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Por João da Mata Costa
A recepção da obra de Cervantes no Brasil não para de crescer. Muitos poetas, músicos e escritores
foram seduzidos pelo humor e aventuras do cavaleiro da triste gura. A in uência de Cervantes se
dá tanto na cultura popular quanto na cultura dita erudita. A primeira referencia explicita ao Dom
Quixote de Cervantes no Brasil encontra-se na obra do poeta satírico Gregório de Matos, do século
XVII. Os livros de cavalaria povoaram a imaginação e os sonhos de muitos escritores brasileiros:
José Lins do Rego, José de Alencar, Machado de Assis lia uma edição anotada por Dom Eugenio de
Ochoa publicada em Paris pela Garnier, segundo consta no catálogo da sua biblioteca. No conto
“Teoria do Medalhão” de Papéis Avulsos escreve: “ Que Dom Quixote solicite os favores dela
mediante ações heróicas e custosas, é um sestro próprio desse ilustre lunático.” Já na juventude do
nosso maior escritor uma exaltação ao D. Quixote como um passatempo agradável. Em um poema
de 1856, publicado na Marmota Fluminense, lê-se: Cognac inspirador de ledos sonhos,
Excitante licor do amor ardente, / Uma tua garrafa e o Dom Quixote / É passatempo amável.
Nobre, também, é o Humanismo de Brás Cubas que igualam fracos e fortes. Em todos os seres
humanos prevalecerá uma forma superior de vida que é o “Humanitas”.
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– Humanitas é o princípio. Mas não, não digo nada, tu não és capaz de entender isto, meu caro
Rubião; falemos de outra cousa (cap. VI).
Aos poucos Rubião vai entendendo a loso a do Humanitas, assim como Sancho vai entrando no
mundo de fantasia e verdade de seu amo Quixote. É através do dialogo que o Quixote transmite a
Sancho os valores da cavalaria andante. Assim como Brás Cubas transmite a Rubião os preceitos da
Humanitas.
Vês este livro? É D. Quixote. Se eu destruir o meu exemplar, não elimino a obra que continua eterna
nos exemplares subsistentes e nas edições posteriores. Eterna e bela, belamente eterna, como este
mundo divino e supradivino.
Sancho Pança na sua simplicidade muitas vezes não entendia o que atormentava o seu senhor que
via o que ele não percebia. Rubião via no amigo Quincas Borba um enfermo no corpo, mas de
espírito bom. Só que um “homem esquisito.” Rubião termina se identi cando com Quincas Borba,
assim como no processo da quixotização de Sancho.
Numa crônica de 1876, escreve Machado de Assis. “ amos ri de ti, outra vez, generoso cavalheiro;
vamos ri de tua sublime dedicação. Tu tens o pior que pode ter um homem em todos,
Sobretudo nesse século – tu és quimérico, tu não vives da nossa vida, não és metódico, regular,
pacato, previdente; tu és Quixote. Dom Quixote.” (História de 15 Dias, 1876, Crônicas. Machado de
Assis ).
Em uma outra crônica reunida nesse mesmo livro Machado faz referencia aos quatros heróis que
povoaram sua imaginação: Aquiles, Enéias, Dom Quixote e Rocambole.
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No conto “O Alienista”, Machado de Assis reescreve a história do Quixote. Simão Bacamarte tenta
salvar os loucos de sua cidade Itaguaí para depois constatar que ele é o único louco. Ele se interna
para morrer logo depois assim como o Quixote morre depois de pelejar e deixar o mundo de
aventuras. O Alienista também tem contra si o padre e o barbeiro. E sua mulher corresponde à ama
no Quixote. A loucura é o leitmotiv que impulsiona as ações dos dois personagens. Bacamarte lê
muitos livros cientí cos de medicina e o Quixote os livros da cavalaria.
No século XIX só uma pequena parte da população brasileira cultivava a literatura. Impressiona a
cultura de Machado de Assis. Impressiona a grande literatura que ele conseguiu produzir num
ambiente inculto e pobre. Na biblioteca do Bruxo de Cosme Velho existia um exemplar em francês
do Dom Quixote de la Mancha, e um outro exemplar das Novelas Exemplares de Cervantes.
Machado é, com certeza, um grande leitor dos escritores Ingleses e Franceses. Sterne, Fielding,
Montaigne e Voltaire estão entre seus escritores preferidos.
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João da Mata
Professor de Física da UFRN. Poeta. Amante da Literatura, dos Livros e das Artes.
Para referenciar no caso de citação do artigo Costa, J. M.
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Olá! Eu gostaria imensamente de poder Tá na hora desse pessoal trabalhar de Olá José Garcia!Mais um
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