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Notícia: Jamil Chade - Brasil tem


20% das mortes no mundo e
escolha na Saúde gera desconfiança
NOTÍCIA

6-8 minutos

Na contramão do mundo, o Brasil somou mais de 20% das mortes


pela covid-19 entre todos os países na última semana e vê a taxa de
expansão de novos infectados aumentar num ritmo duas vezes
superior à média mundial.

Colunistas do UOL

Enquanto isso, a chegada de um quarto ministro da Saúde no


Brasil em um ano de pandemia foi classificada como "caótica" por
parte da cúpula dos organismos internacionais, deixando governos
e entidades como a OMS com um "pé atrás" em relação ao que
poderá ser a política sanitária brasileira nos próximos meses.

Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS)


nesta quarta-feira revelam que o registro de mortes no planeta caiu
em 3% na semana que terminou no dia 14 de março, somando 58
mil óbitos. No Brasil, porém, a curva vai no sentido contrário e,
com 12,3 mil mortos no período avaliado, o país é líder mundial. O

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aumento foi de 24% entre os dias 7 e 14 de março.

Os dados sequer incluem os recordes registrados nos últimos dias.


Mas, no que se refere às novas contaminações, o Brasil também se
consolidou como líder. Se no mundo os casos aumentaram em 10%
e voltaram a assustar a OMS, com 3 milhões em uma semana, o
país registrou uma aceleração duas vezes superior. No total, foram
494 mil novos contaminados no Brasil, um aumento de 20% em
comparação à semana anterior.

No centro das atenções, o Brasil também passou a ser


acompanhado de perto por conta da troca no Ministério da Saúde.
A chegada de um quarto ministro em um ano de pandemia foi
classificada como "caótica" por parte da cúpula dos organismos
internacionais, deixando governos e entidades como a OMS com
um "pé atrás" em relação ao que poderá ser a política sanitária
brasileira nos próximos meses.

A notícia em si da queda de um militar - Eduardo Pazuello - e da


escolha de um médico - Marcelo Queiroga - foi tida como um
"passo positivo", inclusive por sua atitude de sair em defesa da
ciência.

Mas a gestão da mudança, o tom de "dar continuidade" aos


projetos fracassados e as exigências que foram feitas ao novo chefe
da pasta da Saúde foram recebidas como um "sinal" da hesitação
do governo federal em promover uma mudança radical na forma
de lidar com a crise. Também existem dúvidas se o novo ministro
terá de fato autonomia para modificar políticas que,
comprovadamente, fracassaram.

Um dos pontos considerados como mais problemáticos na escolha


do novo ministro seria seu compromisso de que não irá recorrer ou

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defender medidas de isolamento social, de confinamento,


lockdown ou toque de recolher.

Na OMS, o recado é claro: essas medidas funcionam e permitiram


que países desafogassem seus sistemas públicos de saúde. Na
prática, de acordo com a entidade, a medida salva vidas.

Para a agência, o novo ministro precisa promover uma "mudança


radical" na direção em que o país caminha e adotar medidas
sociais agressivas, já que vacinar a população é apenas um projeto
de médio a longo prazo.

Defender máscara é positivo. Mas não


suficiente

Por enquanto, uma mudança identificada seria uma maior


promoção do uso da máscara, objeto que chegou a ser alvo de
teorias da conspiração por parte de grupos mais radicais que
servem de base de apoio para Bolsonaro. O próprio presidente,
seus ministros e filhos fizeram questão de serem vistos em público,
sem a máscara.

Agora, Queiroga é mais enfático. "Conclamo a população que use


máscara, lave as mãos, use álcool em gel. Eu estou repetindo, mas
todos vocês sabem disso. Com essas medidas, podemos evitar ter
que parar a economia do país", afirmou Queiroga nesta terça-feira.
Em Genebra, a declaração foi bem recebida e, para observadores,
lembrou o gesto de Joe Biden que, ao assumir a presidência, fez
questão de despolitizar o uso da proteção.

Mas, na OMS, isso não vai ser suficiente diante de uma pandemia
fora de controle no Brasil. O alerta é de que não basta recorrer a
apenas um ou dois elementos do pacote para suprimir o vírus.

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Além de máscara e lavar as mãos, a estratégia envolve ampliar os


testes, rastrear casos positivos e isolar pessoas de contato. Isso,
segundo os técnicos, além da possibilidade de promover um
lockdown, caso seja necessário.

Não por acaso, cinco fontes diferentes dentro dos organismos


internacionais consultadas pela coluna reagiram com cautela
diante do novo ministro. "Todos temos um pé atrás com o Brasil
atualmente", admitiu um dos cientistas que faz parte dos grupos de
aconselhamento na OMS.

Os episódios de ameaças contra a médica Ludhmila Hajjar, que


chegou a ser considerada para o cargo, ainda chamaram a atenção
fora do Brasil, num sinal do radicalismo que o debate científico
hoje ganhou no país. "Isso é uma loucura. O inimigo é o vírus",
comentou um experiente negociador na OMS.

Sem doses, Brasil não pode depender da vacina


para frear mortes

Outro aspecto fundamental é a capacidade do Brasil em obter as


vacinas que necessita para ampliar a imunização de sua população.
Para especialistas no fundo global de vacinas, a Gavi, o governo foi
"lento" ao buscar acordos pelo mundo. Quando finalmente
entendeu que estava desabastecido, fechou contratos que apenas
ganharão em dimensão no segundo semestre do ano.

Na prática, isso significa que o novo ministro não poderá apenas


depender das vacinas para controlar a doença, sob o risco de ver o
número de mortes explodir nas próximas semanas.

Para a cúpula da OMS, liderada por Tedros Ghebreyesus e Mike


Ryan, apenas uma "mudança de direção" no Brasil e "medidas

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sociais agressivas" darão resultados, num cenário de descontrole.

Na semana passada, em duas ocasiões, os diretores da agência


declararam publicamente que o Brasil precisava agir de forma
"séria" para frear o número de mortes.

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