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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA (ESPECIFICAR) DA SUBSEÇÃO

JUDICIÁRIA DE (CIDADE), SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE (ESPECIFICAR)

NOME DA PARTE AUTORA e qualificação, por intermédio de seu


procurador, vem, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 39 e art. 74 da Lei nº
8.213/91, propor a presente

AÇÃO DE CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE, contra

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, situado na


(endereço) pelos fatos e fundamentos jurídicos que ora passa a expor:

I – DOS FATOS

A parte autora viveu matrimonialmente com o falecido (nome), pelo


período, aproximado, de (especificar), conforme certidão de casamento em anexo.

Do casamento adveio o nascimento dos filhos (especificar), conforme


certidão de nascimento em anexo.
Em (data) houve o falecimento do seu marido/esposa, conforme
certidão de óbito em anexo. Suficiente, portanto, para a obtenção do benefício da pensão por
morte, nos termos do art. 74 da Lei nº 8.213/91.

Destaca-se que o falecido recebia o benefício assistencial de Amparo


Social ao Idoso (NB (nº), com DER/DIB em (data), concedido administrativamente em virtude da
sua idade avançada e das dificuldades econômicas enfrentadas, conforme o parecer
socioeconômico emitido pela Secretaria Municipal de Assistência Social de (cidade), consoante
se infere da cópia do processo administrativo nº (especificar) que junta à presente ação.

Ocorre, que a prova produzida indica que o falecido já possuía direito à


concessão do benefício de aposentadoria por idade rural por ocasião do deferimento do
benefício assistencial de amparo social ao idoso.

O falecido exercia a atividade rural em conjunto com o seu grupo


familiar (identificar) em terras próprias sem a ajuda permanente de empregados ou mão-de-
obra. Em suma, a atividade rural da família consistia na plantação de (especificar), criação de
(especificar).

Os produtos agrícolas cultivados na propriedade rural da família eram


comercializados no comércio local (especificar) após a reserva do necessário para o consumo
próprio.

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

1. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO
Diante disso, em (data do requerimento administrativo no INSS) a parte
autora protocolou na Agência de Previdência Social – APS de (cidade), pedido de concessão de
pensão por morte, consoante se infere da cópia do processo administrativo nº (especificar) que
junta à presente ação.
Destaca-se que, o INSS após analisar o processo administrativo,
indeferiu o pedido de pensão por morte, sob a seguinte alegação:

Em atenção ao seu pedido de Pensão por Morte apresentado em (data), informamos que após
análise da documentação apresentada e entrevista/pesquisa realizada de acordo com o art.
357, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, combinado
com o art. 9 da Pt/MPAS nº 4.273, de 12/12/97, não foi reconhecido o direito ao benefício por
não ter sido comprovada a qualidade de segurado especial.

A decisão retro, reproduzida demonstra que foi desconsiderado o


período em que o falecido exerceu a atividade rural na qualidade de segurado especial.

A parte autora não concorda a decisão administrativa do INSS. Por isso,


recorre ao Poder Judiciário a fim de ver satisfeita a sua pretensão de obter o benefício de
pensão por morte.

A parte autora também pretende cobrar as parcelas vencidas, devidas


desde o óbito do instituidor do benefício, posto que requerido em 30 (trinta) dias após o óbito.

2. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL

Os fatos jurídicos podem ser provados por todos os meios de prova em


direito admitidos, consoante está disciplinado no arts. 212 a 232 do Código Civil e arts. 332 a
443 do Código de Processo Civil – CPC.
No âmbito previdenciário e no que interessa ao presente caso, o art.
106 da Lei nº 8.213/91, estabelece o seguinte:

Art. 106.  A comprovação do exercício de atividade rural será feita, alternativamente, por meio
de: (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
I – contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social; (Redação dada
pela Lei nº 11.718, de 2008)
II – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural; (Redação dada pela Lei nº 11.718,
de 2008)
III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou, quando for o
caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada pelo Instituto Nacional do
Seguro Social – INSS; (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
IV – comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA,
no caso de produtores em regime de economia familiar; (Redação dada pela Lei nº 11.718, de
2008)
V – bloco de notas do produtor rural; (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
VI – notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o § 7o do art. 30 da Lei no 8.212, de 24
de julho de 1991, emitidas pela empresa adquirente da produção, com indicação do nome do
segurado como vendedor; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
VII – documentos fiscais relativos a entrega de produção rural à cooperativa agrícola,
entreposto de pescado ou outros, com indicação do segurado como vendedor ou
consignante; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
VIII – comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social decorrentes da
comercialização da produção; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
IX – cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda proveniente da
comercialização de produção rural; ou (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
X – licença de ocupação ou permissão outorgada pelo Incra. (Incluído pela Lei nº 11.718, de
2008)

O artigo em tela tem regulamentação no art. 62 do Decreto nº 3.048/99


(Regulamento dos Benefícios da Previdência Social), que, inclusive, em seu § 2º, inciso II trouxe,
exemplificativamente, um rol de documentos que podem servir de prova plena do exercício de
atividade a ser contado como tempo de serviços. Nesse sentido também é a jurisprudência
predominante do Superior Tribunal de Justiça - STJ, senão vejamos:
AGRAVO REGIMENTAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE
PROVA MATERIAL. DOCUMENTOS EM NOME DO EX-CÔNJUGE. EXTENSÃO DA PROVA MESMO
APÓS A SEPARAÇÃO.
1. Dada a notória dificuldade de comprovação do exercício da atividade rural, esta Corte
Superior de Justiça considera o rol de documentos previsto no art. 106 da Lei n. 8.213/1991
como meramente exemplificativo. Nesse sentido, já se manifestou inúmeras vezes pela
possibilidade de reconhecimento como início de prova material da certidão de óbito do
cônjuge, bem como da certidão de casamento, mesmo que não coincidentes com todo o
período de carência do benefício, desde que devidamente referendados por robusta prova
testemunhal que corrobore a observância do período legalmente exigido.
2. Esta Terceira Seção já se manifestou pela aceitação, a título de início de prova material, de
documentos relativos à qualificação do então marido da autora, mesmo diante da separação ou
do divórcio do casal, quando as informações contidas na documentação foi confirmada pela
prova testemunhal. Precedentes.
3. Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 47.907/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, SEXTA TURMA, DJe 28/03/2012).

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.


TEMPO DE SERVIÇO RURAL. RECONHECIMENTO. INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL.
PROVA TESTEMUNHAL. PERÍODO DE CARÊNCIA. COMPROVAÇÃO. AGRAVO DESPROVIDO.
1. Para fins de concessão de aposentadoria rural por idade, a lei não exige que o início de prova
material se refira precisamente ao período de carência do art. 143 da Lei n.º 8.213/91, desde
que robusta prova testemunhal amplie sua eficácia probatória, como ocorre na hipótese em
apreço.
2. Este Tribunal Superior, entendendo que o rol de documentos descrito no art. 106 da Lei n.º
8.213/91 é meramente exemplificativo, e não taxativo, aceita como início de prova material do
tempo de serviço rural as Certidões de óbito e de casamento, qualificando como lavrador o
cônjuge da requerente de benefício previdenciário.
3. In casu, a Corte de origem considerou que o labor rural da Autora restou comprovado pela
certidão de casamento corroborada por prova testemunhal coerente e robusta, embasando-se
na jurisprudência deste Tribunal Superior, o que faz incidir sobre a hipótese a Súmula n.º
83/STJ.
4. Agravo regimental desprovido (AgRg no Ag 1.399.389/GO, Rel. Min. Laurita Vaz, Quinta
Turma, julgado em 21/6/2011, DJe 28/6/2011)

Portanto, segundo a legislação que disciplina a matéria, a comprovação


do exercício de atividade rural por ser realizada, alternativamente, por qualquer das formas
retro relacionadas.
Os documentos abaixo relacionados (ordenados em função do tempo –
do mais antigo ao mais recente) constituem início de prova material suficiente para demonstrar
o efetivo exercício de atividade rural pelo falecido anterior ao óbito:

 Incra
 Certidão nascimento (especificar todos os documentos).

Diante de tais documentos e circunstâncias fica demonstrada que é


totalmente inconsistente a negativa do INSS em não considerar o falecido como segurado do
Regime Geral de Previdência Social – RGPS na qualidade de segurado especial, uma vez que
efetivamente exerceu a atividade rural.

O fato de o documento estar em nome do(a) companheiro(a) do


falecido estende a condição de trabalhador rural, configurando como início prova material 1.
Vejamos a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ:

AGRAVO REGIMENTAL. APOSENTADORIA RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. DOCUMENTOS


QUE ATESTAM AQUALIDADE DE RURÍCOLA DO COMPANHEIRO FALECIDO. EXTENSÃO DA
CONDIÇÃO À AUTORA. POSSIBILIDADE.
1. É firme o entendimento desta Corte Superior no sentido de que, corroborada por robusta
prova testemunhal, é prescindível que a prova documental abranja todo o período de carência
do labor rural.
2. A certidão de óbito, na qual consta a profissão de lavrador atribuída ao companheiro da
autora, estende a esta a condição de rurícola, afastando a aplicação do enunciado da Súmula
149/STJ. Precedentes.
3. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1199200/MT, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, SEXTA TURMA, DJe 07/12/2011). Grifei

PREVIDENCIÁRIO. RURAL. QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL. PROVA MATERIAL. INÍCIO.


CERTIDÕES DE ATO DE REGISTRO CIVIL. POSSIBILIDADE. TESE RECURSAL. REEXAME DE PROVA.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. ÓBICE.
1
TNU: Súmula nº 6 – COMPROVAÇÃO DE CONDIÇÃO RURÍCOLA: A certidão de casamento ou outro documento
idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da
atividade rurícola.
1. Esta Corte possui entendimento consolidado no sentido de que as certidões de casamento,
de óbito do marido da autora e de nascimento dos filhos, nas quais constam a profissão de
agricultor daquele, constituem razoável início de prova material a corroborar os depoimentos
testemunhais.
2. A lei não exige que a prova material se refira a todo o período de carência exigido, conforme
versa o art. 143 da Lei n. 8.213/1991, desde que ela seja amparada por prova testemunhal
harmônica, no sentido da prática laboral referente ao período objeto de debate.
3. A tese defendida no recurso especial de que não ficou demonstrado o labor rural, em regime
de economia familiar, encontra óbice na Súmula n. 7/STJ.
4. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1.268.557/GO, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta
Turma, julgado em 20.3.2012, DJe 3.4.2012.). Grifei

Reafirme-se, ainda, que os documentos em nome dos genitores


também constituem início de prova material. Vejamos a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça – STJ:

RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. EXISTÊNCIA.


DOCUMENTAÇÃO EM NOME DOS PAIS. CÔMPUTO DO TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO EM
ATIVIDADE RURAL PARA FINS DE APOSENTADORIA URBANA POR TEMPO DE SERVIÇO NO
MESMO REGIME DE PREVIDÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO RELATIVAMENTE AO PERÍODO DE
ATIVIDADE RURAL. DESNECESSIDADE. CUMPRIMENTO DO PERÍODO DE CARÊNCIA DURANTE O
TEMPO DE SERVIÇO URBANO.
(...)
4. Os documentos em nome do pai do recorrido, que exercia atividade rural em regime
familiar, contemporâneos à época dos fatos alegados, se inserem no conceito de início
razoável de prova material. " (REsp 542.422/PR, da minha Relatoria, in DJ 9/12/2003). (REsp
nº 505.429/PR, relator o Ministro Hamilton Carvalhido , DJ de 17/12/2004). Grifei

Também, não é imperativo que o início de prova material diga respeito a


todo período que se deseja comprovar, desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia
probatória2. Vejamos a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ para situações
análogas:

2
TNU: Súmula nº 14 – Para concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova
material, corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA. RURAL. ATIVIDADE LABORAL NO PERÍODO DE CARÊNCIA.
NÃO COMPROVAÇÃO. PROVA TESTEMUNHAL INCONSISTENTE. PRETENSÃO DE REEXAME DE
PROVAS. SÚMULA 7/STJ.
1. Trata-se de demanda na qual se pleiteia aposentadoria rural. Alega a agravante a presença
de diversas provas que asseguram o exercício do labor rural e, portanto, o direito a
aposentadoria especial.
2. Esta Corte Superior tem aceitado que a prova material do labor agrícola não se refere a todo
o período de carência, desde que haja robusta prova testemunhal apta a ampliar a eficácia
probatória dos documentos.
3. No caso dos autos, todavia, verifica-se que a prova testemunhal não robustece a prova
material.
4. Rever o entendimento do Tribunal de origem, quanto à inexistência de início de prova
material, apta a comprovação do período de carência demandaria o reexame do conjunto
fático-probatório, providência sabidamente incompatível com a via estreita do recurso especial.
(Súmula 7 do STJ). Precedentes. Agravo regimental improvido (AgRg no REsp 1.326.665/PR, Rel.
Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 28/8/2012, DJe 3/9/2012).

AÇÃO RESCISÓRIA. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. RURAL. COMPROVAÇÃO DA


ATIVIDADE AGRÍCOLA NO PERÍODO DE CARÊNCIA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL AMPLIADO POR
PROVA TESTEMUNHAL. PEDIDO PROCEDENTE.
1. É firme a orientação jurisprudencial desta Corte no sentido de que, para concessão de
aposentadoria por idade rural, não se exige que a prova material do labor agrícola se refira a
todo o período de carência, desde que haja prova testemunhal apta a ampliar a eficácia
probatória dos documentos, como na hipótese em exame.
2. Pedido julgado procedente para, cassando o julgado rescindendo, dar provimento ao recurso
especial para restabelecer a sentença (AR 3.986/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
Terceira Seção, julgado em 22/6/2011, DJe 1º/8/2011).

A interpretação restritiva apregoada pelo INSS nega a condição de


segurado especial a aqueles a quem a Lei conferiu este atributo.

Além disso, com a produção de prova testemunhal, a parte autora


confirmará o exercício da atividade rural alegada.

3. NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO PARA


OUVIDA DAS TESTEMUNHAS

Conforme já devidamente asseverado não é imperativo que o início de


prova material diga respeito a todo período que se deseja comprovar, desde que a prova
testemunhal amplie sua eficácia probatória.

Essa prova testemunhal tem o intuito de comprovar o labor rural do


falecido antes do óbito e a forma que a atividade é desempenhada.

Destarte, entende-se necessária a realização de audiência de instrução e


julgamento, por se tratar de matéria que proclama prova testemunhal.

O direito ao contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela


inerentes (art. 5º, inciso LV da Constituição Federal) prevê a produção de todos os meios
probatórios, em especial, no presente caso, a prova testemunhal.

Nesse sentido é a jurisprudência:

RECURSO CÍVEL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR IDADE.


TRABALHADOR RURAL. PROVA TESTEMUNHAL. CERCEAMENTO DE DEFESA CARACTERIZADA.
NULIDADE DA SENTENÇA.
1. Tratando-se de pedido de concessão de aposentadoria por idade rural, que exige
comprovação do exercício de atividade rurícola, ainda que descontínua, no período
correspondente à carência do benefício, caracteriza cerceamento de defesa a não realização
de audiência, utilizando-se como prova emprestada depoimentos desfavoráveis colhidos em
processo anterior de restabelecimento de auxílio-doença.
2. Recurso provido, anulando-se a sentença. Processo nº: 201070600019106. Relatora: Juíza
Federal Flavia da Silva Xavier. DJ Curitiba, 21 de novembro de 2011. Grifei

Ressalvo, por oportuno, que pelo princípio do livre convencimento


motivado, o Douto Juízo pode recorrer a elementos de convencimento diversos, como a prova
emprestada de outros processos, por exemplo, sem, contudo, afrontar os direitos
fundamentais garantidos em sede constitucional.

Evidentemente não se sustenta que a prova emprestada ou a análise


tão somente da prova material não possa ser usada como convicção do magistrado. Entretanto,
a celeridade e informalidade dos Juizados Especiais não serve como justificativa para impedir
que a parte possa exercer seus direitos processuais de produção de provas e não se sobrepõe
às garantias constitucionais do contraditório e ampla defesa.

4. REQUISITOS PARA O BENEFÍCIO POSTULADO

O art. 74 da Lei n.º 8.213/91, ao regulamentar a pensão por morte


estabelece que:

Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer,
aposentado ou não, a contar da data:
I - do óbito, quando requerida até trinta dias depois deste; II - do requerimento, quando
requerida após o prazo previsto no inciso anterior;
III - da decisão judicial, no caso de morte presumida.

Para o segurado especial, a Lei n° 8.213/91 preceitua:

Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, fica garantida a
concessão:
I - de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença, de auxílio-reclusão ou de
pensão, no valor de 1 (um) salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade rural,
ainda que de forma descontínua, no período, imediatamente anterior ao requerimento do
benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido.

De acordo com o art. 74 da Lei nº 8.213/91, a prestação será concedida


a partir da data do óbito, quando requerida nos 30 (trinta) dias subsequentes a este, e, a partir
do requerimento, quando requerida após aqueles 30 (trinta) dias ou da decisão judicial, no caso
de morte presumida. E o art. 26, também da Lei nº 8213/91, relaciona as espécies de benefícios
que independem de carência, arrolando, no inciso I, a pensão por morte 3.

Da leitura dos dispositivos acima, conclui-se que três são os requisitos


necessários para que o benefício se mostre devido, quais sejam: óbito do instituidor da
pensão; comprovação da condição de dependente do beneficiário e a qualidade de segurado
do falecido à época do óbito.

Quanto ao primeiro requisito – óbito do instituidor da pensão - de


plano verifica-se a sua existência. A certidão de óbito constante à (fls. ou evento) comprova o
falecido, ocorrido em (data nascimento).

Quando ao segundo requisito - comprovação da condição de


dependente do beneficiário - basta a comprovação do casamento para o cônjuge e da certidão
de nascimento para os filhos para se presumir a dependência econômica, uma vez que o
cônjuge e os filhos são beneficiários do Regime Geral da Previdência Social - RGPS na condição
de dependentes do segurado, sendo certo que a dependência econômica daquela em relação a
estes é presumida, nos termos do art. 16, inciso I, § 4º, da Lei nº 8.213/91:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes
do segurado:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição,
menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o
torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação dada pela
Lei nº 12.470, de 2011)
[...]

3
Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:
I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente.
§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais
deve ser comprovada. Grifei
.
Quanto ao terceiro requisito - qualidade de segurado do falecido à
época do óbito - conforme entendimento jurisprudencial de nossos tribunais, não se faz
necessário a abrangência dessa prova a todo o período que se pretende comprovar, servindo
apenas para complementar a prova testemunhal. No caso em debate, é de se ressaltar que a
prova testemunhal que será produzida oportunamente para corroborar a comprovação da
qualidade de segurado especial do falecido.

Diante do quadro que se apresenta, é de se reconhecer que estão


presentes os requisitos que autorizam a concessão do benefício – pensão por morte - na
qualidade de dependente do falecido, tendo por comprovado o efetivo exercício de atividade
rurícola na qualidade de segurado especial, comprovado o falecimento do instituidor da pensão
por morte e comprovada a convivência e a dependência anterior ao óbito.

Nesse sentido é a jurisprudência:

PENSÃO POR MORTE. PERCEPÇÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. REQUISITOS. TRABALHADOR


RURAL. UNIÃO ESTÁVEL. QUALIDADE DE SEGURADO.
A concessão do benefício de pensão depende da ocorrência do evento morte, da condição de
dependente de quem objetiva a pensão e da demonstração da qualidade de segurado do de
cujus.
Para a obtenção do benefício de pensão por morte deve a parte interessada preencher os
requisitos estabelecidos na legislação previdenciária vigente à data do óbito, consoante
iterativa jurisprudência dos Tribunais Superiores e desta Corte.
A jurisprudência vem admitindo a concessão do benefício de pensão por morte quando a parte
interessada comprovar que o Instituto Previdenciário incorreu em equívoco ao conceder um
benefício de natureza assistencial, quando o de cujus fazia jus a um auxílio-doença ou a uma
aposentadoria por invalidez ou, ainda, a outro benefício previdenciário.
Estando preenchidos todos os requisitos legais para a concessão do benefício, faz jus a parte
autora à pensão por morte. Apelação Cível Nº 0000204-51.2012.404.9999/PR. Rel. Des. Federal
Vivian Josete Pantaleão Caminha. Porto Alegre, 05 de março de 2013.
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. RAZOÁVEL INÍCIO DE PROVA MATERIAL
CORROBORADO PELA PROVA TESTEMUNHAL. TRABALHADORES RURAIS EM REGIME DE
ECONOMIA FAMILIAR, COMO ARRENDATÁRIOS. QUALIDADE DE SEGURADOS ESPECIAIS
COMPROVADA. REQUISITOS PREENCHIDOS. CONCESSÃO À AUTORA A PARTIR DA DER. DIREITO
ADQUIRIDO. POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DO AMPARO SOCIAL AO IDOSO PERCEBIDO
PELO AUTOR EM APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO NA DIB
DO LOAS. TUTELA ESPECÍFICA.
1. O tempo de serviço rural para fins previdenciários pode ser demonstrado através de início de
prova material, desde que complementado por prova testemunhal idônea. Precedentes da
Terceira Seção desta Corte e do egrégio STJ. 2. Cuidando-se de trabalhador rural que
desenvolve atividade na qualidade de boia-fria, deve o pedido ser analisado e interpretado de
maneira "sui generis", uma vez que a jurisprudência tem se manifestado no sentido de acolher,
em tal situação, a prova exclusivamente testemunhal (art. 5º da Lei de Introdução ao Código
Civil). 3. Não se exige a comprovação da atividade rural ano a ano, de forma contínua. Início de
prova material não há que ser prova cabal; trata-se de algum registro por escrito que possa
estabelecer liame entre o universo fático e aquilo que expresso pela testemunhal. 4. A
contemporaneidade entre a prova documental e o período de labor rural equivalente à
carência não é exigência legal, de forma que podem ser aceitos documentos que não
correspondam precisamente ao intervalo necessário a comprovar. Precedentes do STJ. 5.
Aplicável a regra de transição contida no artigo 142 da Lei n.º 8.213/91 aos filiados ao RGPS
antes de 24-07-1991, desnecessária a manutenção da qualidade de segurado na data da Lei n.°
8.213/91. 6. Restando comprovado nos autos o requisito etário e o exercício da atividade
laborativa rural nos períodos de carência, há de ser concedida as aposentadorias por idade
rural, aos autores, a contar da data do requerimento administrativo, quanto à segurada, e a
partir da DER do benefício de amparo social ao idoso, quanto ao segurado, nos termos da Lei
n.º 8.213/91, desimportando se depois disso houve perda da qualidade de segurados (art.
102, § 1º, da LB). 7. Determina-se o cumprimento imediato do acórdão naquilo que se refere à
obrigação de implementar o benefício da autora, por se tratar de decisão de eficácia
mandamental que deverá ser efetivada mediante as atividades de cumprimento da sentença
stricto sensu previstas no art. 461 do CPC, sem a necessidade de um processo executivo
autônomo (sine intervallo).Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,
decide a Egrégia 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, dar
provimento à apelação e determinar a conversão do benefício de Amparo Social ao Idoso do
autor em Aposentadoria por Idade Rural e à implantação do benefício de Aposentadoria por
Idade Rural em favor da autora, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam
fazendo parte integrante do presente julgado. Apelação Cível nº 0005313-
46.2012.404.9999/PR. Rel. Desembargador Federal João Batista Pinto. Porto Alegre, 28 de
novembro de 2012. Grifei

Nesse contexto, na esteira da sólida jurisprudência é possível a


concessão da pensão por morte para a parte autora.
III – DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

a) Conhecer do presente feito determinando as diligências necessárias;

b) A citação do INSS, na pessoa de seu representante legal (Procurador


Autárquico), o qual pode ser encontrado (endereço), para, querendo, contestar a presente
ação, sob pena de revelia e confissão;

c) Deferir a produção de provas elencadas no art. 212 do Código Civil,


notadamente a ouvida de testemunhas adiante arroladas, para comprovação do exercício de
atividade rural, expedindo-se, para tanto, carta precatória para a Comarca (especificar), a fim
de que as testemunhas sejam ouvidas no Juízo de seu domicílio;

d) Julgar procedente a presente ação de concessão de pensão por morte


para:

I – DECLARAR, suficientemente comprovado o exercício de atividade


rural pelo instituído do benefício (falecido), assim como a sua qualidade de segurado especial
anterior ao óbito e a condição de dependente da parte autora na condição cônjuge e filhos;

II – CONDENAR, por consequência, o INSS para proceder a conversão do


benefício de Amparo Social ao Idoso do falecido em pensão por morte para a parte autora;
e) Determinar ao INSS para que implante administrativamente o
benefício devido a parte autora e proceda os necessários registros de concessão e manutenção
do benefício que a decisão lhe assegurar;

f) Condenar o INSS a pagar a parte autora as prestações vencidas (data)


e as vincendas, relativas ao benefício que lhe for deferido, corrigidos monetariamente, desde o
vencimento de cada parcela até a data de sua efetiva liquidação;

g) Condenar o INSS a pagar juros moratórios calculados sobre o valor


corrigido das prestações vencidas e contadas a contar da citação, à taxa de 1% (um por cento)
ao mês, conforme precedentes do Egrégio Superior Tribunal de Justiça (REsp nº 227.369 –
Alagoas – Min. Jorge Scartezzini – DJU 16.11.99, p. 226);

h) A condenação do INSS no pagamento das custas processuais e


honorários advocatícios no valor de 20% (vinte por cento) da causa, em face das peculiaridades
do presente caso, sua complexidade e trabalho despendido pelos advogados que subscrevem a
presente;

i) A concessão do benefício JUSTIÇA GRATUITA, por  não ter a autora


como arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu sustento,
conforme documentos em anexo;

j) Requer-se, com base no art. 22, § 4º da Lei n.º 8.906/94, que, ao final
da presente demanda, caso sejam encontradas diferenças em favor da parte autora, quando da
expedição da RPV ou do precatório, os valores referentes aos honorários contratuais (contrato
de honorário em anexo) sejam expedidos em nome do presente procurador, assim como os
eventuais honorários de sucumbência;
Dá-se à causa o valor de (art. 260 do CPC).

Pede deferimento.

Data....

ROL DE TESTEMUNHAS:

1. Nome, profissão, residência e o local de trabalho (art. 407 do CPC);


2. Nome, profissão, residência e o local de trabalho (art. 407 do CPC);
3. Nome, profissão, residência e o local de trabalho (art. 407 do CPC).

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