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RESENHA CRÍTICA:
“Cultura: um conceito antropológico”
NATAL/RN
2014
LUIZ VICTOR MONTEIRO SILVA
RESENHA CRÍTICA:
“CULTURA: UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO”
NATAL/RN
2014
RESENHA CRÍTICA
1 CREDENCIAIS DO AUTOR
Roque de Barros Laraia é professor emérito da UnB. Iniciou sua carreira, como
antropólogo, no Museu Nacional da UFRJ. Em 1969 transferiu-se para a UnB, onde
dirigiu o Instituto de Ciências Humanas, sendo promovido a professor titular em 1982.
Doutor pela USP, realizou pesquisas de campo entre os índios Suruí, Akuáwa-Asurini,
Kamayurá e Urubu-Kaapor.
Membro de associações científicas do país e do exterior, presidiu a Associação
Brasileira de Antropologia (1990-2) e foi eleito presidente da Associação Nacional de
Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) em 2000. Integrou a
primeira comissão coordenadora do Pronex e os comitês de assessores do CNPq e
da Capes. Atualmente é membro do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional e do Conselho Nacional de Imigração.
É autor de Índios e castanheiros (com Roberto da Matta, 1967), Tupi, índios do
Brasil atual (1987) e Los índios de Brasil (1993), organizador da coletânea
Organização social (1969) e tem inúmeros artigos publicados em revistas
especializadas.
2 RESUMO DA OBRA
A segunda parte do livro (“como opera a cultura”), composto por cinco capítulos,
expõe o âmbito cultural na sociedade e no homem, isto é, a influência da cultura, suas
formas e repercussões.
No primeiro capítulo, o autor fala de como a cultura condiciona a visão de
mundo do homem. Logo no início, exemplifica sobre diferentes perspectivas que
variam de cultura para cultura. Continua dando exemplos de como os padrões de uma
sociedade, provindas de uma herança cultural, influenciam categoricamente nos
valores e comportamentos das pessoas. A própria maneira de rir difere entre as
culturas, como observa Laraia entre os índios Kaapor.
Ainda no mesmo capítulo, toca-se no etnocentrismo, que ocorre quando o
homem centraliza a sua cultura como a mais natural e correta, situação da qual
decorrem muitos conflitos sociais. São analisados diferentes níveis de comportamento
etnocêntrico, presentes até dentro de uma mesma sociedade.
No segundo capítulo, vemos que a cultura pode interferir no plano biológico das
pessoas, e, inclusive, na vida e na morte. Muitos africanos, retirados de seus locais
de origem, suicidavam-se ou morriam pelo mal denominado de banzo (saudade),
decorrente da apatia (abandono de suas crenças e valores, causando perda de
motivação – situação oposta ao etnocentrismo). Muitas vezes, a crença em algo é
capaz de fazer uma pessoa ficar doente ou curar-se de um mal. Um caso drástico é a
morte por feitiçaria, constatada na etnografia africana. Por último, o capítulo é
finalizado com a descrição de uma cura realizada por um xamã de tribo indígena.
No terceiro capítulo, afirma-se que nenhum indivíduo participa completamente
de sua cultura, seja pela complexidade de diferentes padrões de uma mesma
sociedade, pela diferença de sexo ou de idade. Ninguém é perfeitamente socializado
e familiarizado com determinada sociedade, todavia, é necessário um conhecimento
e participação mínima para que haja consonância entre as ações dos indivíduos, o
que está relacionado com a previsibilidade das atitudes.
No quarto capítulo, o autor explica que o diálogo entre natureza e cultura
dependerá dos meios materiais e do período histórico de determinado grupo, de forma
que toda cultura tem a sua lógica própria. Por exemplo, as sociedades tribais, que
desconhecem o mundo microscópico e o funcionamento biológico somático,
apresentam diferentes respostas no que diz respeito aos graus de parentesco.
Enquanto algumas dessas tribos veem relação entre a cópula e a gestação, outras
não, variando de diversas maneiras. O fato é que todas as sociedades humanas
dispõem de um sistema de classificação para o mundo natural, porém, tais
classificações divergem a seu modo, não significando que uma seja mais lógica do
que a outra, o que se configuraria etnocêntrico, mas têm coerência dentro dos
sistemas aos quais pertencem.
No quinto e último capítulo, fala-se sobre a dinamicidade da cultura. O autor faz
uma comparação, que é basicamente a seguinte: se observarmos os hábitos das
formigas saúvas de quatro séculos atrás, veremos que nos dias de hoje continuam os
mesmos; o que, por certo, não ocorre com o comportamento dos indígenas, por
exemplo. Neste, veríamos que teriam ocorrido mudanças, pois os homens são
capazes de questionar suas próprias atitudes e modificá-las. Essas modificações
podem ser vistas em um ritmo mais ou menos acelerado em diferentes sociedades.
A mudança pode decorrer da dinâmica do próprio sistema cultural, sendo
geralmente lenta (mas podendo alterar-se drasticamente por eventos históricos, como
uma inovação tecnológica). Por outro lado, pode decorrer do contato entre diferentes
sistemas culturais, como foi o caso dos índios brasileiros, que passaram por um
processo radical e traumático, do qual recorre-se ao conceito de aculturação. É quase
impossível que ocorram apenas de uma forma, estando ambas relacionadas a um
mesmo fenômeno.
Podemos constatar facilmente o caráter dinâmico da cultura através das
vestimentas no decorrer do tempo, dos hábitos de nossos pais, avós, em suas épocas
de juventude, padrões de beleza, regras morais etc. Essas mudanças foram
progressivas e, por caracterizarem-se como rupturas, cultivadas através de conflitos
entre conservadores e inovadores.
Enfim, a cultura é dinâmica e entender esse dinamismo é importante para que
possamos enxergar mais abertamente os diferentes comportamentos, tanto os da
nossa própria cultura como os de outras.
3 CONCLUSÃO DO RESENHISTA
4 CRÍTICA DO RESENHISTA