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CAMPINAS
2015
BIANCA GRAZIELLA LENTO ARAUJO GOMES
ASSINATURA DO ORIENTADOR
___________________________
CAMPINAS
2015
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E
URBANISMO
Dedico.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me deu saúde e força para trilhar o caminho que escolhi e
perseverança nos momentos de dúvidas.
A minha família que sempre me incentivou e me amparou em todos os
momentos. Agradeço pelos ensinamentos e educação dados durante toda a vida, os
quais se tornaram fundamentais alicerceis para o desenvolvimento do que sou hoje.
Agradeço pela compreensão e paciência, pelos conselhos, pelas palavras de
estímulo, e pelo carinho e atenção quando reunidos ou mesmo através de
telefonemas e mensagens.
A minhas queridas e grandes amigas, Jéssica Dias, Amanda Rocha, Viviane
Batista, Marília Carvalho, Paula Borges, Sophia Lacerda, Aline Blumer, Lilian
Ferreira, Talita Correa, Helena Marcon, Izabela Caldeira, Gabriela Goulart, e ao
querido Vinícius Leite; pelos longos anos de amizade, pela companhia sempre tão
agradável e por me apoiarem sempre que precisei.
Às companheiras de república campineira Mariana Oliveira, Angélica
Herling, Lucila Andrade, Caroline Simões e Elisa Ferreira, pela convivência alegre,
pelas conversas noite afora e pelas ideias únicas e incabíveis.
Aos colegas de curso e do grupo de pesquisa, em especial à Luana Cruz,
Jeniffer Silva, Lays Leonel, Denise Vasquez, Amanda Oliveira, Renata Moretto,
Vanessa Urbano, pelas sugestões e apoio, pela ajuda com análises e estudos; ao
Francisco Madri pela colaboração com a manutenção do sistema de tratamento, e
ao Daniel Bueno por, além disso, também ter elaborado a maioria dos esquemas
ilustrativos utilizados neste trabalho. E a todos pelas palavras amigas e pelo
companheirismo dentro e fora da faculdade.
Ao Prof. Dr. Adriano Luiz Tonetti por acreditar e confiar em meu trabalho,
dando-me a oportunidade de desenvolvê-lo na Unicamp. E também pela orientação,
conselhos e ensinamentos concedidos durante todo o mestrado.
Aos Técnicos do Laboratório de Saneamento, Fernando Pena, Enelton
Fagnani e Lígia Domingues pela disponibilidade em ajudar e esclarecer minhas
dúvidas. E ao Carlos da oficina do Laboratório de Hidráulica por ajudar com os
reparos do sistema e empréstimo de ferramentas.
Também agradeço aos alunos de bolsa trabalho e iniciação científica: Aline,
Érik, Junia, Alan e Simone pelo auxílio nas análises laboratoriais.
Ao Prof. Dr. Edson Nour e à Prof. Dra. Tânia Forster pelos conselhos e
contribuições durante o exame de qualificação.
Aos funcionários da Secretaria de Pós-graduação da FEC, Eduardo, Diego e
Rosana, pelas informações e pelo pronto atendimento.
Ao Charles Vicente por permitir a construção do sistema de tratamento no
espaço utilizado por sua empresa (Villa Stone Comércio e Indústria de Materiais
Básicos para Construção Ltda.), e seus funcionários Walcir, Flávio e Osvaldo que,
por vezes, me ajudaram com o monitoramento e manutenção do sistema.
Às agências de fomento CAPES pela concessão de bolsa durante o
mestrado e à FAPESP e CNPq pelo auxílio à pesquisa.
E a todos que, de alguma forma, contribuíram para a concretização deste
trabalho.
Muito Obrigada.
A curiosidade, instinto de complexidade infinita, leva por um lado a
escutar as portas e por outro a descobrir a América; - mas estes dois
impulsos, tão diferentes em dignidade e resultados, brotam ambos de
um fundo intrinsecamente precioso, a atividade do espírito.
Key-words: Simplified system; full scale; small communities; septic tank; anaerobic
filter; sand filter; green coconuts husks; reuse.
LISTA DE FIGURAS
Figura 12 - Cascas de coco verde da espécie Cocos nucifera antes e após o corte 62
Figura 30 – Aspecto visual dos efluentes do Taque Séptico (EB), Filtro Anaeróbio
(FA) e Filtro de Areia (EA) coletados durante a 26ª semana de monitoramento. ...... 90
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 20
2. OBJETIVOS.............................................................................................................. 23
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 23
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................... 24
3.1 Populações Urbana e Rural ............................................................................. 27
5.2.1 Temperatura................................................................................................. 79
5.2.2 pH, Alcalinidade e Ácidos Orgânicos Voláteis.............................................. 81
5.2.3 Condutividade .............................................................................................. 86
5.2.4 Turbidez ....................................................................................................... 88
5.2.5 Oxigênio Dissolvido ...................................................................................... 91
5.2.6 Sólidos Suspensos ....................................................................................... 93
5.2.7 DQO e DBO ................................................................................................. 96
5.2.8 Série de Nitrogênio .................................................................................... 101
5.2.9 Fósforo ....................................................................................................... 107
5.3 Parâmetros biológicos .................................................................................... 109
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Outro fato que também merece atenção diz respeito aos municípios com até
50.000 habitantes. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) o
percentual de esgoto coletado tratado é de apenas 53%, tendo como agravante o
fato de que estes municípios representam 89,8% do total de municípios do país,
sendo predominantemente rurais e com população dispersa (densidade demográfica
menor que 80 hab/km²) (IBGE, 2010).
27
Ainda que não seja possível uma definição universal dos critérios
necessários para organização do território entre áreas urbanas e rurais, pois, cada
realidade sócio-espacial exige adequação e especificação desses conceitos (REIS,
2006), é importante que exista a distinção dessas áreas reservando a cada uma
29
diferentes tratamentos, para que assim haja um melhor planejamento e gestão, com
direcionamento de recursos mais adequado e melhor atendimento às demandas que
também são diferentes para cada situação.
Como exposto, o que torna o tanque séptico mais atrativo do que os demais
sistemas anaeróbios é sua simplicidade construtiva e operacional, não exigindo
equipamentos complexos para construção e mão de obra qualificada para o
monitoramento, permitindo o gerenciamento das águas residuárias na própria
origem. Porém, ainda que vantajoso, seu desempenho dependerá do projeto,
instalação, manutenção e monitoramento, da mesma forma que qualquer outro
sistema de tratamento; incumbindo ao proprietário a responsabilidade pelo
funcionamento do sistema e adequação, no caso de países desenvolvidos, aos
mecanismos reguladores existentes (BUTLER, 1995).
Um exemplo desta condição pode ser visto na Irlanda, onde, desde 2009,
vigoram diretrizes que determinam o aproveitamento dos resíduos e o descarte
adequado. Portanto, para atender à lei, os tanques sépticos presentes em domicílios
irlandeses devem ser registrados, cabendo aos proprietários operá-los e mantê-los
de acordo com os padrões emitidos pelo governo (WITHERS et al, 2012).
preenchido com brita 2) por 315 dias, alcançando resultados favoráveis, com
remoções para DQO, DBO, SST de 84, 81, 89%, respectivamente (para TDH médio
de 20 horas), atingindo concentrações predominantemente menores que os limites
de lançamento exigidos pelas leis egípcias.
- Os filtros devem possuir uma cobertura em laje de concreto contendo uma tampa
de inspeção;
Para van Haandel e Lettinga (1994) uma das barreiras para a adoção dos
filtros anaeróbios em escala real refere-se ao custo do material de enchimento, que
pode ter a mesma ordem de grandeza do valor da própria construção do reator. Esta
constatação reforça o fato de que as pesquisas devam considerar as necessidades
e condições locais, e não apenas se basear em práticas de sucesso adotadas em
outros países (MASSOUD et al, 2009). Pensando nisto, pesquisadores da UNICAMP
apoiados pelo Programa de Pesquisas em Saneamento Básico (PROSAB) ao
estudarem sistemas de tratamento de esgotos acessíveis a comunidades carentes,
testaram diferentes materiais alternativos, como anéis de eletroduto, escória de alto-
forno, anéis de bambu, cascas de coco verde e tijolos cerâmicos. Ao aplicá-los em
39
escala real, concluíram que os anéis de bambu e cascas de coco verde são leves e
facilmente encontrados nas regiões brasileiras, e permitem, assim, a redução dos
custos para construção dos filtros (TONETTI et al, 2012; CRUZ et al, 2013).
mas, para respaldar a difusão, foi elaborada uma norma específica, a NBR
13969:1997, na qual estão dispostos detalhes técnicos que orientam a construção e
operação de diferentes unidades.
tratamento (USEPA, 1985; ROLLAND et al, 2009, METCALF; EDDY, 2003). Como
forma de orientação e contribuição para uma operação adequada, a norma técnica
francesa DTU 64.1 (AFNOR, 2007) se mostra mais restritiva à granulometria,
recomendando que o tamanho dos grãos de areia esteja dentro do intervalo de 0,1 a
0,4 mm; já a agência de proteção ambiental dos Estados Unidos (USEPA, 1985)
apresenta limites um pouco maiores, de 0,4 a 1,5 mm; semelhante à norma
brasileira (NBR 13969:1997) cujo intervalo varia de 0,25 a 1,2 mm. Vale acrescentar
que areias de tamanho efetivo similar e coeficiente de uniformidade (Cu) diferente
também podem produzir desempenho significativamente diverso. Segundo a DTU
64.1, o coeficiente de uniformidade não deverá ser inferior a 3 ou superior a 6. Já
para a USEPA (1985) e a NBR 13969 (1997), os filtros de alimentação intermitente
deverão apresentar Cu inferior a 4. Demais mecanismos e fenômenos atuantes no
processo de filtração estão descritos na Tabela 3.
Mecanismos/
Descrição
Fenômenos
Fixação
a. Partículas maiores que os poros do material suporte são retidas
a. Mecânica
mecanicamente
b. Por contato
b. Partículas menores do que os poros ficam presas no filtro pelo contato
com os grãos
Sedimentação Deposição de partículas no meio filtrante
Muitas partículas que se deslocam pelas linhas de fluxo são removidas
Interceptação
quando entram em contato com a superfície do material filtrante
As partículas se ligam à superfície do material filtrante à medida que
Adesão passam por ele. Devido à força do fluxo da água, alguns materiais são
arrastados para o fundo do filtro antes que se prendam firmemente
Floculação A floculação pode ocorrer dentro dos interstícios do material filtrante
Uma vez que a partícula tenha entrado em contato com a superfície do
Adsorção Química
material filtrante ou outras partículas, um desses mecanismos, ou ambos,
e Física1
poderá retê-la no material
O crescimento biológico no filtro reduz o volume dos poros e pode
Crescimento
melhorar a remoção de partículas atuando juntamente aos mecanismos
Biológico
de remoção acima citados
(Fonte: METCALF; EDDY, 2003)
1
Forças envolvidas: Ligação e interação química; forças eletrostáticas, eletrocinéticas e de van der
Waals (METCALF; EDDY, 2003).
44
Esta mesma norma também recomenda que o uso de filtro de areia para o
pós-tratamento de efluente de tanque séptico, deve limitar a taxa de aplicação a
100 Lm-2dia-1 e caso seja proveniente de um processo aeróbio, pode-se dobrar o
valor da taxa. Onde a temperatura média mensal do esgoto for inferior a 10 oC, os
limites serão, respectivamente, 50 e 100 Lm-2dia-1. Já a agência de proteção
ambiental norte-americana, USEPA, apesar de pertencente a um país de clima
predominantemente mais frio, recomenda taxas superiores aos da norma brasileira,
46
variando entre 80 e 200 Lm-2dia-1 (2.0 – 5.0 gpd ft-²) quando a alimentação provém
de tanque séptico e de 200 a 400 Lm-2dia-1 (5.0 – 10.0 gpd ft-²) se originária de filtro
aeróbio (USEPA, 1980).
Resíduo Efeito
Pode provocar a deposição de lodo ou interferir na transparência
da água;
Sólidos suspensos
Pode interferir na desinfecção servindo de escudo para micro-
organismos
Sólidos coloidais Pode interferir na turbidez do efluente
Consumo de oxigênio dissolvido;
Matéria orgânica
particulada Pode interferir na desinfecção servindo de escudo para micro-
organismos
Carbono orgânico Consumo de oxigênio dissolvido
Aumento da demanda de cloro;
Pode ser convertida a nitrato, consumindo oxigênio;
Amônia Juntamente ao fósforo, pode levar ao desenvolvimento
indesejável de organismos aquáticos;
Tóxica aos peixes
Estimula o crescimento algal e de organismos aquáticos;
Nitrato
Pode provocar a metahemoglobinemia em bebês
Estimula o crescimento algal e de organismos aquáticos;
Fósforo
Interfere na coagulação;
Biológicos
(Bactérias; cistos e Riscos sanitários – propagação de agentes infecciosos e vetores
oocistos de de doenças
protozoários; e vírus)
(Fonte: METCALF; EDDY, 2003)
aos padrões exigidos para a modalidade pretendida (reúso para fins urbanos;
agrícolas e florestais; ambientais; industriais e aquicultura), porém, não determina
quais são estes padrões, reportando-os a regulamentações futuras.
Água residual de
máquinas de lavar
Turbidez < 10 uT roupas seguidas por
Reúso em descargas de
Classe 3 coloração. Demais
vasos sanitários CF < 500 NMP/100mL casos: tratamento
aeróbio seguido de
filtração e desinfecção
Reúso em pomares,
cereais, forragens,
pastagens e outros CF < 5000 NMP/100mL
Classe 4 cultivos através de ---
escoamento superficial ou OD: 2,0 mgL-1
por sistema de irrigação
pontual.
1 – Coliforme Fecal (CF); 2 – Sólidos Totais Dissolvidos (STD); 3 – Cloro Residual
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 4 - Imagens das construções presentes na propriedade: Bar (A); Residências dos
proprietários (B e C); e Fábrica (D).
Nas casas residem quatro pessoas que permanecem durante o dia todo na
propriedade e consomem água apenas para realizarem atividades domésticas. No
bar, o consumo se deve a presença de dois banheiros (um vaso sanitário e uma pia
em cada), uma pia para limpeza de utensílios dentro do estabelecimento e uma
torneira conectada a uma mangueira para uso externo.
associado a filtro de areia (entre julho de 2012 e fevereiro de 2013). Neste período, o
filtro anaeróbio foi mantido inoperante desviando-se o efluente do tanque séptico e o
encaminhando diretamente ao filtro de areia.
Figura 6 - Esquema em corte lateral do sistema completo e foto sequencial de cada unidade
estudada
Como descrito nos itens 4.1 e 4.1.2, o terreno era relativamente íngreme e o
esgoto proveniente das casas e do bar pôde ser transportado pela ação da
gravidade até o tanque séptico, contribuindo para não mecanização do sistema. No
caso da fábrica, estando as instalações de esgoto em área plana, foi preciso
posicionar as tubulações (tanto o coletor predial quanto os tubos internos às
unidades de tratamento) com certa declividade permitindo o transporte do líquido
sem intervenção de bombas.
Para viabilizar o posterior reúso e/ou disposição final do efluente tratado, foi
construído um tanque simples de armazenamento e, apenas neste caso, devido à
profundidade do tanque, recorreu-se ao uso de bomba (Bomba THEBE, modelo
B-12, ½ CV) para recalcar o líquido até a superfície do terreno.
Equação 1
Onde,
V = volume útil,
N = número de pessoas contribuintes,
C = contribuição de despejos,
T = período de detenção,
K = taxa de acumulação de lodo digerido e
Lf = contribuição de lodo fresco.
57
Equação 2
Onde,
Vu = volume útil (em litros),
N = número de pessoas contribuintes,
C = contribuição de despejos,
T = tempo de detenção hidráulica.
60
Mais uma vez pode-se observar que o volume adotado para a construção do
filtro em estudo difere do valor calculado através da fórmula. Neste caso, a
modificação se deve à diminuição do tempo de detenção hidráulica de 1 dia para
16,8 horas (0,7 dia). Tal alteração se ampara em resultados satisfatórios obtidos
anteriormente por Alem Sobrinho e Said (1991) e Tonetti et al. (2011), os quais
observaram remoção de matéria orgânica em filtros anaeróbios operando com
tempos de detenção hidráulica inferiores aos sugeridos pela NBR 13969:1997.
filtro e distribuído por tubos perfurados. Portanto, para proporcionar uma distribuição
homogênea do afluente utilizou-se uma tubulação de 0,05 m de diâmetro, com
perfurações de 0,03 m de diâmetro (espaçadas a cada 0,06 m) por toda sua
extensão, a qual avançava 0,76 m sobre a base da laje inferior em direção ao centro
(Figura 11). O mesmo procedimento foi realizado na tubulação de saída (fixada sob
a placa de concreto na porção superior).
Figura 12 - Cascas de coco verde da espécie Cocos nucifera antes e após o corte
Equação 3
Onde,
A = área requerida (m²),
Q = vazão afluente (Ldia-1)
Ls = taxa de aplicação superficial (Lm-2d-1)
1ª 2ª
3ª 4ª
(Fonte: acervo pessoal Luana Cruz, 2013)
filtro anaeróbio (coletado diretamente da tubulação de saída com acesso pela caixa
de passagem sifonada) e do filtro de areia (coletado diretamente da tubulação de
saída com acesso pelo tanque de armazenamento), ao longo do período
experimental durante 15 meses (de maio de 2013 até julho de 2014).
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
1.20 75%
1.00 50%
0.80 25%
0.60
0.40
0.20
0.00
H1 H2 H3 TOTAL
(residências) (estabelecimento) (fábrica)
m³dia-1
Consumo pelas residências 0,9 ± 0,3
Consumo no bar 0,1 ± 0,1
Consumo na fábrica 0,2 ± 0,1
Consumo na área de estudo 1,1 ± 0,4
Geração de efluente 0,3 ± 0,25
5.2.1 Temperatura
25 T Amb.
20 TS
FA
15
F Areia
10
5
0
5 9 11 14 16 18 20 25 27 29 31 37 39 42 44 46 48 50 52 55 59
Tempo (semanas)
As coletas foram realizadas sempre pela manhã (entre 7:30 e 8:30 horas). A
temperatura ambiente medida no local onde o sistema de tratamento foi instalado
manteve-se abaixo dos 27° C, com média de 21,7 ± 3,3 °C, mínima de 15 °C durante
o inverno e máxima de 27 °C durante a primavera.
7.1
6.9
6.7
6.5
6.3
1 5 9 11 14 16 18 20 25 27 29 31 37 39 42 44 46 48 50 52 55 59
Semanas
Tabela 14 - Valores médios e desvio padrão de Alcalinidade Parcial (AP), Intermediária (AI)
e Total (AT) dos efluentes estudados, e razão de tamponamento (AI/AP)
AP AI AT
Efluente AI/AP
(mgCaCO3.L-1) (mgCaCO3.L-1) (mgCaCO3.L-1)
Tanque Séptico 372 ± 95 126 ± 27 498 ± 114 0,35
Filtro Anaeróbio 407 ± 92 108 ± 21 515 ± 101 0,27
Filtro de Areia 246 ± 108 67 ± 25 314 ± 129 0,30
AOV (mgHAc.L-1)
350 Filtro Anaeróbio
300
250
200
150
100
50
0
5 9 11 14 16 18 20 25 27 29 31 37 39 42 44 46 48 50 52 55 59
Semanas
Pela Figura 25 é possível notar que, a partir da 31ª semana até o final do
período estudado, a concentração de ácidos orgânicos no efluente do filtro
anaeróbio foi sempre menor à do tanque séptico, indicando que os mesmos
passaram a ser adequadamente metabolizados durante a metanogênese,
transformando-se em produtos finais da digestão anaeróbia, sem acúmulo no reator.
Revelando, também, o rápido estabelecimento do equilíbrio dinâmico aparente do
reator se considerada a estabilização da concentração de AOV nas semanas
subsequentes.
5.2.3 Condutividade
1400
1250
1100
950
800
1 5 9 11 14 16 18 20 25 27 29 31 37 39 42 44 46 48 50 52 55
Tempo (semanas)
1800
1000
800
Tanque Séptico Filtro Anaeróbio Filtro de Areia
5.2.4 Turbidez
Figura 28 – Turbidez presente nos efluentes do Tanque Séptico, Filtro Anaeróbio e Filtro de
Areia em função do tempo
800
Tanque Séptico
700
Filtro Anaeróbio
600 Filtro de Areia
Turbidez (uT)
500
400
300
200
100
0
1 5 9 11 14 16 18 20 25 27 29 31 37 39 42 44 46 48 50 52 55
Tempo (semanas)
Figura 30 – Aspecto visual dos efluentes do Taque Séptico (EB), Filtro Anaeróbio (FA) e
Filtro de Areia (EA) coletados durante a 26ª semana de monitoramento.
6
5
4
3
2
1
0
5 9 11 14 16 18 20 25 27 29 31 37 39 42 44 46 48 50 52 55 59
Tempo (semanas)
Tanque Séptico Filtro Anaeróbio Filtro de Areia
7.0
6.0 Classe 1
5.0 Classe 2
4.0 75% Classe 3
3.0 50%
2.0 25%
Classe 4
Outlier
1.0
0.0
Tanque Séptico Filtro Anaeróbio Filtro de Areia
Esgotamento do
Tanque Séptico Tanque Séptico
350
Filtro Anaeróbio
300 Filtro de Areia
SST (mg.L-1)
250
200
150
100
50
0
3 8 10 13 15 17 19 25 27 31 37 39 42 44 46 48 50 52
Tempo (Semanas)
Tabela 15 – Sólidos em Suspensão e suas frações nos efluentes do Tanque Séptico, Filtro
Anaeróbio e Filtro de Areia
Sólidos Sólidos Suspensos
Sólidos Suspensos Totais
Suspensos Fixos Voláteis
Remoção em Média
Média Remoção Média
relação à etapa %* %*
(mgL-1) Global (%) (mgL-1) (mgL-1)
anterior (%)
Tanque
141 ± 59 - - 19 ± 18 14 122 ± 52 86
Séptico
Filtro
55 ± 41 61 - 9 ± 17 17 45 ± 27 83
Anaeróbio
Filtro de
17 ± 12 63 86 5±3 27 12 ± 10 73
Areia
* em relação a SST
800
700 75%
DQO (mgO2.L-1)
50%
600
25%
500
Outlier
400
-1
Limite de 150 mgO2L definido
300
pela legislação alagoana
200 (Decreto nº 6200/1985)
Figura 35 - DQO total, solúvel e coloidal nos efluentes estudados e médias de remoção pelo
Filtro Anaeróbio (FA), Filtro de Areia (F. Areia) e Global
Remoção
46% 50%
300 51%
41% 40%
200 30%
20%
100 7%
10%
0 0%
DQO total DQO solúvel DQO coloidal
Com relação ao filtro de areia, o valor médio da concentração de DQO total foi
de 85 ± 28 mgL-1, com remoção de 60 ± 15% do valor afluente e remoção global de
80 ± 7%. Acredita-se que a baixa amplitude na variação dos dados desde o início do
monitoramento esteja relacionada ao uso do filtro de areia durante o estudo anterior
desenvolvido por Cruz (2013), o que permitiu o estabelecimento de micro-
organismos em camadas mais profundas do leito, visto que não houve perda da
eficiência em períodos próximos a manutenção filtro, nos quais se removeu a
parcela superior colmatada. Como apresentado pela Figura 34, a homogeneidade do
98
500 80%
450 67% 70%
Concentração (mgL-1)
400
Frações de DQO
60%
350 50%
300 50%
41%
250 40%
200 26%
30%
150 17% 16% 20%
100
50 10%
0 0%
Tanque Séptico Filtro Anaeróbio Filtro de Areia
75%
200
50%
DBO (mgO2.L-1)
25%
150 Outlier
Limite de 60 mgL-1 definido
100 pela legislação paulista
(Decreto nº 8468/1976)
50
O filtro de areia, por sua vez, foi responsável por remover, em média, 54%
da DBO afluente (proveniente do filtro anaeróbio), resultando em um efluente final
com concentração igual a 18 ± 9 mgL-1 e remoção global de 87%. Dessa forma, a
qualidade alcançada para o efluente final atenderia às condições mínimas de
redução de 70 - 90% e à concentração máxima de 25 mgL-1 requeridas pela
Deliberação Europeia nº 271 (1991) para descargas de efluentes de estações de
tratamento.
Tabela 17 – Média e desvio padrão para valores dos compostos nitrogenados analisados
50%
120
25%
100
80
60
Limite de 20 mgL-1 definido
40 pela legislação gaúcha
(CONSEMA 128/2006)
20
0
Tanque Séptico Filtro Anaeróbio Filtro de Areia
Após a passagem pelo filtro de areia houve a redução de, em média, 35% da
concentração de NTK e aumento de 17 vezes a concentração de nitrato, revelando a
capacidade de nitrificação do leito de areia. Contudo, ao analisar os quatro períodos
entre as manutenções do filtro, observam-se diferentes níveis de eficiência, tanto
para remoção de nitrogênio amoniacal quanto para nitrificação (Figura 39).
104
Remoção N-NH4+
60% 50%
50%
Nitrificação
43% 40%
40%
29% 30%
30%
20%
20% 12%
10% 10%
0% 0%
1 2 3 4
Períodos entre manutenções
Filtro de Areia Remoção pelo Filtro de Areia Remoção Global
Equação 4
Onde:
N-NH+4i = Concentração inicial de N-amoniacal (mgL-1)
N-NO-3f = Concentração final de Nitrato (mgL-1)
80
60
40
20
0
3 8 10 13 15 17 19 24 26 28 30 36 38 40 43 45 47 49 51 53 58
Tempo (Semanas)
N-Amoniacal afluente N-Amoniacal efluente Nitrato
5.2.9 Fósforo
25%
12
10
Limite máximo de 4 mgL-1
8 para Q < 100 m³dia-1 definido
6 pela legislação gaúcha
(CONSEMA 128/2006)
4
2 Limite máximo de 2 mgL-1
definido pela legislação
0
europeia (Directive 217/1991)
Tanque Séptico Filtro Anaeróbio Filtro de Areia
12.0
9.0
6.0
3.0
0.0
Tempo (semanas)
Tanque Séptico Filtro Anaeróbio Filtro de Areia
108
Após a substituição de todo o leito de areia (4º período), não houve um ganho
significativo para remoção de fósforo, cuja média correspondente ao período foi de
15 ± 9%, sendo inferior à fase inicial, porém, com concentração efluente
significativamente menor à afluente (Kruskal-Wallis, 5%). Rodgers et al (2005)
alcançaram altos índices de remoção desde o início da operação de um filtro
estratificado tanto para camada de 0,425 m quanto para a de 0,900 m, como
eficiência de 70 e 83%, respectivamente, após 400 dias de operação. No entanto, os
autores controlaram o pH afluente em 3,7, favorecendo a precipitação do fósforo por
ferro e alumínio. Vê-se, dessa forma, que a presença de um biofilme bem
desenvolvido possa ser mais significante para a remoção de fósforo do que a
adsorção química da areia quando o efluente possuir pH próximo à neutralidade.
Como apresentado na Figura 41, a concentração de fósforo no efluente final
foi predominantemente superior ao limite máximo permitido pela Deliberação
Europeia nº 271 (1991) de 2 mgL-1 para lançamento de efluentes tratados em áreas
sensíveis e pela Legislação Estadual do Rio Grande do Sul (CONSEMA nº 128,
2006) de 4 mgL-1 para a menor vazão de lançamento (Q < 100 m³dia -1), atendendo
em momentos isolados a eficiência de remoção mínima de 75% exigida por ambas
as normas.
Filtro
2,0 x 105 ± 3,1 x 105a ---- 1,8 x 105 ± 2,2 x 105a -----
Anaeróbio
Filtro de
2,7 x 104 ± 3,0 x 104b 1 log 1,0 x 103 ± 2,4 x 103b 2 log
Areia
Médias na vertical seguidas por letras minúsculas diferentes diferem estatisticamente entre si
(Kruskal-Wallis, 5%).
para águas doces Classe 2 no tocante aos valores máximos previstos para E. coli de
1,0x10³ NMP100mL-1, e para Classe 3 no que se refere a coliformes totais ou E. coli
de 2,5x10³ NMP100mL-1 (recreação de contato secundário) e 4,0x10³ NMP100mL-1
(demais usos) (CONAMA nº 357, 2005).
5.3.2 Helmintos
Lodo TS Lodo FA
Resultado ND ND
ND = Não detectado
A não detecção dos parasitas não garante ausência dos mesmos, uma vez
que a presença no esgoto doméstico de helmintos e demais organismos capazes de
provocar doenças está vinculada ao estado de saúde da comunidade local podendo
variar sazonalmente e, no caso dos biossólidos, também sofrer influência das
reduções obtidas pelos processos de tratamento (USEPA, 2003), exigindo maior
periodicidade nos testes para avaliação deste parâmetro em específico.
A parcela de areia retirada era colocada em uma área aberta para exposição
ao sol e secagem definitiva, e o volume removido era imediatamente reposto com
areia nova (Figura 44).
Início da operação
Parâmetro 2ª e 3ª manutenções
e 1ª manutenção
Classificação da areia Média Grossa
Coeficiente de uniformidade (Cu) 2,27 6,67
Uniformidade característica Uniforme Parcialmente uniforme
Diâmetro efetivo (D10) 0,18 mm 0,18 mm
Porosidade (n) 57,5 % 58,6%
Figura 45 – Evolução da mancha negra desenvolvida sob a superfície do filtro até a total
colmatação
bacteriana dos sólidos retidos; (c) redução dos espaços porosos pelo crescimento
bacteriano nos sólidos retidos e/ou aderidos; e (d) reabertura dos espaços porosos
pelo declínio do crescimento bacteriano durante a secagem ou falta de alimentação
(sólidos orgânicos, suspensos ou dissolvidos). Visto que o filtro de areia era coberto
por laje, não havendo incidência direta de luz solar, o período de repouso pode ter
sido insuficiente para secagem de camadas mais profundas, impedindo a reabertura
dos poros pelo decaimento bacteriano.
Tabela 21 - Valores de porcentagens médias e desvio padrão para Sólidos Totais Fixos
(STF) e Sólidos Totais Voláteis (STV) na areia.
Rebaixamento (m)
Tempo (minutos) Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3
30 0,06 0,07 0,07
60 0,03 0,05 0,04
90 0,03 0,04 0,04
120 0,04 0,05 0,02
Equação 5
Onde,
Pt =Taxa de percolação do solo (min/m);
Tleituras = Intervalo temporal entre as leituras de nível (min);
ΔHfinal = Rebaixamento da última determinação (m).
O parâmetro ferro foi verificado apenas por uma questão estética, devido ao
fornecimento de cor e turbidez quando suas formas iônicas são oxidadas. Contudo,
sua concentração foi baixa (0,33 mgL-1), próxima à verificada em corpos d’água
Classe I (0,3 mgL-1) (CONAMA 357, 2005).
6. CONCLUSÕES
7. RECOMENDAÇÕES
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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AnSBR for wastewater treatment at ambient temperature. Water Research, p.
1084-1088, 2002.
BUTLER, D.; PAYNE, J. Septic Tanks: Problems and Practice. Building and
Environmental, vol. 30, n. 03, p. 419-425, 1995.
ELMITWALLI, T. A.; SAYED, S.; GROENDIJK, L.; van LIER, J.; ZEEMAN, G.;
LETTINGA, G. Decentralized treatment of concentrated sewage at low
temperature in a two-step anaerobic system: two upflow-hybrid septic tanks.
Water Science and Technology, 48(6), p. 219-226, 2003.
FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations. Water quality for
agriculture. Irrigation and Drainage Paper 29. California, USA, 1994.
________. Produto Interno Bruto dos Municípios 2011. Contas Nacionais nº 41.
Rio de Janeiro, 2013.
JORSARAEIA, A.; GOUGOLA, M.; van LIER, J. B. A cost effective method for
decentralized sewage treatment. Process Safety and Environmental Protection,
2014.
KASSAB, G.; HALALSHEH, M.; KLAPWIJK, A.; FAYYAD, M.; van LIER, J. B.
Sequential anaerobic–aerobic treatment for domestic wastewater – A review.
Bioresource Technology, v. 101, pp. 3299–3310. Holanda, 2010.
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de Janeiro, ABNT, 2009.
SHIVA, V. Guerras por água. Privatização, poluição e lucro. São Paulo. Radical
Livros, 2006.
van LIER, J. B.; ZEEMAN, G.; HUIBERS, F. Anaerobic (pre-)treatment for the
decentralized reclamation of domestic wastewater, stimulating agricultural
reuse. In Proceedings in the Latin American Workshop and Symposium “Anaerobic
Digestion 7”. Mérida, Yucatan, 22-25 out, 2002.
WITHERS, P. J. A.; MAY, L.; JARVIE, H. P.; JORDAN, P.; DOODY, D.; FOY, R. H.;
BECHMANN, M.; COOKSLEY, S.; DILS, R.; DEAL, N. Nutrient emissions to water
137
9. ANEXOS
Curva Granulométrica