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Artigo de Revisão

Review Article

Susana Ferreira¹ Ventilação não invasiva


Carla Nogueira¹
Sara Conde²
Natália Taveira³ Non-invasive ventilation

Recebido para publicação/received for publication: 08.11.26


Aceite para publicação/accepted for publication: 09.02.06

Resumo Abstract
A ventilação não invasiva (VNI) consiste na aplicação Non-invasive ventilation (NIV) is a technique that
de um suporte ventilatório sem recorrer a métodos delivers mechanical ventilation avoiding side effects
invasivos, evitando desta forma as complicações asso- and complications associated with endotracheal intu-
ciadas à entubação orotraqueal e ventilação mecânica bation and invasive mechanical ventilation. This te-
invasiva. Esta técnica já demonstrou ser eficaz em di- chnique has proved to be effective in different types
versos tipos de insuficiência respiratória aguda ou of respiratory failure. In this article, the authors revise
crónica agudizada. Neste artigo, os autores fazem the advantages and limitations of NIV, interfaces
uma revisão dos benefícios, vantagens e limitações da used and indications in acute and acute-on-chronic
VNI, interfaces utilizadas e principais indicações des- respiratory failure.
ta técnica na insuficiência respiratória aguda (IRA) e
na insuficiência respiratória crónica agudizada. Rev Port Pneumol 2009; XV (4): 655-667

Rev Port Pneumol 2009; XV (4): 655-667 Key-words: Noninvasive ventilation, respiratory fai-
lure, pulmonary edema, obstructive lung diseases,
Palavras-chave: Ventilação não invasiva, insuficiên- asthma, bronchiectasis, cystic fibrosis, endotracheal
cia respiratória, edema agudo do pulmão, doenças intubation.
pulmonares obstrutivas, asma, bronquiectasias, fibro-
se quística, entubação orotraqueal.

¹ Interna Complementar de Pneumologia


³ Assistente Hospitalar Graduada de Pneumologia
² Assistente Hospitalar de Pneumologia
Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia / Espinho EPE – Porto, Portugal
Directora: Dr.ª Bárbara Parente

Correspondência:
Susana Alves Ferreira
Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia / Espinho EPE
Avenida dos Descobrimentos, n.º 371, Bloco A, Habitação 121
4400-103 Vila Nova de Gaia, Portugal
E-mail: s.a.ferreira@iol.pt
Telefone: 00351912767155

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Susana Ferreira, Carla Nogueira, Sara Conde, Natália Taveira

Introdução mas só a partir da década de 80, com a in-


A ventilação não invasiva (VNI) refere-se à trodução do CPAP (continuos positive airway
aplicação de um suporte ventilatório sem pressure) para tratamento da síndroma de
recurso a métodos invasivos da via aérea apneia obstrutiva do sono (SAOS), esta téc-
(entubação orotraqueal – EOT – e traqueos- nica começou a ser mais divulgada.
tomia). Em crescente uso, tem um papel
cada vez mais importante, quer em patolo-
gia aguda (unidades de cuidados intensivos), Como actua a VNI
quer na da doença respiratória crónica. Os principais modelos ventilatórios na VNI,
Os objectivos da VNI são a diminuição do assim como na ventilação invasiva, são a
trabalho respiratório, o repouso dos múscu- ventilação regulada por pressão ou regulada
los respiratórios, a melhoria das trocas gaso- por volume, existindo poucos estudos com-
sas e, nos doentes com doença pulmonar parativos entre estas duas categorias em
obstrutiva crónica (DPOC), a diminuição a VNI.
auto-Peep (positive expiratory end pressure). Habitualmente, são utilizados em VNI os
Tem como principais vantagens evitar a ventiladores regulados por pressão, uma vez
EOT, com a consequente diminuição dos que apresentam um menor custo, maior ca-
riscos associados, nomeadamente infecções pacidade para compensação de fugas, são
nosocomiais e lesão traqueal, evitando o tra- mais portáteis e mais bem tolerados pelos
balho dinâmico imposto pelo tubo endotra- doentes. Podem ser utilizados em situações
queal; não sendo necessária sedação, permi- agudas ou crónicas.
te ao doente falar, manter tosse eficaz e Podem ser aplicados nas modalidades “Assis-
alimentação oral. É fácil de instituir e de re- tida” (o doente desencadeia todos os movi-
tirar e pode ser efectuada fora de uma uni- mentos ventilatórios e o ventilador auxilia
dade de cuidados intensivos (UCI). Acarre- insuflando volumes), “Assistida/Controlada”
ta, por isso, uma diminuição do tempo de (o doente desencadeia alguns movimentos
internamento hospitalar, da mortalidade e ventilatórios e o ventilador inicia os restan-
uma diminuição dos custos. tes), ou “Controlada” (o ventilador assegura
todos os movimentos ventilatórios). A maior
parte dos centros recomenda a utilização do
Evolução modo assistido/controlado, ou apenas assis-
A VNI foi inicialmente aplicada na epide- tido em doentes que mantenham boa drive
mia de poliomielite (1930-50), utilizando a respiratória.
ventilação por pressão negativa (pulmão de Os ventiladores portáteis regulados por pres-
aço, couraça, poncho) que consistia na apli- são são muitas vezes designados BiPAP (bi-
cação de pressão subatmosférica externa ao level positive airway pressure), apesar de esta
tórax simulando a inspiração, ocorrendo a ser uma denominação errónea, dado tratar-
expiração de forma passiva. -se de uma marca comercial. O BiPAP for-
Nos anos 40 e 50, com o desenvolvimento nece uma ventilação por pressão positiva
da VNI por pressão positiva, a VNI por com dois níveis de pressão, um nível de su-
pressão negativa foi perdendo o seu lugar, porte inspiratório (IPAP – inspiratory positive

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airways pressure) e um nível de pressão no As almofadas nasais são essencialmente uti-


fim da expiração (EPAP ou PEEP – expira- lizadas quando surgem lesões cutâneas asso-
tory positive airways pressure). ciadas ao uso das máscaras nasais, pois apre-
Existem diversas vantagens na aplicação de sentam a desvantagem de não permitirem a
EPAP, como a prevenção do rebreathing de aplicação de pressões elevadas (maior proba-
CO2, estabilização das vias aéreas superiores bilidade de fugas de ar).
durante o sono, recrutamento de alvéolos,
diminuição da formação de atelectasias e re-
dução do trabalho inspiratório necessário Efeitos adversos
para activar o trigger inspiratório em doen- Os efeitos adversos, assinalados no Quadro I,
tes com auto-PEEP (PEEP intrínseca). são geralmente pouco importantes, raramen-
O CPAP aplica uma pressão contínua du- te obrigando à interrupção da técnica.
rante todo o ciclo respiratório (inspiração e
expiração), não assistindo activamente a ins- Quadro I – Efeitos adversos associados ao uso da VNI
piração. Não é por isso considerado um ver-
1 – Congestão nasal
dadeiro modo ventilatório, sendo a sua
2 – Secura das mucosas
principal utilização no SAOS e em alguns 3 – Eritema / úlcera de pressão no dorso do nariz
casos de edema agudo do pulmão. 4 – Distensão gástrica
5 – Conjuntivite
6 – Fugas
Interfaces 7 – Pneumonia de aspiração
A escolha da interface é um ponto crucial
para o sucesso da VNI.
Existem actualmente várias interfaces dispo- Contraindicações ao uso de VNI
níveis: máscaras nasais, faciais (oronasais), Existem algumas contraindicações ao uso de
faciais totais, capacete, peças bucais e almo- VNI (Quadro II); a mais importante a ter
fadas nasais. em conta é a indicação para VMI (ventila-
As máscaras nasais são as mais utilizadas em ção mecânica invasiva). O maior risco na
ventilação domiciliária por serem mais bem instituição deste método é o de atrasar o
toleradas, permitindo ao doente a comuni- momento óptimo para EOT e VMI, razão
cação e a alimentação oral; quando existem pela qual o técnico que a institui deve estar
fugas por abertura da boca, pode ser coloca- bem familiarizado com as diferentes condi-
do um apoio de queixo, de modo a contor- cionantes de sucesso e insucesso da mesma.
nar este problema.
As máscaras faciais são preferíveis nas situa-
ções agudas quando é difícil manter o encer- Onde aplicar
ramento da boca. Contudo, estas máscaras, A VNI deve ser aplicada preferencialmente
assim como as faciais totais e o capacete, são em unidades de cuidados intensivos (UCI)
muitas vezes mal toleradas, devido à sensa- e unidades de ventilação não invasiva
ção de claustrofobia e ao maior risco de as- (UVNI). Pode também ser aplicada em uni-
piração de vómito. dades médicas de cuidados intermédios e

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Quadro II – Contraindicações para o uso de VNI1 Nas zonas de maior pressão pode ser aplica-
1 – Paragem cardiorrespiratória
do hidrocolóide e, de seguida, colocada a
2 – Encefalopatia grave máscara seleccionada, verificando se existem
3 – Hemorragia gastrintestinal grave fugas. Habitualmente, programa-se o venti-
4 – Instabilidade hemodinâmica lador com uma pressão mínima expiratória
5 – Cirurgia facial ou trauma (EPAP) de 4 cm H2O e uma pressão míni-
6 – Obstrução da via aérea superior ma inspiratória (IPAP) de 10-12 cm H2O,
7 – Incapacidade de drenagem de secreções traqueo-
que será ajustada de acordo com a evolução
brônquicas
8 – Incapacidade de protecção da via aérea com risco
clínica e gasimétrica, podendo atingir valo-
de aspiração res até 30 cmH2O (IPAP). Deve administrar-
-se oxigénio suplementar, de modo a manter
saturações periféricas de O2 (sO2) ≥ 90%.
enfermarias com vigilância adequada e pos- A monitorização de gases do sangue arterial
sibilidade de transferência rápida. deve ser efectuada após 30-60 minutos.
Mais importante do que o local onde se rea- Os factores mais importantes para o sucesso
liza a VNI é a experiência e a disponibilida- deste tipo de ventilação são a selecção crite-
de dos técnicos que a aplicam. riosa dos doentes, o início atempado, o tipo
Um estudo em doentes com exacerbações de abordagem do doente, o equipamento e
agudas de DPOC e realizado em enferma- o local apropriados, interfaces adequadas e
rias gerais demonstrou melhores resultados confortáveis e, principalmente, pessoal trei-
em doentes com pH> 7,30, sugerindo que nado com esta técnica.
os doentes mais graves devem ser referencia- Alguns dos factores preditivos de sucesso da
dos para unidades mais diferenciadas². VNI relacionados com a apresentação inicial
Pode ainda ser iniciada no serviço de urgência do doente são enumerados no Quadro IV.
(SU), desde que o pessoal esteja treinado com
a técnica e o doente monitorizado e vigiado,
para que em caso de falência da VNI possa ser Aplicação da VNI na insuficiência
rapidamente transferido³. Não deve nunca ser respiratória aguda (IRA)
adiada a EOT e ventilação mecânica (VM) se
o doente apresentar indicação para tal em Edema agudo do pulmão cardiogénico
qualquer momento (Quadro III). A VNI (modo BiPAP ou CPAP) é actual-
mente aceite como uma das componentes
no tratamento do edema agudo do pulmão
Como aplicar (EAP), com resultados comprovados na re-
Ao iniciar a técnica, deve ser explicado o proce- dução da necessidade de EOT e taxa de
dimento ao doente. Este deve estar confortavel- mortalidade.
mente sentado e monitorizado com oximetria Os efeitos fisiológicos do CPAP incluem o
de pulso, frequência respiratória, monitorização aumento da capacidade residual funcional, a
cardíaca electrocardiográfica, tensão arterial e redução do trabalho respiratório, a diminui-
alarmes de fugas de ar. Deve ser realizada perio- ção da pressão transmural do ventrículo es-
dicamente gasometria arterial. querdo e da pós-carga e a melhoria do débito

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Quadro III – Critérios para avançar para EOT4

1 – Intolerância à interface
2 – Assincronismo doente / ventilador
3 – Ausência de melhoria das trocas gasosas e/ou dispneia
4 – Instabilidade hemodinâmica, isquemia do miocárdio ou disritmia ventricular
5 – Necessidade urgente de EOT (secreções abundantes, protecção da via aérea)
6 – Incapacidade de melhorar o estado de consciência após 30 minutos de VNI em doentes hipoxémicos e agitados

cardíaco. A associação de EPAP torna mais dos com BiPAP apresentavam níveis de cre-
eficaz o descanso dos músculos respiratórios. atinina quinase mais elevados antes do início
Três estudos demonstraram a eficácia do do tratamento.
CPAP no EAP cardiogénico5,6,7. Os estudos Uma metaanálise recente11, incluindo 23 es-
de Rusterholtz et al 8 e de Hoffman et al 9 tudos, comparou a utilização de CPAP, BiPAP
demonstraram a eficácia do BiPAP nestes e terapêutica médica convencional nestes do-
doentes, com diminuição da necessidade de entes. O CPAP e o BiPAP reduziram a neces-
EOT. Estes estudos8,9 revelaram um risco de sidade de EOT, o CPAP comparativamente à
enfarte agudo de miocárdio (EAM) acresci- terapêutica convencional reduziu a mortali-
do com a utilização de BiPAP em doentes dade, tendência também observada com o
com EAP cardiogénico. Um estudo poste- BiPAP (apesar de não estatisticamente signifi-
rior10 (n= 27), comparando a utilização de cativo). Observou-se fraca evidência de au-
CPAP e BiPAP, concluiu que doentes trata- mento da incidência de EAM com BiPAP
dos com BiPAP apresentavam uma redução relativamente ao CPAP.
mais rápida da pCO2; no entanto, este estu- As recomendações actuais são de que a utili-
do foi interrompido precocemente devido a zação de CPAP (10-15 cm2 H2O) deve ser
uma elevada taxa de EAM neste grupo (71% considerada para os doentes com EAP e in-
no grupo tratado com BiPAP vs 31% no suficiência respiratória hipoxémica que não
grupo tratado com CPAP). Contudo, a aná- responde à terapêutica habitual. A ventila-
lise dos dados revelou que os doentes trata- ção não invasiva binível (BiPAP) deve ser

Quadro IV – Factores preditivos de sucesso da VNI

1 – Ausência de pneumonia
2 – Gravidade inicial mais baixa
3 – Secreções escassas
4 – Menor idade
5 – Capacidade de cooperação; sincronismo doente/ventilador
6 – Melhor score neurológico
7 – Boa adaptação à interface (sem fugas)
8 – 92 mmHg < paCO2 > 45 mmHg
9 – 7,35 < pH sangue arterial > 7,10
10 – Melhoria clínica e das trocas gasosas nas primeiras duas horas de VNI

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considerada apenas nos doentes com hiper- simétricos, quer o estado clínico. A tole-
capnia ou insuficiência respiratória persis- rância ao ventilador foi muito boa e apenas
tente após a utilização de CPAP, devendo ser 2 dos 17 doentes tiveram evolução desfa-
evitada a sua utilização no EAP após EAM. vorável com necessidade EOT. O segundo
estudo17, retrospectivo, em doentes com
mal asmático e hipercapnia, apresentou
Doentes imunodeprimidos também resultados favoráveis com institui-
Nos doentes imunodeprimidos, são várias ção da VNI.
as evidências que suportam o uso da VNI São estudos com amostras de reduzida di-
como modalidade ventilatória de primeira mensão, não controlados e não randomiza-
linha, com redução da mortalidade e da ne- dos. Em comum os doentes apresentavam
cessidade de EOT e das complicações infec- cansaço muscular, reflectido pela hipercap-
ciosas, quando comparada com a ventilação nia, parecendo este ser um factor preditivo
invasiva. de sucesso para VNI. Outros estudos são
A diminuição da mortalidade parece ser necessários para criar suporte científico evi-
uma consequência da diminuição da neces- dente e clarificar o papel da hipercapnia
sidade de EOT, com menor número de como condicionante de sucesso.
complicações, como a pneumonia associada
ao ventilador, infecções nosocomiais e cho-
que séptico. Pneumonia adquirida na comunidade (PAC)
Tais evidências são fundamentadas por dife- A utilização da VNI em doentes com pneu-
rentes estudos12,13,14,15, que usaram como monia deve ser muito cautelosa, uma vez
base populações de imunodeprimidos de que as taxas de insucesso nestes doentes,
causas diversas, como sejam os transplanta- principalmente nas situações de pneumo-
dos de órgãos sólidos, de medula óssea e os nias graves, são muito elevadas (insucesso
doentes com síndroma de imunodeficiência em cerca de 1/3 dos doentes).
adquirida (SIDA). Um estudo18 randomizado e controlado, em
doentes com PAC, demonstrou que o uso
de VNI diminui a taxa de EOT (21% versus
Asma 50%) e o tempo de internamento em UCI
A utilização da VNI na asma está ainda (1,8 ± 0,7 dias vs 6 ± 1,8 dias). No subgrupo
numa fase muito precoce, sendo a evidência dos doentes com DPOC e pneumonia, a
científica pouco clara, com base em estudos taxa de sobrevida aos 2 meses também me-
inconclusivos e alguns contraditórios. lhorou (88,9% vs 37,5%).
Dois estudos que reforçam a utilização da Um outro estudo19, em doentes com PAC e
VNI nesta patologia são o realizado por insuficiência respiratória hipoxémica, com-
Meduri et al 16 e o de Fernandez MM17. O parou a utilização de VNI com oxigenotera-
primeiro 16 incluía 17 doentes com pH mé- pia, demonstrando uma diminuição na ne-
dio à admissão de 7,25 e pCO2 média de cessidade de EOT, número de dias na UCI
65 mmHg, que após aplicação de VNI me- e melhoria da sobrevida aos 3 meses com a
lhoraram rapidamente, quer os valores ga- utilização de VNI.

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Um estudo mais recente20, em doentes com Actualmente, a evidência não recomenda a


insuficiência respiratória aguda de várias utilização por rotina da VNI nesta situação
etiologias, que compara a VNI com VMI, clínica. Contudo, um curto ensaio poderá
demonstrou que no subgrupo dos doentes ser tentado em doentes com quadro clínico
com pneumonia a taxa de insucesso da VNI de menor gravidade, desde que numa UCI e
era elevada. que não seja atrasada a EOT.
Deste modo, e na falta de evidência científi-
ca, não é recomendado o uso de VNI como
terapia ventilatória de eleição nas pneumo- Falência respiratória pós-extubação
nias. Excepção parece ser o grupo dos doen- (prevenção e tratamento)
tes com DPOC e exacerbação motivada por A falência respiratória pós-extubação pode
pneumonia. Não obstante, um pequeno en- ocorrer, sendo que cerca de 10% dos doen-
saio com VNI poderá ser considerado nos tes necessitam de ser reintubados23, condi-
casos de pneumonia em doentes cooperan- cionando pior prognóstico.
tes, sob monitorização intensiva e com EOT Dois estudos multicêntricos, randomizados
e VMI prontamente disponíveis. e controlados24,25, envolvendo doentes de
elevado risco para falência pós-extubação,
evidenciaram o papel preventivo da VNI na
ALI (acute lung injury)/ARDS (acute falência respiratória pós-extubação, redu-
respiratory distress syndrome) zindo a necessidade de reintubação. Um dos
A presença deste quadro clínico constitui estudos25 demonstrou ainda reduzir a mor-
uma situação de extrema gravidade e a apli- talidade na UCI no subgrupo dos doentes
cação da VNI no ALI e ARDS representa com insuficiência respiratória hipercápnica.
grande controvérsia. A aplicação precoce de VNI é crucial para
São poucos os estudos existentes relativa- evitar a falência respiratória pós-extubação.
mente ao uso de VNI nesta situação clínica, Quando a falência respiratória pós-extubação
reportando taxas de insucesso entre 50 a já está estabelecida (primeiras 48h), a VNI
80%. não parece prevenir a necessidade de reintu-
Uma metaanálise recente21 não evidenciou bação. Dois estudos randomizados e con-
vantagem da VNI sobre a terapêutica con- trolados26,27, comparando a utilização de
vencional, no que respeita a taxa de EOT e VNI com a terapêutica médica convencio-
mortalidade em UCI. nal na falência respiratória nas primeiras
De acordo com um estudo europeu multi- 48h após a extubação, não demonstrou re-
cêntrico recente22, em ambiente de UCI, o dução na taxa de reintubações ou mortali-
uso de VNI numa fase muito precoce do dade. Um destes estudos27 resultou mesmo
ARDS foi vantajoso, com melhoria das tro- num aumento da mortalidade na UCI, pre-
cas gasosas e evitando a EOT em 54% dos sumivelmente atribuído a um atraso na
doentes, condicionando um menor número reintubação, uma vez que no grupo da VNI
de pneumonias associadas ao ventilador e o tempo médio desde o estabelecimento da
uma diminuição da taxa de mortalidade na falência respiratória até à reintubação foi
UCI. mais prolongado.

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Portanto, a utilização da VNI no tratamento infecciosas e de dias de internamento na


da falência respiratória pós-extubação não UCI e hospital, com melhoria da sobrevida
está actualmente preconizada por rotina. aos 3 meses no grupo da VNI.
Uma meta-análise recente31, comparando
desmame com VNI versus desmame clássi-
Desmame ventilatório co, confirmou que a VNI condiciona menor
Na maioria dos doentes sob VMI consegue- incidência de pneumonia associada ao ven-
-se proceder à extubação e desmame do ven- tilador, menor duração de ventilação mecâ-
tilador num curto período de tempo. No nica e menores taxas de mortalidade.
entanto, existe um subgrupo de doentes em Portanto, actualmente é preconizada uma
que este processo é bastante demorado e di- tentativa de desmame com VNI, após uma
fícil, nomeadamente nos doentes com ou várias tentativas sem sucesso de “peça em
DPOC, aumentando substancialmente o T” no desmame ventilatório de doentes com
risco de infecção nosocomial. insuficiência respiratória hipercápnica ou
Vários autores têm apoiado o uso de VNI doença pulmonar crónica.
no período de desmame ventilatório dos Em doentes com outro tipo de falências res-
doentes com exacerbação de DPOC e insufi- piratórias são ainda necessários mais estudos
ciência respiratória crónica hipercápnica para avaliar o papel da VNI no desmame
agudizada. ventilatório.
O primeiro estudo randomizado e controlado
foi realizado por Nava28 em doentes com
DPOC, e demonstrou que a extubação com O uso de VNI em doentes sem indicação
aplicação imediata de VNI, comparativamen- para medidas invasivas (do not reanimate
te com o desmame ventilatório clássico, apre- – DNR e não EOT)
sentou maiores taxas de sucesso, diminuição Cada vez mais esta modalidade ventilatória
da pneumonia associada ao ventilador, do nú- é usada como alternativa à EOT nas patolo-
mero de dias na UCI e da mortalidade. gias incuráveis, crónicas e avançadas, onde a
Um outro estudo29, também em doentes situação clínica é irreversível, apesar de to-
com doença pulmonar crónica, comparou a das as medidas científicas conhecidas e dis-
VNI com o desmame ventilatório clássico poníveis, sendo também oferecida esta alter-
em doentes que falharam uma tentativa de nativa aos doentes que recusam ou estão
“peça em T”. Este estudo demonstrou uma relutantes em relação à EOT.
extubação mais precoce no grupo da VNI, Em dois estudos32,33 em que a VNI foi apli-
apesar de não se encontrarem diferenças no cada a doentes com insuficiência respirató-
número de dias na UCI e mortalidade aos 3 ria aguda e “indicação para não entubar”,
meses. cerca de metade sobreviveu e teve alta da
Um estudo de Ferrer30, comparando VNI UCI. É necessário ponderar o desconforto e
com o desmame ventilatório clássico e in- o prolongar do sofrimento versus o poten-
cluindo maioritariamente doentes com in- cial sucesso desta terapêutica e alta hospita-
suficiência respiratória hipercápnica, evi- lar em doentes que de outra forma iriam
denciou redução do número de complicações falecer.

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Estudos recentes34,35 demonstraram benefí- reduzir a dispneia, melhorar a sobrevida, re-


cios da VNI como medida paliativa na di- duzir a necessidade de EOT e o tempo de
minuição da dispneia e no maior conforto. internamento hospitalar. Uma meta-análise
O uso de VNI nestas situações extremas recente40 demonstrou uma redução da ne-
permanece muito controverso, devendo ter- cessidade de EOT em 65%, da mortalidade
-se em conta aspectos éticos, legais e a von- hospitalar em 55% e do tempo de interna-
tade expressa do doente e da família. A uti- mento em 1,9 dias, comparativamente com
lização da VNI deve basear-se na existência o tratamento convencional.
de alguma perspectiva de reversibilidade ou, Os doentes que mais beneficiam com esta
caso não exista (doentes terminais), no con- técnica são aqueles com falência respiratória
forto do doente com melhoria da dispneia e ligeira a moderada e repercussão no pH pou-
manutenção da autonomia. co acentuada (pH 7,30 a 7,35). Nestes casos,
a VNI tem um papel importante, ao evitar a
deterioração continuada e a necessidade de
Aplicação da VNI na insuficiência EOT, podendo ser instituída com um nível
respiratória crónica (IRC) agudizada de monitorização mínima em enfermarias e
A VNI demonstrou eficácia no tratamento áreas específicas de um serviço de urgência.
da insuficiência respiratória hipercápnica No entanto, mesmo aqueles com falência res-
aguda ou crónica agudizada, particularmen- piratória mais grave e repercussão marcada
te nas exacerbações agudas de DPOC36. no pH (pH<7,25) podem obter benefício,
sendo necessária uma vigilância muito mais
apertada, uma vez que, nestes casos, as taxas
Exacerbações de DPOC de falência são bastante mais elevadas41. A
As exacerbações agudas de DPOC (EADPOC) taxa de falência da VNI é proporcional à gra-
são um motivo frequente de admissão hospita- vidade da acidose respiratória; mas tendo em
lar e, quando suficientemente graves para ne- conta os bons resultados relatados por dife-
cessitar de internamento, associam-se a taxas rentes estudos, pode ser tentado um pequeno
de mortalidade entre 6-26%37. Este grupo de período experimental de VNI, sob monitori-
doentes, quando necessitam de VMI, apresen- zação, com avaliação sistemática e atenção
tam um desmame difícil e uma maior suscepti- aos factores preditivos de insucesso, em local
bilidade às complicações da técnica, nomeada- que permita passar de imediato para a EOT e
mente as infecciosas, com um aumento do VMI, se insucesso (UVNI ou UCI).
risco de pneumonia associada ao ventilador de Destaca-se a importância do momento cor-
1% por cada dia que permanecem sob recto para o início da VNI. Uma meta-
EOT38,39. -análise42 incluindo oito estudos comparou a
Existem actualmente vários estudos pros- VNI como adjuvante da terapêutica conven-
pectivos randomizados, revisões sistemáticas cional com esta última, isoladamente. A VNI
e meta-análises que demonstraram um bom demonstrou reduzir mortalidade, necessida-
nível de evidência da eficácia da VNI nas de de EOT, taxa de falência do tratamento e
EADPOC. A VNI demonstrou, comparati- número de dias no hospital. No entanto, es-
vamente com a terapêutica convencional, tes benefícios foram notórios apenas quando

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a VNI foi instituída precocemente, antes da Uma chamada de atenção para a broncor-
instalação de acidose severa. Portanto, se ins- reia excessiva que, nestes doentes, pode li-
tituída nas exacerbações mais graves, apenas mitar a aplicação desta técnica.
após ausência de resposta à terapêutica médi- Nos doentes com fibrose quística em fases
ca, a VNI pode condicionar um tempo de avançadas da doença e a aguardar transplante
internamento e mortalidade a curto prazo se- pulmonar, realizaram-se alguns estudos46,47,48,49
melhantes às da VMI. aplicando a VNI como “ponte” para o trans-
Mesmo doentes com idades mais avançadas e plante, com bons resultados. Actualmente, a
EADPOC com acidose respiratória podem VNI deve ser considerada nestes casos.
beneficiar desta técnica, com boa tolerância43.
A presença de depressão marcada do estado de
consciência era considerada até há alguns anos Doenças restritivas (deformidades da
uma contraindicação absoluta ao uso de VNI. parede torácica/doenças neuromusculares)
Estudos recentes44,45 demonstraram bons resul- Actualmente está estabelecida a utilidade da
tados na aplicação de VNI em doentes com VNI domiciliária nos doentes restritivos esta-
EADPOC e depressão ligeira a moderada do bilizados, com melhoria da qualidade de vida
estado de consciência, com redução do número e redução do número de internamentos. No
de infecções nosocomiais e do número de dias entanto, existem poucos estudos controlados
de internamento. Em doentes com depressão neste grupo de doentes em situações agudas.
severa do estado de consciência, os resultados Relativamente às deformidades da parede
são mais desfavoráveis e a VNI deve ser aplicada torácica, existem apenas alguns relatos de
com maior cautela, sempre sob monitorização casos isolados, com taxas de sucesso entre
apertada. Actualmente, propõe-se a VNI como 33 e 66%. Um estudo50 comparando a efi-
estratégia ventilatória de primeira linha nas cácia da VNI nas exacerbações de doenças
EADPOC com acidose respiratória, em dife- restritivas com as exacerbações de DPOC
rentes locais e em diferentes tempos, de acordo demonstrou uma taxa de sucesso inferior
com a gravidade da falência respiratória. Não nos doentes restritivos (35% vs 67%).
existe evidência de que uma tentativa falhada de Nos doentes neuromusculares, a VNI pode
VNI seja prejudicial, desde que não se atrase o ser tão eficaz como a ventilação invasiva,
momento correcto para EOT e VMI e não exis- desde que não exista atingimento bulbar se-
tam contraindicações à sua instituição. vero. Estes doentes habitualmente não são
capazes de eliminar as secreções traqueo-
brônquicas, sendo que a associação da tosse
Bronquiectasias e fibrose quística assistida pode aumentar a eficácia da VNI.
Neste grupo de doentes, não existem estu-
dos controlados e randomizados relativa-
mente à utilização de VNI na insuficiência Conclusões
respiratória aguda ou crónica agudizada Nos últimos anos assistiu-se a um crescente
(exacerbações). É sugerido, com base na entusiasmo e uso da VNI. Actualmente, é
prática clínica, um potencial benefício nas uma estratégia terapêutica bem aceite e que
exacerbações com acidose respiratória. pode ser utilizada com sucesso na insufi-

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ciência respiratória de diferentes etiologias. 6. Lin M, Yang YF, Chiang HT, Chang MS, Chiang
No entanto, a consciência dos insucessos BN, Cheitlin MD. Reappraisal of continuous positive
airway pressure therapy in acute cardiogenic pulmonary
deve estar sempre presente, uma vez que a
edema: short term results and long term follow up.
taxa de falência da VNI na insuficiência res- Chest 1995; 107:1379-1386.
piratória hipercápnica é de cerca de 20%51, 7. Rasanen J, Heikkila J, Downs J, et al. Continuous posi-
com taxas de falência na insuficiência respi- tive airways pressure by face mask in acute cardiogenic
ratória hipoxémica ainda mais altas. pulmonary edema. Am J Cardiol 1985; 55:296-300.
É uma técnica que exige grande disponibili- 8. Rusterholtz T, Kempf J, Berton C, et al. Noninvasive
dade e dedicação do técnico, obrigando a pressure support ventilation (NIPSV) with face mask in
patients with acute cardiogenic pulmonary edema
reavaliações frequentes, principalmente na
(ACPO). Intensive Care Med 1999; 25:21-28.
fase inicial (primeiras 4 a 8 horas), pois só 9. Hoffmann B, Welte T. The use of non-invasive pres-
assim se garante o sucesso e a detecção pre- sure support ventilation for severe respiratory insuffi-
coce do insucesso com indicação para EOT. ciency due to pulmonary edema. Intensive Care Med
O maior risco, na utilização da VNI, é o atra- 1999; 25:15-20.
so da EOT e VMI em tempo útil. Advoga-se, 10. Mehta S, Jay GD, Woolard RH, et al. Randomized
por isso, que seja instituída por profissionais prospective trial of bilevel versus continuous positive
airway pressure in acute pulmonary edema. Crit Care
treinados e conhecedores dos factores prediti-
Med 1997; 25:620-608.
vos de insucesso, com selecção criteriosa dos 11. Peter JV, Moran JL, Phillips-Hughes J, Graham P,
doentes, assim como em unidades próprias, Bersten AD. Effect of non-invasive positive pressure
com monitorização adequada, de modo a ga- ventilation (NIPPV) on mortality in patients with acute
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