Você está na página 1de 318

ALESSA

QUARTO LIVRO DA SÉRIE IRMÃOS LAZZARI


Esse livro é todo de vocês, minhas
leitoras, assim como todos os outros.
PRÓLOGO
Rio de Janeiro.··.
Eu cruzei a boate, me esquivando dos vários corpos suados e
histéricos, que dançavam ao som de Animals, do Maroon 5. A bebida em
minhas mãos era de um líquido lilás, doce, porém, muito forte, eu não fazia
ideia do que era, mas eu sabia que estava na sexta dose.
Eu segui Bridge, uma amiga da faculdade, segurando em sua mão,
com minha mão disponível para não nos perdermos no meio dessa multidão,
enquanto tentávamos chegar aos nossos amigos, que estavam do outro lado.
Era a inauguração da Four Seasons, uma boate noturna e muito rica,
bem no centro de Los Angeles, e eu e meus amigos demos uma escapadinha e
viemos participar.
Eu tinha vinte e um anos, então, eu tinha a liberdade de entrar e beber
o quanto de álcool que eu achasse possível para meu corpo, sem que ninguém
me dissesse para parar.

Não que meus irmãos aprovem isso; muito pelo contrário. Eles sequer
sabiam que eu estava aqui. Para eles, eu estou deitada em minha cama, no
meu quarto no campus, sonhando com os anjinhos.
E claro nãao que eles não saberão amanhã; porque, sim, eles vão. A
quantidade de câmeras que eu precisei encarar lá fora para entrar aqui
significa que logo pela manhã, eles estarão na porta do meu quarto,
colocando ela abaixo, e me arrastando de volta para casa de Hetor.
Típico dos homens Lazzari.
Eu me estico, na ponta dos pés e vejo a cabeça, inconfundível, de
Dave no meio de outras cabeças desconhecidas. — Logo ali! — Eu indico
para Brid.

Ela localiza quando eu aponto, acena com a cabeça e nos leva até lá.
Eu vejo Simon e Andrew encostados em uma mesa suspensa por um
par de pés de cristais, bebericando suas bebidas, enquanto observam
atentamente as mulheres dançando próximas a eles. Eu me viro para sorrir
para Dave, mas então eu congelo o sorriso na metade e pisco algumas vezes
para ter certeza que a bebida não está tendo seu efeito sobre mim, ainda.

Rá. Ela não está.


Eu realmente estou vendo meu namorado chupando a boca de uma
garota.
Ele a tem contra a parede, um pouco separado de onde os meninos
estavam suas mãos agarrando o rosto redondo dela, seu cabelo vermelho
caindo sobre a testa dela, e sua língua lambendo dentro e fora da boca dela.
Eu pisco novamente, dessa vez sentindo as lágrimas picarem em meus
olhos, minhas mãos suando. Eu aperto a mão de Brid e a sinto virar em minha
direção.
Eu acho que ela viu o que eu estou vendo, porque ela solta uma
exclamação chocada, em seguida, ela me solta e anda duro até o casal se
comendo no canto da parede. Brid enfia a mão no colarinho da camisa branca
de Dave e o puxa para trás, para longe da boca da menina.
Ela é uma menina linda. Ela tem um rosto redondo e seus olhos são
puxados, como uma asiática, e seus cabelos são tão longos, negros e lisos
como o da Pocahontas. Ela parece ter minha idade, também. Sua estatura é
baixa, mas ela tem um corpo de dar inveja a qualquer mulher dentro dessa
boate, e suas roupas ajudam nisso. Ela está vestida com um cropped, com um
decote tão profundo, que eu tenho a impressão que seu mamilo pulará para
fora a qualquer momento, e sua calça estava tão colada, que ela poderia estar
sem ar.
— O que...? — Dave gritou, com surpresa e olhou feio para trás, mas
quando ele viu Brid, seus olhos arregalaram e viajaram até mim. — Oh. —
Foi sua reação.

Oh.
Nada além de um simples "Oh" e um passar de mãos pelo cabelo.
— Você enlouqueceu? — Brid gritou pra ele, batendo as mãos em seu
peito. Brid tem seus 1,59 de altura, enquanto Dave tem 1,81, então ela está
fazendo um esforço para lhe empurrar. — Está traindo ela, bem na cara dela,
com uma vadia qualquer?
A menina asiática soltou uma exclamação ofendida e Dave segurou os
pulsos de Brid, impedindo-a de continuar a bater em seu peito. — Pare com
isso! — ele pede, com uma cara feia. — Não foi nenhum bicho de sete
cabeças, eu apenas...
Eu não esperei para ouvir a sua desculpa fodida dessa vez. Eu já tinha
ouvido antes; duas malditas vezes. Eu tinha um copo cheio em minhas mãos,
então eu usei isso. Com um impulso, eu o joguei com tudo em Dave. Eu
mirei na cabeça, mas estava um pouco tonta, então, acertei o ombro.
Ele lamentou e segurou o ombro, sua expressão se tornou dolorosa e,
por um milésimo de segundos, eu me senti vitoriosa.

Eu dei meia volta e corri entre as pessoas, em a direção da saída. Eu


estava tonta por causa dos cinco copos que eu ingeri e minha visão estava
embaçada, enquanto as lágrimas caiam sem parar pelo meu rosto.
Eu estava me sentindo humilhada e tudo que eu queria era chegar em
casa e ligar para um dos meus irmãos. Eu precisava do abraço de um deles.
Ouvi a voz de alguém chamando por mim, quando avistei uma porta, e
eu tinha a ligeira impressão que era a Brid, mas eu não parei; eu continuei até
que um par de braços fortes abraçou minha cintura. Eu tentei me soltar, mas
era muito mais forte que eu. Eu gritei, mas ninguém pareceu se importar
muito com isso.
Os braços me ergueram do chão e me levaram para o ar fresco da noite
de Los Angeles, em seguida, para o interior de um carro, que cheirava a
uísque, cigarros e couro caro. Eu não consegui ver quando a pessoa me
prendeu com o sinto de segurança, e ela também não falava uma palavra
sequer, para que eu pudesse identificá-la pela voz. A porta do carro se
fechou e eu tentei manter meus olhos abertos, mas eles estavam muito
pesados para isso, então, eu apaguei naquele banco de carro, desconhecido.

Eu acordo, sentindo que minha cabeça vai explodir quando abro os


olhos. Há um teto branco e liso, sem nenhuma lâmpada ou lustre, então,
imediatamente, eu sei que não estou no meu quarto. O colchão sob mim
parece ser feito especialmente para uma majestade, assim como os lençóis de
ceda puro que me cobrem. Eu me sento na cama, apertando minhas têmporas
com os peitos das minhas palmas, enquanto tento focar minha visão e
descobrir onde estou.
As pequenas janelas arredondadas, três em cada lado do quarto,
indicam que eu estou dentro de um avião.
Um avião.

Santo Deus, como eu parei dentro de um avião?


Confusão se instala em minha cabeça, se juntando a dor latejante, e
eu olho ao redor. O quarto está um pouco escuro, então eu levanto e abro uma
das janelas que estão em minha esquerda. Tudo que eu consigo ver são
nuvens e um imenso e infinito oceano.
Eu estou voando, e definitivamente, não estou no meu quarto.
Notando a decoração rica do quarto, eu sigo em passos lentos e
cuidadosos até a porta. Quando a abro, encontro-me em um interior altamente
luxuoso, e completamente branco. Tudo é branco: poltronas, mesas, bar,
bancos do bar, mesa para jogos de pôquer, mesa de sinuca, chão, teto,
televisão...

E Ethan.
Ethan que está sentado em uma das poltronas de relaxamento, vestido
todo de preto, causando um contraste gritante com o ambiente claro,
enquanto tem sua atenção em um MacBook.
Eu cruzo os braços sobre o peito e estreito meus olhos em sua direção
quando eu peço, — Pode me explicar porque estou dentro de um avião em
movimento? E com você?
Ele levanta a cabeça e seus olhos encontram os meus. Ele não
responde minha pergunta; ele acena para a poltrona de frente a sua e aperta
um botão no braço da sua própria poltrona. — Sente-se, vamos pousar em
poucos instantes. Vou pedir um comprimido e um suco para você.
Eu não me sento; eu permaneço em meu lugar e aperto mais os braços
envolta do meu peito. — Pousar aonde? — eu exijo. — Você ficou maluco,
Ethan? Isso é sequestro.
Uma ruiva, magra e alta, com belos olhos verdes, sai da cabine do
piloto e desfila com suas pernas longas, dentro de seu uniforme de aeromoça.
Ela para ao lado de Ethan, suas mãos unidas em frente ao seu estômago,
enquanto ela parece esperar por ele.
Ethan fecha seu computador e lhe entrega. — Rachel, traga um
comprimido para ressaca e um suco de laranja para a senhorita Lazzari, por
favor. — ele pede, e ela sorri tão abertamente, que eu acredito ser capaz de
contar todos os seus dentes agora.
— Limão. Eu prefiro uma limonada, por favor. — eu explico quando
ambos olham em minha direção, com suas expressões confusas.
Rachel sorri levemente – sem a mesma empolgação que fez com seu
patrão – e pede licença para ir buscar o que lhe foi pedido.
— Sente-se, Alessa. — a voz de comando de Ethan me lembra da voz
que meus irmãos usam quando eles se acham no direito de mandar na minha
vida, e isso faz me lembrar deles. Se eles sabem onde estou, com quem estou
e como estou.
Eles devem estar tão loucos comigo agora. Todos os três, incluindo
Hetor, devem estar querendo me esfolar viva. Eles têm essa coisa de ser
superprotetores, e quando se trata de sua irmã mais nova – e por algum
motivo, para eles, muito imatura e indefesa – a coisa é ainda pior.
Não que eu reclame disso. Eles são os melhores e mais loucos irmãos
que uma menina poderia ter e eu me sinto protegida com eles. Mas, eles
também são como um pesadelo sufocante, às vezes.
"Alessa, fique longe das boates!"
"Less, você não pode sair tão tarde!"
"Eu juro que vou quebrar o focinho do cara que tocar em você!"
Esse último foi dito pelo Giovanni, meu segundo irmão mais velho – e
o mais explosivo de todos.
Sento-me na poltrona em que Ethan indicou e prendo o cinto em
minha cintura. Eu olho para o melhor amigo dos meus três irmãos, e refaço a
minha pergunta, com meu tom de voz um pouco mais baixo e inseguro, —
Onde estamos indo?
— Rio de Janeiro. — ele diz. Ele reforça o seu próprio cinto, seu olhar
preocupado me analisando na distância, quando ele alivia meus medos. —
Seus irmãos sabem que está comigo, Alessa. Respire.
Eu respiro. Eu solto o ar que estava preso em minha garganta, mas eu
sei dizer, pelo olhar em seus olhos, que meus irmãos podem até saber onde e
com quem estou, mas eles não estão nada felizes. Eu resolvo deixar isso pra
mais tarde, e foco no fato de estar dentro de um avião, viajando para um país
em que nunca estive antes.
— Por que você está me levando para o Rio?
— Eu estava na Four Seasons também quando Enzo me ligou,
pedindo para que eu procurasse por você. Não foi uma coisa difícil, uma vez
que eu estava na parte de cima. Eu achei você, e eu peguei você, mas eu tinha
uma hora marcada para chegar ao aeroporto, então, eu deixei Enzo sabendo
que traria você comigo.
— Você poderia ter pedido para alguém me levar para o dormitório.
— eu digo. Eu estava metade satisfeita por ele ter me trazido junto, e de não
precisar encarar meus irmãos amanhã, e a outra metade estava nervosa,
porque quanto mais eu prolongar isso, piores serão seus discursos.

Ele meio que ri. — Você estava bêbada e desmaiada, Less. Eu poderia
pedir para alguém fazer isso por mim, mas então, eu teria que encarar seus
irmãos por ter feito isso, quando estivesse de volta.
Rachel voltou com um copo cheio de limonada e um comprimido para
minha ressaca. Eu engoli o comprimido com um gole do meu suco e olhei
para fora da janela ao meu lado.
Eu ainda podia sentir meu peito dolorido com a traição. Dave já havia
me traído antes, mas eu nunca tinha presenciado. Fiquei sabendo apenas por
fofocas pela faculdade, as duas vezes que aconteceu, ele conseguiu me
convencer de que eram mentiras; Que as pessoas só queriam nos ver
separados, e eu aceitava sua versão.
Lá no fundo, eu não acreditava, eu podia ver nos seus olhos que ele
estava mentindo, mas algo idiota e apaixonado dentro de mim me fazia
aceitar.
Dave era o cara mais lindo do Campus e ele teve seus olhos sobre mim
desde o início, e eu me apaixonei por ele, como qualquer outra garota, em
toda a faculdade, fez. Seu sorriso era perfeito, composto por dentes muito
brancos e corretos e duas covinhas super atraentes; Seu corpo era de um
típico jogador de futebol americano, com ambos os braços cobertos por
inúmeras tatuagens, que eu nunca consegui contar quantas. Ele era o típico
bad boy, que atrai as mocinhas para perto.
Sabe esses que aparecem em filmes de colegiais, que tem escrito
"Muito problema" em neon em sua testa, em seu olhar, em seu sorriso, em
seu andar, em tudo nele.

De certa forma, ele era bom para mim; Ele estava sempre de mãos
dadas comigo, me perguntando como eu estava, se eu precisava de alguma
coisa. Ele tina ataques de ciúmes sempre que algum outro cara chegava perto
de mim. E ele é, definitivamente, muito bom na cama.
— Basta uma palavra sua e amanhã, aquele cara estará sem o pau.
Eu serpenteio minha cabeça para encontrar os olhos de Ethan, e há
algo muito ruim brilhando neles.
Ele parece estar com raiva, suas mandíbulas estão contraídas,
enquanto ele espera por uma resposta minha. Ele é amigo da minha família há
anos, e é óbvio que ele ficaria com raiva do que ele deve ter visto lá na Four.
Eu balanço a cabeça de leve, sentindo meus olhos arderem de novo e
olho para minha limonada em minhas mãos. — Não vale a pena. Não duraria
muito mais, de todo modo.
— Por que não duraria?
— Porque estou de partida em breve. Estou indo passar dois anos na
Alemanha para me especializar.
Eu tomei mais um gole, e olho para minhas mãos por um tempo. E
quando Ethan não diz mais nada, eu olho de volta para fora, e assisto as
nuvens passando pela janela, como uma quantidade imensa de fumaça.


Ethan tinha a suíte presidencial em um hotel de frente para a praia de
Copacabana em seu nome.
Um carro alugado nos trouxe até ele e em todo caminho, eu estive
apenas admirando a cidade. Rio de Janeiro fazia parte da minha lista de
cidades para visitar um dia, quando eu tivesse o direito de viajar sozinha, sem
que nenhuns dos meus irmãos tivessem um ataque cardíaco. Ethan não falou
mais nada, e eu também não.

Quando chegamos ao hotel, eu peguei seu celular emprestado e liguei


para meu irmão mais velho. Só depois que eu lhe garanti seis vezes que
estava bem e que não sairia de perto do Ethan durante os dois dias em que
estaremos aqui, ele desligou satisfeito.
— Você está com fome? — Ouço Ethan perguntar atrás de mim,
enquanto eu sigo em linha reta para a varanda da suíte.
— Estou faminta. — eu digo, em voz alta o suficiente para que ele
possa escutar. Um sorriso desliza pelos meus lábios quando o sol quente toca
minha pele. As praias da Califórnia são ótimas, mas o sol não ajuda quando
eu quero me bronzear.
O sol daqui é o sonho de toda mulher não brasileira.

Principalmente de uma italiana como eu, que viveu a vida inteira sob a
neve e o frio.
Na Itália, minha pele chegava a ser pálida. Transparente, como fui
chamada por algumas pessoas quando cheguei a Los Angeles.
— Less. — Ethan chama, e eu me viro para vê-lo na entrada da
varanda. Ele sorri, notando que me pegou distraída e ergue uma sobrancelha.
— Eu perguntei se estava tudo bem se eu pedir algo típico do país.
Eu sorri e concordei com a cabeça, fazendo apenas o som de um breve
"huhum" antes de voltar a olhar a praia.

O almoço chegou e nós nos sentamo-nos à mesa da varanda para


comer.
Eu estava impressionada com a forma do almoço por aqui. Na mesa
em minha frente havia porções de feijão, arroz, carnes de vários tipos,
verduras, batatas fritas... uma quantidade gigante de comidas. Combinações
perfeitas, eu descobri quando misturei tudo em meu prato e comi.
No meu país, eu sou acostumada com massas. Muitas delas, em
diversas receitas. Nos Estados Unidos, as pessoas são acostumadas a comer
hambúrgueres, batatas fritas, ou qualquer coisa que eles possam encontrar em
um foodtruck.
Eu pego um copo com limonada e eu tomo um gole para ajudar a
digerir o feijão com arroz, em seguida, eu pego uma coxa de frango com a
mão e dou uma mordida, quando eu sinto Ethan me assistindo. Eu olho pra
ele e tento sorrir enquanto mastigo; não funciona muito.
— Você não parece tão impressionado como eu estou com toda essa
comida. — eu observo, após engolir.

Ele desce seu garfo para baixo e deixa em seu prato. — Minha mãe é
brasileira, então, eu sempre comi essas coisas. — ele explica.
— Sua mãe é daqui do Rio?
— Não, — ele balança a cabeça, de um lado para o outro. — do
Nordeste do país.
— Oh.
Eu volto a comer, sentindo os olhos de Ethan ainda sobre mim, mas eu
não ligo muito para isso quando eu tenho um prato de comida bem generoso
à minha mercê. Quando eu termino de comer, eu afasto o prato e suspiro
olhando para a piscina enorme que tem na varanda, imaginando se eu tivesse
trazido algum biquíni.

— Há uma loja lá em baixo. Por que você não vai lá e compra alguma
coisa pra vestir e alguns biquínis? — Ethan sugere quando ele termina seu
almoço.
Eu sorrio ironicamente, inclinando-me para trás no encosto da cadeira.
— Eu faria, se você tivesse passado no meu quarto para que eu pudesse pegar
minha bolsa.

Seus lábios rosados se enrolam em um sorriso tão irônico quanto o


meu. — Eu faria, se você não estivesse desmaiada no meu carro. — Ele
devolve.
Eu faço uma carranca. Lembrar disso era a última coisa que eu queria
fazer agora; meu coração doía e a decepção invadia.
Ethan parece perceber, porque seus olhos suavizam nos meus e ele diz
— Não se preocupe com o dinheiro. Está por minha conta. Vou pedir para
trazerem opções para você escolher. — antes de se levantar e deixar a
varanda.

A sala de estar da suíte agora está repleta de roupas de verão e biquínis


por toda parte.
Ethan havia saído para seu compromisso na cidade, então eu estava
sozinha com toda essa suíte enorme só para mim.
Eu mordo a unha do meu polegar enquanto corro meus olhos pelos
pares de biquínis, tentado decidir qual seria o primeiro que usaria. Um
vermelho, com uma calcinha pequena e laços dos lados chama minha atenção
e eu o escolho. Eu vou até o quarto e o visto, e fico um pouco envergonhada
quando paro de frente para o espelho e vejo o quão pequeno ele ficou na
minha bunda.

Ele não era fio dental, mas na minha bunda chegava bem próximo a
isso.
Mas então, eu estava recomeçando. Eu acabei de ser traída, e
provavelmente, me esconder é o que Dave e sua versão feminina de Jack
Chan querem que eu faça; E eu não vou. A partir de hoje, eu estou me
mostrando para mim e para o mundo.

Com as maçãs do meu rosto ainda rosadas, eu procuro pelo meu


celular e fone de ouvido e caço a música We Are Never Ever Getting Back
Together da Taylor Swift pela minha playlist de mais escutadas. Em seguida,
eu vou para varanda e passo as próximas horas me bronzeando em uma das
espreguiçadeiras próximas à piscina, e bebendo os coquetéis que eu pedi,
enquanto eu escutava minha playlist da Taylor, repetindo sempre que ela
acabava.
Estou voltando para dentro, após um mergulho na piscina, quando
Ethan entra.
Ele faz uma pausa enquanto ele fecha a porta atrás de si, seus olhos
sobre mim – mais precisamente sobre o decote do biquíni.

Eu paro também, pausando o meu coquetel de morango bem próximo


a minha boca, um pouco zonza pelos outros sete ou oito que tomei antes. Eu
logo vejo que é apenas uma coisa da minha cabeça, por causa do álcool,
porque é tão óbvio que ele não olharia para meu decote.
Ele é um amigo fiel dos meus irmãos, e não faz nem cinco meses que
ele perdeu sua namorada para o câncer.
Meu rosto está queimando e eu resolvo colocar a bebida de lado, sobre
uma mesinha de vidro.
— Estou indo tomar um banho. Gelado e de cabeça. — eu murmuro
quando saio andando para o quarto, então para o banheiro.

Eu me olho no espelho e eu pareço como um pimentão vermelho.


Talvez, um pouco mais por conta do sol. Eu desato o nó do meu cabelo,
fazendo-o cair pesado de água sobre meus ombros.
Eu estou um pouco tonta, mas eu ainda não acredito que estou me
sentindo tão carente a ponto de cogitar a esperança de que Ethan olhou para
mim. Ethan. O amigo dos meus irmãos, e provavelmente, o único cara que é
esperto o suficiente de não querer enfrentar eles três.

No jantar, eu estava mais sóbria após meu banho gelado. Meu rosto ainda
estava quente quando sentei-me à mesa da varanda, de frente para Ethan, e eu
me senti como um pimentão toda a refeição.
Quando acabamos, Ethan serviu duas taças de vinho e, antes de me
passar uma, ele avisou, — Apenas essa. Não quero que seus irmãos pense
que eu estou embebedando a irmãzinha deles. — com um tom divertido. O
tom que eu praticamente o ouvia usar todos os dias, antes de tudo acontecer.

Eu me sento em uma espreguiçadeira, cruzando uma perna debaixo do


meu corpo, enquanto Ethan se senta no chão entre minha espreguiçadeira e a
que ele encostou suas costas. Ele deixa a garrafa de vinho ao seu lado e dá
um gole longo em sua taça. Eu bebo, também, mas com um gole curto,
apenas para molhar meus lábios. Eu não vou ficar bêbada uma terceira vez
em dois dias.
— O que você veio fazer aqui? — Eu expresso minha curiosidade,
enquanto batuco meus dedos da mão livre em meu joelho cruzado.
Ethan está olhando para a água calma da piscina, seu braço estendido
sobre o acento da espreguiçadeira atrás dele, então ele levanta os olhos para
mim. — Eu sempre quis fazer negócios com alguma empresa brasileira, por
causa da minha mãe. Agora, a E.C Aeronáutica terá uma sede aqui no Rio.

— Legal.
Quando eu saí do banho, eu não sequei meu cabelo; apenas o puxei
todo pra cima e dei um nó no alto da cabeça, e agora, havia várias mechas se
soltando e uma delas, estava bem no meio da minha cara. Eu pego ela e
coloco por trás da minha orelha, logo fazendo o mesmo com as outras
rebeldes. Eu olho para além da cerca da varanda e eu sou capaz de ouvir as
ondas do mar batendo. O cheiro maravilhoso do oceano chegando até aqui e
o vento me atingindo com força total.
Meu pescoço queima e quando eu me viro, eu vejo que Ethan estava
encarando esse ponto. Eu olho de volta pra ele, meu cenho franzido porque,
do nada, eu me lembro da primeira vez que nos vimos e como eu me
"apaixonei" pelo melhor amigo dos meus irmãos...
*
Eu espero – sem muita paciência – enquanto Rosalinda termina de
pentear meus cabelos. Eu odeio quando ela os alisa demais. Parece que faz
de propósito.
Estou tão ansiosa para descer e ver meus irmãos. Eles finalmente
vieram para Itália e estão aqui para me ver.

Eu escolhi meu melhor vestido e minha melhor sapatilha. Eu gosto de


estar bonita quando vou ver meus irmãos. Eu sinto falta dos três, todos os
dias.
Um dia, eu ainda morarei perto deles, para poder vê-los sempre que
eu quiser, e não ter que esperar eles vir até aqui. Mamãe não me deixa ir até
eles, então eu tenho que esperar sempre. E às vezes, passam anos para isso
acontecer.
Rosalinda acaba e eu não espero ela vir lamber meu cabelo uma
última vez, eu salto para fora do meu quarto e para baixo nas escadas.
E lá estão eles; os três. Os irmãos mais lindos que uma menina pode
ter. Eu costumo passar isso na cara das minhas amigas. Sempre.

Primeiro eu abraço o Enzo, o mais velho de todos nós. Ele sorri e


beija o topo da minha cabeça. — Você está maior que da última vez, bella.
— Oh sim. Isso foi há um ano, fratello. Eu costumo crescer, às vezes.
— Não devia. — Giovanni me abraça e beija meu rosto.
Em seguida, Lucca faz o mesmo, de uma forma mais forte quando me
abraça. — Sentimos sua falta, sirenetta. — Ele diz.
Eu sorrio de forma dramática para os três e mexo em meus cabelos
lambidos pela escova da Rosalinda, quando eu peço, — Leve-me com vocês,
então!
Todos riem, mas há uma risada diferente.
Sim, eu tenho as risadas dos meus irmãos gravadas em minha cabeça.
Giovanni tem uma risada mais rouca e baixa, como sua voz. (as
garotas parecem adorar)
Enzo tem uma risada contida.
Já a do Lucca é uma mais aberta, alta e natural.

Mas então, dessa vez, havia outra e logo meus olhos estavam
varrendo a sala até encontrar um homem de pé, atrás de um sofá. Eu não o
tinha visto antes e per l'amor di Dio! Eu gostaria de ter visto antes.
Ele é apenas o cara mais lindo que eu já vi, tirando meus irmãos. Ele
é alto como o Giovanni e tem cabelos louros queimados, e seus olhos são
azuis como os meus; mas, ao contrário dos meus, os seus é de um azul
cristalino. Os mais lindos olhos azuis que eu já vi. Ele deve ter a idade do
Lucca, uns 20 anos.
Eu só tenho onze anos, e eu estou com um vestido que alcança meus
joelhos e é de uma estampa florida que lembra muito a primavera aqui na
Itália. Eu pareço apenas como uma menininha. Eu não gosto da minha idade
agora, tampouco da minha roupa.

Estou tão corada...


— Você deve ser Alessa. — ele diz e se aproxima, e eu coro mais um
pouco. — Eu sou Ethan, amigo dos seus irmãos.
Ele estende uma mão para mim e minha cabeça inclina para o lado
quando eu observo envergonhada. Eu pego sua mão e a minha some quando
ele fecha e balança brevemente.

Ethan.
Eu simplesmente amo seu nome, apenas porque é dele.
— Você é mesmo muito bonita Less. — Ele diz, sorrindo.
Less. Ele foi e me deu um apelido.
Eu nunca tive um apelido. E eu nunca vou deixar outra pessoa me
chamar por esse apelido agora.
Eu amo meu apelido, apenas porque ele me deu.
Eu acabo de colocar meus olhos no primeiro amor da minha vida. E
ele me acha linda.

*
Eu rio, em seguida, tomo um gole do meu vinho para abafar. Eu não
acredito que eu passei toda minha adolescência com um crush muito forte em
Ethan.
— O que? — Ele pergunta, me olhando com uma sobrancelha erguida
em curiosidade.
Eu assisto enquanto ele enche sua taça novamente e balanço a cabeça.
— Só uma lembrança que me veio agora.
— Compartilhe comigo. — ele incentiva.
Pressiono meus lábios juntos, decidindo se faço ou não; Mas, aí por
que não fazer? Somos de certa forma amigos e estamos aqui sozinhos. Eu
acho que ele não vai correndo contar para meus irmãos.
Eu suspiro teatralmente. — Sabe o dia em que nos conhecemos? — eu
pergunto.
— Na Itália. — ele recorda.

— Sim. Eu tive uma queda por você naquele dia, que durou pelo resto
da minha adolescência.
Eu ri, e ele sorri surpreso.
Ele coça a nuca ainda sorrindo sacudindo a cabeça. — Você tinha
onze anos, Less.
— Sério? Nunca teve uma paixãozinha por nenhuma mulher quando
era adolescente? — ergo minha sobrancelha em questão.
Ele franze o cenho, em seguida faz uma careta e sacode a cabeça de
novo, rindo. — Muitas. Uma delas foi pela Pâmela Anderson.
Estalo a língua contra o céu da boca. — Clichê. Todos os caras tinham
por ela.

— Eu sou um cara, Less.


Nós rimos e eu tomo o último gole do meu vinho em silêncio.
Eu olho para ele. — Como você está lidando com... você sabe o quê?
Eu assisto seu peito subir e descer com força quando ele olha para a
piscina. Seus olhos ficam mais escuros e pesados, e eu me arrependo por
fazer essa pergunta.
— Sinto muito. — eu adiciono rapidamente. — Eu não queria fazer
você se sentir mal.
— Não estou me sentindo mal. — ele diz. Ele vira para fechar seus
olhos com os meus e eu sou capaz de ver a dor lá no fundo, mas ele sabe
mascarar direitinho. — Ela se foi. Vida que segue. Era isso que ela queria,
certo?
Eu não respondo, porque eu não sei se é realmente para responder. Eu
batuco meus dedos na taça em minhas mãos e mordo o canto do meu lábio
inferior quando abaixo meus olhos para minha perna.
Depois do que parece ser um longo tempo, vejo com minha visão
periférica quando ele se levanta e leva a garrafa de vinho com ele. — Durma
um pouco na cama. Partiremos amanhã cedo. — sua voz é calma quando ele
diz e então ele dá a volta na piscina e vai para mais perto da cerca.
Sem sair do lugar, o observo de costas enquanto ele retira o que parece
ser um maço de cigarros do bolso de sua bermuda cargo e ascende um
cigarro, em seguida. Ele traga e eu vejo a fumaça indo para cima.
Eu não sabia que ele fumava. O que significa que provavelmente ele
só faz quando ele sente que precisa.

Eu deito a cama, mas não consigo dormir logo. Me viro de um lado


para o outro até que eu sinto o lençol da cama desforrado.
Estou preocupada com Ethan e com sua forma de lidar com o luto.
Eu penso em voltar lá e ficar ele, mesmo sem falar nada. Mas, eu
decido que não é uma boa ideia. Eu procuro pelo iPad que Ethan me
emprestou e entro no Instagram de Dave para ver se ele postou algo para
mim, se desculpando como as outras vezes, ou se apenas postou algo
assumindo sua nova conquista.
CAPÍTULO UM

Um som muito estridente e insuportável soa alto, bem ao lado da


minha cabeça.
Com um lamento, eu tateio pelo colchão, sentindo a maciez da seda do
lençol, meu travesseiro, em seguida, eu sinto cabelos. Eu estou sentindo
cabelos – que não são meus, sob minha mão, e eu imediatamente lembro-me
da noite passada. A noite que eu voltei para Los Angeles e decidi que
precisava comemorar o fim da minha especialização e conquista de uma vaga
em uma das maiores empresas de aeronáutica do país.
Eu liguei para Brid, minha melhor amiga, e nós fomos para um clube
no píer de Santa Mônica. Lá, após alguns coquetéis, eu pus meus olhos em
um cara bonito, alto, ombros largos e cabelos queimados do sol.
Fazia quase três meses que eu não tinha sexo, e ele estava lá, parado e
me olhando, com um brilho nos olhos que me dizia que ele me queria,
enquanto seus amigos se embebedavam e gargalhavam de algo que falaram
entre si.
Uma olhada aqui, um sorrisinho ali, eu acabei com ele dentro de um
táxi e a caminho da minha casa.

Eu transei mais uma vez com desconhecido.


Eu abro meus olhos e encaro os cachos castanhos claros, e um gemido
baixo sai da minha garganta. Eu amo sexo, e eu gostei do seu sexo, mas o que
eu não gosto é ter que acordar com uma zoada tão irritante quanto a que me
acordou. Eu odeio rock pesado, então, com certeza, não é do meu celular que
isto está saindo.
Estico minhas pernas e levanto apenas meu tronco para localizar o
aparelho satânico. Quando eu o alcanço, eu desligo o despertador e o jogo de
volta para onde estava. Eu olho para o cara bonito e ele está de bruços, com
os braços dobrados por baixo do travesseiro. Eu admiro suas costas por um
momento antes de me levantar e ir ao banheiro.

Meu cabelo está uma bagunça completa e meu rosto vermelho quando
eu arrisco uma olhada no espelho. Depois de tomar um banho de cabeça, eu
me enrolo com um roupão e volto para o quarto e vejo que o cara bonito já
está de pé, vestido com uma calça jeans, enquanto ele procura por alguma
coisa no meio de todas as caixas e malas espalhadas pelo chão do quarto.
Meus irmãos queriam me presentear com um apartamento em Los
Angeles County, com vista para o oceano e a cidade, mas eu recusei. Eu
quero chegar ao topo, mas eu quero fazer isso sozinha. Quero ser conhecida
pelo nome "Alessa Lazzari, a engenheira aeronáutica" e não por "Alessa, a
irmãzinha dos Lazzari".
Eu estarei ganhando um bom salário na E.C.A e pagar por um
apartamento próprio está no topo da minha lista de coisas a conquistar. Então,
eu liguei para algumas amigas e consegui um apartamento menor, sem tantos
luxos que o de Los Angeles County tem e mandei minhas coisas para cá.
Meus irmãos não gostaram e muito menos minha mãe, mas é a minha
vida e eu escolho como vou começar a usá-la a partir de agora.
O cara bonito retira uma camisa azul do meio de duas malas de roupas
e a empurra pela cabeça, e meus olhos descem pelo seu abdômen definido.
Ele é realmente bonito. Ele olha para mim e eu vejo que seus olhos são de um
verde-claro; uma coisa que eu não me lembro de ter notado ontem.
— Acho que devo ir embora? — Ele olha diretamente para mim, um
pouco sem jeito, com as mãos buscando pelos bolsos de seu jeans.
— É você deve. — Eu concordo e olho brevemente para a porta do
quarto.
E está aí um dos motivos para eu não dormir a noite inteira com os
caras com quem eu transo. Eu não sei o que falar no dia seguinte, porque eu
simplesmente não os conheço. Eles são como desconhecidos que passam por
mim na rua todos os dias.
Não há uma aula que ensine como agir no dia seguinte, então, eu
apenas tento não chegar ao dia seguinte.

Ele me segue até a sala, nós dois desviando das caixas pelo caminho, e
em um silêncio constrangedor.
— Eu ofereceria um café, mas eu ainda estou sem minha cafeteira,
então... — eu encolho os ombros quando alcanço a porta e seguro a
maçaneta.
Ele sorri e seu sorriso é bonito também. Ele balança a cabeça e faz um
gesto com a mão. — Tudo bem. — Ele olha para mim. — Foi uma boa noite,
Alessa.
Oh, ele sabe meu nome!
E eu percebo que eu não faço ideia de como ele se chama. Estou
envergonhada e culpada agora.
Eu apenas lhe ofereço um sorriso quando eu puxo a porta aberta e
encontro Aurora e Melissa, duas das minhas três cunhadas, do outro lado,
prestes a bater à porta. Eu levanto uma sobrancelha e elas abaixam as mãos,
com seus olhos surpresos alternando entre eu e o cara bonito.
— Bom, estou indo. — o cara bonito, que eu não sei o nome, diz e dar
um passo para fora quando minhas cunhadas dão dois para dentro. Ele mexe
em seus bolsos e puxa um cartão de lá, e oferece para mim, com um olhar um
pouco apreensivo e ansioso. — Me liga, se quiser qualquer dia.
Eu franzo o nariz, ciente de que minhas duas cunhadas estão nos
assistindo, curiosas e prontas para falarem alguma coisa. Eu nunca aceito
números de telefones, porque eu nunca ligo de volta, mas dessa vez, eu pego,
em seguida, com um sorriso simpático, eu fecho a porta.
— Oh Deus, você é uma versão feminina dos seus irmãos! — Aurora
solta quando me estende um café do Starbucks e um saco de rosquinhas.
Eu sorrio, de certa forma tomando como um elogio e levo meu café da
manhã para a ilha da cozinha.
— Eu não quero imaginar Lucca e Giovanni no nosso lugar quando
você abriu a porta. — Melissa diz, com um sorriso maldoso.

— Provavelmente o carinha teria descido as escadas sem usar as


pernas. — Aurora completa e eu gemo em agonia enquanto retiro uma
rosquinha do saco e dou uma mordida.
É óbvio que nenhum dos meus irmãos aceitaria que eu transasse com
caras aleatórios. Céus! Eles nem aceitam que eu transo. E eu amo transar.
Demais. Totalmente amo.

Oh Cristo, falando assim eu me pareço com uma ninfomaníaca...


É uma coisa que eu puxei dos três. Mas eu sou mulher e a mais nova,
então, na cabeça deles, eu não posso transar. Eles têm medo que eu seja usada
mais uma vez; mas eles não sabem que agora é sempre ao contrário.
Tomo um gole do meu café e solto um "hum" para chamar suas
atenções. — O que eu posso fazer? Não vou parar de ter sexo só porque meus
irmãos não aceitam que eu já sou adulta.
Elas sorriem, mas não discutem. Aurora pula a caixa com o nome
"aleatórios" – que é onde eu enfiei minhas coisas pessoais que uso durante o
banho, secador, escovas de cabelos e tudo mais – e puxa uma banqueta do
outro lado da ilha para se sentar; Mel se senta no outro extremo, e ambas
ainda estão sorrindo.

— Juliet não pôde vir? — Eu pergunto, para tentar mudar o foco do


assunto, e Aurora sacode a cabeça, imediatamente.
— Ela tinha cirurgias.
— Hum. Eu estou indo falar com Ethan hoje. — eu empurro mu
cabelo molhado para trás quando comento.
Aurora apoia o queixo nas mãos quando ela me assiste com um sorriso
orgulhoso enrolando seus lábios. — Estamos todos felizes com você. Está
começando a vida adulta. — ela diz e o toque de animação em seu tom, me
deixa feliz. — Não tem ideia do quanto Giovanni está orgulhoso... e
preocupado, claro.

— Ele não tem que se preocupar comigo. — eu franzo o nariz.

— Mesmo? — Mel ergue sua sobrancelha bem-feita, seus olhos


verdes me olhando de perto quando ela acena a porta de entrada. — Todos os
seus irmãos estão preocupados. Nós todos estamos.
Minhas sobrancelhas estão unidas, e meus ombros ficam eretos, na
defensiva quando eu entendo o que elas estão falando.

Meus irmãos, obviamente, não sabem sobre meu novo estilo de vida.
Eles não têm que saber. Eu tenho vinte e três anos agora, e eu sei me cuidar.
Eu só não quero me machucar outra vez.
Eu olho para as duas mulheres sentadas na ilha da minha cozinha, e eu
sinto meu peito apertar com o carinho.
— Vocês não têm com o que se preocupar. — eu garanto. — Eu vou
ficar bem.

As pessoas que trabalham na E.C Aeronáutica se vestem tão bem


quanto as que trabalham na LEA. Mas isso não vem no e-mail de boas-
vindas, que a empresa manda para seus novos funcionários; as pessoas têm
apenas que ter o bom senso de imaginar isso.
Para minha sorte, eu fui criada com uma mãe que leva a elegância tão
a sério quanto ela leva sua profissão. Ela me ensinou o gosto de se vestir bem
em qualquer ocasião, seja uma festinha de aniversário ou um baile de
caridade. Saber me vestir para o trabalho é como uma obrigação.
Era o meu primeiro dia na E.C.A, então eu optei por uma calça jeans
preta, uma blusa de seda branca, um casaquinho azul-marinho e
um Louboutin preto. E para não ir apenas no básico, eu acrescentei um colar
multicamadas indiano, e brincos de pedras pequenas.

Apesar de saber que meu chefe é tão próximo da minha família, eu


confesso que estou um pouco nervosa. Desde que era apenas o advogado da
empresa dos meus irmãos, Ethan já era conhecido por ser exigente com os
funcionários. Agora, CEO de uma emprega tão grande, e que a cada dia
cresce mais, ele é conhecido como uma espécie de Christian Grey da vida
real.

Tudo que ele quer, ele vai lá e pega. E ele não aceita erros de seus
funcionários. E é por isso que dizem que ele aceita apenas os melhores para
trabalhar para ele.
Eu tento respirar um pouco quando entro no elevador e vejo o quanto
estou vermelha, pelos espelhos. Eu tenho uma coisa com maquiagens; sei
passá-la como ninguém, mas eu nunca fui fã de fazer em meu próprio rosto.
Sempre optei por pouca maquiagem, uma vez que cresci lendo sobre a
importância de uma pele limpa. Então, eu apenas apliquei um pouco de rímel
e lápis de olho, uma sombra leve. Blush e batom não eram necessários, já que
meu rosto e meus lábios são bastante rosados.
As portas se abriram no sexto andar e várias pessoas entraram no
elevador, então eu fui para um canto, um pouco espremida. É quando eu
começo a me arrepender de ter vindo pelo elevador. Não gosto de lugares
apertados; eles me deixam sem respirar direito, desde a minha adolescência.
Não é um caso extremo, no entanto. Se eu estiver sozinha ou com
apenas uma pessoa, que não estava tão perto de mim, eu fico tranquila. Mas,
com um lugar lotado de pessoas, a coisa é um pouco diferente.
Eu puxo meu casaquinho para baixo, em seguida, me mexo para
movê-los de meus ombros. Eu sinto o suor escorrendo pela minha nuca e é
como se minhas narinas apenas estivessem fechadas, impedindo a passagem
de ar.
Até que uma mão grande agarra meu braço e me puxa para frente,
fazendo as pessoas abrirem caminho, então eu estou fora do elevador e de pé,
em um lobby luxuoso.

Eu tento puxar uma respiração quando Ethan vem e segura meu rosto
entre suas mãos. — Você está bem? — Ele pede e seus olhos cheios de
preocupações.
Eu faço que sim com a cabeça, um pouco atordoada. Eu não acredito
que tive um ataque no meu primeiro dia de trabalho.
Uma mulher de idade se aproxima com um copo cheio de água e
Ethan agradece quando pega. — Tome. Beba isso. — ele comanda. Uma mão
ainda permanece em meu rosto, me observando de perto.
Ele coloca mechas do meu cabelo para trás das minhas orelhas
enquanto eu, obedientemente, bebo a água, em seguida, entrego o copo de
volta.
— Tudo bem. Estou melhor. Obrigada. — eu digo um pouco mais
calma.
— Tem certeza disso? — Seus joelhos se dobram e ele procura em
meus olhos pela verdade.
Eu confirmo com outro aceno de cabeça.
— Vem aqui. — Ele toca meu ombro, devolve o copo para a mulher
de idade, que está por trás de uma das três mesas do lado de fora de duas
portas gigantes, e ele me guia através das portas.
É seu escritório, eu deduzo pelo design rústico e luxuoso. As cores de
madeira reinam por toda sala grande e todas as paredes são janelas de vidro,
com uma vista perfeita para Los Angeles County.
Ethan me senta em um sofá de couro escuro e se senta em um centro
de frente para mim. — Less, você realmente está bem?
Eu movo a cabeça para cima e para baixo. — Sim. Como você sabia
que eu estava ali?
Ele ri de lado e acena para a parede do lado oposto, onde se encontra
várias monitores LED penduradas na parede, com imagens atuais de cada
lugar desse prédio; dentro e ao redor. Em um dos quadradinhos, está a
imagem do elevador em que eu estava.
— Oh. Claro que você controla isso. — eu brinco.
Ethan sempre foi muito centrado na segurança de todos, e ele sempre
foi chegado às tecnologias. Não me admira que ele queira ver o que estão
fazendo dentro do seu prédio, durante 24 horas.

— Obrigada mais uma vez, e desculpa por isso no meu primeiro dia.
— eu digo sinceramente.
— A partir de agora, use apenas o elevador privado. — diz ele. —
Lúcia dará a você um cartão para ter acesso.
— Ethan, não precisa...
— Não quero seus irmãos me culpando por te causar uma crise
quando eu tenho um elevador vago a qualquer hora. — ele sorri. — Diabos!
Foi o próprio Lucca que arquitetou esse prédio. Ele tirará minhas bolas se
souber que você usa o popular.
Eu devolvo seu sorriso quando me rendo. Usar o elevador privado não
tem nada de bicho de sete cabeças. É apenas um elevador. Não significa que
eu estou recebendo uma preferência. É por causa do meu problema.
Mas, tudo isso, todas essas coisas que eu tenho enfiadas na minha
cabeça, é em vão quando Ethan diz, — Você também trabalhará direto para
mim.
Eu faço uma careta. — Ethan, eu não quero preferência aqui. Eu...
— Certo. Deixaremos algumas coisas claras aqui. — ele me corta e
ergue uma sobrancelha. — Seus irmãos são meus melhores amigos e eu
adoro você, Alessa, mas, acima de qualquer coisa, eu tenho uma empresa pra
tocar. Com toda certeza, eu não misturo amizades com trabalhos. É uma coisa
muito importante para mim. Amizade é amizade, trabalho é trabalho. Se eu
estou dizendo que você vai trabalhar direto para mim, é porque eu preciso ver
se você realmente é boa, apesar do seu currículo.

Aceno, confirmando que tinha entendido, lutando para esconder minha


animação. Era isso que eu queria, e eu estou feliz que vou ter.
Sem preferências. Apenas trabalho.
Eu estava prestes a abraçá-lo quando eu repito em minha cabeça
"Amizade é amizade; trabalho é trabalho."

— Tudo bem. — eu digo, em vez disso.


Ethan se levanta e caminha até sua mesa. Ele olha para mim, uma
sobrancelha erguida e um sorriso de lado, quando ele diz, — Como amigo
você está muito linda para seu próprio bem. Senti falta de olhar pra você. —
Então, seu sorriso some e ele acrescenta. — Como chefe, vá até a Lúcia e ela
lhe passará a forma que eu trabalho e como gosto que trabalhem. Seja bem-
vinda, Srta. Lazzari.
CAPÍTULO DOIS

Ser uma engenheira aeronáutica já não é uma profissão fácil por si só,
mas ser uma engenheira aeronáutica que trabalha diretamente para o CEO de
uma das maiores empresas Aeronáutica do país é de patamar mais elevado.

Ethan Cross é tão brilhante quanto exigente em seu trabalho.


Eu fiz minha lição de casa quando ele me aceitou aqui. Eu descobri
que essa empresa estava prestes a fechar as portas, e como um verdadeiro
amante de aeronaves, Ethan investiu todas suas economias nela, ganhando
assim a posição mais elevada na empresa. Ele é apenas dono de 70% de toda
empresa. E em menos de dois meses no comando, ele a reergueu, e
multiplicou os números de investidores, sedes e funcionários. Hoje, a E.C.
Aeronáutica emprega mais de 30 mil pessoas, apenas pela América.
Eu nem imagino quantas devem ser pelo mundo.
Lúcia me passou todas as regras importantes, e eu ouvi atentamente,
me certificando de que decorei todas elas. Ela também me mostrou todo o
andar presidencial – que é tão grande quanto o lobby do prédio, e me
apresentou o lugar em que eu passaria meus primeiros dois meses de
trabalho. Uma mesa de frente para a dela, com a vista perfeita para o
escritório do chefe. É bem ali onde ele me quer, para testar se eu sou ou não
boa o suficiente para trabalhar com ele.
Eu levo como um desafio. Um bom desafio que me levará para longe
em minha carreira profissional. Eu tento mentalizar que daqui há alguns anos,
eu terei minha própria empresa. Eu serei minha chefa e a chefe de milhares
de pessoas. Como Ethan é.
Depois de organizar minha nova mesa da forma que eu quero, eu tiro
minha pasta azul de dentro da bolsa. Dentro dela estão todos os desenhos que
eu fiz enquanto estava estagiando em Berlim. Em algum momento, eu vou
mostrá-los ao Ethan, para que ele me diga sua opinião sobre eles. Eu enfio a
pasta em uma das gavetas do meu lado e vou até a sala do café, e congelo.

O universo só pode estar pregando alguma peça em mim. Deve ser


alguma brincadeira de mau gosto, porque eu não estou vendo o cara bonito,
que acordou na minha cama, parado de frente para máquina de café.
Eu engulo em seco, piscando várias vezes, um pouco atordoada. Ele
está mexendo seu café com uma pequena paleta, seus olhos baixos para os
seus movimentos. Ele joga a paleta em uma lixeira próxima e seus olhos
levantam e pegam os meus. Ele pisca, suas sobrancelhas se unem e ele parece
surpreso.
Bom. Bem-vindo ao meu pequeno clube...
Ele apenas me olha por um momento, suas mãos apertando a xícara
branca com o logo da empresa. — O que você faz aqui? — ele pergunta. Sua
voz é calma, como a de mais cedo. Eu não confio em pessoas calmas demais,
— O que você faz aqui? — eu devolvo a pergunta. Eu não estou
tranquila como ele aparenta estar. Eu estou nervosa e assustada, porque eu
nunca encontrei os caras com que durmo depois do acontecido.
— Eu trabalho aqui, Alessa.

Ele disse meu nome de novo.


Eu lembro que ele disse meu nome hoje cedo, e eu nem me dei ao
trabalho de olhar seu cartão para ver o seu nome. Eu engulo em seco quando
movo minha cabeça para cima e para baixo, e ele ergue uma sobrancelha para
mim. Eu forço-me a andar até o balcão com as xícaras e pego uma delas.
Lúcia havia me dito que eu poderia fazer isso, mas eu já inclui
"comprar uma xícara" em minha lista de afazeres amanhã, antes de vir
trabalhar.
O cara dar um passo para o lado quando eu vou até a máquina e
despejo um pouco de café em minha xícara emprestada. Eu adiciono duas
colheres de açúcar e pego uma paleta para mexer. — Como você se chama?
— eu resolvo perguntar. Eu odeio ficar curiosa por alguma coisa. E por mais
embaraçoso que seja fazer essa pergunta para o cara que você transou na
noite passada, eu faço. Estou enrolando, mexendo o meu café, tentando
ignorar o seu silêncio ao meu lado, até que ele sorri baixinho.
— Kai. — ele soa divertido quando responde. — Eu disse pra você,
ontem quando nos conhecemos.
— Não sou boa com nomes. — Eu blefo, quase que imediatamente.
Na verdade, eu sou muito boa com nomes. Mas, acontece que eu não me
interesso em saber os nomes dos meus encontros de uma noite. Com ele não
seria diferente, se ele não trabalhasse na mesma empresa em que eu estou
trabalhando.
Kai toma um gole de seu café e me oferece um sorriso simpático. —
Eu percebi isso. — ele diz.
Eu sorrio de volta. Eu descarto a paletinha na lata de lixo e viro-me,
apoiado minhas costas contra o balcão quando tomo meu café. — O que você
faz aqui, Kai? — eu olho para ele, por cima da minha xícara e espero por sua
resposta.
— Sou engenheiro.
— Aeronáutico?

Ele concorda. — Isso mesmo. Você?


Eu faço um gesto com a mão livre. — A mesma coisa que você.
Suas sobrancelhas voam para cima, em surpresa. — Engenheira
Aeronáutica? — ele diz, e ele parece perplexo com isso.
— Isso mesmo. — Eu repito sua resposta.
Kai me olha em silêncio, estudando-me de perto, com suas
sobrancelhas claras e bem-feitas arqueadas.
É exatamente essa a reação das pessoas (especialmente dos homens)
quando eu falo qual é minha profissão. Foi assim na faculdade, no estágio em
Berlim e será assim durante toda minha vida. Eles podem se conformar com
arquitetas mulheres, com designers mulheres, mas eles não conseguem
aceitar que uma mulher se torne uma engenheira. Principalmente, uma
engenheira aeronáutica.
Meu irmão, que é engenheiro civil, me alertou sobre isso. Mas ele me
apoiou em minha decisão, e ele está tão orgulhoso de mim, que é tudo o que
eu preciso para seguir em frente, de cabeça erguida.

— Você curte aviões? — Kai faz essa pergunta, ainda um pouco fora
de si.
Eu concordo com um aceno de cabeça. — Sou fascinada por aviões.
— Eu dou ênfase o máximo que eu consigo. Eu não gosto quando me olham
dessa forma. Duvidando de mim.
Os cantos de sua boca são puxados para baixo. — Eu
estou... impressionado.
— Foi essa minha intenção quando escolhi meu curso. Impressionar.
Kai sorri, sua expressão, finalmente, se tornando mais suave e
realmente impressionado. Ele está prestes a falar alguma coisa quando Ethan
irrompe na sala. Kai, imediatamente, fecha a boca e ajeita sua postura.

Talvez por instinto, eu faço o mesmo, me desencostando do balcão e


tornando meu corpo ereto.
Ethan olha para mim primeiro, em seguida, para Kai, e quando ele
volta para meus olhos, sua sobrancelha está puxada para cima, em um arco
perfeito. Ela está arqueada em questão. Não há nenhum rastro de sorriso em
seus lábios rosados, enquanto ele me encarava diretamente. Ele até parece um
pouco zangado.
Eu fico vermelha na mesma hora e percebo que Kai está se retirando
da sala.
Ethan vem pelo meu lado e alcança uma xícara. Ele olha para mim,
esperando que eu saia do caminho e quando eu faço, ele pega um pouco de
café da máquina. Ele não diz nada por um momento e quando faz, ele me
lança um olhar chateado. — Conhecendo os funcionários?
— Não me olhe como se estivesse zangado comigo. Eu estava apenas
pegando um pouco de café e você não é meu irmão mais velho.
— Eu fico feliz por não ser seu irmão. — Ele diz. Ele toma um pouco
do seu café sem açúcar e dá um passo na direção da porta. — Você focando
no seu trabalho aqui dentro, está ótimo para mim, Less.

Eu concordo. Eu sinto-me um pouco arrependida por ter dito o


negócio de irmão para ele. Ethan sempre foi da família, e mesmo em minha
adolescência, quando eu tinha uma queda por ele, ele me tratou bem, como
um irmão. — Tudo bem. — eu solto um suspiro e ele sai da sala.
CAPÍTULO TRÊS

No dia seguinte, na hora do almoço, eu me sentei com Giovanni em


uma mesa do lado de fora do The Ivy. Eu peço Chilaquiles – um prato que eu
aprendi a gostar por causa de Aurora, que tem descendência mexicana e meu
irmão diz que quer o mesmo.
— Ethan me contou que você trabalhará diretamente com ele. —
Giovanni comentou, quando o garçom se afastou.
Eu arrumo meus óculos escuros em meu nariz. — Pelos primeiros
meses, sim.
— E o que você acha disso? — Ele também estava de óculos escuros
(o que está chamando mais a atenção das mulheres que o normal), mas eu
sabia que ele estava me estudando curiosamente.
— Que se fosse para ainda estar em treino, eu ainda estaria em Berlim.
Mas, não se preocupe, eu tomei como um desafio. Ele só aceita os melhores,
então, eu serei a melhor.

Ele concorda. — Não estaria assim se tivesse formada em engenharia


civil.
— Oh sim. Eu provavelmente trabalharia na LEA, sendo solicitada por
várias pessoas, mas tudo isso, apenas por ser uma Lazzari e não realmente
pelo meu trabalho. As pessoas endeusam vocês quando o assunto é
Arquitetura e Engenharia. Eu não quero fazer uma carreira em cima da de
vocês, fratello.
Giovanni arranca os óculos de sua cara e o deixa sobre a mesa. Ele
olha para mim e em seus olhos eu vejo um brilho orgulhoso, que me faz ter
orgulho próprio. Mais do que eu já tenho.
O garçom vem com nossos pedidos, e nós almoçamos sem tocar mais
nesse assunto.

O resto do dia no trabalho foi um pequeno avanço. Ethan pediu para


ver o que eu tinha para ele e eu lhe mostrei alguns dos meus desenhos. Eu
tinha vários, considerando que passei quase toda minha especialização os
desenhando.
Ele parece ter gostado do que viu, porque me disse para deixar com
ele e que, em breve, falará de novo comigo. Eu nem preciso dizer que saí de
sua sala mais animada que entrei. Meu antigo chefe passou os dois anos
rejeitando cada desenho meu. Ele costumava dizer que era para eu aprender
com os experientes e não meter a cara de uma vez. Eu estou com vontade de
enviar uma mensagem para ele e passar isso em sua cara, mas primeiro eu
tenho que esperar Ethan vir falar comigo, para saber o que ele realmente
achou.

Então, eu me contentei em apenas esmurrar o ar algumas vezes


quando saí de sua sala e voltei para minha mesa.

— Sua transa simplesmente trabalha na mesma empresa que você? —


Brid pergunta, chocada. Ela veio hoje, após o trabalho, e está me ajudando a
desempacotar as coisas. Ela abraça uma caixa da BB&B com utensílios de
cozinha que eu encomendei e o coloca sobre o balcão.

— Ele não apenas trabalha na mesma empresa, como ele trabalha no


mesmo andar. — Eu digo.
Brid faz sua cara de chocada. A que seu queixo cai aberto e congela
por uns longos segundos enquanto seus olhos brilham com animação. Ela não
precisa dizer uma palavra, porque eu já sei o que ela está pensando.
— Não. — Eu alerto, erguendo um dedo em riste.

— Será que teremos um replay? — Ela acaba perguntando, mesmo


depois da minha alerta.
Eu faço uma carranca. Eu não quero mais falar sobre isso. Eu só falei
sobre isso, porque ela é minha melhor amiga, e isso me deixa na obrigação de
lhe contar sobre as coisas que acontecem na minha vida.
— Guarda as taças nesse armário mais alto, por favor? — Eu tento
mudar de assunto e volto a desempacotar a minha caixa.
— Você está mudando de assunto... — Brid cantarola, enquanto ela
faz o que eu pedi.
Eu choramingo com sua insistência. Ela sorri com o meu desespero.
Eu pego minha caixa e sigo para meu quarto. Eu não vou falar sobre Kai ou
qualquer outra coisa que envolva replay de sexo.

Ethan tem uma beleza anormal. Eu notei isso desde que eu o vi pela
primeira vez.
Quando tinha 11 anos, ele era o homem mais lindo que eu já tinha
visto.

Quando eu tinha 21, ele era mais homem, mais encorpado, mais tudo
que era quando eu tinha 11.
Agora, aos 23, ele conseguiu superar qualquer beleza masculina que
eu já pus os meus olhos.
Seus ombros estão mais largos, seus cabelos cortados de forma rente
dos lados e alto em cima, sua barba está grande e seus olhos mais intensos e
sexuais que antes.
Sento-me em uma das cabines de canto em uma boate, enquanto eu o
assisto do outro lado. Ele está sentado em uma cabine, com outros dois caras,
um pouco menos bonitos que ele. Seus braços estão estendidos no encosto de
seu banco, e algumas mulheres estão ao seu redor. Uma delas se inclina sobre
ele e fala alguma coisa em seu ouvido; Ele sorri e pisca para ela.
Provavelmente, ela será sua transa da noite.
Se eu não tivesse a certeza de que não me apaixonaria por Ethan, eu
gostaria de ser sua transa de uma noite.
Alguém desliza para o assento ao meu lado. Viro-me assustada e dou
de cara com Kai. O cara com quem eu tive uma noite de sexo e,
coincidentemente, trabalha comigo, está sentado ao meu lado, sorrindo para
mim. Eu olho em direção ao bar, onde Brid foi pegar nossas bebidas, em
seguida, volto meus olhos para ele.
Kai é lindo. Ele não é um Ethan, mas ele é lindo. Ele é o tipo de cara
que você se atrai com facilidade. E eu me sinto atraído por ele. Muito.
— Ei, Less. — ele sorri, mas eu faço uma careta.
— Não me chame assim.
Eu prometi que não deixaria ninguém me chamar assim. Então, Kai
não será uma exceção. Instintivamente, meus olhos voam para o outro lado
da boate, para Ethan. Eu congelo, porque ele está olhando diretamente para
mim, ignorando a mulher que está em seu ombro. Eu pisco um pouco
atordoada, e sua sobrancelha vai para cima em questão.

Com certeza ele contará aos meus irmãos onde estou. Não vou ficar
surpresa se um deles surgir por aqui.
Brid volta com nossas bebidas e eu faço as apresentações. Ela me
lança um – não muito sutil – sorriso malvado, dizendo-me que ela apoiaria
um romance entre eu e Kai.
— Jack não chegará tão cedo. Que tal irmos dançar, nós três?

Jack é o seu novo namorado. Ela o conheceu em uma das suas viagens
para América do Sul, e pelo visto, ele é um amante de aventuras, como ela é.
Quem colocasse os olhos em Brid, teria a impressão de que está diante
de uma Barbie humana. Alta, olhos azuis claros, lábios sempre cobertos por
um batom rosa, e cabelos amarelos. A única diferença, é que a Barbie nunca
conseguiria detonar com o próprio cabelo como Brid fez. Em suas viagens,
ela sempre gostou de experimentar coisas locais em seu cabelo e com o
tempo, isso foi o destruindo. Agora, ela é tão obcecada em conserta-lo, que
em sua casa tem um closet apenas para produtos capilares.
— Não quero dançar agora. — eu balanço minha cabeça. — Mas,
vocês podem ir.

Brid procura pelos meus olhos, parecendo confusa. — Você está bem?
Eu concordo, — Sim, estou. — Eu forço um sorriso de boca fechada.
Quando eles se vão para pista de dança ao som de alguma música
eletrônica, eu serpenteio meus olhos até o outro lado do local. Engulo
dolorosamente quando vejo que Ethan está de pé, se movendo em minha
direção. Eu assisto seu andar todo confiante e cheio de si, enquanto tento não
imaginar como seria ter uma noite com ele. Eu não posso ficar imaginando
isso, uma vez que isso nunca acontecerá.
Ele desliza para baixo, sentando-se ao meu lado. — Less. — o som
gutural de sua voz baixa, em um ambiente agitado, deve causar coisas ruins
nos estômagos das mulheres que o cercam. Ele estende um braço para trás de
mim e para cima do encosto do assento. — O que há entre você e Ridley?

— Eu e quem?
Ele ri da minha confusão. — Kai Ridley.
Oh. Outra coisa que eu não fazia ideia. Seu sobrenome. Eu tomo um
pouco do meu coquetel de morango que Brid me trouxe.
— Nada. — eu digo e vejo-o arquear uma sobrancelha em dúvida. —
O quê? Ele é apenas um colega de trabalho. Eu não posso sair com colegas de
trabalho?
— Você não transou com ele? — ele faz a pergunta como se estivesse
me perguntando se eu almocei.
Eu faço minha melhor cara de ofendida. — Claro que não!
— Eu tenho dois olhos, Less. Há duas opções. —Ethan move os
ombros e meus olhos caem para a abertura de sua camisa. — Ou ele é um
virgem, babando pela sua primeira atração física, ou ele experimentou do
sorvete e quer repetir o sabor.
Eu solto uma exclamação. Ele não acabou de me comparar com um
sabor de sorvete. — Você está me comparando a um sorvete? — pergunto
perplexa.

Ele olha para mim. — Transou com ele?


— Há alguma regra proibindo colegas de trabalho transar em sua
empresa?
Ethan ri e nega com a cabeça. Eu espero ele dizer que meus irmãos
não gostariam disso, que eu vou magoa-los agindo assim, mas ele apenas
levanta a mão e coloca uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha.
— Eu não posso culpa-lo por olhar tanto para você, então. — diz ele.
Seu polegar está sendo arrastado pela minha bochecha e eu desço
meus olhos para sua boca rosada. Há um arrepio tomando conta de todo meu
corpo agora, sentindo o seu toque. Eu não gosto disso.

— Eu beijaria você, também, se tivesse a chance. — ele confessa com


a sua voz tão baixa, fazendo meu estômago tão pesado.
Eu olho em seus olhos e eu não faço ideia do que dizer, porque não
faço ideia do que estou sentindo. Deixá-lo me beijar significaria ascender
uma coisa que já está apagada há muito tempo. Significaria entregá-lo uma
faca e pedir para me machucar. Porque ele está de volta ao seu antigo pique;
muito mais ativo do que era antes da Lisa.

Movo minha cabeça para longe de seu toque, sentindo meu estômago
pesar dentro de mim. Ele cheira muito bem, e ele é um sonho de
adolescência; mas ainda sim, ele é Ethan Cross, o melhor amigo dos meus
irmãos. Eu forço um sorriso que diz que levei seu comentário na brincadeira,
— Se fizesse, teria que enfrentar os três furacões da minha vida.
Seus lábios enrolam em divertimento, mas seus olhos estão sérios
quando ele olha para minha boca. — Não tenho medo de furações.
Oh. Eu engulo e faço de tudo para que ele não veja isso. — Além de
tudo, estou no meio de um encontro. Não seria uma coisa legal para fazer. —
Eu olho para a pista de dança, onde Brid e Kai estão dançando e incentivando
as pessoas ao redor dançarem, também. Eu faço isso para dar um ênfase no
que eu disse, e funcionou porque Ethan seguiu meu olhar.

— E o que aconteceu com o "somos apenas colegas de trabalho?" —


Ele volta a olhar para mim.
— Estava apenas tentando esconder de você, mas é impossível, porque
você é a droga de um bom observador. Eu e Kai estamos tendo algo bom, não
estrague isso me dedurando para meus irmãos.
Eu odeio mentir, e eu não gosto de fazer isso quando não é necessário.
Mas essa situação é necessária porque eu ainda não sei como me sinto em
relação à sua confissão. Ele provavelmente vai voltar para mulher que estava
em seu ombro e vai levá-la para casa, enquanto eu vou voltar para meu
apartamento sozinha e vou passar a noite acordada, pensando sobre isso.

Brid e Kai voltam para a mesa quando Ethan está se despedindo. Ele
volta para sua cabine, fala com seus amigos, e pega o seu encontro da noite e
some. Ele não olha para trás, e eu agradeço por isso.
Jack também chegou então eu olho para Kai. — Você pode me levar
em casa? — Eu estou forçando um sorriso de orelha a orelha quando eu
pergunto.
Seus olhos verdes brilham animados, e ele assente imediatamente. —
Pode apostar que sim!
Eu me despeço da minha amiga e de seu namorado e saio com Kai. Eu
não quero pensar sobre o que aconteceu aqui, então eu preciso de alguém
para me distrair. E Kai já provou que consegue fazer essa tarefa.
CAPÍTULO QUATRO

Eu nem sequer dormir na noite passada, atormentada pelas palavras de


Ethan. Eu caminhei por toda casa às duas da madrugada, peguei uma
limonada na geladeira, e observei Kai adormecido no meu sofá às três e
quinze.

Ele estava deitado de bruços no sofá, a bochecha amassada contra o


travesseiro que lhe dei, seu braço direito caído para fora do sofá, as costas de
seus dedos encostando-se ao tapete e seu lençol estendido ao lado de seus
dedos.
Eu rio de sua situação, mas eu deixei minha limonada na mesinha ao
lado do sofá e vou cobri-lo de novo. Ele se remexeu, resmungou algo que não
entendi, e voltou a dormir.
Nós não transamos e sequer nos beijamos. Ele apenas entrou,
conversamos um pouco enquanto comíamos uma pizza, e eu disse que iria
deitar e que ele podia ficar no sofá por causa da hora. Ele é um cara legal, no
fim das contas. Ele não é nenhum Dave, aparentemente. Pelo menos, não
ainda.

Eu tomei meu caminho de volta para o quarto, mas não estava com
sono. Eu peguei a última caixa que faltava desempacotar, coloquei sobre a
cama e comecei a retirar minhas roupas de lá. Eram apenas as peças básicas,
como vestidinhos para o verão e shorts. Eu dobrei tudo e organizei em meu
armário. Quando terminei, eu tomei um banho de água gelada e deitei na
cama. Eu virei para um lado e para o outro, mas meus olhos não me
obedeceram.
Minha cabeça estava explodindo com as palavras Eu e beijaria e você.
Essas palavras saídas da boca que eu desejei durante minha adolescência
inteira; os lábios rosados pelos quais eu suspirei; a língua que eu desejei.
Só me dei conta de que havia madrugado, quando o céu começou a
ficar alaranjado. O sol estava nascendo, e eu tinha que está no trabalho em
poucas horas.

— Srta. Lazzari, o senhor Cross quer vê-la em sua sala. — Ouço Lúcia
dizer enquanto tento terminar um desenho.

Eu levanto minha cabeça e olho para ela com um sorriso amarelo,


forçado e cansado. Eu lanço uma olhada para as portas grandes de seu
escritório e eu me sinto ainda mais cansada por dentro. Eu não estou
preparada para olhar em seus olhos ainda. Mas eu forço minhas pernas a
trabalharem até seu escritório, ciente de que ele pode estar me observando de
suas várias telas planas. — Pediu para me ver? — eu pergunto quando eu
entro, após uma breve batida em suas portas.
Ethan está lá, por trás de sua mesa, inclinado para trás em sua poltrona
e seus olhos estão sobre mim. — Precisamos conversar. — Ele diz com seu
tom habitual baixo e rouco, e desconcertante para qualquer mulher.
Eu cruzo meus dedos, uns nos outros e os aperto contra meu estômago
quando ele começa a pesar dentro de mim. De repente, eu estou preocupada
com minha aparência. Eu passei mais maquiagem que o normal para
esconder minhas olheiras, mas eu não pude controlar meus cabelos, então eu
apenas o puxei para cima e o prendi em um rabo de cavalo. Minha calça é
branca, minha blusa é uma bata vermelha, com um colar de esmeraldas
pendurado em meu pescoço e um escarpim preto. Eu não estava insegura com
isso até esse momento. Eu nunca estive insegura sobre a minha aparência.
Eu não quero uma situação estranha, então, eu dou um passo à frente e
pego seus olhos, — Antes de você falar qualquer coisa, eu quero muito pedir
uma coisa.
Ele me olha por um momento em silêncio, em seguida, ele faz um
gesto para que eu continue.
Puxo o ar para meus pulmões. — Eu passei a noite inteira pensando
sobre o que você me disse-

— Sobre eu querer beijar você? — ele ergue uma sobrancelha,


intrigado.
Eu aceno, confirmando e continuo. — Ethan, eu já confessei que eu
tive uma paixão por você na adolescência, mas isso é passado. Eu já passei
por tanta coisa depois daquilo, e eu tenho medo de vivenciar tudo de novo.
— Beijar você faria você vivenciar tudo de novo?

— Você é o tipo de cara que machuca apenas de se olhar. — eu digo


em voz baixa. — Você é amigo dos meus irmãos, então porque você não
pode ser meu amigo, também? Seja meu chefe aqui dentro, e meu amigo lá
fora! Apenas seja meu amigo, Ethan... e não fique me fazendo passar noites
desacordada.
Ethan me olha tão profundamente agora, que eu quase me sinto
invadida. Eu só não dei meia volta e saí pela porta, porque o motivo pelo qual
eu estou aqui é porque ele me chamou. Eu aperto mais minhas mãos em meu
estômago, sentindo meu rosto muito quente.
— Você acabou? —pergunta ele, calmamente. Eu concordo, ele acena,
levanta e agarra seu terno estendido no encosto da cadeira. — Ótimo.
Teremos uma reunião dentro de um minuto.

— Uma reunião? — Eu estou confusa quando eu pergunto, assistindo


ele dar a volta em sua mesa.
Ele para em minha frente, uns quatro a cinco centímetros mais alto que
eu, e ele sorri para mim. Aquele sorriso de lado que ele tem. — Vamos falar
sobre seus desenhos, Less. Não é apenas sua boca que me interessa aqui.
Eu estou dividida entre chateada, porque eu acabei de pedir para ele
não dizer coisas que vão me deixar acordada durante toda a noite, e animada,
porque estou indo em uma reunião falar sobre meus desenhos. Estou ansiosa,
com os dentes trincando quando eu o sigo para fora da sala e pego minhas
coisas em minha mesa.

A reunião acabou e eu sou a responsável pelo mais novo lançamento


da E.C. Aeronáutica. Eu mal posso acreditar, mas eu envio uma mensagem
para Brid, para meus irmãos, minhas cunhadas, para Hetor e para Helena. Eu
não me preocupo em enviar uma para minha mãe. Eu não me lembro de ter
perdoado ela ainda, e eu não estou muito apressada para isso.
Entre minha palavra e a de seu mais novo namorado, – dois anos mais
velho que eu – ela escolheu acreditar na dele. Depois disso, eu saí de sua casa
e eu nunca mais quis voltar. Eu me estabilizei nesse país e só saí para me
especializar, então eu estou de volta.
No final do expediente, eu peguei minha bolsa e fui para o elevador
privado. Quando as portas estão prestes a fechar, uma mão grande entrou no
meio das duas e elas recuaram. Então todo o corpo enorme de Ethan veio
para dentro.
Eu vou mais para trás até que minhas costas estão contra o espelho do
elevador. Eu poderia dizer que estou sufocada, mas é algo pior que isso. Eu
estou sentido a quentura do seu olhar sobre o meu rosto, o seu cheiro de
homem muito masculino e meu coração querendo ultrapassar minha costela.
Eu pisco para ele. — Obrigada pela oportunidade. — Eu digo, porque
eu não sou capaz de dizer qualquer outra coisa agora. Eu estou intrigada
comigo mesma por essa reação repentina a ele.
— Less, você é boa. Não teria a oportunidade de não fosse. — ele diz,
em seguida, sua cabeça pende para trás, na parede de aço do elevador e seus
olhos estão no teto por um momento. Ele vira a cabeça só um pouco para
seus olhos caírem sobre mim, e seus lábios enrolam em um sorriso divertido.
— Eu ainda quero beijar você.

Sua voz baixa causa coisas ruins bem no meio das minhas pernas. Eu
forço uma carranca para ele. — Ethan! — eu reclamo.
O elevador apita, avisando que chegamos ao térreo e ele desencosta,
arrumando seu terno em seus ombros. — Sou amigo dos seus irmãos e se
você quer que eu seja seu amigo, eu serei. Mas isso não significa que eu vou
parar de querer te beijar. — ele avisa seus olhos diretamente nos meus, me
sufocando.

Eu balanço a cabeça sem fôlego e digo, — Querer não é poder,


amigão.
Ele levanta a mão e seus dedos tocam meu queixo, forçando minha
cabeça para cima e ele segura meus olhos mais uma vez. — Eu quero e eu
posso. — diz ele, num sussurro. — Mas eu vou respeitar você, Less.
Ele me solta e ele sai do elevador, deixando meu corpo e meu queixo
queimando. Eu volto a me encostar no espelho, um gemido frustrado saindo
da minha garganta quando percebo que será mais uma noite que eu não vou
dormir.
As portas do elevador ainda estão abertas, e todos que passam por
elas, me olham com curiosidade. Obviamente ninguém além do chefe
costuma pega-lo. Eu passo meu cartão ao lado do pequeno monitor e as
portas se fecham e o elevador começa a subir novamente. Eu apenas preciso
de um tempo sem olhares curiosos sobre mim.
CAPÍTULO CINCO

Eu tinha acabado de notar que o domingo havia amanhecido


ensolarado quando recebi uma mensagem da Mel me avisando que teria um
dia na piscina na sua casa. Eu não tinha marcado nada para hoje, além de ver
o Kai mais tarde, então eu respondo a mensagem com um "logo estarei aí!
Guarde a minha cerveja!". Eu fui até a cozinha e tomei meu café da manhã,
em seguida, tomei um banho, e depois abri o meu armário reservado para
meus biquínis.
Sim, eu tinha vários. Todas as cores, quase todos os modelos. Eu me
tornei obcecada por biquínis depois do dia no Brasil, com Ethan. Parando
agora para refletir o que eu nunca havia percebido... tornei-me obcecada
especialmente depois da cena em que ele entrou pela porta e "supostamente"
olhou para meu corpo, coberto por um biquíni vermelho. Aquilo me fez sentir
sexy, pela primeira vez após ter pegado meu namorado me traindo. Eu passei
os últimos dois anos em Berlim, que é uma cidade gelada, mas mesmo assim,
eu passei esses dois anos encomendando biquínis em lojas virtuais como uma
louca com algum tipo de TOC esquisito.
Eu varro os olhos sobre todos os meus 58 biquínis, organizados em
fileiras e por cor. (Eu avisei sobre meu TOC antes, certo? Bem, isso faz parte
dele.) Eu escolho um par vermelho. Eles me fazem lembrar da sensação boa
que fez minha pele esquentar no Rio.
O biquíni é simples embaixo, uma calcinha normal, mas na parte de
cima tem duas tiras que formam um X sobre meu estômago e amarra nas
costas. Seu tecido aperta em meus seios, de forma que o decote está bastante
generoso. Eu sorrio para o espelho, virando-me de costas para ver quão bom
meu bumbum ficou também. Mas meu sorriso vai morrendo quando minha
mente, de repente, começa a imaginar como seria se Ethan me visse nele. Eu
não posso pensar no Ethan dessa forma. Eu estou saindo com Kai agora, e já
faz um mês.
Eu visto um vestidinho de verão por cima, e pego meu celular e minha
bolsa, e saio de casa. Eu chego à garagem do meu prédio, clico no meu
controle e meu Jeep Renegade apita. Sua cor é de um vermelho sangue, tão
brilhoso, que ele se destaca no meio de todos os outros carros brancos, cinzas
e pretos.
Humanos normais e clichês...
Ele foi o único presente que um dos meus irmãos tentou me dar, que
eu aceitei sem reclamar. Eu precisava me locomover, e eu não tinha nem
parado para pensar sobre ter um carro. Foi quando Giovanni apareceu na
portaria do meu prédio, enquanto eu esperava um táxi lá, e jogou a chave
para mim, com um "Não ouse negar, nem reclamar. Você não vai sair por aí
de táxi ou qualquer outro tipo de veículo que não seja esse. — Ele apontou
para o veículo. — Estou falando sério, Alessa. Use-o!”.
E agora vocês entendem o motivo de não reclamar. É impossível
discutir com Giovanni tsunami Lazzari.

Estava estirada em uma espreguiçadeira, enquanto Mel, Aurora e


Juliet ocupavam as suas ao meu redor.
— Não me lembro de termos feito isso alguma vez. — Aurora diz. —
O que te levou a essa ideia?
Ela está falando com a Mel, então eu não me preocupo em abrir meus
olhos. O sol está na medida certa e eu posso sentir minha pele queimando, de
um modo que, com certeza, mais tarde eu estarei com uma marquinha de
biquíni muito boa.
— Bem, nunca fizemos. — Mel concorda. — É que eu tentei arrumar
uma forma boa para contar pra vocês...
Ela parou, e a curiosidade me pegou. Eu levanto um pouco a cabeça e
puxo meus óculos um pouco para baixo no meu nariz, para olhá-la sobre ele.

Mel se sentou em sua espreguiçadeira e cruzou as pernas por baixo de


si. Ela hesita um pouco e coloca o cabelo para trás das orelhas. Ela se remexe
um pouco, parecendo um pouco ansiosa. Só então ela diz, — Eu contei pro
Lucca ontem à noite, e ele está tão feliz! Meu Deus, eu estou tão feliz!
— Conte logo! — Juliet pede tão curiosa quanto todas nós nesse
momento.

Mel sorri abertamente. — Estou grávida de quatro semanas!


Minha boca cai aberta, e as meninas pulam de suas espreguiçadeiras
para abraça-la e parabeniza-la. E de repente eu estou tão emocionada. Ela
parece tão em forma em seu biquíni, que eu nunca imaginaria isso. — Mas
você está tão em forma... — Enfim, eu me manifestei e forcei-me a levantar e
lhe abraçar.
Essas três mulheres, (e Raquel) foram às únicas mulheres que eu não
tive uma crise de ciúmes extremo dos meus irmãos. Foi como se eu sentisse
que elas os fariam felizes. Eu amo todas como minhas irmãs mais velhas, e
ver que a família está crescendo cada vez mais, me traz um conforto enorme.
Mel passa suas mãos pela barriga ainda plana. Um sorriso típico de
mãe se forma em seus lábios, quando ela diz, — São só quatro semanas. Em
breve começará a aparecer!
— Oh Deus! Por isso eu vi você no hospital aquele dia! — Juliet
lembra animada.
Então ela, Aurora e Mel começam a falar sobre como é bom ter filhos,
e como eles dão trabalho. Aurora pergunta se Juliet não quer outro filho, e ela
balança a cabeça imediatamente.
— Três são o suficiente, obrigada.
Mel ri. — Mas você tem um que está prestes a ir pra faculdade. Não
conta.
— É aí que mora o perigo. Um adolescente no auge dos hormônios.
Perdi as contas de quantos telefonemas tive que atender de meninas fogosas
atrás dele.

— Eu estou feliz que tenho uma menina. Giovanni que tenha dor de
cabeça em sua adolescência. — Aurora diz, balançando a cabeça e sorrindo.
Eu começo a sentir vontade de usar o banheiro, então eu peço licença
e entro de volta na casa. Eu atravesso a cozinha e sigo o primeiro corredor até
encontrar o banheiro. Eu faço xixi, lavo as mãos, admiro o quão bronzeada eu
estou, e volto para a cozinha. Antes de voltar para a conversa motivadora pra
ser mãe, eu alcanço o freezer e agarro uma garrafinha de água.
— Droga! — eu me assusto com o praguejar de alguém, em seguida,
— Merda! Merda! Merda!
Viro-me um pouco assustada e vejo quando Ethan entra na cozinha,
segurando algum animal inflável para ser cheio, com Ben ao seu lado. Eu
congelo vendo-o com o óculos escuros puxados para cima em sua cabeça,
camisa azul clara, de tecido fino e bermuda cargo. Ele para quando me vê, e
dessa vez, com toda certeza, totalmente sóbria, eu vejo quando seus olhos
descem por todo meu corpo, em uma lentidão dolorida.
Eu não sabia que ele estaria aqui, então eu não quero que ele pense
que eu coloquei esse biquíni por conta dele. Ele não precisa saber a verdade
de tudo, afinal.

Seus olhos levantam e prende os meus. Ele não sorri, eu tampouco.


Ele desce os olhos e olha para minha boca, por isso, eu preciso abri-la em
busca de ar, porque saliva já faltou.
— Tio E, você vai encher ou não? — Meus olhos caem para Ben, que
está olhando para Ethan em expectativa.
Ben já está com quatro anos e é a criança mais inteligente que eu
conheço. Ele até consegue ludibriar suas primas mais velhas quando ele quer.
Ele veste apenas uma pequena sunga do Capitão América e para meu delírio
de tia, uma réplica idêntica de um dos óculos escuros de seu pai, um rayban
estilo aviador. Ele tem uma coleção bem abaixo da coleção do Lucca. É a
coisa mais fofa e linda do mundo.

— Vamos lá, amigão! — Ethan chama e eles caminham para fora da


casa, em direção aos jardins.
Eu aproveito isso e respiro várias vezes para compensar o ar que eu
perdi quando Ethan entrou na cozinha.
Nós temos mantido as coisas no profissional. Eu faço meu trabalho e
ele me diz se está bom ou não. Ele não falou mais sobre querer me beijar,
mas vez ou outra, eu o pego encarando minha boca. Isso está cada vez mais
difícil de controlar, porque eu estou começando a querer isso, também. Ele
tem saído com muitas mulheres; as revistas e sites de fofocas adoram dar
ênfase à vida pessoal do CEO Aeronáutico mais quente do momento. Não
que eu perco meu tempo folheando revistas ou stalkeando sites pela internet,
eu apenas tenho uma melhor amiga que ama essas coisas, e ela faz questão de
me passar detalhes tudo que ela ver. Às vezes, quando eu saio para almoçar
com Kai, ou qualquer outra coisa com Kai, eu posso sentir o seu olhar
queimando em minha nuca quando ele está próximo.
Eu não comecei a sair com Kai porque eu queria tentar me livrar dos
meus sentimentos estranhos por Ethan, mas um mês depois, eu estou
começando a achar que está virando para esse lado.

Eu levo a garrafa para minha boca e tomo um pouco de água para


molhar minha garganta.
Ethan volta para dentro logo depois, e seus olhos estão sobre mim.
Mais especificamente transitando entre meu decote e minha boca. Ele olha
para trás, para a aérea da piscina e se aproxima. Ele fica do outro lado da ilha
da cozinha e se inclina sobre ele. — Você está tentando me matar? — ele
simplesmente pergunta.

Eu fico confusa. — Desculpe?


Ele olha brevemente para meu decote, e volta para meus olhos. Seus
olhos estão brilhando, e eu amo que eles são de um tom quase cristalino.
Como a água da piscina. Ele diz calmamente, — Eu tentei durante um mês
respeitar o seu pedido de "só amizade". Eu consegui, apesar de ser quase
insuportável. Agora, me explique como eu vou seguir em frente, com o
pensamento de quão perfeita você deve estar com marquinhas de biquíni...
CAPÍTULO SEIS

Eu posso sentir todo o meu corpo mais quente do que ele já estava
depois de algum tempo no sol. Eu ainda não consegui absorver o que Ethan
me perguntou. Eu estou com uma mistura de envergonhada e excitada.
Eu olho para ele, e seus olhos estão novamente sobre o meu decote.
Os olhos azuis cristalinos passeiam pelo topo dos meus seios e então para
cima sobre a alça do meu biquíni. Era como se ele quisesse fazer com que a
alça caísse e minha marquinha ficasse visível para ele.
Meu peito se eleva com uma respiração pesada. Eu torço a tampinha
da garrafa e a fecho. Eu viro, abro a geladeira da casa do meu irmão, e
devolvo a garrafa para ela. — Amigos não dizem isso, Ethan. — eu digo. Eu
tento soar como uma brincadeira, mas ele não ri.
Ele apenas sorri, com uma forma tão maliciosa, que meu estômago se
contrai. — Foda-se. — diz ele, ríspido e aponta direto para minha boca,
quando ele diz baixinho, — Eu quero beijar você.
Eu dou uma olhada para fora, na área da piscina e outra para a entrada
da cozinha, certificando-me de que ninguém está próximo o suficiente para
escuta-lo. Não há ninguém. Apenas eu e ele, divididos apenas pela imensa
ilha da cozinha do meu irmão. Minhas bochechas estão tão quentes agora,
que eu cogito pegar de volta a garrafa de água gelada e pressioná-la contra
meu rosto.
Espalmo as mãos no mármore e olho para ele. Eu sussurro para ele, —
Ethan, estou saindo com Kai. Agora, mais que nunca, você não pode me
beijar. — Eu estou olhando-o, implorando para que ele apenas pare.
Ele não para. — Você também quer me beijar.
— Eu queria quando eu tinha onze anos. Tenho vinte e três agora.
— Então fale que não quer isso olhando nos meus olhos.
É onde eu percebo que não estou olhando para seus olhos. Eu estou
olhando para sua boca.
Patética.
Tão patética Alessa...
Pressiono os lábios juntos, a vergonha por ter sido pega me deixando
constrangida. Eu ergo meus olhos de volta para os seus, e levo um momento
para abrir minha boca para falar, mas quando eu finalmente faço, Lucca entra
na cozinha. Eu fecho a boca imediatamente.
Meu irmão olha para mim, depois para Ethan, suas sobrancelhas
franzidas, como se ele desconfiasse de algo. Eu não sou capaz de ver seus
olhos, porque estão escondidos por um óculos escuros idêntico ao do seu
filho. Ele não fala nada quando dá a volta na ilha e vem para o meu lado. Ele
abre uma das portas da geladeira, mas ele está com seu corpo grande virado
para mim, então eu viro para ele também.
Antes que ele pergunte o que está havendo, eu passo meus braços por
sua cintura, e ele passa seu braço livre pelos meus ombros e me abraça de
volta. Eu pressiono meus lábios em sua mandíbula, em seguida, ele pressiona
os seus do lado da minha cabeça. Ele cheira como ele mesmo.

Eu sempre amei seu perfume. Amei o perfume de cada um deles... até


mesmo o de Ethan.
— Congratulazioni, fratello! — eu digo para ele e o abraço mais forte.
Quando me afasto, eu vejo que suas sobrancelhas suavizaram e ele
tem um sorriso orgulhoso nos lábios. Ele pega um lado do meu rosto e beija o
lado da minha cabeça novamente. — Grazie, pequena. — diz ele contra meu
cabelo. Ele se afasta e tira duas cervejas da geladeira. Ele empurra uma por
cima do balcão e Ethan agarra com perfeição do outro lado. — O que houve?
— pergunta, querendo saber o motivo de estarmos aqui dentro e não lá fora
com os outros.
Ethan gesticula para mim. — Estávamos falando do quanto ela está
indo bem no projeto da nova coleção. — Ele leva sua garrafa para boca e
puxa a tampa, em seguida, ele toma um gole. Todo o tempo, ele está olhando
diretamente para mim.
Eu olho para Lucca, porque eu temo que ele perceba isso.
Mas meu irmão está muito ocupado espiando através das paredes de
vidro, vendo sua esposa de biquíni, na beira da piscina, falando alguma coisa
enquanto Ben, Mia e Pérola, escutam quietos. Lucca olha para mim e ele sorri
orgulhoso de novo.

— Estou muito orgulhoso de você, minha pequena. — Ele me abraça e


me beija de novo, antes de passar por mim e ir para a piscina.
Eu olho pra Ethan. Eu não posso evitar meus lábios se firmar um
sorriso animado. — Estou indo bem, realmente?
Ethan bebe sua cerveja. — Hum, não sorria dessa forma apenas
porque eu disse isso. — ele aponta para mim ao mesmo tempo em que limpa
a boca e tudo isso com as costas dança não que segura à cerveja. — Não
espere pelo meu julgamento, Less. Eu não posso dizer se você é ou não boa
no que você faz. Você tem que me dizer isso.
Eu ainda estou sorrindo, mesmo sem entender o que ele está falando.

Ele está me dizendo que ele não sabe me dizer se estou boa ou não no
trabalho? Será que ele quer dizer que eu preciso ser confiante comigo
mesma?
—Estou indo lá para fora. — Eu aviso e começo a caminhar para as
portas duplas de vidro.
— Você disse olhando nos meus olhos, Less. — O ouço dizer as
minhas costas.
Eu olho por cima do ombro e eu vejo que seus olhos estão sobre
minha bunda. Eu sorrio internamente e volto para minha espreguiçadeira.

Estou em casa agora. Cheguei há pouco mais de meia hora e eu já


tomei um banho e me enfiei dentro de um shorts de moletom cinza e um top
preto e prendi meu cabelo em um nó no alto da minha cabeça.

Está perto da hora do jantar e Kai também chegará em breve, então eu


ligo e peço uma pizza com queijo especial. Enquanto eu espero, eu pego meu
caderno de desenho e sento-me no sofá. Eu não estou com inspiração para
desenhar o gráfico de nenhum avião agora, por isso começo a desenhar o que
eu tenho em mente. Estou escurecendo os contornos da boca de Ethan,
quando meu celular toca.
— Alô? — atendo, surpresa quando leio o nome de Ethan em minha
tela. Meu coração pula uma batida.
— Por favor, avise ao seu porteiro que eu posso subir até aí. Ele me
disse que o único autorizado além de seus irmãos, é aquele garoto. Eu pensei
que éramos amigos, Less.— Ele parece um pouco decepcionado nessa ultima
frase, apesar de seu tom brincalhão.

Meus lábios começam a se esticar em um sorriso, mas então eu


absorvo suas palavras com mais calma e eles se desfazem. Ele está aqui? No
meu prédio?
— Você está no meu prédio? — pergunto. Eu largo o meu caderno ao
meu lado no sofá e me desencosto, com os olhos largos e o coração na
garganta.
— Hum... Realmente não me lembro de ler que o nome do edifício é
Alessa, mas sim, eu estou aqui embaixo.
Eu não sorrio da sua piada, porque eu estou paralisada.
Ele está lá embaixo. O que diabos ele veio fazer aqui?
— Less. — ele geme do outro lado. — Apenas ligue para seu porteiro
e me libere! Eu trouxe pizza e limonada.
Levanto do sofá e mesmo sem mesmo dar uma palavra, eu ando até o
interfone e o retiro do gancho. — Dê-me alguns segundos. — eu digo pra ele
e finalizo a chamada. Eu ligo para portaria e falo para meu porteiro, o
Freddie, um senhor de idade, ex-militar aposentado, e confirmo que Ethan
Cross está liberado.

Se eu não soubesse que Freddie sabe que meus irmãos são, de fato,
meus irmãos, estaria preocupada sobre o que ele pensa de mim, recebendo
tantos homens aqui.
Dois minutos depois, há batidas na minha porta. Involuntariamente, eu
viro para me olhar no espelho da sala quando eu passo para a porta. Meu
cabelo está ok e meu rosto ainda está corado do sol. Eu vou para porta e abro.
Ethan está do outro lado, segurando a pizza com uma mão e uma
sacola plástica em outra. Ele está todo de preto hoje, parecendo ainda mais
bonito que o normal.
É possível isso?
Provavelmente sim.

Eu saio da porta, dando-lhe espaço para passar, e ele entra. — O que


veio fazer aqui? — pergunto quando fecho a porta.
Ethan segue até a ilha da minha cozinha, caminhando como se ele
fosse o dono da casa. Ele deixa a pizza e a sacola sobre o balcão e olha para
mim. — Somos amigos. Amigos passam algum tempo juntos, certo? — Ele
abriu a caixa da pizza e o cheiro de calabresa e queijo me conduziu até eles.
— Eu pedi pizza também. — eu digo. — Kai chegará em breve,
então...
Ethan olha para mim, sua sobrancelha arqueada. — Diga para ele não
vir hoje.

— Por que eu faria isso?

— Porque hoje é o dia do seu amigo. — diz ele.


Eu não me convenço porque ele não se aproximou em nenhum
momento pelo último mês para "um dia com o amigo". Ele apenas foi meu
chefe, e não nos vimos fora do prédio da E.C.A além do dia que Enzo fez um
jantar em sua casa para comemorar o aniversário de Juliet.

Ethan pega uma calabresa da pizza e joga na boca. — Além disso, eu


preciso de um tempo com você. — ele diz. — Preciso descobrir algo que me
faça ter pavor de até mesmo olhar para sua boca gostosa. — Ele se inclina e
toca seu dedo indicador em meus lábios quando ele fala essa última parte.
Meus lábios secam na mesma hora e meu coração pula. Só o toque do
seu dedo faz isso comigo; eu não quero imaginar o que fará o seu beijo, o seu
toque mais preciso e longo.
Ethan parece ler meus pensamentos, ou ele apenas sentiu o cheiro da
minha excitação porque ele vem para mais perto e uma mão sua pega um
lado do meu rosto. Seu polegar se arrasta ao longo dos meus lábios, minha
bochecha, minha mandíbula, e volta para meu lábio inferior de novo. Ele
pressiona mais lá, forçando meus lábios a se abrir.

Eu gemo lutando para não fechar os olhos com a sensação.


Kai é bom no que faz, mas ele precisa de muita preliminar para me
deixar perto dessa situação.
Eu venero o sexo, e eu tenho a leve impressão que Ethan me faria
venera-lo ainda mais. O ponto no meio das minhas pernas está tão dolorido
que eu sinto palpitar como o meu peito esquerdo agora. Cada lugarzinho do
meu corpo está em alerta.
Sua outra mão me alcança, também, mas ela segue para tocar meu
pescoço, em seguida, minha clavícula, e chega à alça do meu top. De forma
lenta, ele afasta a alça até que ele a desliza pelo meu ombro, então ele volta e
toca a marca do meu biquíni. Ele faz isso com a outra, também. Ele agora
está olhando diretamente para elas, seus lábios separados em busca de ar
enquanto ele me toca. — São lindas em sua pele. — ele sussurra e eu sinto
sua respiração quente em minha bochecha. — Caralho! — ele geme, seus
dentes cerrando. — Agora não é só pela sua boca que eu estou obcecado. —
Ele encontra meus olhos. — Não deixe que elas sumam. Nunca.
Eu aceno, hipnotizada pelos seus olhos e seu toque. Eu não vou deixá-
las sumirem, mas eu não digo isso em voz alta.
Ethan mais uma vez me fez sentir sexy. Ele tem esse dom. Ele abaixa
um pouco a cabeça e roça sua bochecha na minha. Quando abaixa mais e seus
lábios pressionam na pele do meu ombro, meu celular apita.
Não uma vez, mas quatro vezes seguida.
Ele rosna irritado e eu suspiro aliviada. Eu não seria capaz de pará-lo
por mim mesma. Eu me afasto, sentindo-me escorregadia entre as pernas e
pego o celular que deixei perto do interfone. Há quatro mensagens de Kai
seguidas.
Kai: Ainda estou no jantar com minha mãe.
Kai: Tudo bem se eu chegar um pouco mais tarde?
Kai: Prometo compensá-la mais tarde.

Kai: Estou com saudades de você.


Eu leio tudo e olho para cima, para Ethan. Eu posso dizer pelo seu
olhar que ele sabe quem me mandou as mensagens. — É Kai. — eu digo pra
ele mesmo assim.
Ele arqueia uma sobrancelha e há um leve enrolar em seus lábios. Ele
pega uma fatia de pizza e dar uma mordida. Então ele diz depois de mastigar.
— Cancele seu encontro. Dia do amigo, Less.
CAPÍTULO SETE

Eu enviei uma mensagem de volta para Kai, dizendo-lhe que precisava


desmarcar hoje. Eu disse que estava indisposta por conta do longo dia de hoje
com meus sobrinhos. Era óbvio que eu não diria a ele que o motivo era que
Ethan resolveu vir até aqui e não vai sair. Eu não queria explicar o porquê
nosso chefe estava na minha casa. Não agora.
Kai me enviou um "Você está se sentindo mal?" Em seguida, "Eu
posso te levar um remédio ao algo assim.”.
Eu gemi olhando para o celular, chateada comigo mesma por estar
mentindo para ele. Levanto meu olhar para Ethan e vejo-o sentado no meu
sofá agora, com a caixa da pizza no colo e duas limonadas sobre meu centro
de sala. Nós nunca tivemos um tempo assim, porque ele sempre foi apenas o
amigo dos meus irmãos, não meu.
Ele olha para mim e dá uma mordida em uma fatia com calabresa. —
A pizza está esfriando. — ele diz.
Estreito meus olhos para ele. Eu estava nervosa e ainda tremendo,
sentindo seu toque em minha pele. Eu olho de volta para meu celular e
mando para Kai, "Só um pouco indisposta. Nada de mais. Vejo você
amanhã!". Eu coloco o celular em cima do balcão da cozinha, sem esperar
para ver sua resposta e vou para sala. Eu sento no meu tapete, com as pernas
cruzadas sob meu corpo.
Ethan está sorrindo, parecendo satisfeito. Ele desliza pela ponta do
sofá e vem para baixo, pro tapete também. Ele estica suas pernas longas em
sua frente e me oferece a caixa de pizza.
Eu pego uma fatia e mordo. — Se você queria um momento de
amigos, por que não procurou um dos meus irmãos? — Eu procuro saber,
curiosa sobre isso.

— Eles devem está fodendo agora. — ele diz, encolhendo os ombros.


— Não queria empatar a foda de ninguém.
Ergo minha sobrancelha. — Esse seu querer não foi muito bem
concedido. — digo, sorrindo sugestivamente.
Ele entende, porque eu posso ver algo brilhar em seus olhos. Ele
lambe os lábios rosados, retirando o excesso do molho. — Se você me
deixasse te beijar, garantiria que ninguém iria empatar.

Eu ofego em descrença. Eu já tinha ouvido as línguas soltas dos meus


irmãos, quando eles não eram comprometidos; eu mesma tinha igual, mas
não estava preparada para língua solta de Ethan. Isso me esquentava. Eu, com
certeza, teria que tomar outro banho antes de ir para cama.
Eu jogo um olhar, implorando para ele. — Ethan, estou com alguém.
Não pode me falar essas coisas.
Ele apenas me olha, por uns instantes. Seus olhos parecem analisar de
perto.
Eu sinto que meu peito vai cair do meu peito a qualquer momento. Eu
sinto a umidade entre minhas pernas, também. Está quente. Todo meu corpo
está.

— Fique comigo, então. — diz ele. E a forma como ele fala, é como se
fosse tudo muito simples.
Assim, "não importa que você esteja com alguém durante um mês
inteiro, apenas deixe-o e venha ficar comigo."
Eu olho para baixo em minhas mãos. Uma está descansando em minha
perna, a outra está segurando minha fatia de pizza. Eu falo, mas minha voz
sai baixa, — Não é tão simples assim, Ethan.
E não é. Eu não posso simplesmente acabar com Kai. Não por causa
de Ethan. Kai está se mostrando bom, preocupado, gentil, e fiel, até agora.
Enquanto Ethan se tornou um verdadeiro furacão após sua perda. É como se
ele não quisesse mais se apegar a ninguém.

— Eu posso tornar simples. — diz ele, calmamente. — Você quer ver?


Eu ignoro sua pergunta, porque eu não vou lhe responder isso. Em vez
disso, eu devolvo minha fatia de pizza para a caixa que ele deixou entre nós e
olhei para ele. — Supondo que eu deixe você me beijar, — eu digo, querendo
testar algo. — então você me beija, eu te beijo de volta, e o clima começa a
ficar quente, e você acabaria sobre mim, nesse tapete, em seguida, você
tiraria nossas roupas, e com certeza, estaríamos fodendo em instantes. Como
dois loucos, bem aqui. — eu toco o tapete ao meu lado. — E depois?
Amanhã? Você apenas voltaria ao seu papel de chefe e provavelmente, eu
voltaria a ser apenas a irmã caçula dos seus melhores amigos e sua
funcionária enquanto você saia com suas mulheres modelos, de pernas
longas?
Quando eu termino de falar, Ethan está me observando, o espaço entre
suas sobrancelhas bem feitas estava franzido, concentrado. Ele me olha
calmamente e diz, — Não namoro, Less. Não mais. — ele diz com
sinceridade.
Apesar de estar esperando por essa resposta, eu sinto meu peito
afundar com decepção. Eu o entendo; eu não queria, também. Eu passei os
últimos anos sem querer sequer uma conversa após sexo. Até que aconteceu
com Kai. E eu estou começando a me apegar a ele. Eu tenho uma atração
inexplicável pelo Ethan, mas eu gosto de Kai. E quero algo que eu me sinta
segura.
Uma transa de uma noite com Ethan, não me faria sentir assim. Muito
pelo contrário, eu apenas sentiria mais dor.
— Eu também não. Pelo menos, não até agora. — eu falo para ele. Eu
dou de ombros, mas eles estão tão pesados agora, que eu não acho que ele se
moveu muito. — Eu não consegui confiar em um homem depois de Dave.
Ele acabou com toda a autoestima que eu tinha, naquele dia. Mas então, eu
conheci Kai-.
— E você acha que ele é o cara certo? — Ele me interrompe para
perguntar isso.

Encolho os ombros mais uma vez. — Como eu posso saber? A única


coisa que eu sei, é que ele se preocupa comigo, e ele quer me namorar. —
meus lábios enrolam em um sorriso quase melancólico quando eu digo, —
Ele até já mencionou que quer conhecer minha família e me apresentar à
dele!
Ethan assente, seus olhos inexpressivos, não me dando nenhuma dica
do que ele está realmente pensando. — Tudo bem. — É tudo que ele diz.

Tudo bem. Ele apenas disse que tudo bem.


Por algum motivo que eu desconheço, eu sinto as lágrimas arderem
por trás dos meus olhos. Por que diabos estou tão decepcionada por ele ter
desistido de mim assim tão fácil?
Mas então, por que eu estou tão surpresa? Meu verdadeiro pai desistiu
de mim antes mesmo que eu pudesse nascer; minha mãe preferiu seu
namorado jovem que a mim; meu namorado me traiu tantas vezes que acabou
me trocando por uma sósia feminina do Jack Chan. Eu não tenho o direito de
ficar surpresa pelo Ethan apenas desistir.
Ele sofreu muito, também. Não posso culpa-lo por isso.

Meu interfone toca e eu pulo em meus pés para ir atendê-lo. Permito a


subida do entregador de pizza e volto para a sala.
Ethan está afagando a nuca com uma mão. Ele levanta os olhos e olha
para mim. Ele sorri, e eu forço meus lábios para fazerem o mesmo.
— É a pizza que eu pedi. — eu digo pra ele.
Ele ri. — Jesus. Vamos nos entupir com pizza?
E então parece que ele está tentando melhorar o clima pesado que
ficou após nossa conversa.
Eu jogo minha decepção para o lado e sorrio. — Oh sim. Da próxima
vez, quando você resolver que deve ser o dia do amigo, me ligue, avisando
que trará uma.
CAPÍTULO OITO
ETHAN

Inclino-me um pouco para o lado, sobre o braço da minha poltrona e


abro a última gaveta da minha mesa do escritório. Levanto alguns papéis
importantes, que eu guardo ali e, do fundo da gaveta, eu retiro um envelope
rosa bebê, com um adesivo dourado o mantendo fechado.
Logo abaixo do adesivo há "Para Ethan." escrito. E um pouco mais
embaixo, bem próximo ao final do envelope há "Lisa.”.
Certo dia, quase dois meses depois que ela me deixou, eu estava
tentando me concentrar no trabalho, quando sua mãe ligou para meu
escritório e me chamou para um rápido café.
Eu estava com raiva dela e de sua filha, mas ao mesmo tempo eu tinha
saudades e estava louco para ter notícias dela, uma vez que ela me proibiu de
procurá-la. Eu deixei tudo que estava fazendo e me apressei para encontrá-la
no Café da Esquina.
Ela me passou esse envelope sobre a mesa, seus olhos tristes,
vermelhos, e sem vida. "Ela se foi há uma semana." Ela disse. "E entregá-lo
esse envelope, foi seu último pedido."
Eu senti o momento em que o mundo desabou sobre meu peito. A dor
que eu senti foi tão pesada, tão extremamente dolorosa, que eu cogitei
arrancar meu coração com as mãos. A dor seria mais suave. Eu olhei para o
envelope sobre a mesa, e eu queria pega-lo e amassa-lo. Mas, em vez disso,
eu saquei minha carteira, peguei uma nota de cem e pus sobre a mesa, ao lado
da minha xícara de café intocável. Em seguida, eu puxei o envelope entre
meu indicador e maior de todos e levantei. Eu não agradeci, tampouco falei
qualquer palavra; eu apenas fui embora.
Lisa foi egoísta comigo. Por duas vezes.
Eu não sou hipócrita, então eu reconheço que provavelmente eu já
destruí alguns corações por aí, ao longo do meu caminho. Mas eu nunca fui
egoísta. Eu sempre deixei bem claro minhas intenções, desde o começo. Eu
sempre quis apenas sexo antes de Lisa, e todos saíam felizes com isso.
Com sinceridade. Sem mentiras. Sem egoísmo.
Se eu não insistisse, ela morreria sem me dizer. Em seguida, ela
escolheu matar nosso filho e morrer sem me deixar a chance de estar com ela.

Mas ela me pediu para seguir minha vida, e encontrar uma mulher
para amar, que seja saudável e me ame de volta.
Eu segui seu conselho, em parte. Eu não estou procurando uma
mulher; estou transando com elas. Uma transa de uma noite. Como nos
velhos tempos.
E agora há Alessa. Eu tenho notado ela desde a nossa ida ao Brasil.
A conheci quando ela tinha apenas onze anos. Eu a via crescer apenas
como uma irmã mais nova, porque os irmãos dela são como meus irmãos.
Mas ela cresceu, e eu notei isso quando entrei naquele quarto de hotel e a
peguei com nada além de um biquíni vermelho. Ela mostrou ter curvas que
muitas mulheres passam horas na academia para ter. Ela está linda. Uma
mulher linda e atraente, e é impossível você não nota-la. Ela foi para
Alemanha para seu estágio de especialização, e então quando volta, ela vem
ainda melhor.
Eu não pude evitar salivar por ela. Pela sua boca. Pelo seu corpo.
Mas, especialmente, pela boca.
Porém, depois da nossa última conversa, estou me sentindo como um
filho da puta. Eu não tinha o direito de pensar em cogitar ter uma noite com
ela. Seria uma loucura deliciosa, porque com certeza, ela sabe o que faz,
então seria o encaixe perfeito, mas isso a machucaria.
Ela ainda acredita em um relacionamento bom, estável e fiel.
Mas eu não.
Ela está certa quando diz que no dia seguinte ela será apenas minha
funcionária e irmã mais nova dos meus amigos para mim. Ela estaria
quebrada, e de quebra, eu não conseguiria olhar nos olhos dos meus amigos.
Ela quer minha amizade, então será tudo que eu darei a ela a partir de
agora.
Eu olho para o envelope rosa bebê em minhas e para a caligrafia
escrita de caneta num tom mais escuro de rosa.

Lisa adorava rosa. Ela tinha uma coisa forte com essa cor.
Eu levanto minha outra mão e toco o adesivo dourado brilhante que
mantém o envelope fechado, mas eu não abro. Estou com essa indecisão
desde o dia em que recebi, e eu não sei se um dia terei coragem para abrir. Eu
não estou pronto para ler o que tem escrito, eu só queria poder ter me
despedido, saber onde ela se enterrou. Eu poderia apenas usar minhas
ferramentas para descobrir, mas ela disse que não, então eu não faço. Inclino-
me de novo e devolvo o envelope para o fundo da gaveta e tranco-a. Volto
para trás, me encostando a almofada confortável do encosto da minha
poltrona, e colocando a cabeça para trás, eu fecho os olhos.
Eu não estou pronto para nada agora.

Eu não quero ler a carta.


Eu não quero ter que ir amanhã trabalhar e encarar Alessa.
Eu não quero lidar com toda a merda que eu tenho na minha cabeça.
Eu quero apenas dormir o dia inteiro de amanhã e esquecer de tudo ao
meu redor.
**
CAPÍTULO NOVE

Eu assisto deitada enquanto Brid separa os produtos de cabelos que ela


usará hoje, em cima da cama. Há mais de cinco produtos em seu colchão, e
ela parece está decidindo se precisa de mais algum. Eu olho para cima, para
seus cabelos soltos sobre os ombros.
Eles são do comprimento de seus ombros, e estão de uma forma como
se alguém tivesse pegado uma faca de cozinha e repicado ele.
Eu não digo isso a ela, no entanto. Iria magoa-la mais do que ela já se
magoa quando se olha no espelho.
Em vez disso, eu rolo na cama, erguendo meu corpo em um cotovelo e
encostando meu rosto na palma da minha mão. — Como está Jack? — eu
pergunto.
Ela desvia os olhos de seus produtos e quando encontra os meus, há
um brilho triste. — Eu ia te contar sobre isso. — Ela diz. Ela se senta na beira
da cama e suspira tristemente.

Eu imediatamente fico em alerta e me sento, esperando para saber o


que aconteceu para deixá-la dessa forma.
— Nós acabamos ontem à noite. — ela me diz com um soluço baixo.
— Oh, não! Brid... — eu inclino para frente e alcanço sua mão.
Brid era tão apaixonada por Jack. Sempre foi, e isso me fazia sentir
medo por ela.
Eu sabia exatamente o que era sentir a dor de um fim de
relacionamento e eu não queria que ela sentisse isso. — Venha aqui, querida.
— Eu puxo sua mão e ela vêm para perto.
Eu abraço ao redor de seus ombros quando ela enterra seu rosto em
meu peito e começa a soluçar. Eu arrasto minhas mãos pelo seu cabelo,
afagando-a.

— Uma palavra sua e amanhã, ele estará sem o pau. — eu repito as


palavras que Ethan me disse uma vez, contra sua cabeça.
Seus ombros sacodem um pouco quando ela ri. — Deus, Alessa! —
ela diz, abafado.
Eu ri, também, em seguida, eu sorri e beijei sua cabeça.

— Não foi ele, fui eu. — Ela diz, afastando-se o suficiente para
levantar a cabeça e olhar para mim. Seu rosto está banhado com lágrimas e
ela enxuga com as mangas de sua camisa.
Eu levanto uma mão e afago seu braço, meu peito apertado por vê-la
dessa forma.
Brid tem seus olhos para baixo enquanto suas unhas pintadas de rosa-
choque arrancam fiapos do seu lençol. — Todos os dias nós brigávamos. Por
coisas fúteis. As mais fúteis que se pode imaginar. — diz ela, seu tom baixo.
— Às vezes eu parava pra pensar e via que não valia a pena ficar empurrando
nossa relação adiante. As pessoas dizem que quando um casal briga muito, é
porque eles vão ficar juntos para sempre, mas eu discordo. É doloroso e
sufocante. Nada saudável.

Eu a entendo, apesar de que meu relacionamento com Dave quase


nunca brigávamos, uma vez que eu era como uma boneca em suas mãos – ele
fazia o que queria, e meu relacionamento com Kai só faz três meses e nós
ainda não tivemos uma briga. Quando alguma coisa nos incomoda, chegamos
e conversamos. Está funcionando até agora.
— Duh. — estalo a língua no céu na minha boca e sorrio divertida,
tentando fazer algo para fazê-la parar de chorar. — Eu nunca achei Jack
bonito, de toda forma mesmo.
Ela irrompe em uma risada, e eu a sigo. Estava apenas brincando,
obviamente.

Jack tinha o corpo de um jogador de futebol e a aparência de um


alemão; Cabelos loiros queimados, olhos azuis claros, lábios tão rosados que
parecia que ele havia passado batom. Ele era um homem lindo.
Ele só não era o certo para Brid, e agora ela sabia disso.
Brid olha para seus produtos e me dá um sorriso preguiçoso. — Eu
realmente preciso cuidar do meu cabelo agora.

— Estarei bem aqui. — digo, deitando de volta em sua cama. — Vá,


porque mais tarde, nós duas iremos sair.
Ela ergue uma sobrancelha para mim. — The Red hoje à noite?
Eu sorrio, sugestivamente e aceno consentindo.

— Eu gosto do contorno forte da mandíbula.


Eu olho para cima quando uma mulher asiática senta-se na cadeira ao
meu lado, seu corpo muito inclinado para o lado enquanto ela observa o meu
caderno de desenho. Eu imediatamente fecho meu caderno e faço uma careta.
— Eu não gosto de japonesas. Sem preconceitos, mas tenho meus motivos.
— Sorte a minha que sou coreana. — diz ela. Ela se ajeita em sua
cadeira e torce o anel da sua latinha de refrigerante. — Kono Young. — ela
pega seu crachá, pendurado em seu pescoço por um cordão verde-limão, tão
chamativo quanto à cor de seu cabelo; a metade direita é rosa e a esquerda é
verde.
Eu apenas olho para ela, tentando entender seu estilo emo gótica, com
olhos escuros, pintados ao redor por uma camada grossa de lápis preto, um
batom roxo, unhas pretas e cabelos coloridos. Eu estou surpresa por suas
sobrancelhas serem apenas pretas e não uma rosa e a outra verde.

Kono se inclina novamente, quando eu não falo nada e pega o meu


crachá. — Alessa Lazzari. Engenheira. — ela lê, em seguida, solta e volta
para sua cadeira. — Lazzari como de Lazzari Engenharia e Arquitetura?
Uh, que curiosa.
Eu confirmo com um aceno. — Como isso.

— Então, por que não trabalha lá?


Arqueio a sobrancelha. — Eu disse que era como isso, não que era o
mesmo.
Ela toma um gole de seu refrigerante e me lança um olhar arrogante.
— Você não precisa. Basta olhar para você e lembrar dos seus irmãos.
— Conhece eles?
Ela assente. — Trabalhei lá por um tempo. — ela pega novamente seu
crachá e me mostra. Logo abaixo do seu nome há "Designer". Ela diz, —
Conheço-os muito bem.
Eu sinto quando um som como se fosse frustrado sai da minha boca
quando olho para cima em seus olhos. — Não me diga que um deles dormiu
com você!
Ela ri, mostrando-me a fileira de dentes brancos, balançando a cabeça.
— Nah, — ela sorri. — eles são bonitos, mas não são meu tipo.
Ok, isso é uma surpresa. Até onde eu sei, meus irmãos é o tipo das
mulheres em geral. Elas sempre fizeram de tudo para chamar suas atenções.
Elas se tornaram psicopatas por eles. Eu não acredito que eles não são o tipo
de alguma.
Não é o dela, no entanto.
E isso me deixa curiosa. — E qual o seu tipo, então? — eu soei
debochada.

Ela olha para mim, com um sorriso em seus olhos negros, brilhantes.
— Você, por exemplo. — diz ela, apoiando ambos os antebraços, cruzados
sobre a mesa. — Eu observei você desde que você apareceu à primeira vez
aqui na fábrica da E.C.A. Você é tão bonita, como seus irmãos, mas a sua
beleza é mais suave, e mais feminina, obviamente. Ouvindo você falar agora,
eu posso dizer que gosto do seu sotaque, apesar do seu esforço para disfarça-
lo. É excitante. E tentador.
Estou com o queixo bem próximo às minhas clavículas agora. Eu não
sei o que dizer, porque eu nunca recebi um elogio dessa forma de uma
mulher.
Ela está flertando comigo?
— Eu não tento disfarçar meu sotaque. — eu me defendo, porque é a
única coisa que surge em minha cabeça agora. — Obrigada pelos elogios,
mas você não faz meu tipo.
Eu sorri quando digo isso, repetindo o que ela me disse pouco antes.
Ela ri, também e aponta para meu caderno. — E Cross? Ele faz?
Meu cenho se franze e eu olho para baixo para meu caderno. Ele é o
meu tipo desde que eu tinha onze anos. É o que eu deveria responder pra ela,
mas eu não a conheço o suficiente para isso. E eu acho que nem se
conhecesse. Isso sempre foi um segredo só meu, até que eu contei para o
próprio Ethan.
— Ok, você não precisa me responder isso agora. — Kono diz,
provavelmente notando o meu desconforto. — Mas, me responda como você,
que deve ter o que? Vinte dois? Vinte três anos? E já é uma engenheira em
atividade na E.C.A? — ela gesticula com a mão. — Apesar do fato que Cross
é um amigo muito próximo de sua família, claro.
Eu puxo os lábios em um sorriso misterioso. — Uma mulher tem seus
segredos.
— Não para outra mulher.
Franzo o nariz enquanto recolho minhas coisas de cima da mesa. —
Há um minuto, você estava flertando comigo. — então eu me levanto,
levando minhas coisas comigo. Eu sorrio para ela. — Foi um prazer conhecê-
la, Kono. Veremos-nos outra hora.
Eu estava andando de costas, então eu vi quando ela virou na cadeira,
segurando o encosto e seus olhos correram pelo meu corpo. Ela sorri em
consentimento. — Nos veremos, sim. Mas minha curiosidade não será menos
quando isso acontecer.

Eu abro a boca para debater, mas eu paro quando minhas costas


colidem com uma parede de músculos e mãos grandes seguram minha cintura
com firmeza. Eu congelo e vejo quando Kono se estica e olha por cima do
meu ombro, seu sorriso se transformando em divertido quando ela acena um
tchauzinho para quem está atrás de mim.
— Ei, Cross! — ela cumprimenta.
Eu paro de respirar. Ei, Cross!
Ethan.
Eu fecho os olhos, só agora em alerta o suficiente para sentir o seu
cheiro. Aquele cheiro forte que eu amo.

Suas mãos fazem um pouco mais de força em minha cintura e eu


posso sentir sua respiração pesada em meus cabelos. — Eu preciso que você
venha comigo até a garagem. — ele sopra próximo ao meu ouvido, em
seguida, me solta.
Por que eu estou tremendo?
Ele tem me tratado como uma amiga durante quatro meses. Ele está
sendo bom para mim, e ele nunca mais insistiu sobre querer me beijar.
Mas então, ele é o meu tipo. Eu tenho um penhasco por ele ao invés de
apenas uma queda, e ele está próximo o suficiente para que tudo dentro de
mim parasse de funcionar corretamente.

Eu viro para olhar para ele e eu aceno um pouco trêmula. — Claro.

Ele acena para Kono quando se vira e vai andando para o elevador.
Eu o sigo, sem olhar para trás, para Kono. Eu não quero dar a ela mais
coisa para ficar curiosa.
Porém, eu sei que é tarde demais.

CAPÍTULO DEZ

A garagem da Fábrica da E.C.A é imensa, capaz de receber mais de


seis aviões de porte grande, de uma só vez.
Eu tenho vindo aqui, desde que Ethan me deu o meu primeiro projeto,
então eu já conheço cada parte desse lugar.
Eu sigo Ethan por entres os aviões que estão tendo seus últimos
retoques, sentindo-me como uma miniatura no meio de gigantes.
As aeronaves da E.C.A não são diferentes apenas por ser uma marca
para aeronaves particulares; elas são diferentes também por seu design
sofisticado, o que chama atenção dos milionários que sonham com seu
primeiro avião particular, ou o segundo, terceiro, seja qual o for. O interior
dos aviões que são feitos sob medidas são decorados de acordo com o gosto
do cliente, com isso, as aeronaves E.C.A não são apenas diferentes, mas
também exclusivas.
Ethan me faz segui-lo até um carrinho na pista de prova, e um
funcionário nos leva através da pista, em uma direção que eu nunca fui.
Meu corpo está tão ciente da presença do corpo grande ao meu lado,
de sua proximidade, de seu cheiro. Cada nervo está em alerta, assim como os
cabelos da minha nuca. Eu arrisco uma olhada para seu perfil e eu me
arrependo no mesmo instante.

Ethan colocou um óculos escuro de estilo aviador, todo preto fosco,


quando saímos do elevador para garagem. Sua barba está maior que da última
vez que o vi, e isso o deixa com um ar mais... não sei, masculino, talvez?
Ele é o verdadeiro significado da palavra masculino, em todos os
sentidos: corpo, expressão, olhar, fala, tudo. Mas, de alguma forma, ele
consegue intensificar isso a cada dia.
Sentindo meu rosto começar a ficar vermelho, imediatamente, eu
procuro pelo meu próprio óculos escuro dentro da minha bolsa e o coloco.
Fecho os olhos por alguns instantes, sentindo o vento gelado da Califórnia
tocar com força o meu rosto, fazendo meus cabelos voarem para todos os
lados. E eu memorizo Kai.
Ele não merece que eu esteja pensando no quanto Ethan é sexy e
masculino. Ele é bom para mim. Ele está sempre comigo. E, o mais
importante, ele não está em uma boate se agarrando com uma asiática
qualquer ou com outras mulheres modelos.
O carrinho para de frente a outra garagem, mas ela está trancada.
Ethan pula para fora do carrinho e dá a volta para me ajudar a descer,
uma vez que estou com um salto alto.

— O que é isso? — Eu pergunto enquanto retiro uma mecha do meu


cabelo, que entrou na minha boca.
Ele sorri, mas ele não responde. Ele vai para um painel ao lado dos
grandes portões cinza e eu o sigo, vendo o carrinho se afastando com minha
visão periférica. Ele toca no painel, os números aparecem e então ele digita
alguns e logo os portões começam a subir.
Meu queixo cai com o que há dentro.
É um avião, mas não um qualquer. É O avião. A aeronave mais linda
que eu já vi. Ele é enorme, mas ao contrário dos outros, que em sua maioria,
sempre é da cor tradicional, a branca, ele parece ser banhado a ouro. Ouro
puro.

Uma risada curta e incrédula escapa da minha garganta. Eu olho


embasbacada para a aeronave, para Ethan, e então para a aeronave de novo.
— Está brincando comigo?
— Não estou brincando com você.
Eu dou um passo para dentro da garagem, depois outro, e outro, e
outro, até que eu estou inclinando meu queixo para cima para poder olhar
para toda aquela beleza. Estou de boa aberta, chocada, embasbacada, e puta
merda, muito admirada com esse avião. Eu vou um pouco para o lado para
ler o nome "Levi J. C." estampado em prata por todo um lado da aeronave. Eu
olho de volta para Ethan, que está parado apenas um passo dentro da
garagem, com os braços cruzados sobre o peito, enquanto me assiste admirar
o avião. — Levi J. C.? — eu aceno para o nome, curiosa para saber quem é.
Eu não sei muita coisa sobre Ethan, realmente. Mas das poucas coisas
que eu sei, é que ele não tem irmãos homens e seu pai se chama Edward, ou
Ed, como o chamam.
Ethan entra mais na garagem, mas ele não descruza os braços. — Meu
avô. — ele esclarece. — Levi Jonathan Cross.
— É o avião dele?

Ele assente. — Ele o desenhou há nove anos. Eu mandei construí-lo


quando comprei a essa empresa.
Oh. Eu olho para cima, para o grande avião dourado, de novo.
Ele parece novo, ainda intocável, apesar de que eu ainda não estive na
parte interior. Mas, não precisa de muita visão para saber que ele ainda não
foi usado.
Se o avô do Ethan sonha com essa máquina por quase uma década, o
mínimo que ele faria se já o tivesse visto, era ter usado.
— Ele ainda não viu? — Eu pergunto. Eu passo pela parte de baixo,
atravessando até o outro lado, vendo-o cada parte dessa máquina perfeita.
Ainda não posso acreditar que tenho isso diante meus olhos. Eu nunca nem
imaginei desenhar algo dessa forma.

Um som soa do lado onde Ethan está, e eu olho para ver a escada do
avião descendo. Um sorriso esticado imediatamente começa a esticar meus
lábios e eu corro praticamente corro para o seu lado.
A escada termina sua descida e encosta no chão.
Eu olho para Ethan, a ansiedade tomando conta do meu corpo, meu
coração batendo acelerado em minha caixa torácica. Eu nunca quis tanto
entrar em um avião como quero agora. — Podemos-
— Primeiro as damas. — Seus lábios se enrolam em um sorriso
divertido.
Eu pulo os degraus, um por um, até que eu estou dentro da aeronave,
com Ethan bem atrás de mim.
É definitivamente um avião particular enorme. Assim como o avião
em que voamos para o Brasil, toda a sua decoração é impecavelmente branca.
Como se tivessem derramando uma cor de leite por todos os lugares. Há uma
mini cozinha americana, duas poltronas, uma na frente da outra, mais adiante
há um jogo de sofás, um centro de mesa no meio, e na frente, uma TV de 62
polegadas. Também há um espaço para jogos, como uma mesa de sinuca e
uma mesa para xadrez. A única coisa que não segue o padrão branco nesse
lugar são as bolas da sinuca e as peças pretas do xadrez. Logo depois, há uma
porta aberta e depois dela, eu sou capaz de ver uma King Size estalada bem
no centro do quarto, coberta por lençóis tão brancos quanto qualquer outra
coisa aqui dentro.
— Ethan... — Eu não sei o que dizer. Eu tiro meus óculos e olho ao
redor. Eu estou com medo de pisar mais para dentro e acabar sujando alguma
coisa.
Mas Ethan retira os seus óculos e entra mais, apoiando-se contra o
encosto de uma poltrona de couro branco. — Meu avô não chegou a vê-lo. —
ele finalmente responde minha pergunta. Ele está olhando diretamente para
mim, com seus olhos azuis cristalinos. — Ele faleceu antes mesmo que eu
pudesse mandar fazê-lo.

Eu olho e vejo a dor no brilho dos seus olhos. Meu coração aperta, da
mesma forma que minha garganta. Eu nunca perdi alguém assim, tão
próximo, e ele perdeu duas vezes. E eu o vejo sempre tão forte, confiante,
como se nada pudesse abala-lo. — Eu sinto muito. — Eu sussurro, dando um
passo para perto dele. Eu não paro para pensar se é uma coisa que eu devo
fazer, eu apenas passo meus braços pelos seus ombros e apoio meu queixo no
seu ombro, abraçando-o apertado.
Um suspiro mudo sai por entre meus lábios quando seus braços vêm
entorno da minha cintura e me abraça de volta.
Sua respiração é quente em meu cabelo é isso me torna tão mole em
seus braços. Ele aperta mais suas mãos em minha carne, deixando nossos
corpos próximos ao limite.
Eu tenho meus olhos fortemente fechados, porque talvez ajude minha
respiração a se controlar. É o melhor abraço que eu recebi de um cara – que
não sejam meus irmãos. — Eu sinto muito, mesmo. — Eu repito, minha boca
próxima ao seu ouvido.
Ele aperta minha carne como resposta.

Eu tremo e congelo quando noto que seu aperto não foi sua única
resposta.
Algo duro e grande está pressionando bem em meu estômago.
Eu desfaço meu abraço e seguro seus ombros, afastando-me dele e
olhando em seus olhos.
Não é o mais indicado, uma vez que seus olhos são a porcaria dos
olhos mais quentes que eu já vi, neste momento.
Eu passo as mãos pelo meu cabelo, arrumando-o. Estou sentindo todo
o meu rosto quente e entre minhas pernas está tão molhado, que eu não quero
me sentar nem tão cedo.

Ele limpa a garganta depois de uns instantes de silêncio constrangedor.


— Ninguém, além de Lucca e as pessoas que construíram, sabe da existência
dele. — ele me diz. — Lucca nunca chegou a ver, no entanto.
Olho para ele, surpresa. — Eu sou a primeira?
Ele assente uma vez.
— Por quê?

Meus irmãos são seus melhores amigos, então, você pensaria que eles
deveriam ser os primeiros a ver esse avião, ou qualquer coisa importante para
Ethan.
Ele encolhe os ombros, ligeiramente. — Eu passei anos provando aos
seus irmãos que eu confio neles e que eles podem confiar em mim. Eles
sabem disso. Eles são como os irmãos que eu nunca tive. — diz ele, sua voz
rouca não ajudando na minha situação. — Estava na hora de provar pra você.
Sim, ok. Ele conseguiu me deixar mais surpresa do que eu estava
segundo antes.
Eu nunca pedi para ele provar nada. Eu vinha confiando nele como um
amigo, durante esses últimos meses. Mas, estou feliz que ele tenha se dado o
trabalho de fazer isso.

Esse avião, a história dele, deve ser uma coisa muito importante para
ele.
— Obrigada por isso. — Eu digo, sinceramente. — Não precisava,
mas, obrigada.
Ele apenas mantém seus olhos em mim, e de repente, cada lugar do
meu corpo queima sob seu olhar.
Minha respiração trava, meu estômago contrai, meu peito dói e minha
garganta está ardendo. Eu não sei mais o que dizer ou o que fazer, mas tudo
que eu sei é que eu preciso fazer alguma coisa de volta.

Colocando minha bolsa sobre o balcão que divide a mini cozinha da


área das poltronas, eu enfio minha mão no bolso interior e pego minha
carteira. Eu puxo para fora e procuro dentro nela um pedaço de papel lilás.
Quando o encontro, eu olho para a caligrafia da minha mãe e deixo um
suspiro nervoso sair. Eu nunca tinha falado sobre isso com ninguém, então, é
a única forma de devolvê-lo o gesto de confiança.
— Quando eu tinha dezessete anos, eu pedi a minha mãe o nome do
homem que ela acha ser meu pai. — eu falo, virando-me para ele. — Ela
nunca quis falar sobre ele comigo, além do fato de que ela diz que ele correu
para longe quando ele soube de sua gravidez. No começo, eu entendi o lado
dele, porque ele era tão novo, e provavelmente, estava assustado. Mas então,
Hetor teve três filhos ainda muito jovem, e ele criou os três da mesma forma.
Ethan tinha o cenho franzido enquanto ele me escutava, ainda sem
entender muita coisa.
Eu continuei, — Teve esse dia, no meu aniversário de dezessete anos,
que eu decidi que eu merecia encarar esse homem e perguntar seus reais
motivos por não me querer. E minha mãe finalmente me deu seu nome
quando eu disse que seria meu presente de aniversário. — Eu estendo o
pedaço de papel com o nome "Andreas Puccini" para Ethan.
Ele pega e ler, em seguida, ele ergue os olhos confusos para mim.

Eu estava nervosa, a tal ponto que minhas pernas estavam bambas. Eu


junto minhas mãos apertadas em frente ao meu estômago, para evitá-las de
tremer.
— Você foi vê-lo? — Sua voz é rouca quando ele me pergunta.
Eu nego com a cabeça. — Nunca tive coragem.
— Mas, sabe onde ele está? Quem ele é?
Eu balanço a cabeça para cima e para baixo e aceno para o papel em
suas mãos. — Ele é dono de uma agência de modelos em Londres. Uma das
melhores da cidade.

Ele assente, lentamente, seus olhos presos no papel em suas mãos.

Eu levanto uma mão e arrasto ela pela minha nuca. — Ninguém sabe
disso. Essa parte, em particular, nem minha mãe. — eu digo para ele.
Ele me olha, então seus olhos suavizam quando pegam os meus. E
seus lábios se enrolam em seu sorriso bonito, puxado para o lado, satisfeito.
— Obrigado por isso. — ele me diz. Então, ele repete o que eu lhe disse
pouco antes, — Não precisava, mas, obrigado.

Mais tarde, quando já estava em casa e vestida com minha camisola de seda
vermelha, Kai entra pela minha porta da frente, parecendo bastante cansado
do dia.
Ele olha para mim e puxa seus lábios em um sorriso exausto. Ele se
aproxima de onde estou sentada, em uma das banquetas ao redor da ilha,
segura meu rosto entre as mãos e pressiona os lábios nos meus.
Eu acabo sorrindo em sua boca, quando fecho os olhos e percebo que
eu gosto do seu carinho, do seu beijo. Isso me deixa feliz, porque eu sou cem
por cento atraída por Ethan, o que significa que posso namorar Kai e ser
amiga de Ethan, sem nenhum problema.
Kai separa nossos lábios e passa as mãos em meu cabelo. — Como foi
seu dia? — Ele procura saber.
Eu sorrio de boca fechada. — Foi um dia bom. — respondo. — O
seu?
Ele alisa minhas bochechas com seus polegares, seus olhos varrendo
todo o meu rosto. — Ele acabou de ficar melhor. — Ele diz, e sua boca desce
para minha novamente.
Eu pego sua cintura com as mãos e o puxo entre minhas pernas,
mantendo-o perto quando sua língua mergulha em minha boca. Eu gemo,
lembrando de que preciso falar com ele e puxo meu rosto para longe, para
olhar em seus olhos. — Hum. O jantar de ação de graças está bem próximo e
minha família quer conhecer você.
Seus olhos verdes brilham animados. — Mesmo?
Confirmo, segurando meu lábio inferior entre os dentes para evitar
sorrir.
Ele abaixa a cabeça e me dá um beijo casto, sorrindo tão amplamente,
que eu temo que sua boca possa rasgar. — Com certeza, baby, estarei lá. —
Ele garante. — Mas, agora, eu preciso de um banho.
Eu sorrio e pulo do banquinho quando ele se afasta. — Vou pedir
pizza, tudo bem?
Ele olha para trás apenas para dizer, — Pizza está ótimo. — antes de
seguir para meu quarto.
Quando ele some de vista, eu chego ao telefone e ligo para minha
pizzaria favorita. Eu peço uma pizza grande da moda da casa e vou para o
sofá.
No chão, perto do meu centro de sala, está meu caderno de desenho.
Eu sou capaz de ver um esboço do meu último desenho – o do rosto de Ethan,
e meu peito aperta. Minha mente vagueia para a garagem secreta na fábrica,
para sua "prova de confiança", para a forma em que ele me olha, para o jeito
em que seus braços apertaram em minha volta.
Eu adoro estar com Kai, eu gosto da forma cheia de carinho que ele
me trata. Eu gosto da forma que ele lida com nosso relacionamento, e eu
gosto do fato de que ele não vai a busca de outras mulheres quando acaba de
transar comigo.
Mas, eu não consigo sentir tudo que eu sinto quando estou perto de
Ethan.
Kai me faz bem, mas Ethan me faz perder o fôlego.
Kai me faz sentir em paz, enquanto Ethan me deixa ofegante e quente.
Eu sinto como se estivesse apenas usando Kai, às vezes. Sinto que lhe
devo uma explicação, mesmo não fazendo nada de errado, necessariamente.
Eu sei que Kai estará aqui amanhã, após termos uma noite de sexo.
Eu não posso dizer o mesmo de Ethan.
Ele estaria na minha cama pela manhã?
Com certeza, não.
CAPÍTULO ONZE

Ethan: Seu namorado está com você agora?


Eu encaro a tela bloqueada do meu celular, meu cenho franzido em
confusão. Eu rolo de costas na cama, mordendo a ponta não feita do meu
lápis, enquanto penso no que responder e o motivo dele estar me perguntando
isso. Eu começo a digitar com apenas uma mão.
Eu: Não... Por quê?
Ethan: Vista uma roupa confortável, que não te deixe passar frio.
Chego por aí em quinze minutos.
Que demônios...?
Eu: Vamos a algum lugar?
Ethan: Sim. Apenas esteja na portaria em quinze minutos, por
favor.
Sento-me na cama, meu dedo polegar pairando sobre a tela do meu
celular. São quase nove horas. Eu olho pela janela do meu quarto e a
tempestade castiga Los Angeles hoje à noite.
Para onde ele quer ir a essa hora da noite, debaixo de chuva?
Eu não mando essa pergunta para ele. Retirando o lápis da minha
boca, eu o jogo de lado e vou até meu armário. Eu me livro do meu pijama de
calça de frio e pego um jeans azul escuro, uma blusa de mangas compridas,
de cor preta e um agasalho cinza dos Lakers, que Hetor me deu em meu
aniversário de vinte anos. Enfio um tênis nos meus pés e um gorro em minha
cabeça. Eu pego meu celular na cama e mando um "Já estou descendo para a
portaria." para Ethan.

— É aonde você vem quando quer ficar sozinho? — Eu pergunto a


Ethan, enquanto caminhamos pela pista de provas da sua fábrica.
Não há mais ninguém trabalhando a essa hora, além dos vigilantes,
então, nós dispensamos o carrinho e decidimos caminhar um pouco. Está
garoando, mas não nos importamos.
Ele assente uma vez. — É um lugar tranquilo, eu gosto.
Enfio minhas mãos no bolso único que ocupa toda a parte inferior do
agasalho, tendo entradas pelos dois lados. — Uma fábrica enorme e vazia, no
meio da noite? — meus lábios tremem em um sorriso divertido. — Último
lugar que eu recorreria, com toda certeza.
— Tem medo de fantasmas, Less?
Eu levanto meus olhos para ele, e ele está sorrindo, se divertindo
comigo. Acabo sorrindo de verdade, também. — Não de fantasmas. — eu
digo.

Apesar de que esse lugar durante a noite parece mais uma daquelas
fábricas abandonadas, de filmes de terror, eu não pensaria em fantasmas. Eu
pensaria nos caras que gostam de se espreitar para dentro de lugares como
esses e fazer coisas ruins.
Eu tenho esse pânico em particular. Adiciono uma nota mentalmente
para não assistir mais filmes assim.
— Você está com medo? — Ethan para de andar e dobra um pouco
seus joelhos para procurar pelos meus olhos. Ele ainda tem aquele brilho de
diversão, mas parece realmente preocupado.
Eu balanço minha cabeça, de um lado para outro e olho em seus olhos.
— Não estou. Estou bem. — Eu não menti. Por alguma razão, eu me sentia
segura com Ethan, e eu estava apreciando isso.

Quando chegamos à sua garagem particular, eu passo minhas mãos


pelas mangas e ombros do meu agasalho, retirando os respingos de chuvas,
enquanto Ethan digita o código para abrir o portão.
Ele abre e me espera entrar, então ele entra e digita novamente o
código, no painel de dentro e os portões se fecham.

Está escuro, mas logo as luzes começam a se ascender, uma atrás da


outra, até que o todo o galpão está claro, sob as luzes amarelas. Soa um
alarme baixo e a escada começa a descer.
Ethan me deixa subir primeiro, como da última vez, e me segue. Ele
deposita as sacolas que ele trouxe em cima do balcão da cozinha e começa a
desempacotar algumas coisas.
O clima aqui dentro está mais quente, por isso, eu puxo meu agasalho
pela minha cabeça e meu gorro sai no processo. Eu passo as mãos pelo cabelo
bagunçado quando me aproximo e encaro um recipiente de plástico com
algum tipo de alimento desconhecido. — O que é isso? — eu toco o plástico.
— Churros. — ele responde, olhando-me de lado, com um sorrisinho
nos lábios. Ele abre o recipiente e retira um. — Coma. — ele ordena, e por
algum motivo, meus olhos caem para seus lábios, que estão ainda mais
rosados por conta do frio.
Eu pisco meus olhos para longe quando sinto algo contrair entre
minhas pernas e pego o churros de sua mão. Eu dou uma mordida e gemo, em
seguida, quando a massa doce e o... isso é chocolate? Derrete sobre minha
língua. Meus olhos alargam quando olho para ele, aprovando totalmente esse
doce, ou seja lá o que ele for.
Ethan ri, balançando a cabeça. Ele pega o recipiente com os churros e
dois refrigerantes e me leva até o sofá branco.
Eu sento, trazendo uma perna cruzada por baixo de mim e pego uma
latinha de refrigerante que ele me estende.

Nós entramos em uma conversa agradável, envolvendo trabalho,


família, hobbies, amigos, e claro, meu namorado. Ethan faz questão de fazer
perguntas como "você realmente gosta dele?" e "ele te atrai de verdade,
como um homem deve atrair uma mulher? Ou você está com ele, apenas
porque acha que ele é bom pra você?"
Essa última me pegou de jeito, e eu não sabia o que responder. Eu
mastiguei lentamente, foi todo um processo para engolir a massa adocicada,
minha garganta fazendo um movimento difícil com o processo.
Kai me atraiu desde o dia em que nos vimos pela primeira vez – no dia
da minha festa de boas-vindas, e esse foi o único motivo que nós acabamos
na minha cama. Seus cabelos louros queimadas, seus olhos verdes brilhantes,
seu sorriso bonito atrai qualquer mulher em sã consciência, e eu sou uma
mulher, afinal de contas. Mas, se eu for parar para comparar a forma que meu
corpo fica quando estou perto dele com a forma que meu corpo fica quando
estou diante de Ethan, eu vou ver que há uma diferença gritante.
Eu não desaprendi a respirar perto de Kai e minhas pernas não se
tornam geleias. Eu não fico molhada apenas com o seu olhar – por mais
lindos e atraentes que eles sejam. Minha boca não fica seca e meu coração
não dispara com a menção de seu nome.

Não é o rosto de Kai que eu venho desenhando nos últimos meses.


Mas, sim. Kai está sendo bom para mim, até agora. Ele demonstra
gostar de estar por perto, ele dorme comigo quase todos os dias e ele quer me
apresentar aos seus pais.
Isso deveria ser o suficiente para mim, mas, em algum lugar, lá no
fundo, eu sei que não é.
Eu passei minha adolescência inteira idealizando um romance para
mim, que eu acabei me apegando a pessoas que eu não devia.
Meu primeiro namorado de verdade, me traía com qualquer ser
humano com uma boceta entre as pernas; Bastava abrir para ele e ele já ia
entrando, sem pedir licença. O segundo é um cara bom, que gosta de mim,
mas que é um sentimento acomodado. Eu apenas me acostumei com o nosso
dia-a-dia e não procuro por mais.
Eu sempre fui uma pessoa muito ativa no sexo, desde os meus
dezessete anos, mas hoje faz duas semanas que eu não tenho uma noite de
sexo; ou qualquer outra hora do dia.
Eu olho para Ethan, depois de um tempo e encolho meus ombros. —
Isso importa?
Ele está me assistindo comer os churros e ele sorri seu sorriso perfeito
para mim. — Importa se isso não for algo bom para você.
E, pegando-me de surpresa, sua mão levanta e seu polegar vem para o
canto da minha boca, onde ele passa suavemente, em seguida, ele leva seu
dedo para sua própria boca e chupa o açúcar que capturou. Meu coração salta
em minha costela com o gesto e meus olhos grudam em cada movimento seu.
Ethan lança sua mão de novo, mas dessa vez, ele leva uma mecha do
meu cabelo para trás de minha orelha. — Less, um relacionamento tem que
ser bom para ambas as partes. Você quer um? Então, tenha um, mas um que
vale a pena, ou você não terá nada.

— Está dizendo que Kai não vale a pena?


Ele balança a cabeça, negando. — Estou dizendo que você é linda e
merece a porra do mundo. — ele rosna baixinho. Seus dedos ainda passeando
ao longo da minha bochecha, mandíbula, queixo... — Kai é um cara legal,
trabalhador, mas ele é o cara que você quer?
O cara que eu quero é você! Eu pisco para longe de seus olhos,
quando murmuro, — Eu fiquei com um cara que eu queria antes e não deu
muito certo.
— Porque, pelo tempo que estou te conhecendo de perto, posso dizer
que você escolhe com isso aqui — ele toca em minha têmpora. — e não com
isso aqui. — sua mão desce e seus dedos tocam o topo do meu peito
esquerdo.

Há uma subida e descida brusca do meu coração sob seu toque. Eu não
faço ideia se ele percebeu, mas eu não olho em seus olhos para tirar minha
dúvida.
Jura que ele está dizendo que eu escolho por aparências?
Eu não acho isso, mas eu não discordo dele.

Ele pode estar certo, no final das contas.


Eu pego outro churros e dou uma grande mordida para não ter que
falar nada. Eu posso sentir minha garganta começar a arder com as lágrimas.
Eu odeio ser tão emotiva, principalmente, nessas horas.
Ethan não diz mais nada, também. Ele retira sua mão de cima de mim
e começa a comer junto comigo.
Meu rosto queima com o seu olhar sobre ele, me assistindo, me
observando, como se eu fosse um filme bom em uma tela de TV. Eu estou
vermelha. Eu preciso tirar o foco de mim, então eu me viro para ele e
pergunto, — Você acha que um dia vai voltar a querer um relacionamento?
Ele fica quieto, com rugas entre os olhos e os olhos perdem o foco.

Não é preciso ler mentes para saber que a sua mente foi até Lisa e
ficou lá por uns instantes.
Seu rosto carregava uma expressão dolorosa. — Se for para te dizer o
que eu sinto agora, a resposta é não. Nunca mais. — diz ele, voltando a pegar
meus olhos. — Mas, a vida é tão filha da puta, que eu não posso garantir isso
futuramente. Eu não estou procurando por um relacionamento agora, mas,
talvez, eu apenas não esteja pronto.
Ok. Foi uma resposta diferente da última.
Da outra vez, eu não via esperança em sua voz, agora há um "talvez".
CAPÍTULO DOZE

Eram três da madrugada quando eu consegui dormir um pouco para


poder trabalhar no dia seguinte.
Eu pensei sobre minha conversa com Ethan, sobre como eu não tomo
minhas decisões com o coração. Pensei sobre meus relacionamentos e o fato
de que todos eles me fizeram mal. Pensei sobre como eu estou usando Kai,
porque apesar de que me sinto bem com ele, a maior parte do tempo e que ele
é um cara bom para mim, o que eu sinto por ele não é algo grande. Não é
algo que uma namorada deve sentir pelo namorado.
Eu quero me sentir amada da mesma forma que eu amo. Eu quero ter
um relacionamento que seja tão intenso, que me deixe sem fôlego.
Principalmente, um que me deixe molhada apenas com um olhar, por mais
inocente que ele seja.
Ethan. Ele me faz todas essas coisas, sem nem querer.
Eu sacudo minha cabeça, espantando esse pensamento e viro o
corredor do segundo andar da fábrica, para esbarrar com o corpo de Kono.
Dou um passo para trás e ela faz, também.

Ela ri, elevando dois pauzinhos com suas mãos. — Olá, Lazzari. —
ela cumprimenta, com um sorriso.
— Olá! — eu sorrio de volta.
Seus cabelos coloridos estão jogados por cima do ombro esquerdo,
como se ela tivesse acabado de soltá-los. Sua roupa estava parecida como
todas as outras vezes em que nos falamos: jeans escuro, regata preta, botas de
combate e ligas de borrachas envolta de seus pulsos. O cordão que segurava o
crachá agora era de um laranja vivo e chamativo.
— Está indo para a garagem? — Ela me pergunta.
Eu assinto. — E você?

— Comer. — ela diz, seus lábios enrolados em um sorriso animado.


— Eu realmente preciso ingerir alguma coisa agora.
Aceno, concordando.
Kono dá um passo para longe, como se estivesse indo embora, mas
então, ela para e vira para mim, mordendo um de seus pauzinhos. Eu posso
ver a hesitação quando ela olha para mim, de novo.
Espero um momento, minha sobrancelha erguida, até que ela fala:
— Preciso de um favor seu. — ela diz. Ela pisa para mais perto. Seu
rosto bonito contorcido com ansiedade. Ela batuca os pauzinhos, um no
outro, como se isso fosse ajudá-la a falar.
Eu solto um som, um mix de nervosismo e curiosidade. — Fala Kono!
Então, ela fala rapidamente. — Tem como você conseguir o número
da Jade para mim?
Ahhh!
— Jade... Jade? — eu procuro saber. — A melhor amiga do meu
irmão?
Ela acena, sem paciência. — Sim, ela.
— Você curte a Jade?
Kono revira os olhos. — Não. Estou apenas curiosa sobre um salto
que ela usou no último evento. — deboche.
Eu sorrio, porque eu nunca servi de ponte entre duas mulheres. É
quase excitante. De repente, estou animada sobre isso.
Jade é a melhor amiga do Lucca, ela é lésbica e ela é tão "pegadora"
quanto meu irmão era antes do seu casamento. E, para sorte de Kono, Jade
estará na cidade para o jantar de ação de graças, na casa de Hetor.

Eu pego um dos seus pauzinhos, não podendo evitar o sorriso malvado


em meus lábios. — Eu posso fazer melhor que isso. — eu digo e capturo um
de seus pauzinhos. — Mas, eu vou ficar com um pauzinho desses.
Eu me viro e vou em direção ao elevador privado da fábrica. Antes
que as portas se fechem, eu ouço Kono gritando para mim:
— Hashi. Não pauzinhos, hashis!

O dia na fábrica foi mais longo e puxado do que eu esperava.


Monitorei cada passo da montagem do AirCross 87 (nome colocado no meu
primeiro projeto), até o fim do dia.
Eu não me lembro de ter comido alguma coisa nas últimas oito horas e
meu estômago está dolorido agora. Eu me despeço das pessoas, que
trabalham comigo, e vou para o elevador.
Dentro da caixa de aço, eu penso sobre Kai e sobre se eu devo ou não
continuar com o nosso relacionamento. Ele está feliz comigo? Ele gosta de
mim, de verdade?
Ele não estaria comigo se não gostasse, pelo menos, um pouco, certo?
Eu acredito nisso.
Pessoas, – homens, principalmente – não perdem tempo com quem
elas não sentem um pingo de sentimento. A menos que elas estejam apenas
usando a pessoa, com interesse em algo.

Kai é um homem rico, então eu não acho que ele esteja me usando por
causa da minha família.
Do sexo, talvez?
Eu não acho.
Homens como ele – lindos, ricos, carismático – encontram sexo aonde
quer que eles vão.

Então, ele não iria me usar por conta do sexo, também.


O elevador se abre no primeiro andar e Ethan está parado do lado de
fora, com uma expressão nada paciente, focado em seu celular. Mas, ele
levanta os olhos e quando me ver, sua expressão suaviza. Ele sorri levemente
e pisa para dentro do seu elevador privado.
— Não sabia que ainda estava por aqui. — Ele diz. Ele está encostado
na parede oposta da minha, respeitando meu espaço.
Dou de ombros. — Precisei ficar até mais tarde hoje. — eu digo. —
Mas, não sabia que você estaria por aqui.
Ele balança a cabeça, sorrindo. — Precisei vir hoje. — diz ele. Ele
para de sorrir e segura meus olhos com os seus. — Você faz falta na empresa.

O coração pula em um salto mortal, porque ele é desses. Muito bobo.


Meu rosto fica completamente quente e eu levanto a mão para soltar
meu cabelo detrás da orelha; uma tentativa de esconder as manchas rosa que
se espalhou pelas minhas bochechas. Ofereço um sorriso tímido e mudo meus
olhos para meus pés.
Ouço a risada baixa de Ethan. — O quê, Less? — ele pergunta, sua
voz tão baixa, que faz coisas ruins entre minhas pernas. — Eu não posso mais
dizer que desejo beijar você, e agora, não posso dizer que você faz falta?
Levantando meus olhos para ele, eu sinto meu estômago cair. Não
gosto da forma que apenas seu olhar me torna quente em todos os lugares do
meu corpo.

— Eu estive pensando sobre o que você me falou.


Ele ergue a sobrancelha, dizendo-me que não faz ideia do que estou
falando.
Então, eu aceno, explicando. — Sobre eu escolher com os olhos e não
com o coração.

Sua boca se abre em um pequeno "O" e ele acena para que eu


continue.
— Eu gosto de Kai. — confesso. — Mas, não acho que gosto da
forma que eu devia gostar, entende?
Da forma que eu gosto de você!
Eu não abro a boca para falar isso, mas eu olho para ele o mais
intensamente que eu consigo. Meu peito apertado, meu estômago com um nó,
minhas mãos suando.
Eu estava inquieta sob o seu olhar.
Ele estava me devolvendo o meu olhar, em silêncio, pegando
exatamente o que eu queria ter dito em voz alta. — E o que você quer fazer?
— ele, finalmente, pergunta.
Eu tremo internamente, com o impacto da sua voz masculina. Balanço
a cabeça de um lado para o outro. — Eu não faço ideia.
Ele assente. — Se não está sendo bom para você, então, não vale a
pena.
— Eu não disse que não estava sendo bom.
— Você tem dúvidas, Less. — diz ele, de forma calma, mas dura. —
Se há dúvidas em um relacionamento, um mínimo de hesitação, então não é
uma coisa boa.
Eu fecho a boca, sem saber como rebater. Eu me pergunto o porquê eu
estou falando sobre isso com ele.

Mas, então, ele é meu único amigo disponível no momento.


Brid deve está ocupada, pesquisando alguma coisa nova para seu
cabelo, Hetor ainda está pra voltar pra cidade, Kono ainda não é minha amiga
o suficiente para conversar sobre essas coisas, minhas cunhadas estão sempre
ocupadas com meus sobrinhos, e meus irmãos... bem, eles não contam.
Eles já estão arquitetando como arrancar o pau de Kai no jantar de
ação de graças se ele falar algo errado.
Então, sobrou Ethan. Justo o cara que me atrai como o inferno.
Ele é próprio pecado da luxúria.
***
CAPÍTULO TREZE

A semana passou rápido, assim como o dia de hoje na fábrica.


Eu estou cansada, com os ombros pesados; no entanto, estou feliz
porque amanhã já é o jantar de ação de graças, o dia em que minha família irá
conhecer meu namorado.

Resolvi que daria uma chance para Kai. Talvez, com o tempo, eu
aprenda a sentir por ele a mesma coisa que eu sinto por Ethan.
O tempo pode tudo, era o que minha avó costumava dizer. E ela
sempre estava certa.
Eu dirijo para casa, com a chuva castigando o capô do meu carro. Eu
havia enviado uma mensagem para Kai, avisando que chegaria um pouco
tarde, então muito provavelmente, ele já pediu o jantar.
Quando as portas do elevador se abriram no meu andar, meu estômago
estava se revirando com a fome. Apertando a ponto da dor. Eu busquei pelas
minhas chaves, dentro de minha bolsa e enfiei na fechadura da porta. Eu abri
a porta e congelei.

Kai estava, de fato, em casa. Ele estava sentado no meu sofá, sem
camisa, enquanto o corpo magro de uma mulher se posicionava sobre ele. Ela
também não tinha a parte de cima de sua roupa; estava apenas com seu sutiã,
com as alças baixadas em seus braços. Ela tem sua cabeça virada para cima,
dando acesso total da boca de Kai a seu pescoço.
Seguindo a linha da coluna da mulher, eu subo até seus cabelos. Eu
conheço bem esses cabelos amarelos e danificados. Minha boca cai aberta
enquanto eu escuto os gemidos.
Kai estava prestes a transar com minha melhor amiga, em meu sofá.
No sofá do meu apartamento.
Com a minha melhor amiga.
Meu namorado e minha melhor amiga.

Estou chocada, sem reação; no entanto, eu começo a procurar pela dor


de ter meu namorado me traindo; Eu não encontro. Eu encontro a decepção
pela Bridge, a garota que foi minha amiga desde a faculdade.
Ela conviveu comigo como uma irmã. Preocupei-me com ela quando
ela perdeu seu namorado, permaneci ao seu lado. Confiei meus segredos e
busquei conselhos com ela.

E ela foi lá e me traiu, com meu namorado.


No caralho do meu sofá, na porra do meu apartamento.
Amigas de verdade não fazem coisas assim. Elas devem cuidar de nós,
nos contar quando nosso namorado pisa na bola. Elas não transam com eles.
Sem saber realmente o que fazer e pela falta de dor no meu peito, eu
apenas dou um passo para dentro e empurro a porta, com o máximo de força
possível, e ela bate com um estrondo contra o batente.
Ambos sobressaltam no sofá. Bridge sai rapidamente de cima de Kai,
capturando sua blusa no chão, enquanto tenta, desastradamente, ajeitar seu
sutiã. Kai puxa sua camisa para baixo, pela cabeça, também saindo do sofá.
Eles me olham assustados, ansiosos e até posso ver um pouco de culpa.

Mas não por muito tempo, porque eu não consigo encara-los por mais
de cinco segundos.
Eu faço uma careta para meu sofá quando descarto minha bolsa na
mesinha de centro. Eu passo por eles, indo direto para cozinha, ainda
processando meus sentimentos nesse momento.
Eu estou me sentindo traída? Sim, estou.
Está doendo como da última vez? Hum... não! Nem um pouco.
Levantando-me sobre as pontas dos pés, eu alcanço um copo de vidro
estreito. Abro a geladeira e pego minha limonada e despejo um pouco no
copo.

— Alessa, eu posso explicar! Eu-


— Um pouco de vodka seria bom... — eu corto a tentativa de Kai de
falar comigo. Ignorando os olhares de súplicas, eu me viro e alcanço minha
vodka. Eu levo um tempo para abri-la, em seguida, misturo o líquido quente
com minha limonada. Puxo um banco de baixo da ilha da minha cozinha e
sento-me, tomando um longo gole da minha bebida. — Huh, então, —
gesticulo para eles, já vestidos do outro lado da ilha. — vocês têm uma
explicação?
Eu finjo interesse. Mas, eu não faço questão de olhar para suas caras,
porque eu posso sentir o nó começando a se formar em meu estômago. Estou
com nojo deles.
— Less-
— Alessa! — eu grito, deixando claro minha irritação. Eu olho duro
para Kai. — Você não vai me chamar dessa forma! Você não podia antes, e
agora tampouco! — eu movo meu dedo indicador entre eles dois, quando
digo, — A única explicação para isso é simples: vocês foderam. Vocês me
traíram, e algo me diz que essa não é a primeira vez.
Os dois abaixam a cabeça e esse gesto vale mais que mil palavras.

Solto uma risada sem graça. — Bridge, você era minha amiga. — eu
digo, com desgosto. — A melhor. A que eu mais confiava. Você sabe a
minha história, tudo que eu passei.
Ela, pelo menos, tem a dignidade de mostrar arrependimento. Ela
chora, enxugando as lágrimas com o dorso das mãos, mas não fala nada.
Não há o que falar.
Eu não me dirijo mais a Kai, porque não vale a pena. — Apenas saiam
da minha casa! — eu falo, sentindo o peso da decepção pesar bastante em
meus ombros.
Kai dá um passo para frente. — Me deixe-
— Saiam do meu apartamento! — eu estouro. — Saiam da droga da
minha vida!
Eles vão para trás, tão assustados que seus olhos estão alargados ao
máximo. Eles começam a recolher duas coisas pela minha sala e antes de se
dirigir à porta, Bridge vira para mim, com o queixo erguido, e diz: — Não
temos culpa de termos nos apaixonado, Alessa.
Eu rio. Dessa vez, eu faço isso alto e com muita graça, porque eu já
cheguei ao meu limite. Eu paro de repente e aceno com desdém para ela. —
Bom pra você, certo? Pelo menos, você saiu ganhando com alguém que acha
seu cabelo bonito. — eu termino a bebida do meu copo, vendo-a de boca
caída e insultada. Eu bato o copo contra o balcão e apoio meu queixo em
minha mão. — Porque, sinceramente? Ele é pior que um filme de terror.
Ela solta uma exclamação, Kai puxando-a pelo antebraço, tentando
fazê-la sair.
— Procure um profissional, com urgência! — Eu grito, com minhas
mãos em volta da minha boca, quando eles saem e batem a porta.


O apartamento está em silêncio agora. Apenas eu e meus pensamentos
depressivos e minha garrafa quase vazia de vodka.
Eu não fazia ideia de que conseguiria acabar com uma garrafa sozinha.
Sequer sabia que faria isso sem desmaiar ou vomitar.
Puxo a garrafa para baixo do meu braço quando salto do banco e dou a
volta, indo para sala. Meu primeiro instinto é deitar no sofá e só acordar
amanhã, mas então eu paro, fincando meus pés no tapete quando me lembro
do episódio de quase sexo no meu sofá. Eu olho para trás, para o corredor e
cogito ir para meu quarto, mas então, eu penso: e se, eles transaram na minha
cama sem eu saber?
Por quanto tempo isso vem acontecendo?
Por que diabos eles fizeram isso comigo?

Por que minha melhor amiga fez isso comigo?


Olho para o tapete abaixo dos meus pés e sinto meus olhos arderem.
Será que eles transaram no meu tapete, também?
No meu banheiro? Debaixo da porra do meu chuveiro?

De repente, estou enojada do meu apartamento. De tudo dentro dele.


Eu tomo mais alguns goles longos da minha vodka, minha garganta já
dormente e vou procurar pelo meu celular.
Eu precisava sair daqui, mas eu sei que estou muito tonta para pegar
em um carro.
Deslizando meu dedo pela tela do meu celular, eu clico no app de
Uber e começo a chamar um. Eu paro um instante, pensando em que destino
colocar. Eu vejo minhas opções.
A casa de um dos meus irmãos não; além deles terem crianças
pequenas, que devem estar dormindo, eles com certeza, vão querer ir atrás de
Kai quando souberem de tudo. Porque eu estou bêbada o suficiente para
descarregar tudo assim que eles abrirem a porta.

A casa de Hetor não, porque ele não está lá.


Então, sobrou meu mais novo amigo. Aquele que é muito quente para
o bem do meu pequeno sistema nervoso.
Eu coloco o endereço de Ethan. Eu tento por três vezes, até que eu
vejo que é realmente aquele. Nunca tinha ido a sua nova casa, mas eu decorei
o endereço uma vez em que o vi passando ele por telefone.
O aplicativo mostra que faltam quatro minutos, então eu apenas saio
do apartamento com a minha garrafa de vodka e meu celular.
***
CAPÍTULO QUARTOZE

Ethan.

Los Angeles County é uma cidade maravilhosa, principalmente, sendo


observada durante a noite e de cima. As luzes da cidade parecem como uma
festa, coloridas, de todos os tipos. Os carros fazendo seu caminho,
provavelmente alguns voltando para casa depois um dia cansativo de
trabalho; outros saindo de casa para curtir a noite antes do dia de ação de
graças; outros apenas indo viajar para casa de familiares para o dia de ação de
graças.
Eu trabalho meus braços, levantando os pesos, na academia particular
do meu apartamento, enquanto assisto a cidade lá fora através da parede de
vidro, que cerca todo o cômodo. O suor escorre pela minha testa, pelo meu
peito e minhas costas e minhas pernas sob meu calção térmico.
Procuro não pensar muito; eu venho fazendo isso por muito tempo.
Ajuda-me a não cair em pensamentos nas coisas fodidas da minha vida. Eu
não posso pensar em Lisa, e tampouco em Alessa. Então, eu apenas assisto
minha cidade de cima. Como um camarote.
O som do trânsito e buzinas é bloqueado pelo vidro temperado e pela
voz de Matt Shadows gritando o refrão de Afterlife através dos meus fones de
ouvido.
Coloco os pesos de volta para seu lugar e alcanço uma toalha de lado e
levanto a mão para passá-la sobre minha nuca suada. Eu vejo a tela do meu
celular acesa, com uma mensagem e eu pego ele.
Alessa.
Ela me mandou uma mensagem uma hora dessas?
Deslizo meu dedo sobre a tela e abro a mensagem.

Alessa: Tuso nem se eu na sus casa?


Quê?
Eu não entendo nada da mensagem, mas eu fico preocupado, então eu
vou até minha agenda e chamo por seu número.
Ela atende imediatamente com um: — Oláá, gatãoo!

Ela está bêbada? — Você está bêbada?


— Eu estou bêbada? — ela pergunta, mas pela distância de sua voz,
eu não acho que ela está falando comigo.
Ela está com alguém? Kai, talvez?
Uma voz masculina, muito distante, murmura um "Sim, senhora.",
então, Alessa volta ao telefone: — Hum... Eu não acho isso!
A vontade de rir sobe pela minha garganta, mas eu reprimo. Ainda
estou preocupado, principalmente, sabendo agora que ela não está com Kai.
— Less. — eu peço, juntando toda a paciência que eu tenho. — Diga-me
onde você está!

— Na sua casa. — responde quase no mesmo instante que fecho a


boca.
Franzo o cenho. — Na minha casa? — Eu sigo pela rampa, para fora
da minha academia, e entro na minha sala.
— Seu prédio é um de modelo rústico e todo negro? Tipo,
literalmente, negro?
— Sim, ele é. — eu soo hesitante.
Ela nunca esteve aqui antes. Ninguém – além de Lucca, Giovanni e
Enzo – esteve na minha casa depois que me mudei, logo após Lisa ir. E se ela
está bêbada, os caras não dariam meu endereço pra ela.

Principalmente, uma hora dessas.


Alessa solta uma risadinha do outro lado. — Certo. Estou bem aqui
embaixo. Você pode me buscar? — Então, ela chora. — Ah, e trazer
dinheiro? O homem do Uber precisa receber e eu não tenho dinheiro
nenhum!

Alessa está encostada na porta de trás de um Honda preto, quando eu


saí do meu prédio. Ela tinha o celular em uma mão e uma garrafa de vodka na
outra. Ela sorri largamente quando me ver, se empurra para longe do carro, e
me abraça quando chego perto.
Eu pergunto ao motorista quanto foi a corrida e faço o pagamento;
tudo isso com ela pendurada no meu pescoço. Em seguida, eu a levo para
dentro, para o elevador privado e retiro a garrafa quase vazia de sua mão.
Ela vai para o lado oposto do elevador, como de costume; no entanto,
ela está virada para mim, com os olhos grogues. Ela ri, fitando minha mão.
— Olha só você... — ela aponta meio incerta para a garrafa. — sabia que eu
estava tomando uma igual a essa?
Levanto minha sobrancelha, sem conseguir reprimir o riso dessa vez.
— Você jura?
Ela assente, se segurando na barra de apoio que atravessa a parede em
que ela está. — Vai tomar ainda? — Ela abre um sorriso esperançoso, como
se esperasse que eu dissesse não e lhe passasse a garrafa.
— Oh, sim. Vou tomar ainda. — Eu balanço a garrafa, agitando o
líquido transparente.

Ela faz uma careta e murmura — Que merda! — antes de pender a


cabeça para trás, na parede, e fechar os olhos.
Eu rio, silenciosamente. Assisto a forma como seu corpo cambaleia
levemente de um lado para o outro, enquanto ela tenta se manter firme, de pé.
Eu quero me aproximar e segura-la, no entanto, isso pode causar-lhe um
ataque de pânico, então, eu me mantenho no meu lugar; porém, em alerta
para pega-la caso ela desabe.

Vê-la bêbada já está tão corriqueiro, que eu nem me sinto mais


surpreso.
Eu observo seu queixo angular, seu pescoço liso, sua pele
impecavelmente branca e limpa; a forma como sua boca rosada se abre
quando ela precisa de ar. Eu gosto de olhar para ela, para seu corpo.
Ela é dona de uma beleza surreal. Os olhos grandes, o nariz afinado,
os lábios carnudos, o corpo curvilíneo, com a medida certa de pernas, um
bumbum cheio e seios fartos... a porra de um sonho erótico para qualquer
homem que pôr seus olhos sobre ela.
E tem sido o meu sonho erótico.
De todas as noites.

Ela abre os olhos e olha para minha mão de novo. — Ei, sabia que
estava bebendo um igual a esse? — ela diz novamente. — Mas, eu acho que
acabou...
Sorrio, balançando a cabeça. O elevador se abre na minha sala e eu
seguro em seu braço para ajudá-la a sair.
Alessa tropeça ao sair, e acaba cambaleando para frente.
Eu consigo pega-la a tempo dela não cair de cara no chão. Então,
deixando a garrafa de lado, eu dobro meus joelhos, encaixando um braço por
baixo de suas pernas, o outro braço envolta de sua cintura, e a levanto. A
carrego até o meu quarto e deixo sentada na beira da minha cama.

Ela chora baixinho e eu não sei o que fazer. Sequer sei a razão de ela
vir até aqui, nessas condições.
— Eu acho que você precisa de um banho... — eu digo.
— Estou fedendo? — Ela torce o nariz pelo su braço. Sua expressão
enojada quando ela faz isso e então, ela volta a chorar. — Droga! Estou
fedendo!

Não sorrio dessa vez.


Ela está fodida por algum motivo.
Eu vou até ela e me agacho em sua frente. — Less. — eu chamo,
tocando seu joelho.
Ela funga e passa o dorso da mão pelo nariz e pelas bochechas quando
olha para mim.
— Você consegue tomar um banho? — Eu procuro saber. Eu não acho
que ela tenha condições para isso, mas não quero quer ela pense que me
aproveitei quando acordar amanhã, sóbria.
Ela nega, balançando a cabeça. — Eu não quero tomar um banho
agora! — diz, entre o choro. Ela se inclina para frente e cobre o rosto
vermelho com as mãos. — Mas, eu estou fedendo tanto a álcool... Eu só... —
um soluço lhe escapa. — Eu só quero dormir!
— Tudo bem. — eu passo a mão ao longo de seu braço; para cima e
para baixo, sem saber o que dizer para fazê-la ficar melhor. — Ei, está tudo
bem! Deixe-me apenas te dar algo confortável para vestir?
Ela passa as mãos pelo rosto corado e assente para mim. Soluços
baixinhos saem dela quando me levanto e vou até meu closet.
Eu pego uma das minhas camisas, e de repente, eu estou imaginando
ela vestida com minha camisa, deitada na minha cama.
Nenhuma outra mulher esteve na minha cama, desde Lisa. Eu mudei
de prédio, de bairro, de móveis, tudo quando ela se foi. As garotas vêm e nós
temos nossos momentos em um dos quartos de hóspedes. Elas não têm acesso
ao meu quarto, ao meu banheiro privado, tampouco às minhas camisas.
Mas eu passei a imaginar como seria Alessa sobre minha cama, desde
nossa viagem ao Rio.
Ela faz coisas ruins com a porra da minha cabeça e do meu corpo, e
ela nem imagina.

Volto para o quarto para ver Alessa parada, de pé, em frente à minha
cama, coberta apenas por um par de lingeries de renda azul-bebê. Seu vestido
foi jogado no chão, ao lado da cama. Eu congelo meus passos, meus olhos
caindo sobre seu corpo, – tão perfeito e cheio de curvas – e sinto meu pau
inchando e empurrando contra minha boxer.
O sutiã tomara que caia tem o trabalho de levantar os seios deliciosos,
a ponto de unir os dois no alto, deixando bem amostra as marquinhas do
biquíni; enquanto sua calcinha é minúscula, com laterais fininhas, e não é
preciso ela virar para que eu saiba que é fio dental.
Minha boca saliva na medida em que volto meus olhos para cima e
travo com os seus.
Ela abre os braços. — Há algo de errado comigo? — Ela pergunta.

E eu não faço ideia do por que ela está me perguntando isso. — Confie
em mim, não há! — eu garanto. Soo como um adolescente de frente para sua
musa da revista pornô.
Ela é a pornografia mais deliciosamente erótica que eu já vi.
Eu não estou pensando nos meus amigos agora. Eu não me importo
com eles, nesse momento,
Mas, eu fico mais preocupado quando Alessa balança a cabeça,
chorando.
— Então, por que ninguém está satisfeito comigo? — ela meio que
grita. — Meu pai não me quis, minha mãe preferiu aquele... prostituto do
namorado dela, Dave preferiu ficar com uma asiática qualquer, Kai... — ela
engole com dificuldade, me olhando com aqueles grandes olhos, vermelhos
pelo choro. — Kai preferiu transar com a minha "melhor amiga" — ela faz
aspas com as duas mãos. — e fazia duas semanas que ele não transava
comigo! — Ela encontra meus olhos, quando uma lágrima rola pelo seu
rosto. — E você... — sua voz abaixa alguns tons. — Você desistiu de mim,
sem nem insistir um pouco mais...

Sacudo a cabeça, como um tique, quando eu sinto o choque causado


pelas suas últimas palavras.
— Eu, realmente, não valho a pena? — seus olhos são tão tristes
quanto suas palavras.
Ela pensa que eu desisti porque há algo de errado com ela?
Porra, não. Eu piso para perto dela, descarto a camisa sobre a cama e
seguro seu rosto. — Alessa, olha para mim! — Eu peço. Meus polegares
trabalham pelas suas bochechas, enxugando o máximo que conseguem de
suas lágrimas.
Ela pega meus olhos.
Eu engulo em seco. — Não há nada de errado com você, tudo bem?
Você é linda, é perfeita, as pessoas que não merecem você. Eu não mereço
você! Eu sou a porra de homem quebrado.
Ela mantém seus olhos presos nos meus por uns instantes. Uns bem
longos.
Queria poder beija-la agora. E eu faria, se ela não estivesse tão bêbada.
Queria coloca deitada na minha cama, para beijar cada canto o seu corpo
perfeito e mostrar a ela o quanto ela vale a pena.
Que não há nada de errado com ela ou seu corpo.
Minhas mãos coçam para toca-la em todas as partes; meu pau dói só
de imaginar como seria estar dentro dela; passar a noite fazendo-a se sentir
bem.

Ela, por fim, faz uma careta e se afasta do meu aperto. — Eu só


preciso dormir... — Ela se arrasta para cima da cama e cai de bruços.
— Puta que pariu! — eu praguejo quando vejo o fio dental azul-bebê
entre suas nádegas perfeitamente arredondadas.
Ela já caiu no sono, então, eu afasto todo o pensamento de ir sobre ela
e morder o seu bumbum, e puxo o lençol sobre ela.

***
CAPÍTULO QUINZE

Minha cabeça dói e minha boca amarga quando acordo,


aparentemente, no dia seguinte. Eu abro os olhos e logo estranho os
travesseiros, o lençol, e os cheiro masculino que está por toda a cama em que
me encontro.

Estou de bruços, meus braços espalhados, descansando sobre os


inúmeros travesseiros brancos. Eu levanto um pouco minha cabeça para olhar
ao redor, e uma pontada aguda em minha têmpora me faz estremecer. Meus
olhos pegam foco e eu vejo Ethan, meio sentado e meio deitado em um sofá
branco, pouco afastado da cama, enquanto parece estar em um sono
profundo; uma de suas mãos descansa sobre seu abdômen – de dar água na
boca – bem malhado, enquanto a outra descansa ao lado do seu corpo, sobre
o sofá.
O que ele está fazendo aqui?
As lembranças da noite passada vêm à tona, invadindo minha mente
como milhões de explosões. Sinto-me dormente. Enganada. Ingênua. Traída
pela melhor amiga.

Eu não me importo realmente com Kai; ele é homem, e por alguma


razão, lá no fundo, eu esperava algo como uma pulada de cerca, eu só não
esperava que essa pulada fosse para o quintal da Bridge.
Bridge Wilson, a mulher que eu tive como melhor amiga, e que não
teve nenhuma consideração por mim, mesmo depois de ter presenciado tudo
que eu passei. É por ela que eu me sinto traída.
Você pode esperar que um namorado te traia, mas você nunca imagina
que sua melhor amiga seja capaz de fazer isso, um dia.
Sento-me na cama confortável e gigante – ainda maior que a do meu
quarto, e noto que estou apenas de sutiã e calcinha. E fedendo. Muito.

Vergonha. Agora me sinto dormente, enganada, ingênua, traída e com


muita vergonha.
Não faço ideia de como vou olhar nos olhos de Ethan quando ele
acordar; no entanto, eu decido que se vou ter que fazer isso, então será, pelo
menos, de banho tomado.
Jogando os lençóis para o lado, levanto-me com cuidado, tentando não
fazer barulho para não acordar Ethan. Meus pés descalços aterrissam no
tapete macio e eu sinto cócegas. Reprimo o riso e atravesso o quarto, para o
que parece ser a porta de um banheiro. Eu entro e fico chocada com o design
luxuoso do maior banheiro que já entrei na vida – e eu já estive em vários
banheiros de pessoas ricas.
Como todo o quarto e todas as outras coisas, pertencentes a Ethan
Cross, seu banheiro é todo em branco. Alguns recipientes de shampoos,
sabonetes, cremes e outras coisas necessárias em um banheiro, chamam
atenção por serem coloridas.
Eu paro diante da pia de mármore, que ocupa uma parede inteira do
banheiro, e frente para o espelho, que tem o mesmo tamanho. Não há uma
palavra que posso descrever o estado dos meus cabelos agora.
Eles parecem um emaranhado de fios rebeldes, um ninho feito por
algum passarinho que não tem um pingo de senso de construção... Eles
necessitam de uma lavagem e de um pente.
Meu rosto é uma explosão de manchas avermelhadas, com duas
olheiras profundas sob meus olhos.
Mais uma vez, a vergonha vem e eu olho para porta, pensando em
Ethan e o que eu direi quando ele acordar. Eu não me lembro de muita coisa,
mas eu me lembro da parte em que falei besteira.
«Não há nada de errado com você!”. Você é linda, é perfeita. As
pessoas não merecem você. Eu não mereço você! Eu sou a porra de um
homem quebrado. »

Eu me lembro de suas palavras e elas fazem meu estômago afundar e


as lágrimas arderem o interior da minha garganta.
Ele não pode dizer que não me merece. Ele é um galinha de marca
maior, mas se tem uma coisa que eu presenciei quando Lisa ainda estava
entre nós, é que Ethan Cross sabe amar uma garota da forma que ela merece
ser amada. Ele correu atrás; lutou por ela; lutou por sua vida; Ele esteve com
ela até o último momento em que ela permitiu e ele sofreu a sua perda; Ele
vem sofrendo até hoje, isso está estampado no brilho perdido do seu olhar.

Eu tomo um banho e lavo meus cabelos com o seu shampoo. Levo um


tempo massageando meu couro cabeludo, apreciando o cheiro masculino e
delicioso, que eu sinto sempre que Ethan chega perto de mim. E isso faz com
que meus mamilos se tornem duros e doloridos, enquanto a espuma escorre
pelo meu pescoço, ombros e sobre os seios.
Eu tomo esse momento para não pensar em nada de ruim que houve
em minha vida. Eu não quero pensar em meu pai, minha mãe, Dave, Kai,
Bridge... Eu não quero pensar no quanto eu me sinto uma merda, e no quanto
eu estou envergonhada com tudo. Eu não quero parar e lembrar da noite
anterior, porque senão, eu vou acabar recordando de tudo que aconteceu, tudo
que eu fiz, e eu vou ficar ainda mais envergonhada.
Então, eu levo meus pensamentos para Ethan. Eu penso nele meio
deitado naquele sofá e no quão lindo ele é. Eu penso em como eu desejei,
durante toda minha adolescência, que ele olhasse só para mim e não para as
modelos, que sempre desfilaram ao seu lado. Eu me lembro da pontinha de
decepção e ciúmes que eu senti quando percebi que ele estava apaixonado de
verdade pela Lisa.
A decepção foi comigo mesma, porque eu não fui capaz de fazê-lo me
enxergar, mas Lisa foi.
Ela conseguiu tomá-lo das outras mulheres. Ela o teve beijando seus
pés.
Eu cheguei a desejar felicidades aos dois, no dia em que fui ajudar a
Mel em seu apartamento, uma vez. Porque eu realmente desejava a felicidade
dos dois. A felicidade do Ethan, a que eu nunca poderia dar. Eu me contentei
com a perda e aceitei isso.
O que eu não consigo aceitar é o motivo que me faz ser pior que os
outros. Por que ninguém pode me amar daquela forma?
Por que diabos as pessoas traem?
Termino de enxaguar meus cabelos e desligo o chuveiro. Eu abro o
Box de vidro e olho meu corpo através do espelho. Eu não sou hipócrita, eu
sei que meu corpo é o tipo de corpo perfeito. Eu trabalhei nisso durante toda
a minha vida, me enfiando em academias, correndo vários quilômetros; às
vezes até duas vezes ao dia. Minha alimentação é boa e eu sempre estou
tendo uma consulta com minha nutricionista, uma vez que minha dieta muda
a cada uma semana, embora eu costume comer coisas fora da dieta, pois eu
amo doce e chocolates.
Eu não faço ideia do por que para os homens, uma mulher nunca é o
suficiente...

Deslizo para dentro de um roupão que eu encontro pendurado ao lado


da porta. A peça me engole por completo, uma vez que o corpo de Ethan é
muito maior que o meu.

Eu amo que o roupão tenha seu cheiro. Cada item aqui parece ter seu
cheiro.
Também pego uma toalha branca e começo a enxugar meus cabelos.
Estou fazendo os movimentos para puxar a água dos meus cabelos com a
toalha, quando a porta do banheiro é levemente empurrada e eu percebo que
não a fechei.
Ethan pega meus olhos, com os seus sonolentos, mas ele se assusta e
vai para trás, levando a porta junto. — Eu sinto muito. — ele diz. — Pensei
que você tinha descido...
— Eu precisava de um banho, urgente. — Soo divertida e
envergonhada.

Escuto sua risada fraca do lado de fora. — Com certeza, sim. — Ele
brinca. — Eu que o diga.
Um som de falsa ofensa me escapa. — O que você quer dizer com
isso?
— Que você estava fedendo como um gambá.

Outro som ofendido, mas eu acabo rindo, também. Eu olho para porta.
— Você pode entrar. — eu digo para ele, após uns instantes.
Ele vem para dentro, pisando cautelosamente ao meu redor, enquanto
pega sua escova de dente automática. Ele me oferece seu sorriso caloroso,
mas eu posso ver o cansaço sob seus olhos.
Eu viro para o espelho, voltando à tarefa de enxugar meu cabelo –
uma coisa que poderia ser fácil, se ele tivesse um secador – mas eu não
deixo de observá-lo pelo espelho.
Ethan não está com a mesma calça que eu me lembro de ontem. Agora
ele veste uma de moletom, cinza clara, que pende de forma provocante em
seus quadris estreitos. Ele está com os tornozelos cruzados e uma mão
apoiada sobre a pia enquanto a outra trabalha em sua escova de dente. A
tatuagem de tigre – iguais as dos meus irmãos – está no braço ao meu lado e
eu posso ver outra – uma palavra – bem pequena, pouco abaixo do seu peito
esquerdo.
Na distância que estou não é possível lê-la, por ser de uma fonte muito
pequena e a curiosidade me corrói por dentro.
— Eu preciso de uma escova. — eu encontro minha voz quando
termino com o meu cabelo.
Ele para os movimentos com sua escova, se inclina para baixo e pega
outra escova automática dentro de uma gaveta. Ele a estende para mim e eu
não perco sua piscada quando a seguro.
Eu coro, violentamente. Eu olho para baixo, para a escova em minhas
mãos e meu cenho franze. — Me desculpe pela noite passada. — eu peço,
minha voz é de um tom baixo e inseguro. — Eu não devia ter vindo
incomodar você.
— Não incomodou. — diz entre sua escovada. Mas eu sei que ele está
mentindo. Seus olhos são tão cansados enquanto ele me olha.
Então, uma coisa me ocorre e meu estômago afunda. — Oh, meu
Deus! — eu cubro a boca com a mão e olho para ele. — Não me diga que
você tinha uma mulher aqui e ela precisou ir embora?!

Um riso retumba em seu peito e ele abaixa para lavar a boca,


balançando a cabeça negativamente. — Não havia nenhuma mulher aqui,
Less. — ele puxa uma toalha pequena para enxugar seu rosto. — E, mesmo
se tivesse alguma, não importaria. Você dormiria na minha cama, da mesma
forma.
— E como vocês iriam... — eu não completo, mas acena com a mão,
sugestivamente, e seu rosto corando ainda mais.
— Existem mais três quartos nesse apartamento. Eu não trago
mulheres para minha cama. Elas não dormem nela, ou fazem qualquer outra
coisa.
Eu escondo um sorriso, abaixando a cabeça, para que ele não veja,
porque eu estou satisfeita com essa resposta. Sinto-me privilegiada por ter
dormido em sua cama; no entanto, a parte de mim que adora me fazer sentir
mal, me deixa me sentir como uma intrusa.
«Ele só deve ter me deixado dormir em sua cama porque meu estado
estava lamentável... »
Ethan termina com a toalha e a coloca de lado, em seguida, ele se vira
completamente para me olhar. — Como você está? — Ele procura meus
olhos quando faz a pergunta.
— Dormente. — encolho os ombros. — Toda dormente. É como se
meu coração já estivesse acostumado com a pancada.

Ele me olha, mas em silêncio, por um instante; no seguinte, ele diz: —


Você sabe que só precisa dizer uma palavra, certo? Eu acabo com ele, com
sua carreira.
Eu assinto, em seguida, balanço a cabeça, negando. — Se você fizer
alguma coisa por mim, eles saberão que eu me importo.
— Você se importa, e isso não é vergonha nenhum.

Eu discordo. — Não me importo com Kai, de alguma forma, eu já


esperava isso dele. — eu trinco meus dentes, irritada com minha
"ingenuidade" do caralho. — O negócio aqui é a Bridge. Ela era minha
melhor amiga. Eu não esperava isso dela.
Eu não choro, mas meu coração está quase explodindo com o aperto
dolorido.
— Vou deixar você terminar aqui. — Ethan diz ao passar por trás de
mim. Ele alcança a porta do banheiro e me lança um olhar exausto. — Estarei
na cozinha, quando você terminar. ·.

ETHAN

— Que tal, você apenas se sentar e esperar que eu te leve seu café da
manhã, huh?
Dou um sorriso para Jackie e ela empurra meu braço em direção à ilha
da cozinha, com impaciência.
— Apenas vá! — Insiste ela, entredentes. Ela faz um grande esforço
com apenas uma mão – uma vez que sua outra mão está ocupada com a
espátula – e o movimento faz algumas mechas de seus longos cabelos ruivos,
que estão presos em um rabo de cavalo, cair em seu rosto. Ela bufa,
parecendo irritada e os leva para fora do seu rosto com a mão livre.
Jackie é a filha mais nova de Anna, minha governanta. Em seus
dezoito anos, ela já tem um sonho de ser uma chef de cozinha algum dia. Ela
é linda, com longos e pesados cabelos vermelho-fogo, olhos verdes
esmeraldas e um corpo de uma atleta de vôlei. Ela também é simpática e tem
uma coisa, que faz você apenas querer sentar e conversar durante horas com
ela. Ela sabe atrair amizades, e eu desconfio que também atraia bastantes
marmanjos, apesar de nunca ter aparecido com um por aqui.
Anna está comigo a mais tempo do que eu possa contar. Ela esteve
comigo quando Lisa se foi e ela organizou toda a mudança para o novo
apartamento. Ela e suas duas filhas, Jackie e Andie, moram comigo, portanto,
eu tenho as meninas como minhas irmãs mais novas, uma vez que eu tenho
Anna como uma segunda mãe.
Passando meus braços ao redor do corpo de Jackie, eu alcanço um
morango, do saco em que ela está cortando e trago-o para dentro da minha
boca, antes que ela possa virar e acertar meu braço com um tapa.
— Argh! Você sabe como ser irritante, Thanthan! — ela grunhe,
debochando com um apelido que foi posto em mim pela filha de dois anos de
sua prima.
Semicerro os olhos para ela, e ela me mostra a língua.
— Vocês, tão maduros... — Anna cantarola, quando entra na cozinha,
sorrindo para nós dois.
Nós rimos, e Jackie se ergue na ponta do pé para ver além do meu
ombro. Seus olhos verdes brilham com uma animação maliciosa quando ela
pisca várias vezes entre mim e o que está sobre meu ombro.
Alessa.
Ela não falou uma palavra e Jackie também não, mas eu posso senti-la
em qualquer lugar.

Viro-me e encaro-a. E, puta que pariu, ela parece ainda mais perfeita
dentro de uma camisa minha. De botões. E de pernas nuas.
Ela está com uma camisa minha, branca e de botões e agora estou
imaginando como seria abrir cada botão daquele para revelar seu corpo
delicioso.
Alessa sorri, timidamente, olhando entre as pessoas presentes. Ela
ainda não conhece minhas parceiras de apartamento.
Eu aponto com o polegar para Anna. — Essa é Anna. Ela comanda
tudo por aqui.
Anna faz um som de desdém. — Olá! — ela sorri para Alessa.
— Olá! — Alessa assente, devolvendo seu sorriso. Mas, seu sorriso é
mil vezes mais bonito e, ele atrai meus olhos para sua boca avermelhada.
Antes que eu possa apresentar Jackie, ela mesma me empurra com o
quadril e estende uma mão para Alessa. — Sou Jackie. A filha da Anna. —
Ela olha para mim, com uma sugestão tão maliciosa quanto o seu sorriso
apertado; em seguida, ela olha de volta para frente, quando Alessa segura sua
mão. — Vocês formam um belo casal.

Eu engasgo ao mesmo tempo em que Anna exclama um "Jackie!".


Olho para Alessa e seus olhos estão arregalados e suas bochechas da
cor de um tomate. Ela me olha e sorri, em seguida, ela diz: — Prazer em
conhecê-la, Jackie. Sou Alessa. — ela balança a cabeça. — E não somos um
casal.
Eu pego um toque de decepção em seu tom, apesar de que sua
expressão está impassível.
— Eu sei quem você é. — Jackie diz. — Você é a irmã daqueles caras
gostosões que vêm aqui. Os amigos do T... — ela se interrompe quando
percebe que estava prestes a falar o apelido novamente. Em seguida, ela
completa, — Ethan. Do Ethan.

E ela dá uma olhada de soslaio para mim, para saber se eu notei. Ela é
esperta e eu posso dizer que fez de propósito, porque ela está escondendo um
sorriso.
Alessa ri. — Eu acho que você está falando dos meus irmãos, sim.
Jackie volta para terminar com os morangos, com um sorrisinho
satisfeito nos seus lábios.

Eu faço Alessa sentar em uma das banquetas e sento-me ao seu lado,


para esperar Jackie terminar sua mais nova obra de arte.
Alessa se inclina para mais perto, como se fosse me contar um
segredo. — Espero que não tenha problema eu ter vestido uma camisa sua.
Meu vestido estava fedendo muito.
Balanço a cabeça. — Não tem problemas. — É a melhor visão que eu
poderia ter visto hoje!
Jackie vem e coloca dois pratos com panquecas com coberturas de
chocolate e morangos, devidamente arrumados. Ela sorri, orgulhosa de si
mesma.
Alço uma sobrancelha, em deboche. — Toda a confusão, me deixando
longe, para serem panquecas com cobertura de chocolate?
Ela revira os olhos. — Não é o quê que importa, e sim a forma que o
prato é servido. — ela me olha com impaciência, como se eu fosse um
daqueles clientes ignorantes, que nunca foi em um restaurante chique. — E o
sabor, claro. Vocês nunca vão comer uma panqueca com cobertura de
chocolate e morangos tão boa quanto a minha!
Alessa corta um pedaço e leva a boca. Ela mastiga, cuidadosamente,
saboreando e então, um gemido satisfeito sai de entre seus lábios, e eu quase
solto meus talheres, de forma exasperada, quando seu gemido faz meu pau
inchar. — Perfetto! — Ela elogia em italiano.
Eu aperto os olhos fechados.
Um gemido.

Em seguida, sua língua de nascença.


O sotaque já é perfeito, mas ela falando assim... Surreal.
Jackie me lança um olhar superior, com uma sobrancelha
perfeitamente arqueada, mas não diz nada. Ela pega sua mochila branca e
pendura uma alça em seu ombro. — Bem, estou indo! — diz satisfeita
consigo mesma.
Engulo o pedaço de panqueca – realmente delicioso, porém ela não
precisa saber minha opinião – e ergo uma sobrancelha para ela. — Hoje é
sábado.
— Eu sei... — ela diz, com uma falsa hesitação. — Obrigada por me
lembrar, de todo modo. — deboche. Ela ama isso.
— E para onde você vai dia de sábado?
Ela aponta para o corredor em que Anna entrou. — Minha mãe está
logo ali, não sentada na minha frente, comendo minhas panquecas.
Cerro os olhos.

Ela sorri tão abertamente como uma criança pega no flagra. Ela revira
os olhos. — Estou ajudando no projeto da escola, dando aulas de reforços
para os alunos do primeiro ano, que estão indo mal nas notas.
Eu me sinto como um pai orgulhoso, imediatamente, então, eu sorrio,
lhe mostrando isso.
Jackie se despede de nós e vai embora.
Agora somos só eu e Alessa na cozinha, e o único som é de nossos
talheres batendo contra os nossos pratos.
Ela engole e toma um gole de água. — Você parece exausto. — diz,
após alguns instantes.

Eu assinto. — Não consegui dormir direito. — eu não minto.

Não consegui dormir de verdade até pouco depois das cinco horas.
Durante toda a noite, Alessa precisou ser levada ao banheiro para vomitar.
Ela vomitava, eu a levava de volta para cama e voltava para o
banheiro, para limpar tudo. Quando eu pensava em deitar no sofá para
dormir, então começava tudo de novo.

Eu não estou reclamando, pois eu faria tudo de novo, dado a situação


em que ela chegou aqui, e forma como ela estava acabada depois do que quer
que tenha acontecido em seu apartamento.
Ela falou algo sobre Kai, seu namorado, preferir transar com sua
melhor amiga, mas isso foi tudo. Ela não parece querer tocar nesse assunto, e
eu vou respeitar não perguntando.
Ela me olha preocupada. — Você não precisava dormir no sofá,
Ethan. A cama é sua e eu fui uma intrusa.
— Sério, não se preocupe, coma! — Aponto com o queixo para seu
prato.
Ela acha que eu não dormir por causa do sofá e eu vou deixá-la
acreditar nisso. Saber que me fez levá-la para o banheiro por mais de onze
vezes, só fará com que ela fique mais constrangida.
— Amigos servem para essas coisas, Less. — Eu acrescento, com um
toque de diversão em meu tom.
E a mesma decepção que eu peguei em seu tom, pouco antes, brilha
em seus olhos azuis quando ela me encara. Seus lábios se enrolando
forçadamente em um sorriso meio agradecido e meio triste. — Sim. — ela
assente. — Amigos são para essas coisas.
CAPÍTULO DEZESSEIS

O jantar de ação de graças foi tranquilo, apesar das inúmeras


perguntas dos meus irmãos sobre os motivos da minha separação.
Lucca chegou a dizer que iria pessoalmente à casa de Kai, lhe fazer
essa pergunta.

Giovanni disse que não perguntaria, apenas quebraria seu nariz com
um soco no meio da cara.
Enzo apenas me lançou a sua olhada que diz "Nós teremos uma
conversa, em breve." Em seguida, beijou minha cabeça.
E eu nem contei qual o motivo.
Mas, essa é a parte boa dos meus irmãos. Eles são protetores com
quem eles amam, e eles fazem de tudo para não ver essas pessoas tristes.
Durante todo o jantar, eu me mantive sorrindo, conversando, mas eles
me conhecem muito bem, para saberem que foi tudo fingimento. Eu não
consigo mentir para eles. Nunca consegui.
Após o jantar, todos sentaram na sala de estar e se separaram em
grupos para conversar; Eu fiquei com as meninas, porém, eu não conseguia
focar em nenhuma de suas conversas. Eu me mantive brincando com meus
sobrinhos, tentando me distrair de toda a merda que estava estalando ainda na
minha cabeça.
Quando as crianças foram para o jardim com Helena, eu me afastei e
fui até a varanda da sala, com a desculpa de que precisava tomar um ar.
Ninguém contestou.
Eu saí, o vento gelado me cercando, levando meus cabelos para trás.
Olhei ao redor, vendo as crianças brincando, correndo pelos jardins de
Helena, e ela sorrindo, deliciada com a alegria infantil.
Às vezes, bate a saudade de quando eu era apenas uma criança e não
me preocupava com as pessoas que não queriam me ter em suas vidas. Eu
não me importava com quem desistia de mim, eu apenas vivia alegremente,
brincava e me divertia. Eu era uma criança feliz e sem preocupações.
— Foi com sua amiga, não foi?
Eu sobressalto ao ouvir a voz familiar, rouca e profunda de Hetor.
Viro-me e encontro seus olhos preocupados. Chacoalho a cabeça. — O que?
Ele vem para o meu lado, suas mãos enfiadas nos bolsos frontais de
sua calça. — Seu namorado e sua amiga? — sua sobrancelha grossa se alça
em questão clara.
Oh. Eu olho para meus braços cruzados, sentindo a vergonha tomar
conta do meu rosto. — Como você sabe...? — murmuro baixo.
Hetor solta uma risada profunda, curta, como se me dissesse Eu sei de
muitas coisas... — Filha, eu estou há muito tempo nesse mundo para saber
quando há alguma coisa errada. — diz ele. — Você sempre trouxe a Bridge
para nossos jantares de ação de graças, mas hoje você trouxe ela. — Com o
queixo, ele aponta para dentro da casa, na sala de estar, onde Kono está
totalmente concentrada nos lábios de Jade, enquanto ela fala sobre alguma
coisa.
Volto meus olhos para os seus e sorrio fracamente. Encolho os
ombros. — A peguei prestes a transar com meu namorado, no meu sofá,
ontem à noite. — Eu confesso.
Hetor fica em silêncio, como se estivesse ingerindo minha confissão
por um momento. Um brilho de preocupação passa em seus olhos azuis
cintilantes e meu peito aquece com o carinho.
Hetor Lazzari é considerado um dos coroas mais bonitos e charmosos
do momento (em minha opinião, ele é O mais bonito e O mais charmoso).
Sua beleza consiste em, mais especificamente falando, a mistura dos meus
três irmãos, com um toque a mais de elegância. Seus olhos são de um azul
escuro, cintilantes, sua pele é bronzeada, seus cabelos escuros e lisos, sempre
perfeitamente penteados para trás. Aos sessenta e poucos anos, Hetor Lazzari
ainda mantém modelos jovens babando por ele, por onde passa.

Certa vez, Helena me contou sobre um evento importante, para


arrecadações de mantimentos para lares adotivos, em que ela e Hetor
compareceram. Dentro de poucos segundos em que ela se afastou para trocar
sua taça vazia por outra abastecida com champanhe, uma modelo conhecida
da Victoria's Secret estava praticamente pendurada em seu marido, com um
sorriso derretido nos lábios pintados de vermelhos. E ela não foi a única.
Helena disse que passou todo tempo, espantando mulheres – de modelos a
socialites – com idades para serem sua filha.
"Uma tremenda pouca vergonha!" Ela resmungou, torcendo os lábios
cheios. "Foi como se eu estivesse vendo Juliet dando em cima do meu
marido."

Ele me olha com um pesar e estende uma mão para colocar uma
mecha de cabelo por trás da minha orelha. — Pessoas assim não merecem
nossa confiança e respeito. Se ela fez isso, ela não merece sua dor. — Ele diz.
— Mas, também ela não merece seu desprezo, querida.
Encaro-o, intrigada com suas palavras.
Bridge traiu minha confiança, me traiu. Sim, eu a desprezo muito por
isso. Estou machucada. Nem quando Dave me traiu, eu me senti tão mal
como eu me sinto pela traição de Bridge.
— Filha, a melhor forma de ser superior nessas horas, é mostrar
indiferença. Acredite, LEA só é o que é hoje em dia, porque eu fiz questão de
não demonstrar raiva e desprezo pelas pessoas que me atingiram. — Ele
move a cabeça e abre um sorriso, incentivador. — Dói, eu sei. Eu não posso
dizer o quanto doeu quando sua mãe... você sabe...
Eu assinto, afirmando que eu sei exatamente do que ele está falando.
— Mostre a essas pessoas que elas cometeram um grande erro,
magoando você. — ele continua. — Que você é superior e que tudo que elas
fizeram, só serviu para te fazer melhor e mais forte.

As lágrimas picam na parte de trás dos meus olhos. Eu dou um passo


para mais perto e passo meus braços ao redor do tronco forte de Hetor e ele
me abraça de volta, com carinho, beijando o topo da minha cabeça.
Eu levo um tempo, sentindo apenas seu carinho por mim, enquanto
choro baixinho contra seu peito. Eu não me importo com a vergonha agora,
porque eu o tenho como um pai.
Ele sempre o foi pai que eu não tive. E eu acho que ele se sente dessa
maneira, também.
Minha mãe pisou feio na bola quando o traiu, com um enfermeiro dez
anos mais novo que ela, que trabalhava com ela no hospital. Ela cometeu esse
erro por vários meses, até que o enfermeiro começou a criar um tipo de
obsessão por ela e decidiu filmar uma foda deles e enviar para Hetor.
Dando uma pausa do meu choro silencioso, eu movo a cabeça para
longe do seu peito, para olhar em seus olhos, mas meus braços ainda
continuam envolta dele. — Você conheceu o cara que deveria ser meu pai?
Ele faz que não com a cabeça, devagar. — Sua mãe nunca quis me
falar sobre esse homem. Quando ela veio até mim, já grávida de você, tudo
que ela fez, foi pedir para que eu a registrasse.

Solto um braço, apenas para passar o dorso pela minha bochecha.


Funguei, em seguida, perguntei: — E por que você aceitou, depois de tudo
que ela fez com você?
Ele ri baixinho, balançando a cabeça e beija minha testa. — Eu neguei,
no princípio, mas então, eu estava lá quando você nasceu e aquela miniatura
chorona e fofa, me ganhou no primeiro momento em que pus meus olhos
sobre ela.
Eu choro ainda mais, me encolhendo e voltando para seu peito.
As mãos de Hetor passam pela queda do meu cabelo. — Você é minha
filha, Alessa. Você pode não ter meu sangue, mas tem meu nome e
compartilha do mesmo amor que sinto pelos meus filhos de sangue. — Diz,
seu tom cheio de amor e carinho paterno.

Eu assinto contra seu peito, porque eu sinto dele tudo isso que ele
falou. Eu posso não seu uma Lazzari de sangue, mas eu sou uma de coração.
E no cartório nacional italiano, claro.
E eu tenho um orgulho imenso de ser considerada filha de Hetor
Lazzari.
— Será que eu posso passar a noite aqui? — eu peço com a minha voz
embargada com as lágrimas. — Eu não quero dormir no meu apartamento
ainda.
Na verdade, eu queria sair à procura de Ethan, arrancar ele de perto
dos meus irmãos e lhe perguntar se eu poderia dormir lá novamente. Mas, eu
reprimo essa vontade e sorrio quando escuto a resposta de Hetor contra o lado
da minha cabeça:
— Como minha filha, essa é a sua casa. Você dorme aqui sempre que
quiser querida. Helena vai adorar!

No domingo, após uma longa faxina e uma troca de lençóis, tapetes,


uma limpeza com muito desinfetante em cada canto do meu apartamento e a
compra de um novo sofá, eu me sento no meu tapete novo, com pelos macios
acariciando minhas pernas, e espalho meus lápis Blackwing em minha frente.
Eu pego meu caderno de desenho e abro em uma página em branco e começo
a trabalhar em um projeto que não sai da minha cabeça, desde que entrei no
quarto do meu sobrinho Nico e vi os desenhos de pequenos aviões nas
paredes de seu quarto.
Estou deslizando o lápis preto com uma rapidez firme e focada sobre a
folha, quando o Bip do meu celular soa alto, chamando minha atenção.
Inclino-me sobre algumas das almofadas novas – que comprei uma dúzia
delas e espalhei pelo sofá e o tapete novo – e resgato o celular sobre o meu
centro de sala – o antigo, porque eu não consegui imaginar Brigde e Kai
transando sobre ele; porém, na dúvida, despejei uma boa quantidade de óleo
de limpeza sobre ele para limpa-lo bem. – e meu coração dispara quando
vejo o nome que está me enviando a mensagem.
Ethan: Estava pensando aqui... O que você está pensando agora?
Um sorriso desliza pelos meus lábios quando leio a mensagem.

Que tipo de pergunta é essa?


Eu respondo:
Eu: Em como será o alinhamento dos jogos de poltronas do meu novo
projeto.
Ethan: Novo projeto? Você é uma máquina, mulher?
Eu: Eu tenho uma mente criativa, que está a todo vapor, todo o
tempo. Mas, porque você queria saber o que estava pensando?
Ethan: É um tipo de jogo, que eu jogava com minhas irmãs quando
estávamos com tédio.

Encosto-me no assento do sofá e seguro meu celular firme nas mãos.


Eu: Está com tédio?
Ethan: Muuuuito!
Eu: Então ok... Vamos jogar! No que você está pensando, Ethan?
Ethan: Sinceramente?
Eu: Óbvio...
A resposta não vem de imediato, mas eu estou tão ansiosa, que levo a
unha do meu polegar esquerdo entre os dentes e começo a morder, enquanto
meus olhos estão vidrados na tela do celular.

O aparelho vibra em minhas mãos, quando a resposta chega.


Ethan: Em como eu estou sentindo falta de assistir você dormindo
sobre minha cama.
Meu coração bobo dá um solavanco. Eu mordo minha unha tão forte,
que ela quebra, mas eu não me importo agora. Talvez, mais tarde eu sinta por
isso, mas não neste momento.

Meu celular apita de novo:


Ethan: E em como eu vou conseguir dormir com o seu cheiro, no meu
travesseiro.
Eu estou tremendo. Estou embasbacada com sua mensagem. Eu não
sei o que dizer, por que... o que eu diria?
Ahhhh! Então... sabe quando eu disse para você ser apenas meu
amigo e não falar que quer me beijar? Pois é! Estou solteira agora e você
pode voltar a querer me beijar. Quer transar, também? Só vamos!
Eu o pedi para ser apenas meu amigo. Eu fui a covarde, que teve medo
de deixá-lo me beijar e com isso, me apaixonar de novo. Eu me coloquei
nessa situação.

Arrasto uma mão pela nuca, enquanto penso no que responder. Eu


quero dizer a ele que não importa mais e que ele venha até aqui, para que ele
pudesse me beijar, em todos os lugares que ele desejasse. Eu quero dizer que
eu estou disposta a arriscar o oco do meu coração, ficando com ele.
Ele é o meu sonho mais molhado. Se eu estou aqui para me foder em
relacionamentos, então, que ele me foda.
Literalmente falando.
Eu quero que ele me foda. Muito.
Mas, como uma covarde, eu decido brincar:
Eu: Credo! Não trocam os lençóis da sua cama, não?

Ethan: Engraçadinha rá rá... Não deixei que trocassem esse


travesseiro específico. Eu gosto do seu cheiro.
Eu: Tomou algum líquido que contém álcool?
Não sei por que pergunto isso. O papel de beber e fazer besteira é
meu, não dele. Mas, por algum motivo, eu imagino que Ethan não me
mandaria coisas assim, se não fosse pelo álcool.
Ethan: Estou tomando algumas cervejas...
Eu: Ah. Entendi.
Ethan: Estou sóbrio o suficiente para saber exatamente o que estou
mandando para você, Less.
Eu não repondo rápido o suficiente para enviar antes de outra
mensagem chegar.
Ethan: Depois de ver você só de lingerie, sobre a minha cama, eu não
penso em outra coisa que não seja você nua, sobre minha cama.
E então outra mensagem.

Ethan: Beijar você não é mais meu único desejo obsessivo. Eu quero
você nua, também.
Estou ofegando, mas consigo digitar uma resposta:
Eu: Então, me tenha nua. E me beije. Eu quero seu beijo.
Mordo o canto do meu lábio inferior, quando me sinto febril. Levo
uma mão entre minhas pernas e toco meu clitóris pulsante. Estou há um bom
tempo sem sexo, e imaginar Ethan me beijando, enquanto eu estou nua em
sua cama, me deixa na beira da loucura.
Deixa-me muito ninfomaníaca. Desesperada. Sedenta. Molhada.
Digito novamente:

Eu: E que se dane a amizade!


Ethan: Estou pronto para isso.

É a única resposta dele que eu leio, porque eu bloqueio o celular e o


jogo de lado, sobre meu caderno de desenho. Eu enfio minha mão dentro do
short do meu pijama e da minha calcinha e eu me toco.
Eu me toco por ele, pensando nele. É ele quem eu vejo me tocar
quando fecho os olhos.
E após alguns poucos instantes, eu estou gozando, meio deitada no
tapete novo da minha sala.
Eu gozo para ele.
CAPÍTULO DEZESSETE

Fazia um tempo muito longo desde a última vez em que eu havia me


tocado pensando em Ethan. E pude me lembrar que, sem dúvidas, os
orgasmos que ele me proporcionou, foram os melhores.
Melhores até de orgasmos proporcionados por caras reais. E isso me
deixa ainda mais curiosa sobre como ele é numa cama e dentro de uma
mulher. Como ele age com suas mãos e sua boca e sua língua. Como ele toca.
Das coisas que ele gosta em uma mulher na hora do sexo.
Eu pensei sobre isso durante toda a noite e hoje mais cedo, quando
treinei na academia da esquina do meu prédio, e enquanto tomava banho para
vir ao trabalho. Eu pensei tanto nisso, enquanto estava sob o jato de água
quente, que senti a necessidade de me tocar novamente, e acabei me saciando
com um novo orgasmo.
Ontem, eu falei pra ele me beijar e me ter nua. Eu estava falando sério
sobre isso; no entanto, agora que estou prestes a entrar em seu escritório no
prédio da E.C.A, eu posso sentir meus nervos à flor da pele. Eu não estou
preparada para olhar em seus olhos, depois da nossa rápida troca de
mensagens e de dois orgasmos em sua homenagem. Eu não sou uma mulher
tímida; eu sempre corri atrás dos meus desejos e sempre peguei aquilo que
queria, mas parece que quando se trata deste homem, tudo que eu sou passa a
ser apenas um grande e imenso nada. Eu nunca tremi só de pensar em estar
em um quarto a sós com um homem, além de Ethan e eu estou tremendo por
estou a alguns passos do seu escritório.
Eu passo a mão livre pelo cabelo, olhando-me rapidamente para a
parede espelhada do hall de entrada, me certificando de que os fios estão bem
organizados e presos em um nó, no alto da cabeça, pelo hashi que peguei de
Kono outro dia. Eu gostei da forma que esse penteado expôs meu pescoço.
Era um costume usar meu cabelo apenas solto ou preso em um rabo de
cavalo.
As portas grandes do escritório de Ethan se abrem e uma socialite
francesa, muito mimada pela mídia, sai. Ela caminha, atravessando o
ambiente, com seu corpo de musa fitness, com pernas longas e seios
implantados, cobertos por um vestido de cor vermelha, tão curto e grudado ao
corpo, que eu temo pela sua respiração. Os mamilos espreitam, dando
seu Olá para as pessoas, sob o tecido. Seu cabelo tingido de cinza é puxado
para cima em um rabo de cavalo descolado, com algumas mechas soltas. Ela
passa por mim, com o nariz empinado e eu posso ver que seus olhos também
são cinza.

Mas olhando-a caminhar – rebolando mais que o necessário – para o


elevador, pergunto-me se não usa lentes, uma vez que tudo nela é falso.
Estreito os olhos para as portas do elevador quando se fecham. Eu
sinto o ciúme estalando em minha cabeça, simplesmente porque eu sou uma
pessoa muito ciumenta.
Mas, o que eu esperava?
Que só por que ele disse que me queria nua, ele pararia de ver outras
mulheres?
Eu enviei aquela mensagem ciente de que isso seria minha
consequência, certo?
Se eu vou entrar nessa, eu preciso ter a consciência de que ele é Ethan
Cross, o solteiro mais desejado do momento.
Mulheres como ela vão cair em cima o tempo todo, então eu preciso
me apegar apenas no sexo.
Chacoalho minha cabeça, para limpar minha mente e forço-me a
seguir para o escritório. Dou um pequeno sorriso a secretária antes de bater
suavemente duas vezes e entrar.
Seu cheiro entra com força em minhas narinas e toda a confiança com
que eu entrei, sumiu. Tudo dentro de mim se transforma em líquido quando
coloco meus olhos sobre a figura masculina do outro lado de uma grande
mesa de mogno branca.

Ele está de pé, com as mãos apoiadas sobre a mesa, as mangas de sua
camisa puxadas até seus cotovelos e sua cabeça abaixada, enquanto ele tem
sua atenção em algum documento. Ele ergue, finalmente, a cabeça e as
pequenas ondas preocupadas em sua testa começam a suavizar. Seus olhos
azuis se tornam famintos quando ele me olha de cima a baixo, em seguida, de
baixo para cima.
Sentindo meu rosto esquentar, eu dou um passo de cada vez, até
chegar ao espaço entre as duas cadeiras acolchoadas diante de sua mesa. Eu
apoio uma mão sobre o encosto de uma e com minha visão periférica, eu noto
algo cor de rosa em cima da cadeira.
Um sutiã.
Franzo o cenho, pego uma caneta em um porta canetas sobre a mesa, e
sustento a peça íntima pela alça com o corpo da caneta. Ergo a sobrancelha,
em divertimento, mas por dentro estou ardendo em ciúmes. — Pelo tamanho
disso, eu posso dizer que foi feito sob encomenda para todas aquelas turbinas
que acabaram de sair daqui... — Torço os lábios.
Ethan se ajeita, ficando de forma ereta, e faz um sinal com as mãos
para que eu lhe mande a peça íntima, quando diz: — Não é o que você está
pensando.

Tenho quase certeza que minha sobrancelha alcançou meu cabelo.


Ele solta um suspiro rendido. — Eu não faço essas coisas em meu
escritório, Less. — diz, sua voz soando neutra, sincera. — Eu não faço isso
em meu local de trabalho. Elas apenas acham que me presentear com seus
sutiãs fará com que eu vá atrás delas.
Olho para o sutiã, pendurado na caneta, depois volto para ele. —
Funciona?
Ele encolhe os ombros. — Talvez.
Deus! O som de sua voz...
Eu jogo o sutiã para ele e largo a caneta e minhas pasta sobre a mesa
quando uma ideia me vem. Coloco as mãos para trás e por baixo do meu
cropped de vinil, e desfaço o fecho do meu sutiã, em seguida, levo uma mão
para parte de baixo na frente e puxo minha própria peça íntima. É um sutiã
tomara-que-caia, na cor vermelha, que tem o bojo coberto por renda.
Eu olho para Ethan e seus olhos estão tão intensos sobre mim, que eu
tremo por inteira. Minha boca saliva com sua visão de corpo inteiro agora.
Ao contrário dos meus irmãos, eu percebi que Ethan usa coletes sobre
a camisa branca, e isso de alguma forma, o deixa mais delicioso que o
normal.
Forçando minhas pernas a se moverem, eu dou a volta na mesa, ciente
do olhar quente de Ethan sobre mim. Eu paro em sua frente e estendo meu
sutiã para ele.
Ele pega, passando o polegar pelas rendas. — Eu preferia tê-lo tirado.
— Sua voz rouca faz cócegas em minha testa.
Engulo. — Talvez você faça, caso vá a minha casa hoje...
Com a mão livre, ele toca a pele exposta entre meu cropped e minha
saia cintura alta. Todo o meu corpo se arrepia. E eu estou tão molhada, pronta
pra ele.

Ele encosta o rosto no meu quando seus dedos vão para cima, sob meu
cropped e raspam abaixo do meu seio. — Se você está tentando me deixar
duro e maluco, você já conseguiu há muito tempo. — Seu polegar sobe mais
e raspa sobre meu mamilo duro. — Já perdi as contas de quantas vezes eu
fodi você nos meus pensamentos, Less.
Corto uma respiração brusca, sentindo meu corpo criar vida própria e
meu peito se empurrar para sua mão. — Eu já perdi as contas de quantas
vezes me toquei pensando em você, Ethan. — Eu confesso.
Ethan rosna, deixando meu mamilo necessitado e segura meu rosto.
Ele raspa os lábios nos meus. — Foda-se a amizade! — Ele repete minhas
palavras, entredentes, como se estivesse perdendo o controle.

Eu balanço minha cabeça, para cima e para baixo, embriagada por ele,
por seu cheiro, seu toque. Eu seguro sua cintura, fechando os olhos quando
ele raspa novamente os lábios nos meus. — Sim, foda-se! Eu quero você!
Sua mão abaixa até está envolta do meu queixo, segurando-o firme e
seus dentes puxam meu lábio inferior, numa lenta tortura.
Eu solto um gemido e ele faz o mesmo. Eu abro os olhos e encaro os
seus, e me perco de novo.

— Mais tarde. — É tudo que ele diz, como uma promessa gritando.
Não aqui. Ele não faz essas coisas aqui.
Eu concordo e leva tudo de mim para me afastar de seu toque. Eu
sorrio, enquanto dou a volta em sua mesa e empurro minha pasta para perto
dele. — Os desenhos que te falei outro dia por mensagens. — Eu estou
surpresa por conseguir estar falando normal quando todo meu corpo está em
colapso.
Com o dedo indicador, ele arrasta a pasta pela mesa para sua frente e
assente. — Vou olhá-los. — ele promete, sua voz muito rouca e baixa.
Assinto e movo meus pés. — Nos vemos por aí, chefe! — Eu digo, em
seguida, mordo o canto do meu lábio, maliciosa, enquanto ando para trás e
olho para ele.
Seus olhos estreitam e brilham com um desejo cru. Mas, antes que ele
possa dizer qualquer coisa, eu saio e fecho a porta do seu escritório.
Eu pego o meu celular e consulto a hora. Talvez, ainda há tempo para
umas comprinhas novas...
CAPÍTULO DEZOITO

Se há uma coisa que eu acabei de aprender sobre ter uma amiga


lésbica, é que ela vai saber te ajudar na compra de uma lingerie, quando você
estiver precisando.
Eu não tinha a quem recorrer, então, enviei uma mensagem para Kono
quando estava deixando o prédio da E.C.A, pedindo a ela que me encontre
na Victoria's Secret & PINK, próximo à meu prédio.
Eu cheguei e Kono já estava a minha espera, em frente à loja. E em
menos de quinze minutos, ela chega perto de mim, com um par de lingeries
simples, porém, sexy. Ela segura primeiro a calcinha aberta para que eu possa
vê-la.
É uma peça minúscula, de renda rosa choque, fio dental e com um
pequeno lacinho de cetim na parte de trás.
Ela muda para o sutiã e o abre, virando para trás e para frente, para
que eu possa ver todos os detalhes.
Não há bojo, apenas um ferrinho para sustentar os seios. Assim como
a calcinha, ele é de renda rosa choque, mas na parte dos seios, sua renda fica
transparente e entre os seios, também há um pequeno lacinho de cetim.
Eu me imagino vestida com nada além disso, e me pergunto se Ethan
irá gostar.
Estou fazendo isso para ele, afinal.
Eu abro um largo sorriso para Kono, em aprovação. — É esse! — Eu
concretizo.
Ela sacode a peça em sua mão. — É, não é?
Ela parece orgulhosa consigo mesma quando andamos até o caixa para
pagar. Mas, antes de sairmos, ela vai novamente para sessão de lingeries e
escolhe outra peça, na cor vermelha. Ela paga, e então ela encolhe os ombros
quando recebe a sacola com sua compra. — Eu preciso ver a Jade com uma
dessas... — ela diz ao passar por mim.

Em casa, eu faço as coisas como uma louca. Eu não preciso arrumar


nada, porque o apartamento é diariamente arrumado por uma faxineira, mas
eu não posso simplesmente me sentar e ficar esperando, então, eu me
certifico que as coisas estão em seus devidos lugares. Eu olho o quão limpo
estão minhas taças de cristais italianas; em seguida, eu passo pano pelo chão
do meu quarto e arrumo a bancada de cremes, no meu banheiro.
Após tudo isso, eu me deito na minha cama e começo a mexer em
coisas aleatórias em meu celular. Eu até criei uma conta do Pinterest para ver
se é tão bom quanto Aurora disse que era; e eu acabei me viciando. Salvei
várias coisas legais para decorações que eu quero no meu apartamento, e
roupas que eu achei bonitas.
Estou ansiosa demais ainda, então, eu pego meu caderno de desenho e
começo a desenhar a primeira coisa que vem em minha cabeça. Fico chocada
e frustrada quando termino de desenhar e noto que desenhei novamente o
rosto de Ethan.
Meu celular finalmente apita com uma mensagem.
Ethan: Me diga que você usa pílula!?
Eu sorrio enquanto meus dedos se movem sobre a tela para responder.
Eu: Injeção. Tenho uma hora de treino todos os dias, exatamente por
isso.

Ethan: Ótimo. Odeio aquelas merdas de plástico!


Ele manda. Em seguida chega outra:
Ethan: Chego por aí em menos de dez minutos, Less.
Meu coração dá umas cambalhotas com o nervosismo e ansiedade,
todas juntas, acabando comigo. Eu pulo para fora da cama e troco meu
roupão pela minha lingerie nova e uma camisa grande, que eu comprei há
algum tempo junto com outra três para ficar confortável em casa. De sexy
aqui já basta o que eu tenho por baixo dela e o homem que está prestes a
chegar.
Exatamente dez minutos depois, o interfone toca, me informando que
o Senhor Cross está no elevador.
Sinto a boca de o meu estômago afundar e eu pressiono minhas mãos
trêmulas sobre ele, numa tentativa de evitar o nervosismo.
Não funciona, no entanto.
Minha campainha toca. Eu tremo de corpo todo. Um calafrio atravessa
minha espinha dorsal enquanto eu caminho até a porta.

Eu a abro e ele vem com tudo. Ele não olha ao redor para apreciar
minha nova decoração; ele não pergunta como eu estou; ele não faz uma
piada; Ele apenas vem, segura meu rosto enquanto empurra a porta fechada
com um pé, e no momento seguinte, sua boca desce para minha.
Ele me empurra na parede mais próxima, sua boca devorando a minha.
Dando-me um beijo duro, necessitado, molhado. Sua língua entra na minha
boca e lambe a minha. Nós gememos, lamentamos como se isso fosse uma
coisa que estávamos precisando há muito tempo.
E estávamos.
Eu levo minhas mãos para cima e seguro seus bíceps bem malhados,
sob a camisa. Eu abro a boca, recebendo tudo que ele tem para me dar.

Ele tira a boca, lambe meus lábios, um por um, em seguida, volta para
minha boca, beijando-me enquanto rosna e geme ao mesmo tempo. Uma de
suas mãos desce para meu pescoço, braço, e agarra um seio. Ele aperta e puxa
um mamilo.
Lamento, empurrando meu peito para sua mão, querendo mais, minhas
unhas cravando em seus bíceps.

Seus dentes descem para meu queixo, minha mandíbula, chupa meu
pescoço, meu ombro, enquanto suas mãos vão por baixo da minha camisa e
tocam minha barriga. Ele rosna e se pressiona contra mim, deixando-me
sentir sua ereção crescente contra meu estômago.
Estou louca de tanta excitação. Estou tão molhada e sedenta por ele.
Eu quero toca-lo em todos os lugares. Quero senti-lo sob meus dedos, e eu
quero isso há muito tempo.
Pegando na barra sua camisa, eu puxo para cima, pela sua cabeça e a
jogo de lado. Antes que eu posso tocar em seu peito nu, ele pega minha
camisa e faz o mesmo.
Seus olhos incendeiam quando descobre o que eu tenho por baixo. Ele
olha diretamente para meu sutiã, que deixa a visão de todo o meu seio com
sua renda transparente. Meus mamilos endurecem ainda mais sob seu olhar.
Então ele desce pelo meu estômago e para em minha calcinha. Algo como
um Filha da p* escapa de sua boca em um pequeno e quase silencioso
rosnado.
— Você gostou? — minha voz soa excitada, rouca. Estou estatelada
contra a parede, apenas com a lingerie. Meus cabelos não devem estar em um
bom estado agora, depois de ele segurar minha cabeça quando me beijou.
Os olhos azuis de Ethan brilham, escurecendo. — Estou venerando
você agora, Less.
E então ele pega meu ombro e ele me vira, de frente para parede, em
um movimento rápido e brusco. Uma mão segura minha nuca e a outra desce
para minha bunda. Seu dedo passa pelo lacinho, em seguida, desce pela
minha fenda.
Eu lamento, em um gemido baixo.
Sua mão agarra meu cabelo e ele puxa minha cabeça para trás. — Eu
não quero pegar leve...
— Não pegue. — eu imploro sob minha respiração entrecortada. —
Por favor, não pegue leve!
Ele pressiona sua frente contra minhas costas, seu pau roçando em
minha bunda, e sua mão livre vem pela minha frente, raspa meu estômago e
desce entre minhas pernas.
Minha respiração para.
Eu ofego.
Lamento.
Em seguida, solto um gemido quando seus dedos entram em minha
calcinha e circulam meu clitóris.
Ele morde minha mandíbula. — Porra! Eu poderia comer você bem
aqui, Less. E agora. — Ele beija meu ombro quando ele circula minha
entrada encharcada e me penetra com um dedo. Ele rosna em meu ouvido.
Meu corpo treme. Eu apoio uma mão contra a parede e a outra vai para
cima e para trás, segurando a nuca de Ethan.
Seus movimentos são lentos enquanto ele roça seu pau inchado em
minha bunda.
Eu abro mais as pernas para ele, e ele lambe minha orelha.
Ele tira o dedo e volta a me virar para frente. Ele abaixa, agarra
minhas pernas por trás, fazendo-me prender meus pés ao redor de sua cintura
e me leva para o meu sofá. Ele me deita com cuidado, em seguida, seus dedos
se encaixam em cada lado da minha calcinha e ele a leva pelas minhas
pernas.

Estou ofegante e apenas com o sutiã agora.


Ethan olha para meu corpo, de pé, em frente ao sofá e entre minhas
pernas estendidas. Ele toca minha boceta molhada. — Toque-se! — ele diz.
— Me mostre como você se toca, pensando em mim.
Eu quero protestar e dizer que eu preciso dele me tocando, não meus
próprios dedos, mas quando ele vai para trás e se senta na minha mesa de
centro, inclinado para frente em seus cotovelos, e me olhando com fome, eu
faço o que ele quer.
Porque ele parece ter essa coisa nele, que me faz querer realizar seus
desejos.
Eu abro minhas pernas, apoiando os calcanhares na beira do sofá e
levo minha mão entre minhas pernas. — Eu penso que você me toca bem
aqui. — Eu toco meu clitóris e o circulo com dois dedos. Um gemido escapa
quando seus olhos caem para minha mão. — E você começa me beijando
aqui. — Com a outra mão, eu seguro um seio, apertando-o com força.
Seu olhar sobre para meus peitos, e meu corpo responde
imediatamente, se arqueando para seus olhos.

— Vai descendo por aqui. — Eu desço a mão pelo meu estômago,


lentamente. — E, finalmente, você me beija aqui. — Eu volto a circular
minha boceta, meus quadris rebolando de encontro minha mão. Eu agarro
meu seio novamente, afundando mais no sofá, enquanto eu fecho os olhos e
busco pela minha liberação. Estou tão perto, sabendo que ele está me
assistindo. Minhas pernas começam a querer cair, meu sangue ferve, meu
corpo arqueia, mas antes que eu possa chegar ao meu orgasmo, Ethan agarra
minha mão.
Eu abro os olhos e o olho, frustrada, e noto que ele já se livrou da
calça e da cueca.
Ele balança a cabeça e puxa minhas pernas, fazendo-me deitar de uma
forma melhor. Ele desce, pairando sobre meu corpo. Sua boca ataca a minha
novamente, em um beijo ainda mais intenso que o primeiro. — Você é a
porra mais linda quando está se tocando! — Ele diz na minha boca. — Quero
ver você gozando comigo aqui dentro. — Seu dedo entra em mim, de novo.
Um mix de ofegar e gemer sai da minha boca.
Ethan coloca a renda transparente para baixo e chupa um mamilo em
sua boca. Ele chupa meu peito, com sucções altas, seus dentes raspando sobre
o mamilo duro, sua língua fazendo um bom trabalho ao redor, enquanto ele
me fode com seu dedo. Ele troca de peito e eu seguro seus ombros.
— Ethan... — minha voz sai como se estivesse no meu limite, porque
eu estou justamente nele. — estou perto...
Ele levanta a cabeça apenas o suficiente para pegar meus olhos. — Eu
sei!
E sem aviso prévio, ele retira o dedo e me preenche com seu pau
grande e muito inchado.
Eu grito, sentindo a melhor sensação que eu já senti em toda a minha
vida. Eu seguro firme os ombros largos e fortes, quando Ethan começa a se
mover, sua boca pelo meu pescoço, me chupando e beijando lá.

Ethan está dizendo coisas entre os gemidos, como "Você é perfeita,


Less." e "Puta merda! Sua boceta...* ".
Eu abraço seus ombros e agarro seus cabelos. Puxo sua cabeça para
cima e procuro pela sua boca com a minha.
E ele me beija e me fode ao mesmo tempo.
É delicioso demais para qualquer raciocínio coerente neste momento.
Nossos corpos suados se movendo um no outro, em meu sofá novo.
Nossas línguas em uma luta molhada e gostosa. Nossos gemidos contidos
pelo beijo selvagem.
Eu passei toda a minha adolescência desejando ser tocada por ele, e
quando eu, finalmente, consigo, é uma coisa de outro mundo. É ainda melhor
de tudo que eu já imaginei.

Ethan faz um movimento de penetração, que ele pressiona dentro de


mim e atinge meu ponto G. Todo o meu corpo fica tenso e eu gozo com ele
dentro de mim.
— Oh, meu Deus! — É tudo que eu consigo dizer quando ele tira a
boca da minha. Meus joelhos fraquejando com o orgasmo violento.

Ethan se apoia em seus antebraços, em cada lado do meu corpo, e


pressiona mais, mais rápido, mais forte. — De novo, Less! — Ele repete o
movimento algumas vezes, todos os músculos do seu corpo trabalhando
juntos.
Ethan é lindo sobre meu corpo e dentro de mim.
Eu guardo essa imagem na minha cabeça, porque eu, com certeza, irei
desenha-la em algum momento.
Finalmente, ele goza violentamente, sua cabeça é jogada para trás e
seus olhos fortemente fechados, e, por algum feitiço, eu gozo junto com ele,
outra vez.
Meus joelhos caem dessa vez. Nossos corpos tremendo, por causa dos
nossos orgasmos.
No meu caso, o segundo em um intervalo muito pequeno de tempo.
Meu corpo é apenas um saco de ossos triturados.
Triturados por Ethan Cross.
CAPÍTULO DEZENOVE

Ethan caminha de volta para o sofá, ainda completamente nu. Ele


abaixa à minha frente, separa minhas pernas e começa a me limpar com
lenços de papel.
Estou meio deitada e meio sentada agora. E estou sem fôlego com seu
toque carinhoso entre minhas pernas e com a sua visão agora.
Seus cabelos são uma bagunça deliciosa, por causa dos meus dedos
entre eles. Seu cenho franzido, enquanto ele está focado em seu trabalho. Ele
termina, sorri para mim e levanta, jogando o lenço usado em um lixeiro
próximo do sofá, que eu uso para descartar folhas de papéis usados.
— Você parece acabada. — Ele diz, ainda sorridente. Ele vem para
baixo, apoiando-se em suas mãos no sofá, em cada lado da minha barriga.
Seus olhos vão de azul cristalino a um azul mais escuro quando ele percorre
pela minha barriga, meus seios, minha clavícula, e para em minha boca. —
Mas eu não acabei ainda com você.
Eu ofego alto, e isso faz meu peito subir com uma respiração puxada.
Atrevida, levando uma mão e arrasto meus dedos de seu pulso ao seu ombro,
mordendo o canto do meu lábio. — Eu estava contando com isso. — Eu
disse. Eu não precisava me tocar novamente para saber que estou pronta pra
ele.
Ethan senta ao meu lado e com um movimento, ele me puxa para
cima, em seu colo.
Eu olho para baixo, para seu pau perfeito, duro e cheio de veias
inchadas, descansando contra minha barriga. Eu levo minhas mãos e o
seguro.
Ele geme, um som primitivo, profundo e excitante. Suas mãos vão
para minhas costas e meu sutiã se abre. Ele me faz soltá-lo para que ele possa
se livrar da minha última peça de roupa. Então ele agarra ambos meus seios e
os aperta contra a palma de suas mãos grandes. A cabeça desce e ele suga
com força meu mamilo, brincando com a língua.
Eu rebolo em seu colo, massageando seu pau com minhas mãos. Meus
cabelos estão jogados todos de um só lado, meus olhos fechados, enquanto
ele brinca com meus seios. Ninguém nunca havia brincando dessa forma com
eles. É como se ele estivesse gostando deles.
— Me coloque dentro de você, Less.

Eu abro os olhos e encaro os seus. Seguro seus ombros para apoio


quando eu levanto um pouco, em seguida, desço lentamente, gemendo no
processo, sentindo ele me preencher de novo.
Eu não costumo ficar por cima, porque geralmente dói quando entra,
mas estou tão molhada, que a única coisa que eu sinto é meu ventre se
contraindo de prazer.
Minhas mãos vão para trás, apoiando em seus joelhos, quando começo
a me movimentar, com cuidado. As mãos de Ethan deixam meus seios e
descem tocando minhas laterais, até ele elas agarram minha cintura e ele
começa a me foder de novo, no seu ritmo.
Mais uma vez, nossos gemidos tomam conta do lugar. Nossos
gemidos, lamentos, rosnados e o som causado pelos nossos corpos se
batendo.
É desse tipo de sexo que eu amo.
O que te deixa sem nem conseguir pensar.
Que te arrebata.
Te faz gritar e procurar por mais, e mais, e mais.
Mais.
— Mais rápido... por fav... — eu perco minhas palavras quando Ethan
me segura com mais firmeza e sobe com mais força.

Minha cabeça cai para trás, com um grito, e minhas pernas aperta
contra ele, quando eu tenho outro orgasmo muito puta merda intenso.
Em um movimento rápido, eu estou deitada de volta no sofá, de
bruços, e minha bunda é puxada para cima, fazendo-me ficar de quatro, e
Ethan está novamente dentro de mim.
Ele me segura no lugar, batendo contra mim, com força.

Tenho minha cabeça sobre uma almofada, meus olhos revirando e


minhas unhas se enterrando nas laterais da almofada. Eu sinto outro orgasmo
chegando. E ele vem com tudo, na mesma intensidade dos outros dois,
quando Ethan paira sobre minhas costas e leva uma mão para baixo, entre
minhas pernas, e me esfrega.
Eu gozo, e ele vem em seguida, rosnando alguns palavrões, com sua
testa caída no meio das minhas costas.
Nossos corpos estão esgotados agora.
O meu está, pelo menos.
Destruída. Fodida.

Muito bem fodida.

Ethan sai de mim, com cuidado e deita de lado, me puxando para seu
peito.
Eu estranho. Milhares de alertas piscam em minha cabeça, como
um Alerta Perigo, porque são esses pequenos atos que fazem uma garota cair
de quatro por um cara como ele.
Cair de quatro. Eu deixo uma risada preguiçosa escapar.
Era exatamente como eu estava instante atrás.
— O que é engraçado? — Ethan pergunta. Ele varre com os dedos,
uma mecha de cabelo grudada em minha testa.

Outro alerta.
Balanço a cabeça, como se estivesse hipnotizada por seu cheiro
masculino. Desconverso: — Parece que deixar meu sutiã com você
funcionou.
Ele ri suavemente e seu peito treme. — Você não precisava disso.
Quatro palavrinhas suas, e eu estaria aqui.

Franzo o cenho. — Quatro? Quais?


— Ethan. Minha casa. Agora.
Uma risada escapa da minha garganta. — Ou poderia ser — eu toco
cada dedo enquanto eu digo: — Ethan. Sexo quente. Agora. — eu digo,
mordendo meu lábio inferior em seguida, de uma forma atrevida. —
Porque, cara, você é um sonho quente para qualquer mulher. Agora eu
entendo o porquê há tantas correndo atrás de você!
Por dentro, meu estômago está se revirando de ciúmes, mas eu dou
tudo de mim para não demonstrar.
Eu odeio saber que houve mulheres que o sentiu assim, antes de mim e
que terá outras depois.

Ele é o que podemos chamar de Um homem completo.


Dave era bom de cama; Kai tinha seus truques; Mas Ethan? Meu
Deus! Ele chega a ser uma coisa nada real.
Ele abaixa o queixo para olhar em meus olhos. Tão intenso e faminto.
— Sou seu sonho quente?
— Pode apostar que sim, bonitão! — Sinto meu rosto esquentar.
Ele toca meu rosto, gentilmente, e seus dedos percorrem minha
mandíbula e meu queixo, como se estivesse me desenhando. — Então, pode
apostar que você é a porra de um sonho muito delicioso e molhado! — E sua
boca pega a minha de novo, num beijo mais gentil que os outros. Ele suga
minha língua, chupa meus lábios, lambe minha boca.

Enrosco minha perna entre as suas, para ficar melhor o acesso à sua
boca e o beijo de volta, segurando um lado do seu rosto enquanto ele segura
minha nuca.
Seu celular toca de algum lugar. — Filha da puta! — Ele pragueja
contra meus lábios. Ele pressiona de novo, em um selinho duro e se senta
para pegar o celular no bolso de sua calça, no chão.

Eu começo a retirar minha perna de cima dele, mas ele segura com
uma mão e leva o celular para a orelha com outra.
— Sim? — ele atende.
Eu me espreguiço, esticando meu corpo, e apreciando o carinho que
ele está fazendo em minha panturrilha.
Ele escuta quem está do outro lado da linha e eu vejo um osso da sua
mandíbula se contraindo. Seus ombros ficam tensos e sua mão aperta em
volta do aparelho. — Estarei lá amanhã. — ele escuta novamente, e assente,
mesmo sabendo que a pessoa não está vendo. — Obrigado, McConaughy! —
desliga e joga o celular sobre minha mesa de centro.

Eu me sento, ainda com a perna sobre ele. Estou preocupada que seja
algo ruim, pela sua expressão fechada.
— Eu preciso ir. — ele olha para mim.
Meu peito afunda com tristeza, porque eu não faço ideia se isso irá se
repetir, ou ele vai se arrepender amanhã. Mas eu assinto. — Há algo errado?
Ele sacode a cabeça, negando. — Nada para se preocupar. Estarei
voando para Londres ainda esta noite.
— Hum...
Ele deixa minha perna e começa a se vestir.
Sentindo-me muito exposta agora que ele está se vestindo, eu agarro
minha camisa e a visto também. Não me preocupo com a calcinha, uma vez
que eu preciso de um banho. Eu fico de pé, perto da porta, esperando ele
acabar.
Ele termina de se vestir e se certifica que nada caiu de seus bolsos com
a pressa. Ele vem para minha frente, segura meu rosto e me dá um beijo de
despedida. Ele finaliza puxando meu lábio inferior entre os dentes.

Eu lamento, se derretendo.
— Volto daqui a dois dias. — ele diz. — Espero que você tenha outras
lingeries como aquelas para usá-las para mim.
Eu me animo, e meus lábios são puxados para cima, em um sorriso
tímido. — Como um presente de boas-vindas? — Eu juntos minhas pernas
quando sinto meu clitóris palpitar em antecipação.
Ele me beija novamente. Sua voz rouca e profunda, quando ele diz: —
Meu presente de boas-vindas será comer você, Less. De todas as formas e
posições possíveis.
Então ele sai e fecha a porta, me deixando ofegante e muito
necessitada.
CAPÍTULO VINTE

— Conte-me sobre Dubai. — Kono me entrega uma taça de sorvete e


se senta de frente para mim, do outro lado da mesa.
Estamos em uma sorveteria popular próxima a minha casa, sentadas
em uma mesa, do lado de fora, sob o guarda-sol lilás. Ela me mandou
mensagem, pedindo para que a encontrasse lá. É sábado e eu não tinha nada
marcado, e ficar em casa sozinha, só me faria pensar sobre o sexo quente que
tive com Ethan, por isso, eu não pensei duas vezes antes de aceitar o convite.
Encolho os ombros, cutucando o sorvete de limão com a colher. —
Quente. Bonito. Divertido durante a noite... — eu digo, pontuando. — E,
claro, segundo Lucca, um lugar perfeito para transar.
— Hum, parece um bom lugar, então. — Kono lambe sorvete dos
lábios.
Eu concordo, levo uma colher de sorvete para boca, e digo em
seguida: — Por quê? Está pensando em ir lá?
Kono assente lentamente, mas ela parece um pouco hesitante. — A
Jade precisa voltar. — ela diz. Encolhe os ombros e não tira os olhos do seu
sorvete. — Ela tem um negócio para tocar lá, sabe?
Eu paro de comer quando percebo o que ela está dizendo.
Pelo que pude notar, Kono gosta da Jade desde que trabalhava na
LEA. Jade voltou para o país agora, e ela teve uma chance de chegar junto.
Aparentemente estão dormindo juntas. E agora, Jade precisa voltar para seu
país, e pelo visto, Kono está considerando ir junto.
— Está considerando... ir?
Seus olhos puxados se alargam o máximo possível, como se estivesse
sido pega de surpresa com minha pergunta.
Vou ficar feliz com o que ela decidir fazer, mas vou sentir sua falta.
Ela tem sido minha amiga todos esses dias em que nos conhecemos.
— Talvez...?! — ela diz, com a palavra arrastada e hesitante. Ela
coloca uma mecha de cabelo rosa para trás da orelha, timidamente. — Eu
admiro a Jade por muito tempo, e agora nós estamos tendo um lance bom.
Realmente bom, entende?
Eu assinto, confirmando sua pergunta.

— Eu não quero decidir nada precipitado, porque acabamos de nos


conhecer pessoalmente. Mas se ela disser que gostaria de me ter por perto,
como ela parece gostar, então eu vou. Eu sou uma boa designer e eu tenho
certeza que vou consegui um emprego por lá.
Abro um sorriso largo e encorajador pra ela.
A Kono é uma pessoa maravilhosa e a Jade não fica atrás. Elas se
merecem.
— Dubai está evoluindo a cada dia que passa. É a cidade com os
melhores designers. Tanto de interiores de casas, quanto de qualquer outra
coisa que requer um designer. — Eu digo sinceramente. — Você, com toda
certeza, se dará bem.

— Você acha?
Dou de ombros, com indiferença. — Ah. E eu vou checar com meu
irmão para ver o que a Jade acha mesmo de você.
Seus olhos brilham. — Faria isso?
Inclino-me sobre a mesa e pisco para ela, falando como se fosse um
segredo: — Se há alguém na face desta terra que pode saber sobre isso, é
Lucca Lazzari.

ETHAN

Avisto o rio Tâmisa através da grande parede de vidro espelhado, na


cobertura do Marriott County Hall Hotel. Minhas mãos estão
preguiçosamente enfiadas nos bolsos frontais da minha calça, enquanto tento
não pensar muito na noite anterior, quando eu, finalmente, pus minhas mãos
sobre ela.
Se eu fosse um cara do bem, eu estaria me sentindo mal agora, por
foder de uma forma muito quente a irmãzinha dos meus melhores
amigos. Não. Eu, sequer, teria ido até seu apartamento, para início de
conversa. Eu não teria dito que a queria nua pela mensagem, ou que queria
beijar.
Eu a protegeria de caras como Dave e Kai. E eu. Caras como eu.
Mas, não. Eu não estou arrependido. Estou aguçado; tentado a ter mais
dela. Estar dentro dela. Sugar e lamber cada lugarzinho delicioso de sua pele.
Tê-la sob meu corpo, se contorcendo de prazer, arqueando aqueles peitos
cheios e apetitosos, enquanto eu levo todo meu caminho dentro dela.
Puxo o celular do meu bolso, e antes que perceba, estou levando-o
para meu ouvido, e duas chamadas depois, sua voz suave soa do outro lado.
— Ei! — ela soa ofegante, como se estivesse acabado de correr uma
maratona. Monster do Eminem e da Rihanna toca ao fundo.
— Estou atrapalhando você?
— Ah, não. Não.
O som para, então eu presumo que ela o desligou, talvez, para escutar
melhor.

— Eu só estava aproveitando meu dia de folga para me exercitar um


pouco em casa. — ela explica.
Uma imagem dela apenas com roupa de treino aparece em minha
cabeça e eu não aguento. — O que você está vestindo? — minha voz sai mais
rouca que o normal.
— Hum... Me dê um segundo! — há alguns segundos, em seguida,
meu celular vibra e ela diz: — Olhe suas mensagens!
Retiro o celular da orelha e deslizo meu dedo sobre a tela para
desbloquear. Abro as mensagens e há duas imagens. Meu pau – semiereto até
agora – incha rapidamente e pressiona contra meu zíper, a ponto da dor. Eu
rosno e xingo baixinho.
Filha da p*...
A primeira imagem é uma foto sua de frente ao espelho de corpo
inteiro em sua sala de estar. Alessa está vestida com uma calça vermelha, tão
colada, que eu posso ver a definição de suas coxas grossas; o top aperta e
ergue seus seios suculentos, deixando-me um pouco enciumado por não ser
eu a os apertar. Ela tem o cabelo preto preso em um rabo de cavalo, no alto
da cabeça. A segunda imagem, ela está de costas, com o celular sobre eu
ombro, enquanto ela me deixa apreciar sua bunda perfeita. Deliciosa.
Levo o celular de volta para o ouvido. — Você é bem atrevida, Less.
Ela ri uma risada curta, mas que causou grande arrepio em minha
coluna. — Se vamos continuar com isso, acostume-se, Senhor Cross, pois eu
tenho um apetite bastante... Como posso dizer?... Guloso.
— Então, você foi feita sob medida para mim, srta° Lazzari.
Silêncio do outro lado da linha.
Uma respiração puxada.
Um gemido reprimido.
E então: — E você, Ethan? Fiquei preocupada com a ligação e sua ia
repentina a Londres.
Arrasto a mão pela minha nuca, afagando o local, de repente, dolorido.
Minha vinda para Londres foi realmente muito repentino, porém,
muito necessário. Eu vi uma oportunidade e eu a peguei. Claro, eu faria isso
mesmo sem essa oportunidade. Mas, isso apenas veio até mim, então, eu
estou aqui.

Há uma batida rápida e precisa na porta da minha suíte e ela se abre.


Viro-me para ver Steven, um dos meus assistentes, entrar.
Ele pede licença e diz: — Desculpe atrapalhar sua ligação, senhor, —
ele aponta para a porta — mas sua visita chegou.
— Peça-o para entrar, por favor! — eu digo, e quando ele assente e
sai, eu volto para Alessa. — Você não precisa se preocupar, eu disse isso,
Less.
— Eu sei. Eu só... — um suspiro exasperado. — Eu só não consigo
não me preocupar. E não pense que é só porque transamos, mas porque você
é importante desde... muito tempo. Eu vi sua expressão quando você recebeu
a ligação.

Eu dou uma olhada preocupada para a porta. Uma grande parte de


mim está adorando ver que ela se preocupa independente do que está
começando entre nós. — Juro, não precisa se preocupar. Irei resolver e então,
volto para LA. — um sorriso malicioso enrola em meus lábios. — E, nós
teremos uma noite só eu e você.
— Teremos? — sua voz soa ofegante e ansiosa.
Eu sorrio. — Com certeza. Até amanhã, Less!
Eu desligo na mesma hora em que minha porta se abre de novo, e
dessa vez Steven entra seguido por outro homem.
Alto, cabelos pretos, olhos verdes. Um rosto tão familiar. E mais
jovem do que eu imaginava.

Eu avanço para recebê-lo, evitando o aperto em meu estômago e a


vontade de socar sua cara, que parece arrasar qualquer ser humano feminino
por onde passa. Eu estendo minha mão, e ele a aperta, com um sorriso
amistoso nos lábios. Eu sorrio de volta, porque, pelo que me lembro, eu ainda
sou um cara educado. — É um prazer, finalmente, conhecê-lo, Sr. Puccini.
CAPÍTULO VINTE E UM

Uma pessoa normal abriria um sorriso e, rapidamente, atenderia o


telefona de sua mãe, e não a ignoraria sete vezes seguidas. Uma pessoa
normal adoraria falar com sua mãe, colocar os papos em dias, tagarelar sobre
sua própria vida, contando os seus segredes e ouvindo os dela.

Mas não eu.


Talvez, eu não seja uma pessoa normal então, porque eu, mais uma
vez, estou desviando a chamada em meu celular, com o nome Mãe piscando
na tela.
Deixo o celular sobre o balcão da sala de descanso da E.C.A, ao lado
da cafeteira e volto a preparar meu café. Minhas mãos estão suando, e eu não
sei dizer se é por causa das ligações insistentes da minha – tarada e com um
parafuso a menos – mãe, ou porque Ethan está de volta, e está em sua sala
agora, há alguns poucos passos de distância.
— Nós... podemos conversar? — a voz muito familiar ressoa através
do ambiente fechado e se instala na boca do meu estômago.

Meu corpo treme de uma forma muito ruim e eu paraliso minhas mãos
por alguns segundos. Eu não olho para trás, porque eu sei que isso irá me
fazer vomitar, quando eu digo: — Nós não temos nada pra conversar, Kai. —
E eu fico orgulhosa de mim mesma por ter conseguido soar firme.
— Não, você está errada! — Ele dá passos, porque eu posso escutar o
solado de seus sapatos batendo contra o chão de mármore. — Você precisa
me escutar!
Viro-me, com minha xícara enorme, que contém a letra A bordada de
azul-piscina, em mãos e estreito meus olhos sobre a figura bonita, porém
irritante de Kai. — E o que exatamente eu preciso escutar de você? —
pergunto, sem conter o deboche do meu tom.
Ele pisca, talvez surpreso pela frieza em meu tom de voz – porque eu
mesma estou surpresa com isso –, mas logo se recompõe e dá um passo à
frente. — Que não era isso que eu esperava.
— O que você não esperava? Que você iria comer ela, na minha casa,
no meu sofá, e não sei o que meu mais, porque tudo ali dentro era meu, e eu
nunca ia descobrir?
Sua expressão é perturbada agora. Ele passa as mãos pelos cabelos
louros, em seguida, as coloca dentro do bolso. — Nos conhecemos no dia da
boate. Quando dançamos juntos, ela me contou um pouco sobre a história
dela com o ex-namorado. Depois, nos encontramos no... seu apartamento,
Eu respiro fundo, o grito preso em minha garganta enquanto eu
escutava ele falar. Eu sabia o que viria depois, só pela sua hesitação.
Ele continua: — e você não estava lá, então ela me falou sobre o
rompimento de seu namoro, e começou a chorar, e quando eu vi, eu a estava
consolando...
— Só uma dúvida — ergo um dedo, interrompendo-o. — quando você
diz consolando, você quer dizer fodendo?
Kai solta um suspiro exasperado, e dá mais um passo, ainda mais perto
de mim.
Eu já estou começando a ficar sufocada.
— Alessa, não foi minha intenção machucar você.
— Você machucou. — eu digo entredentes. — Não você!
O brilho confuso intensificou em seus olhos verdes, mas dessa vez, ele
dá um passo para trás, como se tivesse acabado de ser atingindo por um tapa.
Satisfeita comigo mesma, por não me abalar com esse papo furado, eu
seguro minha xícara firmemente com uma mão e alcanço meu calcular com a
outra. Eu começo a andar em direção à porta, mas assim que passo por Kai,
eu paraliso quando ele diz:

— Bridge está grávida!


Giro em meus calcanhares e volto a encara-lo, um pouco surpresa.
Ele pisa para frente. — Ela está grávida e eu não sei o que fazer-
Certo, isso me abalou.
Não por ciúmes de ele ter a engravidado, mas porque nós – eu e
Bridge – sempre sonhamos que quando ela tivesse filhos, eu estaria sempre
lá, para ajudá-la com meu afilhado.
— O que você quer dizer com não sei o que fazer? — Eu questiono,
meus olhos estreitos em fendas.
Kai tira as mãos dos bolsos e volta a passá-las em seu cabelo. —
Droga, Alessa! Eu gosto da Brid, ela é legal, mas eu não consigo parar de
pensar em-
— Para! — Eu meio que grito, incrédula. — Pelo amor de Deus,
apenas para! Você tem noção do quanto você está sendo um idiota, nesse
momento?
Ele sacode a cabeça, sem acreditar no que está ouvindo.

Dessa vez, eu que dou um passo à frente. Minha voz é baixa e


determinada quando eu digo: — Experimente ser um homem, pela primeira
vez na sua vida, e cuide da Bridge e do seu bebê. Jackson já a fez sofrer
demais para uma vida só.
Ele ainda levanta a mão e toca meu braço, mas eu vou para longe do
seu toque, e sem consegui evitar minha expressão enojada, eu completo:
— Ela sempre sonhou em ser mãe, e provavelmente ela está
apaixonada por você, então, não faça com ela a mesma coisa que fez comigo.
Dando as costas, eu o deixo sozinha na sala de descanso e volto para
minha mesa. Eu deixo minha xícara sobre a madeira da minha mesa, passo as
mãos pelo meu cabelo, como se ele estivesse precisando ser arrumado, em
seguida, coloco as mãos em minha cintura. Eu encaro o líquido preto dentro
da xícara, tentando acalmar as batidas cheias de raiva do meu peito.
Ele realmente achou que me dizendo aquelas coisas, nós estaríamos
bem?
Deus! Eu tenho um arrepio ruim e uma vontade de vomitar só em
saber que ele ainda pensa em mim.

Uma das duas portas do escritório de Ethan se abre e em seguida eu


escuto um — Srta. Lazzari, o Sr. Cross pediu que entrasse em seu escritório.
Ele quer falar com você.
Eu ainda estou de cabeça baixa, encarando o líquido preto, então eu
movo um pouco minha cabeça para olhar Lúcia, parada perto de sua mesa,
abraçando sua caderneta com pelúcias lilás. Meu coração pulou algumas
batidas com a menção de seu sobrenome.
O sobrenome mais sexy que um homem pode ter.
O sobrenome que me deixa com a calcinha molhada e as pernas como
geleias.
Eu solto uma respiração trêmula e aceno para ela. Eu pego minha
xícara e derramo o líquido na lixeira ao lado da minha mesa. Em seguida, eu
caminho para o escritório mais cobiçado de Los Angeles. Eu abro uma porta
e coloco apenas a cabeça para dentro, um meio sorriso desejoso tocando
meus lábios quando encara um Ethan muito delicioso em seu terno quatro
peças, do outro lado de sua mesa, usando – puta merda – a porra de um
óculos de leitura.
— Entre, por favor!
Todo o meu pequeno corpo se ascende com seu comando rouco. Eu
entro e fecho a porta atrás de mim. Eu aproveito enquanto ele está olhando
meu corpo inteiro e dou uma olhada no seu.
1.89m de músculos bem definidos e espalhados. Ombros largos.
Bíceps fortes e bem malhados.

O homem mais desejado do momento, que em breve, estará dentro de


mim, novamente.
— Quer falar comigo? — Eu pergunto, de forma inocente, enquanto
me aproximo de sua mesa.
Ele assente, sério, em um tom profissional. — O que Kai queria com
você? Ele estava te incomodando? — Ele aponta, de forma desleixada para os
monitores no canto da sala.
Ele estava me observando?
Eu não foco na parte sobre Kai, e sim na parte em que algo dentro de
mim gosta de ser observada por ele. Eu gostei disso quando ele me olhou
enquanto eu me tocava em minha casa, e eu gosto que ele me observe pelos
seus monitores. Cada passo meu. Eu amo seus olhos sobre mim.
Ele levanta uma mão para tirar os óculos, mas eu me inclino sobre a
sua mesa e alçando seu braço antes que ele faça.
— Não tire. Eu não sabia que você usava, mas fica perfeito em você.
Ele toca minha mão em seu antebraço e alisa meu dorso e dedos com
carinho. — Eu os uso apenas para ler coisas longas. — Ele acena com o
queixo para os papéis em sua mesa. Ele pega minha mão e a leva até sua
boca, e ele beija minha palma.
Eu tremo e minha boca saliva. — Esteja com ele mais tarde. — Eu
digo, com voz num fio, quase se quebrando.
Eu não penso mais sobre o idiota do meu ex-namorado e parece que
ele também se esqueceu, por ele não insiste.
Em vez disso, ele morde a ponta do meu dedo indicador, olhando
diretamente em meus olhos. — Se eu for com ele, o que eu ganho com isso?
Encolho os ombros, olhando para sua boca. — Tenho uma surpresa
pra você, talvez.

Seus olhos brilham. — Você me encontra na fábrica mais tarde?


Eu assinto.
— Você vai precisar desligar o celular, Less. Eu quero comer você
durante a porra da noite inteira, sem nenhuma ligação ou chamada para
interromper. — Ele beija meu dedo, em seguida meu pulso.

Eu assinto de novo, mas algo como um som de um gato miando sai


por entre meus lábios.
Ele dá um último beijo na palma da minha mão e a solta. — E também
vou querer saber sobre o motivo que Kai achou para falar com você! — Sua
voz volta a ficar séria.
CAPÍTULO VINTE E DOIS
ETHAN

É pouco mais de nove e meia da noite quando entramos na garagem


particular da fábrica.

— Aqui. — eu estendo a garrafa de vinho para Alessa pegar. —


Segure enquanto eu digito o código para fechar.
Ela vira para mim e a lanterna de seu celular encandeia meus olhos,
causando um desconforto terrível quando a luz se encontra com as lentes do
meu óculos.
Levo a mão com a garrafa para perto, protegendo meus olhos quando
faço uma careta.
— Oh. Desculpe. — Alessa aponta a lanterna um pouco para o lado.
Ela olha o painel do código e morde o canto do lábio. — Você pode dizer o
código e eu coloco...
Ergo uma sobrancelha.

Ela abre um sorriso inocente. — Eu já estive tanto aqui, que já me


sinto em casa. Mas dessa forma, parece que sou uma criança de quatro anos,
que apenas meus pais têm acesso às chaves de casa. — Ela sacode a lanterna
entre eu e o painel. — Por favor! — Ela implora.
A forma que sua voz soou quando ela implorou – mansa, baixa e um
pouco manhosa – me fez lembrar dela debaixo de mim, e por cima de mim.
Instintivamente, meu pau incha dentro da calça, com a saudade de
sentir como é estar dentro dela. Com um suspiro rendido, eu aceno para ela se
aproximar do painel.
Ela obedece, sorrindo como uma criança que acaba de convencer seus
pais a comprar sua boneca preferida do momento.
Eu dito os cinco números e ela os digita e, em seguida, o portão
começa a se fechar e a garagem começa a ficar mais escura.
— E como eu faço para abrir o avião? — Ela sussurra-grita,
animadamente. Ela está tão próxima agora, que eu sou capaz de sentir sua
respiração exaltada.
— Você vai precisar colocar a mão no meu bolso esquerdo frontal. —
sussurro-grito de volta, entrando no seu jogo.

Ela pisa para mais perto, mantendo a mão da lanterna para baixo, ao
lado do seu corpo, e isso faz com que fique completamente escuro na parte de
cima. Sua mão livre alcança a barra da minha calça, sua respiração quente em
meu pescoço. — Obrigada por vir de óculos. — Ela sussurra, mas agora, seu
tom tem um toque malicioso. — Estou excitada, Ethan. Muito.
Sua mão desce as unhas raspando na frente do meu jeans, onde há uma
coisa muito dura por ela. Ela está me provocando. Testando, talvez?
E está funcionando.
— Então, pegue logo a porra do controle em meu bolso! — eu digo
entredentes, quase como um rosnado.
Ela ri contra meu peito quando sua mão, finalmente, chega ao meu
bolso esquerdo e ela pega o controle.

Duas coisas sobre mim: 1) Eu não sou um cara paciente. 2) Alessa e


seu corpo me deixam ainda mais sem paciência.

Eu quero tocar, beijar, lamber, chupar o tempo todo. É tudo o que eu


penso desde nossa viagem ao rio, quando a vi seminua naquela suíte. E isso
intensificou quando eu a fodi na sala de sua casa. Eu, sinceramente, estou
tentando descobrir como diabos eu consegui passar um dia inteiro sem
sequer olhar para ela.
Porque isso é tudo o que basta para que eu tenha um orgasmo
mental: Olhar para ela.

E também é por isso que eu não gosto de perder tempo quando estou
com ela.
Assim que a porta do avião sobe e fecha, eu largo as coisas sobre o
balcão e agarro o rosto pequeno de Alessa. Ela me olha de volta, com seus
grandes olhos azuis. Suas mãos delicadas sobem pelos meus braços, até que
seus dedos tocam meu rosto. Uma unha vem e arrasta pelo aro do meu
óculos, enquanto ela acompanha com os olhos, como se estivesse admirada
com a visão.
Eu abaixo minha boca sobre a dela e a beijo. Minha língua entra em
sua boca no segundo em que ela abre para suspirar.
As mãos de Alessa descem e ela segura a barra da minha camisa, e
nossas bocas se separam apenas o suficiente para que a camisa saia, e então
seus lábios voltam para os meus. Ela agarra meus ombros e eu agarro a parte
de trás de suas pernas, e a puxo para cima. Ela cruza as pernas envolta da
minha cintura no momento em que eu a ponho sobre o balcão.
Empurrando seu vestido para a cintura, eu tenho uma boa visão da
calcinha de renda rosa-bebê. — Você parece deliciosa nesse pedaço de pano,
Less.
Com muito atrevimento, ela coloca ambas as pernas para cima,
cravando os saltos na beirada do balcão, de forma que ela está bem aberta
para mim. Um sorriso pecaminoso toca seus lábios, e ela morde brevemente o
canto do lábio. — Você não tem como dizer se estou deliciosa, se você ainda
não experimentou Sr. Cross...

Seus lábios se movimentarem de forma indecente quando ela


pronunciou as palavras. Levando as mãos para trás do corpo, ela se apoia nas
palmas das mãos, e inclina a cabeça para o lado, levemente, como se
estivesse me desafiando a degustá-la.
Levanto a mão e toco seu joelho direito. Meus dedos traçam um
caminho para baixo, em sua pele branca, lentamente, provocando, sentindo
ela se arrepiar sob meu toque.

Ela gosta de me provocar, e ela gosta mais ainda de ser admirada por
mim.
Eu percebi isso.
Ela gosta da forma que eu estou olhando para sua boceta, ainda
escondida sob a pequena renda. E ela gosta, principalmente, porque sabe o
que estou prestes a fazer.
Eu agarro a carne de sua coxa quando minha cabeça desce e eu beijo o
topo da sua perna.
Ela fica imóvel, prendendo a respiração em antecedência.
Com a outra mão, eu afasto o tecido molhado para o lado e a lambo.

Ela treme e um suave Ahh! escapa de seus lábios entreabertos.


Eu lambo novamente, e novamente, e novamente. Eu chupo, brinco
com seu clitóris, volto a lambê-la.
Ela é tão rosada, e como eu disse tão deliciosa.
Minha língua vai para baixo e eu circulo sua entrada pulsante e
ensopada. Eu a penetro, em seguida, eu saio e estalo minha língua em seu
montinho de nervos.
Alessa lamenta alto, sua mão agarrando meus cabelos. Ela começa a
rebolar contra minha boca.
Eu olho para cima, para ela, a tempo de vê-la puxando as alças finas
de seu vestido para baixo, até que seus dois seios redondos, com os picos
duros e pontudos, estejam para fora.

Ela segura um deles com a mão e aperta, jogando a cabeça para trás.
E a visão daqui de baixo é a porra da visão mais excitante.
Eu chupo e lambo uma última vez, antes de abrir minha calça e me
empurrar para dentro dela. Eu gemo, e ela grita com o prazer. Ela me deixa
substituir sua mão pela minha em seu seio e eu agarro os dois. Eu aperto e
chupo cada um deles, enquanto trabalho dentro e fora do seu canal apertado.
Ela pega meu rosto e ela me beija, tão duro e preciso, que eu tenho
certeza de que ela está apenas tentando se saborear através da minha língua.
Sua boca vai pela minha mandíbula e puxa meu lóbulo entre os dentes. — Eu
vou gozar Ethan... — Sua voz soa como um miado; como se estivesse por um
fio.
— Você vai? — Eu pergunto em seu ouvido. Eu desço uma mão entre
nós e a masturbo, enquanto meu outro braço segura ao redor de sua cintura,
quando invisto mais duas vezes, antes de seu corpo começar a tremer em
minhas mãos.
Ela tem o seu primeiro orgasmo da noite, gemendo e meio gritando em
meu pescoço. E, com uma primeira foda bem fodida da noite, seus braços
abraçam meus ombros quando seu corpo mole cai sobre mim.
Eu sorrio, satisfeito e sem sair de dentro dela, e a tiro do balcão e
começo a caminhar para a suíte do avião, com ela em meus braços.
— Jesus! Nem parece que foi apenas um dia longe! — Ela ri baixinho
em meu pescoço.
— E nós estamos apenas começando... — Eu entro na suíte e a deito
com cuidado sobre a cama, no centro do quarto, para não sair dela. — Eu
ainda não gozei.
Seu corpo se arqueia em minha direção e ela aperta em torno de mim.
— Por que não resolvemos isso, huh? — Ela diz, preguiçosa e
maliciosamente.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS

— Como eu fico? — Eu passo a mão no meu cabelo, jogando-o todo


para um lado e ergo uma sobrancelha, estreitando os olhos em uma forma
sexy. Eu havia pegado seus óculos e colocado em mim, para um teste.
— Está parecendo uma atriz pornô, fazendo a cena da bibliotecária
sexy e peituda. — Ethan responde, com um sorriso divertido. Ele estava me
observando, atentamente, e segurando em minha cintura, como se não
quisesse que eu saísse dali.
Ainda estávamos na suíte do seu avião. Ele sentado na beira da cama
enquanto eu estava montada dele. Fazia apenas uns cinco minutos em que ele
me fez gozar duas vezes seguidas, e gozou sobre minha barriga. Demos uma
pausa para nos alimentarmos, porque nenhum de nós jantou hoje.
— Ou uma secretária safada? — Com delicadeza, ele empurra uma
uva na minha boca e beija o lado do meu queixo. — Eu gosto da segunda
opção. Mas eu comeria do mesmo jeito.
Dou um tapa em seu ombro, sentindo minhas bochechas esquentarem.

Bibliotecária sexy e secretária safada são suas fantasias?


O ciúme estala como um trovão. É apenas uma fantasia, que talvez
todos os caras têm, mas, a minha fantasia sempre foi apenas ele. Dessa
forma; da sua forma.
Ethan aperta minha cintura com cuidado, sua expressão voltando a
ficar séria quando ele olha em meus olhos. — O que Kai queria com você
mais cedo? — Ele faz a pergunta, que eu sabia que ele faria.
Estava apenas esperando, e ansiando para demorar mais tempo.
Encolho os ombros. — Bridge está grávida.
— E o que você tem a ver com isso?
Sua pergunta rebateu tão rápido e frio, que eu mal consegui piscar
depois que terminei de falar.
— Ele disse que Bridge é legal, mas ele não consegue parar de pensar
em mim. — Eu digo, mas eu estou olhando para todos os lugares, menos para
seu rosto, então eu não sei como é sua expressão agora.
Preocupada, talvez? Ethan sempre teve esse ar de irmão mais velho
quando estava perto de mim. Era como se ele fizesse o trabalho dos meus
irmãos quando nenhum estava por perto.
É estranho pensar nisso porque nós acabamos de transar, foder, suar,
beijar...
— O que você disse? — Ele, finalmente, fala. Sua voz é monótona e
seu corpo está tranquilo, mas seus dedos estão apertando minha cintura.
Levanto os olhos para os dele e vejo o quanto o azul cristalino
escureceu. — Eu o coloquei eu seu devido lugar. Eu disse que ele não pode
fazer com ela o que eles dois fizeram comigo. Ela está grávida e ela sempre
sonhou com isso.
Eu acho que o que eu disse realmente o impressionou, porque ele
seguro meu rosto e puxou minha boca para baixo, para a sua.

Ele me beijou tão duro e tão forte, que seus óculos subiram para minha
testa. Ele levanta uma mão e o retira de lá, sem parar de me beijar.
Eu gosto do seu beijo. Gosto da forma bruta, mais ao mesmo tempo
delicada, que ele me beija. Gosto da forma que sua língua briga com a minha,
como ele suga tudo de mim.
Eu separo de sua boca um pouco para respirar, sentindo meus lábios
inchados. — Eu lembro que eu tenho uma surpresa pra você... — Eu sussurro
contra sua boca.
Ele ri e lambe meu lábio. — Vou alimentar você, depois vou deixar
você me mostrar a tal surpresa, e em seguida, eu vou te comer de novo.

Ele segura minha bunda e me leva para sentir seu pau, já à minha
espera.
Eu gemo em sua boca, segurando seu pescoço. — Bem nessa
ordem. Por favor.

The Greatest love of all da Whitney Houston tocava ao fundo quando


eu me sentei com Lucca no County Coffee.
Meu irmão olhou para mim sob seus óculos escuros rayban e me
ofereceu seu sorriso torto. Em seguida, ele acenou para um garçom que
estava passando e fez o pedido de dois cafés.
Apoio meus antebraços sobre a mesa, também o olhando sob meus
óculos, do mesmo modelo que o dele, e sorrio. — Lembra quando
brincávamos daquilo que você me fazia uma pergunta e, em seguida, eu te
fazia outra?
— Lembro. Você quer brincar?
Uma mulher, muito ousada e cheia de silicone, passa por nós no
instante em que ele faz a pergunta, e ela solta um "Com você? Com certeza,
eu quero!" quando lança um olhar safado para meu irmão.
Apesar de ela ser o tipo de mulher que os homens parariam de tudo
para olhar, meu irmão apenas me ergue uma sobrancelha ainda olhando em
minha direção. Ele se diverte, porque ele sabe que chama a atenção do sexo
feminino e uma boa parte do masculino, também.

Todos os meus irmãos chamam atenção. E Ethan. Eles têm essa beleza
rara e safada, que deixa qualquer uma suspirando e querendo.
Inclino-me um pouco para o lado, olhando para a mulher e grito — A
mulher dele brinca todos os dias, pode acreditar! — para que ela possa
escutar.
Ela olha para trás, no momento em que Lucca ergue o dedo e toca a
grossa aliança dourada, ainda de costas para ela. Ela faz biquinho, revira os
olhos e sai.
Eu volto para meu irmão, satisfeita. — Sim, eu quero brincar disso.
Lucca gesticula com a mão. — Comece, amore mio!
Sorrio amplamente porque amo quando ele me chama dessa forma. —
Jade está gostando da Kono? De verdade? — pergunto.
Ele acena, confirmando. — Ela disse que elas têm muito em comum.
— Ele diz, e eu sei que é a única coisa que eu vou saber sobre o que Jade
disse.
Lucca é seu melhor amigo, então, ele guarda seus segredos como
ninguém.

— Minha vez. — ele bate o indicador contra a madeira da mesa.


Eu prendo a respiração em antecedência.
— Qual motivo do seu término com seu namorado?
Volto a respirar.
E eu sou sincera: — Peguei-o quase transando com a Bridge. No meu
sofá.
Lucca retira o óculos, seus olhos estreitos, incrédulos, assim como o
som que saiu de sua garganta, que eu concluo que devia ser um "Como é?".

Eu não queria que nenhum dos meus irmãos soubesse, porque suas
reações seriam essa, obviamente. Mas esse nosso jogo requer sinceridade. Eu
não podia mentir para ele.
Eu vejo sua mandíbula apertar e levo a mão sobre a mesa para pegar a
sua. — Não fique zangado. Eu terminei com ele. O coloquei em seu lugar.
Não precisa ficar dessa forma.
— Ele machucou você, piccola? — Ele procurou pelos meus olhos,
realmente preocupado. Um toque de raiva carrega em seu tom.
— No! Te giuro que no! — eu tento garantir. — Non giuro, fratello!
[1]
Ele passa uma mão pela nuca tensa, mas seus olhos e sua mandíbula
não estão aliviadas. Ele está com raiva, e eu sei disso porque ele está
tremendo.
O garçom chega com nossos cafés e eu agradeço.
— Por favor, Lucca, fique calmo! — eu empurro um café para ele. —
Não vale a pena ficar com raiva agora. Além de tudo, estou bem e Bridge está
grávida dele. — Encolho os ombros, como se nada disso tivesse me afetado.
Como se minha melhor amiga não tivesse me traído.

Lucca me encara e eu vejo um pesar em seus bonitos olhos azul. — Eu


sinto muito por não ter ficado com você, amore mio.
Chacoalho a cabeça. — Você tem uma família agora, minha paixão.
Você não precisa se preocupar tanto assim comigo. Estou bem. Te juro.
Ele entrelaça os dedos nos meus e leva minha mão para beijar meu
dorso. — Você é minha família. Me conte as coisas, Alessa. Você costumava
fazer isso antes. — Ele tem um pouco de tristeza agora em seu tom. — Eu
quero tanto cortar cada membro maldito do cara e jogar para os cachorros...!
Eu ri baixo e com pesar. — Prometo que vou te contar mais vezes. —
eu juro. — Mas, por favor, não conte para Giovanni! Se fizer, no dia seguinte
ele estará estampando as capas dos jornais como um assassino frio!

Nós rimos juntos, sabendo exatamente quem é nosso irmão.


Lucca toma um gole de seu café, em seguida, volta a colocar os
óculos. — Quem sabe eu não estampe certo?
CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Todo mundo têm aquele dia em que você deseja que nunca tivesse
existido.
Na minha vida, há vários desses. Dias em que eu só queria estar sob o
meu edredom e dormir durante todo o tempo, até que chegue o dia seguinte
para que eu finja que o ontem sequer existiu. Como por exemplo, o dia na
segunda série, em que eu deixei meu suco derramar por toda minha roupa, na
frente de todo o refeitório, bem próximo ao garoto pelo qual eu tinha um
crush de criança. Ou quando eu tinha treze anos e estava tão desesperada para
perder o bv, que aceitei o convite de Mateo Crupti, um carinha da minha
classe, e ele babou toda a minha boca e ao redor dela, enquanto me beijava no
meio do pátio da escola, durante o intervalo. Separei dele e gritei que ele
parecia que era o bv da história. Mateo não gostou e ameaçou cortar meu
cabelo com um estilete, e nós dois acabamos na secretária.
Mas há esse dia em especial, dia 7 de dezembro, o dia do meu
aniversário.
Aniversário. É um evento importante para várias pessoas. Eles
costumam comemorar, brincar, sair com os amigos, fazer festas... Mas não
eu.
Aniversário para mim sempre significou o dia em que minha mãe foi
obrigada a me trazer ao mundo. O dia em que meu pai teve a chance de me
ver pela primeira vez, mas ele não ligava o suficiente para isso.
Minha mãe não é uma mãe realmente sentimental, então, nesse dia ela
sempre estava presa no hospital e chegava depois que eu adormecia. Ela
nunca, literalmente falando, me desejou um feliz aniversário.
Eu recebo mensagens dos meus irmãos e Hetor, claro, no entanto,
apesar do meu amor por eles ser infinitamente enorme, eu ainda sentia falta
das coisas. Eu não tinha ninguém na Itália, então eu apenas dormia todo o
dia, sequer comia algo, porque não aguentaria ouvir Bernadete, a empregada
da minha mãe, com uma alegria forçada, tentando preencher o buraco que
minha mãe abria todos os anos.

Eu acordei hoje com uma mensagem do Lucca. Eu não olhei. Eu fui ao


banheiro e tomei meu banho, em seguida, me enfiei em uma roupa de
academia. Recebi outra mensagem, dessa vez do Giovanni. Também não
olhei. Estava chegando à saída do prédio quando o celular apitou com uma
mensagem do Enzo. Eu liguei Demons do Imagine Dragons no meu celular e
soou no meu fone de ouvido móvel, encaixado na minha orelha.

Hoje eu não estava com cabeça para academia, então eu iria correr por
quantos quarteirões meu fôlego permitiria. Para minha sorte, eu fui campeã
de corrida na minha escola.
Eu corro durante a próxima hora, ao redor de oito quarteirões. Eu faria
sete, mas eu tenho uma coisa ruim com números ímpares. Minhas playlist é
de se perder em sua própria cabeça, com músicas de bandas como Imagine
Dragons, Nickelback, Avenged Sevenfold, Maroon 5, entre outras. A lista é
grande demais, e se alguém me pedisse, eu teria que disponibilizar
meu Spotfy.
Estou suando por toda parte e meu rabo de cavalo é uma completa
confusão castanha quando eu volto para meu apartamento. Eu derramo uma
boa quantidade de água em minha garganta, enquanto, finalmente, abro as
mensagens dos meus irmãos, cunhadas, Hetor, Helena, Kono... de todos que
se importam comigo, menos da minha própria mãe. Eu leio e respondo cada
uma delas, tentando parecer mais entusiasmada que posso, acrescentando até
emojis sorridentes e com coraçõezinhos nos olhos. Só quando eu termino
todas elas, outra mensagem chega.
Essa faz meu coração tentar uma fuga bruta pela minha espinha dorsal.
Ethan. Ele se lembrou do meu aniversário. Ele nunca mandou
mensagem antes.
Ethan: Eu não sou bom com essas coisas, Less, mas parabéns! Vou
obter um presente para você. Prometo. ;)
Ethan apenas acabou de me mandar um emoji piscando.
Eu não tenho fôlego para isso.

Eu: Sério, você não precisa ser bom para isso! Eu não gosto disso!
Eu prefiro que você apenas continue sendo bom com outra coisa,
okay? ??
Mordo o canto do lábio inferior quando eu aperto enviar e espero pela
sua resposta. Eu pareço como uma adolescente trocando mensagens quentes
pela primeira vez, ansiosa para se tocar com isso.

Ethan: Less... nessa coisa eu sou fodidamente bom. Você sabe


disso. Esse emoji me fez lembrar de você toda corada, debaixo de mim.
Eu lamento, colocando o celular para baixo, brevemente, quando meu
clitóris pulsou em resposta. Sim, eu estou lembrando disso também, meu
querido! E sim, eu sei o quanto você é bom com isso!
Eu: Então, esqueça essa coisa de obter um presente para mim e
seja ele você mesmo! Eu super apoio!
Na verdade, isso era outra coisa que não era corriqueiro para mim:
presentes de aniversário. Pelo menos não de pessoas que não fossem meus
irmãos, Hetor e Bernardete. Mas, esses chegavam alguns dias depois do meu
aniversário, por causa da distância, então, eu não contava como presentes de
aniversário.
Ethan: Ficarei feliz em ser o seu presente. ;)
E olha ele aí novamente. Acabando com meus pulmões, porque tudo
que me vem à cabeça é Ethan piscando para mim, pessoalmente.


O resto do dia eu passo deitada sobre a cama, debaixo do meu
edredom azul marinho, fazendo algumas coisas como: desenhar várias coisas
aleatórias em meu caderno de desenho, fazer uma maratona dos episódios
que ainda não assisti de The Vampire Diaries na Netflix, enquanto comia
coisas que não fazem parte do meu regime, e dormir um pouco quando batia
o sono.
Eu sou acordada por batidas bruscas na minha porta. Eu não faço ideia
do motivo que o porteiro não interfonou para informar que subia alguém, mas
já que ele não fez, então eu deduzo que deve ser ou meus irmãos ou Ethan.
Desperto imediatamente com a ideia da segunda opção. Eu grito que já estou
indo, e corro para o espelho para arrumar meu cabelo, em seguida, vou para o
banheiro e passo enxaguante bucal, faço gargarejo, cuspo, enxugo o rosto e
corro para a porta. Mas um nó de decepção misturado com surpresa atinge a
boca do meu estômago quando eu vejo Kono e Jade do outro lado da porta.
— Eu não faço ideia de quem você esperava, mas, mesmo assim, feliz
aniversário! — Jade pulou para dentro, circulando meus ombros com seus
braços magros. Ela cheirava a morango e a Kono.
Ainda surpresa, e um pouco incomodada, eu a abraço de volta. —
Pensei que você tinha voltado para Dubai.
— Eu fui, mas voltei! Vou esperar até que Kono possa ir comigo.
Kono sorri, encolhendo os ombros, com certa dificuldade por estar
abraçando uma caixa branca. — Bom, eu abraçaria você, também, mas não
vai dá muito certo agora... — Ela olha para baixo, indicando a para caixa.
Fico meu olhar sobre a caixa quando ela deposita sobre meu sofá. Eu
espero que não seja um cachorro aí dentro. — O que é isso?
Jade abre seu sorriso largo em seu lábios vermelhos vivos. — Vamos
levar você para um lugar. — Ela diz, tão animada, que eu me sinto um pouco
mal por não partilhar dessa mesma alegria hoje.
Abraço meu corpo, passando as mãos pelos meus braços nus. — Eu
não saio nos meus aniversários.
— Bem, você não saía, — Jade abre a caixa e puxa um vestido de
cetim na cor preta de dentro. — mas hoje, você vai!

Eu olho boquiaberta para o vestido que ela está segurando para que eu
o veja bem. Ele, aparentemente, tem um decote profundo, e a parte da frente é
amarrada em um laço bem abaixo das costelas esquerdas, ou seja, se alguém
puxar esse laço, eu ficarei nua. A parte de trás é descoberta até o final das
costas. E ele é curto. Muito curto. Totalmente minha cara.
Olho nos olhos alegres de Jade. — E para onde você sugere que eu vá
com isso?

Ela encolhe os ombros. — Você verá! Apenas vá tomar um banho,


que vamos arrumar você!
— E se eu não quiser ir?
Não me entendam mal; eu amo sair e me divertir. Mas não hoje. Não
no dia 7 de dezembro de qualquer ano. Esse dia põe pra fora meus piores
pesadelos.
Kono se aproxima e estala um beijo na minha bochecha. — Então, nós
levaremos você de todo o jeito, nem que seja a força. — Ela ri amplamente,
fingindo inocência.

Blue Hell. Era esse nome que piscava no letreiro em neon azul, sobre
uma casa noturna, de aparência luxuosa, em Los Angeles County.
— Juro, eu estou com vontade de vomitar. — Eu não menti. Meu
estômago embrulhava cada vez que Kono e Jade me guiava para dentro da
casa noturna. Eu não tinha ânimo algum para me divertir hoje. Sinceramente.

— Vamos tomar alguma bebida lá dentro e isso vai passar. — Jade


garante, com seu sorriso perfeito.
Eu odeio você, eu penso comigo mesma. Você e Kono.
Passamos sem dificuldades pelos seguranças do local e um deles nos
guiou pra dentro, por entre a multidão de pessoas dançando alguma mulher
eletrônica, e por fim, uma escada de metal.

Olhei para cima enquanto subia e os rostos familiares dos meus irmãos
e minhas cunhadas sorriam em minha direção.
Eu não acredito nisso!
Quando eu alcanço o topo na escada, Giovanni é o primeiro a se
aproximar e me abraçar. Ele fala algo sobre meu vestido está indecente e
deseja feliz aniversário mais uma vez, em seguida, todos os outros fazem a
mesma coisa. Meus olhos ardem com as lágrimas reprimidas, metade por
desconhecer o que é receber abraços e carinho nesse dia de merda e a outra
metade, por emoção.
Uma lágrima teimosa rola quando os abraços terminam, mas antes que
eu possa fazer algo estupido para estragar a maquiagem, Jade se aproxima
com um guardanapo e faz para mim.

— Eu odeio vocês por isso! — Eu grito, meio chorando, meio sorriso,


não sabendo ao certo o que fazer com tanta emoção.
Todos riem, e mesmo sob a batida frenética da música, eu reconheço
uma risada.
Meus olhos varrem o local privado para nós e pega Ethan, em toda sua
glória, sentado em um sofá no canto. Inspiro, tentando puxar algum ar para
meus pulmões.
Ele está com seus ombros largos inclinados para frente, enquanto seus
antebraços descansam em seus joelhos, e já um copo de bebida em sua mão.
Ele não disfarça quando ele analisa cada parte de meu corpo, desde os pés
com o salto de tiras preta, até de volta para meus olhos.

Eu agradeço pelos meus irmãos não estarem prestando atenção nisso.


Alguém toca meu olho e eu me viro para ver quando Lucca me passa
um pequeno copo de tequila.
— Puro. — ele diz. — Um ritual. Você não fez quando completou
dezoito, então, como essa é sua primeira festa conosco, você pode fazer hoje.

Hesitante, eu pego o copo e o encaro. Eu sei que o único jeito de me


animar hoje é ficando bêbada, então, inclinando a cabeça para trás, eu
despejo o líquido forte em minha garganta. Ele queima tomo o caminho pela
minha garganta, e quando chacoalho a cabeça para passar e abro os olhos,
Giovanni já está com outro estendido para mim. Eu faço novamente, e depois
a do Enzo. Três doses potentes de tequila depois, eu posso sentir meu corpo
queimando.
Mas para isso eu posso dar os créditos ao olhar escuro de Ethan sobre
mim ainda.
— É impressão, ou meus irmãos querem que eu fique bêbada? —
Meus lábios se puxam para o lado, em um sorriso significativo.
Giovanni encolhe os ombros largos e seus músculos trabalham quando
ele abraça sua mulher pelos ombros. — É seu dia, passarinho! Você pode
tudo hoje!
Tudo?
Meus olhos voam para Ethan de novo, e ele parece pensar a mesma
coisa. Mas eu sorrio porque isso meus irmãos surtariam, se soubessem.
— Ok. — Jade trás um cara, um pouco mais alto que eu, e muito
bonito, com olhos negros e camisa branca. — Retribuindo a gentileza de me
apresentar a minha mulher — ela sorri para Kono, que ergue sua cerveja de
volta. — eu quero que você conheça Jordan. É um amigo da época da
faculdade.
Jordan me oferece um sorriso e eu concluo que é um sorriso muro
bonito. Ele tem dentes perfeitos, alinhados e brancos. Ele estende a mão e eu
aperto ela, com curiosidade pela sua beleza. É o tipo de cara que eu sairia.

Eu escuto meus irmãos grunhirem, e meu sorrio se alarga. Com minha


visão periférica, eu sou capaz de ver os olhos de Ethan presos na união das
nossas mãos.
Jordan alisa meu dorso com seu polegar, e eu inclino um pouco a
cabeça, guiada pelo pouco de álcool em meu sistema.

Analiso meu corpo por um momento. Eu sairia com ele, com certeza,
se Ethan não tivesse na jogada. Colocando os dois na minha frente, meu
corpo não responde em nada para Jordan. Mas eu sei que meus irmãos não
podem desconfiar sobre nosso "caso", então, eu topo esse desafio com
Jordan.
— Você quer dançar? — Jordan aponta com o queixo quadrado para a
pista de dança, bem na hora que Jason Derulo começa a cantar Want to Want
Me.
Simplesmente, uma das minhas músicas favoritas.
Eu aceito e ele segura minha mão para me levar pelas escadas, com
instruções específicas do Lucca para não encostar muito.

Nós paramos bem no meio da multidão e começamos a dançar. Eu


estou de costas para ele, enquanto ele tem as mãos na minha cintura, mas o
corpo um pouco afastado, como meu irmão disse. Eu olho para cima,
instintivamente, e eu pego Ethan, de pé, atrás da certa.
Ele tem uma mão enfiada no bolso e a outra segura a cerveja. Seus
olhos estão sobre mim, diretamente. E eles estão escuros com um brilho, que
eu só vi quando ele me pegou com Kai na sala de café, ou quando me
perguntou sobre o que Kai queria comigo, em seu avião.
Eu gosto disso. Parece que, seja qual for esse sentimento, o deixa mais
possessivo e bruto na hora do sexo.
Jordan se move comigo, sua boca sopra uma respiração quente em
meu pescoço.

Eu tenho vontade de fechar os olhos, mas não dá, porque eu estou


segurando os meus olhos azuis favoritos em todo o mundo. Eu passo as mãos
pelo meu pescoço, passando sobre meus seios, barriga e, sobre a área íntima
que ele mais gosta. Olho para ele sob meus cílios quando faço isso, e seus
ombros se tensiona porque ele sabe que isso significa que eu estou molhada.
Para ele. Estou muito molhada para ele.
Mas nossa conexão é quebrada quando Mel toca seu ombro e aponta
alguma coisa no canto da área privada. E ele me dá outro olhar gelado, antes
de desaparecer do meu campo de visão.
Eu danço por muito tempo com Jordan, depois com Lucca, Giovanni,
menos com Enzo, porque esse meu irmãos não sabe dançar. Minhas cunhadas
também descem e nós dançamos Wannabe remixado juntas.
Quando voltamos para cima, meu corpo ainda está elétrico demais, até
que eu procuro por Ethan com os olhos e vejo que ele e Jade estão
conversando com a socialite cheia de si, do cabelo cinza e peitos falsos,
sentados no sofá.
Ethan estava entre elas. Jade falava algo, gesticulando e quando a
Senhora que tem os olhos falsos também, abria a boca para falar, ela fazia
questão de tocar os braços fortes de Ethan, ou esfregar seus seios turbinados
contra ele.
Mordi o interior da minha boca e olhei para longe, porque afinal, eu
não tinha o direito de ter ciúmes agora. Mas, porra, era tão malditamente
difícil...
— Precisamos ir agora! — Enzo anunciou. — Já passam das três da
manhã. Eu posso levar Alessa para casa, já que não bebi hoje.
— Eu também não bebi. — Mel diz, alisando sua barriga, ainda sem
aparecer.
— Vocês vão para o outro lado. O prédio dela é caminho para mim.
Minha cabeça vai para o lado quando ouço Ethan dizer.

Não. Não, não, não! Definitivamente não!


Não quero lidar com ciúmes hoje! Não estou em condições!
Estava prestes a protestar, dizendo que ele consumiu álcool, quando
ele diz:
— Estou com motorista.

Seus olhos prendem os meus, maliciosos, frios, e duros.


Eu estreito os meus de volta, olhando entre ele e os seios,
ridiculamente gigantes, da pireguete ao seu lado.
Ele arqueia a sobrancelha, desafiando-me.
E meus irmãos concordam com ele.
Argh!

Ethan me ajudou a entrar na parte de trás de um Maybach branco, em


seguida, ele entrou, ficando encostado em uma janela, enquanto eu estava na
outra. Ele não olhou para mim; Seus olhos se fixaram fora da janela, nas ruas
desertas, em plena madrugada chuvosa.
Me encolho dentro da jaqueta que ele colocou sobre meus ombros
quando deixamos a casa noturna. Seu cheiro estava por toda a parte, mexendo
com minha cabeça de uma forma muito ruim.

Ethan mais tequila é igual a um enorme, gigantesco problema.


— Pensei que a Senhora Turbina viria conosco. — resmunguei,
encarando seu perfil (tão malditamente perfeito) com os olhos estreitos. —
Ela estava tão empenhada em fazer massagem em seu braço com aquelas
duas bolas falsas, afinal.
Ethan solta uma risada baixa e sem humor, como se ele não estivesse
acreditando no que tinha acabado de ouvir. — Você estava praticamente
fodendo com Jordan naquela pista, e nem por isso, eu fiz quaisquer
comentário sobre isso! — ele devolve, com a voz ríspida, mas ele ainda não
me olha.

As lágrimas picam no interior dos meus olhos, com uma pontada de


dor. Olho pela janela, pra não ter que olhar pra ele. — Você pode foder quem
você quiser, Ethan! Eu não me importo com isso! — engulo o caroço em
minha garganta. — Por que não aproveita e manda uma mensagem para ela,
oferecendo-se como seu presente? Tenho certeza que ela e seus seios falsos
adorariam! — Eu provavelmente me arrependeria amanhã. No fundo do meu
cérebro bêbado, eu sabia que o que eu estava dizendo não tinha nada a ver
com a situação agora, mas, novamente, meu cérebro está bêbado, então, no
momento, eu confio no meu julgamento de verdade.
Ele vira seu corpo grande em seu assento, sua expressão totalmente
incrédula. — Foda-se a Gianna e seus peitos comprados, porra! — Ele rosna
entre dentes. — Ele tocou você, em primeiro lugar. Jordan tocou sua cintura!
Ele tocou o lugar que eu adoro tocar quando estou com você. Ele tocou a
porra do seu corpo, Alessa! — Ele encontra meus olhos e os seus estão uma
bagunça escura, sombria e chateada. — Então, não venha fazer uma cena por
causa da Gianna.
Eu pisco para seu rosto enfurecido. Cada músculo do meu corpo está
tremendo com vários sentimentos misturados. Eu estava excitada desde a
minha dança; Necessitada do seu toque; Com raiva por ter aceitado a dançar
com Jordan, e pela Gianna ter tentando se esfregar em Ethan; e por ele ter
deixado isso acontecer. E estou com raiva de mim mesma por se importar
com isso, apesar de ter dito que não me importo.
— Se eu estou com você, Alessa, — Sua voz parece se acalmar um
pouco, mas ainda dói por ele me chamar pelo meu nome, e não pelo apelido
que ele me deu. Ele está chateado e eu sinto ainda mais isso, quando ele
completa: — eu não preciso de outra mulher por perto!

Eu olho para baixo, para minhas mãos entrelaçadas em meu colo,


envergonhada pela situação, e numa tentativa de não demonstrar que estou
afetada por isso.
Ele suspira em desistência ao meu lado e se move em seu lugar.
Quando eu olho para cima de novo, ele está sentado, com o queixo apontado
para cima, enquanto sua cabeça está deitada sobre o encosto do sofá. Seus
olhos estão fechados suavemente, mas sua mandíbula estava travada com
bastante força.

O clima estava pesado dentro do carro em movimento, depois da nossa


pequena discussão. Eu me sinto uma cadela sem coração por causar isso, uma
vez que eu devia apenas ter ficado calada até chegarmos no meu prédio. Eu
decido cortar um pouco esse clima e murmuro um: — Você conhecia o
Jordan?
Ele não abre os olhos quando responde com uma voz grossa e
profunda. — Eu fiz faculdade com Jade e seu irmão. Jordan Rowen era do
Campus.

— Hum. — mordi um fiozinho de pele por trás do meu lábio, por um


momento. — Por que não me chamou para dançar, se não queria que ele me
tocasse?
— Eu não quero que nenhum cara toque em você, Alessa. Eu sou
ciumento, mas você não se importa com isso.
Baque no meu peito.
— O único motivo para aceitar dançar com ele, foi que eu não queria
que meus irmãos desconfiassem de você. — eu digo, com dificuldade por
causa da ardência em minha garganta. — Eles podem querer matar todos os
caras do mundo, mas não você. Não quero que, por minha causa, sua amizade
com meus irmãos acabe. Não é justo, e eu nunca me perdoaria!

Volto a olhar para rua, dando tudo de mim para não derramar uma
lágrima. Eu sequer queria sair de casa, para começo de conversa. Eu sabia
que meu aniversário não é uma data que trás coisas boas. Essa data me
envelhece, em primeiro lugar.
E agora eu estou bêbada, com raiva de mim mesma, um ano mais
velha que o dia 6, e Ethan está com raiva de mim, o que significa que eu não
terei sexo algum hoje.

Um belo dia para ser esquecido.

Em casa, eu tomo um banho demorado, de cabeça, com a água gelada


quase fazendo um buraco no meu crânio, numa tentativa de expulsar qualquer
álcool do meu sistema. Eu acabo o banho, enrolo uma toalha em volta do
meu corpo e seco meu cabelo ainda no banheiro. Em meu reflexo no espelho,
eu posso ver o quão ruim eu pareço agora. Meus olhos estão fundos e escuros
na parte de baixo, e meus lábios estão levemente inchados.
Depois que acabo no banheiro, eu saio para meu quarto e vejo Ethan,
sentado no sofá do outro lado da cama. Ele retirou o sapato e sua camisa
preta está com a metade dos botões abertos, deixando-me apreciar seu peito
bem malhado. Ele está inclinado sobre seus joelhos, mexendo em seu celular.
Quando nota minha presença, ele coloca o aparelho celular de lado, mas não
se levanta, apenas olha direto em meus olhos.
Me viro para pegar algo para dormir. Eu deixo minha toalha cair no
chão, ciente dos seus olhos em minha bunda, porque todo o meu corpo está
em chamas agora. Eu pego uma camisola de cetim, da Victoria's Secret, na
cor bege clara e muito curta, e deslizo pelo meu corpo. Abaixo para frente,
um pouco mais demorado que o necessário, e pego a toalha do chão.

— Esqueceu a calcinha. — Ethan observa atrás de mim.


Eu me livro da toalha em um cesto de roupas. — Hum, não! Eu não
me esqueci dela. — Eu vou para minha cama, no centro do quarto e me
arrasto para baixo do edredom.
A chuva forte cai lá fora, agora como uma tempestade.

Eu deito de bruços, olhando para Ethan sob meus cílios, com um leve
beicinho formado em meus lábios.
Eu realmente não fazia ideia do que estava fazendo. Tentando seduzir
ele? Talvez. Tentando fazer com que ele me perdoe? Pode ser. Mas, a única
coisa que eu sei, é que, em meu estado sóbria, eu não faria o que eu estou
prestes a fazer.
Levanto-me novamente quando ele não se move e vou até ele. Eu pego
em seus ombros, fazendo-o sentar ereto, e monto em seu colo. — Me toque.
— Eu peço, levando meu corpo para mais perto do seu. — Toque minha
cintura, Ethan. Toque a porra do meu corpo!
Ele olha para cima, para nivelar seus olhos com os meus. Ele parece
tão bonito e sóbrio, que eu não acredito que ele possa transmitir isso depois
de beber lá na Blue Hell. Ninguém fica sóbrio após tomar toda aquela
quantidade de álcool.
Ele não me toca, no entanto.
Meu corpo agoniza sobre ele. Eu toco seus braços fortes e arrasto
minhas mãos por todo ele, até chegar a suas mãos. Eu as levo para minha
perna.
Ele não reclama ou tenta tirar, ele apenas continua lá, parado e
olhando-me, cada movimento meu.
Eu levo sua mão mais para cima, sentindo o calor de seus grandes
dedos por todo meu corpo, mas antes de chegar a minha cintura, eu retiro e
levo-as para meus seios. Eu aperto-as contra minha carne, meus mamilos
sedentos por sua atenção. Eu toco suas mãos em cada parte do meu corpo, e
por fim, eu as levo para minha cintura.
Ele toca, mas ele não se move.
— Me toque Ethan. — imploro, inclinando para raspar meus dentes
pelo seu queixo. — Estava excitada por você, enquanto dançava com Jordan.
— Eu confesso, em um sussurro. — Eu não me importo que ele me toque,
porque tudo que eu queria era suas mãos, você e o seu pau. Dentro de mim,
de preferência.
Finalmente, suas mãos apertam em minha cintura.
Eu gemo, reconhecendo essa pitada de dor com prazer.
— Eu não me importo que você estava pensando em mim, quando
aquele cara tocava em você, Alessa. — Ele diz, com uma voz sombria. Uma
mão larga da minha cintura e vai para baixo, sob minha camisola e entre
minhas pernas. — O que me importa é que ele tocou você. — Seus dedos
deslizaram sobre minha buceta encharcada e um dedo penetrou meu canal.
Minha cabeça caiu para trás, quando um grito rouco escapou.
Instintivamente, meus quadris balançaram em direção à sua mão.

Oh sim, por favor!


— Você não podia deixar ele te tocar daquela forma. — seu dedo saiu,
e ele esperou por um momento, me torturando.
Eu lamentei e apertei seus ombros com minha unha. — Ethan...
— Não da forma que ele tocou! — E eu dedo volta, indo atingir bem
no meu ponto G.
Eu me contorço, gritando, gemendo, concordando de algo que eu nem
faço ideia do que seja agora. Eu apenas estava perto de explodir. Todo o meu
corpo necessitava disso desde que estávamos na casa noturna.
Vou para frente, agarrando seu rosto e trazendo sua mandíbula para
minha boca. — Você não devia ter deixado aquela vaca esfregar os peitos em
você. — eu coloco para fora, quase desesperada, contra seu rosto.

Com a mão livre ele agarra um dos meus seios doloridos. — Para que
eu vou querer aquelas duas coisas siliconadas, se eu tenho esses? — Ele suga
meu mamilo por cima do tecido da camisola. Com tanta força, que minha
boca se abre e meus olhos reviram.
Eu estava prestes a dizer "Eu espero mesmo!" quando ele atingiu
novamente meu ponto G e eu caí sobre ele, com meu corpo em convulsão,
em um orgasmo tão intenso quanto todos os outros que ele proporcionou.
Ele me segura no lugar por um momento, e retira o dedo de dentro de
mim com cuidado. Ele me levanta em seus braços e me deita na cama,
cobrindo meu corpo mole.
Eu seguro sua camisa quando ele faz menção de sair. — Não vai
embora...
Ele pega minha mão, delicadamente e beija meus dedos. — Eu vou
apenas ao banheiro. Durma um pouco. Estarei aqui amanhã para
conversarmos.
Eu assinto sonolenta, e permito que ele vá ao banheiro. Eu não vejo
quando ele volta para cama, porque meus olhos não permitem que eu os
mantenha mais abertos.

Eu nunca, em toda minha vida, implorei por um homem.


Mesmo quando eu sabia que estava apaixonada por Ethan e ele
escolheu ficar com Lisa, eu dei um passo para trás e o deixei ir. Eu não
implorei por ele, tampouco deixei alguém saber dos meus sentimentos. Eu
procurei disfarçar de todas as maneiras quando estávamos próximos, e
funcionou.
Mas ontem, – talvez por influência do álcool, e eu estou acreditando
fielmente nisso – eu estava desesperada pelo seu toque. Eu queria saber se ele
não tinha criado nenhum tipo de repulsa pelo meu corpo, depois da minha
dança com Jordan.
Eu não me orgulho, no entanto. Se estivesse sóbria, eu apenas deitaria
em minha cama e daria as costas para ele. Eu não quero que ele pense que
isso é algo mais para mim, porque, mesmo com todo sentimento por ele que
ainda está dentro de mim, pulsando através das minhas veias, eu não quero
isso. Não mais.
Eu não preciso de outra decepção na minha vida. Ela já estourou sua
meta para uma vida inteira.
E uma decepção causada por Ethan, não me deixaria viva para
lamentar depois.
"Não se deixe decepcionar; Decepcione." Eu li essa frase uma vez, em
algum lugar, mas eu não faço ideia de onde. Mas eu a peguei para minha vida
agora.
Eu acordei deitada de bruços em minha cama. Minha cabeça latejava
como se um contêiner de dez toneladas tivesse caído sobre ela, várias e várias
vezes seguidas. O quarto estava claro, então, eu poderia dizer que tinha
amanhecido. Sento-me na cama, fazendo uma careta para a dor latejante
estalando em minhas têmporas.

Ethan não está presente, mas eu sei que ele dormiu aqui porque o
outro lado da cama está uma bagunça e eu não sou o tipo de pessoa que se
mexe tanto a ponto de bagunçar as duas extremidades da cama. E ainda está
quente quando eu coloco a palma da minha mão.
Um som de porta de armário batendo e o cheiro de ovos mexidos
adentrando pela porta entreaberta do meu quarto, me diz que ele está na
minha cozinha.

Eu jogo as cobertas de lado e penduro minhas pernas para fora da


cama. Eu vou até o banheiro e faço minha higiene e dou um jeito no meu
cabelo antes de ir atrás dele e do cheiro de comida.
Ethan está despejando ovos mexidos sobre um prato quando eu entro
na cozinha. Ele levanta os olhos para me ver, e ele parece calmo quando ele
aponta o queixo para um pote de aspirinas. — Tome isso para dor de cabeça.
— Ele diz, e sua voz é tão tranquila e rouca. Ele empurra o prato com ovos
mexidos para a ilha da cozinha, ao lado de outro prato com panquecas.
Puxo uma banqueta para fora e sento-me nela, pegando uma aspirina e
a garrafinha de água que está próxima. Eu tomo meu remédio, e eu não posso
deixar de notar uma embalagem azul de presente. É uma caixa do tamanho de
uma caixa de sapato, e ela não estava aqui ontem.

— Coma um pouco.
Eu levo meus olhos para Ethan e assinto, trazendo os pratos para mais
perto. — Obrigada! — Eu falo baixo, perfurando os ovos com um garfo. Eu
estava olhando diretamente para minha comida, mas eu posso sentir seus
olhos sobre mim.
Ele disse que íamos conversar hoje, mas eu quero lhe mostrar meu
ponto antes.
Isso me deixa apavorada. Completamente apavorada, porque talvez ele
queira se afastar quando eu lhe disser o que tenho para dizer. E eu não vou
poder culpa-lo se fizer.

"Se eu estou com você, Alessa, eu não preciso de outra mulher por
perto!" Suas palavras explodem repetidamente na minha cabeça, e é
exatamente isso que me assusta.
Ethan não é como os outros homens galinhas que conheço. Se ele
realmente gosta de estar com você, então ele vai ficar apenas com você. Ele
não olha para outras mulheres, mesmo que ela esfregue os peitos em seu
braço. Ele tem esse ponto igual aos meus irmãos. E eu admiro isso como um
inferno. Mas, dizem por aí – e quando eu digo isso, eu estou me referindo ao
Lucca – que ele foi quebrado, além de ter sentindo a dor da perda de Lisa.
Eu nunca soube o que realmente aconteceu de verdade. Meu irmão
nunca quis falar mais a fundo sobre isso, e claro, eu nunca toquei no assunto
com Ethan.
Então, eu não posso dizer que ele é o mesmo cara que eu conheci e me
apaixonei aos onze anos. E eu não estou indo arriscar isso.
— Antes que você comece a tal conversa que você falou ontem — eu,
finalmente, começo a falar, levantando os olhos para nivelar com os seus
azuis cristalinos. — eu quero falar que... Ethan, eu sei que você disse que não
queria um relacionamento, mas, você surtou porque Jordan me tocou. E, eu
sei que as pessoas falam sobre "sexo casual com exclusividade", só que eu
não acredito nisso. Transar com uma pessoa e querer que ela seja fiel a você,
é um relacionamento para mim.
Eu paro para respirar e pego o brilho curioso e confuso em seus olhos.
— E eu já tive minha cota de decepções com homens para uma vida
inteira. — eu continuo surpresa comigo mesma por minha voz estar firme. —
Eu não estou dizendo que você não é confiável; Você é. Mas então, você é
Ethan Cross, um cara que é o sinônimo da luxuria, e que tem várias Gianna's
com grandes peitos falsos, só esperando uma oportunidade para esfrega-los
em seus braços. Eu não quero ter uma exclusividade agora e me decepcionar
de novo depois. Eu prefiro que eu esteja esperando por isso. Eu prefiro saber
que você está com outra mulher, do que chegar de surpresa em um lugar e
pegar você com uma. E, provavelmente, você deve está me achando uma
idiota agora, porque sim, eu que comecei ontem toda a briga, todo o ciúme,
mas então, eu acordei hoje e eu me lembrei que eu fiz a única coisa que eu
prometi que nunca faria. — Eu estava falando tão rápido, despejando tudo
para fora, que eu precisei chupar uma respiração profunda quando eu dei uma
pausa. Eu podia sentir as lágrimas picarem meus olhos quando eu disse: —
Eu implorei por você.
Silêncio.
Tudo estava em total silêncio agora.

Eu tinha parado de cutucar meus ovos, porque eu não tinha a intenção


de comê-los agora, com minha garganta dolorida com as lágrimas. Olhava
apenas direto para os olhos de Ethan, que estavam num mix de confusão,
frieza e... decepção?
Ele estava decepcionado comigo. Mas era isso que eu queria, né?
"Não deixe-se decepcionar; Decepcione!"?
Mas meu peito ainda deu um nó quando ficou ciente do que eu tinha
feito. Eu desejei esse homem por muito tempo, e agora a vida me deu tantas
tapas na cara, que eu tinha medo de me entregar à ele, finalmente.
— O que você...? — Ele chacoalha a cabeça, como se isso fosse ajudá-
lo a entender.

Engulo o caroço amargo da minha garganta. — Eu quero estar com


você. Eu desejei isso durante toda a adolescência, Ethan. Você me causa
coisas que ninguém mais faz. Mas se vamos continuar com isso, será da
forma que você faz com as outras. Sem compromisso, sem exclusivamente.
Ele apoia suas duas palmas na ilha e inclina os ombros para frente.
Seus olhos gelados procurando pelos meus. — Você quer que eu transe com
outras? Com a Gianna? — O tom da sua voz é tão fria e sem emoção, que me
causa um arrepio.
Balanço a cabeça e repito a frase que lhe disse ontem. — Foda com
quem você quiser. Eu não me importo. — Minha voz quebra é uma lágrima
rola pelo meu rosto. Eu olho para minha mão, sentindo meu peito rasgando.

— Olha pra mim e me diz que é isso que você quer, Alessa! — Ele diz
entredentes.
Eu me forço a olhar de volta para seus olhos cheios de frieza e eu vejo
o quanto sua testa e a ponta de seu nariz estão rosados. — Eu não posso me
importar. — balanço a cabeça, tristemente. — Você sabe disso melhor que
ninguém.

Silêncio mais uma vez.


Nossos olhos estão travados juntos, numa batalha de alguma coisa que
eu desconheço. Quem desaba primeiro?
Porra, eu já estou no chão! Eu sei que não vou aguentar vê-lo com
outras mulheres por aí. Isso vai acabar comigo, mas mesmo assim, como uma
estúpida do caralho, eu estou dando ele para outras.
Leva uma eternidade até que ele fale alguma coisa: — Como quiser,
Alessa. Você tem meu número, sabe onde eu moro e onde eu trabalho. Me
avise caso queira foder ou um lugar para correr depois de encher a cara por
um cara. É só pra isso que eu sirvo pra você, afinal de contas...
O deboche em seu tom foi atirado direto para o meu estômago. Ele
pegou seu casaco, que eu deixei sobre o encosto do sofá quando eu entrei
ontem e se dirigiu para porta. Mas antes de sair, ele parou e olhou para mim:
— Só pra constar, não era sobre isso que eu queria conversar. E isso aí
— ele apontou para o embrulho azul ao meu lado. — é o seu presente de
aniversário. — Então ele saiu e bateu a porta atrás de si.
Deixo minha cabeça cair em minhas mãos, liberando as lágrimas que
estavam presas. Eu estou me sentindo uma merda de uma cadela agora. Eu
não queria fazer com que ele achasse que eu só o estava usando ou coisa do
tipo. Mas eu acabei soando como uma egoísta cadela e filha da puta. Eu olho
para o embrulho ao meu lado, mas eu estou destruída demais para fazer
qualquer movimento para abri-lo. Tudo que eu quero é voltar para minha
cama, que é de onde eu nunca devia ter saído ontem.

Eu disse que meu aniversário só traz coisas ruins.


CAPÍTULO VINTE E CINCO
ETHAN

Eu deixo meu copo de uísque vazio sobre a mesa de mogno do meu


escritório.
As únicas coisas que estavam sobre a mesa, além do copo que acabei
de colocar lá, eram o computador e o maldito envelope cor-de-rosa, que a
mãe de Lisa de entregou. Todas as outras coisas – isto é, papéis de
documentos, porta-canetas, entre outras coisas – estavam espalhadas ao redor
da mesa, no chão.
Inclinando-me para o lado, eu retiro um isqueiro de uma das gavetas e
ascendo o cigarro pendurado em minha boca. É a única maneira de não
perder a cabeça mais do que já fiz.
Eu não sou um cara ruim. Eu trabalho duro todos os dias para
demonstrar isso ao mundo. Eu peguei uma empresa quase falida e eu a
transformei em uma que vale bilhões de dólares. Respeito cada pessoa que
está ao meu redor. Ajudo-as a resolverem seus problemas. Às vezes até
problemas pessoais. Eu faço uma cacetada de coisas, mas eu ainda não sou
bom o suficiente para uma mulher, no ponto de vista delas.

Eu entendo Alessa, no entanto. Falei para ela que não estava pronto
para um relacionamento, mas, porra, depois de todos esses meses,
convivendo com ela na empresa... Eu apenas deixei ir. Eu me deixei esquecer
por um momento de Lisa, da carta, e de como era me sentir deixado para trás.
Mas, se tem algo que eu aprendi com mulheres é: porra, elas sabem
ser egoístas quando querem!
Alessa foi fodida pelos dois namorados, e eu entendo o que ela esteja
tentando fazer, mas, uma coisa que eu tenho certeza absoluta é que eu não me
chamo Dave ou Kai.
Sou Ethan, caralho. Eu não sou igual a esses filhos da puta. Pelo
menos não quando eu me comprometo com alguém, de verdade. Estou muito
velho para brincar com uma mulher dessa forma. Estou muito velho para
qualquer brincadeira.
Sim, eu não tinha me sentado com ela e falado sobre isso. Mas, aí está:
eu não percebi que estava tão apegado até o momento em que vi Jordan tocá-
la e olhar para ela como se quisesse devorá-la inteira, bem ali, no meio da
pista de dança.
Mas, se é essa coisa de não exclusividade que ela quer, eu respeito. Eu
vou ficar maluco, e provavelmente, vou quebrar tudo que estiver na minha
frente quando a ver perto de outro cara, mas eu estou lhe dando isso. Eu não
vou dar a oportunidade de outra mulher chegar e ser egoísta comigo de novo,
agindo como se só ela tivesse sentimentos.
Você quer isso, Alessa? Então, vamos começar!
Eu estava tão fora de mim, que nem quis mais tocar no assunto que
precisava conversar com ela. Eu iria lhe entregar seu presente e falar sobre
minha ida para Londres. Queria que ela soubesse de tudo por mim, antes que
viesse à tona. Porque, sim, virá à tona muito em breve. Se não já estiver a
caminho.
A porta do meu escritório se abre e a cabeleira pesada e vermelha de
Jackie aparece no meu campo de visão. Ela faz uma careta quando entra,
abanando a frente do rosto e torcendo o nariz para a fumaça do cigarro. —
Não chegamos nem na metade do dia e você já está assim? — Ela pergunta
com desaprovação em seu tom.
Eu reviro os olhos, inclinando minha cabeça para trás na cadeira e
soprando a fumaça para cima.
Jackie chuta alguns papéis no chão, como se estivesse procurando por
algo, até que ela encontra e abaixa para pegar. Ela se levanta e aponta com o
pequeno controle remoto para minhas janelas. Logo, as cortinas começam a
se abrir, iluminando o ambiente. Ela também aciona o sistema de ventilação
para diminuir o excesso de fumaça.
— O quê? Alessa não gostou do presente?
Eu sinto a pontada dolorida no peito quando chupo outra tragada,
ainda olhando para o teto.
Com o canto do olho, eu vejo que Jackie começou a juntar os papéis
do chão. — Você sabe, eu odeio quando você fica assim, porque da última
vez que fumou e bebeu tanto durante o dia, — ela levanta, balançando a uma
garrafa vazia de algum uísque caro, que eu não me importei de ler o nome.
Seu olhar esverdeado pegou os meus, tristes e preocupados quando ela
completou. — aquela lá tinha deixado você. Então, seja lá o que aconteceu
com Alessa, porque sim, eu sei que foi algo com ela, se abre comigo. Vai se
sentir melhor!
Uma risada apertada deixa minha garganta. — E o que uma menina de
dezessete anos entende sobre relacionamentos fodidos?
— Pelo visto, mais que você. — Ela deposita os papéis, organizados
um abaixo do outro, sobre minha mesa. Seu olhar pousa no envelope rosa e
sua boca contorce com desgosto. — Por que não ler isso logo? — Ela aponta
antes de descer para recolher as canetas.
— Porque não quero saber o que ela me escreveu.
— É claro que quer. Se não, não guardaria ela até hoje. — Ela me
oferece um olhar que diz: não me trate como uma idiota, seu idiota! —
Agora, me fale o que está te deixando assim!
Eu apenas encaro o teto por um longo momento, enquanto Jackie
recolhe outras coisas pelo chão. Eu dou uma última tragada antes que ela
puxe o cigarro dos meus dedos, o apague num cinzeiro e o joga na lixeira.
Poderia reclamar e lembrar que ela não manda em mim, mas eu estou sob o
efeito de muito álcool no momento, e em uma discussão com Jackie Rolland
eu sairia perdendo facilmente.
Apenas suspiro em rendição e me inclino para trás em minha poltrona,
colocando os pés cruzados sobre minha mesa.
Ela os empurra de volta para o chão, imediatamente, passando a mão
no local para limpá-lo.

Uma coisa que você deve saber sobre Jackie, além do talento na
cozinha e as notas perfeitas: ela tem um TOC de organização. Ela odeia
coisas sujas e fora do lugar.
— Ela quer sexo sem exclusividade. — eu, finalmente, falei.
— Ela quer sair transando com todo mundo? — Ela pergunta meio
surpresa e meio confusa.

Levanto a cabeça para erguer uma sobrancelha para ela.


— Oh! Ela é, de fato, uma Lazzari. — Ela comentou, vagamente,
como se tivesse falando sozinha.
Minha sobrancelha sobe ainda mais.
Ela me olha com reconhecimento e preocupação. — Oh Deus! Você é
tipo o criador do ciúme!
Estreito meus olhos para ela. — Se for para tornar isso engraçado,
nem tente, por favor! — Arrasto uma mão pela minha nuca tensa, fechando
os olhos e torcendo a cabeça de um lado para o outro.
Jackie resmunga alguma coisa e limpa a garganta, — Certo. Mas, não
vou pedir desculpas por falar uma verdade. Eu tenho dezessete anos e você
tem uma pessoa na minha escola para vigiar e te dizer sempre que um garoto
se aproxima de mim. E eu sou apenas uma irmã postiça. Então, o que você
disse sobre o que ela quer?
Em minha defesa, eu já fui um adolescente. Eu já estive no ensino
médio, e isso significa que eu sei como as coisas funcionam. Principalmente
quando se tem uma garota como Jackie na escola.
Ela é do tipo que chama atenção de garotos, com seus longos cabelos
ruivos e corpo de uma jogadora de vôlei. Sem contar o dom que ela tem para
a popularidade.
Eu apenas me certifico de que os garotos não vão se aproveitar dela,
nem quebrar seu coração.

— Eu disse que ela tem como me chamar quando ela quiser sexo. —
eu encolho os ombros, empurrando minha poltrona para trás, para ver as
opções de uísques que tinha em meu armário atrás de mim. — Ou se ela
precisar de um lugar para ficar depois de ficar bêbada por um cara.
Apesar de ter soado como se não me importasse, eu não sou hipócrita
como Alessa, que diz que não se importa; Eu me importo. Eu estou apenas
muito bêbado para demonstrar agora.

— Primeiro erro: muito pesado, Thanthan! — ela diz, para me


provocar. Ela fecha a porta do armário quando estico o braço e abro. Ela
tranca, puxa a chave, empurra minha poltrona de volta para o lugar e se
encosta na minha mesa, de frente para mim. — Você está chateado e quer que
ela sofra como você está sofrendo? Ótimo! — ela encolhe os ombros. — Eu
fiz duas aulas de caratê na escola. Me dê cinco minutos com ela sozinha e eu
resolvo pra você. Mas nunca, e eu estou dizendo nunca, passe na cara de uma
garota uma coisa que fez por ela.
Eu fiz uma careta, porque eu sei que é um fato. Eu não costumo passar
na cara o que eu faço. Mas, então, ela tinha acabado de pisar em cima do
sentimento que eu estava começando a criar por ela. Eu suspiro pesadamente
e volto a deitar minha cabeça na poltrona. Após um tempo, eu começo a falar:
— Eu sei. E eu não quero que você use seus dons de luta na Alessa. Eu
entendo ela, Jackie. No final de tudo, acima de tudo, eu entendo ela. Por que
ela ficaria comigo, se até a pessoa que eu dediquei tanto minha vida, saiu dela
abruptamente e ainda levou a chance de me despedir do meu filho? — Eu
abro os olhos, sentindo a angústia por toda minha língua, e olho diretamente
para o envelope do satanás. — E ainda me escreve uma carta? Uma carta?
Jackie estende a mão e pega o envelope. Ela o analisa com cuidado,
passando as unhas grandes e bem-feitas, pintadas de vermelho para combinar
com seus cabelos, pelo selo que mantém o envelope lacrado. — Eu sempre
me senti com um pé atrás com ela. — ela confessa em voz baixa. — Eu
nunca disse por que você estava feliz, e depois, porque você estava uma
merda. — ela levanta os olhos para mim. — Eu não quero me sentir assim
com Alessa, porque eu sei que você gosta dela. Apenas lhe de um tempo para
pensar, antes de fazer uma besteira. Você é o melhor homem do mundo,
Thanthan. Um que todas as mulheres gostariam de ter como companheiro. Se
Alessa for uma mulher boa, ela também irá querer você, no final de tudo.
Ah sim! Ela vai me querer, assim como Jordan e todos os outros,
também!
Eu pego o envelope de sua mão, oferecendo-lhe um sorriso
condescende e bêbado, porque eu não quero mais falar sobre isso nunca mais,
e guardo na gaveta junto com o isqueiro.
Parecendo satisfeita, ela pega o copo vazio sobre a mesa e beija minha
cabeça. — Mamãe já serviu o almoço. Tome um banho e vá comer, certo?
Faço uma careta. — Desde quando você começou a mandar em mim?
Ela apenas sorri, abertamente, jogando os cachos grossos e vermelhos
para cima dos ombros e sai do meu escritório.
CAPÍTULO VINTE E SEIS

— Sinto muito por chamar por você essa hora da manhã! — Eu olho
para Kono quando ela se aproxima, com a cara de sono.
Ela me oferece um sorriso sonolento. — Não há problema. — Ela
aponta com o polegar para cima. — Jade ainda está dormindo, e não vai
acordar tão cedo. E eu calcei meu tênis, já que você me disse que estava
caminhando. — Ela aponta para seus pés.
— Acontece que eu precisava desabafar com alguém e, sinto informar
que, infelizmente, você é minha única amiga. — Eu ainda sinto um gosto
amargo na ponta da minha língua quando falo sobre isso.
Kono estala a língua contra o céu da boca. — Então, despeja tudo,
garota!
Enquanto caminhamos pela 3rd Street, eu conto sobre tudo, desde o
início. Eu conto sobre como peguei Kai e Bridge em meu sofá; Sobre como
fui parar no apartamento de Ethan, bêbada demais até para lembrar de levar a
carteira e o dinheiro do Uber; Contei sobre como comecei a me envolver com
Ethan, sobre nossos momentos de sexo quente, sem entrar em detalhes, claro;
E, por fim, contei sobre todo o ciúme, a forma como eu implorei, e então,
sobre o que eu disse no dia seguinte, e o que ele disse no final.
No fim, quando parei para tomar fôlego, após descarregar tudo de uma
só vez, Kono está em silêncio, pensativa, com o cenho franzido, e olhando
para o movimento dos seus pés.
— E eu abri seu presente ontem de tarde, quando finalmente criei
coragem. — eu murmurei, abaixando meus olhos para meus pés, também, e
os focando na fina corrente dourado ao redor do meu tornozelo. — Ele me
deu isso. — Eu remexo meu pé para que ela veja, sacudindo o pingente de
avião. — E um caderno de desenho novo, com uma caixa de lápis Blackwing
para meus desenhos. Meus favoritos. Eu não fazia ideia de que ele sabia
disso!

Kono continua olhando para meu tornozelo por um momento tão


longo, que eu juro que senti o ponto em minha pele queimar com tanta
atenção. Quando ela levanta os olhos para mim, eles estão menores do que já
são estreitos e curiosos. — Você não tem ideia do que ele passou com Lisa,
não é? Ele nunca contou pra você.
A segunda parte não foi uma pergunta, mas eu sacudo a cabeça mesmo
assim. O que diabos a Lisa tem a ver com nossa conversa? Eu sei que ele era
apaixonado por ele e que fez de tudo para salvá-la. Sei que quando ela
morreu, ele ficou devastado. Perder alguém sempre acaba com você. Eu
assisti meu irmão caindo em um buraco sem fim antes de a Juliet chegar e o
puxar de volta. Mas eu nunca soube nada além de Ethan e Lisa, das coisas
que meu irmão contou.
— O que ele não me contou? — Eu procuro saber.
Ela balança a cabeça, negando. — Não. Eu não vou contar o que não é
da minha conta. Por que não pergunta pra ele?
— Ah claro! Aposto que ele está me amando neste momento! —
Resmungo, quando um garoto passa por nós em um skate e mochila nas
costas, provavelmente atrasado para o trabalho ou algo do tipo, já que ainda
faltam duas horas para as escolas abrirem.

— Alessa, você tem medo de se entregar de novo, e isso é


compreensível dada às circunstâncias do seu histórico de relacionamentos. —
diz Kono, calmamente. — Eu vou ser sincera com você: se a Jade me
dissesse que queria um caso de sexo casual sem exclusividade, eu
enlouqueceria. E, com toda certeza, eu não iria querer mais vê-la.
Grunhi. — Você não entende...
— Sim, eu entendo. Eu disse que era compreensível. Mas é apenas
para quem está do lado de fora dessa barca, meu amor. — ela diz quando
levanta uma mão e ajeita uma mecha rosa detrás de sua orelha. — Transar
sem compromisso com mulheres aleatórias, que se jogam em cima de você
por onde você passa, mas não convive com você, e você não sente algo por
elas, é uma coisa; Já transar com uma mulher, quase todos os dias, passar
horas conversando com ela, já tendo um vínculo com ela por causa da família
dela, é outra porra bem diferente.
Ela faz uma pausa e eu olho para longe, onde há alguns ciclistas e
corredores cumprindo com suas horas de exercícios.
— Pelo que você acabou de me dizer, — ela continua. — ele vem
querendo ficar com você bem antes do seu namoro com o encosto do Kai. Eu
posso estar errada, mas ele está sentindo algo. Acho que vocês precisam se
sentar e conversar, ou ambos vão sofrer sem nenhuma necessidade.
Eu olho para ela, finalmente, coçando o lado do meu pescoço e
pensando sobre tudo que ela acabou de me dizer. — Você acha que eu agi
errado?
Ela nega com um movimento de cabeça, imediatamente. — Você fez
para se proteger. Você não imaginava que fazendo isso, tornaria tudo mais
difícil pra você. — ela diz, sinceramente. — Apenas tenha ele sozinho para
uma conversa, antes que ele pegue o que você disse e leve ao pé da letra.
Estamos falando de Ethan, afinal. Ele não lida muito bem com a dor.
— O que você quer dizer com isso?

Ela suspira um pouco triste. — Você vai entender, se ele cair de novo.

Eu estou estacionando na garagem do prédio da E.C.A quando meu


celular apita na milésima mensagem da minha mãe.
Ela não me deixou em paz todo o caminho para cá, com ligações e
mensagens de texto.

Minha única vontade era de arremessar o aparelho para fora da janela.


Eu pego minha bolsa e saio do carro, batendo a porta com uma mão
enquanto a outra segura o celular para ler uma mensagem que acabou de
chegar do Hetor. Eu estranho, porque ele não costuma me mandar muitas
mensagens, e só no meio minuto que se passou, há 4 delas. Eu abro a
mensagem.

Hetor: Querida, você pode nos encontrar na sala de Ethan, por


favor?
Eu paro antes de entrar no elevador.
Por que ele está na sala de Ethan? Por que ele disse "nos encontrar"?
Quem mais está na sala do Ethan?
Várias teorias malucas se engancham na minha cabeça. Será que ele e
meus irmãos descobriram sobre eu e Ethan, e agora estão querendo uma
explicação? Provavelmente não. Hetor não sairia de sua casa para isso. Nós
teríamos que ir até ele. E Ethan, muito provavelmente, já teria sido jogado de
sua janela pelo Giovanni. Então, eu descarto essa possibilidade e piso para
dentro do elevador privado quando ele e passo meu cartão no painel.

Eu não abro as mensagens da minha mãe. Qualquer coisa que ela


tenha para me dizer pode esperar para depois que eu descobrir sobre o motivo
de Hetor estar na sala do Ethan, me mandando mensagens.
Eu desço do elevador, dou bom dia para Lúcia e passo direto para as
portas do escritório presidencial.
Lúcia sequer diz alguma coisa que não seja devolver meu bom dia.
Quando eu entro, eu congelo na porta.
Dentro está Ethan, Hetor, meus três irmãos e minha mãe. Minha mãe.
O que diabos minha mãe faz aqui?
O que diabos todos eles fazem aqui?
Mamãe está com os braços cruzados sobre o peito e sua expressão é de
pesar, culpa, remorso, preocupação, tudo junto. Enquanto os outros estão
sérios, como se algo muito ruim tivesse acontecido.
Fecho a porta atrás de mim, com um click. — O que houve? — Corro
meus olhos por todos eles e descanso em minha mãe. — Por que você está
aqui?
Ela dá um passo à frente, sua mão direita toca seu peito quando ela diz
num tom baixo. — Querida, seu pai me procurou.
Eu olho para Hetor, confusa com o motivo de ela ter vindo até aqui. —
Por que você procurou por ela?
Mas antes que ele possa responder, minha mãe falou: — Não ele. Seu
pai verdadeiro. O que você nunca conheceu Alessa.
Essas palavras foram como um soco bem na boca do meu estômago. O
que...? As lágrimas começam a encher meus olhos, e minha garganta começa
a tampar e arder, então eu levo minha mão livre para cima, e toco ela,
massageando, tentando aliviar a dor. Instintivamente, meus olhos procuram
pelos olhos azuis mais claros do lugar.
Ethan enfia as mãos nos bolsos, olhando-me com cuidado. — Era
sobre isso que eu queria conversar com você!
CAPÍTULO VINTE E SETE

Ethan não queria falar sobre nosso "pequeno" ataque de ciúmes na


noite do meu aniversário; Ele queria me contar sobre meu pai.
Mas, isso me deixou mais confusa do eu já estava quando entrei aqui.

Por que ele procurou pela minha mãe depois de vinte quatro anos? Por
que depois de tanto tempo?
E o mais importante: Como Ethan sabia disso e eu não?
— Por que ele faria isso, mamãe? — Eu olhei diretamente para minha
mãe, minha voz falhando por causa da ardência na minha garganta.
Minha mãe é o tipo de mulher cheia de si, que não vive sem sua
maquiagem, ela estando dentro de casa, ou fora dela. Suas roupas são sempre
das melhores marcas, em sua maioria, exclusivas e feitas pelos melhores
estilistas da Europa. Claro, ela aproveita bastante do conhecimento que ela
ganhou quando ainda carregava o nome Lazzari como seu sobrenome. E,
mesmo hoje, parecendo abalada, ela ainda está com seu terninho bege feito
sob medida, um salto alto, brincos de pérolas caras e uma boa maquiagem
para cobrir suas marcas de expressões. Ela é uma mulher bonita e com um
espírito muito jovem para sua idade.
Além dos olhos, eu não tenho nada parecido com ela. Enquanto minha
mãe tem cabelos loiros e lisos estirados, os meus são pretos e com as pontas
onduladas. Nenhum dos filhos puxou seus cabelos, aliás.
Meus irmãos se parecem com Hetor, o que me leva de volta para o
assunto do meu pai. Eu sou parecida com ele, pelo menos? Eu realmente não
sei se quero descobrir a resposta disso. Eu não me sinto bem agora.
Ethan quem falou primeiro: — Seu RH entrou em contato com a
E.C.A para a compra de um jato particular. Esse foi o motivo da minha
viagem para Londres.
— Ele deve ter pesquisado sobre a empresa e acabou chegando até
você. — Enzo dia, calma transbordando de seu tom.
Completamente diferente de qualquer coisa que eu esteja sentindo
nesse momento. Eu estou congelada por fora, mas por dentro eu estou
desesperada, confusa. Chateada.
Eu aperto meus dedos em volta do meu celular até que minhas juntas
fiquem brancas e comecem a doer. — O que ele falou pra você? — Eu
pergunto a minha mãe, dando tudo de mim para manter minha voz como a do
meu irmão.
Mamãe se encolhe dentro de seu terninho de alta costura, com a
pergunta. — Ele falou muitas coisas, querida. Mas a principal, é que ele quer
conhecer você!
Oh.
Sentindo o desespero subir, eu olho para Hetor, em seguida para
Ethan. A insegurança invadindo através das minhas veias sanguíneas e
apertando ao redor do meu estômago, trazendo de volta a ânsia de vômito. Eu
devo ter feito uma careta ou algo do tipo, porque eu vejo meus irmãos dando
um passo à frente.

— Você não precisa ir, se não quiser! — Giovanni diz, em um tom


apertado.
Mas eu ignoro e mantenho meus olhos sobre minha mãe. — Quando?
Ok, eu estava insegura sobre isso. Mas, eu passei toda minha vida
pensando em quando eu iria ter essa oportunidade. Eu pensava sobre o dia
que ele viria até mim por vontade própria. Eu pensava sobre se ele se
importava comigo. Sobre o que leva um pai a não querer um filho. A
simplesmente deixá-lo para trás e seguir com a vida como se tivesse ficado
para trás.
Então, eu queria olhar em seus olhos. Eu passei anos, desde que minha
mãe me deu seu nome, criando coragem para sentar minha bunda de frente
para um computador e pesquisar pelo seu nome, para saber como ele é, se eu
me pareço com ele, se eu tenho o mesmo tom de cabelo que ele. Gostaria de
saber como é sua aparência, mas isso nunca aconteceu. A coragem nunca
chegou. O rancor sempre esteve lá. Mas, agora eu tenho a oportunidade de
ver pessoalmente.
E eu não vou abrir mão de olhar em seus olhos e perguntar o motivo
pelo qual ele não me quis.
Mamãe hesita, remexendo-se no lugar. Ela olha para todos os lugares
da sala, menos para meus olhos.
Eu ranjo os dentes, porque eu sei que é o que ela faz quando não quer
falar as coisas. — Mãe! — grunhi, chamando por ela.
Ela não responde.
Mas Hetor faz por ela. — Ele está vindo para cá, querida.
Inclino a cabeça para ele, vendo que seus olhos não estão satisfeitos
com isso. Eu gosto da forma paterno-protetora que ele me trata. Eu sei que
um encontro com meu pai biológico o deixará chateado, mas eu também sei
que ele quer que eu tenha isso.
— Tudo bem. — ergo meus ombros e empino o nariz. — Que ele
venha, então!
— Alessa, não! — mamãe meio que grita, exasperada pela minha
decisão.
Suspiro.
— Eu passei vinte quatro anos querendo saber o motivo dele não me
querer, mamãe. Vinte e quatro! Pelo amor de Deus, eu mereço isso! —
Arrumo minha bolsa em meu braço e seguro a maçaneta atrás de mim. —
Digam pra ele que eu estarei onde ele quiser me encontrar, por favor! E você,
mamãe, — eu aponto para ela. — não tente atrapalhar isso! Eu mereço um
desfecho dessa história, no final das contas.

Eu não tinha os visto saindo, porque eu me tranquei na sala de


descanso do andar presidencial e só saí quase uma hora depois. Eu não chorei
de alívio, ou qualquer outra coisa. Eu tinha algo no peito que precisava ser
retirado, e o único que podia fazê-lo está a caminho de Los Angeles.
Eu toco a tela do meu celular, indecisa entre pressionar seu nome ou
não, e eu acabo optando para não, porque eu preciso ver isso pessoalmente.
Quando eu volto para minha mesa, Lúcia me diz que Ethan está
esperando por mim. Eu deixo minha bolsa sobre minha mesa e vou para sua
sala. Entro sem bater, porque, provavelmente, ele está me vendo entrar pelas
telas, dentro de sua sala.
— Você está bem? — Ethan pergunta, assim que eu fecho a porta
atrás de mim. Ele está parado, no meio do seu escritório, impecavelmente,
branco. Os óculos de leitura estão no seu rosto, dando um toque ainda mais
sexy em imagem de empresário gostosão. Seu lindo rosto está contorcido de
preocupação, mas ele não se aproxima ou se move para qualquer lugar.

Eu não sei o motivo, (talvez seja esse recado inesperado sobre meu
pai, ou o tamanho das palavras, que eu lhe falei em meu apartamento, que
está começando a pesar no meu peito) mas eu posso sentir as lágrimas vindo
de todos os cantos. Por trás dos olhos, da minha garganta... Eu aperto os
lábios juntos, reprimindo o choro e sacudo a cabeça. — Não. — eu consigo
pronunciar através da dor na minha garganta. — Eu sinto muito por não ter
deixado você falar no outro dia...
— Não tem problemas. — Ele pisa para perto, estendendo suas mãos
para meu rosto e enxugando as lágrimas com seus polegares. Delicadamente.
Carinhosamente. — Eu devia ter dito antes, em primeiro lugar.
Meu coração aperta com seu carinho no meu rosto e a forma que ele
me olha agora.

Ele parece tanto com o Ethan que eu vi um dia olhando para Lisa,
enquanto ela conversava com as amigas, um pouco distante.
Eu desejei esse Ethan para mim. E estou com ele bem na minha frente.
Eu só não posso dizer que é a mesma coisa para ele.
Ele amava a Lisa, de verdade, afinal. Todos viam isso.

Eu vi isso! Eu odiava ter visto, porque agora eu estou insegura sobre


ele.
Sua conversa não era sobre exclusividade, era sobre meu pai. Ele nem
considerou falar sobre nós dois?
Ethan segura meu rosto com cuidado, beija minha testa e leva meu
rosto para seu peito forte, abraçando-me pelos ombros.
Eu passo meus braços ao redor de sua cintura estreita. Suspirando pelo
seu cheiro habitual de loção de banho masculina e sua colônia Bond No. 9.
As lágrimas ainda insistem em cair, mas meu choro é silencioso, enquanto
me agarro a ele, matando a saudade de estar assim, bem próxima ao seu
corpo quente e grande.
— Estarei bem aqui, se precisar de qualquer coisa. — diz ele contra
minha cabeça. Suas mãos correndo ao longo dos meus braços.
Cada fio de cabelo sobre meu corpo está arrepiado por seu toque. Eu
desejo que ele segure meu rosto e desça sua boca até a minha, em seguida,
que ele me tenha em aqui, no meio da sua sala, contra a parede e sobre a sua
mesa. Mas eu sei que isso é impossível, porque A- ele ainda parece um pouco
chateado comigo, e B- ele não faz essas coisas em seu local de trabalho.
Com um grunhido baixo, eu movo minha cabeça e encosto a testa em
seu peito, respirando seu cheiro de enlouquecer. — Eu sei. Obrigada por isso!
— murmuro.
Ele toca meus cabelos, passando os dedos longos pelos fios. Um
silêncio cai sobre a sala. Nenhum barulho além das nossas respirações, que
estão ficando pesadas a cada segundo que se passa.

— Você gostou do presente? — Ele faz a pergunta sussurrando,


excitado.
Aperto os olhos fechados. — Eu amei. Obrigada por isso, também! —
Eu me afasto e ergo um pé, agitando-o para lhe mostrar que já estou usando.
Ele olha bem para meu tornozelo, e um leve, quase invisível, sorriso
curva seus lábios rosados. E combinando com seus óculos... Jesus!
Em seguida, eu peço licença e saio do seu escritório e mergulho no
meu trabalho pelo resto do dia, retirando tudo de ruim e excitante do meu
sistema por um dia. Só um dia.
CAPÍTULO VINTE E OITO
ETHAN
Alguns dias atrás.

Lúcia irrompeu em meu escritório após uma leve batida de porta. —


Aqui está, senhor Cross! — ela deixa sobre minha mesa, uma dúzia de papéis
e documentos para serem assinados por mim.
Eu agradeço, vagamente, enquanto me concentro no documento de
pedido em minhas mãos. Eu escuto os saltos de Lúcia batendo contra o piso
enquanto ela vai embora. Inclino-me para trás, em minha poltrona, olhando
os dois nomes familiares que fizerem o pedido.
Andreas Puccini.
O mesmo nome do cara que Alessa acredita ser seu pai.

Estendo o braço e agarro o telefone. Eu espero até que Lúcia atenda e


peço: — Você pode vir até aqui, por favor?
Menos de dez segundos depois, Lúcia retorna ao meu escritório, com
um sorriso gentil e profissional, abraçada com seu iPad.
— Andreas Puccini. Quem é ele? — Eu estendo o documento para ela.
Como minha secretária, Lúcia faz de tudo um pouco para mim,
incluindo ficar a par de todos os clientes na empresa. Não foi coincidência ela
ser muito boa com tecnologia.
Ela dá uma olhada no papel, em seguida, me devolve. — Ele é um
magnata italiano do mundo da moda, senhor. Se você tem um desfile para
fazer pela Europa e precisa de modelos, a empresa dele estará sempre no topo
da sua agenda telefônica. — diz ela, com seu tom profissional de sempre. —
Sua agência tem as melhores modelos do mercado, atualmente.
Aí está o motivo do qual eu nunca ouvi falar o seu nome. Eu não
acompanho desfiles de moda, e eu nunca cheguei a ter uma conversa real
com as modelos que eu já saí.
— Esposa? Filhos? — pergunto.

Lúcia me olha confusa pela minha pergunta, seu cenho franzido e os


lábios unidos em uma linha apertada.
Eu nunca exigi nada além do básico dos meus clientes, então, pergunta
pessoal era uma coisa nova para ela. Poderia muito bem dispensa-la e eu
mesmo procurar isso. Encontraria fácil, mas já que ela está bem aqui... Eu
não recuei, no entanto. Eu ergui uma sobrancelha, esperando.
Erguendo um dedo, solicitando um minuto, ela começa a mexer em
seu iPad. As longas unhas amarelas movendo-se sobre a tela fina, enquanto
ela fazia seu trabalho. Um minuto depois, ela olhou para cima novamente. —
Divorciado há dois anos, e apenas uma filha. Valentina Puccini, ou como é
conhecida no mundo da moda, apenas Valen Puccini. Dezenove anos. — Ela
dá um passo para frente e me estende seu iPad, com uma foto de uma menina
ocupando toda a tela.

Era como se eu tivesse olhando para Alessa, só que em vez dos


hipnotizantes olhos azuis, ela tinha olhos verdes esmeraldas. Os cabelos
negros eram mais longos que os da Alessa, atingindo sua cintura. A pele era
pálida, típico de uma Europeia, com as bochechas rosadas enquanto ela
pousada para foto em um evento de tapete vermelho.
Engulo em seco, meu peito doendo com o pensamento de Alessa
descobrindo tudo isso. Que o pai biológico dela não apenas deixou de
registrar ela, como teve outra filha poucos anos depois. Eu espero que, se um
dia ela resolver procurá-lo, ele tenha uma boa explicação para isso.
Eu devolvo o iPad de Lúcia. — Obrigado. Isso basta!
Ela o pega, mas hesita em seu lugar, como se estivesse acabadoo de
lembrar algo. — Senhor, o RH do senhor Puccini entrou em contato, também.
Puccini quer uma reunião para tratar de alguns arranjos para seu novo jato.
Peço ao Wyatt para ir?
Recosto-me em minha poltrona, analisando suas palavras.
Puccini quer uma reunião. Eu quero vê-lo pessoalmente e, por algum
sentimento de proteção, me certificar de que ele não é um homem ruim, do
qual Alessa possa se decepcionar. Parece uma boa coincidência.
A internet pode me mostrar várias coisas sobre esse homem, mas ela
não me dá uma revista pessoal.
Sacudo a cabeça. — Diga a McCanaughy para arrumar as coisas, e
quando estiver pronto, me avise. — levanto-me, alcançando meu terno
pendurado no encosto da cadeira. — Eu mesmo vou à Londres. — Eu decido
de última hora. — Mas, agora, eu tenho um compromisso importante.
E eu tinha. Eu tinha Alessa, me esperando em sua casa, para nossa
pequena primeira diversão. Eu tenho estado pronto para ela há muito tempo,
e eu estou indo até lá pega-la e levá-la ao paraíso junto comigo.
— Diga a McCanaughy que me deixe saber quando estiver tudo
pronto, por favor, Lúcia! — eu peço, enquanto envio uma mensagem para
Alessa, para me certificar de que eu não precise usar uma porra de um
plástico em volta de mim. Enfio o celular no bolso, enquanto caminho para as
portas do meu escritório.
Escuto Lúcia dizer um "Sim, senhor!", mas eu não olho para trás.


Dias atuais.

— Sério, Evan, você devia ter me dito que viria! — Eu envio um olhar
sério para mulher em minha frente. — Eu teria mandado um jatinho pra você!
Ela devolve rapidamente com um olhar debochado, enquanto esfrega
um pano úmido contra a grande mancha vermelha em sua camisa branca. —
Pela milésima vez, E: eu sou uma adulta, e da última vez que chequei, eu
ainda sou dois anos mais velha que você.. Não queira me tratar como trata a
Jackie!
— Evan, eu já disse que amo você? — Jackie abriu um sorriso tão
aberto de onde estava do outro lado da ilha da cozinha, onde folheava uma
revista de receitas francesas, que eu pude ver toda fileira de dentes brancos
que ela tinha.
Revirei os olhos, voltando a atenção para minha irmã. — Eu não
trataria, se você não parecesse uma bagunça agora.
— Não pareço uma bagunça.
— Há cocô de pombo em seus cabelos, uma macha de sorvete em sua
blusa e a companhia aérea perdeu sua mala. — eu aponto cada coisa, de
forma exasperada. — Você é uma bagunça, Evan!
Ela faz uma careta, chacoalhando a cabeça para retirar as mechas
curtas de cabelos escuros da frente de seus óculos para que ela possa me ver.
— Ok. Tudo bem. — ela suspira. — Mas, em minha defesa, eu sempre disse
que crianças com sorvetes são um perigo, e não fazia ideia que os pombos
daqui eram tão mal educados.
Minha irmã tinha trinta e dois anos, teve vários namorados, mas nunca
quis se casar. Ela é professora do quarto e quinto ano, toma conta de várias de
crianças na escola, mas nunca pensou em ter filhos. Ela quer que todos façam
o que ela diz, mas ela nunca obedeceu alguém em sua vida.

Coloco as mãos na cintura e abaixo o queixo para olhar para ela. — E


qual a desculpa para a mala perdida?
Ela ri, inocentemente e encolhe os ombros. — Não são profissionais!?
Suspiro, exaltado com sua tentativa de ser engraçada quando ela
parece que foi atropelada por um caminhão.
— Tire essa camisa! Eu vou dá algo para você vestir enquanto entro
em contato com o aeroporto para resolver isso!
Eu a levo para meu quarto e dou uma camisa minha, uma calça de
moletom e uma toalha. Quando ela entra no meu banheiro, eu pego meu
celular de cima da mesinha de cabeceira. Digito com uma mão, enquanto
levanto a outra e empurro meus óculos de leitura mais para cima em meu
nariz. Eu estava investigando mais sobre a vida dos Puccini, para manter
Alessa a salvo, quando o porteiro interfonou, informado que minha irmã
estava na entrada do meu prédio.
Eu estou levando meu aparelho celular para a orelha quando a figura
magra e alta de Gianna toma conta da entrada do meu quarto. Ergo a
sobrancelha. — O que você faz aqui?
Ela sorri, maliciosa, projetando os seios grandes para frente. — A
ruivinha, líder das três espiãs demais, não queria que eu entrasse, mas, eu a
coloquei em seu devido lugar. Ela não é dona da casa!
Eu fechei a cara, apertando minha mandíbula. — A Jackie mora aqui,
Gianna. Ela é tão dona quanto eu sou. Ela é a porra de uma presidente desse
lugar, na sua frente!
Ela fez beicinho, os olhos cinza brilhando com uma tristeza falsa.
Você ficaria surpreso com o pedaço de pano preto que está agarrado ao seu
corpo, no formato de um vestido. Ele mal esconde seus peitos comprados,
tampouco sua bunda grande. Ela entra no meu quarto, seus saltos agulha
batendo contra o piso, deixando-me ainda mais irritado.
Eu nunca a deixei entrar aqui antes. Nem ela, nem qualquer outra
mulher. Eu olho para ela, vindo até mim com um andar sensual, um
movimento sexual em seus quadris largos. Eu não vou mentir e dizer que isso
não me atrai. Pelo contrário, me atrai, mas não da forma que fazia antes. Não
da forma que deveria fazer agora.
E eu tenho a impressão que levaria um tempo me deixar totalmente
preparado, mesmo se ela se ajoelhasse e me levasse em sua boca. Porque tudo
que eu pensaria era em como Alessa se sentiria sobre isso. Eu não deveria
pensar, no entanto. Foi ela que quis assim. Foi ela que disse na minha cara
que não se importava.
Mas, eu penso, da mesma forma. E tudo que Gianna consegue me
causar com todo o seu movimento é um leve endurecimento e uma vontade
enorme de empurra-la para fora do meu apartamento.
— Eu tenho visita agora, Gianna. — eu digo, levantando uma mão
para mantê-la a distância. — Ligo para você depois.
Ela para, olhando-me com um olhar inocente, tão falso quanto seus
peitos. — Você sempre diz isso...
Deveria servir para alguma coisa, certo?
— Eu vou! — garanto. Eu não fazia ideia de faria isso, mas era o
único jeito de fazê-la ir embora.

Ela me oferece um sorriso aberto, satisfeito e animado. A malícia


voltando para seus olhos. Ela morde o canto da boca, toda esperançosa e se
vira, caminhando para fora do quarto.
Um suspiro aliviado encontra seu caminho para fora da minha boca.
Se há uma coisa que Gianna é obcecada, é em sexo. Todo o tipo dele,
de todas as formas. Ela é o tipo de parceira que aceita fazer tudo. De um sexo
anal a uma orgia com mais de cinco pessoas. Ela foi uma boa parceira para
mim, e eu a mantive em minha chamada rápida por um longo tempo.
Mas agora há Alessa, e mesmo ela dizendo que eu posso transar com
quem eu quiser, eu não acho que meu pau concorda com isso.

Escuto quando o chuveiro no meu banheiro é desligado e lembro que


preciso ligar para o aeroporto. Então eu, finalmente, faço a ligação para
recuperar a mala da minha irmã.
CAPÍTULO VINTE E NOVE

No momento em que as portas do elevador se abrem para sala do


apartamento de Ethan e eu piso parar dentro, com um frio ocupando toda a
área da minha barriga, Gianna, a mulher turbina dos cabelos cinzas, chegando
na sala, saindo da parte que dá para os quartos.

Meus olhos se estreitam em fendas sobre ela e seu vestido, que parece
como uma segunda pele de tão colado em suas curvas.
Os cabelos cinzas estão soltos com cachos grossos jogados sobre seu
ombro direito. Os saltos agulha picam o chão, com um toc irritante. Tudo
sobre ela me irrita. E, pela primeira vez, eu posso ver uma tatuagem em seu
ombro esquerdo. Uma rosa na cor cinza. Essa mulher, definitivamente, é
obcecada por essa cor.
Seus olhos chegam em mim e um brilho passa por eles. Ela contrai os
lábios e limpa abaixo do seu lábio inferior, com seu polegar, limpando algum
batom dali.
Engulo em seco. Eu entendi o que ela quis me passar.

Ela puxa a parte superior do seu vestido, cobrindo mais seu decote
extravagante, enquanto anda.
— Não finja que houve algo lá dentro. — Jackie fala, sua voz
pingando ironia.
Eu olho surpresa para ilha da cozinha, onde ela está sentada, folheando
alguma revista, e eu estava tão ocupada odiando a bruxa, que nem a notei ali.
Jackie toca sua própria orelha. — Eu ouvi tudo. — Ela diz para
Gianna. — Ele dispensou você, da mesma forma que ele faz com o lixo do
seu escritório. — ela estala o polegar com o dedo do meio. — Num simples e
pequeno estalar de dedos.
A boca brilhosa de Gianna se abre chocada, e eu mordo o interior das
minhas bochechas para não sorrir. Gianna faz cara feia. Ela não está na lista
de favoritas da Jackie, também. — Por que você não some da minha frente?
— pergunta ela, seu rosto ficando vermelho de raiva.
Jackie apenas abre seu maior sorriso e encolhe os ombros. — Porque
eu moro aqui. A casa é minha. E na sua frente, eu sou a porra da presidente
aqui. — Ela diz num tom debochado, como se isso fosse alguma piada
interna, que eu desconheço.
Mas, Gianna conhece, porque ela alcança sua bolsa no sofá, com um
pouco mais de brutalidade que o necessário, e sai pisando duro com seus
saltos agulhas, em direção ao elevador.
As portas do elevador se fecham com ela dentro, e eu ouço um suspiro
de Jackie. — Vaca. — ela murmura, seguida de uma careta.
Dessa vez, eu não consigo segurar o sorriso.
Os olhos verdes de Jackie param sobre mim, mas eles não estão
alegres e curiosos como da vez em que ela me preparou meu café da manhã.
Eles parecem chateados.
— Eu queria falar com Ethan. — eu digo, não sabendo ao certo se ela
estava ainda com o mesmo humor que estava instantes antes com Gianna.

Ela sacode a cabeça. — Eu só tenho uma coisa para te dizer. — diz


ela. — Não me faça sentir por você a mesma coisa que eu sinto pela Lisa. —
ela enuncia cada palavra, calmamente. — Por favor, Alessa. Ele é um homem
bom. O melhor no mundo inteiro. Não o faça sofrer tudo de novo. E não me
diga que não sabe do que estou falando, porque ele tem bebido e fumado
bastante durante o dia, e com toda certeza, não é por causa da Giavaca. — Ela
aponta para o elevador.
Chocada, eu abro a boca para pronunciar alguma coisa que possa me
defender, mas eu fecho quando uma mulher de cabelos curtos e molhados, na
altura do queixo, entra na sala, vestindo nada além de uma camisa branca.
Do Ethan.
Suas longas pernas bem malhadas estão completamente do lado de
fora e os olhos azuis se estreitam com curiosidade sobre mim. No entanto, ela
não parece como uma vadia, como Gianna. Ela se aproxima, sem se importar
com a camisa que mal cobre uma cueca box preta – também do Ethan – e
espalma uma mão sobre o mármore da ilha.
— Jackie, pode me emprestar seu secador? — Ela faz a pergunta,
enquanto arrasta seus olhos por todo comprimento do meu corpo.

Eu faço o mesmo com ela, deduzindo que ela acabou de tomar um


banho. Pelo cheiro que vem do seu corpo, ela usou a loção de banho de
Ethan.
Jackie sorri, simpática, sem sinal da sua raiva. — Claro. Vem comigo!
— Ela pula da banqueta e leva a mulher com ela, em direção à seu quarto.
Mas ela me olha sobre seu ombro e diz. — Ele está no quarto dele. Basta ir
até lá!
Eu levo um momento em meu lugar. Eu não sabia o que pensar agora.
Primeiro Gianna vem, limpando a boca e arrumando seu vestido.
Agora, essa mulher sai do mesmo lugar, tomada banho e vestida com uma
camisa dele...

Eu tremo, fechando os olhos e repetindo na minha cabeça que era


exatamente isso que eu queria. Eu disse pra ele transar com outras. Eu só não
esperava que fosse assim, logo com duas.
Mas, não foi por isso que eu vim até aqui. Eu precisava de respostas e
só Ethan podia me dar elas.
Eu caminho através do grande apartamento, indo direto ao quarto
principal. A porta está aberta, mas Ethan não está em nenhum lugar dentro
dele. Eu escuto uma zoada de água corrente vindo do banheiro e vou até lá,
minhas mãos suando e meu peito lutando com uma respiração pesada, na
expectativa de vê-lo ali dentro.
A mulher desconhecida tinha acabado de sair de um banho, e ele podia
ter feito isso com ela, afinal.

Meu coração falece um pouco mais.


Ele nunca tomou banho comigo.
Eu levanto a mão e bato os nós dos meus dedos contra a porta
semiaberta, fazendo-a deslizar mais aberta. Coloco apenas minha cabeça para
dentro, sabendo que, independente da forma que ele estiver neste momento,
meus olhos já viram tudo.

Ethan está com o celular contra uma orelha, enquanto enxuga o rosto
com uma toalha, usando a outra mão. Ele olha para porta e me vê. O brilho
surpreso tomando conta dos seus lindos olhos azuis.
Sorrio de forma apertada, de repente, um pouco tímida por estar aqui
sem seu consentimento. Eu formulo em meus lábios um "Preciso falar com
você!" sem som, respeitando seu telefonema.
Ele ergue um dedo, indicando um minuto e eu assinto, empurrando
meu quadril contra o batente da porta. Ele se concentra em seu telefonema.
— O nome da passageira é Evan Joane Cross. — Ele diz.
Eu franzo o cenho, curiosa sobre esse nome.
Tem seu sobrenome, então, talvez ele esteja comprando uma passagem
para alguma irmã, certo?
Mas, por que ele faria isso quando ele pode simplesmente lhe enviar
um avião?
Ethan escuta a pessoa do outro lado, e após algumas minutos, ele
finaliza a ligação com um Obrigado!. Ele joga o celular de lado, sobre a pia
do banheiro e se vira para mim, erguendo uma sobrancelha, esperando que eu
fale alguma coisa.
Solto o lábio que estou segurando entre os dentes e suspiro. — Sinto
muito se estou interrompendo alguma coisa... — meu polegar aponta para a
porta do quarto.

Ele olha sobre meu ombro, sua expressão impassível, inocente.

Aperto meus olhos. — Spoiler: Gianna e a outra mulher que acabou de


sair de banho tomado e vestida com uma camisa sua.
— Hum. — Ele arrasta uma mão pela nuca, estalando o pescoço de
um lado para o outro. Havia um sorriso divertido enrolando seus lábios agora.
Ele vem em minha direção e para ao meu lado, dentro do espaço do batente
da porta, onde seu corpo grande fica inclinado sobre o meu. Ele toca
gentilmente minha espinha, seu hálito quente enviando um arrepio forte por
todo meu corpo quando ele diz baixinho, — Não tenha uma crise de ciúmes,
Less. Era tudo que você queria. — Ele ri, e vai para o quarto.
Eu fecho a cara, sentindo o músculo do meu maxilar travar duro. —
Eu não estou tendo uma crise de ciúmes! — me viro para vê-lo se aproximar
de sua mesinha de cabeceira. — Eu nem sequer estou aqui por isso!
— Ah, sim. — Ele retira um maço de cigarros Davidoff de dentro da
gaveta. Ele pega um cigarro e o pendura entre os dentes. — Você não se
importa, eu tinha me esquecido disso.
Grunhi, pisando em sua direção e arrancando o cigarro dos seus lábios
antes que ele possa ascender. — Por que você está levando isso para um lado
tão ruim? Você transa com mulheres aleatórias o tempo inteiro. Droga, você
acabou de fazer um tipo de menage, ou seja lá o que isso foi! — gesticulo em
direção à porta do seu quarto. — Sim, eu prefiro saber que você está fodendo
outras, do que descobrir quando estivemos com algo mais sério. Sinto muito
por tentar proteger meu coração, Ethan!
Ele pisa mais perto, seu rosto retorcido de algum sentimento
desconcertante. — Eu me lembro de ter dito que eu não preciso de outras
quando tenho você. — ele toca meu peito. Sua voz é baixa e, estranha e
perigosamente, calma. — Você está tentando se proteger? De mim? Foda-se
essa merda, Alessa! — Ele diz com desdém, tomando o cigarro de volta e
indo para longe.
Eu coloco as mãos em minha cintura, cansada. Exausta por toda luta
interna que eu venho lutando sozinha. Todo o peso da culpa e ciúmes sobre
meu ombro, e então chega todo esse novo problema com o meu pai biológico.
Minha cabeça cai entre meus ombros e eu fecho os olhos por alguns
segundos. Quando levanto minha cabeça de novo, vejo que Ethan ascendeu o
cigarro e está de costas para mim, olhando pela janela.
— Como eu disse, — ergo meus ombros, engolindo o caroço na minha
garganta. — não estou aqui por isso. Preciso saber sobre Andreas Puccini. E
eu pensei que você tinha dito que estaria aqui por mim.

Ele me olha como se eu tivesse acabado de atingi-lo com um soco no


estômago. — E eu disse, caramba. Estou aqui pra você e por você. Eu só não
entendo o porquê você está fazendo isso comigo! Por que está se afastando?
— Eu não estou me afastando, pelo amor de Deus! Eu ainda estarei à
sua disposição sempre que me quiser. Eu-
— Porra, para de se tratar como uma qualquer! — ele meio que grita,
usando um tom triste, me cortando. — Você não é assim, Alessa! E, sim,
você já se afastou!
Balanço minha cabeça negando, sentindo quando uma lágrima começa
a rolar pela minha bochecha. — Não era minha intenção.
— Jura? — Ele vem para perto de novo, descartando o cigarro em um
cinzeiro na mesa ao seu lado. Seus olhos me observando de perto. — Então,
com quem você vai para o baile anual da ONG, huh?
Eu paro, olhando dentro dos seus olhos, não querendo realmente
responder sua pergunta.
Jade mandou uma mensagem essa manhã, me informando que Jordan
quer me levar ao baile, e eu não neguei. Kono mandou uma mensagem, em
seguida, pedindo desculpas, pois não poderia contar meu segredo por mais
que confiasse em Jade. Ela era melhor amiga do meu irmão, afinal de contas.
No entanto, eu achei que seria uma coisa boa. Não poderia mesmo ir
com Ethan para um evento onde meus irmãos estariam presentes. Eles
desconfiariam de algo e Ethan estaria morto antes do fim do evento.

Encolho os ombros. — De todo modo, não podemos ir juntos. — Eu


consigo pronunciar para Ethan.
— Por que não?
Chacoalho a cabeça, chocada com sua pergunta. — Você ainda me
pergunta?

Ele cerra os dentes. — Que se dane! Eu falo com seus irmãos!


— Não, você não vai! — eu discordo. — Eles são seus amigos...
— Estou mais focado em você agora. Se eles são meus amigos, eles
vão entender.
Grunhi com sua teimosia. — Ethan...
Seu corpo grande e forte chega para mais perto, forçando-me a erguer
o queixo para encara-lo. — Me toca, Alessa!
Engasgo. — Eu quero falar sobre Puccini...
Eu perco minha voz quando ele empurra a frente de sua calça de
pijama para baixo e seu enorme pênis muito excitado salta livre.

— Podemos falar sobre Puccini depois. — ele diz, sua voz mais
excitada que pouco instantes atrás. — Agora, eu preciso que você me toque, e
eu vou te tocar, também. É só isso que você quer de mim, certo?
Eu abro a boca para falar, lutando contra a vontade de fazer o que ele
está dizendo, mas a fecho de novo. Eu sinto seu pau contra meu estômago, de
tão próximo que ele está. Todo o meu corpo tremendo com a saudade dele.
— Ei, E! Conseguiu?
Sobressalto com a voz feminina, vindo da portado quarto, e isso me
lembra que a porcaria da porta está aberta.
Ethan está de frente para mim e de costas para a porta, impedindo a
mulher de ver instrumento de trabalho.

Um alívio estranho invade meu corpo, mas então eu lembro de que se


trata da mulher que estava tomada banho, e que, com certeza, ela viu e usou
esse instrumento, pouco antes que eu chegasse aqui. É como se um balde de
água fria fosse jogado sobre minha cabeça.
Ethan não parece perturbado com isso. Com um gesto desleixado, ele
se cobre, com um sorriso de lado, divertido, puxando seus lábios. O idiota
está gostando disso.

— Oh, sim. Eu consegui, baby. — ele diz, oferecendo-me um olhar


provocador.
Baby. Ele nunca me chamou dessa forma.
Eu quase rolo os olhos para isso, para mim mesmo, por ser tão
ridícula.
A mulher franze o cenho, olhando entre nós dois, e olhando-me de
cima a baixo, como fez mais cedo. Seus lábios enrolam em um sorriso
cúmplice para Ethan, e ela entra no quarto. — Baby, essa camisa está um
pouco longa demais, não acha? — Ela pergunta para Ethan, mostrando suas
pernas malhadas, enquanto desfaz os botões da camisa.

Eu cruzo os braços sobre o peito, incomodada com a cena que estou


presenciando.
A mulher abre toda a camisa e a desliza para baixo em seus ombros,
ficando com nada mais que a cueca box de Ethan e um top preto, tomara-que-
caia. Há um dragão tatuado de sua costela até sua cintura. Assim como as
pernas, todo o seu corpo é bem malhado. Uma figura feminina realmente
sexy.
Ethan enfiou as mãos nos bolsos da calça, provavelmente para
esconder sua ereção. Ele reprime um sorriso, acenando para o closet com o
queixo. — Mi camisa, su camisa. — Ele diz.
Ela pisca para ele e caminha para seu closet.
Estreito meus olhos sobre ele. Eu quase cedi a atração sexual, com
uma de suas amantes bem aqui. Eu estou com vontade de vomitar agora.
Reprimindo a vontade de rosnar, eu começo a sair, mas o braço forte de
Ethan segura minha cintura, impedindo-me.
— Lembre-se que foi você quem pediu Less. — seus lábios raspam
minha orelha, e todo meu corpo se arrepia.
Eu paraliso.
CAPÍTULO TRINTA

Há lágrimas queimando meus olhos.


As palavras frias de Ethan ressoando em minha cabeça, várias e várias
vezes.

Eu esmurro seu braço, que está enrolado em minha cintura. — Me


larga, idiota! — rugi, socando seu braço com meus pulsos fechados, o mais
forte que eu consigo no momento. Não é muita coisa para um cara forte como
ele, mas já demonstra meu sentimento.
— Ah, então eu sou idiota por estar fazendo o que você disse pra
fazer? — seu tom é um sussurro divertido em minha orelha. Ele aperta mais
seu braço ao meu redor, fazendo minhas costas colar em seu peito nu. E ele
está lá, ainda muito duro, se apertando contra mim.
Eu cerro os dentes, irritada comigo mesma por ter vindo até aqui.
Esmurro-o novamente. — Foda-se você. Eu não me importo. — eu enuncio
as palavras entredentes. Estava chateada por querer chorar agora.
Ethan ri contra minha orelha. — Claro que não se importa. — Ele se
move, comigo junto e me coloca de frente para seu closet, no momento em
que a mulher está saindo, atacando os botões de uma camisa preta. — De
todo modo, quero que você conheça Evan, minha irmã mais velha.
Reviro os olhos, cruzando os braços quando um riso irônico escapa da
minha garganta. — A passageira que você falou ao telefone? Jura, Ethan? Vai
fazer esse joguinho comigo?
A "suposta" irmã abre um sorriso divertido e um pouco confuso. Seu
cenho franze e ela aponta para mim. — Ela tem algum problema? — Ela
pergunta para Ethan, com um sorrisinho puxando os lábios.
Eu não sei se Ethan também sorriu, mas eu estava odiando a mulher
em minha frente.
— Você pode sair, por favor? — Ethan pede, sua voz transbordando
carinho por ela.
Ela ri, balançando a cabeça, mas ela faz o que ele pede e fecha a porta
quando passa.
— Você pode me soltar agora? — Eu inquiro, pensando na
possibilidade de começar a pisar em seus pés.

— Hum, não. — Com apenas um braço, ele me suspende, tirando


meus pés do chão e começa a ir em direção ao closet.
Eu grito, agitando minhas pernas, empurrando seu braço, tentando
fazê-lo me soltar, mas eu não tenho muita força contra ele, principalmente
quando eu estou chorando.
— Pare com isso! — Ele rosna.
— Que tal você me soltar e eu paro? — minha voz está falha com as
lágrimas caindo pelo meu rosto.
Ele entra comigo no closet e ele vai até uma parede branca repleta de
fotografias, como um mural. Ele me põe no chão, e com o braço livre ele toca
umas três fotos. — Não estou fazendo joguinho nenhum com você. Evan é
minha irmã de verdade.

— Oh. — Eu estou chocada, encarando as fotografias que ele apontou.


A primeira é ele no meio de quatro mulheres. Todas elas bem
parecidas com ele, incluindo a tal de Evan, e isso me faz ficar envergonhada
por não ver isso antes. A segunda é apenas ele e ela em algum quintal,
abraçados e sorridentes. A outra é ele, ela e uma menininha no meio, em uma
festa de aniversário.
Estou vermelha da cabeça aos pés agora, sem palavras. Eu, com
certeza, não iria saber como olhar nos olhos da sua irmã de novo.
— Você pode não se importar, Alessa, mas eu me importo. — diz ele
atrás de mim, soltando meu corpo de seu aperto. — Você quer vir aqui e me
chamar de idiota? Ótimo. A casa é toda sua. Mas eu não sou mentiroso. Eu
mandei Gianna ir embora, não porque eu não possa ficar com ela de novo,
mas porque eu sou um cara de palavra.
Eu me viro para ele, enxugando meu rosto com a palma da minha
mão. — Eu sinto muito. — digo. Eu não consigo nem olhar para seus olhos.
— Eu também sinto Alessa. — ele diz, com um toque de
ressentimento. Mas então ele respira fundo e estende a mão para pegar uma
camisa branca. Ele empurra ela pela cabeça e a veste em silêncio.
Engulo em seco, cruzando os braços sobre o peito.
— Você queria saber sobre Puccini. — ele diz, finalmente. — O que
exatamente você quer saber?
Ele vai para fora do closet e eu o sigo, com passos hesitantes e
garganta queimando. Ainda estava um pouco atordoada com tudo isso. Sua
mudança de assunto foi desconcertante
Eu paro do lado de fora do closet, olhando para suas costas. — Eu
quero saber se ele é um homem direito. Não sei. Você é advogado, tem o
dom de saber se o caráter da pessoa é ou não bom. E você foi o único, além
da minha mãe, que já esteve com ele.

— Nós falamos apenas sobre aviões. — ele encolhe os ombros. —


Mas, segundo minhas pesquisas, ele é um homem honesto, que leva muito a
sério seu trabalho... e sua família, também.
Eu pisco decepcionada. Eu tenha a impressão de que eu esperava bem
menos dele. Esperava que ele fosse um homem horrível, sem família, que só
liga para si mesmo. Esperava que ele fosse um homem sem coração, que não
teve a coragem de assumir uma filha.
Ethan retira uma pasta de uma gaveta e estende para mim. — Aí está
tudo que você precisa saber sobre ele antes de ir encontrá-lo.
Eu olho para a pasta, medindo seu peso em minhas mãos. Hesitante e
dividida entre querer saber tudo que eu sempre tive medo de descobrir, e
jogar pro lado e deixar que tudo continue no escuro.

— Eu sei que é uma coisa difícil pra você. — Ethan diz, com
sobriedade. — Mas eu não dispensaria isso. Tudo que você tem até hoje é
apenas a palavra da sua mãe. Essa é a sua vida, Alessa. Se você quer se
martirizar por uma coisa, então que seja uma coisa real. Vá se encontrar com
ele e obtenha sua resposta. O seu único defeito é que você prefere sofrer por
verdades que você mesma enfia na sua cabeça.

Enxugo minha bochecha com o dorso da mão e balança a cabeça. —


Eu não sei se posso fazer isso sozinha. Sabe, ir lá e ficar cara a cara com ele.
Ethan empurra as mãos nos bolsos. — Estou começando a achar que
minha irmã está certa e você tem algum tipo de doença na cabeça. — ele me
oferece um olhar incrédulo. — Eu disse que estaria aqui para o que você
precisasse. E eu estou aqui. Eu vou até com você quando chegar a hora, se
você quiser.
Encaro-o sem saber como reagir. Estávamos brigando há poucos
instantes.
— Eu não entendo esse seu jogo-
— Não estou jogando. — eu rebato.

Ele continua. — e eu não estou disposto a entender. Eu sou seu amigo


acima de tudo. Estarei sempre aqui. Tudo que você precisa fazer é gritar por
mim.

ETHAN
Faz uns cinco minutos que Alessa se foi da minha casa.
Eu agarro o cigarro para fora dos meus lábios e sopro a fumaça para
cima. Eu olho para baixo, em meu antebraço, e eu vejo as marcas
avermelhadas que ficou de seus socos femininos, porém, um pouco forte
demais.
Meu pau ainda está muito duro por ela, e levou tudo de mim para não
empurra-la sobre a minha cama e comê-la tão esfomeado, até que ela gritasse
o meu nome. Bem aqui, para que todos nesse maldito prédio escutassem.
Mas ela é uma coisa irritante e teimosa.
Chega a ser frustrante.
Eu gostei de vê-la toda vermelha com ciúmes, mas eu não consegui
fazer como ela naquela boate e ir até o final. Eu poderia só revelar a verdade
sobre Evan outro dia, descontando o que ela me fez passar quando deixou
Jordan se esfregar nela, na porra da dança. Mas, não fui capaz de vê-la
daquela forma por muito tempo.
Eu não consigo vê-la sofrendo, mesmo que ela estava fazendo por
onde.

Meu celular apita com uma mensagem e eu o pego para ver do que se
trata.
Gianna: Que tal irmos ao baile anual juntos? Já comprei meu
vestido! ☺
Bufo, tragando meu cigarro mais uma vez antes de abandoná-lo no
cinzeiro e ir até a sala. Eu avisto minha irmã e Jackie, conversando e rindo
sobre algo que eu não faço ideia. Eu chego perto e deslizo um cartão de
crédito entre elas. — Encontrem um vestido e qualquer merda que se precise
para usar com ele, para cada uma.
Elas me olham curiosas.
— Por quê? — Jackie pergunta.

— Vou levar as duas para o baile comigo esse ano.


Minha irmã abre a boca surpresa, mas é Jackie e fala: — Nenhuma
outra supermodelo para ir com você? Isso é um milagre!
Eu sorrio. — Você sabe que tem muitas e, provavelmente, muitas
estarão por lá. Mas, eu não estou entrando no jogo dela! — Eu digo, e
quando eu digo dela, elas sabem exatamente de quem estou falando.
CAPÍTULO TRINTA E UM

— Alessa, — a voz grossa de Ethan agitou com cada célula quieta do


meu corpo. — vem comigo, por um instante, por favor?
Eu assinto, levantando-me de minha mesa, sentindo minhas pernas
moles com sua presença. Eu não o tinha visto ainda hoje, porque eu não tinha
entrado em sua sala, tampouco ele havia saído dela, até agora.
Ele aponta para minha bolsa. — Pegue suas coisas também.
Eu faço o que ele pede e o sigo até o elevador privado. Como de
costume, ele fica de um lado e eu do outro. Mas, não há nenhuma palavra, de
nenhum de nós dois.
Quando entramos no banco traseiro de seu Maybach, a mesma coisa.
Silêncio. Um irritante e tempestuoso silêncio.
Ele toma seu tempo mexendo em seu celular, olhando seu relógio de
pulso, encarando a rua através da janela. Ele não olha para mim, em nenhum
momento; ele não falou comigo, e ele nem se moveu, minimamente, em
minha direção. Ele leva todo o caminho até a fábrica da E.C.A pensativo e
estranho.
Só quando entramos no seu elevador da fábrica e ele solicita o décimo
quarto andar, eu resolvo falar:
— Por que estamos aqui hoje? — Minha voz é baixa, como se tivesse
alguém, além de nós, dentro do elevador.
Ele finalmente me olha, seus olhos azuis prendendo os meus. Tão
intensos e seguros. — Não seja apressada. — ele repreende, num tom
divertido.
Eu aceno ainda inconformada, e me mantenho no meu lugar, quase me
enfiando dentro da parede de aço em minhas costas.
Descemos no décimo quarto e ele me leva pelo corredor luxuoso até
uma sala toda branca, com nada além de uma mesa no centro e uma estante
vazia.
— Seu novo lugar. — ele explicou, quando abriu e segurou a porta
para esperar eu passar.
Eu tenho certeza de que meu queixo está caído. Eu dou um passo para
dentro, encantada com a vista de Los Angeles County e confusa pela
situação.
— Você é uma excelente engenheira, Less. — ele me diz, enfiando as
mãos nos bolsos. — Merece algo a mais que uma mesa na frente da minha
secretária.
Arranco meus olhos da vista através das grandes janelas e os levo até
ele. Emocionada, eu abro a boca, mas leva alguns segundos para algo
realmente sair: — Eu... eu...
— Você passou no teste. — encolhe os ombros. — A E.C.A é pra
você. E a fábrica é o seu lugar, não o prédio executivo.
Eu estou sem palavras, porque estou muito emocionada agora. Eu
sonhei com esse momento por todos os meses que eu trabalhei aqui. O dia em
que, finalmente, eu iria ser uma engenheira de verdade e não apenas algum
tipo de estagiária esquisita. Eu já havia passado por essa fase, afinal de
contas. Eu mal sabia o que estava se passando em minha própria cabeça
quando eu fui para frente e passei meus braços ao redor dos ombros largos e
fortes de Ethan. Eu o abracei, sem precisar ficar na ponta dos pés, graças ao
meu Jimmy Cho muito alto.
Parei de respirar quando seus braços vieram e se enrolaram em meu
corpo, abraçando-me de volta. Percebi que estava com saudades disso. Dele.
Fazia uns quatro dias desde que fui a sua casa, e amanhã será o baile
de caridade. Nós não tivemos tempo de estar tão perto um do outro ainda. Ele
tinha um papel importante no baile, assim como a empresa dos meus irmãos,
e eu passei esses dias tentando encontrar o vestido perfeito, junto com a Jade
e minhas cunhadas, e me preparando para o encontro com o meu pai
biológico, no domingo.
Essa segunda coisa tem tirado mais meu sono, no entanto. Eu passo as
noites mergulhando de cabeça no Google, pesquisando sobre ele e pegando
tudo que o Google pode me oferecer. Eu tenho uma irmã mais nova, eu
descobri.
Ela é linda e, pelas entrevistas que ela deu para as revistas de moda e
aos programas de televisão, ela parece uma garota simpática e cheia de vida.
Aos dezenove anos, Valentina Puccini é uma supermodelo e uma das mais
solicitadas do momento, nos eventos e desfiles pela Europa. Ela também tem
sua própria marca de roupas e sapatos, a Le Puccini.
Eu já tinha ouvido falar sobre, mas nunca tinha ligado isso ao
sobrenome que minha mãe me deu.
— Obrigada por isso! — Eu fecho os olhos, apreciando esse
momento, com o corpo dele tão próximo ao meu.
Ethan afaga meu cabelo e me cheira. — Você merece. Não é como se
tivesse sido um grande favor. Você é uma das melhores.
Ri, me afastando para olhar pra ele. — Estou trabalhando para
melhorar isso. — bato em seu braço de brincadeira.
Ele ri comigo, mas então, o clima fica pesado. E quente. De repente,
seu rosto está a centímetros do meu, posso sentir sua respiração pesada em
meu rosto, o cheiro da colônia Bond No. 9. adentrando minhas narinas, me
fazendo suspirar. Ethan pega meu rosto entre as mãos grandes, os polegares
circulando carinhosamente em minhas bochechas. Ele inclina minha cabeça e
sua testa desce para minha. Ele está olhando diretamente – e tão perto – para
meus olhos, mas eu não aguento tanto tempo.
Meus olhos se fecham e eu seguro seus antebraços. Eu tenho
dificuldades para respirar agora. Eu quero que ele me beije, bem aqui, duro e
intenso, e da forma que só ele me beijou. Eu quero que ele mande sua regra
de merda para bem longe e me coloque sobre a mesa, e me tenha duramente.

Ele toca minha bochecha com os lábios. — Você me disse uma vez
que eu tinha desistido de você muito rápido. — ele raspa os lábios para baixo.
— Eu não estou desistindo agora, Less. Mesmo que você seja teimosa o
suficiente para ir ao baile com o filho da puta do Jordan. — Ele impulsiona
para frente e me faz dar passos para trás. — Eu estarei lá, de olho em você.
Em cada movimento do seu corpo gostoso.
Minhas costas encontram a porta fechada e eu suspiro. — Ethan...

Suas mãos descem pelas laterais do meu corpo e alcançam a barra da


minha saia. Ele as levanta até que elas são um amontoado em minha cintura.
— Não vou permitir que ele te toque além do necessário. — Ele brinca com
meu queixo com seus dentes, enquanto seus dedos passam pelo tecido
encharcado de renda fino da minha calcinha bege.
Abro mais as pernas para facilitar mais seu acesso, meu peito
descendo e subindo com violência, excitado. — Ele não vai... — as palavras
saem atropeladas da minha boca seca.
— Ah, eu sei que não, amor... — ele pressiona um dedo contra meu
clitóris pulsante.
Uma mistura de um suspiro e gemido sai da minha boca. Minha
cabeça cai para trás, na porta.
Ele desce a cabeça e deixa um beijo molhado em meu ombro,
enquanto ele move o dedo ao redor do meu clitóris. — Eu preciso sentir você,
Less... — Ethan abaixa na minha frente, levanta minha perna para colocar
sobre seu ombro e afasta minha calcinha com os dedos.
Balanço a minha cabeça, tentando encontrar alguma saliva na minha
boca. — Ethan, não contra a port...
Então sua língua passa por todo meu comprimento molhado.
Outro suspiro-gemido. Seguro seu cabelo, mantendo-o no lugar,
enquanto ele me beija lá.

Sua língua me lambe esfomeada, violenta; seus lábios me sugam duro,


enquanto seus dedos me abrem mais para ele. Sua mão livre aperta a carne
macia da minha nádega, pressionando mais pra frente, contra sua boca
maravilhosa.
Eu arqueio meu corpo da porta, uma mão em sua cabeça e a outra
apertando a carne do meu seio dolorido. Eu abri os olhos e a vista de LA
County ainda está lá, com vários arranha-céus com vistas diretamente para
cá.

A ideia de que alguém está lá, em seu ambiente de trabalho, vendo


essa cena, devia me fazer afastá-lo, mas muito pelo contrário, isso me excitou
ainda mais. Eu rebolei de encontro à sua boca, em busca dos meus orgasmos,
que eu sei que serão tão intensos quanto os outros que ele me proporcionou.
Sua língua estala em meu clitóris e ele chupa, em seguida, forte,
deliciosamente.
Uma onda quente atinge meu ventre e então tudo explode dentro de
mim com um grito surdo.
Ethan segura minha perna com carinho, sua língua ainda circulando
em minha, limpando-me. Ele sorri contra minha pele sensível enquanto eu
solto um Deus do céu! e passo as mãos pelo meu cabelo, ainda sob desespero,
extasiada.
E trêmula. Muito trêmula.
Ele deixa um beijo lá.
E eu tremo, novamente.
Uma batida na porta atrás de mim, e eu pulo com o susto.
Ethan se levanta, calmamente, um sorriso nos lábios rosados enquanto
ele arruma minha calcinha e minha saia.
Outra batida.
Ele toca meu rosto e beija meus lábios.

— Alessa? Você está aí dentro?


Kono.
CAPÍTULO TRINTA E DOIS

Eu tinha o meu vestido perfeito.


Melissa, Aurora, Juliet e Jade, com uma ajudinha de Helena, e claro,
Kono, fizeram isso para mim. Elas foram lá e trouxeram o vestido
mais queixo-caído-omg ousado que eu já pus meus olhos.

E elas me deram duas opções simples: ou usá-lo, ou usá-lo. Era pegar


ou largar.
Eu me rendi. Porque, definitivamente, não tinha como ir de encontro a
essa nova equipe de Super-heroínas.
Mas, o resto das coisas eu decidi que eu mesma escolheria, então, no
sábado de manhã, eu arrastei Kono de sua cama para uma manhã de compras
de última hora, na Rodeo Drives.
Eu não tinha dormido durante toda a noite pensando no quão delicioso
foi ter a boca e a língua de Ethan no meu ponto mais sedento. Eu pensei no
fato de que poderia lhe mandar uma mensagem, pedindo para que ele fosse
para minha casa, mas eu engoli essa vontade. Eu o quero, mas eu quero no
momento certo. Então hoje, quando o sol começou a nascer, eu pulei para
fora da cama, disposta a lhe dar um show no baile.
Ele gosta do meu corpo e ele ama as minhas lingeries, aparentemente.
Eu vou lhe entregar o pacote completo no final da noite.
Kono some em um banheiro e eu sigo para um café do lado, para
pegar algo para nos abastecer.
Eu entro na construção moderna, com paredes de vidro e mesas com
guarda-sóis por todo lado, na parte externa. Uma música suave soa, como
uma trilha sonora de inverno.
Alguém pragueja, parecendo irritada, e eu me viro para ver Evan
curvada para frente enquanto limpa uma grande mancha marrom, com um
guardanapo.

— Um dia ruim? — Se eu soo hesitante, é porque eu estou. Eu ainda


não a vi desde o dia do meu pequeno – nem tanto – surto na casa do Ethan.
Ela ergue os olhos, rapidamente, antes de descê-los e golpear o
guardanapo contra o próprio estômago com mais força. — Ah. Eu me lembro
de você. — Ela diz um pouco irritada, mas eu sinto que não é comigo. — O
dia está ótimo, aliás! Isso aqui? — ela aponta para a blusa manchada. — Foi
apenas um idiota que derramou café em mim. Ou melhor: o mesmo idiota que
tombou contra mim e me fez esbarrar com uma criança tomando sorvete, no
aeroporto.
Eu me mantenho em silêncio, um pouco assustada com toda a sua
raiva contra o tal homem.
Duas vezes? Sério?
Ela finalmente desiste com um suspiro, amassa o guardanapo e o joga
na lixeira. Cesta. — Eu desisto. — Ela encolhe os ombros como se não
importasse. — Eu nem gostava dessa blusa mesmo. Totalmente estúpida.
Eu não tenho certeza de que ela está falando a verdade, porque ela faz
isso com os dentes cerrados e o maxilar contraído. Eu viro para o caixa e
peço dois cafés e dois bolinhos. Em todo momento, eu estou ciente da
presença de Evan ao meu lado.
Ela está mexendo em sua bolsa, ainda muito irritada. Os cabelos
negros e curtos caem pelo seu rosto e quando ela os coloca para trás da
orelha, eu noto uma pequena tatuagem de borboleta em seu pescoço, logo
abaixo da sua orelha. Ela para o que está fazendo, faz um pedido de um café
com leite e muita açúcar (porque segundo ela, ela precisa de muito açúcar
agora) e então, ela faz o que eu não queria que ela fizesse; Ela se vira para
mim. Um braço apoiado no balcão e outro com a mão em sua cintura.
— Jackie me contou parte da história. — ela me diz. Ela não parece
mais tão irritada.

Eu engulo, encarando-a com um leve aceno.

— Quer saber o que eu acho disso tudo? — Ela indica ao redor com o
indicador.
Não, obrigada! — Quero. — Eu assinto.
Por favor, não fale! Por favor!
— Como a irmã mais velha do Ethan, eu não gosto de você. — diz ela,
sinceramente. — Eu não gosto de qualquer mulher que o deixe, pelo menos,
remotamente triste. Lisa? — ela abaixa o queixo com uma risadinha
desdenhosa. — Eu nem toco no nome dela. Com bilhões de pessoas na face
da terra, o meu irmão é o menos que merece sofrer por alguém, por qualquer
motivo. Então, me desculpe Alessa, mas como irmã dele, eu não gosto de
você por fazê-lo sofrer e voltar ao estágio que nós tivemos que arranca-lo da
última vez. Eu conheço seus irmãos, e eu tenho certeza de que eles fariam o
mesmo. — ela encolhe os ombros. — Chame isso de ser irmão.
Eu pisco surpresa, cruzando meus braços e pressionando os lábios em
uma linha fina.
— Mas, como mulher, — ela continua. — eu entendo o que você quis
fazer. Você quis se proteger, e acredite, eu venho fazendo isso há trinta e dois
anos. E eu não carrego duas traições na minha bagagem. — Ela diz e quando
ela faz o brilho dos seus olhos azuis, tão parecidos com os do Ethan, somem.
Uma escuridão toma conta deles, completamente sem vida. Ela ri um pouco.
— Você é muito jovem ainda, Alessa. Deus queira que você não precise
passar por mais coisas ruins, ou até mesmo uma coisa pior que uma traição.
Isso me emocionou. Eu me remexo, apertando meus braços mais
cruzados. — Obrigada. — eu digo, sinceramente.
A atendente vem com os nossos cafés e meus bolinhos.
Evan pega o dela, paga e pega sua bolsa. Ela olha diretamente para
meus olhos quando ela diz: — Mas eu ainda não gosto de você. — e vai
embora.

— Então a Evan não gosta de você? — Kono pergunta quando eu lhe


passo o café.

Entorto meu nariz. — Parece que não.


— Certo. Eu não tenho irmãos, mas eu posso ver o lado dela. Acho
que os seus irmãos também não gostariam do Ethan, se soubessem que ele
magoou você.
— Sim. Meus irmãos, provavelmente, não perderiam tempo
informando ao Ethan que não gostavam dele; eles arrancariam suas bolas, e
as fritariam. — eu suspiro. — Mas, todos vocês falam como se soubessem de
algo que eu não sei. Principalmente quando o assunto é Lisa. O que diabos
aconteceu com ela, afinal?
— Com eles. — Kono me corrige, depois toma um gole do seu café.
Eu interrompo minha caminhada e me viro pra ela.

Ela agita a cabeça antes mesmo que eu possa abrir a boca. — Não. De
jeito nenhum. Não me olhe assim.
Dou meu melhor olhar inocente. — Não estou fazendo nada!
Ela aponta. — Você quer que eu te conte. Eu não vou. Não é da minha
conta.
— Kono...
— Não. — ela ergue um dedo, como uma mãe faz para seu filho
pequeno. — Pergunte ao próprio Ethan.
Eu bufo.
Como se ele fosse me responder!

— Eu tenho um baile para ir, com um acompanhante que sua


namorada arrumou, e amanhã tenho um encontro com meu pai biológico.
Aquele que eu nunca vi na minha vida, porque ele não quis me assumir. — eu
digo, apelando pelos seus sentimentos. — Eu mereço muito saber disso!
Kono vem e passa um braço pelos meus ombros, fazendo-me voltar a
andar. — Que tal isso? Você vai ao baile, deixa Ethan babando, após o baile
tenha uma longa foda com ele, e quando ele tiver bem calmo, você faz essa
pergunta.
Reviro os olhos. — E se ele não quiser responder?
Ela ri. — Você é a única que não vê, não é?
— Do que você está falando?
Kono beija o lado da minha cabeça, sorrindo. — Confie em mim, ele
vai te responder!
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

A música suave adentra aos meus ouvidos no momento em que desço


da limusine. Há flashs e clicks para todos os lados, ao redor do grande tapete
vermelho.
O baile anual de caridade da ONG em que minha família é uma das
contribuintes, também é conhecido como um desfile de moda. Modelos com
longas pernas e muita maquiagem circulam em seus saltos agulha, com
confiança, ao lado de seu encontro da noite.
Jordan pega minha mão para me ajudar a sair e a atravessar o grande
tapete. Ele é um homem alto, com cabelos louros queimados e olhos verdes,
ombros largos e um sorriso bonito. Como eu disse na outra noite: o tipo de
cara que eu ficaria feliz em ter uma noite. Seu jeito desleixado de andar, a
forma como ele olha para você, tão intensamente com aqueles olhos negros,
lhe dão a ideia de que ele sabe o que fazer sobre uma cama. Ou fora dela.
Mas, todo o encanto que eu sinto por ele agora desaparece quando nós
pisamos para dentro do salão e meus olhos, rapidamente, captaram Ethan do
outro lado, vestido em um smoking feito sob medida para seu corpo perfeito,
o cabelo bem penteado e uma taça na mão, enquanto ele conversa com meus
irmãos.
De repente, todos os olhares próximos estão sobre nós – eu e Jordan –
e um rubor toma conta do meu rosto quando ele olha para mim. Diretamente
para mim. Os olhos azuis se estreitam quando meus irmãos se viram para me
ver também.
— Parece que seu vestido está fazendo sucesso. — Jordan comentou,
divertido. — Ele está chamando a atenção de todos. Você está realmente
deslumbrante, Alessa.
Eu sorrio, internamente, apreciando que o que eu queria estava
funcionando. Eu não escolhi meu vestido, mas ele não ia agir sozinho.
Ele é vermelho, com o decote profundo e cruzado, e as fendas laterais
iam até pouco acima da minha cintura, deixando exposta muita pele, já que o
modelo elimina qualquer possibilidade de usar uma calcinha.
Jordan nos leva até onde minha família está e logo as meninas estão
sobre mim, elogiando suas escolhas no meu corpo.
— Não está faltando pano aí do lado? — Giovanni é o primeiro
homem a se manifestar.

— Não, cabeça dura. É o modelo do vestido, e está perfeito. — Aurora


aperta seu braço com carinho.
Enzo me abraça de lado e beija minha cabeça. — Só tome cuidado
com o vento. — Ele dá uma olhada com uma leve careta para baixo.
Eu ri. — Irei tomar.
— Eu estou passando mal. — Lucca diz, e ele soa tão dramático como
ele é.
Mel dá três batidinhas em suas costas. — Não está não. — ela ri. —
Deixe para passar mal quando eu não tiver mais essa barriga e puder usar um
desses.

Lucca joga a cabeça para trás, com uma risada, que não contém
nenhum pingo de graça. — Vida, — ele a chama, com sua voz cheia de
carinho. Ele toca seu rosto. — você ainda não enlouqueceu.
Enquanto eles debatem sobre meu vestido, com Lucca todo vermelho,
como se realmente estivesse prestes a passar mal, eu estou ciente dos olhares
roubados que Ethan me dá. Principalmente na minha cintura nua. Isso me
esquenta da cabeça aos pés.
Jordan toca minhas costas e inclina para falar ao meu ouvido: — Você
quer uma bebida?
Eu assinto, e com um sorriso muito bonito, ele vai à busca de uma.
Uma música nova começa a soar, e as meninas convencem meus
irmãos a irem dançar. Até mesmo Enzo arrisca para não deixar Juliet ir com
outro cara. Jackie surge de algum lugar e leva Jax para pista de dança. E tudo
que sobra somos nós, eu e Ethan.
Eu arrisco um sorriso para ele. Lutando para não ser muito
comprometedor, mas o olhar que ele me envia é completamente sexual.
Jesus. Ele parece uma delícia.

— Você está sem calcinha. — Seus olhos brilham com algo cru e
faminto quando ele toma um gole do seu champanhe.
Com um meneio leve de cabeça, eu abro um sorriso pequeno,
piscando quando eu digo: — Eu não tenho nada além de adesivos nos seios
por baixo desse vestido. — Eu faço minha melhor cara de inocente pare ele,
sabendo que meu rosto parece como um pimentão agora.
Um sorriso malvado enrola seus lábios.
Jordan volta com duas bebidas. Ele me estende a de morango, mas
Ethan pega a outra de sua mão, a de limão, e me entrega primeiro. Ele pisca
para Jordan, como se fosse cúmplice, mas quando seu olhar se pousou sobre
mim, ele estava mais para Senta e aprende idiota!

Eu tomo um pouco do meu copo, amando o gosto de limão, e amando


que Ethan saiba minha preferência.
Mas ele sabe todas suas preferências, certo?...
— E, esses chocolates são delici... — Evan para de falar quando seus
olhos param em Jordan. Seu queixo cai, surpresa por um momento, mas
então, fúria toma conta de seu rosto bonito e ela aperta a mandíbula. — O que
você...? Você não pode... Jesus. Não se aproxime de mim, okay?
Jordan parece um pouco assustado e surpreso, e Ethan curioso.
— Vocês se conhecem? — Eu pergunto.
Evan aponta para ele. — Ele me deve duas blusas!

— Eu te devo duas blusas? — Jordan inquire. — Eu não tenho culpa


se você nunca olha por onde anda!
— Isso não é verdade!
Ethan ri.
Evan faz uma careta. — Idiota. — ela grunhe. — Se vocês me dão
licença... — ela sai, rapidamente, e some pela multidão na pista de dança.
Jordan olha para mim. — Você me dá um segundo?
Eu sorrio, balançando a cabeça. — Vá!
E, mais uma vez, nós estamos a sós.
Ethan deixa sua taça na bandeja de um garçom que está passando e
olha para mim. — Você quer dançar?
Por algum motivo, seu convite vai além de uma simples pista de
dança.
Eu suspiro um sim e deixo meu copo de lado, em uma mesa próxima.

Ele pega minha mão e coloca na curva do seu cotovelo, nos


direcionando até a pista de dança. Ele toca minha cintura nua com uma mão
gelada, e eu suspiro. Ele me puxa para mais perto, e eu tremo. Então ele
começa a nos movimentar no ritmo da música.
— Então, — ergo o queixo para olhar para ele, enquanto ele me guia
numa dança lenta. — não veio com Gianna? — eu faço uma careta ao falar o
nome da vaca da turbina.
Ele ri um pouco. — Ela deve estar por aí, fotografando para alguma
revista.
— Por que não veio com ela?
— Porque não é ela quem eu quero. Eu quero você. — Ele inclina um
pouco para frente, e eu paro de respirar por um momento.
Engulo em seco e sussurro: — Eu também quero você.
Eu não menti. Eu queria tanto ele, que todo meu corpo doía. Eu ainda
podia sentir sua língua macia entre minhas pernas, seus cabelos fazendo
cócegas em minhas pernas. Estou sedenta por todo resto. Por ele.

Os seus olhos escureceram um pouco. — Deixe-me falar com seus


irmãos.
Meu queixo caiu e meus olhos arregalaram. — Eles vão matar você!
— E eu vou morrer feliz.
Sacudo a cabeça. — Não tem graça, Ethan.
— Eu não estou rindo. — ele rebate. — Eu quero você, Less. Muito.
Desesperadamente. Eu não quero foder outras mulheres, porque elas não me
importam. Elas não são você. Eu quero ter a honra de chegar na porra de um
baile com você, de empurrar Jordan ou qualquer outro para longe, dizendo
que você é minha. — Ele me puxa mais para perto, em seu corpo, e sua boca
desce para minha orelha. — Eu quero comer você todos os dias, na sua casa
ou na minha. Por todos os lugares. Quero levar você ao paraíso assim que
você abrir os olhos de manhã. Eu só penso em você, o tempo todo.
— Ethan... — movo a cabeça, atordoada com toda essa confissão. Eu
não sei o que dizer.
Ele me quer.
Ele está me dizendo que me quer.
Ele quer falar com meus irmãos.
Ele quer tudo.
Minha boca está seca.
Eu estou excitada. Muito excitada.

Eu pressiono para mais perto e eu consigo sussurrar — Minha casa.


Agora. — de uma forma trêmula e cortante. Excitada.
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

Ethan abre seu sorriso padrão. Aquele que faz todo o meu corpo
tremer e minha calcinha encharcar. — Amor, acabamos de chegar...
— Sim. — meneio a cabeça duramente. — Mas eu preciso de você
agora. — eu lamento.

Sua boca encosta-se a minha têmpora, pressionando um sorriso lá. —


Faremos dessa forma — ele diz. — circulamos um pouco pelo salão,
cumprimentamos as pessoas, fazemos nossas doações, e depois de tudo isso,
nós daremos um jeito de sair daqui.
Eu não acho um bom plano, porque eu não sei quanto tempo eu vou
conseguir durar, sem calcinha e com o ponto entre minhas pernas molhado.
Mas eu assinto, concordando com ele, me agarrando a esperança de sermos
só nós dois no final da noite.
— Certo. Vamos fazer dessa forma. — eu concordo.
Ele balança a cabeça, levemente, me girando no ritmo da música. —
Você está linda, aliás. De tirar o fôlego de qualquer filho da puta presente
aqui. — ele diz e eu coro. — Eu não sei se estou confortável com você
praticamente nua e tão perto do Jordan.
— Acho que já estabelecemos que há algo rolando entre ele e sua
irmã. — Eu olho ao redor, em busca de um deles, mas não há nem sinal.
Ethan ri um pouco, mexendo a cabeça. — Se há, tenho certeza que
minha irmã vai tornar isso impossível. Ela é expert nesse assunto.
Isso me torna curiosa. Eu notei que ela ficou um pouco retraída e
pensativa quando nos encontramos mais cedo e ela falou sobre isso. Há algo
sobre ela que eu não posso dizer o que é.
Pelo visto, nem o próprio Ethan.
— Você não fica preocupado? — eu pergunto. — Digo, eles nem se
conhecem, além dos esbarrões e das blusas perdidas.
— Evan tem trinta e dois anos. Ela sabe se cuidar muito bem.
— Você tem trinta e mesmo assim ela te defendeu. — eu aponto.
Ele encolhe os ombros. — Minha irmã sempre foi muito protetora,
Less. Mas, se eu te deixar aqui e for atrás dela, é muito capaz que eu volte
com um chute na bunda.
A música acaba e outra começa a seguir. Estávamos prestes a começar
a dançar novamente, quando Lucca tocou o ombro de Ethan e ofereceu seu
sorriso de lado, típico de Lucca Lazzari.
— Posso? — Ele aponta para mim e Ethan concede a ele. Ele me pega
para dançar, sorrindo para mim, enquanto começa a se mover.
Estreito meus olhos. — Diga logo o que você quer. Eu te conheço.
Lucca ri, levantando meu braço e virando-me, e trazendo-me de volta
para seu peito. — Jogo da pergunta e resposta, pequena.
Ergo uma sobrancelha, surpresa. — Agora?

— É a sua pergunta?
Sacudo a cabeça. — Não! Eu só quero entender o por que disso bem
agora!
Encolhe os ombros. — Eu começo. — ele diz e quando ele move a
cabeça para falar alguns fios do seu cabelo caem em seus olhos. — Você e
Ethan. O que está rolando?
Engulo em seco, paralisando por uns instantes.
Lucca me gira de novo, indo mais rápido, na medida em que o ritmo
da música aumenta.
Eu penso em mentir pra ele e lhe dizer que não há nada aqui. Mas
então, se eu fizer, estarei quebrando única regra da brincadeira e ela não mais
noção, futuramente.

— Não sou nenhuma criança. Eu não vou fazer uma cena, paixão. —
ele me garante. — Ele é meu melhor amigo. Melhor que ninguém eu sei do
seu caráter. E eu sei que deve ter alguma coisa para que ele não tenha me
contado sobre isso ainda, e não é apenas por você ser minha bebê.
Minha testa cai em meu peito e eu suspiro. — Eu sou apaixonada por
ele desde o dia em que você o levou em minha casa, na Itália. —confesso. —
Eu apenas não demonstrei isso. Mas, agora... Trabalhando com ele... Jesus,
Lucca. Não podemos conversar depois? — Levanto para olhar pra ele.
Ele assente, seus olhos calmos, mostrando o contrário do que eu
pensei que seria. — Eu quero conversar com vocês dois. — ele avisa.
Eu assinto.
— Não vou falar nada até conversar com vocês. — ele diz.
Assinto novamente.
Ele beija minha testa. — Eu te amo, paixão.
Eu me derreto. — Eu também te amo.

Meu coração ainda está martelando contra minha costela enquanto eu círculo
pele salão, cumprimentando as pessoas. Um sorriso no rosto e uma voz
simpática. Mas, por dentro, eu estava nervosa pela conversa com meu irmão.
Eu tenho enviando olhares nervosos para ele e para Ethan. E eu tremo cada
vez que eles chegam perto um do outro.
Mas, Lucca parece tranquilo. Ou ele apenas faz isso para ver minha
reação.
— Não esperava encontrar você aqui. — uma voz soa atrás de mim.
Eu não tenho certeza, mas eu acho que meu corpo inteiro estremeceu
com nojo. Eu me viro em meus saltos para encarar a vaca turbinada.
Ela estava sorrindo, com seus cabelos cinza soltos em volta dos
ombros. O vestido que usava era elegante, num tom de cinza escuro, com
pequenos diamantes espalhados por todo lugar.
Suspirei de tédio. — É o que acontece quando sua família é uma das
famílias colaboradoras. Você comparece.

Antes que ela pudesse falar qualquer outra coisa, eu recebo uma
mensagem de Mel, me pedindo para alcançá-la no banheiro. Eu não peço
licença quando eu saio em direção ao banheiro feminino e deixo Gianna com
uma careta.

ETHAN

Eu tenho algo muito duro. E é tudo pra ela


Eu ainda não posso acreditar que estou me controlando quando ela tem
nada além que um tecido fino cobrindo seu corpo. E não tanto quanto ele
deveria. Eu acompanhando ela com os olhos, enquanto ela cumprimenta as
pessoas, com seu sorriso simpático habitual.
Ela está linda, eu não falei isso pra ela da boca pra fora. Ela é a porra
da mulher mais deslumbrante que há aqui nesse salão. A que está em segundo
lugar, não pode chegar, nem remotamente, perto dela agora.
Parece que todos estão encantados com sua beleza. Os filhos da puta
estão encantados pela sua cintura e pernas nuas.

Empurro as mãos nos bolsos, engolindo em seco, reprimindo a


vontade de ir até ela e tirá-la de perto dos idiotas.
— Você precisa respirar cara. — Lucca chega ao meu lado, suas mãos
também estão enfiadas em seus bolsos.
Eu não olho para ele. Eu sei que ele falou com Alessa. — Do que você
está falando?

Ele ri, mas não é um sorriso com humor. — Quando ia me contar?


Eu olho para ele, dessa vez.
Ele é meu melhor amigo, e ele merece todas as explicações possíveis.
Eu só não sei se esse é o lugar certo.
— Quando ela achasse melhor. — eu respondo. — Precisava ser a
vontade dela.
Ele assente, duro, olhando para frente, na direção de sua irmã. — Eu
falei pra ela que quero conversar com vocês dois.
— Eu estarei lá. — eu concordo.

— Conheço você, cara. Você é como um irmão para mim sabe disso.
Então, se for levar isso realmente a sério, eu ficarei feliz, porque ela merece
ser feliz e você, porra, mais que todo mundo, a fará feliz. — ele bate no meu
braço. — Só não me decepcione, irmão.
Eu assinto. A comoção não me deixou abrir a boca para falar qualquer
coisa em troca disso.
Eu não vou!, Eu digo mentalmente.
Lucca bate em meu ombro. — E não deixe Giovanni saber disso antes
que vocês contem.
CAPÍTULO TRINTA E CINCO
ETHAN

Evan finalmente apareceu após um bom tempo. Seus cabelos, que


antes estavam bem penteados, com leves cachos nas pontas curtas, agora
estavam uma verdadeira bagunça. Seus lábios estavam livres do batom
vermelho e amassados, como se ela tivesse saído de uma sessão de amasso.
Ela me enviou um olhar sombrio de Fale algo e perca as bolas, e pediu para
liberar meu motorista para levá-la para casa.
Eu cedi, vendo seu senso de humor negro presente. Eu enviei uma
mensagem para que o motorista e a levei até à saída para me certificar que ela
estaria dentro do carro certo.
Fiz minha doação, conversei com pessoas importantes, dancei mais
uma música com Jackie, dessa vez, mas em todo o momento, eu tinha meus
olhos nos movimentos graciosos de Alessa.
Ela parecia iluminar todo o maldito salão quando sorria para alguém.
Ela também tinha um olho sobre mim, e eu podia sentir isso cada vez que
uma senhora se aproximava para me cumprimentar. Pude sentir minha nuca
queimar quando Gianna veio dizer Olá e tentar me convencer a lhe dar uma
dança.

Eu não fui. Eu sabia que isso não seria uma boa coisa para Alessa,
então eu apenas a pedi que não insistisse e Lucca me resgatou de lá, com uma
desculpa de que ele precisava de mim para falar sobre um presente de natal
para Mel.
Cerca de dez minutos após o jantar, eu dei uma desculpa, que
precisava ir ver como Evan estava, me certifiquei de que Jax levaria Jackie
para casa e fui embora, em um táxi. No caminho, eu enviei uma mensagem
para Alessa, avisando que a esperaria em seu apartamento. Recebi
um Okay de volta, acompanhado de uma carinha de bochechas rosadas.

Acendi um cigarro e ajeitei meu terno pendurado em meu ombro. Eu


estava no corredor vazio do apartamento de Alessa, esperando por ela já há
uma hora e cinco minutos. Empurro minhas costas na parede ao lado de sua
porta, minha paciência em seu limite.

Eu já escutei uma criança chorando do apartamento da frente, vi um


casal discutindo por um talão de cheques no caminho do elevador para a
porta de seu apartamento.
Estou prestes a mandar outra mensagem quando o elevador se abre e
Alessa vem para o corredor. Seus olhos encontram os meus e ela suspira um
sorriso tímido.
Eu não me seguro muito dessa vez e lanço meus olhos por todo o seu
corpo, focando bastante na parte nua da sua cintura.
No momento em que ela entrou naquele salão, com Jordan segurando
sua mão, e vestida com nada além que esse tecido brilhante, eu quase enviei
minha bebida de volta para a taça. Ela estava praticamente nua. Um vento
e bow, tudo de fora.

O pensamento não me agradou e tive uma luta interna todo o tempo


para decidir se eu rasgava o maldito vestido naquele momento, ou se eu o
adorava por deixá-la tão fodidamente deliciosa.
— Desculpe a demora. — Alessa se aproximou de sua porta e suas
mãos tremularam enquanto ela tentava introduzir a chave da fechadura.
Eu me virei, ficando de frente pra ela e com um ombro contra a
parede. Puxei meu cigarro da boca, soprei a fumaça para cima e sorri. —
Você sabe que já pode ir para um lugar melhor, certo?
Ela sorri e com um click, ela abre a porta. — Tipo um que tenha um
painel automático na porta? Ou um em que o elevador se abrirá bem na
minha sala?

Eu dou de ombros e faço um gesto para ela entrar. — Elevador na sala


serve para mim.
Dentro, ela jogou o molho de chaves em uma mesinha nova posta ao
lado da porta e chutou os sapatos para longe com um gemido satisfeito.
Eu descartei meu terno no encosto de uma poltrona creme e
confortável e me encaminhei até o banheiro para me livrar do cigarro. Eu
lavei minhas mãos e minha boca com um enxaguante bucal, que encontrei
por lá, e quando voltei para a sala, desatando os pulsos da minha camisa,
encontrei Alessa já com os cabelos soltos ao redor dos ombros delicados.
Os olhos azuis estavam com uma mistura de intensidade e ansiedade
quando ela terminou de se desfazer dos brincos e pulseiras e me olhou. Ela
parecia um pouco nervosa, com as mãos torcendo uma na outra em frente à
barriga.
Eu me aproximo, caminhando devagar, enquanto desato meu
colarinho e todos os botões abaixo, até que estou diante dela, com a camisa
aberta.
Sem os saltos, ela fica ainda mais baixa que eu, então ela ergue o
queixo e olha pra cima.

Eu toco seu rosto, ela treme sob meus dedos.


Minha mão vai para sua nuca, abaixo da queda do seu cabelo, e ela
abre os lábios levemente para receber os meus. Duro. Eu a beijo de uma
forma tão dura, enviando pelos ares qualquer pensamento de Jordan a
tocando, ou de qualquer outro homem naquele salão que pôs seus olhos sobre
ela e seu vestido indecente, seus lábios recebendo os meus com perfeição. Eu
chupo sua língua e lambo toda sua boca. Eu aperto sua nuca, forçando mais,
puxando o seu lábio inferior entre os dentes quando eu dou uma mínima
pausa para que possamos respirar.
Alessa geme, segurando em meus bíceps e arranhando sob o tecido da
minha camisa com suas enormes unhas vermelhas.

Eu puxo minha cabeça para cima, ainda segurando ela próxima. —


Seu quarto.
Ela assente, embebedada com o beijo, sua boca inchada ao redor,
lábios avermelhados. Ela pega em minha mão e me guia por todo caminho
até seu quarto.
A única luz no ambiente é o da lua, e eu gosto que ela não se deu o
trabalho de acender a lâmpada. Dessa forma, eu posso vê-la de todo modo,
uma vez que há um rastro de luz sobre a cama, no centro do quarto.
— Tire o fodido vestido, Less. — eu digo, enquanto estico o peito e
deslizo minha camisa pelos meus ombros. — Você está linda com ele, mas eu
a prefiro sem agora.
Ela faz o que eu mando, hipnotizada pelos meus olhos. Quando o
vestido é apenas um emaranhado em seus pés, e ela tem nada além de dois
adesivos de seios, eu a empurro sobre a cama. Ela chega ao centro, apoiada
com os braços atrás de si. Os seios fartos e perfeitos, convidando-me para
mais perto.
Eu vou. Eu monto sobre suas pernas, e com cuidado, eu retiro os
adesivos e seus mamilos duros me dizem Olá. Minha cabeça desce e eu sugo
um com minha boca.
Alessa geme, um gemido do fundo de sua garganta e sua cabeça pende
para trás.
Eu lambo o pequeno brotinho escuro, puxo entre os dentes e volto a
chupar, sugando com força. A sucção era tão alta quanto os gemidos de
Alessa. Eu movo minha boca para o outro quando minha mão desce e abro as
coxas dela.
Ela está tão molhada. Ela se remexe contra minha mão quando eu
alcanço sua buceta inchada.
Pairo minha boca, soprando em sua pele quando subi pela sua
clavícula, ombro, pescoço e mandíbula. — Eu falei sério quando disse quero
você. — sussurro em seu ouvido. Eu empurro um dedo e pressiono sobre seu
clitóris e então dentro dela.
Ela suspira, arqueando as costas.
— Você me quer aqui, certo?
Sua cabeça move freneticamente. — Sim, por favor...

Eu beijo sua mandíbula. — Eu também quero muito isso, mas eu


preciso saber que você será só minha a partir de agora. Sem Jordan ou
qualquer outro cara. Só minha.
Ela encontra meus olhos, e os seus parecem embaçados com desejo
cru. — Você será só meu?
Eu ri. — Eu já sou todo seu, Less. Você foi a única que ainda não
percebeu.
Ela engole tão duro que eu posso ver sua garganta trabalhar no
processo. Finalmente assente, suavemente. — Sou toda sua. — ela respira. —
Há mais tempo que eu possa lembrar.
Isso foi o suficiente para que eu me livrasse de minha calça e cueca
em tempo recorde. Eu segurei seus braços acima de sua cabeça e empurrei
meus quadris contra ela.
Alessa gritou e se arqueou pra mim. Ela me abraçou com as pernas e
moveu seu quadril contra minhas investidas.
Eu não me lembro de me sentir tão bem da forma que eu me sinto
quando estou dentro dela, ou apenas com ela. Eu me perco em nossos
gemidos, no som gutural que sai de sua garganta, na forma como seus seios
balançam para cima e para baixo, na forma como ela estica a garganta sempre
que eu atinjo seu ponto.
Eu desço minha boca e mordo seu queixo, sua mandíbula, seu lábio,
então a beijo de novo, e de novo, e de novo.

— Eu estou muito... — Ela é interrompida quando empurro mais forte


em seu ponto e seu orgasmo atinge todo seu corpo, e ela grita chamado meu
nome.
Eu saio dela, enquanto ela ainda está estremecendo na cama. Fico de
pé e puxo suas pernas até que ela esteja na beija da cama. Eu levanto seus
joelhos e volto para dentro dela.
— Oh. Jesus Cristo. — ela lamenta, sentindo-me mais profundo
dentro dela, suas mãos voam até seus seios e ela os aperta.
Eu empurro mais rápido, mais forte. Mais duro. Eu definitivamente
amo estar aqui. Nela.
Ela é quente e apertada. Ela é perfeita. E toda minha agora.
Eu gozo, estremecendo dentro dela, minhas pernas amolecendo por ter
sido tão intenso. Eu caí sobre ela, apoiando-me em meus braços para não
esmaga-la. Beijo seus lábios suavemente, e ela agarra meu rosto levando
minha mandíbula para seus lábios, onde ela deixa uma trilha de beijos suaves
e molhados.
— Diz outra vez que você é minha. — eu peço.
Ela ri contra minha mandíbula. — Sou toda,
completamente, fodidamente sua.
Satisfeito, eu a beijo de novo.
CAPÍTULO TRINTA E SEIS

— Você está acordado? — eu sussurrei com meu rosto pressionado


contra o peito forte de Ethan, enquanto ele me abraçava próxima.
Um som quase inaudível sai de sua garganta e eu rio baixinho.

O sol está prestes a nascer, o céu lá fora já é um jogo maluco de cores


vivas. Eu poderia dizer que estamos perto das cinco da manhã. E eu amanheci
assim, abraçada com Ethan, olhando através da minha janela, enquanto
brincava com os pelos macios de seu peito.
Ergo meu queixo apenas o suficiente para ver seu rosto bonito.
Os olhos estão levemente fechados, a expressão serena, calma,
tranquila, sem nenhuma ruga de preocupação. Mas eu sei que ele está
acordado, porque seus dedos estão numa carícia gostosa para cima e para
baixo em meu braço.
Não queria quebrar esse momento. Queria ficar o resto do dia dessa
forma com ele, sem levantar nem para comer ou ir ao banheiro. Mas eu vi
uma oportunidade, e eu agarrei. — Ethan. — eu chamei, tocando seu queixo,
sentindo a barba em meus dedos.
Ele soltou outro resmungo, mas não abriu os olhos.
— Me fala sobre Lisa. — eu mandei de uma vez. Eu não tinha
motivos para hesitar agora. Isso é uma coisa que eu preciso saber, se vamos
mesmo fazer isso.
Senti seu corpo tencionar contra o meu e seus olhos se abriram. Eles
estavam escuros, sem humor algum. Não precisava ser tão inteligente para
saber que ele não gostava de tocar no assunto.
— Desculpe por perguntar. — eu sussurrei. — Tudo que eu sei é que
ela teve uma doença ruim, que não se curou, mas todos falam dela como se
ela tivesse sido uma idiota com você. E, dá super para ver que você não gosta
desse assunto, então...

— Ela não foi uma idiota. — ele disse, me interrompendo. — Ela foi
egoísta. — seus olhos estão perdidos em algum ponto além da minha cabeça.
Sua carícia em meu braço parou, e eu lamentei um pouco. — Você está certa,
eu não gosto desse assunto. Ele me levou para um buraco que eu pensei que
nunca mais sairia. Eu recebi muita ajuda. Seus irmãos me ajudaram bastante,
aliás.

— Por quê? Fala-me, Ethan. Abre-se comigo. — eu peço em voz


baixa.
Ele engole em seco, ainda olhando além da minha cabeça. Um tempo
enorme se passa, agonizante, até que, finalmente, seus olhos descem para os
meus. — Colocando em um pequeno resumo: ela me negou o direito de ficar
ao lado dela em seus últimos dias de vida, e também o direito de ir ao seu
enterro.
Minha boca se abriu em um O.
Mas ele ainda não tinha acabado seu resumo. — E ela me tirou o
direito de me despedir do meu filho. Ou filha.
Isso me deixou realmente surpresa. Meu venho franziu e meu queixo
caiu. De todas as coisas que se passou pela minha cabeça, sobre o que
poderiam ter acontecido, todas as teorias malucas, Lisa estar grávida não foi,
de longe, uma delas.
— Ela estava... ela... — Eu não faço ideia do motivo, mas isso me
incomodou. Não de uma forma ciumenta, de jeito nenhum; e sim de uma
forma protetora. Eu não posso imaginar o que ele passou, porque eu estava
muito ocupada vivendo minha vida no Campus, com um cara de merda.
— Sim, grávida. E ela me contou isso no último minuto, quando ela já
estava de malas prontas para ir embora com sua mãe.
Uma revolta tomou conta de mim. Eu me sentei na cama, cerrando os
dentes. — Ela não poderia ter feito isso! Isso é um... absurdo!

— Ei, volta aqui. — Ele me puxa de volta, abraçando com seus braços
fortes, e alisava meus cabelos.
Eu estava tremendo com raiva, mas eu não sei se de mim ou de Lisa.
Eu também fui egoísta com ele quando pensei apenas nos meus sentimentos e
não fazia ideia pelo que ele tinha passado. Agora entendo porque ele ficou
tão revoltado com minha proposta.

Deus, como eu poderia saber?


— Jesus, Ethan. Desculpa-me! — eu o abracei, o mais forte que eu
podia. — Por favor, me desculpa por ter sido uma idiota com você! Eu não
fazia ideia...
—Shh, — ele beijou minha testa. — Não há o que desculpar. Por que
teria? Você também foi fodida, Less. Você não é ela.
Eu sinto as lágrimas explodirem em meus olhos e eu não me importo
de chorar em seu peito. Aperto-me mais nele, e ele me segura com firmeza,
me fazendo carinho no cabelo, beijando minha testa, sussurrando coisas
bonitas.
— Você apenas não é ela, Less. — ele repete. — Você é melhor pra
mim. Um pouco complicada, mas está tudo bem. Eu quero você dessa forma.
Eu ri em meio às lágrimas. — Eu quero você, também. Muito. Eu
sinto tanto, tanto...
— Claro que sente. Você é boa. E minha. Toda minha agora.
Eu beijo seu peito e me aconchego mais.
Sim, toda sua.
O sol começou a se mostrar, inundando o quarto com sua claridade.
Eu odiei isso.
— Você pode pegar o controle na mesinha ao seu lado e fechar as
cortinas? — eu peço, sentindo minha voz um pouco manhosa.

Ele faz, esticando um braço para mesinha de cabeceira e pegando o


controle remoto. Um click e as cortinas automáticas começaram a se fechar.
Ele voltou para mim, abraçando-me mais perto e beijo minha cabeça. —
Durma agora. Você tem um encontro importante hoje.
Eu grunhi com a lembrança de que tinha o encontro com meu pai
biológico, daqui a algumas horas. Meu estômago se revirou com ansiedade e
eu lamentei, mas fiz o que ele disse.

Eu adormeci.

Ethan tinha saído às sete e meia do meu apartamento. Ele precisava ir


tomar um banho antes de ir comigo ao encontro.
Vou tomar um banho rápido, pego um carro e venho te buscar, pode
ser? Ele disse enquanto vestia sua roupa da festa, na noite anterior.

Eu assenti, com o canto do lábio inferior entre os dentes.


Ele me deu um beijo de Até logo e foi embora.
Eu me ocupei em escolher uma roupa descente. Eu estava tão nervosa
com tudo isso. Tudo que eu pensava era: Será que eu vou agrada-lo? Como
ele é? Ele é legal? Por que ele não me quis? Por que diabos ele resolveu
aparecer agora?
Eu estava separando uma calça jeans preta, cintura alta e um cropped
azul quando meu celular tocou. Minhas borboletas se agitaram em meu
estômago com o pensamento de ser Ethan.
Mas não era ele.
— Fratello. — eu atendo, com um sorriso nenhum pouco animado.

— Por que disse que não posso ir com você? — Giovanni rosnou do
outro lado. — Não quero você sozinha lá, Alessa! Nem conheço esse homem!
Suspiro e me sento na beirada da cama. — Fique calmo. Jesus,
Giovanni, é apenas uma conversa! Você não precisa fica agitado assim. Além
do mais, Hetor e Ethan estarão lá!

— Por que Ethan estará e eu não posso?


— Ethan não é meu irmão super protetor. E ele tem negócios com
Puccini. — Não foi uma mentira.
Ethan tem negócios com Puccini, e Ethan não é meu irmão.
Deus me livre se ele fosse!
— Não é justo! — ele rosnou.
— Amor, eu amo você, mesmo. Mas você é muito alterado. Você o
socaria, caso ele falasse algo errado. Ele quer falar comigo, então eu estarei lá
para ouvir. — eu digo, calmamente. — E se algo der errado, eu prometo que
chamo por você.

— Mesmo?
Eu assinto, mesmo sabendo que ele não está vendo. — Com certeza.
Ele desligou parecendo satisfeito, mas então, se tratava de Giovanni
Lazzari, e ele nunca está satisfeito.
Eu tomei um banho, troquei de roupa, arrumei meu cabelo e pus um
pouco de maquiagem. Eu estava bem hoje, apesar da ansiedade e os nervos à
flor da pele. Quando Ethan chegou, eu estava pronta.


Ethan estacionou em frente ao prédio da E.C.A e meu cenho franziu.
— O que estamos fazendo aqui? — eu me virei para ele, enquanto
desatava meu cinto de segurança.
Ele desliga o carro e retira a chave. — Pensei que seria melhor para
conversar em um lugar privado.
Eu assenti, engolindo em seco.
Entramos no elevador particular de Ethan, e em vez dele ir para o
outro lado, como de costume, ele encostou-se à parede e puxou minhas costas
para seu peito. Sua mão fazia uma leve massagem na minha, como se ele
quisesse me manter calma. Eu amei a forma que sua boca beijava meus
cabelos, meu pescoço, meu ombro, e ele sussurrava para que eu respirasse.
Eu respirei e me deixei envolver por esse momento.
Lamentei quando as portas se abriram no seu andar e precisamos nos
separar. Eu o segui até a sala de café, após Lúcia nos dizer que era onde
estavam nos esperando. Por instinto, eu fui direto para o lugar onde Hetor
estava perto da cafeteira moderna.

Ele me abraçou, alisando minhas costas com carinho. — Você está


bem?
Eu assenti. — Estou. — garanti. Eu não olhei na direção da minha
mãe porque meus olhos foram capturados por um par de olhos verdes e
cabelos negros.
Tão familiar...
Era como se eu tivesse olhando para algum tipo de versão masculina
minha. Meu queixo caiu.
Ele parecia tão jovem, com cabelo negro e escorrido e vestido todo de
preto. Seu terno era preto, sua camisa de dentro era preta, e seu sapato era
preto. Ele, com toda certeza, ainda não chegou aos seus cinquenta anos.
Parecendo nervoso, ele enfiou as mãos nos bolsos. — Você deve ser a
Alessa. — ele diz.
— É óbvio, pai! — uma voz feminina soa e eu vejo a mesma garota do
site de modelos, perto da janela. — Olhe para ela! Ela se parece tanto
comigo! Droga, ela se parece com você!
Puccini deu um passo para frente. — Sim, ela parece. — seus olhos
brilhavam tão fortes, como esmeraldas. — Me chamo Andreas Puccini, e eu
sou o seu pai.
Eu balancei a cabeça, meus olhos embaçados com lágrimas. — Ele é o
meu pai. — Eu me enrosquei mais em Hetor. Eu me sentia como uma criança
agora, mas eu não me importo, porque estou apenas diante do homem que
supostamente não me quis.
O brilho nos olhos do homem vacilou. Ele olhou de cara fechada para
minha mãe, e apontou para mim. — O que você contou a ela, Sandra? — Ele
exigiu saber.
Todos tiveram seu pescoço virado para minha mãe.
Ela não se encolheu. Seu nariz se ergueu como de costume. — A
verdade.
— Que verdade? A sua? — ele balançou a cabeça, incrédulo, e virou
para mim. — Ela contou que ela veio até mim e disse apenas "Andreas,
estava grávida. Sim, eu estava, pois retirei o bebê. E eu não quero discutir
sobre isso. Adeus!". Foi tudo o que ela me disse, e quando eu a procurei, ela
me ignorou de todas as formas possíveis.
— Andreas... — mamãe tentou pará-lo, mas ele estava determinado.
— Ela saiu da Itália, e eu devia ter suposto que ela tinha vindo para cá,
porque, nos meses em que vivemos juntos, tudo que ela sabia era falar o quão
feliz ela era com Hetor Lazzari, no quão estúpida ela foi por deixá-lo separar
dela. — Ele cerrou os dentes e respirou fundo. — Se essa foi a verdade que
ela contou pra você, então ela, pelo menos, foi honesta com uma pessoa em
sua vida.
Eu balancei minha cabeça, cobrindo minha boca com uma mão,
chocada, incrédula. Desacreditada. Eu olhei em direção a ela, procurando por
algum indício que esse homem estava apenas inventando coisas; Que ele me
abandonou e agora, por algum motivo, ele voltou e quer algo de nós.
Mas mamãe apenas olhava para todos os lugares, menos para mim. Ela
era culpada. Eu a conheço o suficiente para saber como ela reage quando ela
está errada.
— Não foi isso que ela nos contou. — Hetor diz, sua voz grossa, ainda
mais grossa com raiva. — Por que você mentiu para sua filha, Sandra? Por
que dizer que ela foi abandonada?
Minha mãe olhou para ele com raiva. — Ele era apenas um moleque
de vinte e três anos! Eu sabia que ela ficaria muito melhor com você!
— Babo sempre foi um homem forte e bom! — Valentina entrou na
conversa. — Eu sou apenas poucos anos mais nova que ela, e ele sempre
esteve lá para mim. Nunca me deixou faltar algo.
Mamãe rir sem humor. — Hetor sempre foi um ótimo pai...

— Eu sou seu pai, Sandra! — Puccini gritou. — Eu deveria ter sido


um bom pai para ela, não ele, ou qualquer outro! Eu, droga!
Eu me encolhi e eu senti quando Ethan se aproximou. Minha cabeça
parecia que ia explodir a qualquer momento. Eu só queria sair daqui e ir para
um lugar mais tranquilo. Minhas pernas vacilaram e eu cai no peito de Hetor.
Escutei múrmuros. Senti Hetor me segurar melhor, e a mão familiar de Ethan
em minha cintura.
Mamãe veio para perto. — Querida, você está...
Eu recuei de seu toque, meu rosto se transformando em uma careta de
nojo. — Não, eu não estou bem, mãe! Fica longe de mim, por favor! — Eu
me segurei em Hetor e olhei nos olhos preocupados de Ethan. — Eu preciso
respirar. Tira-me daqui! Por favor, apenas me leve daqui um pouco!
CAPÍTULO TRINTA E SETE

Ethan me trouxe para sua sala e me colocou sentada em seu sofá


impecavelmente branco, no canto da sala. Ele pediu que Lúcia trouxesse um
copo de água, com urgência, e a pobre mulher quase voou para fazer isso.
Eu encaixo o copo gelado entre as mãos trêmulas e bebo um gole. A
água gelada faz caminho para baixo em minha garganta e aquece
ligeiramente meu estômago, antes que ele volte a queimar.
Minha mãe mentiu para mim, durante toda minha vida.
Meu pai biológico não me abandonou; ele me queria.
Eu estou tão confusa, mergulhadas em um oceano de coisas ruins.
Que mãe deixaria sua filha pensar que foi abandonada pelo próprio
pai?
Isso me rendeu traumas muitos fodidos. Isso e toda a merda em
seguida. Mas foi onde tudo começou.
Eu o odiei por vinte e três anos. Eu estou tão chocada agora. Sequer
sei o que estou sentindo.
A porta da sala se abre e Hetor entra.
Eu fico aliviada por ver que não é minha mãe ou Puccini. Eu ainda não
estou pronta para nenhum dos dois. Principalmente, para minha mãe.
Hetor se senta ao meu lado, enquanto Ethan nos dá espaço e vai se
escorar em sua mesa, com os braços fortes cruzados em seu peito largo.
Hetor toma minha mão. — Querida, você está se sentindo bem?
Nego com um balançar de cabeça, meu lábio inferior tremendo. — O
que você acha de tudo isso? — pergunto, minha voz frágil com as lágrimas.
— Dele. Será que ele está falando a verdade?

Hetor solta um suspiro, e ele assente suavemente. — Eu acho que ele


está, querida. Infelizmente, eu conheço muito bem a sua mãe. Sei do que ela é
capaz.
Eu abaixei meus olhos para nossas mãos e chorei baixinho, mas ele
tocou meu queixo e ergueu meus olhos novamente.
— Ele quer conversar com você, preciosa. Ouça-o.

Eu olho para a porta fechada e o medo da rejeição de instala em meu


âmago. — E se ele não quiser... Digo... se ele não gostar...
— De você? — ele procura saber, quando eu não consigo completar
minha pergunta.
Eu assinto.
Ele aperta minha mão, com carinho. — Querida, por que ele não faria?
Você é uma mulher linda e inteligente. Você se formou com vinte e um anos
em um mercado que 98% são homens, depois foi lá e fez mais dois anos de
especialização em um país desconhecido, e você fez tudo isso sozinha. Você
não precisou usar o seu nome, ou de pegar na minha mão ou nas mãos dos
seus irmãos. Você fez isso sozinha, Alessa. Cresceu sozinha, se tornou uma
mulher sozinha. Eu tenho orgulho de ser seu pai, mesmo que só de coração,
infelizmente, e eu tenho certeza que ele também terá. — ele aperta meus
dedos suavemente. — Apenas lhe dê uma chance de te conhecer melhor.
Meu dorso voa para enxugar meu rosto, quando eu aceno
confirmando, com um sorriso fraco para ele. O sorriso aumenta, no entanto,
quando meus olhos vão até Ethan.
Ele sorri de volta, me oferecendo seu maior, mais lindo e mais
apaixonante sorriso. Ele me derrete inteira.
E eu suspiro entre o meu sorriso.
Hetor me diz que vai estar lá fora e que eu o chame para qualquer
coisa. Ele beija minha cabeça e sai.
Aproveitando que ainda não há ninguém na sala, Ethan se apressa até
mim, segura meu rosto e beija meus lábios ternamente. — Você é perfeita,
Less. Apenas se dê uma chance para isso, ok?
— Tudo bem. — eu assinto.

Ele me beija novamente. — Bom. Estarei lá fora.

Ele se vai e segundos depois a porta se abre novamente, e Puccini


entra. Ele parece nervoso quando faz seu caminho até mim.
Ergo-me do sofá, limpando as mãos ensopadas no meu jeans. Engulo
em seco quando ele chega perto, com sua aparência poderosa.
Sim, ele é de arrancar suspiros de mulheres, com certeza. Apenas não
meus, e o motivo é óbvio.
Ele é quente, firme, de estatura alta e esguia. Seus olhos gritam poder,
assim como cada parte do seu corpo. Sua camisa preta tem os três botões de
cima abertos o suficiente para levar os olhos gulosos das mulheres para
aquele ponto. O preto da sua roupa parece valorizar sua aparência. Ele
combina com essa cor, eu percebi.
Ele olha para mim de cima, com algum tipo de orgulho e admiração;
Sua aparência tão parecida com a minha, em alguns traços.
Eu sempre me achei muito parecida com Lucca, e agora vejo que sou
uma mistura dos dois. Com algumas coisas dos meus outros irmãos, claro.
Mas Lucca e eu poderíamos nos passar como irmãos gêmeos.
No fundo, eu gosto de ter algo parecido com Hetor, uma vez que todos
os seus filhos são parecidos com ele.
Puccini sorri com esperança.
E eu me derreto. Sorrio também, mas é de nervosa. — Desculpe-me
pela... você sabe, a cena na outra sala. Foi um ataque de pânico muito ruim.
— Eu não menti. Eu me sinto dessa forma quando há muitas pessoas
pressionando sobre mim. É um dos motivos pelo qual não ando em
elevadores populares. — Podemos recomeçar? — soo ansiosa.
Ele esboça um sorriso largo, ainda mais ansioso que o meu e me
estende uma mão. — Olá. Eu sou Andreas Puccini. — Seu sotaque italiano –
tão forte quanto o do Hetor –, com um toque de inglês, parece bom aos
ouvidos, quando ele se apresenta.
— Olá, Andreas. Eu sou Alessa Lazzari. — Eu sinto um pouco de
arrependimento quando as palavras saem e eu vejo o lampejo triste em seus
olhos. Força do hábito. Retiro minha mão da dele, com gentileza e o peço
para se sentar.
Ele se senta com uma elegância masculina, com um braço estendido
sobre o encosto do sofá, o tornozelo sobre o outro joelho e o corpo um pouco
virado em minha direção. Ele riu e fez um aceno para mim. — Como você
quer fazer isso? — ele pergunta.
Limpo a garganta, ajeitando-me sentada e ereta. — Olha, eu sinto
muito por ter sido rude e dito lá que Hetor era meu pai, e não você. —
encolho meus olhos — Mas é a minha realidade. Eu não conhecia você, e eu
passei minha vida inteira ouvindo minha mãe gritar que você me abandonou
quando soube que ela estava grávida. E com isso, eu só tinha o Hetor. Ele
sempre esteve lá. Mesmo morando tão longe, ele estava lá em todas as
festinhas do dia dos pais na escola, nos dias da profissão na escola também.
— estico meus ombros para trás, entrelaçando minhas mãos em meu colo. —
Tenho noção de que mamãe mentiu agora, e isso foi muito ruim. Mas, tem
noção do quão horrível é crescer temendo outro abandono? Uma criança
crescendo com esse trauma? Problemas com confiança? Ter seu aniversário
como o pior dia do ano, todos os anos, porque foi o dia em que seu pai
biológico teve a primeira chance de voltar atrás e ir te pegar no colo pela
primeira vez?
Silêncio.
Andreas estava olhando diretamente para meus olhos. Seus olhos
centrados, mas até mesmo um pouco distante, pensativo. Ele move a cabeça
de cima para baixo, lentamente. — Eu não sei o que dizer. Eu não poderia te
dizer essas coisas, porque eu também não sabia de nada. Tudo que eu posso
dizer em minha defesa, é que eu nunca abandonaria você.
Engulo em seco, sentindo as lágrimas virem de novo.
— Sim, eu tinha apenas vinte e três anos naquela época. — ele
continua — Era apenas um jovem rapaz começando a viver. Mas eu nunca
faria tal coisa. Quando eu tive a Valen, estava no começo da minha agência.
Era apenas uma casa, no centro de Florença, mas eu corri atrás, eu lutei, e eu
me tornei uma grande agência, com sedes nas principais capitais da Europa.
Tudo isso pela Valen. Porque eu queria que ela tivesse tudo que eu não tive.
— ele abaixa o queixo e olha em meus olhos, um leve sorriso puxando seus
lábios. — Começando por um pai.
— Você não teve um?
Ele nega com a cabeça e começa a me contar sua história de vida. Que
sua mãe criou ele e mais quatro filhos, sozinha e trabalhando como garçonete
em uma lanchonete, nos subúrbios de Florença; Da forma como ele cresceu,
as coisas que sua mãe ensinou. Como ele criou o sonho de ter uma agência de
modelos. Ele me contou tudo isso, e no final, ele segurou minha mão, da
mesma forma que Hetor segurou pouco antes.
— Eu não quero que você deixe de considerar Hetor Lazzari como seu
pai. — ele me diz. — Ele te criou, então ele é o seu pai. Eu só quero que você
me dê uma chance de começar a ser um bom pai, também. Como Hetor foi
pra você, como eu sou para Valentina.
Aperto nossas mãos, realmente derretida por seu jeito carinhoso. Eu
gostei da forma em que ele falou de Hetor; como um agradecimento e não
como alguém chateado. Sorrio quando uma lágrima escorre pelo meu rosto, e
assinto para ele, confirmando. Eu estou lhe dando essa chance, e eu estou tão
animada por isso. Para conhecê-lo, mesmo depois de vinte e três anos.
Estou muito feliz por ele querer me conhecer, também. Um pouco
amedrontada, confesso. — Vamos começar devagar. — eu consigo dizer. —
Ainda há muito que se falar. Tenho que lidar com minha mãe. São muitas
coisas.
Ele balança a cabeça em determinação. — Devagar. Por mim, tudo
bem.
Sorri aliviada. Bom.

Nós saímos da sala, ambos com olhos brilhantes pelas lágrimas.


Contei que nos entendemos, e dispensei minha mãe com um "Conversaremos
outra hora, mamãe. Eu tenho coisas para fazer agora." e recebi um abraço
carinhoso de Hetor. Ele também convidou Puccini e Valentina para nossa
casa, na noite de Réveillon. Puccini aceitou, e Valentina comemorou.
— Não acredito que vou ter irmãos tão malditamente gatos! — disse
ela.
Eu fiz uma careta. Eles não são seus irmãos; são meus. — Não se
anime tanto. Eles são chatos. E arrogantes. — meneio a cabeça e acrescento,
— E odeiam pessoas novas, estranhas.
Ouço Ethan sorri baixinho de onde ele estar, e Hetor aperta meu braço,
mostrando que ele sabe que estou tendo um pequeno ataque de ciúmes e
possessividade com meus irmãos.
Eu não me importo. Eles são meus.
Despedimos-nos e Ethan me levou para sua casa. Estranhei, mas não
disse uma palavra. Meu celular piscou todo o caminho com trilhões de
mensagens da minha mãe.
Ela telefonava, eu desligava.
Ela mandava mensagens, eu apagava as notificações.
Eu precisava pensar sobre tudo que descobri hoje. Eu não preciso mais
carregar um abandono de um pai em minhas costas, porque ele não me
abandonou.

Ele me queria.
Ethan me leva para seu quarto, e entra sozinho em seu closet.
Segundos depois ele volta com uma camisa nas mãos. Ele deixa ela sobre a
cama, vem e pega na barra do meu cropped. — Erga os braços. — ordena ele,
sua voz rouca, os olhos quentes nos meus.

Eu obedeço com um sorriso torcido. — O que está fazendo?


— Retirando sua blusa. — ele retira meu cropped, e eu estou livre de
sutiã. Ele vem para minha calça. — Agora vou retirar sua calça. — ele diz, e
ele faz isso com a agilidade de quem sabe o que está fazendo.
Não está um tempo frio, mas todo meu corpo se arrepia sob seu olhar.
Olhei para sua cama. — Pensei que não fazia isso em sua cama.
— Primeiro, eu não vou fazer nada; você irá dormir um pouco. Não
fez isso durante a noite. — ele dá um sorriso com lembranças.
Eu coro da cabeça aos pés.
Ele me veste com sua camisa. — Segundo, — continua. — eu não
faria isso com as outras, as que não significavam nada. Você não, Less.
— O que quer dizer?
Ele percorre meu lábio inferior com seu polegar. — Que estou indo
resolver umas coisas importantes, e quando eu estiver de volta, eu vou fazer
amor com você, na minha cama. Repetidamente.
CAPÍTULO TRINTA E OITO
ETHAN

O gosto de sangue toma conta da minha boca. O pequeno corte no


canto do meu lábio inferior não é o suficiente para correr para um hospital
próximo, mas dói. Porra.
— Jura? A Alessa? — Enzo geme, enquanto segura seu pulso fechado,
com uma expressão de dor.
Seu incrível e inesperado soco não doeu apenas em mim.
Eu esperava isso do Giovanni, então ele veio e me pegou de surpresa.
Giovanni estava do outro lado da sala do Enzo, os braços cruzados
sobre o peito, o rosto sério e duro como a porra de uma rocha. Ele não disse
uma palavra, e isso me deixava esperando o pior.
— Ela não é nenhuma criança. — digo. Eu agarro um lenço que Lucca
me passa, fazendo uma expressão cínica. Eu rosnaria para ele, se meu lábio
não estivesse doendo tanto.
Enzo ri sem humor. — Continua sendo a nossa irmã! — ele diz. — Eu
confiei em você, e você me traiu. Confiei em você ao redor dela, cara!

Eu fui para frente, cerrando os dentes, mas Lucca me parou com uma
mão espalmada no meu peito. Eu não sabia o motivo, porque eu nunca iria
para cima de nenhum deles. — Eu não traí você! Eu gosto dela, Enzo! De
verdade. Eu quero isso bem mais do que eu queria com Lisa. E ela me quer,
também. Não estaria forçando-a a nada, e vocês sabem porra, que Alessa
Lazzari não faz nada que ela não queira fazer!
Nenhum deles fala nada. Enzo não fala nada, mas ele também não me
olha. Ele olha para a cidade lá fora enquanto massageia seu punho.
— Eu não teria começado isso, se eu não tivesse certeza. — Eu digo,
mais calmo. — Vocês me conhecem há muito tempo para saberem bem
disso, cara.

Eu me afastei da mão do Lucca, pressionando o lenço no meu lábio e


suspirei frustrado. Eu tinha noção de que eles não levariam isso muito bem,
mas também nunca esperei que Enzo socasse alguém, principalmente eu, e
ele fez.
— Você gosta dela? — Giovanni pergunta, falando pela primeira vez.
Sua voz está baixa e contida.

Novamente, suspiro frustrado e coloco as mãos na cintura. — Muito.


É tudo mais forte do que tudo que já senti. É louco, complicado, às vezes um
pouco frustrante, mas é forte.
Eu me sentei com um baque na cadeira próxima, estendendo meus
braços pelo encosto e olhei diretamente para o perfil de Enzo, que ainda não
olhava para mim.
— Eu não vou machucá-la. — eu digo para todas, mas com uma
atenção especial sobre ele. — Eu prometo isso. Prefiro me machucar, a fazer
isso para ela. Dê-me uma chance. É tudo que eu peço pra vocês,
caramba. Uma chance e ela vai ser a mulher mais feliz do mundo.
Enzo se vira, se aproxima o dedo da mão boa apontando para mim. —
Faça-a chorar uma só vez e...

— Uma chance, porra! — eu empurrei meu corpo para cima e fiquei


de frente para ele. Sou um pouco mais alto – muito pouco – então eu precisei
inclinar um pouco a cabeça para olhar em seus olhos.
Sua mandíbula apertou, os olhos brilharam chateados, mas ele
levantou a mão e apertou meu braço.
Eu sabia que isso se tratava de um voto de confiança dele.
Giovanni me alertou mais uma vez e isso foi tudo. Ele não surtou,
como todos previam, e Lucca já sabia, então, quando Enzo se afastou para
voltar ao trabalho, eu apenas deixei-me respirar aliviado.

Quando eu voltei para minha casa, Alessa estava adormecida em


minha cama.
De bruços, mãos por baixo do travesseiro, cabelos para todos os lados,
bunda empinada. Linda. Toda maravilhosa.

Eu arranquei minha camisa pela cabeça enquanto chutava os sapatos


para longe. Não estava nos meus planos acorda-la agora, mas o toc do meu
sapato contra o chão quando foi chutado para longe foi o suficiente para
desperta-la.
Ela se esticou, espreguiçando o corpo de curvas deliciosas e minha
camisa subiu pela sua bunda redonda.
Meu pau inchou e empurrou contra o zíper.
Ela sorriu maliciosa, sapeca, sabendo exatamente todo seu efeito sobre
mim.
Abri o zíper. — Vamos começar dessa forma. — eu me deito e a puxo
para cima, movendo-a até que ela esteja por cima, com as pernas em minhas
mãos, e a buceta pairando sobre meu rosto.
— Meia nove? — ela perguntou, um pouco trêmula de desejo quando
afundou as unhas na minha perna sob o jeans.
Afasto sua calcinha para o lado, tiro minha língua e passo por toda sua
carne molhada. — Sim, baby. Um fodido meia nove.


— Por que estamos no seu escritório? — Ela me pergunta, curiosa,
olhando-me hesitante.
Faço-a sentar em meu colo quando desço para minha poltrona.
Ela me abraça com um braço e espera ansiosa, como uma menina
pequena, com as pernas balançando para frente e para trás, enquanto me
estico e pego o envelope rosa da gaveta. Seus olhos se arregalam quando ela
vê o nome de Lisa assinado.
— A mãe dela me entregou isso após sua morte. — eu explico. — Eu
nunca abri.
— Por quê?
Encolhi os ombros. — Sempre achei que não precisava ler. Ela me
abandonou, Less.
Ela toca meu rosto. — E por que ainda está com ela?
— Acho que eu preciso terminar com esse capítulo da minha vida para
começar um novo. — eu digo e olho em seus olhos. — Eu quero você, mas
para isso, eu preciso saber o que tem aqui dentro.

Ela assente, consciente. Engole em seco e começar a se levantar, mas


eu a seguro firme.
— Não vai, não. — eu peço, com agonia no peito. — Quero você aqui
comigo enquanto eu leio.
Ela fica com um aceno de cabeça.
Eu olho para carta em minha mão, e eu hesito como sempre faço. Eu
tenho vontade de apenas rasgar ela e joga-la na lixeira. Minha mão treme e
soa. Meu peito está apertado.
A mão pequena de Less se pousa sobre a minha. — Você quer que eu
leia para você?

Olhei para seu rosto bonito. — Você não precisa se não quiser.

Less segura meu rosto com as mãos, com carinho. — Ethan, eu


também quero muito você. E se para isso, eu tenho que ler algo sórdido da
sua ex, eu faço. Por você, baby. Por nós.
Eu a deixo levar o envelope da minha mão e assisto enquanto ela abre
com cuidado para não rasgar. Ela retira o papel e desdobra. Ela engole,
respira fundo e começa a ler:

Você sabe o que dizem nos começos das cartas em filmes dramáticos,
certo? "Se você está lendo esta carta, então eu não estou mais por aqui..."
Eu morri. Minha nossa, eu realmente morri, Ethan. Como eu poderia
imaginar isso algum dia? Eu não pensava sobre isso quando te via nas
revistas e em sites de fofocas, e sonhava em te conhecer um dia. Eu não
pensei sobre isso quando te vi pela primeira vez, quando você entrou no
refeitório do Campus e me deixou suspirando, juntamente com todas as
outras garotas no local. Eu não pensei nisso quando você entrou no meu
apartamento, para ajudar na mudança da Mel e eu quase tive um pequeno
ataque cardíaco... Tudo que eu pensava era em me casar com você, ter uma
casa com você, e um par de lindos filhos. Racer e Faith. Eram os nomes que
eu imaginava. Racer seria sua cópia, e Faith a minha. Ou ela apenas poderia
ser a sua, também. Eu não me importaria, porque ela seria linda. E, falando
em filhos... Eu sei que você pensa que eu fui egoísta com você. Sim, eu
conheço você, e eu sei como sua cabeça linda funciona. Mas a droga da vida
não foi egoísta comigo, Ethan? Conosco? Eu não fui egoísta, eu fui
apaixonada. Apaixonada o suficiente para querer que você tivesse apenas as
boas lembranças de nós dois. Como da vez em que você me ajudou a pintar
meu quarto, quando me levou para uma bebida no bar da esquina, pela
primeira vez, ou quando me levou ao zoológico apenas porque eu estava de
TPM e você disse que ver o urso Panda e comer pipoca com calda de
chocolate me faria melhor, ou quando eu fiz você ir ver Como Eu Era Antes
de Você três vezes no cinema, em menos de uma semana. Até mesmo quando
fizemos amor na minha cama de hospital. Portanto, se ser egoísta for não
querer que você me visse definhar em uma cama, ou ver nosso pequeno bebê
sendo retirado de mim, porque ele era muito novinho para nascer antes que
eu partisse, então eu sou a pior egoísta do mundo. Mas, eu não fui Ethan.
Não nesse ponto, pelo menos. Eu fui egoísta porque eu chorei, todos os dias,
querendo ligar e retirar o que eu disse sobre eu amar a mulher que você
escolhesse para se entregar. Eu não a amaria, Ethan, eu odiaria. Odiaria
por ela ter você ao seu lado, por ela ter seu amor, seu carinho. Por ela ter
toda essa sorte, e não eu. Eu fui egoísta porque eu não posso nem imaginar
te dividir com outra pessoa; Por não querer que você siga em frente. Por
desejar que você nunca encontre alguém, como eu havia dito antes. Eu sou
realmente egoísta quando se trata de você, Ethan. Eu te amei mais do que eu
me amei. Deus, te amei mais que tudo na droga desse mundo maldito! Mas
então, eu morri, Ethan. Eu morri e você não. Sua vida continua. E a sua vida
é tão linda, você merece tanta coisa. Você merece o mundo inteiro, meu
amor, e junto com ele, você merece alguém que te ame com a intensidade que
você merece ser amado. Alguém que não seja egoísta e te dê muitos filhos.
Alguém que a vida não arranque de você, com uma desculpa mesquinha de
uma doença terrível. E quando você encontrar essa pessoa agarre-a e faça
acontecer. A leve para o zoológico quando ela tiver de TPM, compre
chocolates para ela, arrume desculpas para tocar seu rosto, faça amor com
ela sempre que tiver uma oportunidade, por menor que ela seja. Faça-a feliz,
Ethan. Tenha filhos. Muitos deles. A vida é um pequeno e desprezível piscar
de olhos. Passa muito rápido. Portanto, ame-a. Falo sério, Ethan, ame-a
linda, forte e intensamente. E viva. Pelo amor de Deus, meu amor, viva!
Eu estarei aqui, de onde quer que eu esteja, amando você, até o último
balançar da minha alma.
E eu sei que nunca vou compensar o que te fiz passar, mas se você
ainda quiser nos visitar, ou apenas visitar o nosso bebê, estaremos te
esperando no Forest Hill. É onde estamos.
Com amor e muita dor... Elisa, como você preferia me chamar.
CAPÍTULO TRINTA E NOVE

Eu me sinto doente.
— Merda. — eu sibilei baixinho. Eu estava atordoada, e havia um
aperto no meu peito. Pela Lisa. Pelo Ethan. Por ambos.

O olhar de Ethan está sobre um ponto perdido. Ele não diz nada, mas
eu sei o quanto ele estava fodido. E eu não estou falando apenas do corte em
seu lábio inferior.
Eu questionei ele sobre isso, após nossa muito maravilhosa sessão de
sexo com posições deliciosas, e até algumas novas para mim, e ele apenas
veio com um "Não foi nada demais. Depois falaremos sobre isso." e me
puxou para fora da sua cama e de seu quarto, e me trouxe até aqui.
Não sou idiota. Eu sei que eu ele falou com meus irmãos, porque meu
celular não parou de apitar com mensagens do Enzo e do Giovanni. Eu não
acho que o corte veio do Lucca.
Se fosse, Ethan estaria com esse corte desde o baile de caridade.
— Fale alguma coisa! Como se sente? — Eu seguro seu rosto com
uma mão, enquanto a outra está segurando o papel rosa. Meu estômago se
revira com o ciúme. A ideia dele ainda amá-la me deixa tão doente. Mas eu
sei o quanto isso é grande e forte no psicológico de qualquer um.
Até de um homem tão grande como Ethan.
Seus olhos encontram os meus e não há nenhuma expressão lá. — Não
vou mentir pra você. — ele diz. — Eu esperei a dor vir. A dor que senti
quando ela se foi para longe, mas ela não quer chegar. Eu amei a Lisa, sim.
Só que, talvez com a decepção, isso se tornou apenas um carinho distante.
Por ela, eu quase me destruí. Passei anos pensando nos motivos dela ter ido
embora, os motivos dela ter pensado apenas nela. — ele pega a carta da
minha mão e olha pra ela com o cenho franzido. — E mesmo depois dessa
carta, eu não consigo entender. Eu só consigo sentir pelo meu filho, que não
pude me despedir.

Assinto consciente, odiando a forma que ele estar agora. — Se você


quiser, podemos ir à Boston para visita-lo. Eu posso ir com você, se for sua
vontade.
Ele me olha com tanto carinho que me derrete. — Você faria isso?
— Baby... — Eu me levanto e sento-me montada dele, me apoiando
em seus ombros. Seguro seu rosto, agora com as duas mãos e prendo seus
ombros com os meus. — por você, eu faço qualquer coisa. Eu já disse isso.
Uma mão sua segura minha cintura, a outra um lado do meu rosto. Ele
me puxa para baixo e une nossos lábios, num beijo sem língua e tão suave,
que tudo que eu sinto é a maciez dos seus lábios massageando os meus. —
Eu amo você, Alessa. — ele respira contra minha boca.
Eu paraliso.
Minhas unhas afundam em seus ombros, como se eu tivesse acabado
de atingir um orgasmo filho da puta.
— Você... tem certeza? — Meus olhos procuram os seus, procurando
algum deslize. Não há. Eles apenas brilham com todo carinho e amor que ele
consegue transmitir.
— Toda certeza do mundo. — ele me aperta.
Eu engasgo um sorriso quando uma lágrima vem rolando pelo meu
rosto, e seu dedo vem e a enxuga.
Eu abaixo e beijo eles de novo. Beijo-o na boca. — Eu também te
amo. —No queixo. — Te amo. — Na mandíbula. — Te amo. — Pescoço. —
Te amo. — Em cada pálpebra. — Te amo. — Testa. — Te amo. — Boca de
novo. — Eu amo você, Ethan!
Ele sorri também, e me beija de verdade. Dessa vez com língua, com a
intensidade e o carinho que ele sempre me beija.

E não há mais carta com envelope rosa, ou Lisa, ou seu lábio ferido
pelos meus irmãos. Só nós dois.
Seu lábio.
Merda!
Quebro o beijo e me afasto, passando meu polegar pelo corte.
— Não está doendo. — ele tenta me acalmar.

Nego com a cabeça. — Você não devia ter ido sozinho falar com eles.
— E o que mudaria se você tivesse ido?
Encolho os ombros. — Eu não deixaria que eles fizessem isso. Eu já
tenho vinte e quatro anos!
Ele ri. — Less, eles são seus irmãos. Você poderia ter quarenta e ainda
assim, você seria a menininha deles. Eles vão te proteger sempre, não importa
sua idade, porque eles te amam.
— Mas não precisava machucar você. — eu lamento, olhando para seu
corte.
— Valeu a pena. — diz ele, com um leve curvar de lábios. — Foi por
você.
Eu gemo com isso, abraçando ele forte, apertando meu corpo no dele e
ele me abraça de volta, me cheirando no cabelo.
Por cima de seu ombro, eu vejo que já está anoitecendo e eu percebo
que não comi nada o dia inteiro.
Largo o abraço. — Me deixe cuidar disso, tudo bem? — me refiro ao
seu corte. — Em seguida, me leve para jantar. Não me lembro de ter
almoçado hoje.
Ele se desencosta de sua poltrona e estica o pescoço para beijar minha
garganta. — Sim senhora. — ele sorri.

No dia seguinte, Ethan me puxou e me encaixou entre suas pernas,


enquanto ele se sentava em uma banqueta, na ilha de sua cozinha. Anna nos
empurrou duas xícaras de café fumegante e eu agradeci.
— Quem não gosta de cobertura de chocolate no Waffle? — Jackie
questiona enquanto derrama um bocado de cobertura no meu prato.
— Eu! — Evan responde não tão entusiasmada. Ela parecia bastante
cansada, aliás. — Eu odeio!
Jackie lhe envia um olhar de desdém. — Vocês precisam comer!
— Eu preciso transar! — Evan rebate, com todo ênfase que ela
consegue enfiar na palavra.
O queixo de Anna cai, eu tento esconder meu sorriso com um gole do
meu café, Jackie ri baixinho e balançando a cabeça, e Ethan solta uma
exclamação.
— Você não precisa falar isso quando estou por perto! — ele diz.
Evan bate sua palma no balcão. — O quê? Você não transa, por acaso?
Eu engasgo com meu café, e tenho a necessidade de segurar a xícara
com as duas mãos para que ela não caia no chão.
Ethan ri dessa vez, no meu embaraço e enfia o nariz nos meus cabelos.
Estou vermelha da cabeça aos pés, mas eu viro para Evan com um
sorriso cúmplice. — Ele transa. E você está certa de querer transar também.
Transar é maravilhoso. Sério, não viva sem isso.

Ela pisca pra mim, em seguida inclina a cabeça para olhar para Ethan.
— Estou começando a gostar dela...
Bom.
Sorrio largo e volto minha atenção para meu prato de waffles.
A conversa segue entre eles sobre a convenção de professores que
Evan veio participar, sobre a escola de Jackie e sobre Andie vir passar o natal
aqui.
— Na primeira semana de janeiro estarei indo para Boston. — Ethan
diz a todas. Ele não diz o motivo real quando elas lhe perguntam, ele apenas
diz que quer um tempo a sós comigo e juntou isso com um assunto de
emprego que ele precisa resolver lá.

Eu estou um pouco ciumenta, mas eu sei que é disso que ele precisa.
Então eu vou.
CAPÍTULO QUARENTA

— Ethan... Por favor... — eu levo minha mão para trás e aperto seus
cabelos entre os dedos. Eu estou inclinada sobre a mesa da suíte presidencial,
de um hotel em Boston, enquanto Ethan está ajoelhando, por trás de mim,
com a cabeça enfiada entre minhas pernas, usando a sua língua no meu ponto
mais sensível.
Ethan ri contra a carne da minha bunda. — Por favor? O que
exatamente você está me pedindo, amor? — Pergunta, ironicamente. Ele
crava os dentes na minha bunda, raspando suavemente após a mordida.
Coloca um beijo ali, enquanto seus dedos circulam meu clitóris.
Ranjo os dentes, apertando meus dedos nas quinas da mesa, chegando
cada vez mais perto de enlouquecer. Encosto minha testa contra a mesa e
procuro controlar meus sentimentos e focar em trazer o meu orgasmo. Eu
rebolo em seus dedos, mas ele para.
Ele simplesmente para.
— O que você tem hoje? — eu rosno, olhando para a madeira da
mesa.

— O que você acha que eu tenho hoje? — ele pergunta. Um dedo seu
me invade e eu suspiro, mas ele não movimenta. Em vez disso, ele se levanta
atrás de mim e me puxa para cima, minhas costas contra seu peito duro. Ele
inclina a cabeça e seu nariz cheira toda a base do meu pescoço. — Você não
sabe o que eu tenho hoje?
Embriagada pelo prazer que seu dedo está me proporcionando, eu
sacudo a cabeça. — Não...
— É que você ainda não disse que era minha hoje, amor. — ele
sussurra em minha orelha. — Não disse que me amava. Que me queria... —
Ele pressiona o dedo dentro de mim.
Eu lamento, e preciso segurar na mesa outra vez para sustentar minhas
pernas. — Ethan... amor, eu sou toda sua! Eu amo você e eu quero muito
você... tipo, agora mesmo!
Ele retira o dedo de dentro e eu lamento. Ele pega minha cintura, e me
coloca sentada sobre a mesa e vem para o meio das minhas pernas. Nu. Ele
retirou a roupa e eu nem percebi.
E eu continuo com meu vestido cobrindo a parte de cima e
emaranhado ao redor da minha cintura. Eu devo estar parecendo uma
bagunça sexual. Eu posso sentir meus cabelos por toda parte e meu rosto todo
corado, e o suor escorrendo pelo meu pescoço e costas.
Eu vejo Ethan pegar seu grande e perfeito pau e levar para uma tortura
lenta, de cima a baixo, em meu sexo molhado. Seus olhos presos no ponto em
que nossos corpos se encostam, admirando aquilo, como se fosse uma pintura
de um artista famoso em um museu.
— Eu precisava muito disso. — Ele empurra para dentro devagar,
preciso. Intenso.
Tão intenso que minhas costas arqueiam e meu quadril vai para frente,
procurando por mais.

Suas mãos largam minha cintura e ele começa a abrir o zíper lateral do
meu vestido, em seguida, ele retira sobre minha cabeça, deixando-me com
nada além que um sutiã preto de renda, que eleva meus seios o bastante para
deixar para a imaginação. Ele se inclina para mim, entrando e quase saindo
de dentro, e suga o topo de um seio.
Ergo uma mão para seus cabelos.
Um de seus braços me abraça mais perto e ele aumenta o ritmo
enquanto ele suga minha pele por todo o lugar.
Está tudo em silêncio na suíte, a não ser pelo som dos nossos corpos
colidindo com força e das sucções de sua boca em minha pele.
— Não passe um dia sem me dizer isso, tudo bem? — ele diz com
dificuldade contra meu pescoço. — Eu preciso ouvir isso de você. Sempre.

Eu assinto loucamente. — Não vou passar. — eu garanto. Eu posso


sentir meus olhos revirarem com o prazer.
Ele empurra mais profundo, pressionando, e ele goza junto comigo.
Nós dois tremendo um no outro. Agarrados. Acabados. Trêmulos. E
dispostos para mais uma, em um lugar mais confortável que uma mesa.
Quando minha respiração começa a voltar, eu seguro seu rosto entre as
mãos. Eu pego seus olhos com o meu. — Eu amo tanto você, Ethan! — eu
digo. — Eu amo desde que eu era uma criança, e se ouvir isso todos os dias,
todos os momentos, é o que você precisa, então eu vou dizer sempre. Porque
é a mais pura verdade, tudo isso. Eu sou sua. Eu quero você. E, caramba, eu
amo você, Thanthan!
Ele ri um pouco e encosta a testa na minha. — Eu amo você, Less! —
ele respira. — De verdade. Eu posso ter demorado pra perceber, mas eu amo.
— Ele faz carinho pela minha bochecha e me beija.
O beijo mais apaixonado que ele já me deu.

ETHAN

Enfio as mãos nos bolsos do meu sobretudo negro quando bato a porta
do carro atrás de mim.
Boston é conhecida pelas nevascas e frios de matar e é tudo verdade.
A neve fraca cai sobre mim, e é difícil até para pisar no chão. Eu dou a volta
pela frente do carro, abro a porta do passageiro e ajudo Alessa a descer. Eu
disse que ela não precisava vir até aqui, mas ela insistiu, dizendo que se veio
comigo para Boston, então ela iria até o fim.

Eu não discuti. Eu sabia que precisava dela, do apoio dela. Não faço
ideia do que vou sentir quando estiver diante da sepultura do meu filho e da
Lisa, por isso eu precisa dela para me manter são.
— Confesso que estava com saudades de usar botas como essa. —
Alessa diz, levantando uma perna para mostrar a bota de cano alto, que
alcança seus joelhos. Mesmo toda coberta, com uma calça preta, blusa de
mangas compridas e gola alta, e um sobretudo pesado cinza, ela é a mulher
mais sexy do mundo para mim.
— Elas ficam muito perfeitas em você. — Eu pisco para ela,
enrolando meus dedos nos seus, enrolados por uma luva. Com a outra mão,
eu puxo mais sua touca e aperto sua mão. — Obrigado por estar aqui, Less!
— falo baixinho.
Ela me oferece seu sorriso mais lindo. — Não há de quê, meu amor.
— balança a cabeça devagar. — Sempre que precisar de mim.

Como era de se esperar, com neve caindo, não há ninguém no


cemitério, a não ser um senhor que está um pouco afastado de nós, varrendo a
neve de cima de uma das sepulturas.
Eu chequei o número correto três vezes, até que eu estava aqui, diante
de duas pedras.
Elisa Beatrice Morgan e Baby Cross
Senti minha garganta fechar e as lágrimas saltarem pelo meu rosto.
Agachei-me quando Alessa soltou minha mão com cuidado. Eu percorri meu
dedo pelo nome do meu bebê, meu coração tão pesado dentro do meu peito.
Eu não conseguia olhar para o nome da Lisa, porque tudo que eu sentia era
dor por ela ter me negado uma despedida.

Alessa agacha ao meu lado, passando uma mão pelas minhas costas,
afagando carinhosamente. Ela põe uma rosa vermelha sobre a pedra do meu
filho e outra rosa sobre a pedra de Lisa, em seguida, ela faz o sinal da cruz,
tocando sua testa, seu colo, depois cada um dos ombros. Eu vejo quando ela
arrasta um dedo sobre o nome do meu filho, da mesma forma que eu fiz há
pouco, e diz — Descanse em paz, pequeno. — com os olhos cheios de
lágrimas. Ela ri entre as lágrimas e olha para mim quando completa: — Seu
papai te ama muito!

Sorri também, mas minhas lágrimas só pioraram. Então, eu chorei


como um bebê sobre a sepultura do meu filho. Eu prometi pra ele que sempre
voltaria aqui, a cada mês do ano, para vê-lo. Eu disse que o amei desde o
momento que eu soube de sua existência na barriga de sua mãe, e que eu
sempre vou amá-lo, mesmo após minha própria morte. Tudo isso, porque ele
é meu filho. A Lisa estava errada, não é porque ele não conseguiu sobreviver
que ele não é de nenhum de nós. Ele é meu primeiro filho. Ele não está aqui
comigo, mas eu o amo mais que minha própria vida.
Eu viro para a pedra de Lisa, enquanto enxugo as lágrimas do meu
rosto. Com minha visão periférica, vejo quando Alessa se levanta e tenta se
afastar, mas eu seguro sua mão, impedindo-a.
— Ethan, se você precisa de um...

— Eu preciso de você! — eu a corto.


Ela ofega, depois assente e aperta minha mão. — Tudo bem. — ela
diz. — Estou bem aqui, amor.
Eu arrumo a rosa cor-de-rosa ao lado do nome de Lisa. — Eu espero
que você não esteja sentindo mais dor, Elisa. — eu digo baixinho. — Apesar
de tudo, eu nunca desejaria o mal pra você. Eu só quero que você saiba que
eu segui seu conselho. — ergo os olhos para Alessa e a encontro a ponto de
chorar novamente, mas com um olhar carinhoso, não ciumento. — Eu estou
vivendo, linda e intensamente com uma mulher maravilhosa, e que eu amo.
Amo demais. Pra caralho, pra falar a verdade. — viro novamente para pedra.
— Então, obrigado pelos conselhos e por me ensinar que devemos valorizar
as pessoas e nossas vidas, porque elas são tão curtas, não é? Obrigado por me
ensinar que devo valorizar a mulher que eu amo. Você iria gostar de saber
quem ela é. Você gostava dela. Obrigado, Elisa! Por tudo. E descanse em
paz!
Levanto, limpando a neve do meu casaco e pego a mão de Alessa de
volta. Levo-nos para fora do cemitério e abro a porta para ela, mas ela não
entra. — Less, você está bem?
— Eu posso parar de tomar o remédio, se você quiser. — ela diz.

Eu paro, buscando entender do que ela está falando. E eu então, eu


entendo. Meus olhos se arregalam em surpresa. — Amor, você não precisa
fazer isso só por que...
— Não estou fazendo isso por ninguém, estou fazendo por nós. — Ela
me interrompe, dando um passo à frente. — Eu sempre quis ser mãe e eu amo
meus sobrinhos. Até o Jax, que nem é de sangue. Ethan, eu sou uma mulher,
com vinte e quatro anos, formada e atualmente com um escritório novo, em
uma das maiores empresas de aeronaves da atualidade. Sou bem-sucedida e
tenho o amor da minha vida comigo. Isso foi tudo que eu queria conquistar
antes de ter um bebê. Portanto, meu amor, se você quiser, eu paro e nós
deixamos isso com Deus. Se for para vir... — ela encolhe os ombros.
Eu não posso evitar sorrir em meio às lágrimas. Eu agarro seu rosto
com minhas mãos e encosto minha testa na sua. — Eu quero! Com você, eu
quero tudo! Falo sério, tudo. Inclusive... — eu alcanço o bolso do meu
sobretudo e puxo a caixinha azul de lá.
Os olhos azuis de Alessa crescem e ela cobre a boca com as mãos. —
Oh, meu Deus! Ethan! — ela geme meu nome, meio sorrindo, meio
chorando, olhando ao redor para ver se alguém estava por perto para ver.
Eu me ajoelho na neve, e abro a caixinha, mostrando-lhe o solitário
com um diamante raro nele. — Eu ia esperar até voltarmos para o hotel, ou
para LA, mas se tem uma coisa que Elisa me ensinou, foi que a vida acaba
em um desprezível piscar de olhos. E não tem lugar melhor para fazer isso,
do que o lugar em que eu estou recomeçando uma nova etapa da minha vida.
Não vou perder mais tempo, Less. Eu quero você na minha vida, para
sempre. Eu quero ter tudo com você. Quero te ver todos os dias ao meu lado,
abaixo de mim, por cima, em todos os lugares. Eu quero mostrar para o
mundo que você é minha e que eu amo você! Então, por favor, baby, diz
que sim! Você aceita se casar comigo?
Chorando e sorrindo, ela começa a balançar a cabeça para cima e para
baixo, freneticamente. — Sim, sim, sim! Sim, meu amor! Eu aceito me casar
com você! Agora levanta daí, porque isso deve estar muito gelado. — Ela me
abraça quando eu levanto e eu quase caio para trás com o impulso.
Abraço-a de volta, beijando seus cabelos, a ouvindo sussurrar que me
ama. Eu sussurro de volta todas às vezes. Quando ela se afasta, eu coloco o
anel no seu dedo, em seguida, beijo seu dedo com o anel. Pego seu rosto
entre as mãos e beijo-a apaixonadamente, sentindo seus lábios macios e
gelados nos meus. Meus polegares acariciam seu rosto, enquanto eu movo
minha língua para dentro de sua boca. Ela me beija de volta, segurando em
meus bíceps, tão doce, tão minha...
Eu corto o beijo, encostando minha testa na dela e olho bem nos seus
olhos azuis cheio de lágrimas. — Eu amo você, Less. Demais.
Ela ri toda boba e isso faz seus olhos se estreitarem, sorrindo com ela.
— Eu te amo, Ethan. Pra caralho, pra falar a verdade.
EPÍLOGO

Positivo.
Minha boca caiu aberta, meus olhos se encheram de lágrimas e eu não
sabia o que fazer.
Quase onze meses depois de parar de usar anticoncepcional, eu
finalmente estou segurando um teste de gravidez, com duas listras rosas.
Positivo.
Eu estou grávida. E chorando. Eu estou chorando, sentada na bacia
sanitária, do banheiro da nossa casa nova.
Minha e de Ethan. Nós compramos juntos há alguns meses e com a
ajuda da Aurora, eu redecorei toda ela ao nosso gosto. Há muitos toques
brancos e azuis por toda a casa. Foi uma boa mistura. Nós não poderíamos
esperar para depois do casamento.
Com a outra mão, eu toquei a área onde havia as duas listras rosa e um
sorriso bobo surgiu nos meus lábios.
Porra, sim, eu estou grávida.
Eu toco minha barriga, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
Jesus! Estou realmente grávida!
Há batidas na porta do banheiro e a voz rouca e amorosa de Ethan soa:
— Meu amor, as pessoas estão esperando por você lá embaixo. Esse é o
nosso jantar de noivado, você precisa estar presente também.
— Um momento. — Eu rapidamente enxugo meu rosto com uma
mão, enquanto me levanto da bacia e escondo o teste debaixo de algumas
toalhas de rosto, dobradas na gaveta. Eu vou contar a ele, eu só preciso de um
momento perfeito para isso.

— Você está bem, Less? — Ele inquire com preocupação.


— Estou amor. Só um minuto, tudo bem? — Eu arrumo meu vestido,
em seguida, começo a dar batidinhas em meu rosto para desinchar um
pouco. Não funciona. Eu não tinha maquiagem no banheiro, então eu peguei
um colírio e pinguei nos olhos, antes de abrir a porta. — Caiu alguma coisa
nos meus olhos e eu precisei pingar algumas gotas de colírio.

Com uma expressão preocupada, Ethan toca meu rosto


carinhosamente. — E saiu meu amor?
Assinto toda derretida. — Sim, eu consegui retirar sem borrar a
maquiagem. — encolho os ombros, tentando parecer normal, firme,
descontraída. — Coisas de mulher.
Ele me dá seu sorriso lindo. — Você está linda! — ele elogia, beijando
meus lábios, castamente.
Ele me levou de mãos dadas até a sala de estar, onde todos nossos
familiares e amigos próximos estavam presentes. Falamos com cada um
deles, recebendo os parabéns pelo noivado e muitos abraçados apertados.

Eu estava feliz hoje. Com certeza o dia mais feliz da minha vida. Eu
descobri que estava grávida, noivei com o amor da minha vida, e envolta das
pessoas que eu amo.
Esperamos onze meses para fazer o jantar, para que todos pudessem
vir, incluindo Andreas, meu pai biológico e Valentina, minha irmã caçula. Eu
ainda estou me acostumando com isso, também.
Hetor pega uma taça e sugere um brinde. Todos pegam suas taças, mas
eu dispenso educadamente quando um garçom me oferece uma. Todos me
olham assustados e curiosos.
Abro um sorriso largo, pego a mão de Ethan e encolho os ombros,
desculpando-me. — Eu não posso beber, família. — eu coloco a mão grande
de Ethan sobre minha barriga, enquanto observo sua reação.

Ele pisca muitas vezes, abrindo e fechando a boca, até que ele começa
a rir de verdade. Ele procura meus olhos. — Nós vamos...? Sim?
Assinto, freneticamente, meio sorrindo e meio chorando. — Sim,
baby. Nós teremos um bebê! — eu digo em meio ao choro, minha voz
embargada.
Ele explode em uma risada cheia de felicidade, me pega pela cintura e
me ergue, girando-me em seus braços.
Hetor vem para perto quando Ethan me devolve ao chão. Ele beija
minha bochecha e alisa meu cabelo, carinhosamente. — Por favor, tragam
um suco para minha filha! — ele ergue uma sobrancelha para Andreas e
corrige: — nossa filha.
Andreas devolve, erguendo um pouco sua taça, com um sorriso
satisfeito.
Alguém me entrega um copo grande com limonada – minha favorita, e
eu deito minha cabeça no peito de Ethan, ouvindo Hetor falar;
— Um brinde à felicidade do casal, — ele diz, erguendo sua taça. — e
ao meu novo netinho.

— Ou netinhos! — Kono disse.


Todos riram e concordaram com ela. Foi gostoso sentir a risada de
Ethan através do seu peito. Ele beija o topo da minha cabeça enquanto me
abraça com um braço e mantém sua taça na outra mão.
Após o brinde, todos vieram e me abraçaram pela segunda vez esta
noite; desta vez, desejando felicidades para nosso pequeno bebê. Ethan não
saiu de perto de mim, e ele parecia me segurar o tempo todo, como se
estivesse com medo de que eu tropeçasse ou algo parecido.
— Estou tão feliz que a Wynn vai poder ter uma prima com quase sua
idade! — Mel junta as mãos na medida do peito, seus olhos brilhando quando
ela cita minha sobrinha de quase um ano.

Lucca fez um biquinho quando torce os lábios. — E se for um


menino?
— Serão gêmeos! — ela afirma.
Sorrio, meneando a cabeça. — Certo. Podemos ir com calma, porque
esse é o primeiro. Eu nunca cuidei de um bebê e eu sinto que posso ficar um
pouco desesperada com isso.

— Não vai ficar desesperada. — Ethan diz, seu tom transbordando


carinho e admiração. — Você é perfeita em tudo que faz amor. Vamos
conseguir fazer isso juntos.
Eu concordei com um aceno e um largo sorriso.
Sim, eu estou desesperada agora, mas eu também estou feliz e me
sentindo uma mulher adulta da forma que nunca me senti antes. Eu estava
prestes a me casar com o amor da minha vida, estava grávida e eu tinha uma
casa, comprada com meu dinheiro também. Estava começando a minha vida,
com minha família.
Valen chega perto para se despedir, porque ela tem um desfile em dois
dias em Londres e precisa viajar ainda hoje, e ela termina abraçando meus
irmãos.
Estreito os olhos sobre cada um deles quando ela vai embora. —
Vamos deixar algumas coisas bem claras aqui, bonitões — eu chamo suas
atenções. — Valentina é minha irmã, não suas. Vocês são meus irmãos, não
dela. Entenderam a matemática? Abracem-na e beijem sua cabeça, da mesma
forma que fazem comigo, outra vez, e eu nunca mais abraço qualquer um de
vocês!
Meus irmãos começam a rir.
Ergo uma sobrancelha, desafiadora. — E pergunto ao Andreas se ele
tem algum filho ou um sobrinho que ele considere como um, para que eu
possa ir abraçá-lo e o chamar de paixão, amore mio... fratello belíssimo...

Bingo!

Eles param de sorrir e uma carranca surgiu em cada face linda dos
meus três homens.
É a minha vez de sorrir, mas o meu sorriso é satisfeito.

O resto da noite passou rápido. Eu conversei com Kono e lhe contei


finalmente como me tornei uma engenharia aeronáutica tão cedo; Eu comecei
minha faculdade cedo, na Itália, e quando cheguei a Los Angeles, eu pensei
em desistir, mas eu sabia que era o que eu queria para mim, então eu
continuei e terminei aos vinte e um ano.
Logo após todos irem embora, Ethan me puxou para o sofá junto com
ele, me colocando entre suas pernas para poder alisar minha barriga.
— Eu ainda não posso acreditar... — diz ele, em um tom baixo, bem
próximo a minha orelha. Ele beija meus cabelos, abraçando-me por trás,
delicadamente. — Foi isso que estava fazendo lá no banheiro? Um teste?
Eu confirmo. — Eu fiquei desconfiada depois de vomitar na hora do
almoço ontem. Eu lembrei que meu período estava atrasado cinco dias, então
eu comprei um teste de farmácia. Claro que quero ir ao médico e fazer um
exame de sangue... mas estou tão feliz!
— Eu sou o homem mais feliz na porra do mundo, meu amor. — ele ri
gostosamente em meu ouvido. — Vou me casar com você, em breve, e isso
significa que você será minha diante de Deus e de todos que
cogitarem olhar pra você. Eu diria que Jordan é um deles, mas o idiota está
bastante empolgado com minha irmã para olhar em sua direção. Isso é bom.
Eu ri e balancei a cabeça.
Jordan tinha conseguido se entender com Evan há alguns meses. Ele
correu atrás, insistindo nela, enquanto ela o tratava com indiferença e, às
vezes, muito rude. Ela era inconquistável, e eu tinha perdido a esperança por
Jordan. Mas, então, pegamos Jordan saindo do quarto de hospedes do
apartamento de Ethan, e Evan veio em seguida, anunciando o namoro deles.
Ela tinha que voltar para casa e ele foi junto, claro.

— Se for menina, — eu começo a falar. — eu queria muito colocar


Maya. Eu vi esse nome em algum lugar, e eu o amei. Sempre disse que seria
o nome da minha filha. Se você estiver de acordo, óbvio.
— Eu gosto de Maya. — ele testa o nome em sua língua, parecendo
realmente apreciar o nome.

Eu faço uma pequena pausa, antes de falar.


— Se for menino, eu quero Racer...
Eu espero sua reação, um imediato não, um pequeno surto, um suspiro
de surpresa, mas nada vem.
Ethan está em silêncio, sua mão parou de se movimentar sobre minha
barriga.
E eu quero engolir minhas palavras de volta. Eu poderia colocar um
Emmet, um Ezra, um Nino, mas não, eu sinto que é esse. Não pela Lisa, sua
carta triste ou pelo seu pequeno bebê que não teve nem a chance de nascer;
Mas por mim. Eu criei um sentimento forte por esse nome e ele ficou
ressoando em minha cabeça por todo esse tempo.

Virei-me para encarar os azuis vívidos dos meus olhos favoritos. Eles
não estavam tão vívidos como de costume; Estavam quase apagados,
distantes.
— Fale alguma coisa. — eu quase imploro, em um sussurro arrastado.
Alguns segundos depois, ele faz:
— Por que?
Engulo em seco. — Por que... eu não faço ideia, amor, — encolho os
ombros.— Eu apenas sinto que deve ser esse.
— Eu não quero nada relacionado a ela, Less.
— Ela sempre vai estar relacionada a você, Ethan. — eu digo. —
Infelizmente, ela faz parte do seu passado e ela sempre vai ter esse lugar
na sua vida. Eu vi o brilho nos seus olhos quando citei esse nome, quando
estava lendo a carta, e você pode relacionar esse nome com seu filho, amor.
Tenho certeza que nosso bebê vai gostar de ter algo com o irmão mais velho.
Eu quero muito colocar esse nome!
Ele semicerra os olhos em minha direção, cruzando os braços em
teimosia.

— Nosso bebê será uma menina e ela se chamará Maya. Ponto.


E ele encerra a discussão, puxando-me para mais perto e beijando-me
apaixonadamente.
Eu não tinha como discutir com ele com suas mãos sobre meu corpo.
Em todos os lugares.

⚫⚫⚫
Oito anos depois...
— Maya!— eu chamo pela minha pequena, porém já muito levada
filha, enquanto saio para o jardim.— Racer!— grito novamente, dessa vez
pelo meu pequeno, porém já muito emburrado filho.
Ambos surgem em minha frente. Maya com um pequeno vestido de
verão, com flores rosa estampadas, todo sujo de terra, assim como suas
pequenas mãozinhas. O cabelo castanho estava solto e espalhado por todo
lado pelo vento forte de final de tarde em Los Angeles. Racer estava com
uma bermuda jeans e uma camisa de manga curta azul escura. Seu cabelo, da
mesma cor do da irmã, também estava para todo lado, mas ele não estava
sujo como ela. Provavelmente estava assistindo na tv da área de descanso.
Eles eram gêmeos, com os meus cabelos e os olhos azuis cristalinos do
Ethan.
Racer coça o queixo, parecendo sem paciência. Ele lembra muito
Ethan na aparência, mas no humor, ele é Giovanni, com toda certeza.
— Estou no meio do episódio dez do Homem-Aranha, mãe!— ele
protesta, torcendo os lábios.
— E eu estou querendo que vocês tomem um banho!— eu digo pra
ele, imitando seu tom preguiçoso.
Ele cruza os braços, semicerrando os olhos. Sim, Giovanni...

— Eu posso fazer isso depois que terminar o episódio.


— Eu acho que preciso de um banho... — Maya diz, olhando em
reprovação para o próprio vestido. — Já terminei de plantar minhas flores,
mamãe.
Levantei a mão para retirar o cabelo do seu rosto lindo. — Daila está
esperando você para lhe dar um bom banho, meu amor. — digo, citando sua
babá.
Minha pequena assente e sai correndo encontrar Daila. Eu posso
escutar sua voz chamando pela mulher enquanto ela sobe as escadas.
Olho para um pequeno e mal-humorado Racer.— Ruby está esperando
também, Racer.

Antes, quando eles eram menores, só existia Ruby, mas eles cresceram
e ficaram levados demais para a pobre Ruby dar conta sozinha, então nós, eu
e Ethan, contratamos Daila. Agora cada um tem sua própria babá.
— Eu não preciso dela para tomar banho, mãe!— ele diz entredentes.
— Não sou mais uma criança como Maya é.
— Vocês tem a mesma idade. — eu digo. Eu estou, literalmente,
prendendo o riso, mordendo o interior da minha bochecha.
Ele tem apenas oito anos e já é todo cheio de si.
— Mãaee!... — lamenta.
— Racer, — a voz grossa e autoritária de Ethan soa alta o suficiente
para me deixar com a coluna reta, o corpo arrepiado e fazer os olhos azuis de
Racer se arregalarem. — obedeça a sua mãe e vá até Ruby, por favor!
Nosso pequeno suspira em rendição, seus ombros murchando na
mesma hora. Ele abaixa a cabeça, balançando-a quando ele resmunga: — Eu
só queria terminar de assistir o episódio... Eu odeio tomar banho!
— Você pode terminar após um banho, cara. — Ethan diz quando
Racer passa por ele, ainda de cabeça baixa. Quando Racer some, ele solta um
sorriso e eu faço o mesmo. — Ele deve ser uma reencarnação do Giovanni.
— ele diz, chegando perto e me enlaçando pela cintura. Ele beija meus lábios
castamente.
Sorrio em seus lábios. — Eu estava pensando a mesma coisa. A P é
um amorzinho, o contrário do nosso filho.
— Ele vai dar um pouquinho de dor de cabeça. — ele ri.
Sim, ele ia. Não apenas pela sua teimosia, mas também pela sua
aparência. Não é porque são meus filhos, mas ambos ganharam esse presente;
suas belezas são impressionantes. Até para mim.
— Nós daremos conta, amor. — eu digo pra ele.
Ethan assente e beija meu queixo. — Eu sei que sim. Eles são
perfeitos como você é.
Concordo com um aceno. Meu sorriso era largo de orgulho da minha
família. Eu abraço meu marido pelos ombros.
— Sim, eles são perfeitos, mas não como eu. Eu só sou boa porque
você está comigo. Eu amo tanto você!...

— Eu te amo muito, Alessa Cross. — ele sussurra em meu ouvido.

EPÍLOGO EXTRA
RIO DE JANEIRO

— Mamãe, quando você volta pra casa?


Meu coração doeu com a voz frágil de Maya.
— Não se apresse mamãe. Eu estou muito bem na casa do tio Lucca!
— Racer disse, sem tirar os olhos de seu celular. A música irritante do jogo
em que ele está viciado soa alto.
— Claro. Você diz que não quer tomar banho e a Emma não discute
com você. — Maya reclama.
— Sim, porque Emma não é minha babá, ela é babá da Nina.
— Racer Logan Cross, você precisa tomar banho quando se é
mandado fazer! — repreendo, segurando o celular diante do meu rosto para
poder ver meus dois bebês de dez anos, enquanto tento puxar um vestido da
mala.
Meu filho faz careta, ainda empolgado em seu jogo.
— Eu não preciso quando não estou fedendo!
Maya, que está segurando o celular, vira para o irmão de cara feia.
— Você é um porco, Racer. Está fedendo o tempo todo!
Eu prendo um sorriso e tento manter minha pose de mãe. Coloco a
mão, que já está segurando um pequeno vestido de verão, em minha cintura.
— Maya, não chame seu irmão de porco!
Racer para o jogo e, finalmente, olha para mim, com uma expressão
incrédula.
— Por que não chama ela de Maya Catherine Cross? Você sempre
chama meu nome completo quando está brava!
Anuí, reconhecendo que ele está certo e tento novamente, citando cada
palavra devagar, para não haver discussões:
— Maya Catherine Cross, não chame seu irmão de porco!
Racer abriu um sorriso de lado. Tão parecido com o pai...
— Racer Logan Cross, tome um banho! — acrescentei.
Ele revirou os olhos, grunhindo em resposta, quando afundou no sofá
para voltar ao seu jogo.
Eu estava prestes a repreendê-lo, quando Ethan veio para o meu lado e
olhou para os filhos, através da tela do celular.
— Racer — sua voz profunda logo chamou atenção do nosso menino.
— o que conversamos sobre esse comportamento?
— Que não é certo grunhir ou resmungar quando a mamãe diz algo.
— ele murmurou contragosto.
Arqueei uma sobrancelha, quando disso.
— E o quê mais? — Ethan instigou, seu semblante muito sério.
— E também não podemos revirar os olhos para ela ou qualquer
outra pessoa mais velha. — murmurou outra vez.
— Por quê? — Seu pai levantou uma sobrancelha.
— Porque é falta de respeito.
— E o que fazemos quando faltamos com respeito com os mais
velhos?
Racer olha para mim, seus olhos implorando para que eu o ajude com
isso, faça meu pai parar. Eu apenas espero. Ele respira fundo, cruzando os
braços para murmurar:
— Eu sinto muito por revirar os olhos e grunhir pra você, mamãe.
Maya sorriu secretamente.
Oh rapaz, eu gostei disso...
— Não falta dizer nada? — Eu pergunto ciente que ele odeio dizer
essas coisas. Eu não me importo.
— Mãe, você já sabe disso! — Diz, exasperado.
— Sim, mas ficaria tão feliz em escutar de você...
— Você quer me humilhar...
Nego com a cabeça.
— Estou apenas tentando ouvir que meu filhinho me ama. — eu
coloco a mão sobre o peito, dramatizando minha fala.
Meu filho, de dez anos de idade, me olha através da tela do celular de
sua irmã como se tivesse nascido outra cabeça em meu pescoço. Sua
expressão é hilária, e eu sorriria, se não tivesse tão focada em fazê-lo dizer o
que eu quero que diga.
— Dizer isso não vai te matar, Racer. — Maya ironiza. — Você quer
ver?
Ele a olha com cara feia.
Maya vira para a tela e com seu sorriso doce, ela me diz:
— Mamãe, eu amo você. — então olha para o irmão, novamente. —
Está vendo? Estou viva.
Com o rosto completamente vermelho de constrangimento, Racer olha
para mim e, parecendo derrotado, ele finalmente murmura:
— Eu te amo, mamãe. E vocês não precisavam ter gêmeos. Eu
poderia vir sozinho, sem essa coisa irritante!
— Não me xingue, seu pequeno delinquente! Eu sou sua irmã e nasci
primeiro!
— Cinco minutos não te torna a mais velha!
— Crianças! — Ethan adverte; ambos calam a boca na mesma hora.
— Desculpa. — murmuram em uníssono.
— Racer, você não pode xingar sua irmã, em nenhuma circunstância
— acrescento rápido, quando vejo que ele começa a abrir a boca para rebater.
— Da mesma forma que você, Maya, não pode xingá-lo de delinquente,
entendido? — Ambos fazem que sim. Suspiro, aliviando um pouco minha
expressão. — E os dois têm dez anos. Não tem isso de quem nasceu ou não
primeiro.
— Mas, eu...
— Negativo Maya. — recrimino minha menina. — Não quero mais
saber sobre essa discussão entre os dois, tudo bem?
De cabeças baixas, eles fazem que sim, novamente.
— Sim, mamãe.
— Ótimo! Agora, a mamãe vai desligar e eu quero que os dois se
comportem na casa do tio Lucca e da tia Mel. Posso confiar nos dois?
— Claro que sim, mamãe.
— Pode.
Abro um sorriso satisfeito.
— Tudo bem, então. Eu amo vocês, meus amores.
— O papai também ama vocês. — Ethan diz.
Racer grunhe de novo, com uma expressão de que quer vomitar.
— Nós também amamos vocês. Não é Racer? — Maya sorri.
Meu filho encolhe os ombros, voltando sua atenção para seu celular.
— Tanto faz. — resmunga.
— Como, filho? — Ethan pede, provocando-o. — Acho que não ouvi
direito.
Racer estremece sua expressão de nojo se transformando em tédio. Ele
tomba a cabeça para o lado e nos olha.
— Sim, papai e mamãe, eu amo vocês.
Sorrimos.
Quando nos despedimos e eu desliguei o celular, senti os braços fortes
de Ethan me abraçando por trás. Meu sorriso ampliou, mas não era mais um
sorriso carinhoso de uma mãe para os filhos; era o sorriso de uma mulher, de
trinta e quatro anos, que estava em uma segunda lua de mel, após dez anos de
casamento, com o amor de sua vida.
Não que nós não tivemos momentos quentes durante todos esses anos.
Ethan e eu somos ativos e sedentos demais para não termos, mas, só agora,
conseguimos um tempo longe, só nós dois.
Ethan beija minha nuca e um arrepio violento toma conta do meu
corpo inteiro.
— Enfim, sozinhos. — Ah, sua voz... Dez anos vivendo juntos,
escutando-o falar no meu ouvido todos os dias, e eu ainda não consegui me
acostumar com a rouquidão perfeita de sua voz.
Olho pela grande janela, que nos deixa ver perfeitamente e de cima o
oceano da praia de Copacabana, eu coloco as mãos sobre as suas, que estão
sobre meu estômago.
— Eu nem acredito que voltamos aqui.
— Onde tudo começou?
Eu nego com a cabeça.
— Não começou aqui. Pelo menos, não para mim. Você sabe — dou
um sorriso tímido por cima do ombro. — eu amo você desde que eu tinha
onze anos. O significa que faz vinte e três anos que eu amo você.
Ethan sorri com os lábios em meu cabelo. Posso sentir seu peito se
mover com o ato.
— Então eu passei doze anos no escuro. — ele sussurrou. — Eu não
sabia que te amava naquela época. Quando entrei naquela sala e a vi, a sua
versão de onze anos, com aquele vestido bonito e as bochechas rosadas,
confesso que tudo o que conseguia ver era uma irmã mais nova. Uma irmã
que eu protegeria como se fosse realmente minha.
Eu virei o rosto um pouco mais para o lado e continuei escutando-o.
Seus braços apertaram mais ao meu redor.
— Eu só percebi que estava errado, doze anos depois, por causa da sua
ideia louca de fugir da Itália e morar com o Hetor em Los Angeles. Então
tudo começou a mudar: meus sentimentos por você, a forma como eu olhava
pra você, a forma como eu a desejava... Tudo mudou. Eu mudei. Você foi lá,
entrou bêbada na minha casa, chorando por outro cara que te fez de idiota e
tudo mudou. Eu continuei querendo proteger você, mas não como minha
irmãzinha. Eu queria te proteger porque eu sabia que você seria minha. De
todas as formas possíveis.
Virando-me em seus braços, encaro seus olhos azuis cristalinos.
— Eu acabei entendendo que eu não amava você há vinte ou doze, ou
dez anos. — Ele segurou meu rosto entre as mãos. — Eu amo você há
quarenta anos, Alessa, porque foi para isso que eu nasci.
Lágrimas inundaram meus olhos. Eu fiquei na ponta dos pés e toquei
seus lábios com os meus. Suas mãos descem e pegam minha cintura, seu
corpo bem colado ao meu, fazendo-me sentir seu volume em minha barriga.
Sorrio em sua boca, já tão preparada quanto ele.
— Eu te amo e eu nunca vou parar de desejar você, meu amor. — Ele
diz, quando se afasta apenas o suficiente para ver todo meu rosto. Ele dobra
os joelhos, pega na parte de baixo da minha bunda e me puxa para cima,
fazendo-me enrolar minhas pernas ao redor de sua cintura.
— Estou vendo. — remexo-me, atrevida, contra sua ereção, com um
pequeno sorriso. Seguro seu rosto entre minhas mãos. — Eu amo tanto você,
Ethan. Tire a minha roupa e veja por si só o quanto eu o desejo e, se algum
dia, eu não desejarei mais.
Suavemente, ele me deita na cama do hotel e vem para cima de mim,
apoiando seu peso com os antebraços.
— Eu gosto da ideia de tirar sua roupa. — sussurra, lançando uma
olhada por todo meu corpo, sob uma calça jeans de cintura alta branca e uma
blusa-bata azul bebê. — Podemos começar com isso. — Ele move a cabeça,
concordando com si mesmo, quando sobe, sentando-se sobre seus
calcanhares, no meio das minhas pernas. Ele arrasta o tecido da minha blusa
para cima em meu estômago, até que ele é capaz de ver meu umbigo.
Com o corpo trêmulo com sua atenção, eu peço um segundo e me
estico para alcançar o controle remoto na mesinha de cabeceira, de porcelana
branca. Eu aperto no botão que liga o sistema de som da cobertura e uma
batida agitada soa alto, com o cantor pedindo algo como “mexe o bumbum
tan tan”. Eu arregalo os olhos e Ethan ri da minha cara. Rapidamente, eu
aperto de novo no botão do som e, dessa vez, um toque suave começa a tomar
conta do ambiente.
Voltando ao trabalho, Ethan logo se livra da minha calça, em seguida,
da minha blusa, deixando-me apenas com um conjunto de lingeries, da cor
preta. Ele mergulha e eu agarro seu rosto quando ele me beija. Seu beijo é tão
extremamente delicioso, que me deixa ligada em todas as partes e sentidos.
Meu corpo sedento o reconhece como o único e último homem a me
dar prazer, todos meus hormônios alterados, minha calcinha molhada.
Sua língua dançando em minha boca, sua mão apertando meu seio sob
o sutiã, possessivo, duro.
— Diga o que eu preciso que você diga. — Ele me pede, sua boca
traçando um caminho molhado pelo meu pescoço.
Arqueio o pescoço, dando-lhe acesso fácil.
— Eu sou sua, Ethan Cross. Sempre fui e sempre vou ser.
Ele ri, deliciado, em meu pescoço. Sua mão desce e seus dedos
afastam minha calcinha para o lado, e ele introduz um dedo dentro de mim.
Solto um gemido alto.
— Sim, Amor — Ele beija meu queixo. — você é.
Em um segundo, ele levanta e se livra da própria roupa; no outro, ele
está empurrando para dentro de mim. Com força.
E todo meu corpo corresponde ao seu.
Como sempre aconteceu.

FIM.
AGRADECIMENTOS
Então, amores, chegamos ao fim de mais um livro e da minha primeira série!
Infelizmente, né? Meu coração está tão apertadinho que chega dói com essa
despedida.
Alessa foi, de todos os livros da série, a mais desafiadora para se escrever. Os
outros irmãos foram complicados (o lance do abuso no primeiro livro, a
mentira no segundo, a conquista do terceiro) mas ela conseguiu se superar.
Ambos, Alessa e Ethan, tinham remorsos da vida. Ele tinha medo de se
apegar novamente a alguém e ser deixado para trás; Ela tinha medo de
confiar nas pessoas. Medo da traição.
Alessa foi, sem dúvidas, o livro mais gostoso e desafiador de se escrever.
Eu quero agradecer a vocês por acompanhar essa série e por gostarem dela.
Eu sempre digo que escrevo para vocês e eu não estou mentindo. Eu acordo
todos os dias e pego meu computador, pensando no que escrever pra vocês;
pensando nos detalhes que vocês vão gostar, vão sorrir, vão
chorar... Isso tudo é pra vocês, meus amores. Cada irmão Lazzari foram feitos
para vocês. Apenas. Então eu dedico todos eles a vocês, e todos que virão em
breve, também.
Obrigada por cada comentário, cada texto lindo que me fez chorar, cada
apoio, cada vez que me fizeram sorrir... Sério, muito obrigada por tudo,
minhas "Lazzarináticas"!

Com amor, Luyzi.

Você também pode gostar