas áreas suburbana e rural 2,4% e 5,8%

respectivamente.[46] Nos Estados Unidos os níveis de chumbo no solo em áreas

próximas a grande tráfego de automóveis chegam a 800µg/g, e na poeira das

casas com pintura a base de chumbo, a 10.000µg/g. Exposições elevadas

também ocorrem nas proximidades de minas, fundições de chumbo e fábricas de

acumuladores. São exemplos disto as contaminações do solo em El Paso

(México), onde se alcançaram níveis maiores que 300ppm [13]; Suíça com níveis

na poeira de 14.000µg/g [36]; Caçapava (São Paulo) com níveis no solo de

40kg/km²/30 dias, provocando morte de animais [38].

O consumo do chumbo vem diminuindo de forma mais acentuada nos

países industrializados, basicamente por problemas de contaminação ambiental e


99

por sua toxicidade para o ser humano. Ao lado disto vêm se desenvolvendo

substitutos deste metal por outros produtos menos tóxicos e contaminantes [13].

O chumbo pode causar diversos males à saúde. Interfere na produção da

hemoglobina, causa distúrbios renais, neurológicos e no encéfalo [46]. Seus

efeitos podem evidenciar-se a vários níveis de concentração sangüínea e podem

ser correlacionados com estes níveis. A figura abaixo apresenta uma síntese dos

efeitos do chumbo no organismo, bem como os níveis mínimos de detecção

associados aos respectivos efeitos. Na realidade é nas crianças que os danos

podem ocorrer mais precocemente.


100

Figura 14 Efeitos de chumbo inorgânico em crianças e adultos, menores níveis de


efeitos adversos encontrados Fonte: CVE [39]

O Comitê da FAO/OMS (1994), acerca dos efeitos e limites de exposição ao

chumbo, coloca que a estimativa de queda do Quociente de Inteligência (QI) é de

1 a 3 pontos para cada aumento de 10µg/dl de chumbo no sangue em crianças.

De acordo com a literatura atual, estes efeitos podem ocorrer quer por exposição

ambiental, quer por transferência placentária mãe-feto [32]. Por terem uma

barreira hematoencefálica ainda em desenvolvimento, nas fases precoces da vida

as crianças intoxicadas por chumbo podem apresentar distúrbios do


101

comportamento, da audição e rebaixamento do QI. São relatados também retardo

do crescimento, anemia e perda de peso [46], mesmo com baixos níveis de

concentração sangüínea de chumbo.

Entre 1986 e 1988 vários estudos demonstraram alterações

neurocomportamentais em crianças com níveis de chumbo no sangue

entre10µg/dl a 14µg/dl, mas a definição de um nível tóxico de chumbo continua a

baixar. Já foram descritos efeitos no crescimento a níveis sangüíneos de chumbo

de 4µg/dl. Tomando a ampla gama de efeitos do chumbo no organismo e sua

relação com as concentrações sangüíneas, suspeita-se que ainda não se tem um

limite seguro de sua concentração no sangue em crianças. Mesmo em adultos,

efeitos são descobertos à medida que se refinam os métodos de análise e

mensuração [34].

O método mais seguro para avaliar a contaminação de chumbo em crianças

é a concentração de chumbo no sangue, medida por espectrofotometria de

absorção atômica em forno de grafite por detectar baixas concentrações, com

baixo desvio padrão do método. Várias outras medidas podem ser efetuadas,

tanto para fins de verificação de efeitos, como para avaliar suspeita de exposição

crônica. Para fins de Saúde Pública destaca-se a zincoprotoporfirina (ZPP), que é

indicada para “screening”( vide glossário) populacional, apesar de estudo

realizado pelo National Health and Nutrition Examination Survey ter indicado que

58% de 118 crianças com níveis de chumbo acima de 30µg/dl foram detectadas

como normais pela ZPP [34]. A ZPP é recomendada também para detecção de

exposições crônicas [46]. Outros exames também podem ser realizados para

detecção de exposições anteriores como o Raio X de pulso e joelho.


102

Uma concentração de chumbo no sangue menor que 10µg/dl é

recomendada como aceitável pelo OMS, Center for Disease Control (CDC) e

American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH). A ACGIH

recomenda este limite também para mulheres grávidas (51). A ingestão semanal

de chumbo considerada como aceitável é de 25mg/kg [46].

Nos Estados Unidos a EPA (Environmental Protect Agency) iniciou

programa de redução de chumbo como aditivo na gasolina em 1970, e já em 1992

considera que este não mais se constitui em problema de saúde pública. O uso de

chumbo como pigmento nas tintas foi eliminado em 1970 [34]. Noticiário do CDC

avalia que em conseqüência disto os estudos de “screening” dos níveis de

chumbo em 76% das crianças de 1 a 5 anos caíram de 15µg/dl para 3,6µg/dl entre

1978 e 1991. Em 1991, coordenado pelo CDC, em conjunto com a EPA, agências

de Saúde Pública dos estados e outras instituições, foi lançado um plano

estratégico de 20 anos com a finalidade de identificar crianças expostas ao

chumbo, prevenir a exposição, tratar e remover altos níveis de chumbo no

ambiente. O programa inclui na rotina médica a investigação da intoxicação por

chumbo no diagnóstico diferencial de crianças com alterações do desenvolvimento

neuropsicomotor, “screening” populacional, vigilância laboratorial dos resultados

de exames de chumbo em crianças, em conjunto com dados relativos ao exame

médico dos suspeitos, investigação e controle dos contaminantes ambientais e

ações de polícia sanitária [34]. De acordo com os protocolos estabelecidos para os

clínicos, são previstas comunicações às agências responsáveis pelas ações de

polícia e, estabelecidas condutas médicas como citadas a seguir. Interpretação

dos resultados de teste de chumbo no sangue e atividades de seguimento:


103

classes de crianças baseadas nas concentrações de chumbo no sangue,

conforme tabela 17 abaixo:

Classe Pb g/dl Comentários


I 9 Criança considerada não intoxicada
IIA 10 a 14 A presença de grande proporção de crianças com
estes níveis indica atividades de prevenção; as
crianças devem ser reexaminadas com freqüência
IIB 15 a 19 A criança deve receber intervenção nutricional e
educacional; se persistem estes níveis devem ser
feitas investigações ambientais
III 20 a 44 Deve ser feita investigação ambiental; a criança deve
ser vista por médico para avaliação da necessidade
de tratamento da intoxicação
IV 45 a 69 deve ser feita investigação ambiental; a criança deve
receber tratamento de intoxicação inclusive com
quelação
V > 70 é uma emergência médica. Tratamento e manejo
ambiental devem ser feitos imediatamente

Tabela 16 Concentrações de chumbo em crianças Fonte: CDC [13]

O Tratamento da intoxicação por chumbo deve ser feito em ambiente

hospitalar devido a seus efeitos colaterais [46]; quarenta estados e departamentos

locais americanos participam deste programa.

Na França, adaptando os critérios de internação de resultados de níveis de

chumbo no sangue do CDC, existe um sistema nacional de vigilância do

saturnismo infantil, envolvendo 30 departamentos de saúde [39].

Na medida em que as fontes de emissão do chumbo são controladas, a

contaminação do solo passa a representar um grande risco para a Saúde Pública.

A partir das diversas fontes (gasolina, tintas, indústrias) o chumbo se deposita no

solo e vai alcançando altas concentrações, podendo contaminar a água e a


104

vegetação, além de ser mobilizado pelo vento até as vias respiratórias. Existe uma

grande variação nas concentrações de chumbo encontradas no solo, desde

menores que 100ppm até maiores que 11.000ppm. O chumbo é estável, não se

dissipa nem biodegrada. Sob condições naturais a absorção do chumbo por outros

materiais é muito lenta, e pode se constituir em fonte de exposição por longos

períodos. Em geral, para cada aumento de 1000ppm no solo há um aumento das

concentrações sangüíneas de chumbo de 3 a 7µg/dl [39].

Crianças pré-escolares e fetos são a população mais vulnerável à

exposição ao chumbo. Esta maior vulnerabilidade de dá por uma combinação de

fatores incluindo:

1) o sistema nervoso em desenvolvimento aumentando a suscetibilidade

para os efeitos neurológicos do chumbo;

2) crianças pequenas estão mais em contato com o solo e colocam

freqüentemente as mãos e objetos na boca;

3) a eficiência da absorção do chumbo é maior em crianças que em

adultos;

4) deficiências nutricionais de cálcio e ferro são mais comuns em crianças.

Como pode ser visto na figura 15, existe correlação entre os níveis de

chumbo no solo e no sangue de crianças. Recomenda-se para prevenir

a exposição criar barreiras entre a criança e o solo, ou remover sua

crosta superficial. Medidas como impermeabilização ou uso de plantas

que têm alta absorção de chumbo são atitudes recomendadas.


105

Figura 15 Correlação entre chumbo no sangue e solo Fonte: CDC [34]

Apesar da complexidade do estudo da exposição ao chumbo e seus efeitos

para a saúde, Kjellström [36] propõe uma abordagem simplificada e aplicável para

países em desenvolvimento. São abordados os seguintes passos:

a) Identificar uma subpopulação que deva estar exposta a altos níveis de chumbo

adotando um grupo de referência adequado.

b) Tomar amostras de sangue de ambos os grupos (crianças de 1 a 2 anos e de

suas mães). Recomenda uma amostra pequena (N=25 por grupo)

c) Encaminhar a um laboratório de referência para análise do chumbo.


106

d) Avaliar os resultados e decidir se são necessários estudos posteriores ou a

tomada de medidas preventivas.

e) Se estudos posteriores são necessários, seguir protocolos estabelecidos.

Recomenda-se que os testes psicológicos e comportamentais só sejam

realizados se existem recursos suficientes para o grande número das análises

necessárias e onde existam estes dados padronizados para crianças.

No Brasil, apesar de não se contar com um programa oficial de prevenção

da exposição ambiental ao chumbo, várias medidas já foram tomadas para

proteger a população.

Desde 1978 o chumbo não é mais utilizado como antidetonante da

gasolina. Níveis aceitáveis de chumbo são regulamentados para alimentos e água

[28]. Quanto a concentrações aceitáveis em humanos, só existe regulamentação

para a exposição ocupacional.

Dentre os setores não regulamentados encontramos uma tendência na

indústria de maior porte nacional de seguir os parâmetros estabelecidos nos

países mais industrializados. Segundo informações obtidas através da Associação

de Fabricantes de Tintas, há uma tendência iniciada na década de 1990 de

substituição do chumbo como pigmento. No momento as tintas de uso doméstico

produzidas no Brasil são isentas de chumbo. Com efeito, o manual de tintas e

vernizes não recomenda o uso de chumbo nas tintas. Entretanto, o chumbo ainda

é utilizado como anticorrosivo de outros metais (Zarcão) em portões de ferro,

geladeiras, carros, fogões, bicicletas, etc. Após o uso do Zarcão se faz a cobertura

com tintas contendo outra composição. A ausência desta cobertura representa


107

risco de exposição. Ainda de acordo com a Associação de Fabricantes de Tintas,

alguns esmaltes contêm chumbo na sua composição [16].

Estudo realizado pelo Instituto Adolfo Lutz, em artigos escolares, onde se

analisaram borrachas, lápis preto, canetas hidrográficas, tintas para colorir, etc.,

encontrou chumbo nestes produtos. O estudo recomenda a necessidade de

regulamentação da produção dos mesmos [39].

Os produtores de enlatados também substituíram o chumbo da soldagem

das embalagens de alimentos. Não foram encontradas análises de alimentos

enlatados. Quanto a alimentos in natura, concluiu-se que estes se encontravam

com concentrações de chumbo seguras para o consumo humano.

A partir de 1986, para a instalação de indústrias poluidoras faz-se

necessário o Relatório de Impacto Ambiental, bem como das medidas mitigadoras

deste impacto.[39] Este relatório é analisado e julgada a pertinência das medidas,

só então é aprovado. As indústrias instaladas antes desta regulamentação não

são obrigadas a seguir estes protocolos, exceto se comprovado algum dano

ambiental, quando então podem ser submetidas a Ação Judicial por crime ao meio

ambiente, podendo ser condenadas a corrigir ou ressarcir o dano causado.

Constitui-se problema não só as empresas fundadas antes de 1986, como

também o processamento ilegal do chumbo. De acordo com informações do

Centro de Vigilância Sanitária (CVS) da Secretaria de Estado da Saúde de São

Paulo (SES), existem várias pequenas empresas e fundições domiciliares de

chumbo, sem observação dos devidos cuidados de contaminação, pondo em risco

não só a saúde dos trabalhadores como a dos residentes no domicílio.


108

São raros os estudos brasileiros de exposição ambiental ao chumbo. Em

Santo Amaro (Bahia), medindo concentrações de chumbo através do método da

ZPP, encontraram-se níveis médios de 65,5µg/dl em crianças residentes no raio

de 500m de uma empresa fundidora. Estes níveis se mantêm desde 1980 devido

à ausência de medidas mitigadoras da contaminação do solo. Em Cubatão (São

Paulo), foi encontrou níveis médios de chumbo no sangue em crianças de 1 a 10

anos de 17,8µg/dl em estudo realizado em 6 bairros do município. No Município de

Caçapava (São Paulo), um levantamento preliminar apontou altos níveis de

contaminação em crianças, tendo algumas delas apresentado concentrações de

40µg/dl de chumbo no sangue [38]. Estas crianças residiam próximo a uma

indústria de fundição de chumbo. A empresa se localizava em área rural com

predomínio de criação de gado leiteiro. Num estudo realizado em 218 amostras de

leite comercializado para consumo humano, foram encontrados 43 com níveis de

chumbo acima do limite máximo estabelecido pela legislação brasileira [39].

No Brasil não há prática clínica consolidada de análise de chumbo no

sangue, ou propostas de “screening” mesmo em crianças com alterações no

desenvolvimento neuropsicomotor. Quanto à tentativa de estabelecimento de um

parâmetro de não expostos em crianças, foi encontrado um estudo isolado que

compara as concentrações de chumbo no sangue entre crianças residentes em

cidade do interior de São Paulo e Contagem na Bahia. As médias encontradas

foram 20,8 e 23,9µg/dl respectivamente. Estudo realizado na região metropolitana

de Londrina (área residencial) em adultos, encontrou mediana de concentração de

chumbo no sangue de 7,9µg/dl [29].


109

Os trabalhadores em fundições de chumbo e fábricas de reciclagem de

baterias são, normalmente, os que apresentam as exposições mais altas e

prolongadas a esse elemento. As fundições de chumbo são igualmente bem

conhecidas por criar problemas de poluição nas áreas onde estão instaladas.

Estas podem contaminar seriamente o ar, água, solo e vegetação nas suas

vizinhanças, ameaçando seriamente a saúde e a subsistência das comunidades

locais onde operam.

As principais atividades de risco na contaminação por chumbo são as de

soldadores, galvanizadores, limadores, ferramenteiros, pintores industrial e de

automóveis, ceramistas, chapistas, reparadores de radiadores, montadores e

recondicionadores de baterias.

No ambiente de trabalho, o chumbo se apresenta como um

aerodispersóide. A norma regulamentadora da Portaria 3214/78 do Ministério do

Trabalho permite uma exposição máxima de 0,1 mg/m³ de ar, por 48 horas

semanais. Mas, infelizmente, sabe-se que nas fábricas e reformadoras de baterias

é comum o índice de tolerância ser ultrapassado em até 50 vezes, tornando sério

o risco de o trabalhador ser acometido pelo saturnismo - intoxicação aguda ou

crônica do organismo pelo chumbo metálico ou seus compostos inorgânicos [39].

A absorção ocupacional do chumbo ocorre principalmente por via

respiratória e é tão grande e rápida que cerca de 50% das partículas inaladas

chegam à corrente sangüínea. Entrando na circulação periférica, o metal irá se

acumular no fígado, baço, rins, coração, pulmões, cérebro, músculos e sistema

esquelético, sendo que suas principais ações deletérias manifestam-se sobre os


110

sistemas hematopoéticos( vide glossário ), nervoso, renal, gastrointestinal e

reprodutor. Sobre o diagnóstico da doença observam-se:

a) no sistema nervoso, a presença da cefaléia:( vide glossário), cansaço fácil,

alterações de comportamento como nervosismo, hostilidade, agressividade.

Em casos graves, delírios e convulsões;

b) no sistema digestivo, anorexias, cólicas, dores gástricas, vômitos e

constipação;

c) no sistema locomotor, dores musculares e paralisias. Mas lamentavelmente os

médicos ainda relutam em identificar esses sintomas com o saturnismo.

Diante da complexidade e multiplicidade dos efeitos e fontes de exposição

ambiental ao chumbo, as atividades preventivas devem abordar as várias formas

que envolvem o problema, conjugar esforços das várias instituições envolvidas na

questão ambiental bem como ser viável economicamente.

A exposição aos metais pesados, além do chumbo pode provocar várias

reações adversas à saúde. A tabela 17 descreve onde esses metais são

encontrados, bem como alguns efeitos da contaminação.

Metal Pesado Onde é Encontrado Efeito


Produtos Farmacêuticos Distúrbios Renais
Lâmpadas Fluorescentes Lesões Neurológicas
Interruptores Efeitos Mutagênicos
Mercúrio Pilhas e Baterias Alterações Do Metabolismo
Tintas,Amaciantes Deficiência Nos Órgãos Irritabilidade,
Fungicidas, Termômetros Insônia, Morte, Danos Renais
Cegueira, Surdez
Dores Reumáticas
Baterias E Pilhas
Distúrbios Metabólicos,
Cádmio Plásticos, Pigmentos
Levando À Osteoporose
Papéis
Disfunção Renal
Tintas Perda De Memória
Impermeabilizantes Dor De Cabeça
Chumbo
Cerâmica,Vidro Anemia
Inseticidas,baterias Paralisia
Tabela 17 Efeitos dos metais pesados à saude Fonte: CVE [39]
111

De acordo com o que foi exposto anteriormente, supõe-se que o problema

mais crucial com relação ao chumbo é a contaminação do solo, particularmente

nas proximidades de indústrias de produção e recuperação deste metal e das

fábricas de baterias. Estabelecer esta questão como prioridade não exclui a

necessidade de outras atividades de monitorização da contaminação do chumbo

em produtos que podem ser consumidos ou inalados pelas pessoas e propostas

que visem um diagnóstico mais realista da situação de exposição e contaminação

em humanos.

Dentre as medidas de controle sanitário, podemos destacar:

• Esclarecer a população acerca dos riscos e fontes de exposição ao chumbo,

particularmente no que se refere aos já identificados como: usar apenas o

Zarcão na pintura dos portões, guardar alimentos em cerâmica vitrificada,

pinturas antigas na residência, consumo de alimentos enlatados de marcas

não idôneas, etc.;

• Estabelecer rotinas de monitorização laboratorial periódica para produtos de

consumo (alimentos) ou contato humano (tintas, gasolina), através do

Laboratório de Saúde Pública, para garantir níveis aceitáveis de contaminação

do chumbo nestes produtos, com a divulgação dos resultados ou sua

interdição se for o caso;

• Regulamentar aspectos ainda não contemplados pela legislação brasileira

dando ao consumidor oportunidades de ações judiciais de ressarcimento em

caso de dano à saúde, ou contaminação acima dos limites estabelecidos. A

regulamentação também pode permitir outras atividades de controle sanitário;


112

• Estimular estudos para o estabelecimento do nosso limite aceitável de

concentração de chumbo no sangue.

3.10.1.1 USP DESENVOLVE BATERIA ECOLOGICAMENTE CORRETA

Um grupo de pesquisadores da USP de Ribeirão Preto está, desde abril de

2000, desenvolvendo baterias recarregáveis de íons de lítio, que causam menor

impacto ambiental e alcançam maior tensão do que as baterias convencionais,

com custo de produção relativamente baixo. "A grande vantagem é que essa

bateria pode ser produzida com diversos materiais. Usando diferentes eletrodos

(condutores de elétrons e íons), produzem baterias com tensões, potências e

toxicidades diferentes", explica Maurício Rosolen, professor responsável pelo

grupo de pesquisa no Departamento de Química da Faculdade de Filosofia,

Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto (FFCLRP). "Basta usar materiais

menos tóxicos para produzir baterias mais ‘verdes’ e com melhor performance

energética, enquanto as baterias convencionais, que só podem ser fabricadas

usando os mesmos materiais, obtêm sempre os mesmos resultados e dão menos

alternativas de melhorias aos fabricantes".

As baterias atualmente mais comercializadas no país têm constituintes

tóxicos e cancerígenos, que prejudicam o meio ambiente quando vazam ou são

abertas (por corrosão, por exemplo). Essa nova classe de baterias de íons de lítio

pode ser produzida com materiais menos prejudiciais ao meio ambiente, como o

óxido de manganês, grafite ou pirita mineral devidamente modificados, que podem

ser produzidos em grandes quantidades no Brasil. "O importante é que, em caso


113

de vazamento, não estaremos introduzindo no solo produtos químicos tóxicos que

contaminem lençóis freáticos", ressalta Rosolen.

As baterias de íons de lítio alcançam maior voltagem (até 5V) porque

utilizam eletrólitos (solventes) não-aquosos. As demais baterias utilizam eletrólitos

aquosos, e a água se decompõe em oxigênio e hidrogênio quando superam 2

Volts. "Onde você usa três pilhas de níquel /cádmio ou níquel/hidreto de níquel,

você usaria uma pilha de íons de lítio", afirma Rosolen, lembrando que elas podem

ser usadas em qualquer tipo de equipamento. A pilha recarregável de íons de lítio

armazena energia através da intercalação destes íons no interior do eletrodo (a

quantidade de íons que entra deve ser a mesma que sai), mantendo a composição

química do eletrólito, enquanto, nas demais baterias, o eletrólito tem sua

composição química e propriedades físicas alteradas.

Segundo o professor, as baterias recarregáveis de íons de lítio têm sido

cada vez mais vendidas, já que "funcionam bem, são compactas, leves e têm

grande durabilidade", atendendo à demanda dos avanços dos equipamentos

eletrônicos. "No caso dos celulares, continuam melhorando a performance a cada

ano, enquanto as outras estão se estabilizando", observa. As baterias de lítio

também têm uma vida útil maior, já que descarregam pouco (cerca de 10% em

vários meses), agüentam mais de 800 recargas (uma bateria de níquel/cádmio

agüenta cerca de 500, e uma alcalina tradicional recarregável 30), e não é preciso

descarregá-la completamente para recarregar, como é recomendado aos usuários

de baterias de níquel e cádmio.

Apesar de serem produzidas no Japão, Europa e Estados Unidos, ainda há

alguns problemas para a produção efetiva de baterias de íons de lítio no País. "É
114

preciso importar uma série de componentes usados na bateria, além de o pessoal

técnico que realmente sabe fazer as baterias já estar contratado no exterior",

argumenta Rosolen. "Para produzir baterias de alta tecnologia no Brasil é preciso

dar incentivos para a produção de seus componentes e, principalmente, ter

pessoas formadas nessa área saindo das universidades".

O grupo de Ribeirão Preto desenvolve, há quatro anos, novos materiais

para serem usados na bateria, como óxidos de baixa toxicidade e novos carbonos.

"Os resultados são promissores, o que significa que é uma questão de tempo para

logo encontrarmos baterias de íons de lítio com impacto ambiental muito baixo",

conclui [18].

3.10.1.2 FORMAS DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE BATERIAS

CHUMBO-ÁCIDAS

A maior parcela do chumbo atualmente consumido no mundo destina-se à

fabricação de acumuladores elétricos para diferentes fins. Quando essas baterias

chegam ao final de sua vida útil devem ser coletadas e enviadas para unidades de

recuperação e reciclagem. Esta providência garante que seus componentes

perigosos (metais e ácido) fiquem afastados de aterros e de incineradores de lixo

urbano e que o material recuperado possa ser utilizado na produção de novos

bens de consumo. Todos os constituintes de uma bateria chumbo-ácido

apresentam potencial para reciclagem. Uma bateria que tenha sido

impropriamente disposta, ou seja, não reciclada, representa uma importante perda


115

de recursos econômicos, ambientais e energéticos e a imposição de um risco

desnecessário ao meio ambiente e seus ocupantes [11].

Nos países desenvolvidos a reciclagem está próxima de 95 % enquanto no

Brasil a reciclagem fica em torno de 80 %, sendo que nas grandes áreas urbanas

chegam a 85 % e em áreas mais remotas, pouco é recuperado [12].

Um estudo realizado nos Estados Unidos, conforme figura 16, no período

de 1997 a 2001, mostrou que a bateria de chumbo-ácido foi o produto com maior

percentual de reciclagem, chegando a 97% de toda a produção, em relação a

outros materiais recicláveis.

Figura 16 Estimativa Percentual de Reciclagem de Materiais Descartáveis. 1997-


2001 Fonte: Battery Council [12]

O processo de reciclagem de bateria é dividido em trituração da sucata de

bateria com separação do plástico; reciclagem propriamente dita deste plástico e

recuperação de grelhas de chumbo ligado. O chumbo segue o processo de:

separação, fundição, refino, lingotamento até a fabricação de novas baterias. O

plástico é recuperado e reutilizado na produção de caixas e tampa de novas


116

baterias. A solução ácida é estocada e neutralizada (mistura de cal para iniciar

processo de destilação), filtrada para recuperação dos óxidos e a solução retorna

para reutilização.

Não há um substituto economicamente interessante para o chumbo, das

baterias automotivas chumbo-ácido. Estima-se que das 5,5 milhões de toneladas

do metal produzidas anualmente no mundo, cerca de 50 % são devido à produção

secundária, ou seja, devido à reciclagem propriamente dita. As baterias

automotivas de chumbo ácido representam 70 % do emprego mundial do metal

chumbo, com uma vida útil de 20 a 60 meses. A reciclagem formalizada das

baterias de chumbo ácido e a alternativa que se mostra mais adequada para

compatibilizar interesse de economia e proteção ao meio ambiente [12].

O Brasil não é produtor de Chumbo primário, dependendo 100 % de

importações para suprir sua demanda. Com a Convenção de Basiléia, as baterias

chumbo-ácido foram classificadas como resíduo perigoso e tiveram seu comércio

internacional afetado, causando um impacto significativo na economia ligada a

este metal, uma vez que o preço do metal primário é superior ao preço da sucata.

Este fato, associado com a promulgação de legislação específica, favoreceu a

crescente demanda de reciclagem deste material no país. Todos os

estabelecimentos que comercializam baterias automotivas, são obrigados a

aceitar a devolução de baterias usadas de qualquer marca [28] e preservar a

solução ácida (não jogando em esgotos, nem adicionando água). Cuidando desta

forma, para que o manuseio seja efetivado de forma adequada, evitando o

tombamento das baterias em qualquer situação de armazenamento ou transporte

para que não haja vazamento da solução ácida.


117

No senso prático, a reciclagem de um metal deve considerar:

A quantidade e a pureza do material recuperado, - Os mercados para o

reciclado;

O valor unitário do metal;

Os custos de coleta, entrepostagem e transporte;

A quantidade, a periculosidade e os custos de tratamento e disposição dos

resíduos do reprocessamento;

Custo final da operação como um todo.

Os fatores que mais influenciam na disponibilidade de materiais (metais) para

reciclagem são:

A quantidade que foi colocada no mercado, no período de tempo passado

equivalente a uma vida útil média desse material;

A disponibilidade local de produtos descartados contendo metais em formas e

quantidades interessantes;

O projeto do produto em termos de facilidade de reciclagem ( produtos

projetados para serem reciclados );

A extensão , o grau de capilaridade , a eficiência do sistema de coleta,

entrepostos e a distribuição de produtos pós-consumo.

A armazenagem de baterias usadas de chumbo-ácido deverá ser feita em local

coberto, com piso apropriado (concreto), com muretas ou canaletas ou recipiente

tal que se possa ser usado como contenção. Em caso de vazamento, devem ser

mantidas separadas de baterias novas e de outros produtos. O transporte de

bateria chumbo ácido deve estar de acordo com o Decreto Lei nº 96044 de 18 de

maio de 1988, que trata do transporte rodoviário de produtos perigosos, legislação


118

e normas técnicas complementares como segue: os veículos deverão ter afixados

painéis de segurança (placas), contendo número de identificação do risco do

produto e número produto: 88/2794, e rótulos de risco (placa de corrosivo,

conforme NBR 8500), com motorista credenciado e carga lonada ou caminhão

baú. O veículo deverá ter “Kit” de emergência e EPI. O motorista deve manter

envelope com ficha de emergência com instruções para acidentes, incêndio,

ingestão, inalação, telefone de contato, etc. [28].

3.11 CASO DA BATERIAS MOURA

3.11.1 ACUSAÇÃO

O texto foi feito tendo como base o caso do Grupo Moura, extraído da

página eletrônica do Greenpeace no Brasil [7],fabricante de baterias com sede em

Pernambuco, cujas atividades poluentes bem conhecidas têm sido sustentadas

nos últimos anos pela importação ilegal de baterias usadas dos Estados Unidos,

para reciclagem.

Embora proibidas desde maio de 1994, as importações de baterias usadas

para o Brasil nunca cessaram. De acordo com o Departamento de Comércio dos

Estados Unidos, de janeiro a abril de 1997 foram exportados US$ 842.000 de

“Waste and Scrap of Primary Cells, Primary Batteries and Electric Storage

Batteries for the Recovery of Lead”. De acordo com a mesma fonte, durante os

primeiros cinco meses de 1996, 72 toneladas de baterias usadas foram

exportadas dos EUA para o Brasil.


119

Analisando os manifestos de carregamento dos navios no porto de Miami

nos primeiros cinco meses de 1997, o Greenpeace averiguou que 108 contêineres

(com quase 3 mil toneladas de carga) rotulados como baterias com ácido (battery

wet filled with acid UN2794) foram enviadas para os portos de Suape e Recife, em

Pernambuco. O código UN2794 é o código de envio de materiais perigosos aceito

internacionalmente pelas Nações Unidas para “baterias úmidas com ácido”. Todos

os containeres foram enviados pela International Trade Partners, de Medley,

Flórida.

A International Trade Partners está registrada como empresa de venda de

sucata de metais e baterias, com cinco empregados. Investigações posteriores

revelaram que as operações dessa pequena empresa praticamente se restringem

à exportação de baterias usadas para o Brasil.

Na outra ponta desse comércio, no Brasil, o Greenpeace descobriu, ao

consultar as estatísticas de comércio exterior (Secretaria de Comércio Exterior -

SECEX/ DECEX), que de janeiro a junho de 1997, o Grupo Moura importou dos

EUA 5 mil toneladas de sucata de chumbo de baterias, no valor de U$ 774.267,00.

Essas importações foram registradas sob o código 85.48.10.10, sucata e resíduos

de chumbo de baterias. Uma nota de rodapé no documento diz: “importação

proibida (Resolução Conama 23/96)”, o que não parece ter sido suficiente para

que as autoridades interrompessem a importação ilegal.

A importação de baterias de chumbo usadas, classificadas como resíduos

perigosos pela legislação nacional e internacional, está proibida pela legislação

brasileira desde maio de 1994. Uma cláusula de exceção permitia, contudo, a


120

importação de resíduos perigosos, desde que se provasse haver “absoluta

imprescindibilidade” de um determinado tipo de resíduo.

Foi atendendo à solicitação de empresas processadoras de chumbo e

baterias elétricas que, em 11 de outubro de 1996, o Ministro do Meio Ambiente,

Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, Gustavo Krause, assinou a Resolução nº

8, autorizando nove empresas brasileiras a importar baterias usadas para o

reaproveitamento do chumbo ad referendum do Conselho Nacional de Meio

Ambiente.

A Resolução nº 8 teve vida curta devido à enérgica reação das entidades

ambientalistas, do Conama, de deputados federais e da imprensa. Uma semana

após assinada e duramente questionada durante a 24a. reunião do Conama, no

dia 24 de outubro, a Resolução nº 8 foi suspensa pelo Ministro e, a 6 de

dezembro, definitivamente revogada.

Entre as nove empresas que a resolução autorizava a importar baterias de

chumbo usadas, se encontrava o Grupo Moura, de Pernambuco. O relatório

destaca o caso do Grupo Moura por duas razões:

1) A Aspan e o Greenpeace já vinham investigando essa empresa em virtude das

continuadas denúncias que recebiam, tendo coletado amostras de solo,

sedimentos e efluentes líquidos em setembro de 1996, as quais comprovavam que

a empresa estava efetivamente poluindo não apenas a área da própria empresa

mas também seu entorno.

2) Existem provas contundentes de que o Grupo Moura continuou importando

ilegalmente baterias usadas ao longo dos dois últimos anos, em desrespeito


121

flagrante à legislação nacional e internacional. As importações da Moura vieram

dos EUA, país que não faz parte da Convenção da Basiléia. De acordo com o

artigo nº 4, ítens 3 e 5 dessa Convenção, da qual o Brasil é signatário, comerciar

resíduos perigosos com país não membro da Convenção constitui crime.

Essas importações ilegais foram denunciadas, pela primeira vez, em

outubro de 1996, pelas entidades ambientalistas Greenpeace e Associação

Pernambucana para a Defesa da Natureza (Aspan). Nessa época, o Greenpeace

e a Aspan haviam coletado amostras de água, solo e sedimento de duas fábricas

da Moura, no agreste pernambucano. Os resultados das análises, feitas em

laboratórios do Brasil e da Inglaterra, demonstraram que a Moura estava

contaminando o meio ambiente em seu entorno.

As entidades ambientalistas denunciaram esse comércio ilegal ao Conama,

ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) e à

Procuradoria Geral de Justiça do Estado de Pernambuco, através do Ministério

Público Federal em São Paulo, já em outubro e novembro de 1996. De lá para cá,

como mostram nossas investigações, a Moura continuou importando baterias de

chumbo usadas dos EUA.

O Grupo Moura, fundado há mais de 40 anos, tem cinco empresas

trabalhando com baterias automotivas. Três delas se localizam no município de

Belo Jardim, em Pernambuco: Acumuladores Moura, Metalúrgica Bitury e Cia

Moura Indústria de Separadores.

O Sindicato de Metalúrgicos de Pernambuco vem acompanhando desde

1991 as atividades do Grupo Moura, em virtude dos inúmeros problemas

relacionados com a saúde de seus trabalhadores. A pedido do Sindicato de


122

Metalúrgicos, o ITEP - Fundação Instituto de Tecnologia de Pernambuco -

realizou, em agosto daquele ano, exames laboratoriais em 51 trabalhadores da

Moura Baterias, Acumuladores Moura e Elba Eletrometalúrgica Brasil Ltda, as

duas primeiras pertencentes ao Grupo Moura. Os resultados foram assustadores:

cerca de 63% dos trabalhadores examinados apresentavam níveis de

contaminação com chumbo acima de 60 microgramas de chumbo para cada 100

mililitros de sangue, ou seja, mais da metade apresentou índice de contaminação

acima do máximo permitido por lei.

Também a Delegacia Regional de Trabalho em Pernambuco, Divisão de

Segurança e Medicina do Trabalho chegou a uma conclusão semelhante em seu

laudo pericial do processo nº. 24 330-014419/91, de novembro de 1991:

“Existe insalubridade em grau máximo para os setores de fundição, moldagem das


grades e misturador de óxido de chumbo. Existe insalubridade em grau médio para os
setores de empastamento das placas e formação de baterias. O mesmo laudo constatou
que, no setor de fundição de lingotes de chumbo, os empregados não utilizavam luvas,
aventais, botas e proteção respiratória: no de moldagem das grades, não utilizavam luvas,
calçados e faziam refeições sobre a bancada; por fim, no de empastamento, os
empregados não utilizavam luvas e aventais”.
Em novembro de 1992, a pedido do grupo Moura, a Fundacentro-PE

produziu um “Relatório Técnico quanto à Exposição Ocupacional de Chumbo nas

Dependências das Empresas Acumuladores Moura S/A e Metalúrgica Bitury”. Nele

lê-se às páginas 15 e 16 as seguintes conclusões:

“Analisando-se os dados no levantamento quantitativo, verificou-se que, com


exceção da fase inicial do empastamento e da operação de soldagem na Linha 4, na
Acumuladores Moura e Moinho de Caixas na Reciclagem de Caixas, todos os demais
setores, tanto da Acumuladores Moura como da Metalúrgica Bitury apresentaram
concentrações de chumbo no ar superior ao limite de tolerância estabelecido pela
legislação trabalhista brasileira” e que 16 pontos analisados, do total de 25, apresentaram
123

“concentrações de chumbo superiores ao valor máximo”, caracterizando “uma situação de


grave e iminente risco para a saúde dos que não estão protegidos”.
Em 27 de agosto de 1995, “O Jornal do Commercio” informava:

“Na semana passada, o Grupo Moura demitiu 86 operários que trabalhavam na


fábrica de baterias localizada em Suape, no Cabo. De acordo com o Sindicato dos
Metalúrgicos, 30% desses trabalhadores estariam contaminados por chumbo, com índices
acima de 60 miligramas por decilitro de sangue, limite de tolerância do organismo, e que
caracteriza o saturnismo”.

Até agosto de 1996, contudo, o quadro de insalubridade dos trabalhadores

da Moura não havia se modificado significativamente. O Sindicato dos

Metalúrgicos de Pernambuco solicitou ao Centro Toxicológico do Nordeste Ltda.

(Toxine) que realizasse exames de sangue em 11 trabalhadores, que se

encontravam afastados das empresas Moura há cerca de seis meses. Desse total,

apenas dois trabalhadores apresentavam valores aceitáveis, isto é, abaixo de 40

µg/100 ml de sangue.

Os fatos acima relatados e a prática de demitir seus funcionários com alto

índice de contaminação por sais de chumbo, fez com que o Grupo Moura Baterias

fosse o vencedor do concurso “Degradador do Ano”, promovido pela Aspan. A

Moura encabeçou a lista das dez empresas que mais contribuíram com danos

ambientais. Ela foi a responsável direta, segundo pesquisas da Aspan, pelo

comprometimento da bacia do Rio Ipojuca através dos seus afluentes e pelo

lançamento de resíduos ácidos e excesso de sais de chumbo no meio ambiente,

provocando sérios problemas respiratórios na população e a contaminação dos

seus trabalhadores.
124

Entre 1995 e 1996, o Instituto Tecnológico de Pernambuco (ITEP) realizou

um estudo sobre a qualidade da água do Rio Ipojuca. Em seu relatório intitulado

“Diagnóstico da Qualidade da Água do Rio Ipojuca”, na página 5, pode-se ler que

os efluentes da Moura Baterias Industriais apresentam resíduo ácido contendo

sais de chumbo, e por isso há perigo de contaminação da população residente e

comprometimento da fauna e flora da região. Quase metade da área do município

de Belo Jardim, onde estão três empresas do grupo Moura, pertence à bacia

hidrográfica do Rio Ipojuca.

Em setembro de 1996, em virtude das denúncias que continuavam

recebendo, o Greenpeace e a Aspan realizaram um levantamento preliminar do

grau de contaminação por chumbo na área de influência do Grupo Moura Baterias.

As fábricas analisadas foram a Acumuladores Moura e a Metalúrgica Bitury,

ambas localizadas em Belo Jardim.

Ali foram coletadas duas amostras distintas por ponto de amostragem,

sendo cada série de amostras enviadas para análise em dois laboratórios: a

ambiental Laboratório e Equipamentos Ltda. em São Paulo e o Exeter Laboratory,

na Inglaterra (ICP-AES). Os resultados das análises podem ser vistos na tabela

20.
125

Acumuladores Moura – Novas Baterias


Saída de efluentes líquidos da fábrica para a comunidade
Ambiental Exeter
Amostra 1 A 4,9 mg/l 3,94 mg/l
(água)
Amostra 2 A 56872,0 mg/kg 25368,90 mg/kg
(sedimento)
Amostra 1 B 1,1 mg/l 1,74 mg/l
(água)
Amostra 2 B 686,0 mg/kg 2607,90 mg/kg
(sedimento)

Metalúrgica Burity – Reciclagem


Depósito de caixas usadas
Ambiental Exeter
Amostra 1 C 12854,0 25943,9
(solo) mg/kg mg/kg
Depósito de escórias
Ambiental Exeter
Amostra 1 D 29755,0 20085,0
(solo) mg/kg mg/kg
Amostra 2 D 69924,0 26386,1
(escórias) mg/kg mg/kg

Tabela 18 Análise da Agua e do Solo Fonte: CEMPRE [26]

Como se pode verificar na acima, os dados das análises de água e

sedimento, adjacentes à fábrica Acumuladores Moura, indicam a presença de

níveis altíssimos de chumbo na região amostrada. O nível máximo de chumbo

permitido em efluentes líquidos industriais tratados, antes de serem lançados nos

corpos hídricos receptores, é de 0,05 mg/l [28].

Os teores de chumbo nas amostras coletadas na Metalúrgica Bitury

variaram de 20.085 a 122.854 mg/kg. De acordo com a classificação do Reino

Unido, solos contendo níveis de chumbo acima de 2.000 mg/kg são considerados

altamente contaminados. Assim, os resultados preliminares indicam uma

contaminação de dez a 60 vezes acima do padrão permitido por aquela legislação.


126

A Agência de Proteção Ambiental dos EUA recomenda a remoção permanente do

solo contaminado quando este atinge níveis superiores a 5.000 mg/kg. A

legislação brasileira, porém, não estabelece parâmetros máximos aceitáveis para

contaminação do solo com chumbo.

Em 1994, os países membros da Convenção da Basiléia sobre Movimentos

Transfronteiriços de Resíduos Perigosos decidiram, por consenso, proibir

imediatamente todas as exportações de resíduos perigosos destinados à

disposição final, provenientes dos países da Organização para Cooperação

Econômica e Desenvolvimento (OCDE), para países não pertencentes a essa

organização. Essa proibição também incluía o compromisso de suprimir o envio de

resíduos perigosos destinados à reciclagem, oriundos dos países mais ricos para

os demais, a partir de janeiro de 1998. Essa proibição, que passou a ser chamada

de Proibição da Basiléia foi incorporada ao texto da Convenção na forma de uma

emenda, durante a III Conferência (Genebra, 1995). O Brasil foi um dos países

que aprovou a Proibição da Basiléia e depois sua transformação em emenda.

Essa proibição é legalmente obrigatória para todos os integrantes da Convenção,

atualmente, mais de cem países.

A aprovação da Proibição da Basiléia só foi possível graças aos esforços

concentrados dos países em desenvolvimento, que formam o G-77. A medida foi

saudada mundialmente como uma grande vitória da justiça ambiental.

Efetivamente, durante muito tempo, os interesses comerciais inescrupulosos das

nações ricas, aproveitando-se da legislação ambiental menos rígida dos países

em desenvolvimento, puderam externalizar os custos com a minimização de seus

resíduos perigosos e evitar a busca de tecnologias limpas. A Proibição da Basiléia


127

foi a resposta dos países em desenvolvimento a essa tendência perversa do

mercado internacional, de transformá-los em depositários do lixo dos países

industriais.

O fato de a Proibição da Basiléia incluir a proibição da exportação de

resíduos perigosos também para reciclagem é de enorme importância, pois é com

esse pretexto que 90% das exportações de resíduos perigosos para o Terceiro

Mundo continuam ocorrendo. Através de inúmeras investigações, o Greenpeace

vem mostrando que a reciclagem de resíduos perigosos, apesar da conotação

"verde" do nome reciclagem, constitui uma das operações industriais mais sujas

de que se pode ter. Por isso, não causa nenhuma surpresa o fato de que essas

empresas de reciclagem se concentrem cada vez mais em países onde a força de

trabalho é barata e onde a legislação e a fiscalização ambiental são deficientes.

Assim, se por um lado a Proibição da Basiléia impede que os países

desenvolvidos possam continuar externalizando seus custos ambientais, ela

também protege os países em desenvolvimento carentes de padrões ambientais

rígidos, de se tornarem especializados em reciclagem de resíduos perigosos,

rumo que comprometeria qualquer projeto de desenvolvimento sustentável.

Os principais fatores atuantes no comércio de baterias usadas são típicos a

todo o comércio de resíduos perigosos. Nos países desenvolvidos, enquanto

crescem os custos regulatórios concernentes à saúde ocupacional e ao meio

ambiente para as indústrias recicladoras de baterias, os preços para o chumbo

reciclado continuam baixos.

Em muitos desses países não está mais valendo a pena operar fundições

secundárias de chumbo. Os comerciantes de baterias usadas encontram preços


128

mais convidativos em países onde os salários e os custos ambientais são mais

baixos.

Nos países desenvolvidos, em geral, existe a coleta de baterias usadas.

Países como a Suécia, a Alemanha e a Itália utilizam um sistema de imposto,

ajustável ao preço do chumbo. Quando o preço do chumbo está muito baixo para

tornar rentável a reciclagem adiciona-se uma taxa ao preço da bateria nova,

destinada a financiar a coleta e reciclagem das baterias usadas.

Nos EUA, por exemplo, vários Estados exigem que os revendedores

aceitem a devolução de baterias usadas quando da compra de novas. Em muitos

deles também vigora o sistema de um depósito em caixa na compra de novas

baterias, o qual retorna ao consumidor quando este devolve sua bateria usada.

Esses sistemas contrastam claramente com a situação de muitos países em

desenvolvimento, onde as baterias são coletadas de forma irregular e o

reaproveitamento do chumbo é realizado em condições as mais precárias para os

trabalhadores e o meio ambiente.

Ambas circunstâncias tornam a importação de baterias usadas para

recuperação de chumbo um bom negócio do ponto de vista econômico, pois os

seus custos ambientais não são incorporados aos custos produtivos.

A verdade é que nos últimos anos, a reciclagem de chumbo tem

atravessado uma crise nos países altamente industrializados, devido à

incorporação dos seus altos custos ambientais. Assim, a fundição secundária de

chumbo já está abandonando massivamente os EUA. Segundo o "Journal of

Metals",
129

"…os custos de instalação de equipamentos de controle de emissões e seguros


contra contaminação forçaram o fechamento de mais da metade dos fundidores
secundários de chumbo na América do Norte".

Cresceu a pressão no Brasil para que se proibisse totalmente esse tipo de

comércio. Os diversos casos de comércio ilegal de resíduos perigosos,

denunciados por organizações ambientalistas, indicavam claramente que as

autoridades brasileiras não conseguiam fiscalizar seus portos devidamente e,

portanto, eram incapazes de fazer cumprir a legislação brasileira concernente às

importações de resíduos.

Na verdade, esse não era apenas um problema brasileiro. As principais

vítimas do comércio internacional de resíduos perigosos, os países em

desenvolvimento, em geral não dispõem de recursos para fiscalizar devidamente

suas costas e alfândegas. A solução para isso, na opinião de muitos especialistas

na área, seria uma proibição internacional - que colocasse o ônus dessa

fiscalização nos grandes exportadores de resíduos perigosos, ou seja, nos países

ricos.

No Brasil, várias entidades ambientalistas e sindicais, especialmente as de

portuários, enviaram, então, cartas ao Ministério do Meio Ambiente solicitando

que, além de proibir taxativamente qualquer importação de resíduos perigosos

para o país, o Brasil apoiasse a proposta de proibição de exportação de resíduos

perigosos para os países em desenvolvimento, durante a próxima reunião da

Convenção da Basiléia, que se realizaria em março de 1994.

Embora a nova resolução fosse muito mais restritiva que a anterior, ela

ainda deixava em aberto a possibilidade de se importar resíduos perigosos. Como


130

era de se esperar, o Grupo Moura e o Instituto de Chumbo e Zinco imediatamente

solicitaram autorização, que estava sendo objeto de exame nos órgãos técnicos

do Conama na data da publicação do presente relatório. Dificilmente, contudo, tais

importações poderão se realizar, pois desde 31 de dezembro de 1997, ficau

proibido a qualquer país não pertencente à Organização para Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE), importar resíduos perigosos de países

OCDE.

3.11.2 A DEFESA

O texto foi realizado tendo como base a referência [44]. O Grupo Moura

realizou melhoramentos na área ambiental/ocupacional e alguns

desenvolvimentos tecnológicos associados. Investimentos realizados nos últimos

anos tanto na área ambiental como em tecnologia permitiram que a empresa

obtivesse resultados expressivos em ambos os aspectos, tais como a liderança de

mercado e descontaminação de seus funcionários.

O efeito da produção de baterias sobre o ambiente pode ser dividido em

dois aspectos: ocupacional, devido à contaminação do ambiente interior à fábrica

e ambiental, devido à emissão de efluentes para as regiões externas à fábrica.

A primeira delas está sujeita a regulamentação por órgãos ligados a

questões trabalhistas, tais como as delegacias regionais de trabalho e em última

instância o Ministério do Trabalho. A segunda é regulamentada por órgãos de

preservação do meio ambiente, tais como CPRH em nível estadual e CONAMA

em nível federal.
131

O risco de exposição a compostos de chumbo no interior das fábricas de

baterias existe em praticamente todos os setores diretamente ligados à produção.

Com isto, em praticamente todos os setores o uso de equipamento de proteção

individual é obrigatório. Além disto, por questões da legislação trabalhista um

acompanhamento do nível de chumbo na circulação sangüínea é realizado

periodicamente em todos os funcionários da fábrica. Para um melhor

entendimento destes riscos, observa-se a figura abaixo:

Figura 17 Fluxograma de Produção Fonte: [7]

O chumbo metálico em lingotes praticamente não apresenta risco de

contaminação. Em sua primeira etapa, a produção de óxido de chumbo, surgem

aspectos em que a relação tecnologia/meio ambiente é evidenciada. O processo

de produção de óxido de chumbo a partir de chumbo metálico e oxigênio é

exotérmico e em princípio, não deveria consumir energia. Existem basicamente

dois processos para a realização desta oxidação. No processo Barton, chumbo

fundido é agitado na presença de ar. Em moinhos de atrito, pedaços de chumbo


132

são atritados em um tambor, na presença de ar. As características físico-químicas

dos óxidos obtidos pelos dois processos são distintas, cada uma apresentando

suas vantagens e desvantagens. Os europeus utilizam mais freqüentemente o

óxido de atrito, enquanto que os americanos empregam o óxido de Barton. A

Moura emprega ambos os processos, com prioridade ao óxido de Barton. Como o

chumbo precisa ser fundido neste processo, existe um custo adicional de energia

e a emissão de vapores de chumbo que necessitam ser contidos em coifas. O

isolamento térmico do cadinho em que o chumbo é fundido é fundamental para

uma eficiência energética do processo. Os dois processos resultam em um pó que

necessita ser corretamente armazenado. Este pó possui uma fração apreciável de

chumbo não oxidado, e portanto é um material sujeito a posterior oxidação no

ambiente.

Até tempos recentes a Moura armazenava o óxido em tambores de 300 kg.

Do ponto de vista tecnológico isto requeria um transporte constante desde o

local de produção até o local de uso posterior, variação indesejável e

descontrolada nas propriedades do óxido de tambor para tambor e ocupação

desnecessária de espaço.

Do ponto de vista ambiental, o transporte desse material aumentava o risco

de exposição a chumbo. O óxido de chumbo é um pó e portanto pode ocorrer na

atmosfera na forma de partículas suspensas e de poeira espalhada pelo piso. O

uso de silos de armazenagem é comum em diversas fábricas no mundo inteiro

existindo diversos sistemas disponíveis no mercado. Apesar disto, a Moura

desenvolveu seu próprio projeto de ensilagem. O óxido produzido por diversos

reatores é automaticamente transportado em esteiras fechadas e misturados em


133

diversos silos de maior capacidade. Com isto ganhou-se espaço físico,

estabilizaram-se as propriedades físico-químicas do óxido utilizado e diminui-se o

risco de exposição a chumbo no setor. Os ganhos de qualidade com a

estabilização das propriedades desse importante insumo são imensos. Das

características físico-químicas do óxido depende toda a seqüência de processos

seguintes, que irão determinar em última instância, o desempenho do produto

final: a bateria. A etapa seguinte é o processamento deste óxido. Na masseira, o

óxido de chumbo é transformado em uma massa que será aplicada sobre as

grades de chumbo. O óxido armazenado nos silos é pesado automaticamente e

transferido para a masseira sem contato com o operário. Isto torna o processo

mais confiável e minimiza os riscos de contaminação.

A massa é manuseada por operadores de empastadeira e neste setor além

de máscara é obrigatório o uso de luvas. As placas obtidas nesse processo são

acondicionadas pelos operários em cavaletes que são transportados por

empilhadeiras para estufas de cura e secagem. Em todo este setor, nos postos de

trabalho existem coifas exaustoras para aspiração contínua de pó para minimizar

a exposição do operário a compostos de chumbo. Este pó é filtrado e o ar emitido

é isento de chumbo. Como o transporte de placas leva inevitavelmente à

dispersão de pó no piso da fábrica, a mesma é varrida e aspirada continuamente.

A lavagem do piso também é um procedimento freqüente.

A produção de grades de chumbo é feita por fundição e à gravidade. Ou

seja, o chumbo fundido escorre para os moldes que são resfriados. Aqui

novamente, a emissão de vapores é uma fonte de contaminação, minimizada pelo

resfriamento ambiente dos mesmos. A próxima etapa, o processamento das


134

placas, é realizada com exaustão para aspiração dos pós liberados. Existem ainda

alguns pontos em que vapores de chumbo são emitidos (fabricação de conexões e

levantamento de bornes), mais uma vez controlados com exaustão e resfriamento.

Todo o pó, massa, lama produzido no interior da fábrica têm

essencialmente dois destinos: filtros e tanques. Os filtros são limpos

periodicamente e os tanques são decantados. Todo o material sólido assim obtido

é encaminhado à metalúrgica para reciclagem. Este sistema de contenção e

aspiração exigiu investimentos da ordem de US$ 500.000,00, e consome cerca de

US$ 100.000,00 na sua manutenção. Como resultado, a fábrica tem mantido com

freqüência o índice de 100% dos trabalhadores com teor de chumbo na circulação

sangüínea dentro dos níveis estipulados pela legislação.

O segundo rejeito mais importante da fábrica é o ácido sulfúrico. Ele é

empregado na produção de massa, na formação das baterias e no acabamento.

Todo o ácido é recolhido e neutralizado antes de ser descartado como

efluente. Para a produção de baterias seladas o controle de impurezas dos

componentes é bastante rígido; apesar disto, a empresa conseguiu adotar um

sistema de reaproveitamento de soluções de ácido sulfúrico que anteriormente era

perdido como rejeito através de um monitoramento constante dos níveis de

contaminação nos estoques de ácido, sem alteração das tolerâncias nas

especificações de impureza. Este procedimento minimiza custos e permite que

menos efluentes sejam produzidos. Como já foi dito, a fábrica possui um sistema

de drenagem onde todo líquido em seu interior (incluindo águas pluviais) é

direcionado para tanques de decantação e neutralização. A decantação remove

partículas sólidas contendo compostos de chumbo (principalmente óxidos e


135

sulfatos). A neutralização reduz a acidez e abaixa a solubilidade de compostos de

chumbo resultando em um efluente praticamente isento de chumbo. Existem

basicamente duas opções para neutralização: com sonda cáustica e com cal. No

primeiro processo o subproduto é sulfato de sódio enquanto que no segundo é

sulfato de cálcio. Em ambos, alguns hidróxidos também são formados, incluindo-

se aí hidróxido de ferro originário dos diversos equipamentos e instalações. Todo

esse efluente é jogado em lagoas de decantação. Como ainda não foi encontrado

uso comercial para os subprodutos sólidos, eles são acondicionados em aterros

apropriados. No caso específico, como o custo da cal é bastante inferior ao da

soda cáustica, a primeira vem sendo empregada. A emissão de compostos de

chumbo e efluentes ácidos ao exterior da fábrica, como já foi mencionado, é

controlada no Estado de Pernambuco pela CPRH. Além disto, existe uma norma

industrial, a ISO 14000 que trata deste assunto (Cajazeira, 1997). A ISO 14000

trata especificamente da questão ambiental exterior à fábrica, não se preocupando

com a questão ocupacional, ou seja, a contaminação no interior. Para que a

empresa se certifique segundo esta norma a mesma deve estabelecer um rígido

sistema de controle de emissões, e passar por um processo de auditoria.

A motivação para esta certificação é dupla: a melhoria da qualidade

ambiente no interior da fábrica (de forma indireta) e uma conformidade com a

legislação ambiental. Isto resulta indiretamente em maior aceitação do produto no

mercado, tanto por parte dos consumidores finais, como por parte dos clientes

industriais (montadoras de veículos, por exemplo). A obteve em 2002 a

certificação ISO9001 e ISSO 14001. Como foi dito anteriormente, a empresa

detém quase todo o ciclo fabril: produção de chumbo, caixas plásticas e baterias.
136

Os únicos componentes que não são produzidos pela própria empresa são

separadores de polietileno, empregados para separar o ânodo do cátodo. A

unidade responsável pela produção do chumbo, na forma de chumbo refinado ou

de ligas, também é responsável pelo reaproveitamento de sucatas. Este processo,

que no passado era feito manualmente, atualmente é feito de forma automática.

As sucatas de baterias são quebradas e passam por um processo de separação

baseada na densidade: o material e flotado: os compostos de chumbo são

separados da matéria plástica e o efluente líquido é neutralizado. O material

plástico é reaproveitado na fábrica de caixas e tampas e o material contendo

compostos de chumbo segue para o refino.

Como na fábrica de baterias, todo efluente é contido no interior da planta e

redirecionado para uma estação de tratamento de efluente que essencialmente faz

a neutralização e decantação do mesmo. O resíduo sólido consiste em sua quase

totalidade de sulfato de cálcio. Não existe processo de reciclagem com 100% de

reaproveitamento. No caso da metalúrgica, existe como subproduto a escória.

Esta escória poderá ser mais ou menos rica em chumbo, dependendo da

eficiência do processo. Atualmente, esforços estão sendo direcionados para a

obtenção da chamada escória verde: escória com mínimo teor de chumbo e que

poderia ser reaproveitada em outros processos industriais (por exemplo,

pavimentação), sem a necessidade de ser contida em aterros específicos. Com a

crescente conscientização por parte da sociedade de que os processos industriais

necessitam ser ecologicamente corretos, as indústrias para sua própria

sobrevivência, têm procurado soluções as mais diversas para seus problemas

específicos. Na fabricação de baterias de chumbo-ácido que manuseia


137

rotineiramente toneladas de de elementos tóxicos, foram encontradas soluções

que permitem colocar no mercado um produto de elevada competitividade. A

abordagem adotada pela empresa aqui exemplificada, Acumuladores Moura, tem

permitido, à mesma, avanços expressivos, resultando em descontaminação de

seus funcionários e a liderança de mercado.


138

4 CONCLUSÕES

A capacidade em armazenar energia elétrica sempre foi o principal motivo

da existência dos acumuladores. Isto faz destes equipamentos essenciais para o

sistema elétrico, de telecomunicações, movimentação de carga em ambientes

fechados, computação, etc.

Esta pesquisa mostra no seu começo a história dos acumuladores,

abordando aspectos de sua descoberta e o avanço para a humanidade a partir do

domínio desta tecnologia. Sabemos não ser possível comparar numericamente os

grandes passos da evolução tecnológica humana entre si, inventos como a roda

parece simples se comparados a computadores e espaçonaves, mas com certeza

a invenção dos acumuladores foi o primeiro grande passo do homem em direção

ao conhecimento e o conforto que temos na vida moderna. A pesquisa dos dados

construtivos de vários fabricantes, tecnologias aplicadas, evoluções tecnológicas e

tendências de mercado, permitem chegar a várias comparações do invento

original com o atualmente utilizado. A principal observação a fazer é que o

equipamento mudou muito com relação à qualidade dos materiais utilizados,

principalmente quando observamos os graus de pureza dos metais e a alta

capacidade dos separadores de permanecerem inertes as reações químicas

aliados aos vasos transparentes que muito facilitam na manutenção, pois

permitem visualizar o interior do elemento para verificação do seu estado além de

serem praticamente estanques com relação a vazamentos de hidrogênio pelos

seus poros.
139

A pesquisa de normas que regulamentam os ensaios e materiais aplicáveis

na construção dos acumuladores, salas de baterias e retificadores cercam de

segurança o consumidor destes, ao mesmo tempo em que dão uma linha de

pesquisa para o desenvolvimento de novos produtos que venham atender

necessidades específicas.

Durante muitos séculos o chumbo foi utilizado indiscriminadamente na

fabricação de tintas, utensílios domésticos, brinquedos, aditivo no combustível,

etc., muito pouco se sabia sobre seus efeitos cumulativos sobre a saúde. Hoje os

órgãos governamentais, saúde pública e a sociedade controlam suas emissões,

extração e reciclagem de forma que este material tenha procedência, uso e

destino final adequado; nota-se uma consciência maior aplicada na fabricação

com relação a saúde ocupacional bem como na reciclagem dos dejetos, mesmo

que os avanços tenham sido na forma de sanções, como multas ou fechamento

de instalações irregulares, o que é inegável, é que houve evoluções no trato do

assunto, e elas vieram para melhorar.

O baixo custo e o alto conhecimento científico propicia o grande destaque

das baterias chumbo-ácidas em relação às demais, mesmo sendo estas

compostas de materiais poluentes e tóxicos, fator que pode ser contornado uma

vez que a bateria pode ser, quase que na sua totalidade, reciclada, reduzindo

seus custos de fabricação. O uso das baterias reguladas a válvula está avançando

nos campos onde antigamente eram utilizadas as do tipo ventiladas, sendo que as

companhias de telecomunicações praticamente não usam mais as ventiladas, pois

para estas companhias é conveniente, uma vez que estas possuem estações de

retransmissão de sinal descentralizadas, distribuídas em vários pontos nas


140

cidades, o que dificulta a manutenção devido ao deslocamento exigido para ir ao

local, bem como é possível instalar as baterias no mesmo local onde encontram-

se os equipamentos que consomem este tipo de energia acumulada, não sendo

necessária uma sala especial para acondicionar os elementos, sendo possível

ainda aliar as vantagens da utilização do ar condicionado instalado nestes locais

porque os equipamentos eletrônicos que estão ali instalados exigem temperatura

ambiente controlada para seu funcionamento; como estas baterias não emitem

gases corrosivos não há danos aos equipamentos, ao contrário das ventiladas. A

temperatura utilizada nestes ambientes pelas companhias é de 25ºC, que

segundo as normas e os fabricantes também é a ideal para que as baterias

tenham maior durabilidade. Embora o acima citado, as baterias ventiladas têm

ainda muito fôlego para competir neste mercado, uma vez que sua durabilidade é

maior, o custo é menor e ainda permitem a inspeção visual para verificar

condições internas, fato que não é possível nas seladas, devido a estas não

serem feitas com vasos transparentes. Nos locais onde há grande quantidade de

baterias utilizadas, equipes de manutenção e as ferramentas necessárias, a

vantagem torna-se clara, pois o custo é signifitivamente menor, embora não tenha

sido possível quantificar esses custos nos locais observados, devido à dificuldade

de levantar todos custos envolvidos no processo. Apesar de não ter sido alvo

desta pesquisa, as baterias ventiladas alcalinas ainda são usadas, devido a sua

grande durabilidade, maior que todas outras, pois somente serão substituídas por

fim de sua vida útil, estas possuem a característica de fornecer tensão de 1,2V.

As baterias automotivas que chegaram a ser utilizadas nas instalações alvo

desta pesquisa, deixaram de ser usadas a partir do momento que os fabricantes


141

nacionais começaram a fazer baterias reguladas a válvula com aplicação

específica para estes casos, uma vez que a característica de corrente das

automotivas é para fornecer uma alta corrente por um intervalo reduzido de tempo,

diferente da necessidade usual.

Com relação aos retificadores verificou-se que as empresas de

telecomunicações utilizam fontes chaveadas modulares, pois estas são de fácil

adaptação a carga no caso de ampliação basta instalar um novo módulo para

ampliar a capacidade, embora estes tenham problema de causar interferência

eletromagnética em alguns equipamentos. Os retificadores tiristorizados são

usualmente utilizados nos casos de maior necessidade de corrente por serem

considerados mais robustos, principalmente em instalações mais antigas

Com as normas que definem os ensaios que devem ser realizados, é

possível avaliar a qualidade dos componentes que constituem o acumulador, sua

capacidade e estimar sua vida útil, verificou-se que na unanimidade das empresas

faz-se o ensaio de capacidade de descarga, com algumas variações. Enquanto

algumas o executam conforme prescreve a norma, outras preferem simplesmente

desligar o retificador e verificar se o banco é capaz de atender a carga pelo tempo

necessário que foi dimensionado. O advento das baterias seladas reduziu

consideravelmente as preocupações com manutenção e as empresas têm

adotado como manutenção preventiva somente a leitura de tensão com

periodicidade prescrita pelo fabricante como parâmetro principal de controle.

As baterias ventiladas não apresentaram nenhum resultado fora do

esperado nas pesquisas realizadas com consumidores, sendo que o caso mais

comum foi o do crescimento exagerado do pólo positivo e a migração por


142

capilaridade do eletrólito para fora pelos pólos, em apenas uma marca. Nas

baterias seladas foi observado em quase todos casos o vazamento de eletrólito,

sendo que em um caso houve o total escoamento do eletrólito. Em todos os casos

citados houve reposição pelo fabricante dos elementos deteriorados. Um dos

fabricantes pesquisados está adotando a medição da impedância do elemento

como parâmetro de controle de capacidade; embora seja possível ser utilizado

este método não é de eficácia comprovada e fica restrito a fornecer uma imagem

sem resultados comprovados cientificamente sem respaldo das normas

regulamentadas.

Finalmente observou-se que o melhoramento da performance das baterias

se deve as novas técnicas de pesquisa utilizadas, como a microscopia eletrônica

de varredura, a difração de nêutrons e raios-X, resonância magnética nuclear,

métodos com traçadores radioativos, espectroscopia eletrônica de varredura, etc.

A aplicação destas técnicas permitiu uma melhor compreensão das superfícies

sólidas, as reações e conseqüentemente dos materiais utilizados na construção de

acumuladores.

As novas pesquisas sobre o funcionamento das baterias, suas reações e o

estudo constante dos materiais utilizados na fabricação, permitiram novos

desenvolvimentos, alguns já em uso, tais como, eletrólito absorvido, eletrólito

imobilizado, reposição automática de água, recombinação de gases, circulação

forçada do eletrólito, baterias de baixa manutenção ou livres de manutenção entre

tantas outras, demonstrando que ainda existe muito a ser pesquisado sobre estes

equipamentos.
143

REFERÊNCIAS

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Rio de Janeiro. 1998.
2) ABNT. Acumulador chumbo-ácido ventilado, Ensaios. NBR-14198. Rio de
Janeiro. 1998.
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Rio de Janeiro. 1998.
4) ABNT. Acumulador chumbo-ácido estacionário regulado por válvula-
Especificação. NBR-14204. Rio de Janeiro. 1998
5) ABNT. Acumulador chumbo-ácido estacionário regulado por válvula,
Ensaios. NBR-14205. Rio de Janeiro. 1998.
6) ABNT. Acumulador chumbo-ácido estacionário regulado por válvula,
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19) COPEL. Inspeção Semanal de Baterias Ácidas, Roteiro e Procedimentos.
ITME-022.002. 1999.
20) COPEL. Manutenção Corretiva de baterias Ácidas e Alcalinas. ITME-
022.009. 1999.
21) DUARTE, Marcelo. Guia dos Curiosos. Companhia das Letras. 1º edição.
1995.
22) DUARTE, Marcelo. O Livro das Invenções. Companhia das Letras. 1ºedição.
1997.
23) ECO/OPS. Evaluación Epidemiológica de Riesgos Causados por Agentes
Químicos Ambientales. Noriega Editores. 1989.
24) ECOLIDERES, Ecolideres. Estrategias innovadoras para contagiar el amor
por el medio ambiente. Casa de la Paz.1995.
25) EPA, Environmental Protect Agency, Disponível em http: www.epa.gov.
Visitada em 08/2003.
26) FREITAS, Dra. Clarice Umbelino de. Estratégias de Abordagem para a
Exposição Ambiental ao Chumbo no Estado de São Paulo Centro de
Vigilância Epidemiolígica. Disponível em http:www.cve.saude.sp.gov.br.
Visitada em 09/2003.
27) FULGURIS. Manual de Operação e Manutenção de Bateria Chumbo-
Ácidas. 2º revisão.1997.
28) GREENPEACE, Disponível em http:www.greenpeace.org.br/toxicos. Visitada
em 09/2003.
29) IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em
http:www.ibge.gov.br. Visitada em 10/2003.
30) IMPINNISI, Dr. Patrício Rodolfo; Brixel, Paulo Henrique; Farias Jair Abreu.
Apostila do Curso de Baterias. COPEL/LACTEC. 2000.
31) LEE, J.D. Química Inorgânica Não Tão Concisa. Editora Edgard Blucher. 4º
edição. 2001.
32) LOLI. Hall AH & Rumac BH (eds): Tomesâ System. MICROMEDEX, 1998.
33) LORICA / NIFE. Manual de Operação e Manutenção de Baterias Chumbo –
Ácidas. 3º revisão. 2000.
34) MEDITEXT. Medical Management In: Hall AH & Rumac BH (Eds) : Tomesâ
System.1998.
145

35) MMA. Ministério do Meio Ambiente, Disponível em http:www.mma.gov.br.


Visitada em 10/2003.
36) MMWR. Current Trends Childhood Lead Poisoning, United States:
Reports to the Congress by the Agence for Toxic Substances and Disease
Registry. 1988.
37) PORTAL DE RECICLAGEM. Disponível em http:www.reciclaveis.com.br.
Visitada em 10/2003.
38) REPROTEXT. Hall AH & Rumac BH (Eds): Tomesâ System.1998.
39) ROSELEN, Maurício. USP Desenvolve Bateria Ecologicamente Correta,
Universidade de São Paulo. Disponível em
http:www.usp.br/agen/bols/2000/rede539.htm. Visitada em 10/2003.
40) SATURNIA HAWKER, Disponível em http:www.saturnia-hawker.com.br.
Visitada em 08/2003.
41) SATURNIA HAWKER. Manual de Operação. 2001.
42) SATURNIA HAWKER. Manual Técnico - Unidade Retificadora. 2000.
43) SATURNIA. Manual de Operação e Manutenção de Bateria Chumbo -
Ácidas Padrão Telebrás. 1989.
44) TELEBRÁS. Especificações Gerais de Sistemas de Retificadores
Chaveados em Alta Frequencia. nº 240-510-722. 1997.
45) TELEBRÁS. Especificações Gerais de Unidades Retificadoras Chaveadas
em Alta Frequencia. nº 240-510-723. 1997.
46) WHO. Human Exposure to Lead. Human Exposure Assessurent Serie.
1992.
146

ANEXOS

ANEXO I CONDIÇÕES ANORMAIS EM BATERIAS ÁCIDAS

ANEXO II PRINCIPAIS DEFEITOS EM BATERIAS ÁCIDAS

ANEXO III VALORES DE TENSÃO/DENSIDADE POR FABRICANTE


147

ANEXO I CONDIÇÕES ANORMAIS EM BATERIAS ÁCIDAS.

Causas Prováveis e Procedimentos Recomendados

1 - TENSÃO DE FLUTUAÇÃO DO ELEMENTO


1.1 - TENSÃO DE FLUTUAÇÃO DO ELEMENTO BAIXA (1 ou mais elementos)
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Tensão de flutuação da bateria baixa Correção da tensão de flutuação da bateria
Correção da tensão de flutuação da bateria
Desequalização
Aplicação de carga de equalização
Ligações frouxas Reaperto das ligações
Elementos em derivação Retirada da derivação
Impacto mecânico externo acentuado Substituição dos separadores
Corrosão do pólo positivo Vide anexo II, item 1.2
Sulfatação das placas Aplicação de carga de dessulfatação
Curto-circuito interno no elemento Substituição dos separadores
Curto-circuito nas ligações entre Retirada dos objetos eventualmente
elementos colocados sobre as ligações
Depósito excessivo de sedimentos no
Substituição do eletrólito
fundo do recipiente
Variação das temperaturas do eletrólito
Correção das condições ambientais
entre elementos
Queda de tensão nos cabos de ligação Correção da tensão de flutuação da bateria
carregador-bateria Aferição e calibração dos instrumentos

1.2 - TENSÃO DE FLUTUAÇÃO DO ELEMENTO ALTA (Em 1 ou mais elementos)


CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Tensão de flutuação da bateria alta Correção da tensão de flutuação da bateria
Correção da tensão de flutuação da bateria
Desequalizado
Aplicação de carga de equalização

1.3 - TENSÃO DE FLUTUAÇÃO E DENSIDADE DO ELETRÓLITO DO(S)


ELEMENTO(S) ANORMAIS, APÓS APLICAÇÃO DE CARGA DE EQUALIZAÇÃO
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Substituição do(s) elemento(s) ou da
Uso prolongado (fim de vida útil)
bateria
Aplicação de carga de dessulfatação
Sulfatação
Substituição dos separadores

2 - DENSIDADE DO ELETRÓLITO DO ELEMENTO


2.1 - DENSIDADE DO ELETRÓLITO DO ELEMENTO BAIXA (em 1 ou mais
elementos)
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Correção do nível do eletrólito
Perda de eletrólito por vazamento
Correção de densidade do eletrólito
Carga insuficiente Correção da tensão de flutuação da bateria
148

Aplicação de carga de equalização


Aferição e calibração dos instrumentos

2.2 - DENSIDADE DO ELETRÓLITO E TENSÃO DE FLUTUAÇÃO DO(S)


ELEMENTO(S) ANORMAIS, APÓS APLICAÇÃO DE CARGA DE EQUALIZAÇÃO
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Substituição do(s) elemento(s) ou da
Uso prolongado (fim de vida útil)
bateria
Aplicação de carga de dessulfatação
Sulfatação
Substituição dos separadores

3 - NÍVEL DO ELETRÓLITO DO ELEMENTO


3.1 - NÍVEL DO ELETRÓLITO DO ELEMENTO BAIXO (REPOSIÇÃO ACIMA DO
NORMAL COM RELAÇÃO AOS DEMAIS ELEMENTOS)
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Correção do nível do eletrólito
Perda de eletrólito por vazamento
Correção da densidade do eletrólito
Desprendimento excessivo de gases Vide item 10.1
Substituição do eletrólito
Consumo excessivo de água destilada Substituição dos separadores
ou deionizada Substituição dos pólos (se houver pólos
com corrosão)

3.2 - CORREÇÃO DO NÍVEL DO ELETRÓLITO (de 1 ou mais Elementos com


Água Destilada ou Deionizada) ABAIXO DO NORMAL COM RELAÇÃO AOS
DEMAIS ELEMENTOS
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Correção da tensão de flutuação da bateria
Carga insuficiente
Aplicação de carga de equalização

4 - TEMPERATURA DO ELETRÓLITO DO ELEMENTO


4.1 - TEMPERATURA DO ELETRÓLITO DO ELEMENTO ANORMAL
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Sobrecarga Redução da corrente de carga
Substituição dos separadores
Curto-circuito interno
Substituição do eletrólito

4.2 - TEMPERATURA DO ELETRÓLITO DO ELEMENTO ALTA DURANTE A


CARGA
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Sulfatação Aplicação de carga de dessulfatação
Sobrecarga Redução da corrente de carga
Substituição do eletrólito
Curto-circuito interno
Substituição dos separadores
Uso prolongado (fim de vida útil) Substituição do(s) elemento(s) da bateria
149

5 - TENSÃO DE FLUTUAÇÃO DA BATERIA


5.1 - TENSÃO DE FLUTUAÇÃO DA BATERIA BAIXA
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Queda de tensão nos cabos de ligação
Correção da tensão de flutuação da bateria
carregador-bateria
Instrumentos descalibrados Aferiação e calibração dos instrumentos
Ajuste incorreto do valor da tensão de
Correção da tensão de flutuação da bateria
flutuação da bateria
6 - CORRENTE DE FLUTUAÇÃO DA BATERIA

6.1 - CORRENTE DE FLUTUAÇÃO DA BATERIA ELEVADA


CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Carga insuficiente Aplicação de carga de equalização
Substituição do(s) elemento(s) ou da
Uso prolongado (fim de vida útil)
bateria
Poeira e umidade excessiva acumulada
Limpeza da bateria, estante e instalações
na tampa
Substituição do eletrólito
Curto-circuito interno
Substituição dos separadores
Temperatura excessivamente alta Correção das condições ambientais
7 - CAPACIDADE DE DESCARGA
7.1 - CAPACIDADE DE DESCARGA REDUZIDA
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Uso prolongado (fim da vida útil) Substituição do(s) elemento(s) da bateria
Correção da tensão de flutuação da bateria
Tensão de flutuação da bateria baixa
Aplicação de carga de equalização
Sobrecarga Correção da corrente de carga
Correção da tensão de flutuação da bateria
Aplicação de carga de equalização
Carga insuficiente
Limpeza da bateria, estante e instalações
Aferição e calibração dos instrumentos
Nível do eletrólito do(s) elemento(s)
Correção do nível do eletrólito
anormal
Densidade do eletrólito do(s)
Correção da densidade do eletrólito
elemento(s) anormal
Sulfatação Aplicação de carga de dessulfatação
Temperatura baixa Correção das condições ambientais
Ligações frouxas Reaperto das ligações
Elementos em derivação Retirada das derivações
Substituição das arruelas de vedação
Arruelas plásticas da vedação c/defeito
Substituição do eletrólito
Variação da temperatura do eletrólito
Correção das condições ambientais
entre elementos
Oxidação nos contatos entre ligações e
Limpeza das ligações e pólos
pólos
150

8 - ELETRÓLITO
8.1 - IMPUREZAS PRESENTES NO ELETRÓLITO
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Separadores Substituição dos separadores
Pólos com corrosão Vide Anexo II, item 1.1
Poluentes Filtragem do eletrólito
Materiais estranhos (tais como pedaços
Filtragem do eletrólito
de vidro, madeira, isopor etc.)
Limpeza interna do destilador ou troca da
Adição de água com impurezas
resina do deionizador

8.2 - COR ANORMAL DO ELETRÓLITO


CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Efetuar ensaio de capacidade
Desprendimento da matéria ativa
Substituição do(s) elemento(s)

9 - AUTODESCARGA
9.1 - AUTODESCARGA ACELERADA OU ELEVADA
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Umidade ou sujeira no recipiente Limpeza da bateria, estante e instalações
Impurezas no eletrólito devido a
Substituição do eletrólito
presença de ferro ou amônia
Depósito excessivo de sedimentos no
Substituição do eletrólito
fundo do recipiente
Separadores com defeito Substituição dos separadores

10 - DESPRENDIMENTO DE GASES
10.1 - DESPRENDIMENTO EXCESSIVO DE GASES
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Sobrecarga Correção da corrente de carga
Tensão de flutuação da bateria acima do
Correção da tensão de flutuação da bateria
valor especificado
Tensão de carga de equalização acima
Correção da tensão de equalização
do valor especificado
Sulfatação Aplicação de carga de dessulfatação
Impurezas no eletrólito Substituição do eletrólito
Temperatura baixa Correção das condições ambientais

10.2 - NÃO HÁ DESPRENDIMENTO DE GASES DURANTE A CARGA


(AUSÊNCIA DE GASES)
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Substituição dos separadores
Curto-circuito interno Substituição das placas
Substituição do eletrólito

11 - PÓLOS E LIGAÇÕES
151

11.1 - AQUECIMENTO ANORMAL DOS PÓLOS E LIGAÇÕES


CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Ligações frouxas Reaperto das ligações

12 - PLACAS
12.1 - MANCHAS BRANCAS NAS PLACAS E/OU ALTERAÇÃO DA COR DAS
PLACAS
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Sulfatação excessiva das placas Vide Anexo II - item 5

12.2 - MANCHAS ESCURAS NAS PLACAS NEGATIVAS (Normalmente Próximas


aos Terminais)
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Sobrecarga (e conseqüentemente o
depósito de antimônio sobre as placas Redução da corrente de carga
negativas)
Uso prolongado (e conseqüentemente o
Redução da densidade do eletrólito (se for
depósito de antimônio sobre as placas
necessário)
negativas)

13 - SEDIMENTOS
13.1 - SEDIMENTO MARROM EM FORMA DE AGULHA
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Sobrecarga Correção da corrente de carga
13.2 - SEDIMENTOS COM SUA CAMADA SUPERIOR BRANCA
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Correção da tensão de flutuação da bateria
Carga insuficiente
Aplicação de carga de equalização
13.3 - SEDIMENTOS FINOS COR DE COBRE
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Corrosão da alma de cobre do pólo
Substituição do pólo
negativo
13.4 - SEDIMENTO GROSSO EM FORMA DE ESCAMAS
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Correção da tensão de flutuação da bateria
Carga insuficiente
Aplicação de carga de equalização
Corrosão do pólo positivo Vide anexo II, item 1.2
152

ANEXO II PRINCIPAIS DEFEITOS EM BATERIAS ÁCIDAS


Causas Prováveis e Procedimentos Recomendados
1 - PÓLOS
1.1 - CORROSÃO DOS PÓLOS
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Nível do eletrólito acima da marcação Correção do nível do eletrólito
máxima Substituição dos pólos
1.2 - CORROSÃO DO PÓLO POSITIVO
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Reação química da alma de cobre do pólo
Substituição dos pólos (todos os pólos com
positivo por efeito de migração de eletrólito
alma de cobre por outros fabricados de
através do chumbo, ocasionando a
chumbo)
corrosão do cobre e do chumbo
Substituição dos pólos (todos os pólos com
alma de cobre por outros fabricantes de
chumbo)
Impurezas no eletrólito devido a presença
Substituição do tubo protetor do elemento
de cloro, manganês, ferro etc.
Aplicação de carga de equalização (para
retirar resíduos contaminantes)
Substituição do eletrólito e/ou separadores

1.3 - LEVANTAMENTO DO PÓLO POSITIVO


CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Efeito capilar/reação do eletrólito com Substituição das tampas e arruelas de
arruela de vedação e pólo vedação
Correção da tensão de flutuação da bateria
Tensão de flutuação alta Substituição das tampas e arruelas de
vedação
Sobrecarga excessiva e freqüente Correção da corrente de carga

1.4 - CORROSÃO DA BUCHA DE VEDAÇÃO


CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Defeito de fabricação Substituição da bucha de vedação

2 - RECIPIENTES
2.1 - ESTUFAMENTO DO RECIPIENTE/EXPLOSÃO DO ELEMENTO
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Desobstrução dos orifícios de escape de
Entupimento dos orifícios de escape de gases das válvulas
gases Substituição das válvulas convencionais por
válvulas antiexplosivas
Inchamento das placas seguido de curto-
Substituição do elemento
circuito
153

2.2 - TRINCA/RACHADURA NOS RECIPIENTES


CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Fadiga do material Substituição do recipiente

3 - GRADE
3.1 - DESPRENDIMENTO EXCESSIVO DE MATERIAL ATIVO
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Substituição do eletrólito
Substituição dos separadores
Impurezas no eletrólito
Substituição dos pólos (se houver pólos com
corrosão)
Densidade do eletrólito incorreta Correção da densidade do eletrólito

3.2 - CORROSÃO DAS GRADES DA PLACA POSITIVA


CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Sobrecarga Correção da corrente de carga
Temperatura do eletrólito do(s) elemento(s)
Correção da corrente de carga
alta (acima de 35°C)

4 - TAMPA DO RECIPIENTE
4.1 - QUEBRA DAS TAMPAS DOS RECIPIENTES
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Corrosão dos pólos e das buchas de Substituição das tampas e buchas de
vedação vedação

5 - PLACAS
5.1 - SULFATAÇÃO EXCESSIVA DAS PLACAS
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Bateria ou elemento descarregado durante
Aplicação de carga de dessulfatação
muito tempo (longo período armazenada
Substituição do elemento
sem carga)
Correção do nível do eletrólito
Nível do eletrólito incorreto
Aplicação de carga de dessulfatação
Substituição do eletrólito
Impurezas no eletrólito
Aplicação de carga de dessulfatação
Adição de eletrólito no elemento ao invés de
Aplicação de carga de dessulfatação
água destilada ou deionizada
Operação da bateria a temperaturas Correção das condições ambientais
superiores a 35°C Aplicação de carga de dessulfatação
Tensão de flutuação incorreta Correção da tensão de flutuação da bateria
5.2 - SULFATAÇÃO DA PLACA NEGATIVA
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Impurezas no eletrólito, devido a presença
Substituição do eletrólito
de platina, cobre, prata ou nitratos
154

5.3 - SULFATAÇÃO DA PLACA POSITIVA


CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Impurezas no eletrólito devido a presença de
Substituição do eletrólito
ácido acético e álcool
5.4 - OBSTRUÇÃO DOS POROS DA PLACA NEGATIVA
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Impurezas no eletrólito devido a presença de
Substituição do eletrólito
bismuto
5.5 - DESTRUIÇÃO DAS PLACAS POSITIVAS
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Sobrecarga Redução da corrente de carga
Impurezas no eletrólito devido a presença de
Substituição do eletrólito
cloro e cloretos
Uso prolongado dos elementos Substituição das placas
5.6 - CRESCIMENTO E DOBRAMENTO DAS PLACAS
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Sobrecarga Redução da corrente de carga
Uso prolongado (fim da vida útil) Substituição do(s) elemento(s) da bateria
5.7 - CURTO-CIRCUITO ENTRE PLACAS
CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Substituição das placas e separadores
Separadores
Substituição do elemento
Impurezas no eletrólito Substituição do eletrólito
Depósito excessivo de sedimentos no fundo
Substituição do eletrólito
do recipiente
6 - SEPARADORES
6.1 - SEPARADORES DESTRUÍDOS

CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS


Correção da densidade do eletrólito
Eletrólito
Substituição do eletrólito (se for o caso)
Uso prolongado ou fortes sacudidelas Substituição dos separadores

7 - LIGAÇÕES
7.1 - CORROSÃO/DETERIORAÇÃO DOS PARAFUSOS E DAS BARRAS DE
LIGAÇÃO

CAUSAS PROVÁVEIS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS


Nível do eletrólito do(s) elemento(s)
Correção do nível do eletrólito
incorreto
Parafusos, pólos e barras de ligação úmidos Limpeza dos pólos e ligações
155

ANEXO III VALORES DE TENSÃO/DENSIDADE POR FABRICANTE


BATERIAS ESTACIONÁRIAS VENTILADAS
chumbo-ácidas

Variação Tensão
Tensão Tensão Variação normal da Tensão total
normal total
de tensão p/ equaliza Densidade p/elemento flutuação Equalização
Fabricante Flutuação
elem. (V) ção (g/cm3) da da
p/ elem. bateria
p/elem. (V) MÍN. MÁX. MÍN. MÁX. bateria (V)
(V) (V)
C&D 2,22 2,17 2,25 2,35 1,200 1 ,220 133,2 141,0
Fulguris 2,20 2,17 2,22 2,33 1,200 1 ,220 132,0 139,8
Lorica 2,17 2,15 2,18 2,33 1,200 1 ,220 130,2 139,8
Nife 2,20 2,17 2,22 2,35 1,205 1,215 132,0 141,0
Saturnia 2,17 2,15 2,18 2,33 1,200 1,220 130,2 139,8
Tudor 2,20 2,17 2,22 2,40 1,200 1,220 132,0 144,0
Observação:
O nível do eletrólito considerado normal é o mantido no elemento na marca: nível máx.
156

APÊNDICES

APÊNDICE I – ENSAIO DE CAPACIDADE DE DESCARGA

APÊNDICE II – QUESTIONÁRIO SOBRE MANUTENÇÃO DE BATERIAS


157

APÊNDICE I
ENSAIO de CAPACIDADE de DESCARGA - ECD Data 28/8/2002
COPEL
BATERIAS
Transmissão OS
1 Fabricante SAB NIFE Local da instalação SE/MERCES Região CURITIBA
2 Tipo de Elemento 4TH50 Serviço auxiliar X
3 ÁCIDO X Microondas
ELETRÓLITO
4 ALCALINO Carrier
APLICAÇÃO
5 Capacidade Nominal 200 Ah / 10 h VHF
6 Nº de Elementos 60 UHF
7 Nº Copel 130 - 2034
8 Nº Série 303633 - 303692 Data de fabricação nov/01
9 CONDIÇÕES PARA ENSAIO
10 Temperatura ambiente 15 a 35ºC 24 ºC Tensão final de descarga 1,75 V
11 Regime de descarga 5h 5 h Densidade do eletrólito 1.210 g/cm3
12 Corrente de descarga 35,2 A Tempo de repouso 2 h
13 CARGA DE EQUALIZAÇÃO
14 Inicio Término
Duração
15 Carga Tensão equalização da bateria Limite corrente carga data hora data hora
16 dd/mm hh:mm dd/mm hh:mm hh:mm
17 Antes ECD 2,35 10,4 27/set 11:30 28/ago 07:30 20:00
18 Depois ECD 2,33 10 28/ago 16;00 29/ago 10:00 18:00
19 CÁLCULO DA CAPACIDADE PERCENTUAL
20 Tempo de descarga ta = 5 h Capacidade 5h a 25ºC C5 (25) = 176 Ah
21 Temperatura média inicial do t = Eti = Fator correção capacid. em
22 ºC k= 0,982
22 eletrólito N função temperatura
23 Capacidade atual em Ah à
ca ( t ) = I x ta = 35,2 x 5 176 Ah
24 temperatura
25 Capacidade atual em Ah ca ( 25 ) = ca ( t ) 176
= 179,226 Ah
26 corrigida a 25ºC k 0,982
27 Capacidade percentual à c % ( 25 ) = ca ( 25 )
x 100 = 1,0183 x 100 101,8 %
28 25ºC c5 ( 25 )
29 OBSERVAÇÕES
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51 Responsável p/ execução
Gerência - Visto
52 Registro Nome Visto
53
Equipe em curso de manut. Bat.
54
158

58 Instante inicial Leituras durante a descarga Instante final


Nº do
59
elem. 10;45 hh:mm 00:15 01:00 12:45 13:45 14:45 15:45 hh:mm
60 V T D V V V V V V V V V V V T D
61 1 2,01 23 1,215 1,97 1,98 1,96 1,94 1,92 1,89 28 1,15
62 2 2,01 23 1,215 1,97 1,98 1,96 1,94 1,92 1,89 28 1,15
63 3 2,02 23 1,215 1,97 1,98 1,96 1,94 1,91 1,88 27 1,145
64 4 2,02 23 1,22 1,97 1,98 1,97 1,95 1392 1,89 26 1,16
65 5 2,02 23 1,22 1,98 1,98 1,97 1,95 1,92 1,89 26 1,16
66 6 2,01 23 1,215 1,97 1,98 1,96 1,94 1,92 1,89 26 1,16
67 7 2,02 22 1,22 1,97 1,98 1,96 1,94 1,92 1,89 26 1,16
68 8 2,02 22 1,22 1,97 1,98 1,97 1,94 1,92 1,89 26 1,16
69 9 2,01 22 1,21 1,98 1,98 1,96 1,94 1,92 1,88 26 1,155
70 10 2,02 22 1,215 1,97 1,98 1,97 1,95 1,92 1,89 26 1,155
71 11 2,01 22 1,21 1,97 1,98 1,96 1,94 1,92 1,89 26 1,15
72 12 2,02 22 1,215 1,97 1,98 1,96 1,94 1,92 1,89 26 1,15
73 13 2,02 22 1,215 1,97 1,98 1,96 1,94 1,92 1,89 26 1,155
74 14 2,02 22 1,215 1,97 1,98 1,96 1,94 1,92 1,89 26 1,15
75 15 2,01 22 1,215 1,97 1,98 1,96 1,94 1,92 1,89 26 1,155
76 16 2,01 22 1,22 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 26 1,15
77 17 2,01 22 1,22 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 26 1,15
78 18 2,01 22 1,22 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 26 1,155
79 19 2,01 22 1,215 1,97 1,98 1,96 1,94 1,91 1,88 26 1,155
80 20 2,01 22 1,215 1,97 1,98 1,96 1,94 1,92 1,88 26 1,145
81 21 2,01 21 1,215 1,96 1,97 1,96 1,93 1,92 1,88 26 1,14
82 22 2 21 1,215 1,96 1,97 1,95 1,93 1,9 1,86 25 1,15
83 23 2,01 21 1,215 1,97 1,98 1,96 1,93 1,91 1,88 25 1,15
84 24 2,01 21 1,21 1,96 1,97 1,95 1,93 1,91 1,87 25 1,145
85 25 2,01 21 1,21 1,93 1,97 1,95 1,93 1,91 1,87 25 1,145
86 26 2,01 21 1,21 1,96 1,97 1,95 1,93 1,91 1,87 25 1,145
87 27 2,01 22 1,21 1,96 1,97 1,95 1,93 1,9 1,86 25 1,14
88 28 2,01 22 1,21 1,96 1,97 1,95 1,93 1,9 1,87 25 1,145
89 29 2 21 1,22 1,96 1,97 1,95 1,93 1,9 1,86 25 1,14
90 30 2,01 21 1,205 1,96 1,97 1,95 1,93 1,91 1,87 25 1,14
91 31 2,01 21 1,21 1,96 1,97 1,95 1,93 1,91 1,87 25 1,145
92 32 2,01 21 1,21 1,97 1,97 1,96 1,93 1,91 1,87 25 1,145
93 33 2,01 21 1,205 1,96 1,97 1,95 1,93 1,9 1,86 25 1,14
94 34 2,01 21 1,21 1,97 1,97 1,95 1,93 1,9 1,87 25 1,145
95 35 2,01 21 1,215 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,87 25 1,145
96 36 2,01 21 1,21 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 25 1,145
97 37 2,01 21 1,205 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 25 1,145
98 38 2,01 21 1,21 1,97 1,97 1,96 1,93 1,91 1,88 26 1,145
99 39 2,01 21 1,21 1,96 1,97 1,96 1,94 1,91 1,87 26 1,145
100 40 2,01 21 1,205 1,97 1,97 1,96 1,93 1,91 1,87 26 1,14
101 41 2,01 21 1,21 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 26 1,145
102 42 2,01 21 1,21 1,97 1,98 1,96 1,94 1,91 1,88 26 1,15
103 43 2,01 21 1,21 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,87 26 1,145
104 44 2,01 21 1,21 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 26 1,145
105 45 2,01 22 1,21 1,97 1,97 1,96 1,93 1,91 1,87 27 1,145
106 46 2,01 22 1,21 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 27 1,145
107 47 2,01 22 1,21 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 27 1,145
108 48 2,01 22 1,21 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 27 1,145
109 49 2,01 23 1,2 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 27 1,145
110 50 2,02 23 1,22 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 27 1,145
111 51 2,01 22 1,2 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 27 1,145
112 52 2,02 22 1,22 1,97 1,98 1,97 1,95 1,92 1,89 28 1,15
113 53 2,01 22 1,21 1,97 1,98 1,96 1,95 1,92 1,88 28 1,145
114 54 2,01 22 1,21 1,97 1,98 1,96 1,94 1,91 1,88 27 1,145
115 55 2,01 22 1,21 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 27 1,145
116 56 2,01 22 1,21 1,97 1,98 1,96 1,94 1,91 1,88 27 1,145
117 57 2,01 22 1,21 1,97 1,98 1,96 1,94 1,91 1,88 27 1,15
118 58 2,01 22 1,21 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 26 1,15
119 59 2,01 22 1,215 1,97 1,97 1,96 1,94 1,92 1,87 26 1,15
120 60 2,01 22 1,2 1,97 1,97 1,96 1,94 1,91 1,88 26 1,15
121 Tensão da bateria 118,5 118 116,8 115,8 114,3 111,2 *****************
159

QUEDA DA TENSÃO COM O TEMPO

2,02
10:45
2,00
1,98 11:00
12:00
TENSÃO (V)

1,96 12:45
1,94 13:45
1,92
14:45
1,90
1,88 15:45
1,86
10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00

HORA DA MEDIÇÃO
160

Figura 1. Caixa para acondicionar os resistores que


serão utilizados no ECD

Figura 2. Bancada onde serão ligados os resistores

1 2
161

Figura 3. Bancada com os resistores.


Figura 4. Reostato para ajuste fino da corrente

3 4
162

Figura 5. Amperímetro indicando o valor de corrente


previamente calculado.
Figura 6. Conexão do banco de resistores com o banco
de baterias.

5 6
163

Figura 7. Limpeza das válvula que servem de respiro,


esta é feita sob imersão em água destilada quente.
Figura 8.Válvulas dispostas para secagem após
limpeza

7 8
164

Figura 9. Interligações dos elementos, é possível observar a


formação de marcas provocadas pelo aquecimento(superior) e a
formação de azinavre (óxido de cobre).
Figura 10. Limpeza das interligações com escova de aço

9 10
165

Figura 11. É possível observar a formação de depósitos


de oxido de chumbo sobre as placas, bem como a
forma de colocação da graxa,espalhada sobre a parte
plástica onde não é necessário.
Figura 12. Detalhe do conjunto de interligação com sua
proteção plástica para proteção contra contato
acidental e oxidação

11 12
166

Figura 13.Tampa de proteção do parafuso da


interligação, a parte pequena no detalhe é uma peça de
neoprene que deve ser perfurada pela ponta de prova
do voltímetro para fazer a leitura de tensão, desta
forma evita-se o máximo possível a oxidação, pois esta
fica sobre o parafuso.
Figura 14. Peças aguardando montagem após limpeza.

13 14
167

Figura 15. Maneira correta de transportar o elemento


para evitar deslocamento dos depósitos de chumbo
sobre as placas para o fundo do vaso.
Figura 16. Utilização do torquímetro para aperto dos
parafusos

15 16
168

Figura 17. Leitura de densidade, tomando cuidado para


que não respingue eletrólito sobre as baterias, utilizando
um pano sob o densímetro.
Figura 18. Limpeza dos pólos com escova de latão para
evitar que a escova retire muito material(se a escova for
feita de material duro) no processo de retirada do óxido
de chumbo

18

17 18
169

Figura 19. Dispositivo utilizado para aplicação de graxa


antioxidante sobre o parafuso, esta evita a corrosão se
por ventura houver derramamento de ácido sobre as
partes metálicas.
Figura 20. Parafuso após a aplicação de graxa
antioxidante, neste caso está aplicada somente onde é
necessário.

19 20
170

Figura 21.Limpeza dos elementos com água destilada.


Figura 22. Aparência dos elementos após limpeza

21 22
171

Detalhe do
arranjo para
descarregar
o banco no
23 ensaio de
capacidade
de descarga

23
172

APÊNDICE II QUESTIONÁRIO SOBRE MANUTENÇÃO DE BATERIAS

Infomações Iniciais
Empresa: GLOBAL TELECOM S.A
Funcionário: ANTONIO BARCELLOS
Tempo de Experiência: 4 ANOS

Informações sobre o Banco de Baterias


Fabricante: Enersys, Fúlguris, Nife
Marca do Retificador: Ascom, Sistem,
Ventiladas ( ) Reguladas a válvula ( x )
Informações sobre Manutenção
Relação de Ensaios Realizados: ECD,condutância(na recepção caso verificado
defeito),
Periodicidade: trimestral

Normatização Utilizada: do fabricantre

Informações sobre Histórico


Acidentes Ocorridos

Problemas com o Banco baixa condutância baixa tensão, baixa autonomia.

Informações Adicionais
Quem executa as Manutenções e os Ensaios? contratada

Qual é a capacidade instalada? não informado

Qual é a tensão? 27 V e 48V A temperatura é controlada? sim

Existe algum programa de Expansão?

Existe processo de Reciclagem? sim, entrega ao fabricante


173

QUESTIONÁRIO SOBRE MANUTENÇÃO DE BATERIAS

Infomações Iniciais
Empresa: COPEL setor de transmissão
Funcionário: Jair Abreu Farias
Tempo de Experiência: 12 anos

Informações sobre o Banco de Baterias


Fabricante: saturnia,Nife,Narvit,Lorica,Fúlguris,C&D
Marca do Retificador: Adelco,Enge Power,Indel
Ventiladas ( x ) Reguladas a válvula ( )
Informações sobre Manutenção
Relação de Ensaios Realizados: ECD, inspeções conforme norma COPEL

Periodicidade: ECD é feito antes do vencimento da garantia e após é quadrienal,


mensalmente são realizadas inspeções
Normatização Utilizada: Normas próprias

Informações sobre Histórico


Acidentes Ocorridos Não

Problemas com o Banco: Migração do eletrólito para fora pelos pólos em


elementos ventilados.

Informações Adicionais
Quem executa as Manutenções e os Ensaios? equipe de manutenção própria

Qual é a capacidade instalada? 100Ah/10h, este éo valor mais utilizado.

Qual é a tensão? 125V A temperatura é controlada? Não

Existe algum programa de Expansão? a medida que é construída uma SE nova

Existe processo de Reciclagem? os elementos usados são enviados à fabrica


174

QUESTIONÁRIO SOBRE MANUTENÇÃO DE BATERIAS

Infomações Iniciais
Empresa: COPEL setor de transmissão
Funcionário: Celso Cavalca scalco
Tempo de Experiência: 18 anos

Informações sobre o Banco de Baterias


Fabricante: saturnia,Nife,Narvit,Lorica,Fúlguris,C&D
Marca do Retificador: Adelco,Enge Power, Indel
Ventiladas ( x ) Reguladas a válvula ( )
Informações sobre Manutenção
Relação de Ensaios Realizados: ECD, inspeções conforme norma copel

Periodicidade: ECD é feito antes do vencimento da garantia e após é quadrienal

Normatização Utilizada: Normas próprias

Informações sobre Histórico


Acidentes Ocorridos Não

Problemas com o Banco Migração do eletrólito para fora, pelos pólos, em


elementos ventilados.

Informações Adicionais
Quem executa as Manutenções e os Ensaios? equipe de manutenção própria

Qual é a capacidade instalada? 100Ah/10h valor mais utilizado

Qual é a tensão? 125V A temperatura é controlada? Não

Existe algum programa de Expansão? a medida que é construída uma SE nova

Existe processo de Reciclagem? os elementos usados são enviados à fabrica


175

QUESTIONÁRIO SOBRE MANUTENÇÃO DE BATERIAS

Infomações Iniciais
Empresa: EMBRATEL S/A
Funcionário: DEJALMA ZATTONI
Tempo de Experiência: 18 ANOS

Informações sobre o Banco de Baterias


Fabricante: SATURNIA
Marca do Retificador: SISTEM
Ventiladas ( ) Reguladas a válvula (X)
Informações sobre Manutenção
Relação de Ensaios Realizados: TESTE DE CAPACIDADE E MEDIÇÃO DE TENSÃO

Periodicidade: MEDIÇÃO A CADA 16 SEMANAS TESTE DE CAP. QDO


NECESSÁ-
Normatização Utilizada: NORMAS PRÓPRIAS EMBRATEL E MANUAL DO FABRICANTE.

Informações sobre Histórico


Acidentes Ocorridos NÃO HOUVE

Problemas com o Banco VAZAMENTOS NOS POLOS E TAMPAS.

Informações Adicionais
Quem executa as Manutenções e os Ensaios? EQUISUL SERVIÇOS

Qual é a capacidade instalada? 350 AH

Qual é a tensão? 54,5 VCC A temperatura é controlada? SIM

Existe algum programa de Expansão? SIM

Existe processo de Reciclagem? ENVIADAS AO FABRICANTE.


176

QUESTIONÁRIO SOBRE MANUTENÇÃO DE BATERIAS

Infomações Iniciais
Empresa: TIM
Funcionário: Luiz Vieira
Tempo de Experiência: 7anos

Informações sobre o Banco de Baterias


Fabricante: Saturnia, Narvit,Fulguris,Moura
Marca do Retificador: saturnia, Indel, Sisten, Asco
Ventiladas ( ) Reguladas a válvula ( x )
Informações sobre Manutenção
Relação de Ensaios Realizados: ECD com a própria carga por uma hora

Periodicidade: bimestral

Normatização Utilizada: Anatel,ABNT

Informações sobre Histórico


Acidentes Ocorridos

Problemas com o Banco Estufamento dos elementos,pólos saltados,baixa tensão

Informações Adicionais
Quem executa as Manutenções e os Ensaios? empresa contratada

Qual é a capacidade instalada? 400Ah/4h

Qual é a tensão? 24V e 48V A temperatura é controlada? Sim

Existe algum programa de Expansão? subtituição dos elementos após


completarem 8 anos
Existe processo de Reciclagem? enviado ao fabricante
177

QUESTIONÁRIO SOBRE MANUTENÇÃO DE BATERIAS

Infomações Iniciais
Empresa: Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária-INFRAERO
Funcionário: Eduardo Braga dos Santos
Tempo de Experiência: 3 anos

Informações sobre o Banco de Baterias


Fabricante: Skam,Nife,Saturnia,Moura,Delphi
Marca do Retificador: Adelco,Lacerda
Ventiladas ( x ) Reguladas a válvula ( x )
Informações sobre Manutenção
Relação de Ensaios Realizados: ECD,medição de densidade e tensão

Periodicidade: trimestral com a própria carga

Normatização Utilizada: manual do fabricante TELEBRÁS

Informações sobre Histórico


Acidentes Ocorridos

Problemas com o Banco falta de capacidade para atender a especificação

Informações Adicionais
Quem executa as Manutenções e os Ensaios? própria e contratada

Qual é a capacidade instalada?

Qual é a tensão? 48V A temperatura é controlada? sim

Existe algum programa de Expansão?

Existe processo de Reciclagem? sim


178

QUESTIONÁRIO SOBRE MANUTENÇÃO DE BATERIAS

Infomações Iniciais
Empresa: GVT
Funcionário: Daniel Cancela
Tempo de Experiência: 12

Informações sobre o Banco de Baterias


Fabricante: Fulguris, Saturnia, Nife, Moura,
Marca do Retificador: Saturnia, Lucent,Ascon,
Ventiladas ( ) Reguladas a válvula ( x )
Informações sobre Manutenção
Relação de Ensaios Realizados: ECD na aceitação e após e feito com a própria carga

Periodicidade: 6 meses carga forçada

Normatização Utilizada: manuais de fabricante

Informações sobre Histórico


Acidentes Ocorridos Ao escovar os bornes para retirar azinavre o funcionário machucou
o olho com o pó.

Problemas com o Banco vazamentos, todos fabricantes

Informações Adicionais
Quem executa as Manutenções e os Ensaios? equipe de manutenção

Qual é a capacidade instalada? 600Ah/10h estação menor e centrais 2x600Ah/10h

Qual é a tensão? 48V A temperatura é controlada? sim

Existe algum programa de Expansão? Não

Existe processo de Reciclagem? devolução ao fabricante


179

QUESTIONÁRIO SOBRE MANUTENÇÃO DE BATERIAS

Infomações Iniciais
Empresa: ELETROSUL
Funcionário: Alcindo Tuchtenhagen
Tempo de Experiência: 15 anos

Informações sobre o Banco de Baterias


Fabricante: Saturnia,Nife,Narvit
Marca do Retificador: Nife
Ventiladas ( x ) Reguladas a válvula ( x )
Informações sobre Manutenção
Relação de Ensaios Realizados: inspeção visual,ECD

Periodicidade: mensal,anual

Normatização Utilizada: normas próprias com base nas NBR´s e Telebrás

Informações sobre Histórico


Acidentes Ocorridos nada consta

Problemas com o Banco migração de eletrólito para fora, crescimento acentuado das placas
positivas, evaporação do eletrólito

Informações Adicionais
Quem executa as Manutenções e os Ensaios? inspeção mensal equipe de operação,
ensaios são feitos pela equipe de
manutenção

Qual é a capacidade instalada? 1080 AH/10h em 48V,680Ah/10h em 48V e 300Ah/10h


em125V, valores usados em Curitiba

Qual é a tensão? 125V e 48 V A temperatura é controlada? sim

Existe algum programa de Expansão? Não

Existe processo de Reciclagem? devolução ao fabricante


180

QUESTIONÁRIO SOBRE MANUTENÇÃO DE BATERIAS

Infomações Iniciais
Empresa: COPEL setor de telecomunicações
Funcionário: Marco Antonio Trancoso Ogibowski
Tempo de Experiência: 14 anos

Informações sobre o Banco de Baterias


Fabricante: saturnia,Nife,Narvit,Lorica,
Marca do Retificador: Indel, adelco,Enge Power
Ventiladas ( x ) Reguladas a válvula (x)
Informações sobre Manutenção
Relação de Ensaios Realizados: ECD, inspeções conforme norma copel

Periodicidade: ECD é feito antes do vencimento da garantia e após é quadrienal

Normatização Utilizada: Normas próprias

Informações sobre Histórico


Acidentes Ocorridos Não

Problemas com o Banco Migração do eletrólito para fora pelos pólos em


elementos ventolados.

Informações Adicionais
Quem executa as Manutenções e os Ensaios? equipe de manutenção própria

Qual é a capacidade instalada? capacidades variáveis conforme o tamanho das cargas


envolvidas 100Ah/10h éo valor mais utilizado

Qual é a tensão? 48V A temperatura é controlada? Sim

Existe algum programa de Expansão? a expansão é constante

Existe processo de Reciclagem? os elementos usados são enviados à fabrica


181

GLOSSÁRIO

Cefaléia: Dor de cabeça; cefalalgia; encefalalgia;

Granulometria: Método de análise que visa a classificar as partículas de uma


amostra pelos respectivos tamanhos e a medir as frações correspondentes a
cada tamanho; análise granulométrica.

Hematopoese: Formação e desenvolvimento das células sanguíneas

Hematopoético:Relativo à hematopoese; diz-se dos órgãos onde se processa


a hematopoese.

Lixívia: Solução de carbonato de sódio ou de potássio, usada para lavagem de


tecido, remoção de tinta, e com outras aplicações.

Lixiviados: Aplicar lixívia ou barrela a; lavar com lixívia; decoar.

Percolados:( vide glossário) Operação de passar um líquido através de um


meio para filtrá-lo ou para extrair substâncias desse meio.

Ponto Eutético:( vide glossário) A temperatura de fusão é um mínimo na curva


que representa o comportamento do material, ou na superfície de fusão do
sistema.

Screening: Exame médico

Saturnismo: Envenenamento agudo ou crônico produzido pelo chumbo ou


alguns dos seus compostos

Fonte : Dicionário Aurélio século 21

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