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LEITURA E ESCRITA COM RAVEL - SEMANA 05

Henrique Barbosa, abril de 2021

I. Textos

1. Trechos de A Arte de ler, de Michèle Petit


2. Trechos de Como um romance, de Daniel Pennac.

II. Língua portuguesa e texto

1. Retomando pontas soltas: gêneros, texto expositivo, parágrafo introdutório e formas de


contextualização
2. Ortografia 4: acentuação gráfica

III. Escrita

I. Textos

1. Trechos de A Arte de ler, de Michèle Petit

A Cor da Letra desenvolve desde 1998 projetos situações de risco. Ficamos impressionados com
centrados na leitura e na literatura em várias e enorme capacidade deles de se exprimir e falar
regiões do Brasil. Forma pessoas muito de sua experiência de maneira direta, engajada e
diferentes nessa arte das relações, com base na autêntica, e não a partir de um discurso
mediação de leitura, a fim de que "a leitura de informativo, alheio, padronizado sobre os
histórias seja incorporada na rotina das supostos benefícios da leitura; e ficamos
instituições ou em diversos espaços da impressionados pela acuidade de suas
comunidade", com a esperança de que essas observações.
"ilhas de expressão, de transmissão e de criação
de cultura" se multipliquem. Esse centro de Como os adolescentes brasileiros, jovens de um
estudos trabalha com instituições que se dedicam bairro popular da grande Buenos Aires
a cuidar de crianças e jovens em situação de aprenderam a ler em voz alta, em grupo. “O
risco, ONGs, escolas públicas e privadas, centro de leitura, com a leitura compartilhada e
hospitais, bibliotecas, centros sociais e culturais, em voz alta, me ajudou a encontrar vida nas
em especial nos bairros urbanos pobres e no palavras, estar com os livros sem pudores”, diz
interior. uma jovem argentina. Em outras palavras, esses
objetos não podem constituir um monumento
No trabalho com adolescentes em uma favela, intimidador, enfadonho. Apropriar-se efetivamente
Patrícia Pereira Leite, psicanalista e integrante de de um texto pressupõe que a pessoa tenha tido
A Cor da Letra, relata que, ao cabo de de alguns contato com alguém — uma pessoa próxima para
meses, a própria possibilidade de expressão quem os livros são familiares, ou um professor,
linguística dos jovens, oral como escrita, um bibliotecário, um fomentador de leitura, um
desenvolveu-se significativamente, fato que amigo — que já fez com que contos, romances,
alguns linguistas também chegaram a confirmar. ensaios, poemas, palavras agrupadas de maneira
O psicolinguista Evelio Cabrejo-Parra e eu estética, inabitual, entrassem na sua própria
encontramos alguns deles. Tornaram-se experiência e que soube apresentar esses
mediadores de leitura em favelas, no campo, em objetos sem esquecer isso. Alguém que
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desconstruiu o monumento, fazendo com que sutil e lento no "esclarecimento dos sentimentos"
encontrasse uma voz singular. que as mediações, por meio da literatura e das
atividades associadas a ela, provocavam. Como
Os que impulsionaram a oficina destinada aos para esse velho guerrilheiro colombiano, que
jovens observaram uma reelaboração da história explica: "A gente tem a cabeça... Como dizer,
pessoal, um desenvolvimento das capacidades emaranhada, como se estivesse cheia de nós.
de expressão, mudanças de pontos de vista, o Pude organizar minhas idéias, pensar, tendo mais
poder transformador do relato, graças ao qual os calma, sem fazer as coisas às pressas, mas mais
adolescentes organizaram de maneira distinta as lentamente e aprendendo a ter sentimentos”.
suas experiências, freqüentemente com a ajuda
de imagens ou de um acontecimento no texto que Adaptado de PETIT, Michèle. A Arte de Ler, ou
não tinha aparentemente nenhuma relação com o como resistir às adversidades. São Paulo: Editora
que eles tinham vivido. Observaram o trabalho 34, 2009.

2. Trechos de Como um romance, de Daniel Pennac.

Dar a ler - Bem - disse o professor -, já que vocês não


gostam de ler, vou ler livros para vocês.
Seja uma turma de adolescentes, com cerca de
trinta e cinco alunos. Nenhum daqueles alunos Os alunos se olham uns para os outros. Alguns,
cuidadosamente calibrados para cruzar por acaso, cumprindo o protocolo escolar,
rapidamente os altos pórticos das grandes colocam uma folha de papel na frente e colocam
écoles; não, os outros, aqueles que foram suas canetas na bateria.
expulsos dos colégios centrais porque seu
boletim não prometia uma nota no vestibular, ou - Não, não, não precisam fazer anotações.
mesmo nenhuma bolsa de estudos. Tentem ouvir, só isso.

É o início do ano. Eles falharam, bem aqui. Nesta - Você vai ler este livro inteiro para nós... Em voz
escola, aqui. Na frente daquele professor. alta? - alguém pergunta ao ver o catatau de 600
páginas que o professor retirava da bolsa,
"Encalhado" é a palavra. Rejeitados na praia, enquanto se acomodava despreocupado na mesa
quando seus amigos, ontem mesmo, zarparam a da sala.
bordo de transatlânticos com destino às grandes
"carreiras". Destroços abandonados pela maré da - Não sei bem como você poderia me ouvir se eu
escola. lesse em voz baixa...

E, claro, não gostamos de ler. Muito vocabulário Piada discreta. Mas, a jovem bagunceira do
nos livros. Muitas páginas também. Para ser fundão não se deixou seduzir. Em um sussurro
honesto, muitos livros. Não, definitivamente não alto o suficiente para ser ouvido por todos, ela
gostamos de ler. Pelo menos é o que indica a solta:
unanimidade de dedos levantados quando o
professor faz a pergunta: - Já passamos da idade.

- Quem não gosta de ler? Um equívoco comum. Especialmente entre


aqueles que nunca receberam a dádiva que é a
Uma certa provocação, mesmo, nesta quase verdadeira leitura. Outros sabem que não há
unanimidade. Quanto aos raros dedos que não se idade para esse tipo de tratamento.
levantam, é por decidida indiferença à pergunta
feita.

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- Se em dez minutos você achar que esse livro história. Não sabíamos que um romance deveria
ainda está abaixo da sua idade, levante o dedo e ser lido como um romance: primeiro para saciar
seguiremos em frente, ok? nossa sede de narrativa.

- Mas o que é isso? Que tipo de livro? - pergunta Para saciar esse desejo, há muito tempo
outro fiel sócio do clube do fundão, que era, aliás, contávamos com a pequena tela, que fazia seu
praticamente a sala inteira. trabalho diário, juntando desenhos, séries,
novelas e filmes de suspense em uma sequência
- Um romance. interminável de estereótipos intercambiáveis:
nossa ração diária de ficção.
- O que isso quer dizer?
Enchem a cabeça como se enche o estômago de
- É difícil dizer até que vocês leiam. Fim das pizza; saciam, mas não se apegam ao corpo.
negociações. Vamos lá. Digestão imediata. Você se sente tão só depois
como antes.
Estamos céticos, mas aceitamos. Talvez pela
estranheza da proposta, talvez pela oportunidade ***
da soneca que se anuncia.
Com a leitura pública do catatau do professor
- Capítulo um... Fantástico, nos deparamos com o autor: uma
história, certamente, uma bela história, divertida e
*** barroca, mas também uma voz, a voz do escritor
(mais tarde, em um ensaio que chamaremos de
Chamemos a experiência de um sucesso "estilo"). Uma história, sim; mas, sobretudo,
retumbante. Joãozinho, que só queria jogar contada por alguém, e lida ainda por outro
basquete e nunca havia sequer se aproximado de alguém.
um livro, perguntava em toda aula o que
aconteceria no capítulo seguinte. Mariazinha, a Certamente, a voz do professor ajudou nesta
bagunceira do fundão, começou a pedir para que reconciliação com a leitura: poupando-nos o
a sala ficasse em silêncio e parasse de fazer esforço de decodificar, desenhando claramente
perguntas, porque queria saber o final. Zezinho, o as situações, plantando os cenários, encarnando
soneca do fundão, já tinha uma lista de quais as personagens, sublinhando os temas,
seriam as próximas leituras da classe. acentuando as nuances, fazendo o seu trabalho
como um revelador fotográfico.
Mas, no fundo, gostávamos mesmo era da
expectativa de ver o professor Fantástico ler, de Só há uma condição para essa reconciliação com
novo, a cada aula. Gostávamos mesmo era da a leitura: não pedir nada em troca. Absolutamente
surpresa que ele nos traria depois que nada. Não construa nenhum baluarte de
terminássemos o catatau - porque, fatalmente, conhecimento preliminar em torno do livro. Não
seu repertório era maior e melhor que o nosso. E faça perguntas. Não dê o menor dever de casa.
passamos, da noite para o dia, a respeitá-lo. Não acrescente uma única palavra às páginas
lidas. Sem julgamento de valor, sem explicação
Nada milagroso aconteceu, no entanto. O mérito de vocabulário, sem análise de texto, sem
do professor é quase nulo nesta matéria. É que o indicação biográfica. Proíba-se absolutamente de
prazer da leitura estava muito próximo, prescrever um exercício do tipo "disserte sobre".
sequestrado nesses sótãos adolescentes por um
medo secreto: o - muito, muito antigo - medo de Presenteamos a leitura. Lemos e esperamos.
não entender. Não forçamos a curiosidade, nós a despertamos.

Tínhamos simplesmente esquecido o que era um Leia, leia e confie nos olhos que se abrem, nos
livro, o que ele tinha a oferecer. Esquecemos, por rostos que se alegram, na pergunta que surgirá e
exemplo, que primeiro um romance conta uma que levará a outra pergunta.
3
foi Flaubert que ouvimos, pela voz, nessa
Se o pedagogo em mim se ofende por não bagunça enorme!
"apresentar o trabalho no seu contexto", devo
persuadir o dito pedagogo de que o único ***
contexto que importa, por enquanto, é o desta
aula. Falar sobre uma obra para adolescentes e pedir
que “dissertem sobre” ele pode ser muito útil, mas
Ler. Em voz alta. Sem pedir nada em troca. Sem não é um fim em si mesmo. O fim é a obra. O
pedir a assaltante “compreensão de leitura”. Sem livro em suas mãos. E o primeiro de seus direitos
exigir a pedante “interpretação de texto”. E, acima de leitura é o direito ao silêncio.
de tudo: ler em voz alta.
***
***
O homem constrói casas porque está vivo, mas
Mas não basta ler em voz alta. Devemos também escreve livros porque se sabe mortal. Ele mora
contar histórias, oferecer nossos tesouros, em grupo porque é gregário, mas lê porque se
desempacotá-los na praia da ignorância. Somos sabe sozinho. Essa leitura é uma companhia que
arquivo. Somos repertório. Temos, não substitui nenhuma outra, e que nenhuma
obrigatoriamente, mais quilômetros rodados que outra pode substituir. Ela não oferece nenhuma
nossos alunos: geralmente cronologicamente, explicação definitiva sobre seu destino, mas tece
mas, certamente, em termos de leituras. E uma rede de relações entre ele e a vida.
precisamos dar a ver o museu que abrigamos. Pequenas e secretas relações, que falam da
“Ouça, veja, e veja como é linda uma história!” felicidade paradoxal de viver, ao mesmo tempo
que lançam luz sobre o trágico absurdo na vida.
Não há melhor maneira de despertar o apetite do Nossas razões para ler são tão estranhas quanto
leitor do que farejar uma orgia de leitura. E a nossas razões para viver. E ninguém é obrigado a
bagunceira do fundão, a cética, diria no intervalo: nos responsabilizar por essa privacidade.

- Ele não apenas leu. Ele nos contou! Ele estava Os poucos adultos que me deram a ler sempre se
nos contando sobre Dom Quixote! Madame colocaram atrás dos livros. Tiveram o cuidado de
Bovary! Grandes pedaços de inteligência, mas não me perguntar o que eu entendia. Para eles, é
que ele nos serviu, como histórias. Sancho, na claro, falei de minhas leituras. Fizeram de mim
boca do professor Fantástico, tornou-se uma pele quem me tornei. Ou, a bem da verdade: eles me
de vida; e o Cavaleiro da Triste Face, um grande fizeram, por inteiro. Vivos ou mortos, dedico-lhes
feixe de ossos armado de certezas estas páginas.
dolorosamente dolorosas! Emma Bovary, ​como
ele nos disse, não era apenas uma idiota Adaptado de PENNAC, Daniel. Como um
atormentada pela "poeira das velhas salas de romance. São Paulo: Editora Rocco, 1999.
leitura", mas uma bolsa fenomenal de energia, e

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II. Língua portuguesa e texto

*Retomando algumas coisas:


a. gêneros textuais
b. o texto expositivo
c. parágrafo introdutório da dissertação
d. formas de contextualização

a. Gêneros textuais

Gênero textual é um modelo geral que orienta a escrita de textos. O gênero é definido pelos conteúdos
temáticos de que normalmente trata, pelo estilo de linguagem que emprega, e pela estrutura
(construção composicional).

CAPACIDADE DA USO LINGUÍSTICO E SOCIAL EXEMPLOS DE Gênero escolar


LINGUAGEM GÊNEROS típico

Narrar A linguagem imita a ação Contos maravilhosos, Conto


humana para criar uma intriga fábulas, mitos, conto
(um enredo), uma disjunção. fantástico, conto de
estranhamento, novela
Textos que fazem esse uso (literária), romance.
integram a cultura literária de
ficção e as narrativas míticas de
povos tradicionais ou históricos.

Relatar A linguagem é usada para Relato de viagem, diário, Crônica


representar experiências vividas. autobiografia, notícia,
reportagem, crônica,
Textos que mostram um relato, relato histórico, biografia,
registram a experiência vivida por resenha de livro.
uma pessoa em determinado
tempo.

Argumentar A linguagem é usada para Artigo de opinião, diálogo Dissertação


defender, refutar (negar) e/ou argumentativo (exemplo (argumentativa)
negociar opiniões. clássico: diálogo
platônico), debate
Textos argumentativos discutem regrado, peças jurídicas,
questões sociais, políticas, discurso de defesa,
culturais e humanas, editorial jornalístico, tese
normalmente em favor de uma acadêmica, artigo
posição particular. científico.

Expor A linguagem é usada para Verbete de dicionário ou Dissertação


apresentar diferentes formas e enciclopédia, seminários (expositiva)
aspectos de um saber. e conferências, anotação,
fichamento, resumo,
Textos expositivos veiculam e revisão bibliográfica,
transmitem um conhecimento artigos de divulgação
cultural, de forma sistematizada. científica, monografias,
dissertações acadêmicas.

Instruir/Comunicar A linguagem é usada para Receitas, instruções de Carta


orientar ações, comportamentos. uso ou de montagem,
bulas, regulamentos,

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Textos instrutivos ou regras, cartas.
comunicativos dão orientações,
definem normas e acordos,
regras e condições de uso.

b. Texto expositivo: estrutura preferencial

O texto expositivo mostra, dá a ver um tema. Pretende deixar à mostra, sem intervir. Almeja, quando muito,
mostrar relações já presentes no interior do assunto.

A estrutura preferencial clássica do texto expositivo (e do texto argumentativo) é introdução, exposição e


fechamento. O texto argumentativo, de forma parecida, é estruturado em introdução, argumentação e
conclusão. Exposição é escrever sobre; argumentar é defender isto ou aquilo. Alguns aspectos gerais, a
ser desenvolvidos em outros momentos:

● A introdução contextualiza o tema do texto e estabelece uma proposta de caminho a ser


percorrido, isto é, adianta para o leitor quais tópicos serão expostos. Preferencialmente, a
introdução deve adiantar todos ou a maioria dos tópicos a ser abordados.

● A exposição relata os fatos e tópicos adiantados na introdução.

● O fechamento retoma, de forma sintética e relacional, todos os tópicos expostos, e afirma as


harmonias (ou desarmonias) dos itens expostos.

c. Parágrafo introdutório do texto expositivo: estrutura preferencial

Estrutura canônica do parágrafo de introdução

Contextualização. Informa o contexto do tema e a abrangência


Contextualização + Proposição possível que o texto pretende abordar.

Proposição. Adianta para o leitor a proposta do texto: tópicos


que serão abordados, forma da abordagem e objetivo da
abordagem.

“Um país politicamente tenso. Parlamentares divididos entre o apoio incondicional e a revolta latente contra
um governo que muitos consideram populista, corrupto, espúrio e incapaz de manter as conquistas
recentes da nação. Um governante que perde popularidade entre os mais pobres, enquanto é sustentado
pelos mais ricos que dele dependem. Uma população volúvel, cuja opinião flutua ao sabor do discurso do
orador mais sedutor. Uma liderança despótica, desgastada e isolada, contra quem mesmo os antigos
apoiadores incondicionais já conspiram nos bastidores. Uma personalidade que não tolera má notícia nem
contestação, mas ainda resiste, em nome da República, a ceder à última tentação autoritária. Evidente de
que país se trata: trata-se de Roma, março de 44 a.C., últimos dias do governo de Julio César. E trata-se
também do Brasil, do atual presidente [...].”

d. Estratégias de contextualização no parágrafo introdutório.


As estratégias de contextualização evitam os lugares-comuns na contextualização (nos dias de hoje; na
sociedade em que vivemos; é muito debatido atualmente; desde os primórdios da humanidade etc.)!

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Estratégias de Exemplo
contextualização

Descrição do cenário em que Sabemos todos como as coisas andam hoje em dia com
se enquadra o tema respeito à autoridade. Qualquer que seja nossa atitude pessoal
face a este problema, é óbvio que, na vida pública, e política, a
autoridade ou não representa mais nada - pois a violência e o terror
exercidos pelos países totalitários evidentemente nada têm a ver
com autoridade -, ou, no máximo, desempenha um papel altamente
contestado. Isso, contudo, simplesmente significa, em essência, que
as pessoas não querem mais exigir ou confiar a ninguém o ato de
assumir a responsabilidade por tudo o mais, pois sempre que a
autoridade legítima existiu ela esteve associada com a
responsabilidade pelo curso das coisas no mundo.

Texto A crise na educação, Hannah Arendt.

Definição de um A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o


conceito-chave sobre o tema bastante para assumirmos a responsabilidade por ele e, com tal
gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse a renovação e
a vinda dos novos e dos jovens. A educação é, também, onde
decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não
expulsá-las de nosso mundo e abandoná-las a seus próprios
recursos, e tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de
empreender alguma coisa nova e imprevista para nós,
preparando-as em vez disso com antecedência para a tarefa de
renovar um mundo comum.

Texto A crise na educação, Hannah Arendt.

Exposição de dados ou O professor-tradutor vive para criar uma obra com mais potência do
posição de autoridade que aquela que, no presente, encontra em si.
“Viver – isto significa, para nós, transformar continuamente em luz e
flama tudo o que somos, e também tudo o que nos atinge; não
podemos agir de outro modo”. (Nietzsche).

Texto Currículo e didática da tradução, Sandra Corazza.

Exposição de algum consenso Com a perda da tradição, perdemos o fio que nos guiava com
segurança pelos vastos reinos do passado, mas esse fio também
era a corrente que prendia cada geração sucessiva a um aspecto
predeterminado do passado. Pode ser que só agora o passado se
abra para nós com um frescor inesperado e nos diga coisas que
ninguém ainda teve ouvidos para ouvir.

Texto A crise na educação, vários parágrafos.

Exposição de posições Visto que a autoridade sempre exige obediência, é comumente


diversas confundida com alguma forma de poder ou violência. No
entanto, a autoridade impede o uso de meios externos de coerção;
onde a força é usada, a própria autoridade falhou. A autoridade,
por outro lado, é incompatível com a persuasão, que pressupõe
igualdade e funciona por meio de um processo de argumentação.

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Onde os argumentos são usados, a autoridade é deixada em
suspenso. Contra a ordem igualitária de persuasão está a ordem
autoritária, que é sempre hierárquica. Se a autoridade deve ser
definida, então, ela deve estar em contradição tanto com a coerção
pela força quanto com a persuasão por meio de argumentos.

Texto O que é autoridade, Hannah Arendt.

Exposição de abordagens em !
diversas áreas do saber

Relato de situação concreta No trabalho com adolescentes em uma favela, Patrícia Pereira Leite,
psicanalista e integrante de A Cor da Letra, relata que, ao cabo de
de alguns meses, a própria possibilidade de expressão linguística
dos jovens, oral como escrita, desenvolveu-se significativamente,
fato que alguns linguistas também chegaram a confirmar. O
psicolinguista Evelio Cabrejo-Parra e eu encontramos alguns deles.
Tornaram-se mediadores de leitura em favelas, no campo, em
situações de risco. Ficamos impressionados com e enorme
capacidade deles de se exprimir e falar de sua experiência de
maneira direta, engajada e autêntica, e não a partir de um discurso
informativo, alheio, padronizado sobre os supostos benefícios da
leitura; e ficamos impressionados pela acuidade de suas
observações.

Texto A arte de ler, Michèle Petit.

Ortografia 4: acentuação gráfica

1. Prefácio: agrupar as palavras em função de sílabas tônicas

Sílaba tônica: sílaba enfática na pronúncia.

Oxítonas: a sílaba tônica se encontra na última sílaba.


Exemplos: café, cipó, coração, armazém

Paroxítonas: a sílaba tônica é a penúltima sílaba.


Exemplos: caderno, problema, útil, automóvel

Proparoxítonas: a sílaba tônica é a antepenúltima sílaba.


Exemplos: lâmpada, ônibus, cárcere, cônego…

Monossílabos tônicos: palavras de uma sílaba que são enfatizadas na pronúncia.


Exemplo: nós, ás, pés, fé.

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2. As regras por grupo

Tipo de palavra ou Quando acentuar Exemplos


sílaba

Proparoxítona Sempre. cômoda, ênfase, lúcido, sólido, árvore,


mínimo, característica

Paroxítona Paroxítonas terminadas pelas


letras (e respectivas formas no
plural):

L têxtil, fácil
I tênis, lápis
N hífen, pólen, éden
US vírus

R caráter, fêmur
UM álbum
X látex
à ímã, órfã
ÃO órfão

ON íon, próton
PS fórceps, bíceps

ditongo oral cárie, átrio

Oxítonas Terminadas em (e respectivos


plurais):

A Amapá,
E jacaré
O avó
EM (-ENS) refém, parabéns

ditongos abertos papéis, herói, heróis, troféu, céu, mói

Monossílabos tônicos Idem às oxítonas:


(oxítonas)
A pá, vá
E pé, mês
O pó, nós

IeU Levam acento se estiverem saída


sozinhos na sílaba saúde
miúdo

Araújo
Luís
baús
Piauí

Verbos ter, vir e Na 3ª pessoa do singular: acento ele/ela obtém, detém, mantém, intervém
derivados (manter, agudo. *mas: ele/ela tem, vem
obter, intervir, convir
etc.) Na 3ª do plural: acento eles/elas obtêm, detêm, mantêm, intervêm

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circunflexo.

*Ditongos terminados Coréia Coreia


em -EI, -OI não são Odisséia odisseia
acentuados. jibóia jiboia
asteróide asteroide
heróico heroico
idéia ideia

O mais importante:

Proparoxítonas Acentuar todas.

Paroxítonas Acentuar as terminadas em:

LINUS RUMXÃÃO ON PS +
ditongo

Além de seus respectivos plurais.

Oxítonas Acentuar as terminadas em A, E, O,


-EM, e seus respectivos plurais.

III. Escrita

Texto expositivo sobre duas a três leituras da infância ou adolescência (livros da escola ou não). Uma a
duas páginas, a mão. A ideia é apresentar o enredo desses dois ou três livros, a partir da lembrança ou no
máximo de pequena pesquisa, e compará-los.

- Linguagem. Norma padrão, em 3ª pessoa.


- Estrutura preferencial. Um parágrafo introdutório; um parágrafo expositivo para cada livro; um parágrafo
conclusivo bem gordinho, que relacione esses livros e comente os aspectos comuns (ou divergentes) da
infância ou do mundo infanto-juvenil nos livros.
- Conteúdo temático. A leitura e os livrinhos da infância ou adolescência.

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