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29/08/2018 ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS PARA O TRATAMENTO ADEQUADO DO ESGOTO DOMÉSTICO NO MUNICÍPIO DE ARROI…

ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS PARA O


TRATAMENTO ADEQUADO DO ESGOTO DOMÉSTICO
NO MUNICÍPIO DE ARROIO DO PADRE/RS

KIEVEL, Maira Grasiela¹


PRIEBE, Nívia Cristiani²
FOFONKA, Luciana³

RESUMO

Este trabalho busca reunir e analisar as alternativas sustentáveis para o tratamento adequado do esgoto
doméstico em áreas rurais ou em locais onde não há um sistema de esgotamento sanitário, mas que a
utilização de soluções sanitárias individuais seja possível. Busca também, conceituar saneamento básico e
reunir dados sobre o saneamento rural no Brasil. E por caracterizar-se basicamente rural, formado por
minifúndios, encontramos uma oportunidade no município de Arroio do Padre/RS em coletar informações
referentes à situação atual do saneamento básico e das ações previstas no Plano de Saneamento Municipal,
este em fase de aprovação. Os dados coletados em entrevista ao poder público municipal demonstraram a
necessidade urgente de aplicação de soluções sanitárias eficazes nos domicílios rurais, visando à proteção
ao ambiente natural e a saúde pública. Utilizamos o método de pesquisa de caráter documental e focamos
as buscas por informações referentes ao tema na legislação ambiental e sanitária brasileira, e em artigos e
sítios na internet. Os métodos alternativos pesquisados mostraram que não existe impossibilidade no
tratamento dos efluentes domésticos, ocorrendo sim, a falta de conhecimento sobre o tema por parte dos
governantes e da população em geral, e entraves por parte de órgãos licenciadores, que não os reconhecem
como métodos sanitários residenciais, sendo, portanto, necessária maior divulgação das pesquisas
científicas realizadas.

Palavras-chave: Saneamento rural. Esgoto doméstico. Alternativas sustentáveis para tratamento.

1 INTRODUÇÃO

A Fundação Nacional de Saúde – Funasa (2015) resume os dados coletados através da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, realizada em 2012 nos domicílios das áreas rurais do país, da
seguinte forma:

[...] apenas 5,2% dos domicílios estão ligados à rede de coleta de esgotos e 28,3% utilizam a fossa
séptica como solução para o tratamento dos dejetos. Os demais domicílios (66,5%) depositam os
dejetos em “fossas rudimentares”, lançam em cursos d´água ou diretamente no solo a céu aberto.
___________________________
¹ Graduanda do curso Tecnólogo em Gestão Ambiental IERGS. E-mail: crispriebe@hotmail.com
² Graduanda do curso Tecnólogo em Gestão Ambiental IERGS. E-mail: crispriebe@hotmail.com
³ Professora Orientadora IERGS. E-mail: lufofonka@yahoo.com.br

Esta pesquisa é um instrumento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE que coleta
informações anuais sobre características demográficas e socioeconômicas da população, cujo resultado é
preocupante e demonstra a necessidade urgente de investimentos em saneamento rural. Investimentos que,
conforme a Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, garantem “às pessoas e à coletividade condições de
bem-estar físico, mental e social”, o que em resumo é a saúde como direito fundamental do ser humano,
devendo o Estado prover a condições necessárias ao seu pleno exercício.
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Neste artigo objetivamos conceituar o saneamento básico e apresentar dados referentes ao


saneamento rural no Brasil. Elencar os prejuízos ao ambiente natural e à saúde pública oriundos da falta de
tratamento adequado do esgoto doméstico nas zonas rurais. Além disso, levantar os dados referentes à
situação atual do saneamento básico e as ações previstas no Plano de Saneamento Municipal, do município
de Arroio do Padre, um município basicamente rural, pertencente ao estado do Rio Grande do Sul. Na
sequência, o objetivo principal deste artigo, apresentar alternativas sustentáveis para o tratamento adequado
do esgoto doméstico, especialmente para áreas rurais, que visam à eficiência no tratamento e o
aproveitamento dos produtos originários dos esgotos tratados.
Através do método de pesquisa de caráter documental, buscamos informações em artigos e sítios da
internet, na legislação ambiental e sanitária brasileira atual, nas políticas públicas, nos programas e planos
que visam à universalização do acesso ao tratamento adequado do esgoto doméstico no país. Buscamos
também, por meio de entrevista ao poder público de Arroio do Padre, informações referentes às condições
sanitárias no município e em pesquisas realizadas por organizações públicas e privadas, além de pesquisas
acadêmicas, alternativas que objetivam o tratamento do esgoto doméstico de forma sustentável.

2 SANEAMENTO BÁSICO

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabelece em seu Art. 196 que “A saúde
é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação”. Este direito de todos é reforçado na Lei n. 8.080, de 19 de setembro de
1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências, nos seguintes artigos:

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições
indispensáveis ao seu pleno exercício.
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas
e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de
condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção,
proteção e recuperação.
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade.
Art. 3º Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a saúde como
determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio
ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e
serviços essenciais. (Redação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo
anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e
social.

Considerando então que o saneamento básico é um dos determinantes e condicionantes dos níveis de
saúde das pessoas, e é conceituado pela Organização Mundial de Saúde – OMS, cuja essência está
disponível no sitio do Instituto Trata Brasil (2015), como sendo “o conjunto de medidas adotadas em um
local para melhorar a vida e a saúde dos habitantes, impedindo que fatores físicos de efeitos nocivos possam
prejudicar as pessoas no seu bem-estar físico mental e social.”
Saneamento básico, portanto, é considerado como sendo o conjunto de serviços, infraestruturas e
instalações operacionais do abastecimento de água potável, do esgotamento sanitário, da limpeza urbana e
manejo de resíduos sólidos e da drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, realizados de formas
adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente, conforme as considerações da Lei n. 11.445, de 5
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de janeiro de 2007, a Lei de Diretrizes Nacionais do Saneamento Básico - LNSB, que estabelece as
diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal deste. E complementando, o
saneamento básico também “é o controle de pragas e qualquer tipo de agente patogênico, visando à saúde
das comunidades” (Wikipédia, 2015).
A Lei n. 12.037, de 19 de dezembro de 2003, dispõe sobre a Política Estadual de Saneamento do Rio
Grande do Sul e em seu Art. 2º considera o seguinte:

I - saneamento ou saneamento ambiental, como o conjunto de ações socioeconômicas que têm por
objetivo alcançar níveis crescentes de salubridade ambiental, por meio do abastecimento de água
potável, coleta e disposição sanitária de resíduos líquidos, sólidos e gasosos, promoção da disciplina
sanitária do uso e ocupação do solo, drenagem, controle de vetores de doenças transmissíveis, com a
finalidade de proteger e melhorar as condições de vida, tanto nos centros urbanos, quanto nas
comunidades carentes e propriedades rurais;
II - salubridade ambiental, como o estado de higidez em que vive a população urbana e rural, tanto no
que se refere à sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de doenças veiculadas pelo
meio ambiente, quanto no tocante ao seu potencial de promover o aperfeiçoamento de condições
mesológicas favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem estar.

Embora o conceito de saneamento esteja solidificado nas esferas públicas ainda estamos distantes de
satisfazê-lo na prática. O Instituto Trata Brasil (2015) afirma que segundo a OMS a “cada R$ 1 investido em
saneamento gera economia de R$ 4 na saúde”, portanto, o saneamento básico é primordial também para a
saúde financeira do país. Conforme as pesquisas do Instituto, o desperdício é de bilhões de reais em saúde
pública, afetando a produtividade dos trabalhadores, diminuição do aprendizado escolar, perda de
oportunidade de gerar empregos na área do turismo, além de muitos outros problemas. E nas palavras da
Emater/RS-Ascar “as ações em saneamento interferem diretamente no estado de saúde e na perspectiva de
desenvolvimento de uma população, contribuindo sensivelmente para a elevação da esperança de vida, uma
das variáveis do Índice de Desenvolvimento Humano”, o IDH.

3 SANEAMENTO RURAL

Conforme os dados extraídos pela Funasa da pesquisa do IBGE/2010, 30 milhões de pessoas residem
em localidades rurais do país, representando aproximadamente 16% da população brasileira. Destes
domicílios rurais, 66,5% depositam o esgoto doméstico em “fossas rudimentares”, lançam em cursos d’água
ou diretamente no solo a céu aberto e apenas 5,2% estão ligados à rede de coletas de esgotos e os 28,3%
restantes utilizam a fossa séptica como solução para o tratamento dos dejetos, conforme o resumo da Funasa
a partir dos dados coletados na PNAD-2012/IBGE.
O programa de Saneamento Rural, coordenado pelo Ministério da Saúde, através da Funasa é
previsto no Plano Nacional de Saneamento Básico – PLANSAB, por determinação da Lei n. 11.445/2007.
Mais dois programas são previstos, de Saneamento Básico Integrado e do Saneamento Estruturante,
coordenados pelo Ministério das Cidades. O programa de Saneamento Rural possui a seguinte concepção:

O Programa visará atender, por ações de saneamento básico, a população rural e as comunidades
tradicionais, como as indígenas e quilombolas e as reservas extrativistas. Suas justificativas são o
significativo passivo que o País acumula no saneamento para as áreas objeto do Programa e as
especificidades desses territórios, que requerem abordagem própria e distinta da convencionalmente
adotada nas áreas urbanas, tanto na dimensão tecnológica, quanto na da gestão e da relação com as
comunidades. No Programa, intervenções no sentido de cobrir o deficit de infraestrutura física
necessariamente deverão vir acompanhadas de medidas estruturantes, no campo da participação da

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comunidade, da educação ambiental para o saneamento, dos mecanismos de gestão e da capacitação,


entre outras.

As metas do Programa Nacional de Saneamento Rural são “voltadas para a universalização de forma
gradual e progressiva e terão como base referencial o déficit das condições de saneamento na área rural”
(FUNASA, 2015). Segundo a Fundação as metas do PLANSAB são de curto, médio e longos prazos, ou
seja, 2018, 2023 e 2033.

Historicamente no Brasil, os investimentos em saneamento básico foram centralizados nos grandes


centros urbanos, privando as periferias urbanas, populações rurais de todo país e das sedes urbanas dos
pequenos municípios prejudicados pela baixa oferta dos serviços públicos de saneamento básico, conforme
justificativas do poder público federal para elaboração e execução do Programa.

4 O SANEAMENTO BÁSICO NO MUNICÍPIO DE ARROIO DO PADRE/RS REFERENTE AO


ESGOTO DOMÉSTICO

4.1 O MUNICÍPIO DE ARROIO DO PADRE/RS

O município de Arroio do Padre pertencente ao estado do Rio Grande do Sul está localizado dentro
do município de Pelotas, sendo assim é um dos poucos que são enclaves no Brasil, como podemos observar
na Figura 1 logo abaixo. É basicamente rural, formado por minifúndios. A área da unidade territorial é de
124,317 km². A população estimada para o ano de 2015 é 2.883 habitantes e o Índice de Desenvolvimento
Humano Municipal – IDH-M era de 0,669, conforme os dados do Censo Demográfico do IBGE/2010, um
número médio na faixa de desenvolvimento humano, que varia de 0 a 1 considerando indicadores de
longevidade (saúde), renda e educação.

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Figura 1 - Município de Arroio do Padre/RS. Fonte: Wikipedia, 2015.

4.2 O SANEAMENTO BÁSICO NO MUNICÍPIO

A partir das respostas do Secretário Municipal de Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento e


da Engenheira Agrônoma da Prefeitura Municipal, à entrevista concedida por endereço eletrônico, constante
no Apêndice 1 deste artigo, pudemos conhecer alguns dados referentes ao saneamento básico local.
O tratamento do esgoto doméstico é individual, pois não há estação de tratamento no município.
Atualmente 70 % das residências possuem fossa-filtro e sumidouro e 30% possuem fossas rudimentares. Há
em torno de 700 residências, 30 estabelecimentos comerciais, 1 posto de saúde, 6 escolas, 1 câmara de
vereadores e a sede administrativa. Das unidades residenciais, apenas 137 são abastecidas com rede de
distribuição alimentada por poço tubular profundo, que recebe o tratamento com cloração. A maioria das
residências depende da água de poços artesianos ou de cacimbas, por enquanto sem controle da qualidade da
água, porém os indicadores de salubridade ambiental do município são considerados bons se comparado aos
parâmetros nacionais, pois existem grandes áreas de matas nativas remanescentes e nascentes em condições
de potabilidade.

4.3 O PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO NO MUNICÍPIO

O Plano de Saneamento Básico Municipal - PSBM é um dos instrumentos para a implantação das
Políticas Nacionais e Estaduais de Saneamento. O PSBM do Arroio do Padre até a data de conclusão deste
artigo estava na Câmara de Vereadores para apreciação e votação.
Com base nas respostas recebidas do Poder Executivo, constantes no Apêndice 1, está prevista no
Plano Municipal de Saneamento a instalação de sistemas individuais de tratamento de esgoto nas
residências, compostos por Fossa-Filtro e Sumidouro. Não há previsão para abastecimento com rede de
distribuição de água na totalidade das residências no município, apenas serão atendidos os centros urbanos e
as residências localizadas entre estes centros. As demais residências serão atendidas por cacimbas rasas
tradicionais onde a água será também analisada. O uso de poços artesianos será permitido somente após
serem licenciados, basicamente terão que ser substituídos por cacimbas rasas de até 1 metro de
profundidade.
Os respondentes afirmaram que a população arroio padrense não se mostra muito receptiva frente a
mudanças que poderão acarretar a diminuição da área cultivável, em razão da recuperação das matas ciliares
e restituição de reservas legais, e quando as medidas aumentam custos aos munícipes, mesmo que sejam
mudanças para preservação do meio ambiente e da saúde pública. E que a população é convidada para
participar de Audiências Públicas, porém poucas pessoas participam.

No sentido de sensibilizar e conscientizar a população pela necessidade da preservação ambiental e


da saúde pública está prevista uma campanha de educação ambiental referente ao tratamento adequado do
esgoto doméstico. Na Figura 2 podemos observar a disposição do sistema de tratamento individual que será
adotado a partir do Plano de Saneamento Municipal, o sistema de tratamento biológico, composto por fossa
séptica, filtro anaeróbio e sumidouro:

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Figura 2 - Fossa Séptica, Filtro Anaeróbio e Sumidouro. FONTE: Revista Habitare, 2015.

Resumidamente, “a fossa séptica retém os sólidos, os decompõe e os trata em até 60%. Seguindo
para o filtro anaeróbico, o esgoto passa por mais um processo, em que a parte líquida pode atingir 95% de
tratamento e, por fim, o sumidouro realiza a destinação do efluente no solo”, conforme a Revista Habitare
(2013), que ressalta sobre a necessidade da manutenção periódica da fossa séptica, por empresas
especializadas em limpeza de fossas, cujo resíduo deve ser encaminhado sempre para estações de
tratamento.

5 ESGOTO DOMÉSTICO

Esgoto doméstico é composto essencialmente da água de banho, água de lavagem, sabão,


detergentes, restos de comida, excretas, e papel higiênico, originários principalmente de residências,
estabelecimentos comerciais, instituições ou quaisquer edificações que possuem instalações de banheiros,
lavanderias e cozinhas, de acordo com os conceitos da Fundação Nacional da Saúde, constantes no Manual
de Saneamento (2007). O esgoto doméstico contém as águas com material fecal ou águas negras e as águas
servidas ou águas cinzas, que são resultantes de banho e de lavagem de utensílios e roupas. As excretas
humanas possuem as seguintes características (FUNASA, 2007, p. 154):

As fezes humanas compõem-se de restos alimentares ou dos próprios alimentos não transformados
pela digestão, integrando-se as albuminas, as gorduras, os hidratos de carbono e as proteínas. Os sais
e uma infinidade de microrganismos também estão presentes.
Na urina são eliminadas algumas substâncias, como a ureia, resultantes das transformações químicas
(metabolismo) de compostos nitrogenados (proteínas).
As fezes e principalmente a urina contêm grande percentagem de água, além de matéria orgânica e
inorgânica. Nas fezes está cerca de 20% de matéria orgânica, enquanto na urina 2,5%.
Os microrganismos eliminados nas fezes humanas são de diversos tipos, sendo que os coliformes
(Escherichia coli, Aerobacter aerogenes e o Aerobacter cloacae) estão presentes em grande
quantidade, podendo atingir um bilhão por grama de fezes.

Como vimos no conceito de saneamento, a falta do serviço está diretamente ligado ao nível de saúde
da população. O que afeta ao meio ambiente consequentemente afeta a saúde humana. As ações antrópicas
inter-relacionam-se com os ciclos da natureza e muitas vezes o desequilibram. A qualidade dos nossos
alimentos irá definir o nível de toxicidade de nossas excretas, no caso de alimentos mais ou menos
industrializados ou com presença de agrotóxicos, também na quantidade de medicamentos artificiais que
usamos, e logo estes dejetos não tratados adequadamente poluirão os recursos hídricos, estes mesmos
recursos que necessitamos para a nossa sobrevivência. Também os produtos de higiene e limpeza que
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usamos no dia a dia, quanto menos naturais, mais agressivos serão ao meio ambiente e maiores deverão ser
os esforços para recuperá-lo.

5.1 ALGUMAS IMPLICAÇÕES DA FALTA DE TRATAMENTO ADEQUADO DO ESGOTO


DOMÉSTICO

A falta de tratamento adequado do esgoto doméstico implica diretamente e indiretamente na saúde


humana. As principais doenças relacionadas ao destino inadequado dos dejetos humanos são:
“ancilostomíase, ascaridíase, amebíase, cólera, diarreia infecciosa, disenteria bacilar, esquistossomose,
estrongiloidíase, febre tifoide, febre paratifoide, salmonelose, teníase e cisticercose” (FUNASA, 2007, p.
163). Algumas destas doenças são transmitidas através do solo contaminado e outras por águas
contaminadas. Na Figura 3 podemos perceber as diferentes origens de poluição da água subterrânea:

Figura 3 - Poluição Da Água Subterrânea Com Diferentes Origens Fonte: Lneg, 2015.

6 ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS PARA O TRATAMENTO ADEQUADO DO ESGOTO


DOMÉSTICO

Diante da ausência de rede de esgotamento sanitário em áreas rurais, soluções para o tratamento de
esgoto doméstico ou complementação do tratamento, podem ser realizadas de forma alternativa, como
métodos individuais de tratamento do esgoto residencial. Entre as possíveis maneiras de tratamento
podemos citar a bacia de evapotranspiração, o banheiro seco, o círculo de bananeiras, a fossa séptica
biodigestora e as zonas de raízes.

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6.1 BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO

A Ecoeficientes (2015) apresenta a bacia de evapotranspiração - BET, também chamada de tanque de


evapotranspiração - TEvap, que é popularmente conhecida como “fossa de bananeiras” e seu uso é
difundido por permacultores em diversos países como meio alternativo para o tratamento de águas negras
em domicílios. Trata-se basicamente de uma cava ou tanque de ferrocimento impermeabilizado, onde este é
preenchido com diferentes camadas formadas por pneus, tijolos, britas, areia e a instalação de um duto para
eliminação de gases e o posterior plantio de espécies com crescimento rápido com alta absorção de água,
como bananeiras, mamoeiros e taiobas. Para o tratamento de esgoto em uma residência com cinco habitantes
utiliza-se uma bacia com 10 metros quadrados sendo contabilizados 2 metros quadrados por indivíduo. Na
Figura 4 podemos visualizar as características de uma Bacia ou Tanque de Evapotranspiração:

Figura 4 - Bacia de Evapotranspiração. Fonte: Ecoeficientes, 2015.

6.1.1 Funcionamento da Bacia ou Tanque de Evapotranspiração

A BET recebe apenas os efluentes oriundos do vaso sanitário, ou seja, as águas negras. A matéria
orgânica é naturalmente degradada por organismos microbianos no processo de fermentação na câmara de
pneus. Entre as pedras e tijolos existentes ao lado da câmara, os nutrientes são mineralizados, ocorrendo a
absorção e a evapotranspiração da água pelas espécies plantadas. É um sistema que transforma os dejetos
humanos em nutrientes e devolve ao meio ambiente água limpa, pois, neste sistema a água volta ao ciclo
através da transpiração das folhas, por isso este tratamento é denominado evapotranspiração.
Uma das vantagens deste método é que não existe a contaminação do solo, dos lençóis freáticos e
dos cursos hídricos, pois a percolação da água existente na bacia ocorre de baixo para cima. Depois de
separada dos resíduos humanos passa gradativamente pelas camadas de brita, areia e solo chegando até as
raízes das plantas e devolvida ao meio ambiente após o processo de evapotranspiração livre de
contaminação. Outra vantagem é o manejo que consiste em manter o solo protegido com as folhas que caem
das plantas e aparas de podas de outras plantas do jardim para que o solo permaneça coberto e assim não
ocorra infiltração das águas das chuvas no sistema.

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A desvantagem é que apenas serão tratados os efluentes que saem dos sanitários, pois a presença de
produtos químicos acaba prejudicando as bactérias essenciais no processo, deste modo a água cinza,
presente em pias, chuveiros e máquina de lavar roupas devem receber outro tratamento.

6.2 BANHEIRO SECO

A Vida Sustentável (2015) nos ensina sobre o banheiro seco, também conhecido como banheiro
compostável. É um método eficiente que transforma fezes humanas, papel higiênico e serragem em
composto orgânico, além disso, o processo não gera odores e nem contaminação do solo e dos cursos
hídricos. O banheiro seco é estruturado com duas câmaras de uso alternado cobertas por uma chapa preta,
chaminé para eliminação de gases, vaso sanitário que apresenta dois compartimentos para separar as
eliminações líquidas das sólidas. As eliminações líquidas são captadas em bombonas e posteriormente
utilizadas como fertilizante após sua diluição em água, já as eliminações sólidas passam pelo processo de
decomposição realizado por organismos termofílicos que sobrevivem em altas temperaturas, em seguida
encaminhadas para um minhocário e posteriormente o húmus gerado é utilizado como adubo orgânico. A
estrutura do banheiro seco é simples e de baixo custo em comparação aos demais métodos que apresentamos
neste artigo. Na Figura 5 apresentamos a estrutura de um banheiro seco:

Figura 5 - Banheiro Seco. Fonte: Setelombas, 2015.

6.2.1 Funcionamento do Banheiro Seco

Conforme explicações da Vida Sustentável (2015), o banheiro seco tem seu funcionamento contínuo
necessitando apenas alternar o uso de suas câmaras decompositoras. Esta alternância é realizada a cada seis
meses, quando a matéria orgânica é retirada e encaminhada para um minhocário, depois de transformada em
húmus é utilizada como adubo em plantações e para enriquecimento do solo.
O banheiro seco é coberto por telhado, podendo este ser de diferentes tipos de telhas ou coberto por
plantas. Na parte superior interna é instalado o assento sanitário e a tampa de fechamento da câmara, que
será isolada durante seis meses para decomposição. Na parte interna inferior do sanitário a 80 cm do assento
é encontrada uma rampa com inclinação mínima de 45º por onde passam as fezes se misturando a serragem

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que é utilizada para uma melhor decomposição e eliminação de umidade evitando assim o odor
desagradável. As câmaras onde o composto é armazenado tem 1 metro cúbico cada, são feitas de tijolos e o
piso é de concreto não havendo assim contato com o solo.
Na parte externa das câmaras são encontradas duas portas para retirada do composto orgânico, uma
chapa metálica pintada com a cor preta para que haja absorção da luz solar garantindo assim uma
temperatura elevada no interior da câmara auxiliando no processo de decomposição dos resíduos. O ar frio
que entra pelo buraco do assento é aquecido pelo calor gerado pela chapa preta e captado pela chaminé e
direcionado para fora da câmara eliminando gases e odores. É importante que esta chapa metálica, aqui no
Brasil, fique instalada voltada para o norte onde receberá insolação durante todo dia. Outro cuidado que se
deve ter é para que nenhuma árvore ou edificação faça sombra para não interferir no processo de
decomposição termofílico das câmaras. Importante também é lembrar que antes do primeiro uso a rampa
deve ser molhada e coberta por serragem, durante o período de utilização ao fim de cada uso deve ser
colocada uma pequena quantidade serragem que envolve as fezes auxiliando no processo de decomposição.
Podemos citar como vantagens do uso do banheiro seco, a não geração de efluentes sanitários, a
utilização do composto orgânico gerado pelas fezes e pela urina em adubo orgânico, o que elimina a
necessidade do uso de adubos químicos, enriquecendo assim o solo e devolvendo os nutrientes ao ciclo.
Como desvantagens, temos o tempo de tratamento, a funcionalidade associada ao uso correto e a aceitação
do uso do banheiro seco por parte da população.

6.3 CÍRCULO DE BANANEIRAS

O vídeo de Eckelberg (2014) nos ensina sobre o método do círculo de bananeiras usado para o
tratamento biológico de águas cinzas provenientes do uso de pias, chuveiros, tanques, máquinas de lavar
roupas e louças, que são destinadas para uma cava circundada por bananeiras que através da transpiração
purificam a água. Na Figura 6 podemos observar a estrutura do Círculo de Bananeiras:

Figura 6 - Círculo de Bananeiras. Fonte: Setelombas, 2015.

6.3.1 Funcionamento do Círculo de Bananeiras

O funcionamento do círculo de bananeiras é simples e de fácil construção. Consiste na abertura de


uma cava de 1m³, tamanho dimensionado para uma família de até 5 indivíduos. A cava deverá ser
preenchida no sistema de camadas, primeiramente troncos grossos, após médios e por último os galhos

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provenientes de podas ou similares. Depois da cava preenchida com esses materiais e a tubulação que
destinará o efluente instalada, circundasse-a com a terra retirada da cava, essa terra servirá de proteção,
evitando a ação da água da chuva, após essa proteção deve-se colocar uma pilha com folhas, aparas de
grama e galhos pequenos, essa pilha deve ser reposta frequentemente para que não ocorra aprofundamento
da cava que consequentemente poderá acumular água e danificar o sistema. As bananeiras devem ser
plantadas na parte externa da cava e do lado de fora do círculo de terra o plantio deve ser intercalado com
plantação anual. A cada três anos as bananeiras mais antigas devem ser retiradas.
As vantagens neste sistema são o tratamento do efluente cinza, a simplicidade de construção, a fácil
manutenção e o baixo custo, uma vez que a maior parte dos materiais para a implantação encontra-se na
natureza. Como desvantagens temos a falta de tratamento do efluente do sanitário, a água negra, o não
reconhecimento dos conselhos de engenharia como sistema sanitário e a eficiência do sistema condicionada
a não utilização de produtos químicos na lavagem de roupas e louças e nos banhos.

6.4 FOSSA SÉPTICA BIODIGESTORA

Atualmente existem diferentes tipos de fossas biodigestoras, em alguns sistemas é possível fazer até
mesmo o aproveitamento do gás metano, utilizando este como fonte de energia. O sistema de fossa
biodigestora desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA é voltado para a
área rural pela necessidade de eliminar a utilização de fossas rudimentares, trazendo como alternativa para
destinação de maneira eficiente e livre de contaminações o efluente doméstico oriundo de sanitários e a
diminuição dos produtos químicos utilizados como fertilizantes uma vez que o resultado final da fossa
biodigestora é um excelente fertilizante. A Figura 7 demonstra a configuração de uma Fossa Séptica
Biodigestora:

Figura 7 - Fossa séptica biodigestor. Fonte: Cnpdia, 2015.

6.4.1 Funcionamento da Fossa Séptica Biodigestora

A fossa séptica biodigestora é composta por três caixas de fibrocimento ou de fibra, instaladas em
uma cava, canos e conexões de PVC, pequenos dutos para eliminação de gás metano e material para
vedação das tampas, como por exemplo, borracha. A primeira etapa consiste na montagem do sistema

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através da realização da cava, a instalação das câmaras, canos, conexões, dutos e a ligação do efluente
sanitário ao sistema biodigestor.
Antes do primeiro uso é depositado na válvula de retenção, instalada antes da primeira caixa do
circuito, 10 litros de uma mistura composta por 50% de água e 50% de esterco bovino fresco. Esta mistura
irá gerar uma colônia de bactérias responsáveis pelo processo de decomposição da matéria orgânica através
do processo de fermentação anaeróbica ou biodigestão que ocorre nas duas primeiras câmaras. Quanto o
efluente chega à terceira câmara do sistema não há a presenta de patógenos fecais e o efluente pode ser
utilizado como fertilizante nas plantações. Após o uso inicial se faz necessária a manutenção do sistema que
consiste na deposição de 10 litros da mistura inicial feita através da válvula de retenção.
Além da eliminação do uso de fossa rudimentar encontramos como vantagem no uso deste sistema a
durabilidade e a fácil manutenção, a eliminação do uso de fertilizantes químicos e se a capacidade de
investimento for maior, a possibilidade de aproveitamento do gás metano para a geração de energia.
Como desvantagem do sistema apresentado, temos a necessidade de outro sistema para tratamento
das águas cinzas, pois, no processo de biodigestão não podem ser usados produtos químicos ou com agentes
bactericidas e a necessidade de esterco bovino torna inviável este sistema para regiões onde não se tenha
criação deste animal.

6.5 ZONA DE RAÍZES

O sistema de tratamento de esgoto formado por zona de raízes é destinado ao tratamento de efluentes
domésticos. Para a construção deste sistema existem diferentes métodos para diferentes finalidades. O
método que descrevemos trata-se do tratamento das águas cinzas e negras, aplicado por Timm (2015) em
sua dissertação para a obtenção do título de mestre em engenharia civil. Na Figura 8 podemos observar a
estrutura de uma Zona de Raízes ou como também são chamados Jardins Filtradores:

Figura 8 – Jardins filtradores. Fonte: Ambiental Daterra, 2015.

6.5.1 Funcionamento da Zona de Raízes

O método de implantação do sistema zona de raízes vertical é dimensionado para uma família
composta por cinco pessoas. Para que ocorra o perfeito funcionamento do sistema se faz necessária
primeiramente a separação e o tratamento das águas cinzas e negras da residência. Para o tratamento do
efluente oriundo da pia da cozinha, é necessário um tratamento prévio em uma caixa de gordura e somente
depois o efluente é direcionado para o tanque de zona de raízes. O efluente composto por águas negras
recebe um tratamento prévio que consiste em fossa séptica e filtro anaeróbico, após é direcionado para o
sistema de tratamento formado por zona de raízes. As águas cinzas oriundas de chuveiro e da lavagem de
roupas é direcionada para o sistema sem a necessidade de um tratamento prévio. Depois de direcionados, os

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efluentes recebem o tratamento através do sistema de raízes de plantas macrófitas que consiste também em
diferentes meios de oxigenação, umidade e temperatura e assim ao final do processo a eliminação dos
agentes patogênicos existentes no efluente é completa.
O sistema de tratamento de efluente doméstico por zona de raízes é composto pela instalação de três
caixas de fibrocimento de 1000 litros em desnível. Após a instalação das caixas e do circuito hidráulico de
captação da água livre de contaminantes são implantadas camadas de 40 cm areia e 40cm de brita, o circuito
responsável pela distribuição do efluente nas caixas e por fim as plantas macrófitas, conhecidas pelos nomes
populares de papiro-gigante, copo-de-leite, cavalinha, taioba, lírio-do-brejo, taboa e bananeira que utilizam
os nutrientes da matéria orgânica encontrada no efluente para se desenvolverem.
A vantagem do método de tratamento de efluente por zonas de raízes é a possibilidade de ser
utilizado isoladamente ou de maneira complementar podendo assim, tornar outros sistemas de tratamento de
efluentes mais eficazes. Além do tratamento de efluente o sistema permite embelezamento do ambiente e a
produção de alimentos. A falta de reconhecimento como sistema sanitário por parte dos conselhos de
engenharia é a desvantagem da Zona de Raízes.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido à falta de abrangência dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário no


meio rural surge a necessidade da utilização de métodos alternativos e sustentáveis para soluções individuais
de tratamento de esgotos a fim de sanar a problemática. Há políticas públicas no país voltadas a
universalização dos serviços de saneamento básico rural e especificamente no serviço de esgotamento
sanitário, a solução que tem sido adotada para domicílios rurais é o sistema de fossa-filtro e sumidouro,
embora seja simples a instalação é necessária a manutenção periódica da fossa para manter a eficiência no
tratamento. Os sistemas alternativos que descrevemos neste artigo que não podem ser usados unicamente,
podem ser usados como complementares ao tratamento sugerido nos planos de saneamento e assim,
maximizar a eficiência no tratamento dos resíduos e proporcionar o aproveitamento dos produtos resultantes
na propriedade, como é o caso dos compostos orgânicos que substituem os adubos químicos.

Os métodos alternativos pesquisados mostraram que não existe impossibilidade no tratamento dos
efluentes domésticos, ocorrendo sim, a falta de conhecimento sobre o tema por parte dos governantes e da
população em geral, e entraves por parte de órgãos licenciadores, como o Conselho Regional de Engenharia
e Agronomia – CREA , que não os reconhecem como métodos sanitários residenciais, sendo portanto,
necessário maior divulgação das pesquisas científicas realizadas. Embora a divulgação dos métodos
alternativos através de palestras e oficinas já está sendo feita em algumas comunidades no país, ainda é
incipiente. Atualmente são divulgados métodos de baixo custo por entidades como a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR, métodos que
o produtor rural pode escolher para melhor suprir as suas necessidades. E no mais, se cada morador da zona
rural puder contar com o tratamento correto dos efluentes gerados em sua residência, serão economizados
gastos para sanar as doenças oriundas da falta de saneamento.

REFERÊNCIAS

http://www.revistaea.org/pf.php?idartigo=2261 13/17
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<http://www.ambientaldaterra.com.br/wp- content/uploads/2011/01/biotratamento.jpg>. Acesso em 30 nov.
2015

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do Padre. Apêndice 1. Arroio do Padre, 22 set. 2015.

BRASIL. Lei. n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8080.htm>. Acesso em: 26 nov.
2015.

BRASIL. Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico;
altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de
1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>.
Acesso em: 27 set. 2015.

CNPDIA. Fossa Séptica Biodigestora. Disponível em:


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ARROIO DO PADRE, RS. Disponível em: <http://www.deepask.com/goes?page=arroio-do-padre/RS-
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Sinos e Serra Gaúcha. São Leopoldo: UNISINOS – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2015.

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Regulação dos Serviços nas 100 maiores cidades brasileiras. Disponível em:
http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/estudos/diagnostico/estudo-completo.pdf . Acesso em: 28 nov. 2015.

TRATA BRASIL. Saneamento é Saúde. Disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/saneamento-e-


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TRATA BRASIL. Saneamento no Brasil – bakup. Disponível em:


<http://www.tratabrasil.org.br/saneamento-no-brasil-bakup>. Acesso em: 15 nov. 2015.

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brasil>. Acesso em: 27 set. 2015.

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Disponível em: <http://www.upb.org.br/wp-content/uploads/2013/10/Funasa-Saneamento-Rural-18-09-
2015.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2015.

VIDA SUSTENTÁVEL. Banheiro Ecológico Seco de Fácil Construção é a Solução da Falta de


Saneamento Básico. Disponível em: <http://www.vidasustentavel.net/gestao-de-residuos/banheiro-
http://www.revistaea.org/pf.php?idartigo=2261 15/17
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ecologico-seco-de-facil-construcao-e-a-solucao-da-falta-de-saneamento-basico/>. Acessado em 15 nov.


2015.

WIKIPEDIA. Saneamento Básico. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Saneamento_b%C3%A1sico>. Acesso em: 14 nov. 2015.

APÊNDICE 1

QUESTIONÁRIO

1) Qual a população atual do município? “Aproximadamente 2800


habitantes.”
2) Quantas residências e estabelecimentos existem no município? “Em torno de 700 residências e 30
estabelecimentos comerciais, 1 posto de saúde, 6 escolas, 1 câmara de vereadores e a sede
administrativa.”
3) Número de residências abastecidas com rede de distribuição de água? “137
residências.”
4) A rede de abastecimento de água é alimentada por qual tipo de fonte? “Poço tubular
profundo.”
5) A rede de distribuição fornece água tratada? Qual tipo de tratamento? “Sim,
clorada.”
6) Número de residências dependentes de poços artesianos para consumo humano no município? “De
acordo com as novas regras da DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) poços artesianos são
licenciáveis e terão que ser substituídos por cacimbas rasas de até 1 metro de profundidade.”
7) Há controle de qualidade das águas destes poços artesianos? Com qual frequência? “Não há
controle.”
8) Como estão os indicadores de salubridade ambiental do município? “Existem grandes áreas de
matas nativas remanescentes, nascentes em condições de potabilidade, assim apresenta bom índice de
qualidade ambiental comparado com os parâmetros nacionais.”
9) Há previsão para abastecimento com rede de distribuição de água da totalidade das residências no
município? “Não, serão atendidos apenas os centros urbanos e as residências localizadas entre esses centros.
As demais residências terão disponibilidades e água por cacimbas rasas tradicionais onde a água será
também analisada.”
10) Quais tipos de serviços de saneamento básico o município dispõe? “Resíduos Sólidos,
abastecimento de água e drenagem urbana.”
11) O município possui Plano diretor de abastecimento de água, Plano diretor de desenvolvimento
urbano, Plano diretor de recursos hídricos, Plano diretor integrado de saneamento básico ou outro
instrumento regulador do serviço de abastecimento de água? “Sim o Município possui legislação sobre estes
assuntos.”
12) O município possui algum destes instrumentos legais reguladores para o serviço de esgotamento
sanitário? “Não.”

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13) Número de residências que possuem o tratamento adequado do esgoto doméstico? “Não há estação
de tratamento, o tratamento é individual. 70% das residências são com fossa- filtro sumidouro e 30% das
residências com fossas rudimentares.”
14) Nas construções atuais, o município exige do munícipe a execução de um esquema adequado para o
tratamento do esgoto doméstico? “Estará previsto no Plano Municipal de Saneamento.”
15) Quais alternativas o município propõe para o correto tratamento do esgoto doméstico nas novas
residências? “Tratamento individual, Fossa- Filtro e Sumidouro.”
16) Quais alternativas são previstas para implantação do tratamento adequado e sustentável do esgoto
sanitário em residências que ainda não o possuem? “Estará previsto no Plano Municipal de Saneamento.”
17) Há participação ativa da população na elaboração de planos e políticas públicas no município? “A
população é convidada para participar das Audiências Públicas, porém poucas pessoas participam.”
18) A população arroio padrense mostra-se receptiva frente a mudanças, sendo elas para preservação do
meio ambiente e da saúde pública, mesmo que isso implique em desembolsos financeiros? “Há um pouco de
reversão dos cidadãos quanto à diminuição da área cultivável, em razão da recuperação das matas ciliares e
restituição de reservas legais.”
19) Está prevista uma campanha de educação ambiental para conscientização sobre a necessidade do
tratamento adequado do esgoto doméstico? “Sim.”
20) Quais as dificuldades encontradas pela Administração Pública do município para atender ao Plano
Nacional de Saneamento Básico? “Principalmente em medidas que aumentam os custos.”

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