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sÉRIE PETRÓLEO E GÁS

FÍSICA e
matemática
APLICADAs A
PETRÓLEO
E GÁS
sÉRIE PETRÓLEO E GÁS

FÍSICA e
matemática
APLICADAs A
PETRÓLEO
E GÁS
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
sÉRIE PETRÓLEO E GÁS

FÍSICA e
matemática
APLICADAs A
PETRÓLEO
E GÁS
© 2013.SENAI – Departamento Nacional

© 2013.SENAI – Departamento Regional do Rio de Janeiro

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mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia
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Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI do
Rio de Janeiro, com a coordenação do SENAI – Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI – Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI – Departamento Regional do Rio de Janeiro


Núcleo de Educação a Distância – NUCED

Ficha Catalográfica
Catalogação-na-Publicação (CIP) – Brasil
Biblioteca Artes Gráficas – SENAI-RJ

S491f

SENAI/DN.
Física e matemática aplicadas a petróleo e gás / SENAI/DN [e] SENAI/RJ.
– Brasília :
SENAI/DN, 2013.
132 p. : il. ; 29,7 cm. – (Série Petróleo e Gás).

ISBN 978-85-7519-600-7

1. Indústria petroquímica. 2. Física. I. SENAI/RJ. II. Serviço Nacional de


Aprendizagem Industrial. III. Título. IV. Série.

CDD: 665.5

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 – Tecnologia de ponta na área de petróleo e gás..................................................................................15
Figura 2 – Símbolos e números formam as grandezas físicas............................................................................19
Figura 3 – Reta numérica.................................................................................................................................................21
Figura 4 – Frações...............................................................................................................................................................25
Figura 5 – Representação gráfica de frações............................................................................................................25
Figura 6 – Triângulo de Pascal.......................................................................................................................................29
Figura 7 – Radiciação........................................................................................................................................................32
Figura 8 – Cálculo da vazão de uma bomba em função do tempo.................................................................35
Figura 9 – Gráficos da equação de 2º grau em que x e x' são raízes da equação........................................37
Figura 10 – Triângulo retângulo....................................................................................................................................38
Figura 11 – Tabela dos ângulos notáveis...................................................................................................................41
Figura 12 – Representação do ângulo da Terra com o satélite..........................................................................41
Figura 13 – Formas geométricas...................................................................................................................................43
Figura 14 – Formas geométricas básicas...................................................................................................................43
Figura 15 – As formas geométricas e suas características...................................................................................44
Figura 16 – Perímetro do quadrado............................................................................................................................44
Figura 17 – Cálculo da área do paralelogramo........................................................................................................45
Figura 18 – Cálculo da área de um triângulo...........................................................................................................45
Figura 19 – Cálculo da área do losango.....................................................................................................................46
Figura 20 – Área dos triângulos....................................................................................................................................46
Figura 21 – Cálculo da área do círculo........................................................................................................................47
Figura 22 – Cálculo da área da coroa circular...........................................................................................................47
Figura 23 – Cálculo da área do setor circular............................................................................................................47
Figura 24 – Figuras tridimensionais.............................................................................................................................48
Figura 25 – Calculo do volume do prisma hexagonal...........................................................................................48
Figura 26 – Equipamentos de medição de pressão...............................................................................................51
Figura 27 – Fogo gera calor – água em ebulição....................................................................................................52
Figura 28 – Petróleo jorrando........................................................................................................................................59
Figura 29 – Representação de uma máquina térmica..........................................................................................60
Figura 30 – Termômetro nas escalas Celsius e Fahrenheit .................................................................................61
Figura 31 – Gráfico PV ......................................................................................................................................................63
Figura 32 – Gráfico da transformação isométrica ..................................................................................................64
Figura 33 – Gráfico da transformação isobárica......................................................................................................64
Figura 34 – Transferência de calor ..............................................................................................................................66
Figura 35 – Sistema aberto e sistema fechado .......................................................................................................68
Figura 36 – Diagrama dos estados sólido, líquido e gasoso...............................................................................69
Figura 37 – Diagramas PV, TS, HS, HP..........................................................................................................................69
Figura 38 – Ciclo Rankine ...............................................................................................................................................71
Figura 39 – Ciclo com reaquecimento........................................................................................................................71
Figura 40 – Gráfico do Ciclo Otto..................................................................................................................................72
Figura 41 – Motor diesel..................................................................................................................................................73
Figura 42 – Gráfico do Ciclo Joule................................................................................................................................74
Figura 43 – Tipos de compressores..............................................................................................................................75
Figura 44 – Funcionamento de um compressor alternativo..............................................................................75
Figura 45 – Funcionamento de compressor alternativo duplo efeito.............................................................76
Figura 46 – Compressor de membrana......................................................................................................................77
Figura 47 – Compressor rotativo..................................................................................................................................78
Figura 48 – Compressor tipo root.............................................................................................................................. 78
Figura 49 – Turbocompressor axial .............................................................................................................................79
Figura 50 – Tipos de turbinas ........................................................................................................................................80
Figura 51 – Turbina a gás – ciclo...................................................................................................................................82
Figura 52 – Lâmpadas incandescentes transmitem calor...................................................................................85
Figura 53 – Transmissão de calor por condução.....................................................................................................86
Figura 54 – Transmissão de calor por radiação........................................................................................................88
Figura 55 – Trocador de calor de carcaça e tubo....................................................................................................89
Figura 56 – Condensador de ar condicionado.........................................................................................................90
Figura 57 – Máquina térmica – geração de vapor (Tiradentes-MG)................................................................91
Figura 58 – Passagem de vapor para sólido em função da pressão................................................................91
Figura 59 – Funcionamento de uma caldeira aquatubular.................................................................................92
Figura 60 – Gráfico do efeito da pressão na absorção de calor.........................................................................93
Figura 61 – Variação da intensidade conforme a pressão...................................................................................93
Figura 62 – Líquidos e gases: a diferença entre a resistência e a compressão.............................................97
Figura 63 – Tabela de massa específica......................................................................................................................98
Figura 64 – Lei de Stevin..................................................................................................................................................99
Figura 65 – Vasos comunicantes ............................................................................................................................... 100
Figura 66 – Empuxo........................................................................................................................................................ 102
Figura 67 – Equação da continuidade..................................................................................................................... 103
Figura 68 – Equação Bernoulli.................................................................................................................................... 104
Figura 69 – Escoamento unidimensional............................................................................................................... 107
Figura 70 – Tipos de escoamento.............................................................................................................................. 108
Figura 71 – Conjunto de geradores.......................................................................................................................... 113
Figura 72 – Controle da unidade de processo de uma refinaria de petróleo............................................ 114
Figura 73 – Explicando um sistema elétrico.......................................................................................................... 114
Figura 74 – A válvula foi aberta.................................................................................................................................. 115
Figura 75 – Fazendo a ligação com os polos......................................................................................................... 115
Figura 76 – Múltiplos e submúltiplos do volt e seus símbolos....................................................................... 116
Figura 77 – Medidor e medição de corrente contínua...................................................................................... 116
Figura 78 – Medidor e medição de corrente alternada..................................................................................... 116
Figura 79 – Procedimento para medição de corrente....................................................................................... 117
Figura 80 – Símbolos para diversos tipos de resistências................................................................................. 118
Figura 81 – Medidor analógico de resistência e a medição de resistência................................................ 119
Figura 82 – Medidor da intensidade de corrente e medição de corrente.................................................. 119
Figura 83 – Procedimento para medição de intensidade de corrente........................................................ 119
Figura 84 – Fonte geradora de tensão..................................................................................................................... 120
Figura 85 – Gerador........................................................................................................................................................ 121
Figura 86 – Resistência ................................................................................................................................................. 122
Figura 87 – Representação da potência ................................................................................................................. 123
Figura 88 – Medidor analógico de potência e a medição do consumo...................................................... 124
Figura 89 – Procedimento para medição de potência....................................................................................... 124
Figura 90 – Experimentos............................................................................................................................................. 126
Figura 91 – Aplicação de método sísmico de reflexão offshore.....................................................................127
Sumário
1. Introdução........................................................................................................................................................................15

2. Fundamentos de Matemática...................................................................................................................................19
2.1 Cálculos matemáticos ................................................................................................................................20
2.1.1 Conjunto dos números naturais – Conjunto N...............................................................20
2.1.2 Conjunto dos números inteiros – Z e suas operações..................................................21
2.2 Potência e radiciação..................................................................................................................................29
2.2.1 Definição de potência..............................................................................................................29
2.2.2 Representação de potência...................................................................................................30
2.2.3 Regras de potência ou propriedades.................................................................................30
2.2.4 Radiciação.....................................................................................................................................32
2.2.5 Operações algébricas ..............................................................................................................33
2.3 Equação de primeiro grau e do segundo grau..................................................................................35
2.3.1 Equação do primeiro grau......................................................................................................35
2.3.2 Equação do segundo grau......................................................................................................37
2.4 Relações trigonométricas .........................................................................................................................38
2.4.1 Triângulo retângulo ..................................................................................................................38
2.4.2 Relação fundamental ..............................................................................................................40
2.4.3 Ângulos notáveis.......................................................................................................................41
2.5 Regra de três simples e inversamente proporcional.......................................................................42
2.5.1 Regra de três ou relação direta.............................................................................................42
2.5.2 Regra de três inversamente proporcional.........................................................................42
2.6 Geometria ......................................................................................................................................................43
2.6.1 Formas geométricas ................................................................................................................43
2.6.2 Cálculo do perímetro das figuras planas...........................................................................44
2.6.3 Cálculo da área das principais figuras planas..................................................................45
2.6.4 Cálculo de volume dos prismas e sólidos regulares......................................................48

3. Fundamentos da Física................................................................................................................................................51
3.1 Calor..................................................................................................................................................................52
3.1.1 Lei Zero da Termodinâmica....................................................................................................53
3.2 Temperatura...................................................................................................................................................54
3.2.1 Correspondência entre as principais escalas de temperatura...................................54
3.2.2 Volume específico e densidade............................................................................................54
3.3 Pressão.............................................................................................................................................................55
3.4 Força .................................................................................................................................................................55
3.4.1 Força normal (N).........................................................................................................................55
3.4.2 Força de atrito (FA).....................................................................................................................55
3.4.3 Força de tração (σ)....................................................................................................................55
3.5 As Leis de Newton........................................................................................................................................56
3.5.1 A Primeira Lei de Newton, também conhecida como Lei da Inércia......................56
3.5.2 A Segunda Lei de Newton......................................................................................................56
3.5.3 Terceira Lei de Newton ou Lei de Ação e Reação...........................................................57

4. Termodinâmica...............................................................................................................................................................59
4.1 Definição de Termodinâmica...................................................................................................................60
4.2 Leis da Termodinâmica...............................................................................................................................60
4.2.1 Lei Zero da Termodinâmica....................................................................................................60
4.2.2 Primeiro Princípio da Termodinâmica ou Lei da Conservação da Energia............62
4.2.3 Transformações termodinâmicas.........................................................................................62
4.2.4 Segundo Princípio da Termodinâmica ..............................................................................66
4.3 Máquinas térmicas.......................................................................................................................................66
4.4 Sistema em malhas aberto e fechado...................................................................................................67
4.5 Diagramas usados na Termodinâmica..................................................................................................68
4.5.1 Diagramas de estado ...............................................................................................................68
4.5.2 Diagrama de Clapeyron...........................................................................................................69
4.5.3 Diagrama de Mollier ................................................................................................................70
4.6 Ciclos térmicos..............................................................................................................................................70
4.6.1 Ciclo de Rankine.........................................................................................................................71
4.6.2 Ciclo com ressuperaquecimento.........................................................................................71
4.6.3 Ciclo regenerativo......................................................................................................................72
4.6.4 Ciclos das máquinas de combustão interna....................................................................72
4.7 Compressores e turbinas...........................................................................................................................74
4.7.1 Compressores..............................................................................................................................74
4.7.2 Turbinas.........................................................................................................................................79

5. Transmissão de calor.....................................................................................................................................................85
5.1 Calor..................................................................................................................................................................85
5.1.1 Transmissão de calor ................................................................................................................86
5.2 Trocadores de calor......................................................................................................................................89
5.2.1 Tipo de trocador de carcaça e tubo.....................................................................................89
5.2.2 Trocador de corrente cruzada...............................................................................................90
5.3 Geração de vapor.........................................................................................................................................90
5.3.1 Vapor .............................................................................................................................................91
5.3.2 Caldeiras........................................................................................................................................92

6. Mecânica dos fluidos....................................................................................................................................................97


6.1 Características dos fluidos.........................................................................................................................97
6.1.1 Peso específico ()....................................................................................................................97
6.1.2 Pressão ..........................................................................................................................................99
6.2 Dimensionamento de Tubulações – Hidrodinâmica.................................................................... 103
6.2.1 Fluido ideal................................................................................................................................ 103
6.2.2 Equação de continuidade.................................................................................................... 103
6.2.3 Vazão volumétrica.................................................................................................................. 104
6.2.4 Equação de Bernoulli............................................................................................................. 104
6.2.5 Viscosidade................................................................................................................................ 105
6.2.6 Teorema de Torricelli.............................................................................................................. 105
6.3 Escoamento................................................................................................................................................. 106
6.3.1 Escoamento unidimensional e bidimensional............................................................. 107
6.3.2 Escoamento laminar ............................................................................................................. 108
6.3.3 Escoamento turbulento........................................................................................................ 109
6.3.4 Número de Reynolds (Re) ................................................................................................... 109
6.3.5 Cálculo do diâmetro da tubulação................................................................................... 110
6.3.6 Cálculo da velocidade de escoamento .......................................................................... 110
6.4 Conservação de massa e quantidade de movimento.................................................................. 110
7. Eletricidade aplicada ................................................................................................................................................ 113
7.1 Tensão, resistência, corrente.................................................................................................................. 114
7.1.1 Tensão......................................................................................................................................... 115
7.1.2 Resistência................................................................................................................................. 117
7.1.3 Corrente...................................................................................................................................... 120
7.2 Potência, magnetismo e eletromagnetismo .................................................................................. 122
7.2.1 Potência...................................................................................................................................... 122
7.2.2 Magnetismo ............................................................................................................................. 125
7.2.3 Eletromagnetismo.................................................................................................................. 126

Referências......................................................................................................................................................................... 129
Introdução

Antonio Candido de Oliveira Filho

Figura 1 – Tecnologia de ponta na área de petróleo e gás

Para o desenvolvimento profissional, a Física é um dos principais elementos, seja para o téc-
nico de mecânica, elétrica ou civil, mas, dentre todos, o técnico de petróleo e gás é que apresen-
ta aplicação com maior nitidez desses conhecimentos, seja usando Acústica e Ondas na pros-
pecção do petróleo, seja a Termodinâmica, utilizada na área de produção, seja a Mecânica dos
Fluidos, na área de transportes, e a Elétrica, usada na área de controle (Figura 1).

Nas outras unidades


curriculares você
constatará que os
conhecimentos
adquiridos aqui servirão
de base para um perfeito
entendimento de cada
uma das fases da obtenção
do petróleo e do gás.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
16

Física e Matemática Aplicadas a Petróleo e Gás


Carga
Componentes Curriculares
Horária
Fundamentos Técnicos e Científicos de Petróleo e Gás
Comunicação e Informática – 32h
Fundamentos da Indústria de Petróleo e Gás – 60h
QSMS – Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e
356h
Módulo Básico Segurança Aplicados a Petróleo e Gás – 24h
Metrologia e Instrumentação Aplicadas a Petróleo e Gás – 80h
Química Aplicada a Petróleo e Gás – 80h
Física e Matemática Aplicadas a Petróleo e Gás – 80h

Operação de Sistema Produtivo na Cadeia de Petróleo e Gás


Módulo
Exploração Onshore e Offshore – 160h
Específico
Profissional Tecnologias do Sistema Produtivo Onshore e Offshore – 160h 484h
(1ª Etapa) Processamento do Petróleo e Gás – 100h
Logística e Manutenção da Cadeia de Petróleo e Gás – 64h

Manutenção em Sistemas Produtivos na


Cadeia de Petróleo e Gás
Manutenção Industrial – 100h

Planejamento e Atividade na Cadeia de Petróleo e Gás


Módulo
Gestão de Pessoas – 40h
Específico
Gestão da Produção – 80h 360h
Profissional
(2ª Etapa)
Controle da Qualidade de Insumos, Produtos e Processos
na Cadeia de Petróleo e Gás
Ensaios Analíticos na Cadeia de Petróleo e Gás – 80h
Avaliação de Desempenho de Insumos,
Produtos e Processos – 60h

Carga horária total: Técnico em Petróleo e Gás: 1.200h


1 Introdução
17

Anotações:
Fundamentos de Matemática

∑ (Xk – X)2
k=1
S=
n–1

In-Fólio/Cris Marcela

Figura 2 – Símbolos e números formam as grandezas físicas

Podemos considerar a Física como sendo a Matemática aplicada à parte técnica. Sem ela, na-
da poderia ser explicado no mundo.

Na área de petróleo e gás, é fundamental a facilidade com que manipulamos os conhecimen-


tos matemáticos de frações, equações, formas geométricas e medidas de áreas e volumes, de-
vido principalmente à forma dos recipientes de estocagem do produto ou ao grande emprego
de tubulações e válvulas (Figura 2).

A aplicação das relações trigonométricas é bastante comum na área de prospecção.

Este capítulo, Fundamentos de


In-Fólio/Paula Moura

Matemática, destina-se a fazer uma


revisão dos tópicos considerados básicos,
preparando você para empregá-los no
seu dia a dia como técnico.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
20

2.1 Cálculos matemáticos

O que são números?


São símbolos utilizados para representar valores.

A nossa vida está cheia de números: desde o nosso nascimento até a nossa mor-
te, temos número de certidão de nascimento, de telefone, de CPF, carteira de iden-
tidade, de titulo de eleitor... Enfim, os números regem a nossa vida.

O mesmo ocorre na área de petróleo e gás, seja na medida da profundidade de


um poço, na localização de uma jazida ou a quantidade de petróleo estimada nu-
ma área de prospecção.

2.1.1 Conjunto dos números naturais – Conjunto N

No principio da civilização, os povos utilizavam o processo de trocas de merca-


dorias e produtos, mas esse modo de comercializar tinha seus problemas, como de-
finir quantidades. Isso só teve solução com a criação dos números, que permitem a
identificação do que é quantidade, bem como um controle dessa atividade de tro-
cas. Todos os povos tiveram seu sistema de numeração, alguns mais evoluídos que
outros; entretanto, pouquíssimos sistemas de numeração chegaram até o nosso tem-
po, dentre eles os números romanos, devido à expansão do Império Romano.

Com o aumento do comércio entre os povos, constatou-se a necessidade de


melhorar o registro dessas transações mercantis, verificando-se que o sistema de
numeração utilizado até então era muito complicado.

Com o comércio com os árabes, observou-se que eles empregavam um siste-


ma de controle bem mais eficiente, formado por apenas nove números, chama-
dos algarismos, criados pelos hindus, sendo portanto chamados de números in-
do-arábicos.

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9

Entretanto, esses números não foram o bastante, pois o comércio exigia outros
tipos de numerações que permitissem o registro de valores emprestados.

VOCÊ Conjunto é uma coleção de objetos. Na Matemática, esse


conceito é usado para relacionar números e coisas que
SABIA? guardam entre si uma correspondência.
2 FUNDAMENTOS De Matemática
21

2.1.2 Conjunto dos números inteiros – Z e suas operações

Na escrituração dos valores, inicialmente representaram-se agregadas pala-


vras do idioma latino: plus, significando mais, e minus, significando menos, que
mais tarde originaram os sinais de + e – que empregamos atualmente nas
nossas operações.

Os números inteiros hoje em dia fazem parte de nossa vida, seja em operações
bancárias, com cheques especiais e empréstimos, ou no controle de sistemas, de
temperatura, de altitude, de intensidade de correntes e das medições em geral.

A palavra algarismo teve origem no nome de um matemá-


VOCÊ tico árabe, al-Khowarizmi.
SABIA? A letra Z utilizada para representar o conjunto dos núme-
ros inteiros vem de Zahl, que significa número, em alemão.

Números simétricos ou opostos

São os números formados por algarismos iguais, mas que apresentam sinais di-
ferentes.

Exemplo

O simétrico de 6 é –6
O simétrico de –7 é 7

Reta numérica

Reta numérica é a representação de todos os números em uma determinada


ordem. Para separar os números positivos dos números negativos, utilizamos o al-
garismo 0, também chamado de origem (Figura 3).

..., –10, –9, –8, –7, –6, –5, –4, –3, –2 , –1, 0, + 1, +2, +3, +4, +5, + 6, +7, ...

Figura 3 – Reta numérica

Valor absoluto

Chamamos de valor absoluto a distância desse número até a origem; para faci-
litar, valor absoluto seria o valor do número sem o sinal.

Exemplo

| –4 | = 4 | –9 | = 9
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22

Números antecessores e sucessores

Número antecessor é o número que vem antes de um número dado; sucessor


é o número que vem depois desse número dado.

Como podemos notar, na reta numérica, o crescimento dos números negativos


é no sentido contrário, o que torna o número negativo anterior “maior” que o nú-
mero propriamente dito, se esquecermos o sinal. Outro jeito de encontrar o ante-
cessor é aplicar a fórmula abaixo:

Na = N – 1

Onde
Na – É o número antecessor
N – É o número dado

Para encontrar o número sucessor, temos também uma fórmula:

Np = N + 1

Onde
Np – É o número sucessor
N – É o número dado

Exemplo

Ache o número antecessor a N = (–5)


Pela fórmula, Na = N – 1, Na = – 5 – 1 = – 6

Ache o antecessor a N = + 6
Pela fórmula, Na = + 6 – 1 = + 5

Ache o número sucessor a N = – 5


Pela fórmula, temos Np = – 5 + 1 = – 4

Ache o sucessor a N = + 6
Pela fórmula temos, Np = + 6 + 1 = + 7
2 FUNDAMENTOS De Matemática
23

Operação com números inteiros

I Adição de números inteiros

A adição de números com mesmo sinal não apresenta dificuldade, pois é só so-
mar e acrescentar o sinal existente.

Exemplo

(+7) + (+9) = +16


(–8) + (–5) = –13

Grande número de problemas se dá quando temos uma adição com número


com sinais diferentes. Nesse caso procedemos à diminuição dos valores e mante-
mos o sinal do maior número (com maior valor absoluto).

Exemplo

(–7) + (+9) = 9 –7 = 2

Regrinha
saiba Para definirmos o sinal, verificamos quem é maior, se o 9 ou
mais o 7. No caso, 9 maior que 7; então o 9 nos dará o sinal.
Aplicando a regrinha acima
(–9) + (+3) = –6
Pesquise no site www.somatematica.com.br
mais informações sobre essa regra matemática.

II Subtração de Números Inteiros

Na subtração temos um problema, que é o sinal da operação (menos).

(–9) – (+ 8) = ? (–7) – (–19) = ? (+ 15) – (+ 3) = ?


Qual é o resultado dessas operações?
Nestes casos aplicamos outra regrinha:
Trocar o sinal de subtração pelo de adição e o número que vier depois pelo seu
oposto ou simétrico.
(–9) – (+ 8) = (–7) – (–19) = (+15) – (+3) =
(–9) + (–8) = –17 (–7) + (+19) = +12 (+15) + (–3) = +12

VOCÊ A operação subtração de números inteiros é a que apre-


SABIA? senta maior incidência de erros.
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24

III Multiplicação e divisão de números inteiros

Estas duas operações não apresentam problemas para os alunos; normalmen-


te a regrinha existente resolve qualquer uma.

VOCÊ Regrinha
SABIA? Sinais iguais
Resultado com sinal positivo

Sinais diferentes
Resultado com sinal negativo

Multiplicação
(–7) x (–3) = (+21)
O resultado é positivo, pois os
números possuem o mesmo sinal.
(–5) x (+9) = (–45)
O resultado é negativo, pois os
números possuem sinais diferentes.

Divisão
(–40) ÷ (–5) = (+8)
Sinais iguais, resultado positivo.
In-Fólio/Paula Moura

(–35) ÷ (+7) = (–5)


Sinais diferentes, resultado
negativo.

Agora na página seguinte


você vai acompanhar
números fracionários.
Na Figura 4 há um exem-
plo de frações.
Na Figura 5 você encontra
um exemplo de represen-
tação gráfica de frações.
Fique ligado!
2 FUNDAMENTOS De Matemática
25

Números fracionários

O que é uma fração?

Representa a divisão de um corpo em partes iguais (Figura 4).

In-Fólio/Paula Moura
Figura 4 – Frações

A representação da letra b da figura abaixo é 3/6, que se lê três sextos; ela re-
presenta uma barra dividida em seis pedaços, dos quais foram retirados três.

Descubra como se leem as outras representações.

a C d
In-Fólio/Paula Moura

B e

Figura 5 – Representação gráfica de frações

Podemos ter frações de diversos valores na parte de cima, que recebe o no-
me de numerador (representa o número de partes retiradas), e na parte de bai-
xo, que recebe o nome de denominador (representa em quantas partes foi divi-
dida essa barra).

3 Numerador
6 Denominador
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
26

Adição de frações

A adição de frações com o mesmo denominador é bastante simples, pois ela


representa a soma de duas frações nas quais as barras foram divididas no mesmo
número de vezes. Assim, mantemos o denominador e adicionam-se os valores dos
numeradores.

Exemplo

5 + 7 = 12
8 8 8

No caso de adição de frações em que os denominadores são diferentes, calcu-


lamos o MMC (mínimo múltiplo comum) do denominador. Nesse caso, a adição
representa a soma de duas barras que foram divididas em quantidades diferentes.

Veja como usamos o MMC

5 7
+ =
16 32

Neste caso, tiramos o MMC entre 16 e 32; como eles


são múltiplos entre si (16 x 2 = 32), temos:

5x2 7 10 7 17
+ = + =
16 x 2 32 32 32 32

O que fizemos acima é utilizado também na subtração de frações cujo deno-


minador é uma potência de 2. Para facilitar, colocamos os valores normalmente
usados para transformar o denominador diferente em comum, não esquecendo
de multiplicar os dois lados, isto é, o numerador e o denominador da fração de de-
nominador diferente. Quando temos denominadores formados por potência de
2, o que é comum no sistema inglês, quando medimos em polegadas, deparamo-
-nos com denominadores formados pelos números 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128, 256, etc.
Neste caso é bastante útil a tabelinha abaixo:

2x2=4 4 x 4 = 16 8 x 8 = 64

4x2=8 4 x 8 = 32 64 x 2 = 128

8 x 2 = 16 32 x 2 = 64 16 x 8 = 128
In-Fólio/Paula Moura

16 x 2 = 32 16 x 4 = 64 128 x 2 = 256
2 FUNDAMENTOS De Matemática
27

Para aumentar seu conhecimento veja nos sites, abaixo


relacionados, como calcular o MMC de frações com denomi-
nadores diferentes de potências de 2.
saiba
mais www.somatematica.com.br/fundam/mmc.php
www.brasilescola.com/matematica/calculo-mmc-mdc.htm
www.mmc.cefetmg.br

É importante que o técnico saiba operar com medidas no


VOCÊ Sistema Internacional, em metros, e no Sistema Inglês,
em polegadas, principalmente na área de petróleo e gás,
SABIA? em que a maioria dos equipamentos ainda é de origem
norte-americana.

Subtração de frações

Na subtração de frações usamos o mesmo processo, isto é:

Se os denominadores forem iguais, diminuímos os numeradores e mantemos


o denominador.

5 3 2
– =
7 7 7

Se os denominadores forem diferentes, empregamos o MMC.

3 5 6 5 1
– = Transformando em denominador comum – =
4 8 8 8 8

Multiplicação de frações

A multiplicação e a divisão de frações são bem simples.

Na multiplicação, multiplicamos os numeradores e os denominadores, encon-


trando uma nova fração.

Exemplo

5 4 5 x 4 20
x = =
6 8 6 x 8 48
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
28

Divisão de frações

Na divisão, invertemos a segunda fração e procedemos à multiplicação dos nu-


meradores e dos denominadores, transformando numa outra fração.

Exemplo
Só temos que inverter a
5 6 5 9 45 segunda fração; a primeira
÷ = x = permanece inalterada.
8 9 8 6 48

Casos e Relatos

Um dos maiores problemas de se trabalhar com dois sistemas de medidas


– o que é bastante comum na área de petróleo e gás – está na compra de
materiais.

Recentemente, no Departamento de Compras da Empresa XPTO, onde vo-


cê trabalha, assumiu um novo gerente, que passou a exigir que todas as re-
quisições de material viessem com as medidas no Sistema Internacional.

Você, como técnico responsável, ao saber dessa nova exigência, fez seu pe-
dido de material e informou que as medidas das peças e das ferramentas ti-
nham que ser as especificadas na requisição, já que uma grande parte delas
era no sistema inglês, e alertou que algumas das medidas não poderiam ser
transformadas para o Sistema Internacional, pois o processo em que elas
iriam ser usadas estava no Sistema Inglês.

Ao receber os pedidos de materiais, esse chefe constatou que você não ti-
nha efetuado a transformação para o Sistema Internacional e fez a devi-
da conversão.

Ao receber a mercadoria, você constatou que elas não se adaptavam ao local


onde iriam ser usadas, e as ferramentas ao serem usadas acabavam por da-
nificar os flanges, os parafusos e as porcas. Ao constatar que as medidas es-
tavam erradas, você interrompeu o trabalho, evitando acidentes, e devolveu
as peças e ferramentas ao setor de compras, o que gerou um pequeno atra-
so no seu serviço.
2 FUNDAMENTOS De Matemática
29

Números decimais
Os números decimais foram derivados da divisão de um número por uma po-
tência de 10.

Exemplo

543 dividido por 100 é igual a 5,43.


247
3.768 dividido por 1.000 é igual a 3,768. = 2,47
100

Porcentagem
Representamos porcentagem (%) como sendo um valor dividido por cem ou
na forma de fração.

35 Quando dizemos que o 100


35% = 0,35 =1
100 objeto é inteiro, ele é 100

2.2 Potência e radiciação

Muitas operações executadas na prospecção e extração do petróleo envolvem


valores de grande expressão que podem ser trabalhados em qualquer máquina
de calcular científica com o emprego das potências de base 10.

VOCÊ No Triângulo de Pascal encontramos as potências de


SABIA? base dois, para utilização em medidas em polegadas.

Triângulo de Pascal
No esquema ao lado, 1 soma = 1 = 20
o primeiro e o último
número de cada linha 1 1 soma = 2 = 21
são iguais a 1. 1 2 1 soma = 4 = 22
Os demais são
formados pela soma 1 3 3 1 soma = 8 = 23
de dois números da 1 4 6 4 1 soma = 16 = 24
In-Fólio/Paula Moura

linha anterior.
1 5 10 10 5 1 soma = 32 = 25
Adaptado do livro 1 6 15 20 15 6 1 soma = 64 = 26
de Matemática
de Imenes e Lellis 1 7 21 35 35 21 7 1 soma = 128 = 27

Figura 6 – Triângulo de Pascal

2.2.1 Definição de potência

Potência é a multiplicação de um número por ele mesmo (Figura 6). Podemos


representar 3 x 3 x 3 x 3 como 34. Sua grande utilidade na área da engenharia e de
petróleo e gás é que temos condição de representar números e operações de gran-
des dimensões de uma forma mais fácil.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
30

2.2.2 Representação de potência

Representamos a potência 2 x 2 x 2 x 2 x 2 = 25 = 32; o número 32 é a potência,


e 25 é sua representação mais simples. Agora imagine se tivéssemos que calcular
2 multiplicado por 2 um milhão de vezes! Entretanto, podemos representar esse
valor por 21.000.000, que é bem mais simples.

Voltando ao primeiro exemplo, 25; o número 2 recebe o nome de base e o nú-


mero 5 recebe o nome de expoente. Então 25 é a potência de base 2 e expoente
5; sua representação será 25 = 2 x 2 x 2 x 2 x 2 = 32; notamos aqui que o número
repetido é o da base, e a quantidade de vezes em que ele é repetido é dada pe-
lo expoente.

2.2.3 Regras de potência ou propriedades

As regras ou propriedades de potência ajudam a efetuar diversas operações em


que os valores seriam rapidamente obtidos.

VOCÊ Na potenciação, vale a regrinha a seguir; ela nos ajuda a


SABIA? encontrar os sinais sabendo o sinal da base e o expoente.
Tabela de sinais usados na potência
Base Expoente potência

+ Par +
In-Fólio/Paula Moura

+ Ímpar +
– Par +
– Ímpar –

Primeira Propriedade

Toda potência de base diferente de zero com expoente par é positiva.

Exemplo

(+2)4 = (+2) x (+2) x (+2) x (+2) = +16


(–5)2 = (–5) x (–5) = +25
In-Fólio/Paula Moura

A potência –32 = – (3 x 3) = –9 apresenta uma


diferença do caso anterior, pois nesta expressão não
temos o uso dos parênteses; isso significa que o
sinal negativo não está incluso na potenciação.
2 FUNDAMENTOS De Matemática
31

segunda Propriedade

Toda potência de base diferente de zero elevada a expoente ímpar tem o sinal
da base.

Exemplo

(–3)3 = (–3) x (–3) x (–3) = –27

terceira Propriedade

Para multiplicar potências de mesma base, conservamos a base e somamos os


expoentes.

Exemplo

(–3)2 x (–3)3 = (–3) x (–3) x (–3) x (–3) x (–3) = (–3)2+3 = (–3)5

quarta Propriedade

Para dividir potências de mesma base, conservamos a base e subtraímos os ex-


poentes.

Exemplo

(–2)5 (–2) x (–2) x (–2) x (–2) x (–2)


= = (–2)5–3 = (–2)2
(–2)3 [(–2) x (–2) x (–2)]

quinta Propriedade

Qualquer número diferente de zero elevado a expoente zero é igual à unidade.

Exemplo

(–2)0 = +1
(+10)0 = +1

sexta Propriedade

Para elevar um produto a um expoente, elevamos cada um dos fatores desse


produto a esse expoente.

Exemplo

(2 x 3)2 = 22 x 32 = 4 x 9 = 36

Para multiplicar potências de bases diferentes mas com


VOCÊ expoentes iguais multiplicamos as bases e conservamos o
expoente.
SABIA? No exemplo acima – (2 x 3)2 – efetuamos o produto de 2 x 3,
que é igual a 6, e o elevamos ao quadrado 62 = 36.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
32

sétima Propriedade

Para elevar uma fração ou quociente a um expoente, elevamos o numerador e


o denominador a esse expoente.

Exemplo

2 2= 22 = 4
3 32 9

oitava Propriedade

Todo número diferente de zero elevado a um expoente negativo é igual ao seu


inverso.

Exemplo

3–1 = 1
3

nona Propriedade

Para ter a potência de uma potência, conservamos a base e multiplicamos os


expoentes.

Exemplo

(23)4 = 23x4 = 212

décima Propriedade

Para ter a potência de um radical, mantemos a base e utilizamos o expoente


fracionário.

Exemplo

√2 = (2)1/2

2.2.4 Radiciação

3
2 64 27

23 = 8 64 = 8 27 = 3
In-Fólio/Paula Moura

2x2x2=8 8 x 8 = 64 3 x 3 x 3 = 27
Figura 7 – Radiciação
2 FUNDAMENTOS De Matemática
33

Radiciação é o processo inverso da potenciação; então, podemos dizer que:

Onde
n n = Índice da raiz
a =b a = Radicando
b = Valor da raiz de índice n
Podemos dizer que bn = a desde que n seja diferente de zero (n ≠ 0).
As propriedades ou regrinhas da potência se aplicam também na radiciação.

Exemplo 4
34 = 34/4

2.2.5 Operações algébricas

Quando trabalhamos com relatórios e gráficos, muitas vezes ficamos com dú-
vidas sobre o que aconteceria se algum daqueles parâmetros fosse alterado. Isso
é o que ocorre na exploração de petróleo, quando nos deparamos com diversos
valores inseguros ou que possam ter sofrido alguma deformação. É aí que surgem
as operações algébricas como ferramenta que nos permite analisar essas modifi-
cações propostas. As operações algébricas são expressões que envolvem incógni-
tas representadas por letras, para as quais atribuímos valores.

Seu emprego é muito grande nos trabalhos de pesquisa, controle e instrumen-


tação, pois permite saber como reagiria determinado corpo ou solução sob a in-
fluência de diversas variações de temperatura ou pressão ou qual composto resul-
taria de uma variação na quantidade de elementos adicionados ou na variação dos
volumes dos componentes de uma determinada substância. Isso é o que ocorre
no craqueamento do petróleo.

Craqueamento é a divisão da cadeia de hidrocarbonetos do


petróleo em cadeias de hidrocarbonetos menores mais
saiba simples. Utilizando esse processo obtemos a gasolina,
mais o óleo diesel, os óleos lubrificantes.
Você estudará mais sobre esse assunto no livro didático
Processamento de Petróleo e Gás.

Para entender operações algébricas, temos que saber o que é termo semelhan-
te e identificar o que é parte numérica e parte literal.

Termo
Termo de uma expressão algébrica é um elemento formado por um número e
uma letra; essa letra recebe o nome de incógnita1.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
34

1
Incógnita Termos semelhantes
Grandeza indeterminada. São termos que possuem a mesma letra, isto é, a mesma incógnita.

Exemplo

3x e 10x são termos semelhantes em x.


7x e 12y não são termos semelhantes.

Parte numérica e parte literal


Todo termo algébrico possui uma parte numérica e uma parte literal.

Exemplo

3x 3 é a parte numérica e x é a parte literal.


–5y –5 é a parte numérica e y é a parte literal.

Adição e subtração

Temos que tomar cuidado na adição e na subtração de expressões algébricas,


pois só podemos adicionar ou subtrair termos semelhantes, isto é, que possuem
a mesma letra.

Exemplo

2x + 5x = (2 + 5)x = 7x

Não podemos somar ou subtrair termos algébricos com letras (incógnitas) di-
ferentes.

3x + 2y = 3x + 2y (não podemos somar, já que as letras são diferentes).

Multiplicação

Na multiplicação, fazemos o produto da parte numérica e contamos a quanti-


dade de letras iguais envolvidas.

Exemplo

3x . 4x = (3 . 4) (x . x) = 12x2

Procedemos à
multiplicação de
3 por 4, encontrando
o valor de 12, e das
letras iguais x por x,
obtendo x2.
2 FUNDAMENTOS De Matemática
35

Divisão

Na divisão de termos algébricos, procedemos à divisão da parte numérica e di-


minuímos os expoentes das letras iguais.

Exemplo

(6x2y)
= 2x2-1 y = 2xy
(3x)

2.3 Equação de primeiro grau e do segundo grau

As equações de primeiro e segundo graus são bastante antigas; textos babi-


lônicos com mais de 4 mil anos fazem menção a esse tipo de equação. Hoje em
dia, elas são bastante úteis no processamento de substâncias, estudos estatísti-
cos e na confecção de gráficos. Seu emprego pela indústria de petróleo e gás se
deve ao fato de permitir a construção de mapas mais precisos, uma melhor aná-
lise de dados e estudos mais avançados na área de microconstituintes dos sub-
produtos de petróleo.

Como exemplo podemos citar o cálculo da vazão de uma bomba em função


do tempo (Figura 8).

Uma bomba despeja 20 litros d'água por


minuto em uma cisterna. Tempo (min) Volume (L)
A tabela mostra a relação do volume
d'água despejado em função do tempo. 1 20
2 40
3 60
In-Fólio/Paula Moura

4 80
bomba
5 100

Figura 8 – Cálculo da vazão de uma bomba em função do tempo

2.3.1 Equação do primeiro grau

Uma equação é chamada equação do primeiro grau quando apresenta o


expoente de x igual a um e o valor de a diferente de zero.

Onde
y = ax + b a e b = Valores y = ax + b com a ≠ 0
a = É diferente de zero
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
36

Na equação do primeiro grau, a é o coeficiente de x, b é o termo independen-


te de x e y é o termo dependente de x.

Em algumas situações, podemos ter o valor de b igual a zero; nesse caso, a equa-
ção assume a forma y = ax.

O principal objetivo da equação é encontrar um valor para y em função do va-


lor que dermos para x.

Outra situação: dado um valor para y, encontrar o valor que, ao substituirmos


em x, transforma essa equação em verdadeira.

Diferença entre equação e função

Equação – É uma sentença que contém uma ou mais letras,


VOCÊ formada por duas expressões ligadas pelo sinal de igualdade.
SABIA?
Função – É a relação entre duas grandezas variáveis em
que o valor de uma delas depende, sob determinadas
condições, do valor da outra.

Solução de uma equação do primeiro grau

Chamamos de raiz o valor que encontramos para x que resolve a equação do


primeiro grau dada, isto é, substituindo o valor de x encontrado na equação obte-
mos y igual a zero.

Considerando Fazendo y = 0
Temos ax = –b
y = ax + b Logo –b
x=
a
Chamamos esse valor de raiz da equação.

Podemos ter três situações:

–b Onde b e a são números diferentes de zero.


x=
a Dizemos que essa equação é possível e determinada.

–b Onde a = 0 e b ≠ 0.
x=
a Dizemos que essa equação não é do primeiro grau; logo, é impossível.

–b Onde b e a são iguais a zero.


In-Fólio/Paula Moura

x=
a Dizemos que essa equação é indeterminada.

O gráfico de uma equação do primeiro grau é uma reta.


2 FUNDAMENTOS De Matemática
37

2.3.2 Equação do segundo grau

É uma equação da forma:

Onde
ax2 + bx + c = 0 a, b e c – São números reais
a≠0

Para sua solução empregamos a fórmula de Bhaskara.

–b± b2 – 4ac
ax2 + bx + c = 0 x=
2a

Com a substituição dos valores de a, b e c na fórmula acima


encontraremos dois valores para x; eles formam o conjunto
solução da equação do segundo grau.
Dependendo do valor de Δ = b2 – 4ac, podemos ter:
Δ > 0 = Duas raízes Δ = 0 = Uma raiz Δ < 0 = Nenhuma raiz

O gráfico de uma equação do segundo grau é uma parábola, que pode ter sua
curvatura para cima ou para baixo, dependendo do valor de a. Veja a Figura 9.

Se a > 0 Se a < 0

x' x'' x x' x'' x

x' = x''
x

x' = x'' x
In-Fólio/Paula Moura

Figura 9 – Gráficos da equação de 2º grau em que x e x' são raízes da equação

O conhecimento desses pontos é importante para o estudo de qualquer gráfi-


co, bem como para mecânica dos fluidos, pois é de grande utilização na parte de
transporte e transferência de fluidos na área de petróleo e gás.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
38

Podemos classificar os triângulos quanto a medida dos lados


dele:
VOCÊ Triângulo escaleno
SABIA? Quando todos os seus três lados são diferentes
Triângulo isósceles
Quando ele possuir dois lados iguais.
Triângulo equilátero
Quando todos os seus lados forem iguais

2.4 Relações trigonométricas

Os triângulos estão em toda parte, desde a prospecção, na torre de perfuração,


nas plataformas, nos suportes dos tanques, na localização de pontos através do
GPS, de estruturas de telhados etc. Seu estudo remonta à Antiguidade, já que os
egípcios utilizavam as relações trigonométricas para fazer as medições; e bem an-
tes deles, os babilônios. É fundamental para o técnico em petróleo e gás saber tra-
balhar com essas relações trigonométricas.

2.4.1 Triângulo retângulo

O triângulo retângulo é o triângulo que possui um dos seus ângulos igual a 90º.

No triângulo da Figura 10
identificamos os lados do triângulo
retângulo; localizamos os catetos AC
e AB e a hipotenusa BC.

Para o ângulo definido entre os


catetos e a hipotenusa no ponto B
encontraremos as razões que nos
permitem trabalhar com todas as
propriedades relacionadas a um
triângulo retângulo.

Hi
po
ten
Cateto

us
a
In-Fólio/Paula Moura

A Cateto B

Figura 10 – Triângulo retângulo


2 FUNDAMENTOS De Matemática
39

Os triângulos são classificados quanto aos ângulos internos:


Retângulo
Possui um de seus ângulos internos igual a 90º.
VOCÊ Obtusângulo
SABIA? Possui dois ângulos agudos (menores que 90º) e um ângulo
obtuso (maior que 90º).
Acutângulo
Possui os três ângulos internos menores que 90º (ângulos agudos).

Seno

Seno é a razão entre as medidas do cateto oposto e da hipotenusa. Se conside-


rarmos que o nosso ângulo está localizado no ponto B, temos:

Seno

Cateto oposto AC
Seno α = Representamos assim Seno α =
Hipotenusa BC

Cosseno
Cosseno é a razão entre as medidas do cateto adjacente e da hipotenusa.

Considerando que o nosso ângulo esta localizado no ponto B, temos:

Cosseno

Cateto adjacente AB
Cosseno α = Representamos assim Cos α =
Hipotenusa BC

Tangente

Tangente é a razão entre as medidas dos dois catetos.

Tangente

Cateto oposto AC
Tangente α = Representamos assim Tg α =
Cateto adjacente AB
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
40

2.4.2 Relação fundamental

No triângulo retângulo temos uma relação fundamental, originária nos estu-


dos de Pitágoras, matemático grego, que enunciou o teorema que leva hoje o
seu nome:

O quadrado da medida da hipotenusa é igual à soma dos quadrados das


medidas de cada um dos catetos

Baseado no triângulo da Figura abaixo, temos:

BC2 = AB2 + AC2

Utilizando essa expressão, se dividirmos


cada um dos termos pela medida da
hipotenusa ao quadrado, teremos a
relação fundamental trigonométrica.

BC2 AB2 AC2


= +
BC2 BC2 BC2

AB2 AC2
+ =1
BC2 BC2

Hi
po
ten
Cateto

us
a
In-Fólio/Paula Moura

A Cateto B
In-Fólio/Paula Moura

Acompanhe na
página ao lado na
Figura 11 a Tabela
dos ângulos notáveis.
2 FUNDAMENTOS De Matemática
41

2.4.3 Ângulos notáveis

O valor desses ângulos deve ser conhecido, pois são os mais aplicados no nos-
so cotidiano (Figura 11).

Ângulos Seno Cosseno Tangente

1 3 3
30º
2 2 3

2 2
45º 1
2 2

In-Fólio/Paula Moura
3 1
60º 3
2 2
Figura 11 – Tabela dos ângulos notáveis

Casos e Relatos

Você é técnico da firma XPTO Prospecção e Perfurações S. A. e foi chamado


para dar uma palestra sobre o sistema de posicionamento global GPS.
Ao comparecer, você começou a discorrer sobre o assunto e constatou que
alguns não estavam entendendo o funcionamento básico desse processo
de localização. Para melhor esclarecer, você explicou que esse sistema se ba-
seia no princípio do triângulo retângulo; a localização é dada pelo cálculo
dos catetos. O sinal, ao ser emitido, reflete num satélite que gira ao redor da
Terra numa distância previamente estabelecida; a distância do ponto emis-
sor até o satélite é calculada em fun-
ção do tempo decorrido entre a emis-
Satélite
são e o recebimento. Como o satéli-
te está perpendicular ao centro da
Terra, e considerando a terra planifi-
cada (o que representa um pequeno
erro aceitável), cabe apenas calcular
In-Fólio/Paula Moura

o valor da distância dessa perpendi-


Terra Emissor do sinal
cular (prolongamento do satélite até
o centro da Terra) até o ponto de
Figura 12 – Representação do ângulo
emissão do sinal (Figura 12). da Terra com o satélite
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
42

2.5 Regra de três simples e inversamente proporcional

Na indústria de petróleo e gás verificamos muitas vezes que o volume de um


reservatório é dado em função de uma proporção entre o volume que está ocu-
pado e o volume total disponível. Para obtermos esse valor, empregamos uma fór-
mula chamada de regra de três.

2.5.1 Regra de três ou relação direta

É a fórmula que, dados três valores, nos permite obter um quarto valor em fun-
ção dos três fornecidos.

Exemplo

Calcular a quantidade de litros de petróleo estocados num reservatório de


24.000 litros, sabendo que ele possui estocados 40% de sua capacidade.

40
40% = = 0,40
100

Aplicando a regra de três, temos:


1 24.000 litros
0,40 y
y = 24.000 x 0,40 = 9.600 litros

2.5.2 Regra de três inversamente proporcional

Essa regra deve ser usada quando temos três valores, mas dois deles guardam
entre si um sentido de crescimento invertido, isto é, um cresce e o outro diminui.

Exemplo

A construção de uma parede é feita por 2 pedreiros em 10 dias. Se aumentar o


número de pedreiros para 5, teremos uma redução no número de dias de trabalho.

2 10
5 y

2 x 10
y= = 4 dias
5
2 FUNDAMENTOS De Matemática
43

2.6 Geometria2

A natureza apresenta-se sob diversas formas, que foram aproveitadas pelo


homem durante o seu processo evolutivo, dando origem aos mais variados ob-
jetos. Na área de petróleo e gás encontramos as figuras e formas geométricas
também sendo aplicadas, seja nas placas de advertência e avisos, seja nas estru-
turas, seja nos tanques e reservatórios, nos navios e plataformas. Esta é mais uma
das razões para que o técnico em petróleo e gás aprenda a sua importância, a
calcular o perímetro, a área e o volume, a reconhecer as formas dessas figuras e
como melhor utilizá-las (Figura 13).

In-Fólio/Paula Moura

Figura 13 – Formas geométricas

2.6.1 Formas geométricas

Como podemos ver na Figura 13, o mundo é cheio de formas geométricas, co-
mo quadrados, retângulos, trapézios, círculos e triângulos, entre outras formas.

Como reconhecê-las é a parte principal deste item (Figura 14 e Figura 15).

quadrado círculo triângulo retângulo


In-Fólio/Paula Moura

Figura 14 – Formas geométricas básicas


FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
44

2
Geometria
Número Número
Figura plana Possui ângulos retos
Geo – Terra de lados de ângulos
Metria – Medida
É a medida da Terra.
Quadrado 4 4 Sim, todos

Retângulo 4 4 Sim, todos

Pode ter
Trapézio 4 4
ângulos retos

Sim, se for quadrado


Paralelogramo 4 4
ou retângulo

Losango 4 4 –

Um, se for triângulo


Triângulo 3 3
retângulo

Hexágono 6 6 Não

Pentágono 5 5 Não

In-Fólio/Paula Moura
Não tem Não tem
Círculo Não
lado ângulo
Figura 15 – As formas geométricas e suas características

2.6.2 Cálculo do perímetro das figuras planas

O perímetro é o somatório da medida dos lados de uma figura plana.

O perímetro do quadrado é igual à soma dos quatro lados. Veja na Figura 16.

L
P = L + L + L+ L

Temos também o
semiperímetro, que é igual à
metade do valor do perímetro. L L

P = Σ medida dos lados


In-Fólio/Paula Moura

A letra grega Σ (sigma)


representa o somatório de L
diversos valores
Figura 16 – Perímetro do quadrado
2 FUNDAMENTOS De Matemática
45

2.6.3 Cálculo da área das principais figuras planas

A área é normalmente representada como o produto de duas dimensões, no


caso do quadrado e do retângulo, temos:

Área do quadrado = lado x lado A = L x L


Onde: L = Lado

Área do retângulo = base x altura


A= bxh
Onde: b = Base h = Altura

Por artifício matemático, podemos transformar algumas figuras em retângulo:

Paralelogramo

h
A=bxh

b
Observe que:
In-Fólio/Paula Moura

h 2 h 2
1 1
b b

Figura 17 – Cálculo da área do paralelogramo

Triângulo

h
bxh
A∆ =
2
b
Observe que:
In-Fólio/Paula Moura

h h

b b

Figura 18 – Cálculo da área de um triângulo


FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
46

Losango

4 1
4 1
d d
3 2
3 2

D D

D = Diagonal maior d = Diagonal menor

In-Fólio/Paula Moura
D.d
Veja que a área do losango corresponde A =
2
à metade do retângulo de base (D) e altura (d). Logo:

Figura 19 – Cálculo da área do losango

Triângulos

Qualquer triângulo em função da altura

b.h
h A=
2
A b C

Qualquer triângulo em função dos lados


B Sendo o
semiperímetro A área A é:
c a
a + b+ c A = p (p – a) (p – b) (p – c)
A b C
p=
2

Qualquer triângulo em função de dois lados Triângulo equilátero em


e do ângulo compreendido entre eles função do lado
A

B
a h a
a
h
C a H a B
A b C 2 2
In-Fólio/Paula Moura

1 a2 3
A= x ab x sen C A=
2 4

Figura 20 – Área dos triângulos


2 FUNDAMENTOS De Matemática
47

Círculo

Círculo de raio r: Círculo dividido em partes iguais.


A área do círculo
corresponde à metade
r r da área de um
retângulo de base
0
2  r e altura r

2 r x r
A = = r2
Decompondo, temos 2

In-Fólio/Paula Moura
Logo:
r
A =  r2
C= 2r

Figura 21 – Cálculo da área do círculo

Área da coroa circular ou área do anel

R
A =  R2 –  r2
r
In-Fólio/Paula Moura

0
A =  (R2 – r2)

Figura 22 – Cálculo da área da coroa circular

Área do setor circular

Sendo  a medida do ângulo central da figura


ao lado, podemos estabelecer a relação:

Acírculo 360º
=
Asetor 

A área deste setor pode ser determinada por 


uma simples regra de três. Assim: 0 R

R2 360
A 
In-Fólio/Paula Moura


A= x R2
360º

Figura 23 – Cálculo da área do setor circular

Essas são as áreas mais importantes a serem calculadas no dia a dia do técnico
em petróleo e gás.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
48

2.6.4 Cálculo de volume dos prismas e sólidos regulares

Todo volume é dado em função da área de uma figura plana multiplicada pela
altura do objeto. Para o técnico em petróleo e gás, é importante saber como cal-
cular volumes de reservatórios dos mais diversos tipos.

cubo cilindro

O volume do cubo é a área do O volume do cilindro (como os


quadrado multiplicada pela altura. reservatórios de gás) é dado pela
Volume do cubo é igual a área do área do círculo multiplicada pelo
quadrado x L = = L x L x L = L3 comprimento.

In-Fólio/Paula Moura
Vcubo = L3 Vcil =  r2 x L

Figura 24 – Figuras tridimensionais

exemplo

Dado um prisma hexagenal regular de aresta da base a e aresta lateral h, temos:

Área do O volume de um
AF = ah 2 3
hexágono regular AB = 3a prisma é igual ao
2 produto da área da
AL = 6ah base pela medida
de sua altura.
3a2 3
AT = AL + 2AB = 6ah + 2 x = 3a 2h + a 3
2 Vprisma = ABh

AF – Área de face
AL – Área lateral
AT – Área total
h
In-Fólio/Paula Moura

Figura 25 – Calculo do volume do prisma hexagonal


2 FUNDAMENTOS De Matemática
49

VOCÊ Aresta é uma reta que liga dois vértices consecutivos.


SABIA? Vértice é o encontro de duas retas formando um ângulo

Existem outros sólidos e


prismas que podem vir a
aparecer no dia a dia do
técnico em petróleo e

In-Fólio/Paula Moura
gás; entretanto, o
importante é você saber
como calcular a área e o
volume dos principais
elementos da geometria.

Recapitulando

Como você pôde verificar, os tópicos anteriormente descritos – cálculos ma-


temáticos, potenciação e radiciação, equação do primeiro e do segundo
graus, relações trigonométricas, regra de três simples e inversamente pro-
porcional, geometria – são os básicos que permitirão entender os outros ca-
pítulos e demais unidades curriculares, seja na parte da Física, seja na parte
relativa ao petróleo.
A área de frações, como dissemos, é de grande importância para a conversão
de medidas, pois muitas das máquinas e dos equipamentos de petróleo e
gás estão no sistema inglês, além das multinacionais que em suas operações
utilizam a língua inglesa para a comunicação entre os seus funcionários.
Não esqueça de dar atenção especial à parte de áreas e volumes, que será
bastante útil no caso de cálculos de reservatórios e tubulações.
Fundamentos da Física

José Mariano Soares Pinto Coelho

Figura 26 – Equipamentos de medição de pressão

No capítulo anterior fizemos uma revisão sobre os principais tópicos de Matemática; esses
tópicos permitem uma visão da sua utilidade na área de petróleo e gás, principalmente na área
de medidas. Podemos considerar a Física como sendo a Matemática aplicada, pois todos os co-
nhecimentos já aprendidos aqui serão utilizados.

Na área de petróleo e gás, a compreensão de


conceitos básicos tanto na Matemática quanto na
Física é muito importante, razão pela qual
apresentamos a seguir os principais conceitos da
Física que se aplicam a essa área. Veja quais são:
In-Fólio/Cris Marcela

Calor Força
Temperatura Leis de Newton
Pressão (Figura 26)
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
52

3
BTU 3.1 Calor
É a unidade de medida
térmica inglesa. Muito
utilizada em sistemas de
ar-condicionado

In-Fólio/José Carlos Martins


Figura 27 – Fogo gera calor – água em ebulição

Apresentamos a seguir diversas definições de calor (Figura 27).


Calor é a forma de energia que se transfere de um sistema para outro por
uma diferença de temperatura entre dois corpos
É uma forma de energia em trânsito, determinada pela diferença de
temperatura entre dois sistemas
No Sistema Internacional de Unidades, a medida de quantidade de calor Q é o
Joule (J), uma vez que calor é uma forma de energia. Outras unidades:

Caloria:
1 cal = 4,18 J
1kcal = 3,968 BTU3

Calor específico
É a medida numérica da quantidade de calor que acarreta uma variação unitá-
ria de temperatura na unidade de massa da substância.
Unidade usual de calor especifico: caloria por grama e por grau Celsius.

c = cal / g ºC

O calor específico da água é o maior da natureza na condição ambiente; esse


fato é responsável pela regulação do clima: a água troca quantidades de calor ele-
vadas, sofrendo baixas variações de temperatura em comparação com outras subs-
tâncias. Por essa razão, nas regiões onde há abundância de água não temos inver-
no muito frio nem verão muito quente.
2 FUNDAMENTOS De Matemática
53

Tipos de calor

Calor sensível
É o calor que produz apenas variação de temperatura em uma substância.
O calor sensível é calculado pela fórmula

Q = m . c ΔT

Onde:
Q = Calor sensível
c = Calor específico
ΔT = Variação da temperatura

Calor latente
È o que produz apenas mudança de estado de uma substância. A fórmula
para cálculo do calor latente é

Q=m.L

Onde:
L é calor latente de fusão Lf ou
calor latente de vaporização Lv

Capacidade térmica
É a quantidade de calor que produz na substância uma alteração de 1ºC.
Na fórmula Q = mc (t2 –t1), o valor mc é considerado a capacidade térmica
C de um corpo e é medida em kcal/kgºC.

Calor de combustão
Calor de combustão é a quantidade de calor liberada na queima de 1,0kg
de uma substância, medida em kcal/kg.

3.1.1 Lei Zero da Termodinâmica

É também conhecida como Lei do Equilíbrio Termodinâmico; essa lei permite


usar o termômetro para medir a temperatura de um corpo.
Se dois corpos estão em equilíbrio com um terceiro corpo, então esses
corpos estão em equilíbrio térmico entre si
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
54

3.2 Temperatura

É a propriedade que caracteriza a existência e o sentido do fluxo de calor.


É a medida de quanto um corpo está mais quente ou mais frio que outro corpo.
Para que possamos mensurar alguma coisa, precisamos ter pontos com que
possamos comparar; nas escalas termométricas, esses pontos são o ponto de fu-
são da água e o ponto de ebulição da água. Essas duas temperaturas, ao nível do-
mar, são sempre constantes, isto é, a solidificação da água se dá a 0ºC e a ebulição
da água se dá a 100ºC.

3.2.1 Correspondência entre as principais escalas de


temperatura

Celsius Fahrenheit Kelvin ou absoluta


5 9 K = ºC + 273
ºC = x (ºF – 32º) ºF = ºC + 32º
9 5 K = ºF + 460

VOCÊ Em Termodinâmica, nós trabalhamos sempre com a escala


térmica absoluta, isto é, temos que transformar de graus
SABIA? Celsius ou Fahrenheit para Kelvin.

3.2.2 Volume específico e densidade

O volume específico e a massa específica são propriedades em cuja definição


intervêm massa e volume. Uma é o inverso da outra.

Onde: Unidades:
v= 1 = V
ρ m v = Volume específico
v = m3/kg
ρ = Massa específica
ρ = kg/m3
V = Volume
m = Massa

A densidade (d) de um corpo é a razão entre massa e volume


deste corpo. É o que chamamos também de massa específica

Onde:
d=m ρ=m
v v d = densidade
ρ = Massa específica
2 FUNDAMENTOS De Matemática
55

3.3 Pressão

Força exercida perpendicularmente a uma superfície por unidade de área

Há dois tipos de pressão: a pressão manométrica e a pres-


são absoluta4.
VOCÊ A pressão manométrica mede as pressões acima da pressão
atmosférica. As pressões abaixo da atmosférica são obtidas
SABIA? por meio de manômetros especiais que leem a pressão em
polegadas de Hg ou mm de Hg.
Hg é a representação do símbolo do mercúrio.

3.4 Força

Temos diversas definições para força; algumas não atendem à área da Física e da
Mecânica, outras que são bastante sucintas. Nós preferimos definir força como sendo:
Uma ação capaz de alterar a velocidade ou a forma de um corpo, ou modi-
ficar o seu estado de inércia

3.4.1 Força normal (N)

É a força que age no sentido perpendicular, fazendo um ângulo de 90º com a


superfície de contato do corpo.

3.4.2 Força de atrito (FA)

É a força que se opõe ao movimento; para que exista força de atrito, deve-se ter
um corpo em contato com outro corpo ou com uma superfície. A força de atrito
pode ser estática antes do início do movimento ou força de atrito dinâmica, du-
rante o movimento.

Onde:
FAe = μe x N μe = Coeficiente de atrito
N = Força normal

3.4.3 Força de tração (σ)

A força de tração é uma força que age de dentro para fora de um corpo, ten-
dendo a aumentar o seu comprimento, apresentando uma direção, um sentido e
uma intensidade.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
56

4
Pressão Absoluta 3.5 As Leis de Newton
É o somatório da pressão
manométrica com o valor da As leis de Newton tratam da interação entre força e movimento. Estudam o que
pressão atmosférica da acontece num corpo, sujeito ou não à ação de uma força, alterando ou mantendo
localidade.
a sua situação.

3.5.1 A Primeira Lei de Newton, também conhecida como


Lei da Inércia

Um corpo permanece em repouso ou em movimento retilíneo uniforme se


nenhuma força atuar sobre ele
Essa lei diz que a força que atua sob um corpo não afeta sua situação inicial se
elas se equilibram ou se a força resultante for nula.

3.5.2 A Segunda Lei de Newton

A segunda lei expressa a relação entre força e velocidade.


Se uma força atua sobre um corpo, este adquire aceleração, modificando, as-
sim, sua velocidade; se a força for constante, essa aceleração será constante; caso
contrário, essa aceleração será variável.
A aceleração será maior nos corpos que apresentarem menos oposição ao mo-
vimento (inércia).
Verificamos que a força aplicada e a variação da velocidade são diretamente
proporcionais. Constatamos também que a força e a massa são diretamente pro-
porcionais, mas a força e o intervalo de tempos são inversamente proporcionais.
Massa de um corpo é a grandeza que nos dá a ideia da inércia que o corpo tem,
opondo-se ao movimento sob a ação de uma força.

A fórmula da força é:
Fα m . a

Onde α é o símbolo usado


de proporcionalidade

F =m.a

Sua medida é dada em newton (N), no


Sistema Internacional, ou em kg . m/s2
1 N = 1kg . m/s2
2 FUNDAMENTOS De Matemática
57

3.5.3 Terceira Lei de Newton ou Lei de Ação e Reação

Essa lei diz que a toda ação teremos como resultado uma reação de igual valor,
mas de sentido contrário.
Se um corpo A exerce uma força sobre um corpo B, o corpo B reage
em A com uma força de igual intensidade, mesma direção, mas de
sentido contrário

VOCÊ Existe diferença entre massa e peso. Peso é a força de atra-


ção exercida pela Terra sobre um corpo. Massa é a quantida-
SABIA? de de matéria.

Recapitulando

Na Física, os conceitos servem para esclarecer como os processos são elabo-


rados e o que se pode esperar deles.
O completo conhecimento dos conceitos estudados até aqui ajudaram vo-
cê a entender melhor como a natureza age e quais são os reflexos dessa ação
na sua vida.
Todos esses conceitos serão bastante utilizados nos próximos capítulos; ca-
so surja alguma dúvida, consulte-os, pois nosso maior interesse é que seu
progresso seja tranquilo.
Termodinâmica

In-Fólio/Cris Marcela

Figura 28 – Petróleo jorrando

O petróleo, ao jorrar do poço, sai com pressão e temperatura bastante altas, além de grande
quantidade de água dissolvida. Para poder retirar essa quantidade de água e devolvê-la ao po-
ço, facilitando a saída de mais petróleo, devemos provocar uma diminuição de calor e de pres-
são, facilitando a condensação da água. Esse calor pode ser devolvido ao rio ou ao mar ou trans-
formado em energia para movimentar o sistema de extração de petróleo (Figura 28).

Além da água que desejamos retirar, também há o gás que vem junto com o petróleo; gran-
de quantidade dele é queimada, devolvida ao poço ou transformada em energia. Todas essas
duas situações requerem do técnico em petróleo e gás grande conhecimento de Termodinâmi-
ca e trocadores de calor, que são os objetos de nosso estudo agora. A Termodinâmica é de vital
importância no desenvolvimento de projetos de sistemas geradores de potência, motores alter-
nativos de combustão interna e turbinas a gás.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
60

4.1 Definição de Termodinâmica

Podemos definir termodinâmica como a ciência que estuda o calor e o traba-


lho, bem como suas formas de transformação e transporte e as propriedades da
substância envolvida, seja água, vapor, petróleo ou gás. Para darmos inicio ao nos-
so estudo precisamos relembrar as leis da Termodinâmica.

4.2 Leis da Termodinâmica

O estudo dessas leis permite melhor compreensão de como é feita a passagem


do calor de um meio para o outro e como podemos aproveitá-lo dentro do pro-
cesso de extração de petróleo ou do seu refino.

4.2.1 Lei Zero da Termodinâmica

Como vimos anteriormente, essa lei permite-nos medir a variação da tempera-


tura de um corpo em comparação com outro previamente calibrado.

Se dois corpos estão em equilíbrio com um terceiro corpo, então esses


corpos estão em equilíbrio térmico entre si

Temperatura e movimento de fluxo de calor

No capítulo Fundamentos da Física, verificamos que, para que haja fluxo de ca-
lor, é necessário que haja variação de temperatura, pois o calor só se move espon-
taneamente de um corpo quente (maior temperatura) para um mais frio (menor
temperatura). O processo inverso só ocorre com a utilização de maquinas ou equi-
pamentos (Figura 29).

Q1

Caldeira T1
Q1

W M W
Bomba
Turbina Q2
In-Fólio/Cris Marcela

T2
Condensador
Q2

Figura 29 – Representação de uma máquina térmica


3 TERMODINÂMICA
61

Para verificar a medida de temperatura na Termodinâmica, utilizamos Kelvin,


também chamada de temperatura absoluta. No entanto, é mais comum termos
termômetros marcando graus Celsius ou graus Fahrenheit (Figura 30).

Correspondência entre as
principais escalas de temperaturas

Você já viu essa correspondência, mas vale a pena repeti-la.

Celsius Fahrenheit Kelvin ou absoluta


5 9 K = ºC + 273
ºC = x (ºF – 32º) ºF = ºC + 32º
9 5 K = ºF + 460

ºC ºF

100 212

37,7 100

0 32
In-Fólio/Cris Marcela

–17,7 0

Figura 30 – Termômetro nas escalas Celsius e Fahrenheit

Willian Thomson Kelvin


Nasceu em 1824 e faleceu em 1907. Engenheiro,
matemático e físico inglês cujos trabalhos contribuíram
enormemente para o desenvolvimento científico do
VOCÊ século passado. Foi um dos responsáveis pelo lançamento
SABIA? do primeiro cabo submarino através do Oceano Atlântico,
tendo sido sagrado cavaleiro pela rainha Vitória.
Publicou mais de 600 trabalhos em diversos campos da
ciência, salientando-se, entre eles, a criação da escala
absoluta de temperatura.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
62

4.2.2 Primeiro Princípio da Termodinâmica


ou Lei da Conservação da Energia

Se é fornecido calor a um sistema gasoso, essa energia recebida pode ser arma-
zenada ou pode ser utilizada na realização de trabalho.

Podemos escrever:

Q = Quantidade de calor
Q = ΔU + W ΔU = Q – W

Onde As unidades devem


W = Trabalho mecânico ser as mesmas para
Δ U = Energia interna Q ΔU e W
Kcal – Quilocaloria
Se Q > 0 Gás recebe calor de meio externo
Se Q < 0 Gás cede calor para meio externo
ΔU > 0 Aumento de energia interna do gás, temperatura aumenta
ΔU < 0 Diminuição de energia interna do gás, temperatura diminui
ΔU = 0 Não há liberação de energia nem acréscimo de temperatura; seu valor é
constante
W>0 Trabalho realizado pelo gás (expansão gasosa)
W<0 Trabalho é realizado sobre o gás (compressão gasosa)

VOCÊ Energia interna (U) é a energia térmica armazenada na


substância. Está associada à atração das moléculas.
SABIA? É o somatório da energia cinética e da energia potencial.

4.2.3 Transformações termodinâmicas

Usando a Lei dos Gases Perfeitos, podemos entender as transformações:

P1V1 P V
= 2 2 = K constante
T1 T2
Onde:
P1, V1 e T1 = Valores da pressão, do volume e da temperatura na condição 1
P2, V2 e T2 = Valores de pressão, do volume e da temperatura na condição 2

VOCÊ Chamamos de transformação uma mudança de estado de


SABIA? uma substância e o modo como isso ocorre no processo.
3 TERMODINÂMICA
63

Transformação isotérmica5 (Boyle-Mariotte)

Neste tipo de transformação, variando a pres-


são e o volume, a temperatura, energia interna, Q=W e ΔU = 0
não varia. Confira no quadro ao lado.

Se o gás ceder ou receber calor, terá que exe-


cutar ou fornecer um trabalho, fazendo com que P1V1 = P2V2
a energia temperatura permaneça constante.

A b
P
P

2 > 1
Isoterma 1
In-Fólio/Cris Marcela

V V
Figura 31 – Gráfico PV

Transformação isométrica6 ou transformação isocórica6

Neste tipo de transformação, o volume não varia; logo, o trabalho é nulo.

Onde:
W=0 e ΔU = Q
Qv = Calor cedido a volume constante
m = Massa
Qv = m . Cv . ΔT
Cv = Calor específico
ΔT = Variação de temperatura.

Essa situação ocorre em recipientes que não se deformam; embora o gás este-
ja forçando as paredes do recipiente, ele não consegue deslocar o ponto de apli-
cação, não realizando trabalho. Aplicando a Lei dos Gases Perfeitos, temos:

P1 P
= 2
T1 T2
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
64

5
Isotérmica
A b
Mesma temperatura.
P P

2
P2
6
Isométrica e isocórica

Mesmo volume.
1
P1

7
Isobárica

In-Fólio/Cris Marcela
Mesma pressão.
0 T1 T2 T(K) V

Figura 32 – Gráfico da transformação isométrica

Transformação isobárica7 (Charles-GayLussac)

Nas transformações isobáricas, não há variação de pressão; temos a produção


de trabalho e a troca de calor com o meio ambiente simultaneamente.

In-Fólio/Cris Marcela

V0

V=0 t

Figura 33 – Gráfico da transformação isobárica

Transformação isobárica

Pode ser de expansão: Pode ser de compressão:

Q>0 W>0 ΔU > Q Q<0 W<0 ΔU < Q

Onde
Qp = m . Cp . ΔT Pela Lei dos Gases
Qp = Calor cedido a pressão constante
Perfeitos, temos:
m = Massa
Cp = Calor específico V1 V2
=
ΔT = Variação de temperatura T1 T2
3 TERMODINÂMICA
65

Transformação adiabática8 (Equação de Laplace)

Nas transformações adiabáticas não existe a troca de calor com o meio ambiente.
Verifique na equação abaixo.

Q=0

E a variação da energia interna é oposta à quantidade de trabalho, conforme a


equação mostrada a seguir.

W = – ΔU

Se o gás sofre expansão adiabática, aumenta de tamanho, a variação da ener-


gia interna é negativa e o gás esfria. No caso de uma compressão adiabática, a va-
riação interna de energia é positiva e o gás aquece.

Onde:
P = Pressão
(PV)γ = constante
V = Volume
C
γ = p
Cv

Relação de Mayer
Esta relação explica o aparecimento da constante universal dos gases perfeitos,
bastante útil na área da termodinâmica – R.

Esta equação é também conhecida como Equação de Clapeyron.

n = Número de mol
PV = nRT
R = Constante

Ao fornecer uma quantidade de calor a um gás a volume constante (transfor-


mação isométrica), ocorre uma variação de temperatura diferente de quando for-
necemos a mesma quantidade de calor para um gás sob pressão constante (trans-
formação isobárica). Se levarmos um gás de uma isoterma A para outra isoterma
B por dois processos distintos, um isométrico e outro isobárico, verificaremos que
a variação da quantidade de energia interna será a mesma, tendo em vista que os
estados inicial e final serão os mesmos. Entretanto, o trabalho realizado e a quan-
tidade de calor trocado com o meio exterior irão depender do caminho a ser se-
guido do estado inicial até o estado final.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
66

8
Adiabática Assim, podemos dizer que o calor específico de
Não há transferência de calor. um gás sob pressão constante é maior que o calor Cp – Cv = R
específico de um gás a volume constante, e a dife-
rença entre esses dois valores é a constante universal dos gases perfeitos (R).

O valor calculado da variação de energia é dado


pela fórmula mostrada no quadro ao lado: ΔU = 3 n . R . ΔT
2

4.2.4 Segundo Princípio da Termodinâmica

Este princípio estabelece as condições necessárias às transformações termodi-


nâmicas. Em relação à transformação de calor, o segundo princípio estabelece que:

O calor não passa espontaneamente de um corpo de menor temperatura


(mais frio) para um outro de maior temperatura (mais quente)

4.3 Máquinas térmicas

É todo dispositivo que tem a finalidade de transferir ou transformar energia,


podendo ser na forma de calor ou na forma de trabalho.

Exemplo

Geladeiras, ar-condicionado, motores de automóvel, bombas etc.

Máquinas térmicas são


In-Fólio/Cris Marcela

aparelhos destinados a
Fonte quente
transformar a energia
calorífica em energia
Q1 mecânica.

T
Máquina térmica

Q2
In-Fólio/Cris Marcela

Fonte fria

Figura 34 – Transferência de calor


3 TERMODINÂMICA
67

Máquina de Carnot
As máquinas de vapor foram os primeiros motores térmicos. Sua fonte quente
era obtida da queima do carvão e possuíam baixo rendimento (menos de 5%).

Sadi Carnot (1796-1832) procurou melhorar esse rendimento; construiu uma


máquina que recebeu seu nome e é composta por quatro transformações, duas
isotérmicas e duas adiabáticas, alternadas; as transformações realizadas por ele
são totalmente reversíveis, sendo por isso considerado o ciclo de maior rendimen-
to possível entre duas temperaturas (T1 e T2).

Em cada ciclo as quantidades de calor Qq e Qf trocadas entre as fontes quente


e fria são proporcionais às respectivas temperaturas das fontes Qf = Tf , e seu
Qq Tq
rendimento é calculado pela fórmula:

Qf Tf
ή Carnot =1 – ou ή Carnot =1 –
Qq Tq

Esse rendimento será sempre inferior a 100%, tendo em vista que é difícil atin-
gir o zero absoluto (0K).

O Segundo Princípio da Termodinâmica, relativo às máquinas térmicas, diz:

Nenhum motor térmico consegue transformar integralmente


calor em trabalho

4.4 Sistema em malhas aberto e fechado

Para entender melhor o que é um sistema em malhas aberto e fechado, neces-


sitamos conhecer o que é sistema, meio exterior e fronteira.

Consideramos sistema todo ambiente a ser estudado e todo sistema possui


uma parte interior, a que será estudada, e uma parte exterior, que influenciará o
nosso estudo; a essa parte exterior daremos o nome de meio exterior ou apenas
exterior.

A linha que separa a parte interior da parte exterior chamaremos de fronteira


ou limite do sistema.

Agora podemos entender o que é sistema aberto ou fechado. No sistema aber-


to, temos a passagem de massa pela fronteira; no sistema fechado não há passa-
gem de massa.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
68

9
Fusão
Se formos estudar o Se formos estudar uma
Passagem da substância na conjunto, estaremos bomba, estaremos
fase sólida para a fase líquida.
estudando um estudando um
sistema fechado sistema aberto

10
Vaporização
Fronteira móvel Sistema aberto
Converter o líquido em vapor.

11
Sublimação
Fronteiras
Passar do estado sólido para o imaginárias
gasoso.
Sistema
fechado

In-Fólio/Cris Marcela
Fronteiras Fronteira
fixas reais fixa real

Figura 35 – Sistema aberto e sistema fechado

4.5 Diagramas usados na Termodinâmica

4.5.1 Diagramas de estado

A temperatura em que ocorre uma mudança de estado é função direta da pres-


são exercida sobre essa substância; para a maioria das substâncias, ao aumentar a
pressão, mais alta será a sua temperatura de mudança de estado, seja fusão, vapo-
rização ou sublimação.

Para melhor entender, no diagrama de estado uma substância é representada


por três regiões separadas por três curvas. Veja a Figura 36 na página a seguir.

Curva de fusão 9

Curva que separa as regiões dos estados sólido e líquido.

Curva de vaporização 10

Curva que separa as regiões dos estados líquido e gasoso.

Curva de sublimação 11

Curva entre as regiões dos estados sólido e gasoso.

O ponto comum às três curvas é chamado ponto tríplice da substância; ali po-
dem coexistir em equilíbrio os três estados (sólido, líquido, gasoso).
3 TERMODINÂMICA
69

P (atm)

1.000
D
100
Y
10
X C Líquido B
1

0,1
Sólido Z Gasoso
0,01 A
Ponto triplo (0,01 ºC; 0,006atm)

In-Fólio/Cris Marcela
0,001 O

–25 0 50 100 T (ºC)

Figura 36 – Diagrama dos estados sólido, líquido e gasoso

4.5.2 Diagrama de Clapeyron

Clapeyron verificou que a apresentação de uma superfície contendo todos os es-


tados de uma substância e os três eixos de pressão, volume e temperatura não era prá-
tica, causando diversas dificuldades e erros. Após diversos estudos, ele propôs que fos-
se utilizado um gráfico bem mais simples, que era a projeção da superfície anterior nos
planos, P-V, V-T e P-T, o que passou a ser chamado Diagrama de Clapeyron (Figura 37).

Diagrama p-v Diagrama t-s


p T
k
k

l v
v
l
t = Constante
p = Constante
v s
Diagrama h-s Diagrama h-p
h t = Constante h
p = Constante

k v v
t = Constante k
In-Fólio/Cris Marcela

p . t = Constante l
l
s p

Figura 37 – Diagramas PV, TS, HS, HP


FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
70

A vantagem do Diagrama de Clapeyron é que o diagrama P-V possui a proprie-


dade de sua área ser proporcional ao trabalho trocado entre o sistema fechado e
o meio exterior durante a realização da transformação.

4.5.3 Diagrama de Mollier

O diagrama de Mollier é bastante utilizado nos trabalhos em que são empre-


gadas turbinas a vapor ou caldeiras. Seus eixos coordenados são a entalpia (h) e a
entropia (s). Para empregar esse diagrama devemos utilizar tabelas de proprieda-
des do líquido saturado; no nosso caso, a água.

4.6 Ciclos térmicos

Ao projetar-se qualquer máquina, a vapor ou não, temos sempre como desejo


principal o maior rendimento possível.

Como já vimos, o Ciclo de


Carnot não permite uma
comparação bem
apurada, tendo em vista
In-Fólio/Paula Moura

que as máquinas a vapor


atuais possuem
transformações que se
afastam muito das do
Ciclo de Carnot.

Além de maior rendimento, também é desejável que a razão do trabalho seja


a maior possível; razão do trabalho é a soma dos trabalhos trocados e o seu traba-
lho positivo.

Quanto maior for essa diferença no ciclo teórico, teremos maior rendimento do
equipamento.

VOCÊ Ciclo é o que se pode repetir diversas vezes.


SABIA?
3 TERMODINÂMICA
71

4.6.1 Ciclo de Rankine

É o mais simples de todos os ciclos das máquinas a vapor. Este ciclo é o produ-
zido pela água que é aquecida e move uma turbina (máquina de expansão com-
pleta). A Figura 38 mostra um ciclo de Rankine.

3 3
A compressão isentrópica do
2
W líquido (1-2) na bomba, o
T
recebimento de calor a pressão
constante (2-3) na caldeira, a
C expansão adiabática reversível
(3-4) na turbina e a condensação
4 a pressão constante (4-1) no
condensador constituem o Ciclo
K Ideal de Rankine, que se compõe
1 de duas transformações
2 1
B isobáricas e duas transformações
In-Fólio/Cris Marcela

isentrópicas.
C = Caldeira K = Condensador
T = Turbina B = Bomba

Figura 38 – Ciclo Rankine

4.6.2 Ciclo com ressuperaquecimento

Este ciclo apresenta reaquecimento do vapor entre as turbinas, eliminando a


ocorrência de umidade e de corrosão e aumentando o seu rendimento (Figura 39).

3
O seu rendimento está
2 atrelado ao ponto da curva
3 5 Temperatura x Entropia
5
(T x s), de que valor da
temperatura sai da turbina
W
AP BP de alta pressão (AP) para o
R ressuperaquecedor (R).
4

4 4
6
In-Fólio/Cris Marcela

2 1

Figura 39 – Ciclo com reaquecimento


FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
72

4.6.3 Ciclo regenerativo

Neste ciclo, parte do vapor que sai da turbina é condensada e outra parte é uti-
lizada para reaquecer a água que vem das bombas para a caldeira, isto é, reapro-
veitamos o calor que é descarregado pelas turbinas para dar um primeiro aqueci-
mento à água antes de entrar na caldeira.

In-Fólio/Cris Marcela
Este ciclo tem rendimento maior que o de
Rankine devido ao reaproveitamento do
vapor. É muito usado para gerar energia
elétrica para cidades de médio e grande porte.

4.6.4 Ciclos das máquinas de combustão interna

Ciclo Otto

É o ciclo de funcionamento das máquinas denominadas motores de inflamação


por centelhas, também chamados de motores a explosão. Utilizam como combustível
gasolina ou gás.

O ciclo é constituído de duas transformações isentrópicas e duas transformações


isométricas. Nas máquinas que funcionam segundo o Ciclo Otto, os fatores que in-
fluem no seu rendimento são: a dosagem da mistura ar/combustível e a razão de com-
pressão, que é limitada pelas características do combustível usado no motor.

p T

3 3

4
2
4 2 5
In-Fólio/Cris Marcela

1 1 6

V2 V1 V s

Figura 40 – Gráfico do Ciclo Otto


3 TERMODINÂMICA
73

Ciclo diesel e o Sabathé

Estes são os ciclos das máquinas denominadas de motores de inflamação por


compressão; o primeiro é considerado o dos motores diesel de baixa rotação; o se-
gundo é considerado diesel de alta velocidade.

Tais motores apresentam razão de compressão elevada do ar, ao invés da com-


pressão do combustível, porque no final da compressão o ar deve estar a uma tem-
peratura acima da temperatura de inflamação do combustível para que este, em
contato com o ar, proceda à sua inflamação sem auxílio de qualquer centelha ou
outro agente externo. Veja a Figura 41 a seguir.

A taxa de compressão é
limitada não pela
detonação, como no caso
do Ciclo Otto, mas sim pela
In-Fólio/Cris Marcela

resistência dos materiais,


pois quanto maior a
compressão maior será
também a temperatura.
José Mariano Soares Pinto Coelho

Figura 41 – Motor diesel


FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
74

Ciclo joule ou Brayton

Nas máquinas alternativas de combustão interna, temos como padrão o Ciclo


Otto, o diesel ou o Sabathé. Para turbinas a gás, temos como padrão o Ciclo Joule.
O Ciclo Joule apresenta maior rendimento que o diesel, considerando a mesma ra-
zão de compressão. Numa máquina alternativa não seria viável, pois qualquer au-
mento de trabalho representaria aumento nas dimensões e no peso da máquina.

p T 3
2 3
p2

a
4
2
o

4 1
p1

In-Fólio/Cris Marcela
1
V2 V1 V s

Figura 42 – Gráfico do Ciclo Joule

Até aqui falamos sobre aumento de pressão, mas não apresentamos o que é
um compressor e como é feito esse aumento de pressão.

4.7 Compressores e turbinas

4.7.1 Compressores

O uso de compressores em uma refinaria e em plataformas de petróleo é de


grande importância, tendo em vista que os elementos obtidos desde o craquea-
mento do petróleo até a sua composição final se comportam como gases. Em to-
dos os ciclos termodinâmicos descritos temos o processo de compressão do com-
bustível. Sua principal função é comprimir o fluido – neste caso, um gás ou o ar –,
aumentando sua pressão.

A compressão de gases e vapores tem extenso campo de utilização, não só nas


indústrias como nas refinarias de petróleo e gás. O ar comprimido tem sua aplica-
ção bastante utilizada no funcionamento de máquinas e ferramentas, na partida de
motores de combustão interna, em freios de veículos ou de máquinas, na obtenção
de trabalho em processos automatizados.
3 TERMODINÂMICA
75

Tipos de compressores

Tipos de compressores

Compressor Compressor
de êmbolo com de êmbolo turboCompressor
movimento linear rotativo

Compressor Compressor Compressor Compressor


de êmbolo de membrana Radial axial

Compressor Compressor

In-Fólio/Cris Marcela
rotativo helicoidal Compressor
multicelular de fuso root
(palhetas) rosqueado

Figura 43 – Tipos de compressores

Compressores alternativos

Muito usados quando necessitamos de baixas vazões e pressões elevadas; seu fun-
cionamento baseia-se na admissão do gás na pressão e na temperatura atmosférica,
quando o êmbolo atinge a sua parte superior e quando realiza o curso, gerando des-
se modo o que chamamos de volume útil do cilindro, volume efetivo ou volume des-
locado. A seguir temos a reversão desse movimento, quando o êmbolo começa a su-
bir, comprimindo esse gás até atingir a pressão de descarga. A esse processo de des-
cida e subida do êmbolo chamamos de ciclo mecânico. Quem permite a entrada e a
saída do gás são as válvulas situadas na entrada (ou de baixa), e na saída (de alta).

A B C
In-Fólio/Cris Marcela

Figura 44 – Funcionamento de um compressor alternativo


FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
76

O volume utilizado não é pleno; por motivo de segurança, consideramos uma


pequena área superior cuja função é não permitir que o êmbolo bata na tampa do
cilindro, o que poderia danificá-lo; esse espaço é chamado espaço morto; varia de
1% a 10%, dependendo do tipo de projeto do compressor.

As temperaturas mais altas ocorrem no fim da compressão; por


isso devemos resfriar os cilindros dos compressores e utilizar
óleos lubrificantes que possuam ponto de fulgor superior a
400ºC na sua lubrificação. Não esqueça a equação de Clapeyron.
VOCÊ
SABIA? PV = n . R . T

Se P aumenta e V diminui, temos do outro lado aumento de


T para manter a igualdade.

Compressor de êmbolo

O compressor de êmbolo com movimento linear tem seu principio baseado na


redução de volumes por meio da sua compressão do ar.

Compressor de êmbolo com efeito simples

Este compressor possui apenas uma câmara de compressão por cilindro; a par-
te superior do êmbolo aspira e comprime o ar.

Compressores de duplo efeito

Tanto na subida quanto na descida do êmbolo, o compressor executa a com-


pressão.

A B C
In-Fólio/Cris Marcela

Figura 45 – Funcionamento de compressor alternativo duplo efeito


3 TERMODINÂMICA
77

Compressores de vários estágios

É muito utilizado quando necessitamos ter altas pressões. Nele, o primeiro êm-
bolo comprime e passa para o segundo, que comprime mais ainda, aumentando
a pressão já adquirida pelo primeiro êmbolo. Dependendo da pressão a ser atin-
gida, fazemos uso de um sistema de resfriamento intermediário que pode ser a
água ou a ar. Normalmente, até 4 bar usamos um único estagio; até 15, dois está-
gios; e, acima de 15, três ou mais estágios.
Vantagens obtidas com compressores de vários estágios:

Redução do trabalho recebido pelo compressor.


Redução da temperatura máxima do gás no compressor.
Acréscimo do rendimento volumétrico, comparado com o obtido no com-
pressor de simples estágio, com elevadas pressões.

Denomina-se rendimento volumétrico à


razão entre a capacidade do compressor e
o volume deslocado por minuto ou a razão
VOCÊ entre o volume de ar livre admitido por ή=
Vadm
SABIA? curso e o volume útil ou deslocado. Vútil
Se o espaço morto aumentar, teremos
diminuição nesse rendimento.

Compressores de membrana

O êmbolo fica separado do sistema a ser comprimido, isto é, das câmaras de


compressão e sucção. Esse procedimento é muito usado em áreas em que é exigi-
do grau severo de limpeza, como em laboratórios farmacêuticos, indústrias alimen-
tícias e químicas.
In-Fólio/Cris Marcela

Figura 46 – Compressor de membrana


FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
78

Compressores rotativos

Quando necessitamos de grandes vazões, utilizamos os compressores rotativos.

In-Fólio/Cris Marcela
Figura 47 – Compressor rotativo

Compressores de êmbolo rotativo

Neste processo, o ar ou o gás entra num rotor que, por diferença de volume,
provoca um aumento de pressão. Esse aumento de pressão é causado pelo fato
de o centro do rotor ser deslocado, transformando um movimento excêntrico no
rotor e por suas palhetas serem móveis. Sua vantagem é um funcionamento equi-
librado, fornecimento uniforme e livre de qualquer pulsação.

Compressores helicoidais de fuso rosqueado ou


compressor parafuso

Este compressor possui dois parafusos helicoidais, de perfil côncavo e conve-


xo, e comprime o ar conduzindo-o axialmente. Sua vantagem está na sua constru-
ção compacta e por ser isento de óleo, além de sua vazão ser contínua.

Compressor root

É um compressor
de deslocamento
rotativo usado para
trabalhos a baixa
In-Fólio/Cris Marcela

razão de pressão.

Figura 48 – Compressor tipo root


3 TERMODINÂMICA
79

Turbocompressor

A sua construção baseia-se no princípio do fluxo, isto é, na transferência de energia


cinética na sucção do ar em energia de pressão na descarga. É utilizado em instalações
que requerem grande volume de ar. Seu acionamento exige alta rotação, sendo empre-
gado em turbinas de vapor ou gás. Pode ser construído em duas versões: axial ou ra-
dial; quanto ao seu movimento, a Figura 49 apresenta os dois tipos de acionamento.

In-Fólio/Cris Marcela

Figura 49 – Turbocompressor axial

4.7.2 Turbinas

O emprego das turbinas geradoras de energia é de crucial importância para o


sistema de petróleo e gás, já que temos em mãos um dos principais componentes
químicos (o gás) usado principalmente para dar maior rentabilidade ao poço ao
invez de reinjetá-lo ou queimá-lo, poluindo o meio ambiente. Com o emprego
desse gás nas turbinas geradoras de energia elétrica, teremos maior aproveita-
mento do gás e não necessitarmos trazer energia elétrica do continente.

Turbinas a gás

Não é nosso objetivo esgotar todo o conhecimento sobre turbinas, mas sim dar
uma visão geral do que são turbinas e sua utilização. Com a crescente necessida-
de de energia elétrica, grande número de equipamentos alternativos está sendo
utilizado para fornecimento de energia.
A crescente evolução da metalurgia e da aeronáutica tem aumentado o rendi-
mento das turbinas, que dependem da temperatura final e da eficiência no esco-
amento dos gases. Utilizamos como ciclo padrão o Brayton nas turbinas a gás de
combustão contínua ou suas alterações, que podem ser introduzidas nele a fim
de melhorar o seu rendimento.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
80

Classificação das turbinas

Quanto ao seu uso, podemos classificar as turbinas em:

Fixas ou estacionárias
Locomotivas
Marítimas
Aeronáuticas

A
Vapor da caldeira

Válvula deslizante

Pistão

Cilindro

B
In-Fólio/Cris Marcela

Caldeira

Figura 50 – Tipos de turbinas


3 TERMODINÂMICA
81

Quanto à sua potência, podemos classificá-las em:

Turbina de alta pressão


Turbina de baixa pressão
Quanto ao seu fluxo, em:

Turbinas de fluxo radial


Em que a direção do fluido é radial, a de Lujungstrom.

Turbinas de fluxo axial


Em que a direção do fluxo se processa na direção do eixo do rotor, como
na maioria das turbinas usadas.

Turbina de fluxo tangencial ou helicoidal


Nesta turbina, os eixos dos expansores não são inclinados relativamente ao
plano do rotor e sim tangenciais; as palhetas móveis são substituídas por re-
cessos semicirculares abertos na periferia da roda. A vantagem desse tipo
de turbina é o fluido produzir um pouco mais de trabalho que os anteriores;
como desvantagem, temos a sua construção.

Quanto à pressão de descarga, podem ser classificadas em:

Turbina com condensação


Turbina sem condensação
No uso industrial e nas refinarias de petróleo, aparecem as turbinas de contra-
pressão, de extração e de admissão mista; o mais comum é a primeira (de contra-
pressão), em que a pressão de descarga mantida à pressão constante é aproveita-
da para ceder calor a outros processos industriais.

Funcionamento das turbinas a gás

Acompanhando a Figura 51, temos que o ar é comprimido no compressor K, rece-


be calor ao escoar para o aquecedor C, expande-se na turbina T e resfria-se no pré-res-
friador P, retornando ao compressor. Este ciclo é fechado, pois começa no compressor
e acaba no compressor. Se retirarmos o resfriador e deixarmos o ar sair diretamente da
turbina para o ambiente, teremos um sistema aberto. Se acrescentarmos um regene-
rador R na saída da turbina, quando o ar na saída do compressor K tiver uma tempe-
ratura menor que a da saída da turbina terá aumento no rendimento da turbina sem
alterar os trabalhos trocados tanto na turbina T quanto no compressor K.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
82

3 3

2 W
K T

2 1 1
B

B" Q B'

h
3
b

p2
4

a
p1
2

1
In-Fólio/Cris Marcela

s
Figura 51 – Turbina a gás – ciclo

A desvantagem apresentada pelas turbinas de circuito fechado, quando com-


paradas às de circuito aberto, tem origem na complexidade e no custo da instala-
ção, além da queda de rendimento decorrente da utilização de um aquecedor ao
invés de uma câmara de combustão.

Essa desvantagem é compensada em parte por possibilitar a utilização de ga-


ses cuja razão entre os calores específicos seja maior que a do ar; a expansão de
gás limpo na turbina, que não recebe os produtos de combustão, o emprego de
pressões elevadas, sem a exigência de grandes razões de pressão, o que reduz as
dimensões de todas as partes da instalação, podendo operar com cargas parciais
sem perda de rendimento térmico.
3 TERMODINÂMICA
83

Na comparação das turbinas a gás com o motor diesel, devemos destacar que a
resistência dos materiais tem grande influência no projeto das turbinas, se compara-
da à de motores diesel, já que as altas temperaturas na combustão em motores die-
sel atuam em pequenos intervalos de tempo, enquanto as turbinas estão sujeitas às
altas temperaturas, o que obriga a construção de suas palhetas com ligas de cobalto,
cromo e níquel. Existem diversos tipos de turbinas, como a de impulsão ou de Laval,
a turbina Curtis, a turbina de Rateau e a de reação; a seguir trataremos apenas da tur-
bina de impulsão, pois todas as outras decorrem do seu processo de utilização.

Turbinas simples de impulsão ou turbina de Laval

Ela é constituída de um expansor ou bocal de expansão e de uma coroa de pa-


lhetas P; o vapor se escoa pelos canais móveis da turbina, canais estes formados pe-
los intervalos entre duas palhetas. Elas convertem toda a energia disponível em ener-
gia cinética antes das pás do rotor. O jato de vapor é recebido nos canais que estive-
rem em frente à boca do canal expansor, provocando a movimentação do eixo da
máquina; esse procedimento recebe o nome de injeção parcial ou admissão parcial.

A turbina de estágios múltiplos é formada de estágios associados em série, em


que a queda de pressão total do fluido é fracionada em etapas ou estágios, ocorren-
do a queda de pressão em cada ordem de bocais. O rendimento das palhetas é da-
da pela razão entre o trabalho das palhetas, obtido por meio do diagrama de velo-
cidades, e a energia cinética do fluido na saída dos bocais, nunca atingindo 100%.

Vimos até agora o que é uma turbina e como pode ser usada no sistema de pe-
tróleo e gás, mas a turbina só será útil se tivermos como criar o seu elemento vital,
que é o vapor. Esse será o objeto do nosso próximo estudo, que tratará da trans-
missão de calor e da geração de vapor.

Recapitulando

O capítulo de Termodinâmica é básico para que consigamos entender o fun-


cionamento do motor do nosso carro e da turbina de um avião, além do fun-
cionamento de compressores.
No próximo capítulo, Transmissão de Calor, permite-nos entender por que
sua utilização na área de petróleo e gás é primordial, já que temos não só o
calor do petróleo, na extração, e o gás como elementos secundários.
Transmissão de calor

In-Fólio/José Carlos Martins

Figura 52 – Lâmpadas incandescentes transmitem calor

A área de petróleo e gás sofre grande influência da Termodinâmica e da transmissão de ca-


lor, principalmente na área de refino, obtenção dos produtos de petróleo, e a de energia elétri-
ca, tão necessária nos locais de perfuração.

Para tanto devemos entender o que é calor, como ocorre a transferência dessa energia para
os outros corpos e sua importância na área de trocadores de calor e de geração de vapor.

5.1 Calor

A capacidade da água de absorver ou ceder calor tem importância crucial nas consequên-
cias ambientais.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
86

5.1.1 Transmissão de calor

A transferência de calor do corpo mais quente para o mais frio pode ser efetu-
ada de três maneiras:

 Por condução
 Por convecção
 Por radiação
Os dois primeiros dependem do material; o terceiro é uma transmissão por meio
de ondas eletromagnéticas.

Estudaremos cada um desses casos e sua influência na área de petróleo e gás.

Condução

É a transmissão de calor por meio sólido, liquido ou gasoso; isto é, ao aquecer


as moléculas de um material ele é transmitido às moléculas mais próximas, e as-
sim por diante.

Dependendo da constituição atômica desse material, essa agitação térmica po-


de ter velocidade maior ou menor; por exemplo, o material ferro tem agitação bem
mais rápida que a porcelana, o ar, isopor, de agitação bem menor. Assim, quanto
mais rápido se movem as moléculas, maiores serão a temperatura e a energia in-
terna do elemento.

A Calor

Baixa
Alta
temperatura
temperatura
In-Fólio/Cris Marcela

Figura 53 – Transmissão de calor por condução


4 TRANSMISSÃO DE CALOR
87

A maior parte do calor é transmitida por esse processo.

Se considerarmos dois corpos (1 e 2), com temperaturas T1 e T2, sendo T2 > T1


e unirmos esses dois corpos, teremos a transmissão de calor por condução do cor-
po 2 para o 1. Esse fluxo de calor que será transferido do corpo 2 para o corpo 1
por unidade de tempo fará ocorrer um aumento na temperatura do corpo 1 até
atingir a temperatura de equilíbrio.

Esse fluxo será dado por Ф =  Q/Δt, onde Ф (fi) é o fluxo de calor através da
seção, Q é o calor transferido e t é a variação de tempo. Para determinar o flu-
xo de calor usamos esta fórmula:

Onde
K x A x (T2 – T1)
Ф= K = Condutibilidade térmica do material
L
A = Área da seção através da qual o calor flui por
condução, medida perpendicular à direção do fluxo

ΔT = T2 – T1 L = Distância ou comprimento da barra

Tabela de condutividade térmica

ELEMENTO w/m . K kcal/s . m . ºc

Prata 406 0,097


Cobre 385 0,092
Ouro 317 0,076
Alumínio 205 0,049
Chumbo 34,7 8,3 x 10-3
Titânio 21,9 5,2 x 103
Ferro 80,2 0,019
Aço carbono 50 0,012
Aço inox 14 3,3 x 10–3
Ar 0,024 5,7 x 10–6
Hidrogênio 0,14 33 x 10–6
Gelo a 0ºc 2,2 0,53 x 10–3
Amianto 0,09 22 x 10–6
Vidro 0,6 – 0,8 0,14 x 10–3 – 0,19 x 10–3
Concreto 0,8 0,19 x 10–3
Baquelite 1,4 0,33 x 10–3
Madeira 0,04 – 0,26 9,6 x 10–6 – 62 x 10–6
Cortiça 0,04 9,6 x 10–5
Aerogel 0,003 0,7 x 10–5
Mylar 0,0001 0,02 x 10–6
Obs.: Os gases estão em condições normais de temperatura e pressão.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
88

Convecção

Este processo de transmissão de calor ocorre apenas nos líquidos e gases. O calor
se move dentro do próprio fluido que o recebe; esse processo explica a propagação
de incêndio quando está localizado num ponto e logo depois aparece em outro.

Q = h x A (Tf – Ti)

Onde
h = É o coeficiente de transferência
de calor dado em W/m2ºC

IrRadiação

Este é o processo de transmissão de calor usado pelo calor do Sol que chega à
Terra; sem esse calor não poderia existir vida no nosso planeta.

Esse processo não usa meio material intermediário ocorre no vácuo; sua pro-
pagação é por meio de ondas eletromagnéticas ou por meio de fótons. Seu pro-
cesso real tem falhas; entretanto, a sua velocidade de propagação é grande, da
ordem da velocidade da luz c.

In-Fólio/Cris Marcela

Figura 54 – Transmissão de calor por radiação

VOCÊ A radiação é um processo que predomina em temperaturas


mais elevadas, acima de 500°C. Nas caldeiras, a transferência
SABIA? de calor por radiação ocorre na área irradiada da fornalha.
4 TRANSMISSÃO DE CALOR
89

5.2 Trocadores de calor

Trocador de calor é um dispositivo que efetua a transmissão de calor de um flui-


do para outro. O tipo mais simples é um recipiente no qual um fluido quente e um
frio são misturados; nesse caso, os dois fluidos atingem a mesma temperatura e a
quantidade de calor pode ser estimada considerando que o fluido de temperatu-
ra mais quente perde calor, cedendo ao fluido de temperatura mais fria até igua-
lar as temperaturas, quando o fluxo de calor para. Como exemplo temos os con-
densadores a jato e os aquecedores de água de alimentação aberta.

Os mais comuns são os trocadores de calor nos quais um fluido é separado do


outro por uma divisória ou um percorre uma tubulação enquanto o outro fica ex-
terno. Um exemplo desse tipo de trocador é o trocador de tubo em tubo e o de
carcaça e tubo. Essas unidades oferecem a vantagem de permitir grandes áreas de
troca de calor em pequeno espaço.

Os projetos de engenharia para trocadores de calor com uso em áreas de pe-


tróleo e gás requerem um grande conhecimento, tendo em vista a grande abran-
gência de serviços e o tipo de material requerido – contra corrosão. Nesse tipo
de análise, a seleção requer um estudo térmico para determinar se uma unidade
padrão atende no tamanho, podendo ou não satisfazer os requisitos de aqueci-
mento ou resfriamento do fluido; a manutenção e o espaço requerido também
influem na sua seleção.

5.2.1 Tipo de trocador de carcaça e tubo


José Mariano Soares Pinto Coelho

Figura 55 – Trocador de calor de carcaça e tubo


FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
90

Neste trocador, um dos fluidos penetra no tubo (mais quente) e o outro (mais
frio) fica externamente, dentro da carcaça que envolve os tubos.

Podemos ter trocadores de passe simples, se ambos os fluidos atravessam o tro-


cador de calor apenas uma única vez; de correntes paralelas, se ambos os fluidos
correm na mesma direção; e de correntes opostas ou contra corrente, no caso em
que os fluidos correm em direções opostas (este trocador apresenta maior gra-
diente de troca de calor que o anterior).

Nelson de Moraes Leandro


Figura 56 – Condensador de ar condicionado

5.2.2 Trocador de corrente cruzada

Ganha esse nome quando o fluido que faz o resfriamento e o fluido a ser resfria-
do fazem entre si um ângulo de 90°. É muito usado em sistemas de resfriamento de
ar-condicionado ou de turbinas regeneradoras, que recuperam parte da energia
dos gases na saída das turbinas. A quantidade de calor trocada entre o fluido mais
quente e o mais frio varia em função do caminho percorrido, e sua temperatura de-
pende da diferença de temperatura dos fluidos quente e frio em cada seção.

5.3 Geração de vapor

A geração de vapor hoje está presente em uma infinidade de processos e seg-


mentos industriais, desde a geração de energia elétrica até a área de petróleo e
gás. Trata-se de um processo bem antigo, que veio sofrendo modificações objeti-
vando melhor rendimento e aproveitamento (Figura 57).

O processo de geração de vapor hoje é o meio mais econômico de transferir ca-


lor com fins industriais, podendo inclusive realizar trabalhos mecânicos.
4 TRANSMISSÃO DE CALOR
91

In-Fólio/José Carlos Martins

Figura 57 – Máquina térmica – geração de vapor (Tiradentes-MG)

5.3.1 Vapor

O vapor é a água no estado gasoso. A mudança de estado é proporcionada pelo


efeito direto do calor e inverso da pressão. Quanto maior for a pressão, mais eleva-
da será a temperatura de vaporização da água e mais energia o vapor transportará
pelas moléculas de água que o constituem. Ao condensar a energia que as molécu-
las absorveram para passar para a fase de vapor, ela é liberada para o meio, resultan-
do aí na transferência de energia na forma de calor. Veja a Figura 58 a seguir.

F1
F2
F3

F4 F5
F6
In-Fólio/Paula Moura

Vapor Líquido sólido

Figura 58 – Passagem de vapor para sólido em função da pressão


FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
92

Vantagens do vapor d’água:

Alto poder de armazenamento de energia sob forma de calor.


Transferência de calor à temperatura constante.
Uso em diversas pressões e faixas de temperatura.

In-Fólio/Paula Moura
Geração possível em equipamentos com alta eficiência.
Fácil distribuição e controle.
Matéria-prima de baixo custo e farto suprimento.

O vapor pode ser vapor saturado e vapor superaquecido.


Vapor saturado é um vapor obtido diretamente da vaporização da água; ainda
apresenta gotículas de água em seu interior. Normalmente a sua temperatura fica
próxima a 100°C.
O vapor superaquecido é quando o vapor da água recebe uma outra quanti-
dade de calor, eliminando as últimas gotículas ainda existentes no interior do va-
por. Seu uso se dá em turbinas ou para gerar trabalhos mecânicos.

5.3.2 Caldeiras

Caldeira é o equipamento que recebe água líquida como matéria-prima e trans-


forma, pela adição de energia calorífica, em vapor visando ao seu uso em um pro-
cesso. As caldeiras são os equipamentos utilizados para gerar vapor, podendo es-
te vapor ser saturado ou superaquecido, dependendo da sua utilização futura.

Vapor

Água

Espelhos

Circulação da água

Circulação de gases
Fornalha
In-Fólio/Paula Moura

Figura 59 – Funcionamento de uma caldeira aquatubular


4 TRANSMISSÃO DE CALOR
93

Face ao perigo existente, seu projeto, sua operação e manutenção são fiscali-
zados pelo Ministério do Trabalho, que regulamenta todas as operações envolven-
do vasos de pressão e caldeiras no Brasil.

In-Fólio/Paula Moura
Podemos ter dois tipos de caldeiras a combustão:

Caldeiras fogotubulares ou flamotubulares.


Caldeiras aquatubulares.

As caldeiras fogotubulares são equipamentos em que o fogo e os gases quentes


da combustão circulam no interior dos tubos e a água a ser vaporizada circula pelo
lado de fora. A água e os tubos estão contidos numa carcaça de aço. Os tubos po-
dem ser verticais ou horizontais, dependendo da forma construtiva da caldeira; es-
sas caldeiras têm o emprego de 40 a 150t/h a uma pressão máxima de 16kg/cm2.

900 538ºC Vapor superaquecido


427ºC
800
315ºC Calor absorvido
700 no superaquecedor
Valor saturado
600
Calor absorvido na caldeira Pressão crítica
500 (necessário à vaporização) Calor absorvido
Entalpia no economizador
kcal/kg 400 Água de alimentação
Água saturada a 190ºC
300
Calor absorvido no
preaquecedor
200 Condensado (entalpia
média 30 kcal/kg)
In-Fólio/Paula Moura

100

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220

Pressão (kgf/cm2)

Figura 60 – Gráfico do efeito da pressão na absorção de calor

1
0,9
0,8
0,7
Diferencial de
0,6
densidade
Densidade 0,5
0,4
Pressão crítica
0,3
0,3
0,1 Água saturada
In-Fólio/Paula Moura

0
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225

Pressão (kgf/cm2)
Figura 61 – Variação da intensidade conforme a pressão
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
94

As caldeiras de água tubulares ou paredes d’água são equipamentos em que a


água passa por dentro dos tubos que são envolvidos pelas chamas e gases de com-
bustão. Sua produção de vapor pode atingir mais de 200t/h, e sua pressão pode
atingir até 300kgf/cm2. Como exemplo, caldeiras para 5t de vapor/hora, de uso in-
dustrial, são aquatubulares.

Conforme a pressão de trabalho e a produção de vapor requerido, pode-se clas-


sificar as caldeiras em:

Caldeiras de baixa pressão


Normalmente flamotubulares, apresentando baixa produção de pressão.

Caldeiras de média pressão


Podem ser dos dois tipos:
Caldeiras flamotubulares ou aquatubulares.

Caldeiras de alta pressão (maiores que 42kgf/cm2)


São do tipo aquatubular, apresentando alta produção de vapor.

Nosso elemento principal é a água que será transformada em vapor.

O controle de combustão e das boas condições de


VOCÊ desempenho do equipamento, efetuado por meio de
SABIA? balanço térmico, faz com que as caldeiras proporcionem até
90% de eficiência.

Recapitulando

Neste item nós tratamos de como é transmitido o calor, sua transformação em


vapor, sua obtenção das caldeiras e os outros elementos que compõem um sis-
tema de geração de vapor, mas não falamos de como o fluido se comporta, qual
o tipo de escoamento e qual a sua velocidade dentro das tubulações. Esse será
o objeto da Mecânica dos Fluidos, matéria que será estudada no próximo item.
5 MECÂNICA DOS FLUIDOS
95

Anotações:
Mecânica dos fluidos

José Mariano Soares Pinto Coelho

Figura 62 – Líquidos e gases: a diferença entre a resistência e a compressão

A Mecânica dos Fluidos é a parte responsável pelo entendimento de como o fluido se com-
porta, seja ele gás ou líquido, já que possui uma propriedade comum: fluir facilmente.
Seu emprego dentro do sistema de petróleo e gás vai desde os reservatórios até a transferên-
cia dos produtos, sejam eles gases, petróleo bruto ou produto final. O conhecimento da mecâni-
ca dos fluidos permite desde a seleção de bombas e tubulações até a perfeita compreensão de co-
mo age o fluido dentro da tubulação. A grande diferença entre líquidos e gases é que os líquidos
oferecem grande resistência à compressão, enquanto os gases são facilmente compressíveis.

6.1 Características dos fluidos

6.1.1 Peso específico ()


P
= V
É a razão entre o peso de uma substância e uma unidade de volume.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
98

Relação entre peso específico e massa específica

Como peso é a massa multiplicada pela aceleração da gravidade, temos:

P mg
= V
=
V

P m
= V
=
V
g

m
O termo é chamado de ; logo, temos:
V

 = g

Densidade relativa

É a razão entre a massa de um dado volume de substância a uma temperatura


T1 e a massa de igual volume de água a uma temperatura T2.
A água tem maior peso especifico a 4ºC, mas a ISO recomenda que seja usada
a 20ºC; a API recomenda a 15ºC.
Quando não houver indicações, a temperatura de referência será 4ºC.

μsubst
d=
μH2O

Substância  (kg/m3)  (g/cm3)


Alumínio 2,7 . 103 2,7
Ferro 7,9 . 103 7,9
Chumbo 11,3 . 103 11,3
Platina 21,5 . 103 21,5
Álcool 0,79 . 103 0,79
Água 1,0 . 103 1,0
In-Fólio/Cris Marcela

Azeite 0,92 . 103 0,92


Mercúrio 13,6 . 103 13,6
Figura 63 – Tabela de massa específica
5 MECÂNICA DOS FLUIDOS
99

6.1.2 Pressão

É a força aplicada sobre uma superfície de área S.

F
P=
S

Pressão em fluidos – Lei de Stevin

A Lei de Stevin fornece a diferença de pressão entre dois pontos quaisquer de um


líquido em equilíbrio; é diretamente proporcional ao desnível vertical entre eles.
A diferença de pressão entre dois pontos de um líquido em equilíbrio é igual
ao produto da diferença entre os dois níveis pelo peso específico do líquido
(ou pela massa específica do líquido e a aceleração da gravidade)

P2 – P1 = h .  g

Se estiverem situados no mesmo nível horizontal, a diferença de potencial se-


rá igual a zero. Podemos dizer que:
Dois pontos situados no mesmo nível de um líquido em equilíbrio suportam
a mesma pressão

Δ p = dg Δ h
A diferença de
pressão entre os
pontos A e B,
pA A Δp = PB – PA, é
diretamente
proporcional ao
Δh desnível vertical
entres esses pontos

B
pB
In-Fólio/Cris Marcela

Figura 64 – Lei de Stevin


FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
100

Pressão em um ponto de líquido em equilíbrio

Para determinar a pressão de um ponto A em


um líquido em equilíbrio, fazemos com que a P2 – P1 = h .  g
pressão 1 seja igual à pressão atmosférica
Substituindo P1 por Patm, temos:

P2 – Patm = h .  g

A força que um líquido exerce sobre o fundo de


um reservatório independe de sua forma; F = (Po + h .  g) S
depende apenas da altura do líquido
Baseado nessa frase é que podemos calcular a resistência de barragens e hidre-
létricas.

Equilíbrio de um líquido em vasos comunicantes

A altura alcançada por um líquido em diversos vasos comunicantes é a


mesma, qualquer que seja a forma ou seção do ramo

Pa = Pb

Po + h . μ g = Po + h .  g In-Fólio/Cris Marcela

Figura 65 – Vasos comunicantes


5 MECÂNICA DOS FLUIDOS
101

Equilíbrio de dois líquidos imiscíveis12 em dois vasos


comunicantes

Esta situação costuma acontecer muito na área de petróleo e gás, principalmen-


te nos casos de vazamento.
Dois líquidos imiscíveis em equilíbrio em dois vasos comunicantes atingem
as alturas inversamente proporcionais às suas massas específicas

h1 . 1 = h2 . 2

Teorema de Pascal

Os líquidos transmitem integralmente as pressões que suportam


Sua aplicação prática está em prensas hidráulicas e em freios hidráulicos.

F1
P=
S1

Temos:

F1 F
= 2
S1 S2

Teorema de Arquimedes

Todo corpo mergulhado em um líquido fica submetido à ação de uma


força vertical, orientada de baixo para cima, de módulo igual ao peso do
líquido deslocado, cujo suporte passa pelo ponto onde se encontrava o
centro de gravidade do líquido deslocado
E = empuxo13, e é igual a:

E = VdLíquido . g

Onde:
dLíquido = Densidade absoluta do líquido
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
102

12
imiscíveis Corpos imersos
Não misturáveis.
Todo corpo mergulhado sofre a ação de duas forças: o peso e o empuxo exer-
cido pelo líquido.
13
empuxo a) Quando o peso é maior que o empuxo:

Empurrar um corpo de baixo


para cima.

F=P–E

b) Quando o empuxo é maior que o peso:

F=E–P

c) Quando o empuxo é igual ao peso:


O corpo ficará em equilíbrio no interior do líquido, qualquer que seja a posição
em que se encontra.

F=0E=P

Pa

Pr
In-Fólio/Cris Marcela

Figura 66 – Empuxo
5 MECÂNICA DOS FLUIDOS
103

6.2 Dimensionamento de Tubulações – Hidrodinâmica

Hidrodinâmica é o estudo do fluxo de um fluido.


Nesta parte estudaremos as propriedades do fluido em movimento.

6.2.1 Fluido ideal

Consideramos fluido ideal aquele que é incompressível, tem densidade cons-


tante, não apresenta viscosidade14 – em que não existe atrito entre as partículas
do fluido nem entre ele e as paredes do recipiente no qual se move.

6.2.2 Equação de continuidade15

A velocidade do fluido é inversamente proporcional à área da seção

d1
d2

Demonstrando a equação da continuidade


A velocidade do fluido é inversamente proporcional à área da seção:
quanto menor a área, maior será a velocidade do fluido.
Acompanhe na figura:

d1 A1
A1 d2

V1 V2

Partindo da igualdade entre o volume V1 de fluido que entra e o


volume V2 que sai, num certo intervalo de tempo ∆t:

V1 = V2  A1 . d1 = A2 . d2

v1 e v2 = Velocidades do fluido nas seções (1) e (2)


Então:

d1 = v2 . ∆t e d2 = v2 . ∆t

De modo que:
In-Fólio/Cris Marcela

A1 . v1 . ∆t = A2 . v2 . ∆t  A1 . v1 = A2 . V2

v2 > v1 na mesma proporção que A1 < A2

Figura 67 – Equação da continuidade


FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
104

14
Viscosidade 6.2.3 Vazão volumétrica
Apresenta visco ou que é
pegajoso, gruda. É o produto entre a velocidade e a área através de uma tubulação e a quanti-
dade de volume de fluido que passa num ponto pela unidade de tempo.

15
Continuidade

Quando não há interrupção Vazão


de movimentos.
Vazão de um fluido é a razão entre o volume de um fluido escoado em
certo tempo e o intervalo de tempo considerado

Q= V Q=v.s
t

Onde: Onde:
Q = Vazão v = Velocidade
V = Volume s = Área
t = Tempo

Concluímos que:

V=s.v.t

6.2.4 Equação de Bernoulli

A equação de Bernoulli esclarece que quando um fluido ideal está em movi-


mento temos sempre uma relação constante entre as três grandezas: pressão, ve-
locidade e altura.

( . v2)
P= + h .  . g = constante
2
B
V

Fluido em
movimento Tubulação

h
In-Fólio/Cris Marcela

Figura 68 – Equação Bernoulli


5 MECÂNICA DOS FLUIDOS
105

A relação entre pressão e velocidade em um fluido permite verificar quando o flui-


do se desloca no trecho A e B da Figura 68, pois em A temos uma vazão e em B temos
a mesma vazão; isso só poderia ocorrer caso tivéssemos aumento de velocidade de A
para B; esse aumento é causado por um aumento de pressão no trecho A.

6.2.5 Viscosidade

Dissemos anteriormente que o fluido ideal não tem viscosidade, mas isso não
é o que ocorre na realidade; a viscosidade está sempre presente nos líquidos, on-
de é grande, principalmente nos óleos e no petróleo, tem valor intermediário na
água e pequeno nos gases.
A viscosidade pode se manifestar de três modos ao causar atrito:

Entre as partículas do fluido.


Entre o fluido e as paredes do recipiente.
Entre os objetos que se movem no fluido.
O atrito de um fluido com a parede do recipiente no qual escoa é importante,
pois sem atrito a velocidade e a pressão seriam constantes ao longo das seções do
recipiente; além disso, por causa dele temos uma variação da velocidade, sendo
máxima no centro e igual a zero próxima as paredes; e mais: ele provoca a dimi-
nuição da pressão ao longo do tubo.

6.2.6 Teorema de Torricelli

Se efetuarmos um orifício no reservatório e se esse orifício se encontrar a uma


profundidade h abaixo da superfície livre do líquido, a velocidade de escoamento
do líquido será dada por:

v= 2 g.h

Se multiplicarmos essa equação pela área, teremos a vazão do fluido que sai
pelo orifício.

Q=S.v=S 2 g.h
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
106

Valores orientativos para velocidade em tubulações:


De água sob pressão: 15 a 30m/s
De água de condensação: 1 a 2m/s
De água de alimentação de caldeiras (recalque): 0,5 a 1m/s
De água de alimentação de caldeiras (sucção): 1,5 a 3,5m/s
VOCÊ De água para resfriamento (sucção): 0,7 a 1,5 m/s
SABIA? De água para resfriamento (recalque): 1 a 2m/s
De vapor com vapor saturado: 20 a 40m/s
De vapor com vapor superaquecido: 30 a 50m/s
De óleo: 1,5 a 2m/s
De ar comprimido (ar a 15ºC e 1 atm): 25m/s
Fonte: Tubulações – DLP. PUC-SP, de Remi Benedito Silva.

6.3 Escoamento

Quando estudamos o escoamento de um fluido, temos uma infinidade de par-


tículas, o que torna quase impossível descrever cada uma delas separadamente.
No caso da velocidade, podemos expressar como:

Vx = f (x, y, z, t)

Vy = g (x, y, z, t)

Vz = h (x, y, z, t)

Onde:
Vx = Velocidade no eixo x
In-Fólio/Paula Moura

f = Função com os parâmetros x, y, z, t, na


qual representamos a velocidade como
função dos eixos de coordenadas X, Y e Z.

Se as propriedades e características
do escoamento, em cada posição
no espaço, permanecerem
invariáveis com o tempo,
chamaremos de escoamento
permanente ou estacionário.
No caso de o escoamento
depender do tempo, chamaremos
de escoamento não permanente
ou transitório ou transiente.

A alteração de um dos referenciais espaciais transforma um escoamento não


permanente em permanente, o que facilita bastante os nossos estudos.
5 MECÂNICA DOS FLUIDOS
107

6.3.1 Escoamento unidimensional e bidimensional

Escoamento unidimensional

Esse escoamento é considerado uma simplificação, em que as propriedades e


características do escoamento são expressas como função do espaço e do tempo.
Normalmente os escoamentos em tubos e condutos jamais são verdadeiramente
unidimensionais, porque a velocidade varia.

A variação da seção transversal do recipiente não é grande.


A curvatura das linhas de corrente não é excessiva.
O perfil de velocidade não tem uma alteração apreciável ao longo do conduto.

In-Fólio/Cris Marcela

Perfil Perfil
unidimensional real

Figura 69 – Escoamento unidimensional

Escoamento bidimensional

É distinguido pela condição de que todas as propriedades e características de es-


coamento são funções de duas coordenadas cartesianas – digamos x, y – e o tem-
po. Em um problema real, o escoamento bidimensional é feito sobre todo o perfil.

Leis físicas básicas aplicadas à Mecânica dos Fluidos

Todas as leis de Mecânica são escritas para um sistema no qual consideramos


a massa como tendo valor fixo, e tudo ao seu redor chamamos de vizinhança; a li-
nha limite que separa o sistema da vizinhança chamamos de fronteira (veja Siste-
mas de malha aberta e fechada, no item 4.4 do Capítulo 4 – Termodinâmica). Co-
mo a massa é uma quantidade fixa, temos a validade da Lei de Conservação da
Massa na Mecânica dos Fluidos.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
108

Se a vizinhança exercer força sobre o sistema, verificaremos que a massa ganha


aceleração, pela Segunda Lei de Newton, que na Mecânica dos Fluidos chamare-
mos de relação da quantidade de movimento linear. Como nosso movimento atin-
ge os três eixos (X, Y e Z), essa lei será vetorial.

Fluxo laminar

Fluxo turbulento

In-Fólio/Cris Marcela

Figura 70 – Tipos de escoamento


In-Fólio/Paula Moura

Na Figura 70 verificamos a
passagem do movimento
laminar para o movimento
turbulento num fluido.

6.3.2 Escoamento laminar

É o movimento do fluido que se move em camadas, lâminas, uma escorregan-


do sobre a outra, devido à viscosidade, que age no sentido de amortecer a tendên-
cia ao surgimento de turbulências. Este tipo de escoamento ocorre a baixa veloci-
dade e em fluidos com grande viscosidade.
5 MECÂNICA DOS FLUIDOS
109

6.3.3 Escoamento turbulento

É o tipo de escoamento em que o fluido descreve trajetórias irregulares, com


movimentos aleatórios, com a velocidade apresentando componentes transver-
sais ao movimento geral do fluido.
Este tipo de escoamento é muito comum na água, pois ela apresenta viscosi-
dade baixa.
Este movimento apresenta as seguintes características:

Irregularidade
Difusibilidade 16

Altos números de Reynolds


Flutuação tridimensional (vorticidade) 17

Dissipação de energia
No regime turbulento, a troca de energia no interior do escoamento resulta em
tensões maiores, dissipando energia por atrito viscoso.
A viscosidade turbulenta não é propriedade termodinâmica do fluido e sim das
condições de escoamento.

6.3.4 Número de Reynolds (Re)

O número de Reynolds é um número adimensional usado para cálculo de regime


de escoamento em projetos de tubulações industriais e da área de petróleo e gás.
Sua representação é o quociente entre as forças de inércia e as forças de visco-
sidade.

Número de Reynolds em tubulações


Re < 2.000 = Escoamento laminar
2.000 < Re < 2.400 = Escoamento de transição
Re > 2.400 = Escoamento turbulento

D
Re = ρ . v . μ

Onde:
ρ = Massa específica do fluido
μ = Viscosidade dinâmica do fluido
v = Velocidade do escoamento
D = Diâmetro da tubulação
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
110

16
Difusibilidade A importância fundamental do número de Reynolds é poder analisar a estabi-
Espalhar-se, propagar-se, lidade do fluxo do fluido indicando o tipo de escoamento, além de permitir a mon-
transmitir. tagem de modelos. Podemos dizer que dois sistemas são dinamicamente seme-
lhantes se eles possuírem o mesmo número de Reynolds.

17
Vorticidade
6.3.5 Cálculo do diâmetro da tubulação
Redemoinho.

Onde:
d = Diâmetro interno em polegadas
193,2 . Q2 . V Q = Vazão em t/h
d= x 0,1875
DP100 V = Volume específico em m3/kg
DP100 = Perda de carga em kgf/cm2
por 100m de tubulação

Fórmula válida para escoamento laminar

6.3.6 Cálculo da velocidade de escoamento

Um dos pontos principais na obtenção de informações sobre como o movimen-


to irá interferir no escoamento vem do cálculo da velocidade, que é obtida pela
fórmula a seguir:

Onde:
v = Velocidade de escoamento em m/s
549 . Q . V Q = Vazão em t/h
v=
d2 V = Volume específico em m3/kg
d = Diâmetro interno em polegadas

Fórmula válida para escoamento laminar

6.4 Conservação de massa e quantidade de movimento

(μ . v2)
p= + h . ρ . g = Constante  Equação de Bernoulli
2

Se considerarmos os efeitos entre o atrito e o tubo e


considerarmos o fluido incompressível, temos:

Onde:
p = Pressão
p v2 ρ = Massa específica
+g.Z+ = Constante
ρ 2 g = Aceleração da gravidade
Z = Altura
v = Velocidade do fluido
5 MECÂNICA DOS FLUIDOS
111

O Princípio de Conservação de Massa de Lavoisier diz:


Na natureza nada se perde nem se cria, tudo se transforma
Se considerarmos o escoamento de um fluido que apresenta densidade cons-
tante (incompressível), podemos apresentar esse princípio pela seguinte fórmula:

Onde:
v = Velocidade
m = ρ .v . A = constante
A = Área da seção de escoamento
ρ = Massa específica

O valor de m é chamado vazão mássica, dada por kg/s.


A vazão mássica traz a informação da quantidade de massa de fluido que está
sendo fornecida para consumo ao longo do tempo. Essa vazão é fundamental pa-
ra dimensionamento de sistemas de fluidos, como em caldeirarias e refinarias.
A Mecânica dos Fluidos é uma área de atuação bastante extensa, e o aprofun-
damento nesse estudo exigiria o conhecimento de cálculos matemáticos que vão
além do conhecimento e da abrangência deste curso.

Recapitulando

O aprendizado dos princípios de Mecânica dos Fluidos vistos aqui é impor-


tante para que possamos entender como o petróleo é enviado do poço até
a plataforma, da plataforma até o navio-tanque e deste até a refinaria. Essa
logística, além de proporcionar continuidade dos serviços, torna rentável to-
do o processo de processamento e refino.
Os conhecimentos adquiridos neste capítulo irão complementar os conheci-
mentos das outras disciplinas na parte de tubulações, bombas, instalações etc.
Eletricidade aplicada

In-Fólio/Acervo

Figura 71 – Conjunto de geradores

Para os cientistas, a eletricidade é um fenômeno físico devido a diferentes cargas elétricas da


matéria, manifestada por energia. A eletricidade também se refere ao ramo da Física que estu-
da os fenômenos elétricos e suas aplicações.

A eletricidade é uma necessidade vital para o monitoramento de processos em plantas petro-


químicas e em plataformas de produção de petróleo e gás. Em uma plataforma petrolífera essa
energia é fornecida por um motor movido a diesel acoplado a um gerador de energia elétrica, que
tem finalidade de fornecer voltagens de 6.600 volts, sendo subdivididas em outras faixas de ten-
são, que normalmente são de 440 volts, 380 volts, 220 volts e 110 volts em corrente alternada.

Além da corrente alternada que citamos, necessitamos também de correntes contínuas de


12 volts para alimentar os rádios de comunicação, 24 volts para o sistema de no-breaks18 e 48
volts nos sistemas de inversores19. Na Figura 71 podemos constatar o uso de um grupo de gera-
dores diesel para gerar a energia elétrica.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
114

18
No-Break
Então podemos verificar que existem dois tipos de corrente elétrica: a corren-
Sistema de fornecimento de
energia constante, também te alternada e a corrente contínua. Iremos estudar as suas diferenças e aplicações
conhecido como UPS mais adiante.
(Uninterruptible Power Supply)

Neste capítulo também veremos as propriedades e características das resistên-


cias, tensão, corrente, potência e uma importantíssima área da eletricidade: o ele-
19
inversores tromagnetismo. Todos esses elementos mencionados são impressindíveis para
Dispositivo eletrônico de controle em uma unidade de processo de uma refinaria petroquímica, verificamos
potência com a finalidade de na Figura 72 um painel de controle.
fornecer tensões e correntes a
partir de fontes de energia DC
(Corrente Direta).

20
hidráulica

No contexto da mecânica dos


fluidos, hidráulica é a parte de
Física que estuda o
comportamento dos fluidos.

José Mariano Soares Pinto Coelho


Figura 72 – Controle da unidade de processo de uma refinaria de petróleo

7.1 Tensão, resistência, corrente

Antes de iniciarmos nossos estudos, vamos fazer uma analogia entre um siste-
ma hidráulico20 simples e um sistema elétrico. Veja na Figura 73 uma diferença de
níveis entre o reservatório A e o reservatório B. Com isso, a válvula sofre pressão
do peso do combustível mais a força da gravidade.

100% em uso de
combustível Reservatório vazio
In-Fólio/Cris Marcela

Reservatório A Reservatório B

Válvula fechada

Figura 73 – Explicando um sistema elétrico


6 ELETRICIDADE APLICADA
115

Na Figura 74, a válvula foi aberta; com isso, 50% do combustível do reservató-
rio A foram transferidos para o reservatório B. Concluímos que, para termos a trans-
ferência do combustível, é necessário um desnível (pressão).

No caso dos circuitos elétricos, também necessitamos de um fluxo; a diferen-


ça é que se usam elétrons para se movimentar de um polo da bateria para outro.

50% em uso de 50% em uso de


combustível combustível

In-Fólio/Cris Marcela
Reservatório A Reservatório B

Válvula aberta

Figura 74 – A válvula foi aberta

7.1.1 Tensão

Então podemos dizer que a tensão é a quantidade de elétrons armazenados na


bateria. Como no reservatório de combustível, é o volume total de combustível ar-
mazenado. O terminal negativo de uma bateria tem excesso de elétrons, em com-
paração com os elétrons armazenados no terminal positivo. A quantidade que re-
presenta a concentração de cargas entre os dois terminais P (positivo) e N (nega-
tivo) da bateria é chamada de diferença de potencial (DDP). É por causa dessa di-
ferença de potencial que a bateria é capaz de mover elétrons livres de um polo pa-
ra outro; esse fenômeno é chamado de força eletromotriz.
In-Fólio/Cris Marcela

Figura 75 – Fazendo a ligação com os polos


FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
116

A unidade de tensão é o volt, em homenagem ao físico italiano Alessandro


Volta. O símbolo do volt é V.

Múltiplos e submúltiplos do volt

10–9 10–6 10–3 Tensão 103 106 109


nV µV mV V kV MV GV
nanovolt microvolt milivolt volt quilovolt megavolt gigavolt
símbolos

+
+ – +
G

In-Fólio/Paula Moura

Gerador elétrico
Bateria

Figura 76 – Múltiplos e submúltiplos do volt e seus símbolos

Instrumento de medição de tensão elétrica

O voltímetro é o instrumento utilizado para verificar a presença de uma diferença


de potencial (DDP) entre dois pontos. Devemos utilizar o equipamento correto para
corrente alternada ou contínua, que deverá ser conectado em paralelo com a fonte
geradora de energia, respeitando a polaridade no caso de fonte de energia contínua.

Figura 77 – Medidor e medição de corrente contínua


Antonio Candido de Oliveira Filho

Figura 78 – Medidor e medição de corrente alternada


6 ELETRICIDADE APLICADA
117

Antonio Candido de Oliveira Filho


Figura 79 – Procedimento para medição de corrente

7.1.2 Resistência

Antes vamos descrever o que é um condutor; comparando com o circuito hi-


dráulico, o condutor seria a tubulação no sistema hidráulico, que serve para trans-
portar o combustível do reservatório A para o reservatório B. No caso do circuito
elétrico, o condutor é o fio que desempenha a mesma função da tubulação, po-
rém, ao invés de transportar combustível, ele conduz os elétrons livres de um po-
lo da bateria para outro.
O condutor é o material pelo qual a corrente elétrica (fluxo) pode fluir com faci-
lidade; então se diz que o material é um bom condutor de eletricidade; do contrá-
rio temos o Isolamento, que funciona como o oposto do condutor elétrico: é um
material que dificulta o fluxo de corrente elétrica. No caso da resistência, podemos
dizer que esse material não é um bom condutor nem um bom isolante. O resistor
funciona como a válvula no sistema hidráulico: pode ter o seu valor fixo ou variável
para limitar o fluxo de elétrons livres de um polo da bateria para o outro.
A unidade da resistência é o Ohm, em homenagem ao físico alemão Georg Si-
mon Ohm). O símbolo da resistência é Ω (omega).

Múltiplos e submúltiplos do Ohm

10–9 10–6 10–3 Resistência 103 106 109


nΩ µΩ mΩ Ω kΩ MΩ GΩ
nano-ohm micro-ohm miliohm ohm quilo-ohm megaohm gigaohm

Apesar de a tabela conter diversos múltiplos e submúltiplos para leitura das re-
sistências, os mais usados no mercado são o quilo-ohm (kΩ) = 1.000Ω e o mega-
ohm (MΩ) = 1.000.000Ω.

A seguir temos vários símbolos utilizados para representar diversos tipos de resis-
tências. Pode até parecer que são iguais, mais cada um tem sua função especifica, para
a qual devemos ficar atentos a fim de termos condições de identificar corretamente.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
118

símbolos

–V

Resistor ou resistência Resistor ou resistência Reostato ou Varistores


Material com valor fixo. Material com valor fixo. potenciômetro Metal óxido varistor
Símbolo utilizado no Símbolo utilizado no Resistência variável, ou M.O.V. É usado para
padrão europeu e padrão norte-americano. utilizada em ajuste proteção contra
japonês. externo de níveis de curtos-circuitos em
sinais. extensões ou para-raios.

+ tº – tº
PTC NTC Trimpot LDR – Fotorresistência
Resistência que altera Resistência que altera Resistência ajustável, LDR (light depended
seu valor conforme o seu valor conforme o que é colocada no resistor) é uma

In-Fólio/Paula Moura
coeficiente da coeficiente da interior dos circuitos resistência sensível à
temperatura positiva. temperatura negativa. eletrônicos. luminosidade.
A resistência diminui
quando iluminada.

Figura 80 – Símbolos para diversos tipos de resistências


In-Fólio/Paula Moura

Normalmente se
confunde resistência com
resistor, mas há uma
diferença. Veja qual é.

Qualquer material tem resistência elétrica; por exemplo, uma lâmpada, um reos-
tato, motores elétricos, um pedaço de condutor, dentro de uma bateria etc. O ter-
mo resistor caracteriza componente eletrônico normalmente utilizado em placas
de circuito impresso.

Instrumento de medição de resistência

O ohmímetro é o instrumento capaz de medir a resistência de um material ou


de um elemento em um circuito.

Um ohmímetro também é usado para testar a resistência do circuito e conti-


nuidade para ajudar a diagnosticar problemas.
6 ELETRICIDADE APLICADA
119

Antonio Candido de Oliveira Filho


Figura 81 – Medidor analógico de resistência e a medição de resistência

Instrumento de medição da intensidade de uma corrente

Pode-se medir a intensidade de uma corrente que flui num condutor, com um
amperímetro. Esta medida é usada para verificar a intensidade da corrente consu-
mida por um aparelho ou circuito. Ao contrário da medição de tensão, que é rea-
lizado em paralelo, colocamos o medidor em série no circuito.

Antonio Candido de Oliveira Filho

Figura 82 – Medidor da intensidade de corrente e medição de corrente


Antonio Candido de Oliveira Filho

Figura 83 – Procedimento para medição de


intensidade de corrente
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
120

21
alternador 7.1.3 Corrente
É um dispositivo automotivo
que pode transformar a Em nossos estudos verificamos que uma fonte geradora de tensão fornece uma
energia mecânica em energia
elétrica. diferença de potencial de elétrons livres que irá percorrer um circuito gerando um
fluxo de elétrons; esse fluxo é chamado corrente elétrica.

Fio

Bateria

Corrente Lâmpada

In-Fólio/Cris Marcela
Diferença de
potencial

Figura 84 – Fonte geradora de tensão

A unidade de corrente elétrica é o ampère, em homenagem ao físico francês


Andre Marie Ampère.

O símbolo do ampère é A.

Múltiplos e submúltiplos – correntes elétricas

10–9 10–6 10–3 Corrente 103 106 109

nA µA mA A kA MA GA
nanoampère microampère miliampère ampère quiloampère mega-ampère giga-ampère

Tipos de corrente

Temos basicamente as seguintes correntes:

Corrente alternada (AC)


Corrente direta (DC), também conhecida como corrente contínua (CC).
AC (corrente alternada)

Símbolo: ~
Esta corrente é formada a partir de geradores, conversores ou inversores.
A corrente alternada é gerada por um alternador21. Esse alternador é constitu-
ído por uma bobina que roda em torno de um ímã; com essa rotação se gera uma
corrente, e essa corrente muda de direção conforme os polos dos ímãs; em outras
palavras, a direção da corrente fica variando. A velocidade que muda essa direção
da corrente é chamada frequência.
6 ELETRICIDADE APLICADA
121

Assim, um gerador utilizado em uma plataforma normalmente trabalha com


uma rotação de 60 hertz (Hz), o que significa que a corrente é gerada em 60 ciclos
por segundo.

Todos os principais sistemas elétricos e, em particular, redes de transmissão


de eletricidade utilizam alimentação AC. Além de facilitar a distribuição de um
nível de tensão para outro, ela limita as perdas em distribuições de energia por
longas distâncias.

Na verdade, para chegar à sua casa, a corrente e tensão é distribuída em uma


linha de transmissão muito elevada, em torno de 400.000 volts, sendo gradual-
mente reduzidos a uma tensão de 220/127 volts, o que também ocorre nos sis-
temas embarcados.

CC (Corrente contínua)

Símbolo: =
Esta corrente é gerada a partir de baterias ou conversores.
A corrente continua também e conhecida como DC (corrente direta); ela nor-
malmente é fornecida por meio de acumuladores químicos (pilhas e baterias). Tam-
bém é possível, a partir da corrente alternada, produzir DC (corrente contínua), por
meio de conversores ou retificadores com sistema de filtragem.

Circuito elétrico

Estudado o que é uma corrente elétrica, para garantir o fluxo de corrente é ne-
cessário ter um circuito fechado composto por pelo menos um gerador, fio con-
dutor (geralmente cobre) e pelo menos um receptor. Lembre-se: um material que
não deixa a corrente fluir é considerado um isolante elétrico.

Fio condutor

Gerador

Receptor

Gerador é a força eletromotriz que orienta o


movimento dos elétrons; fio condutor é o caminho
In-Fólio/Cris Marcela

para transportar os elétrons; o receptor utiliza a


corrente elétrica (transforma em trabalho).

Figura 85 – Gerador
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
122

Lei de Ohm

Esta é uma das leis fundamentais da eletricidade. Ela expressa a relação entre
a diferença de potencial nos terminais da bateria V, gerando a intensidade da cor-
rente I em proporção ao valor do resistor R. A diferença de potencial em volts nos
terminais da resistência é igual ao produto do valor em ohms da resistência pela
intensidade da corrente em ampères.

+
V R

Isso resulta na seguinte fórmula:

V=RxI
Onde:
V (gerador) = Valor da força eletromotriz em volts In-Fólio/Paula Moura

R (receptor) = Material resistivo em ohms


I = (Fluxo) Intensidade da corrente elétrica em ampères

Figura 86 – Resistência

7.2 Potência, magnetismo e eletromagnetismo

7.2.1 Potência

Na Figura 87 fazemos uma analogia com duas pessoas capacitadas a realizar


um trabalho, porém a força aplicada para executar a tarefa é diferente entre as pes-
soas. Na Física, isso se chama potência; é a quantidade de energia fornecida, por
um tempo, para outro sistema. Outro exemplo em que podemos verificar é o ca-
so de um sistema de transmissão de fluidos; não basta superdimensionar a tu-
bulação para envio do material. O que devemos ter é uma bomba elétrica com
força suficiente para executar o trabalho. Veja a seguir a Figura 87.
6 ELETRICIDADE APLICADA
123

In-Fólio/Paula Moura
200 kg 50 kg

Figura 87 – Representação da potência

A potência utilizada por um dispositivo que consome energia durante um de-


terminado tempo é:

E
P=
t

A energia elétrica consumida por uma unidade é igual ao produto da sua po-
tência (P . t) consumida pela duração da sua operação.

E = Pt

Unidade de energia utilizada Unidade habitual de energia


(sistema internacional): elétrica:

P é expressa em watts (W) P é expressa em watts (W)


E é expressa em joules (J) E é expressa em watt-hora (Wh)
t é expresso em segundos (s) t é expresso em horas (h)
Então temos:

1 Wh = 3.600 J

A potência elétrica é medida em watts (W). A unidade de medida de potência


elétrica é o watt, em homenagem ao matemático e engenheiro escocês James Watt.
O símbolo da potência é W.

Múltiplos e submúltiplos – potência

10–9 10–6 10–3 Potência 103 106 109

nW µW mW W kW MW GW
nanowatt microwatt miliwatt watt quilowatt megawatt gigawatt
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
124

Instrumento de medição de potência

O walttímetro é o instrumento utilizado para medir o consume de energia elétrica


em um dispositivo elétrico eletrônico.

Alguns modelos de medidores permitem tembém medir o total de energia elétri-


ca consumida durante um determinado tempo, por exemplo, 24 horas de consumo:
está energia é dada em quilowatts-hora (kWh).

Podemos verificar no circuito abaixo que temos uma medição de 12 volts aplicada
na lâmpada, fornecendo uma intensidade de corrente no circuito de 0,5 ampéres.

Então temos: Onde:


V = 12 Volts – (Tensão no circuito)
P = R x I2 ou P = Vx I
I = 0,5 Ampéres – ( Intensidade da corrente no circuito)

P = 12 x 0,5 = 6 Watts

Antonio Candido de Oliveira Filho

Figura 88 – Medidor analógico de potência e a medição do consumo


Antonio Candido de Oliveira Filho

Figura 89 – Procedimento para medição de potência


6 ELETRICIDADE APLICADA
125

7.2.2 Magnetismo

O termo magnetismo vem do nome da ilha grega de Magnésia, onde há mag-


netita, óxido de ferro (Fe3O4). Esse minério de ferro tem a propriedade de atrair
objetos de ferro ou aço.

Pode-se facilmente criar um ímã artificial esfregando uma barra de aço con-
tra um ímã. As formas usuais dos ímãs são: uma barra reta, uma agulha magné-
tica ou uma ferradura, mas existem muitas outras formas de ímãs, como cilíndri-
cos e de esfera.

Atração magnética

Além de atrair os objetos de ferro, aço, níquel, cobalto, um ímã atrai outro ímã.
No entanto, a atração entre dois ímãs somente é possível entre os polos opos-
tos: um polo sul atrai um polo norte e vice-versa. Dois polos da mesma polarida-
de se repelem.

A agulha da bússola é orientada de modo que o polo norte da bússola se mo-


vimenta em direção ao polo norte da Terra; ela também assume a direção das li-
nhas de força do campo geomagnético22.

Lei de Coulomb – A lei da força

Quaisquer dois objetos carregados irão criar uma força um sobre o outro. Car-
gas opostas irão produzir uma força de atração, enquanto cargas semelhantes
irão produzir uma força de repulsão. Quanto maior for a distância entre os obje-
tos, menor é a força.

Então temos:
F = Força em cada carga q F F q
1 2
+ = Indica repulsão
– = Indica atração r
k = Constante eletrostática
q1 = Quantidade de carga 1 (medida em coulombs)
q2 = Quantidade de carga 2 (medida em coulombs)
In-Fólio/Paula Moura

O raio r da separação é calculado a partir do centro


de uma carga para o centro da outra.

VOCÊ O magnetismo desempenha papel importantíssimo na


maioria dos componentes da área da eletrotécnica, como
SABIA? motores, transformadores etc.
FÍSICA e matemática APLICADAs A PETRÓLEO E GÁS
126

22
Campo geomagnético 7.2.3 Eletromagnetismo
Campo magnético do planeta.
Anteriormente, a eletricidade e o magnetismo eram dois conceitos distintos.
Contudo, em 1819, Oersted mostrou que a passagem de uma corrente elétrica em
23
Dínamo um fio desviava uma agulha da bússola colocada próximo ao experimento; ele en-
tão pôde verificar que a corrente elétrica criava um campo magnético. Inversamen-
Gerador para a tranformação
de energia mecânica em te ao experimento, foi verificada, ao movimentar de forma alternada um ímã (mag-
eletricidade pelo fenômeno neto) em uma bobina (fio), a presença de corrente elétrica, que é o princípio de
da indução da
eletromagnética. funcionamento do dínamo23.

24
camadas de sedimentos

Disposição de material
orgânico ou não orgânico em
camadas na supefície terrestre
ao longo de um período de
tempo.

25
hidrofones

Equipamento com
propriedade de escutar sons Esquerda
debaixo d'água e podendo ser Corrente gera campo magnético
registrados por sismógrafos.

sonda stream
26

de hidrofones

Técnica para mapeamento de


solo utilizando diversos
transdutores hidrofones
In-Fólio/Paula Moura

formando um corredor.

Direita
Campo magnético do ímã gera corrente

Figura 90 – Experimentos

Em 1873, o físico escocês James Clerk Maxwell unificou o eletromagnetismo


com suas equações e estabeleceu que a luz é uma onda eletromagnética.

A interação eletromagnética de duas partículas atrai o oposto e repele duas


partículas com a mesma carga.

Existem equipamentos eletromagnéticos para detectar interconexão entre as


camadas de sedimentos24 e/ou de rocha sob o fundo do mar. A técnica é baseada
nos princípios da Sísmica de Reflexão; o envio de uma onda sísmica no fundo do
mar para ouvir as ondas refletidas pelos sedimentos geológicos.
6 ELETRICIDADE APLICADA
127

Existem dois tipos de aparelhos: um inferior, Sub, está cheio de sensores que
são arrastados pela água por uma corda atrás do barco. Esse sistema opera em al-
ta frequência para atingir alta resolução vertical.

O segundo sistema é um stream de hidrofones25 e uma fonte de alimentação


separada. A fonte é muitas vezes um "suporte de pressão" que gera frequências
médias (500Hz). A resolução é baixa, mas a penetração é maior. As ondas refleti-
das são captadas pelos hidrofones e registradas por um sismógrafo.

Podemos verificar conforme Figura 91 a seguir um navio de pesquisa utilizan-


do uma sonda stream de hidrofones26 (sonda sísmica).

Barco de
Barco Fonte de som registro
sísmico Canhões de ar dos dados

Receptores de
Caixa som
coletora Hidrofones
In-Fólio/Cris Marcela

Reflexão

Figura 91 – Aplicação de método sísmico de reflexão offshore


Referências
VanWylen, Gordom John. Fundamentos da termodinâmica clássica. São Paulo: Edgard
Blucher, 1976.

Iezzi, Gelson et alli. Matemática. São Paulo: Atual, 1997.

Ferraro, Nicolau Gilberto. Física básica. São Paulo: Atual, 2004.

Bega, Egídio Alberto. Instrumentação industrial. Rio de Janeiro: Interciência – IBP, 2006.

White, Frank M. Mecânica dos fluidos. Porto Alegre: AMGH, 2011.

Sampaio, José Luiz. Física Volume único. São Paulo: Atual.

Stoecker, Wilbert F. Refrigeração e ar condicionado. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil.

Notas de Aula. Turma EM-401. Termodinâmica – FESM.

Marques, Iomar. Termodinâmica técnica. Ed. Científica.

Carron, Wilson. 1941 – As faces da física. São Paulo: Moderna, 2002.

Gaspar, Alberto. Física mecânica. São Paulo: Ática, 2000.


MINICURRÍCULO DO AUTOR

Antonio cândido de oliveira filho

Natural da cidade do Rio de Janeiro, Licenciado como professor de informática, pós-graduado em


tecnologias da informação aplicadas na Educação, com certificação profissional em CNI – Certi-
fied Novell Instructor, CNE – Certified Novell Engineer 3.x/4.x com treinamento de Marketing na
indústria ABAC, localizada em Regi Miller – Itália.

Trabalhou na década de 1980 no laboratório da Labo Eletrõnica S/A, no setor de manutenção dos
minicomputadores de tecnologia Nixdorf/Labo.

Desde 1988 atuando na supervisão, treinamento e suporte técnico para empresas nos seguimen-
tos de: Informática, Telecomunicação, Eletrônica e Segurança.

Em 1992, como supervisor da área de manutenção da empresa SIML (Serviços de Informática e


Manutenção Ltda.), minhas prinicipais atribuições foram:
Supervisionar as grandes contas de clientes como: Banco HSBC, Banco Banerj, Tecnosolo Enge-
nharia, Cervejaria Brahma entre outros; supervisão dos técnicos residentes, extrassede e das gran-
des contas; administração da rede de comunicação da empresa; treinamento e suporte técnico
Brasil e aos demais setores da empresa.

Como docente e gestor de TI, responsável pela reestruturação, implementação e treinamento de


recursos tecnológicos em EAD para insituições de ensino como toda a rede de ensino do Colégio
de Aplicação da Universidade Unigranrio, Centro de Treinamento Expressivo e outras instituições.

Recentemente atuando como instrutor especialista no Centro de Tecnologia de Automação e Si-


mulação do Senai-RJ, tendo como principal função a qualificação tecnológica de mão de obra es-
pecializada para operar no segmento de petróleo/gás, automação e eletrônica.

Nelson de Morais Leandro

Formado em Engenharia Mecânica, especialidade Fabricação, pela Faculdade de Engenharia Souza


Marques (1978), formado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela UERJ (1980), com curso de
especialização em Sistemas de Ar Condicionado e Refrigeração e de Otimização da Manutenção pe-
la UERJ (1988), curso de bacharel em Matemática pela Universidade Cândido Mendes (2002).

Ministra aulas de Matemática há 10 anos em diversas escolas, sendo professor concursado da Se-
cretaria de Estado de Educação. Participou durante o período de 2004 a 2007, como professor de
diversas disciplinas, no Senai Euvaldo Lodi, por contrato, sendo efetivado em agosto de 2010. Foi
supervisor técnico do Banerj e do Banco Itaú na área de sistemas de ar condicionado e refrigera-
ção, durante o período de 1988 a 2002, tendo projetado diversos sistemas de ar condicionado pa-
ra as agências do Banerj. Atualmente é responsável técnico pelas empresas Multitec Ar Condicio-
nado Ltda. e MTS Comércio e Serviços Ltda. – ME.

Participou de diversos cursos e palestras na área de Elétrica, Mecânica e Sistemas de Refrigeração


e de Segurança do Trabalho.
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DO RIO DE JANEIRO


Núcleo de Educação a Distância – NUCED

Luis Roberto Arruda


Marcela Gomes Geraldo
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional

Ana Beatriz Lima Guedes Monteiro


Coordenação do Projeto

Antonio Candido de Oliveira Filho


Nelson de Morais Leandro
Elaboração

Gisele Teixeira Saleiro


Revisão Técnica

Biblioteca Artes Gráficas


Normalização

i-Comunicação
Projeto Gráfico

José Carlos Martins


Design Educacional

Alexandre Rodrigues Alves


Revisão Ortográfica e Gramatical

Cris Marcela
Paula Moura
André Brito
Ilustrações

Grafitto
Produção Executiva

In-Fólio
Programação Visual, Edição e Produção Editorial

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