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Nome: Vanessa de Oliveira Martins 201701258358

AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DA


COMARCA DE ANÁPOLIS/GO.

PROCESSO Nº: (...)

AUTORA: EMPRESA XYZ

RÉU: JOÃO PINHO

JOÃO PINHO, espanhol, viúvo, contador, cadastrado no registro geral


de pessoas físicas sob o nº: (...), residente e domiciliado na Rua
Uruguai, nº 180,
na cidade de Goiânia/GO, cep: 000-000, representado judicialmente
através de seu advogado devidamente qualificado em procuração
mandamental específica juntada ao seguinte feito, com endereço
profissional na rua teles mendes, 124, bairro barroso, Goiânia/GO, cep:
000-000, onde deverá ser intimado para dar andamento aos atos
processuais, nos autos da Ação anulatória de negócio jurídico, pelo rito
comum, movida por EMPRESA XYZ, vem com o devido respeito e
acato de estilo perante Vossa E xcelência apresentar sua
CONTESTAÇÃO

I. BREVE SÍNTESE DOS FATOS


Ocorre que João Pinho, ora réu, fora fiador em contrato de
locação firmado entre a autora como locadora e tendo como locatário
Mario Vargas, cuja avença hoje vigora por prazo indeterminado. O Sr.
João pinho chegara a possuir 3 imóveis, mas, em 06 de janeiro de
2012, este doou a suas duas filhas, Mara Pinho e Marta Pinho, dois
apartamentos situados na Rua Arboredo 324, apts. 307 e 505,
Goiânia/GO, valendo cada um R$ 200.000,00, com a concordância de
ambas e registro das doações no mesmo dia, qual seja, em seis de
janeiro de 2012. Assim, restando somente um imóvel no valor de R$
120.000,00.

O Sr. João pinho restou-se surpreendido pela ação anulatória do


referido negócio jurídico proposta pela a Autora em 08 de novembro de
2016, cuja alegação se firma em uma possível fraude contra credores,
visto está o locatário inadimplente desde 06 de abril de 2014, o que
acarretara ação de despejo proposta em 09 de julho de 2015 e julgada
procedente em 25 de novembro de 2016 já em fase de execução para
cobrança dos aluguéi s na 2ª Vara Cível de Anápolis/GO. A Autora
requer a procedência do pedido para anular as doações, por ter, assim
afirma, ocorrido fraude contra credores, tendo em vista que os imóveis
constituíam todo o patrimônio do réu, e o remanescente não satisfaz os
débitos ainda existentes.

Era o que se tinha de mais crucial a relatar, passa-se agora a


análise específica dos argumentos levantados pela parte Autora da
ação, em consonância aos princípios da concentração/eventualidade e
impugnação específica dos fatos, nos termos dos artigos 336, 341 do
novo código de processo civil.

II. DAS PRELIMINARES

I.II. DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO


Excelência, a presente ação não deveria ser proposta neste foro
em que agora está, em virtude do contrato em questão ter a característica
explícita de ordem pessoal, e não real. Deveria, por então, a pretensão
anulatória ter sido proposta no foro de domicílio do réu, assim atendendo a
regra geral que dispõe o artigo 46 do novo CPC, e aos princípios da
celeridade e economia processual. Nesse sentido:

Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito


real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro
de domicílio do réu. (CPC)

Portanto, desde logo requer o Réu que seja declarada a


incompetência do presente foro para ajuizamento da ação em tela, e que
seja remetido ao juízo pertencente ao foro de domicílio do Sr. João Pinho,
parte demandada, sendo o qual na cidade de Goiânia-GO, afim de que
sejam atendidos os princípios da celeridade e economia processual, e
facilite a uma efetiva defesa da parte presente no polo passivo do feito.

I.III. DA IMTEPESTIVIDADE DA AÇÃO INICIAL

Ainda que por ventura se vença a primeira preliminar de mérito


exposta, se faz necessário registrar, desde logo, Excelência, que a ação
inicial do caso em tela, resta-se fulmi nada pela ocorrência do prazo
decadencial.

Conforme se verificou na exposição dos fatos, a A utora impetrou


a presente ação anulatória em 08 de novembro de 2016. Contudo, a
doação dos imóveis feitas pelo Sr. João Pinho ocorrera exatamente no dia
06 de janeiro de 2012, ou seja, mais de 4 anos antes da pretensão deste
caso concreto.
O código civil de 2002, traz em seu artigo 178, caput, e no inciso II, o
prazo decadencial de 4 anos para que se pleiteei a anulação do negócio
jurídico, sendo claro que a contagem de tal tempo decadencial inicia-se a
partir do dia em que se reali zou a avença. Com isso, vislumbra-se decaído
o pedido da autora, não podendo falar anulação de negócio jurídico já
atingido pelo prazo decadencial. Nesses termos:

Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para


pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:

I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;


II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado
de
perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio
jurídico;

III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a


incapacidade. (CC)

Portanto, pelo exposto, douto Magistrado, constata -se de


modo inequívoco impossibilidade de sustentação no pedido da Autora,
devendo, deste
modo, ser extinto o processo com a resolução de mérito por decorrência
da
argumentação suprareferida. Nos termos do artigo 487, II, do CPC/15:

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na


reconvenção;

II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a


ocorrência de decadência ou prescrição;

I.III. DA ILEGITIMIDADE PASSIVA

Acrescente-se, desde logo, ainda que passadas as preliminares


já expostas, que o presente réu é parte passi va ilegítima para estar neste
processo que ora se discute.
Veja-se, Excelência, que o referido contrato de aluguel tinha por prazo
fatal o decurso de 30 meses, sendo que fora prorrogado por tempo
indeterminado sem qualquer anuência do Sr. João pinho, ora Réu, não só
por isso, mas também se faz importante lembrar que o mesmo Senhor
João já avisara, ao locador e ao locatário, em 120 (cento e vinte) dias
antes do térmi no do prazo da avença, que não aceitaria conti nuar como
fiador caso o contrato fosse prorrogado, o que, como se vê, ocorreu sem a
sua plena concordância.
Assim, verifica-se que fora atendido o que se manda no artigo
835 do código civil pátrio, ao aduzir sobre a possibilidade de exoneração
do fiador, quando assinado o ajuste contratual sem limitação de tempo,
devendo este ser responsabilizado nos 60 (sessenta) dias seguintes após
a notificação do credor. Nesse mesmo sentido:

Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver


assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe
convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança,
durante sessenta dias após a notificação do credor. (CC)

Art. 40. O locador poderá exigir novo fiador ou a


substituição da modalidade de garantia, nos seguintes
casos: (...)

X – Prorrogação da locação por prazo indeterminado uma


vez notificado o locador pelo fiador de sua intenção de
desoneração, ficando obrigado por todos os efeitos da
fiança, durante 120 (cento e vinte) dias após a
notificação ao locador. (Incluído pela Lei nº 12.112, de
2009) (LEI LOCAÇÕES. Nº 8.245/91)

Portanto, Excelência, não resta outra maneira, senão declarar a


ilegitimidade do Sr. João em ser réu deste feito.

II. DO MÉRITO

III. I. DA OCORRÊNCIA DA ANTECIPAÇÃO DE HERANÇA

É de todo sabido, ínclito Julgador, que é costume de afeto e


cuidado dos pais que possuem algum recurso de monta, fornecerem meios
que sustentem e deem segurança financeira aos seus filhos no caso de
uma possível falta futura, quer seja repentina, quer seja natural do decurso
da vida. Nada mais tenro e nítida demonstração de amor para com seus
descendentes do que dar-lhes os bens que possui e distribui-los de forma
eficaz e justa antes de uma possível desavença na partilha, o que vingaria
decerto em confrontos entre filhos caso vejam-se sem a batuta dos pais
para um proveitoso desli nde.
No caso exposto, nada mais aconteceu do que isto, Excelência,
mera antecipação da herança de um pai caridoso para com suas filhas
que se iniciam em suas próprias jornadas. Fornecendo-as de modo justo e
escorreito, bens, em que para tantos, são o sonho de uma vida.

A doação ocorrera de modo efeti vo com o registro, e a anuência


das donatárias no dia 06 de janeiro de 2012, sendo que à época do
ocorrido, o doador não possuía mais qualquer obrigação de fiança no
contrato de aluguel do caso em análise, tendo em vista de que o mesmo
pedira exoneração do encargo com 120 (cento e vinte) dias antes do
término da avença, e ainda, cumpre ressaltar que o contrato passou-se
para a qualidade de ser por tempo i ndetermi nado em 2011, já com a
efetiva saída do Sr. João da obrigação de fiança.

Portanto, Excelência, resta-se verificado a impossibilidade de


anulação do negócio jurídico aqui discutido, levando em consideração o
tudo já exposto, e que não se passa mera antecipação de herança do
Senhor João Pinha a suas filhas, liberalidade esta permitida claramente no
código civil pátrio. Nesses termos:

Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de


um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes
cabe por herança. (CC)

IV. DOS PEDIDOS


Por todo o exposto, o réu, com o devido acatamento e respeito,
desde logo, requer:

I. O acolhimento das preliminares aludidas nesta peça,


devendo ser reconhecida a incompetência deste juízo para
análise do feito;
II. O reconhecimento da preliminar
peremptória de ilegitimidade passiva do
Réu, em virtude do mesmo não ter o
mais o encargo de fiador à época da
propositura da demanda;
III. Seja declarado a extinção do presente
processo, com resolução do mérito, nos
termos do artigo 485, II, em razão da
intempestividade da ação inicial;

IV. O reconhecimento da improcedência do


pedido no mérito da questão do caso
em tela, visto a patente ocorrência de
mera antecipação de herança, e que o
Senhor João nada tinha de encargo
como fiador quando doou os imóveis;

V. Condenação da Autora ao pagamento


dos
Honorários advocatícios em 20% sobre o
valor da causa (art. 85 do CPC), bem
como nas custas processuais a serem
fixadas.

V. DA PROVAS

Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na


amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial
documental, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do autor.

Termos em que, pede deferimento.


Local, xxx de xxxxxxxxxx de xxxx.

VANESSA MARTINS

OAB/RJ NºXX.XXX-X

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