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ISBN 978-85-89281-26-3
Pínus na Silvicultura Brasileira
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Florestas
Ministério da Agricultura e do Abastecimento
Embrapa Florestas
Colombo, PR
2008
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Florestas
Estrada da Ribeira, Km 111, Guaraituba,
83411 000 - Colombo, PR - Brasil
Caixa Postal: 319
Fone/Fax: (41) 3675 5600
Home page: www.cnpf.embrapa.br
E-mail: sac@cnpf.embrapa.br
1a edição
1a impressão (2008): 500 exemplares
© Embrapa 2008
Editor
Jarbas Yukio Shimizu
Engenheiro Florestal, Doutor
Pesquisador aponsentado da
Embrapa Florestas
shimizuj@terra.com.br
Autores Marco Tuoto
Engenheiro Florestal, Mestre
STCP Engenharia de Projetos Ltda.
mtuoto@stcp.com.br
Alexandre Magno Sebbenn
Engenheiro Florestal, Doutor Nádia Caldato
Instituto Florestal de São Paulo Bióloga
alexandre.sebbenn@pq.cnpq.br Técnica do FUNCEMA
nadia@cnpf.embrapa.br
Ananda Virgínia de Aguiar
Engenheira Agrônoma, Doutora Renato Antonio Dedecek
Pesquisadora da Embrapa Florestas Engenheiro Agrônomo, Doutor
ananda@cnpf.embrapa.br Pesquisador da Embrapa Florestas
dedecek@cnpf.embrapa.br
Edilson Batista de Oliveira
Engenheiro Agrônomo, Doutor Susete do Rocio Chiarello Penteado
Pesquisador da Embrapa Florestas Bióloga, Doutora
edilson@cnpf.embrapa.br pesquisadora da Embrapa Florestas
susete@cnpf.embrapa.br
Edson Tadeu Iede
Biólogo, Doutor Vitor Afonso Hoeflich
Pesquisador da Embrapa Florestas Engenheiro Agrônomo, Doutor
iedeet@cnpf.embrapa.br Professor da UFPR e
Pesquisador aposentado da Embrapa Florestas.
Jarbas Yukio Shimizu hoeflich@ufpr.br
Engenheiro Florestal, Doutor
Washington Luiz Esteves Magalhães
Pesquisador aposentado da
Químico, Doutor
Embrapa Florestas
Pesquisador da Embrapa Florestas
shimizuj@terra.com.br
wmagalha@cnpf.embrapa.br
1 Introdução 15
2 A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios 17
3 Espécies de Pinus na Silvicultura Brasileira 49
4 Meio Físico para o Crescimento de Pinus – Limitações e Manejo 75
5 Planejamento e Manejo da Plantação de Pinus 111
6 Manejo Integrado de Pragas em Pinus 131
7 Ocorrência de Formigas Cortadeiras em Pinus 165
8 Potencialidade do Gênero Pinus para Uso em Sistemas Silvipastoris 173
9 Produção de Resina de Pinus e Melhoramento Genético 193
10 Tecnologia para Agregação de Valor à Madeira de Pinus 207
1
Introdução
Jarbas Yukio Shimizu
Espécies de Pinus vêm sendo plantadas no qualidades e defeitos inerentes a essas duas
Brasil há mais de um século. Muitas delas espécies. Por exemplo, ambas são
foram trazidas pelos imigrantes europeus, para relativamente resistentes à geada e
fins ornamentais e para produção de madeira. proporcionam altos rendimentos em madeira
As primeiras introduções de que se tem notícia nas regiões que englobam: 1) para P. taeda,
foram estabelecidas no Rio Grande do Sul, com o planalto da Região Sul, até o norte do Paraná;
Pinus canariensis, proveniente das Ilhas e 2) para P. elliottii, a Região Sul como um
Canárias, em torno de 1880. todo, parte do Sudeste, no Estado de São
Paulo, e nas regiões serranas do sul de Minas
Em 1948, por iniciativa do Serviço Florestal Gerais. Outras espécies como P. caribaea, P.
do Estado de São Paulo, foram introduzidas as oocarpa, P. maximinoi, P. patula, P. kesiya e
espécies americanas conhecidas nas origens P. tecunumanii são conhecidas como pínus
como “pinheiros amarelos”, que incluem P. tropicais, com grande potencial para produção
palustris, P. echinata, P. elliottii e P. taeda. de madeira e resina nas regiões livres de
Dentre essas, as duas últimas se destacaram geadas severas e mesmo sujeitas a alguma
pela facilidade nos tratos culturais, rápido deficiência hídrica.
crescimento e reprodução intensa no Sul e
Sudeste do Brasil. Desde então, outras espécies Cada espécie apresenta particularidades
têm sido introduzidas não só dos Estados quanto à qualidade da madeira, quantidade e
Unidos, mas, também do México, da América qualidade de resina, capacidade de adaptação,
Central, das ilhas caribenhas e da Ásia. resistência aos fatores ambientais,
produtividade e outros valores intrínsecos.
A sociedade brasileira passou a conviver Neste livro, são abordados os aspectos mais
mais intensamente com o gênero Pinus a partir relevantes ligados ao cultivo, manejo,
dos anos 1960, quando extensas áreas socioeconomia, tecnologia da madeira e
começaram a ser plantadas com P. elliottii e implicações ambientais dos pínus no Brasil.
P. taeda, nas regiões Sul e Sudeste. Assim, Estes poderão constituir as bases para otimizar
para o público em geral, ficou a impressão de a utilização do potencial dessas espécies.
que os atributos do gênero se resumiam nas
2
17
Pínus na Silvicultura Brasileira
18
A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios
1500
1.000 t
1000
500
0
1990 1995 2000 2005
Figura 1. Evolução da produção brasileira de celulose e PAR (pasta de alto rendimento) de fibra longa (pínus).
Fonte: BRACELPA (2005).
19
Pínus na Silvicultura Brasileira
4.500
4.000 AGLOMERADO
CHAPA DURA
3.500 OSB
MDF
3.000
1.0 00 m 3
2.500
2.000
1.500
1.000
500
0
1990 1995 2000 2005
20
A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios
21
Pínus na Silvicultura Brasileira
1200
PRODUTIVIDADE (m /homem.ano)
1000
3
800
600
400
200
1990
2001
1980
1985
1995
2000
Figura 3. Evolução da produtividade das serrarias na Finlândia.
Fonte: STCP ENGENHARIA DE PROJETOS (2003).
22
A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios
10.000
9.000
8.000
1 .0 00 m3
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
1990 1995 2000 2005
12 00
PRODUTIVIDADE (m /homem.ano)
10 00
8 00
3
6 00
4 00
2 00
0
BRASIL FINLÂNDIA
23
Pínus na Silvicultura Brasileira
Além do atraso tecnológico do Brasil, o capacidade de produção maior que 100 mil
pequeno porte das serrarias é um fator m³/ano, enquanto que a capacidade média das
limitante. Serrarias de grande porte são que processam pínus é de, aproximadamente,
minoria no Brasil. Menos de dez delas têm 20 mil m³/ano (Figura 6).
80
(1.000 m3 /ANO)
60
40
20
0
BRASIL FINLÂNDIA
Figura 6. Comparação entre as capacidades de produção das serrarias brasileiras e finlandesas.
Fonte: STCP ENGENHARIA DE PROJETOS (2003).
24
A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios
2.500
2.000
1.500
1 .000 m3
1.000
500
0
1990 1995 2000 2005
Figura 7. Evolução da produção brasileira de compensados de pínus.
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE MADEIRA PROCESSADA MECANICAMENTE (2005).
25
Pínus na Silvicultura Brasileira
8 00
7 00
6 00
1 .0 00 m3 5 00
4 00
3 00
2 00
1 00
0
1990 1995 2000 2005
Figura 8. Evolução da produção brasileira de molduras FJ (finger-joint) de pínus.
Fonte: STCP ENGENHARIA DE PROJETOS (2003).
6 00
5 00
4 00
1 .0 00 m3
3 00
2 00
1 00
0
1990 1995 2000 2005
Figura 9. Evolução da produção brasileira de painéis de pínus colados lateralmente.
Fonte: STCP ENGENHARIA DE PROJETOS (2003).
26
A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios
2500
PAR
2000 Celulose
1500
1.000 t
1000
500
0
1990 1995 2000 2005
Figura 10. Evolução do consumo brasileiro de celulose e PAR (pasta de alto rendimento) de fibra longa (pínus).
Fonte: BRACELPA (2005).
27
Pínus na Silvicultura Brasileira
reconstituídos foi de 11,6 %, no período entre em 2005. O consumo desses painéis por
1990, quando o volume demandado era de outros segmentos industriais, além da
735 mil m3, e 2005, quando chegou a mais moveleira, é marginal.
de 3,9 milhões de m3 (Figura 11).
O consumo de MDF, no Brasil, vem
A demanda doméstica de painéis crescendo além da expectativa, impulsionado
reconstituídos, basicamente aglomerados e de pelo alto desempenho da indústria moveleira,
MDF, é atendida, predominantemente, pela bem como pela sua excelente qualidade. A
indústria nacional. O consumo de aglomerado oferta não tem sido suficiente para atender a
tem crescido acentuadamente, a partir de demanda. Assim, desde o final dos anos 1990,
meados da década de 1990. Em 1995, a estão sendo necessárias importações desse
demanda era de 866 mil m3, passando a 1,8 produto (TUOTO; TAMANHO, 2004).
milhão de m3 em 2000 e 2,1 milhões de m3
4.500
4.000 AGLOMERADO
3.500 CHAPA DURA
OSB
3.000 MDF
1.000 m3
2.500
2.000
1.500
1.000
500
0
1990 1995 2000 2005
Figura 11. Evolução do consumo brasileiro de painéis reconstituídos.
Fonte: Adaptado de ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE PAINÉIS DE MADEIRA (2005).
A história do uso de MDF no Brasil é atualmente, seu uso está difundido em outros
recente. Em 1995, o volume consumido era segmentos, principalmente na construção civil.
de 21 mil m3 e, em 2000, já atingia 389 mil
m3. Atualmente, consome-se, anualmente, O consumo brasileiro de chapas duras foi
1,3 milhão de m3 desse produto. O crescente até o advento do MDF, no final
c r e s c i m e n t o a c e n t u a d o d a d e m a nda dos anos 1990. A partir daí, parcelas
doméstica ocorreu devido ao seu uso em crescentes da demanda foram sendo
substituição a outros produtos como a madeira atendidas por outros tipos de chapa,
serrada, o compensado e até mesmo o particularmente o MDF fino. A demanda de
aglomerado. Inicialmente, o MDF era usado, chapas duras, que era de 244 mil m3 em
basicamente, pelas indústrias moveleiras; 1990, atualmente não passa de 231 mil m3.
28
A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios
8.000
7.000
3
6.000
1.000 m
5.000
4.000
3.000
1990 1995 2000 2005
Figura 12. Evolução do consumo brasileiro de madeira serrada de pínus.
Fonte: STCP ENGENHARIA DE PROJETOS (2003).
29
Pínus na Silvicultura Brasileira
800
700
600
500
3
1.000 m
400
300
200
100
0
1990 1995 2000 2005
Figura 13. Evolução do consumo brasileiro de compensados de pínus.
Fonte: STCP ENGENHARIA DE PROJETOS (2003).
120
100
80
1.000 m 3
60
40
20
0
1990 1995 2000 2005
Figura 14. Evolução do consumo brasileiro de molduras FJ de pínus.
Fonte: STCP ENGENHARIA DE PROJETOS (2003).
30
A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios
Além das molduras FJ de pínus, existem integrados) que são, em sua maioria, indústrias
outros tipos consumidos domesticamente. Em de móveis de madeira sólida. A evolução do
geral, é difícil quantificar o volume consumido, seu consumo interno seguiu praticamente o
uma vez que a produção é extremamente mesmo padrão da produção nacional desses
pulverizada. móveis. Sua demanda passou a se tornar
expressiva somente a partir da segunda
O caso do painel colado lateralmente é metade da década de 1990, quando eram
diferente do da moldura FJ de pínus. A maioria consumidos menos de 200 mil m3 anuais.
da produção brasileira é demandada para uso Atualmente, o consumo é da ordem de 350
pelos próprios produtores (produtores mil m3 (Figura 15).
400
350
300
250
3
1.000 m
200
150
100
50
0
1990 1995 2000 2005
31
Pínus na Silvicultura Brasileira
Outros
Chile 3% Argentina
26%
26%
EUA
45%
Figura 16. Origem das importações brasileiras de celulose de fibra longa.
Fonte: Adaptado de Brasil (2006).
350
300
250
200
1.000 t
150
100
50
0
1990 1995 2000 2005
Figura 17. Evolução das importações brasileiras de celulose de fibra longa (pínus).
Fonte: BRACELPA (2005).
32
A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios
600
AGLOM ERADO
500 CHAPA DURA
OSB
400
MDF
3
1.000 m
300
200
100
0
1990 1995 2000 2005
Figura 18. Evolução das exportações brasileiras de painéis reconstituídos.
Fonte: Adaptado de ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE PAINÉIS DE MADEIRA (2005).
Outros EUA
32% 29%
Costa Rica
4%
China
África do Sul
5% Chile
21%
9%
Figura 19. Destinos das exportações brasileiras de painéis reconstituídos de pínus (2005).
Fonte: Adaptado de Brasil (2006).
33
Pínus na Silvicultura Brasileira
80.000
70.000 AGLOM ERADO
CHAPA DURA
60.000 OSB
50.000 MDF
40.000
3
m
30.000
20.000
10.000
0
1990 1995 2000 2005
34
A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios
Outros
Bolívia
1%
4%
Argentina
95%
Figura 21. Origens das importações brasileiras de painéis reconstituídos (2005).
Fonte: Adaptado de Brasil (2006).
2.000
1.750
1.500
1.250
1.000 m 3
1.000
750
500
250
0
1990 1995 2000 2005
Figura 22. Evolução das exportações brasileiras de madeira serrada de pínus.
Fonte: Adaptado de Brasil (2006).
35
Pínus na Silvicultura Brasileira
Vietnã
Outros
México 2%
10%
3%
Marrocos
4%
Espanha
6%
EUA
75%
Figura 23. Destino das exportações brasileiras de madeira serrada de pínus.
Fonte: Adaptado de Brasil (2006).
60
50
40
1.000 m3
30
20
10
0
1990 1995 2000 2005
Figura 24. Evolução das importações brasileiras de madeira serrada de pínus.
Fonte: Adaptado de Brasil (2006).
36
A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios
O Brasil importa madeira serrada de pínus, Santa Catarina, onde a demanda doméstica
sobretudo da Argentina (Misiones e Corrientes) está concentrada. Neste caso, a madeira está
(Figura 25), de regiões localizadas próximas à orientada para atender as indústrias de móveis
fronteira brasileira, dos estados do Paraná e de madeira sólida.
Paraguai Uruguai
5% 1%
Argentina
94%
Figura 25. Origens das importações brasileiras de madeira serrada de pínus (2005).
Fonte: Adaptado de Brasil (2006).
37
Pínus na Silvicultura Brasileira
2.000
1.600
1.200
1.000 m3
800
400
0
1990 1995 2000 2005
Figura 26. Evolução das exportações brasileiras de compensados de pínus.
Fonte: Adaptado de Brasil (2006).
Os destinos das exportações brasileiras de Estados Unidos adquiriram mais da metade das
compensado de pínus estão concentrados em exportações brasileiras em 2005, seguidos
poucos países (Figura 27). Isoladamente, os pelo Reino Unido, Bélgica e Alemanha.
Outros
Porto Rico 14%
3%
Alemanha
6%
EUA
Bélgica 57%
7%
Reino Unido
13%
38
A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios
600
500
400
3
1.000 m
300
200
100
0
1990 1995 2000 2005
Figura 28. Evolução das exportações brasileiras de molduras FJ de pínus.
Fonte: Adaptado de Brasil (2006).
39
Pínus na Silvicultura Brasileira
Outros
7%
EUA
93%
150
125
100
3
1.000 m
75
50
25
0
1990 1995 2000 2005
Figura 30. Evolução das exportações brasileiras de painel colado lateralmente de pínus.
Fonte: Adaptado de Brasil (2006).
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A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios
Outros
França
17%
3%
Canadá
3%
Portugal
EUA
6%
62%
Espanha
9%
Figura 31. Destinos das exportações brasileiras de painel de pínus colado lateralmente.
Fonte: Adaptado de Brasil (2006).
5. Limitações e desafios enfrentados pela tende a se agravar nos próximos anos. Trata-
indústria florestal brasileira se do chamado “apagão florestal”, para o qual
já se vinha chamando atenção pelos
O desenvolvimento da indústria florestal especialistas, desde meados da década de
brasileira foi calcado, sobretudo, na 1990.
competitividade da produção florestal, aliando
à capacidade do setor privado na gestão dos A demanda atual de madeira de pínus em
negócios e na adoção de novas tecnologias. tora é maior que a capacidade de produção
A indústria florestal tem enfrentado limitações sustentada das plantações no país. Para
e desafios que, de certa forma, vêm 2010, projeta-se um déficit da ordem de 20
comprometendo o seu crescimento e afetando milhões de m³ e, na Região Sul, onde há maior
a sua competitividade. São problemas demanda, o déficit projetado é ainda maior.
conjunturais comuns a todos os segmentos A tendência é de um rápido aumento na
industriais (oferta, acesso e custo do crédito, diferença entre oferta e demanda nos
promoção do produto nacional, “Custo Brasil” próximos anos, uma vez que a expansão da
e outros), além de problemas intrínsecos à área florestal plantada com pínus não está
própria indústria florestal (suprimento de acompanhando o ritmo de crescimento da
matéria-prima, competição com produtos demanda. Para 2020, espera-se um déficit
substitutos, modelo institucional etc.). de pouco mais de 27 milhões de m³,
considerando somente toras de pínus
5.1. Suprimento de matéria-prima (tora) (TUOTO, 2003a).
A indústria florestal brasileira baseada em As limitações na oferta de tora de pínus
pínus atravessa uma crise sem precedente, têm provocado um forte impacto nos preços.
devido à crise no suprimento de madeira, que Nos últimos anos, o preço da tora de pínus
41
Pínus na Silvicultura Brasileira
42
A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios
43
Pínus na Silvicultura Brasileira
financeiro e, em última instância, para a que, nos países concorrentes, está na faixa
redução do custo do capital no Brasil de US$10,00/m³ a US$15,00/m³. Outro
(CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA exemplo típico é o custo portuário. No Brasil,
INDÚSTRIA, 2006). Este é um problema que o custo de movimentação de containeres pode
afeta toda a indústria brasileira e tem um atingir US$50,00, enquanto nos países
impacto ainda acentuado na indústria florestal, competidores é de apenas US$15,00.
sobretudo no segmento de celulose e papel,
A indústria florestal brasileira tem sido
que é altamente dependente de capital
eficiente na identificação do “Custo Brasil”,
intensivo e está eminentemente orientado para
ao ponto de encontrar algumas maneiras para
o mercado externo (exportação).
mitigá-lo. No entanto, grande parte desse
5.4. Custo Brasil “Custo” depende de ações do governo que,
pelo menos, no curto e médio prazos, não têm
O “Custo Brasil” é uma expressão genérica
perspectiva de mudar o cenário atual.
para um conjunto de fatores desfavoráveis à
competitividade do país. Isto inclui todos os 5.5. Estabelecimento de um modelo
custos inseridos na produção, institucional orientado à produção
comercialização, distribuição e logística que
A indústria florestal brasileira guarda
excedem os padrões internacionais para um
estreita relação com o setor florestal como
mesmo tipo ou categoria de produto ou
um todo. Por sua vez, o setor florestal está
serviço. De maneira geral, os principais fatores
vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.
responsáveis pelo “Custo Brasil” são os
Este tem sido um fator restritivo ao
elevados custos de transporte e logística, juros
desenvolvimento da indústria florestal
altos, carga tributária excessiva, elevados
brasileira, particularmente aquela baseada em
custos trabalhistas e previdenciários, além do
florestas plantadas. Isso porque o Ministério
déficit público. Porém, esse “Custo”
do Meio Ambiente protagoniza questões
transcende tais fatores, pois, na maioria das
essencialmente ambientais, relegando os
vezes, está atrelado ao processo de formação
aspectos produtivos a um plano secundário.
empresarial, à questão sociocultural e política,
Disso resulta que a produção de madeira e a
bem como aos aspectos de natureza
produção industrial de base florestal
estratégica e outras.
permanecem fora do foco da política florestal
A indústria florestal brasileira, em especial brasileira. Em países mais desenvolvidos como
a orientada à exportação e baseada em Estados Unidos, Canadá e Finlândia, o setor
madeira de pínus, tem sido fortemente afetada florestal está diretamente vinculado a um
pelo “Custo Brasil”. Isso tem limitado a ministério voltado à produção, quase sempre
ampliação de sua participação no mercado o Ministério da Agricultura. Neste caso, a
internacional. Um exemplo típico desse conotação dada ao setor florestal é
entrave é o elevado custo de transporte. O eminentemente orientada à produção.
custo do frete rodoviário do compensado de
pínus da indústria até o porto pode atingir,
em alguns casos, US$25,00/m³, enquanto
44
A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios
45
Pínus na Silvicultura Brasileira
46
A Indústria Florestal Brasileira Baseada em Madeira de Pinus: Limitações e Desafios
47
Espécies de Pinus na Silvicultura Brasileira
49
Pínus na Silvicultura Brasileira
espécies. Por exemplo, ambas são a desrama são indispensáveis, para produzir
relativamente resistentes à geada e madeira mais valorizada possível (sem nós)
proporcionam altos rendimentos em madeira para o mercado. É importante que esta
nas regiões que englobam: 1) para P. taeda, operação seja programada para os períodos
o planalto da região Sul, até o norte do Paraná; mais frios e secos do ano, para evitar o ataque
e 2) para P. elliottii, a região Sul como um de fungos como os do gênero Sphaeropsis que
todo e parte da região Sudeste, no Estado de danificam a madeira e podem levar as árvores
São Paulo e nas regiões serranas do sul de à morte.
Minas Gerais.
Nas espécies de coníferas como do gênero
2. Aspectos Relacionados à Escolha de Pinus, as estruturas onde são formadas as
Espécies para Plantios Comerciais sementes são conhecidas como cones. Estes
são equivalentes aos frutos nas angiospermas
O gênero Pinus inclui espécies produtoras
e são características altamente variáveis,
de madeira de características variadas e de
servindo, muitas vezes, para a identificação
grande valor comercial. No subgênero
das espécies. Algumas como P. kesiya e P.
Haploxylon, estão as espécies produtoras de
oocarpa apresentam cones pequenos, com
madeira de baixa densidade, considerada
3 cm a 5 cm de comprimento, enquanto que
“madeira mole”, indicada para uso em
outras como P. lambertiana produzem cones
acabamentos, marcenaria e artesanato (por
com mais de 30 cm. Quando maduros, as
exemplo, P. chiapensis); no subgênero
escamas dos cones de várias espécies logo
Diploxylon, estão as produtoras de “madeira
se abrem e liberam as sementes. Porém, nas
dura”, altamente valorizada para uso em
espécies conhecidas como closed cone pines,
estruturas, móveis, chapas, embalagens,
mesmo depois de maduros, os cones
celulose e papel. Este grupo engloba as demais
permanecem fechados por vários anos. Isso
espécies plantadas com sucesso, para fins
faz parte da estratégia de sobrevivência,
comerciais no Brasil. Além disso, várias delas,
normalmente em regiões semi-áridas onde,
como P. elliottii var. elliottii, P. caribaea e
após um longo período de seca, a chegada da
outras, produzem resina em quantidade viável
estação das chuvas é precedida de
para a sua exploração comercial.
tempestades elétricas que, periodicamente,
Considerando a ampla variação presente dão origem a incêndios florestais. Assim, os
quanto aos requisitos ecológicos para o seu cones que ficarem expostos ao fogo abrem-
desenvolvimento, aos hábitos de crescimento, se imediatamente, liberando uma grande
à qualidade da madeira, à resistência ou quantidade de sementes que irão germinar e
tolerância aos extremos climáticos, aos assegurar a regeneração natural.
regimes de precipitação pluviométrica e a
2.1. Requisitos ambientais
muitos outros aspectos, todos estes precisam
ser criteriosamente analisados na escolha da Quanto ao habitat, a maioria das espécies
espécie para os plantios comerciais. Por de Pinus que se desenvolvem bem no Brasil
exemplo, no manejo de povoamentos de P. são originárias de regiões com solos
greggii ou P. patula, algumas atividades como ligeiramente ácidos. Porém, existem outras
50
Espécies de Pinus na Silvicultura Brasileira
que são próprias de regiões com solos de origem desse solo. Porém, isso, normalmente,
reação neutra a alcalina, como P. engelmanii está associado, também, à baixa precipitação
e P. greggii da região Norte do México. No pluviométrica, pois, em um ambiente semi-
entanto, as condições restritivas como essas árido, grande parte da umidade que chega ao
raramente ocorrem isoladamente, pois uma solo tende a se evaporar, reduzindo a
situação pode estar associada a outra, de ocorrência de lixiviação das bases trocáveis
maneira que as espécies próprias desses do solo. De maneira geral, os pínus dos tipos
ambientes estão adaptadas ao conjunto ecológicos que habitam esses locais não
desses fatores. Em princípio, a alcalinidade encontram condições de crescimento normal
do solo é conseqüência do tipo de material de no Brasil (Figura 1).
51
Pínus na Silvicultura Brasileira
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Espécies de Pinus na Silvicultura Brasileira
Figura 2. Pinus patula com baixa qualidade de fuste e Figura 3. Pinus patula com boa forma de fuste e ramos,
ramos, plantado a menos de 900 m de altitude no Sul plantado em local a mais de 1.000 m de altitude no Sul
do Brasil. Foto: Jarbas Y. Shimizu. do Brasil. Foto: Jarbas Y. Shimizu.
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Pínus na Silvicultura Brasileira
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Espécies de Pinus na Silvicultura Brasileira
restrito aos sítios ao longo dos cursos de água Os primeiros plantios comerciais de P. taeda
(ZOBEL, 1983). O desenvolvimento inicial da no Brasil foram estabelecidos com semente
região foi marcado pela intensa exploração de importada dos Estados Unidos, sem qualquer
P. palustris para produção de madeira e resina, controle da qualidade genética ou de origem
seguida pela cultura de algodão. Porém, devido geográfica. Isso resultou em povoamentos de
à forma predatória das práticas agrícolas da baixa qualidade de fuste devido aos defeitos
época, sem os cuidados com a conservação como tortuosidades, bifurcações e um grande
dos solos, a produtividade do algodão declinou número de ramos grossos. Apesar disso, esta
rapidamente. A agricultura, em geral, tornou- espécie oferece grandes oportunidades para
se inviável na região devido à erosão, ao ser transformada em espécie chave na
esgotamento da fertilidade do solo e à economia florestal brasileira, mediante
infestação por pragas. Assim, grande parte melhoramento genético.
dos agricultores migrou para o norte, em busca
Estudos de procedências em várias partes
de trabalho nas indústrias metalúrgicas,
do Brasil revelaram variações geográficas
deixando vastas áreas com solos expostos.
importantes. As procedências da planície
Estes foram, gradativamente, colonizados pelo
costeira do estado da Carolina do Sul ficaram
P. taeda, formando a base da atual economia
conhecidas como as de maior produtividade
florestal da região.
e melhor qualidade de fuste no Sul e Sudeste
A facilidade para colonizar áreas abertas é do Brasil, em locais onde as geadas são
um atributo do P. taeda que é interpretado, moderadas. Para locais sujeitos às geadas
especialmente em ecossistemas fora da sua severas, como na serra gaúcha e no planalto
região de origem, como caráter invasivo e catarinense, as procedências de locais onde
danoso. Porém, essa agressividade só se prevalecem invernos rigorosos como as da
verifica em situações em que haja: a) grande Carolina do Norte são mais promissoras.
produção de semente; b) ausência de
O sucesso inicial do P. taeda como fonte
predadores naturais de semente; c)
de madeira no Brasil deveu-se, em grande
luminosidade suficiente para que as plântulas
parte, à ausência de inimigos naturais. Porém,
se estabeleçam; e d) contato direto das
a partir dos anos 1980, começaram a surgir
sementes com o solo. Sendo, ainda, uma
algumas pragas atacando tanto a madeira
espécie pioneira, ela é dependente de
quanto as acículas e os brotos terminais.
distúrbios ambientais para se estabelecer. Na
Dentre elas, a mais notória é a vespa-da-
ausência destes, o pínus tende a desaparecer
madeira que representou uma séria ameaça à
da paisagem ao ser dominada pelas espécies
base florestal de pínus no Sul do Brasil. Para
folhosas (SCHULTZ, 1997). Portanto, através
reduzir os danos causados por esta e outras
do manejo apropriado que inclua o controle
pragas como os pulgões e as doenças fúngicas
do seu caráter invasivo, P. taeda pode ser
e bacterianas, foi necessário adotar medidas
cultivado em plantios intensivos para gerar
preventivas e de controle, em forma de manejo
múltiplos benefícios à sociedade.
adequado dos povoamentos. Portanto, ficou
evidente que a prática de somente plantar e
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Pínus na Silvicultura Brasileira
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Espécies de Pinus na Silvicultura Brasileira
freático próximo à superfície. Ela é adequada entre indivíduos (de árvore para árvore) dentro
para plantios nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, de populações, os trabalhos de melhoramento
pois tolera geadas e um grau moderado de genético ficam facilitados, uma vez que se pode
deficiência hídrica, podendo ser plantada nas contar com uma extensa população,
regiões da Floresta Ombrófila Densa, Floresta independentemente da origem geográfica, para
Ombrófila Mista e nas zonas de transição destas a seleção individual.
para o Cerrado e as Florestas Semi-deciduais
De maneira geral, o incremento volumétrico de
dos estados do Paraná e São Paulo. Por ser de
P. elliottii costuma ser menor que o de P. taeda.
ambiente com características mais próximas à
Porém, ele inicia a produção de madeira adulta a
tropical, ele cresce menos que P. taeda nas
partir dos sete a oito anos de idade, em contraste
partes mais frias do planalto sulino, mas, muito
com 12 a 15 anos, em P. taeda. Este pode ser um
mais que esta em ambientes característicos de
diferencial importante na escolha da espécie para
Cerrado do norte do Paraná e parte do Estado
produção de madeira destinada ao processamento
de São Paulo, bem como no litoral sul brasileiro.
mecânico. Isto significa que, em toras da mesma
Ensaios de campo têm indicado baixa ou idade, a de P. elliottii contém menor proporção de
nenhuma variação em produtividade ligada à madeira juvenil e, portanto, será de melhor
procedência das sementes. Visto que a maior qualidade física e mecânica do que a de P. taeda
parte da variação nessa característica se verifica (Figura 6).
Figura 6. Pinus elliottii var. elliottii manejado para produção de toras de grandes
dimensões. Foto: Jarbas Y. Shimizu.
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Espécies de Pinus na Silvicultura Brasileira
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Espécies de Pinus na Silvicultura Brasileira
ecológicas específicas para produzir sementes 22º N. Esses locais estão praticamente ao nível
como no litoral da Bahia e do Espírito Santo, do mar, atingindo, no máximo, 30 m de altitude.
bem como na Chapada dos Parecis, no sul de O clima é tropical (25 °C), sub-úmido (chuvas
Rondônia. Nesses locais, os primórdios das anuais de 700 mm a 1.300 mm), com
estruturas reprodutivas (coneletes) podem ser períodos de seca de seis meses e solos
observados desde o terceiro ano após o plantio alcalinos (pH 7,5 a 8,5). O crescimento desta
no campo. variedade é intermediário entre o de P.
caribaea var. caribaea e o de P. elliottii
Na planície litorânea de Queensland,
(BARRETT; GOLFARI, 1962). Ela é
Austrália, a variedade hondurensis tem
recomendada para plantio na mesma faixa de
apresentado alto incremento volumétrico,
ambientes indicada para a variedade
desde que o solo não seja encharcado. Por
hondurensis (GOLFARI, 1967). No entanto,
outro lado, P. elliottii produz madeira de alta
plantios exploratórios em regiões tropicais e
qualidade física e mecânica, além de suportar
subtropicais têm mostrado que a variedade
sítios temporariamente alagados. Assim, a
bahamensis cresce bem mesmo em altitudes
estratégia local de melhoramento genético
maiores que 700 m e resistem bem a geadas.
incluiu a exploração da superioridade dos
híbridos interespecíficos de P. elliottii com P. Variações genéticas em crescimento, forma
caribaea var. hondurensis, mediante e produção de resina, em testes de progênies,
polinizações controladas. Conseguiu-se, com foram relatadas em vários estudos (SEBBENN
isso, gerar árvores com alto incremento et al., 1994; ZHENG et al., 1994; GURGEL
volumétrico, semelhante ao de P. caribaea var. GARRIDO et al., 1996; 1999; MISSIO et al.,
hondurensis, produzindo madeira de qualidade 2004; FREITAS et al., 2005). Ganhos
física e mecânica semelhante à de P. elliottii. genéticos mediante seleção de matrizes foram
No entanto, a superioridade dos híbridos só estimados em até 23,4 % em altura, 30,6 %
pode ser assegurada se os parentais de cada em DAP (ZHENG et al., 1994), 8,3 % em
espécie forem, também, de alto valor genético. volume real (SEBBENN et al., 1994) e 46,2 %
Portanto, é indispensável manter programas na produção de resina (GURGEL GARRIDO et
contínuos de melhoramento genético, al., 1999).
separadamente para cada “taxon”, visando à
Um dos obstáculos para a sua ampla
geração de híbridos de alta produtividade em
utilização nos plantios comerciais é a
ambientes sujeitos a constantes mudanças.
dificuldade na produção de sementes. Sua
P. caribaea Morelet var. bahamensis Barr. & madeira tende a ser mais densa e, portanto,
Golf. destaca-se como uma das mais de melhor qualidade física e mecânica do que
importantes para a produção de madeira e resina da variedade hondurensis. Ela, também,
na Região Sudeste brasileira. Suas origens são apresenta os mesmos problemas de fox-tail,
as Ilhas Bahamas, em áreas separadas por até como se verifica na variedade hondurensis.
600 km. Uma das áreas é formada pelas Ilhas
A variedade caribaea (P. caribaea Morelet
Grand Bahamas, Great Ábaco, Andros e New
var. caribaea Bar. et Gol.) é endêmica na ilha
Providence, entre 23° N e 27° N; a segunda
de Cuba, ocorrendo entre a província de Pinar
área inclui as Ilhas Caicos, entre 21° N e
63
Pínus na Silvicultura Brasileira
del Rio e a Isla de la Juventud, entre 21° parte norte de sua área de distribuição, ela
40’ N e 22° 50’ N, em altitudes variando pode ser encontrada a 2.500 m de altitude
de 45 m a 355 m. A precipitação média na (STYLES, 1983).
sua origem varia entre 5 °C a 25,5 °C. A
As condições ecológicas no habitat natural
precipitação pluviométrica nestes locais varia
do P. oocarpa variam desde clima temperado-
de 1.200 mm a 1.600 mm anuais e os solos
seco, com precipitação pluviométrica entre
são ácidos (pH 4,5 a 6,0). Esta variedade é
500 mm e 1.000 mm até subtropical úmido,
recomendada para plantio em regiões quentes,
com precipitação pluviométrica em torno de
tanto para a produção de madeira quanto de
3.000 mm anuais. O melhor desempenho
resina. Uma de suas características é o fuste
desta espécie é observado no planalto,
exemplar, geralmente reto, com ramos
especialmente no Cerrado, dada a sua
numerosos, mas curtos e finos. Ela, também,
tolerância à seca. Sua madeira é
apresenta dificuldade para produzir sementes
moderadamente dura e resistente, de alta
no Brasil, exceto em alguns locais específicos.
qualidade para produção de peças serradas
3.6. Pinus oocarpa para construções e fabricação de chapas. Além
de madeira, P. oocarpa produz, também, resina
Pinus oocarpa Schiede está entre as
em quantidade viável para extração comercial.
espécies de pínus tropicais mais difundidas
Esta espécie produz muitas sementes,
pelos trópicos. Ela é originária do México e
facilitando a expansão dos seus plantios.
América Central, com ampla distribuição
Locais de baixa altitude ou planícies costeiras
natural no sentido noroeste-sudeste. Ela ocorre
não são ambientes propícios para o seu
entre os limites de 12º N a 27º N, estendendo-
desenvolvimento.
se do México até a Nicarágua, passando por
Belize, Guatemala e Honduras. Nestes países, P. oocarpa tolera geadas moderadas após
P. oocarpa é encontrado em altitudes variando a fase inicial de plantio e tem sido
de 600 m a 2.500 m (GREAVES, 1980), em recomendado para plantios em uma ampla área
regiões com estações secas, às vezes severas, do Brasil (GOLFARI, 1967). No Estado de São
com períodos de até seis meses com Paulo, a espécie tem apresentado bom
precipitações menores que 50 mm e crescimento na região de Angatuba (Figura 9),
temperatura média mensal de 26 ºC a 36 ºC Agudos (KAGEYAMA, 1977), Bebedouro, Moji
(KEMP, 1973). A espécie ocorre, mais Mirim e Assis (ROSA, 1982), bem como nos
freqüentemente, em solos bem drenados ao estados do Pará (WOESSNER, 1983) e Rio
longo das encostas das montanhas entre Grande do Sul (BERTOLANI, 1983).
700 m e 1.500 m de altitude. Porém, na
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Pínus na Silvicultura Brasileira
selecionados em uma região distante, para DORMAN, K. W.; SQUILLACE, A. E. Genetics of slash
atender os requisitos de um segmento pine. USDA For. Serv. Res. Pap. WO-20. 20 p. 1974.
industrial distinto. Pode-se dizer que, em DVORAK, W. S.; DONAHUE, J. K. CAMCORE:
operações florestais envolvendo plantios cooperative review 1980-1992. Raleigh: North
regulares de pelo menos 200 ha/ano, torna- Carolina State University, College of Forest
Resources, 1992. 94 p.
se indispensável um programa de
melhoramento genético para atender os seus EQUILUZ, P. T.; PERRY JUNIOR, J. P. Pinus
objetivos específicos. tecunumanii una especie nueva de Guatemala. Ciencia
Forestal, n. 41, p. 3-22, 1983.
72
Espécies de Pinus na Silvicultura Brasileira
GREAVES, A. Revisão dos testes internacionais de MISSIO, R. F., CAMBUIM, J.; MORAES, M. L. T.;
procedências de Pinus caribaea Morelet e Pinus PAULA, R. C. Seleção simultânea de caracteres em
oocarpa Schiede. Silvicultura, São Paulo, ano 8, n. progênies de Pinus caribaea Morelet var. bahamensis.
29, p. 13-17, 1983. Edição dos Anais do Simpósio Scientia Forestalis, n. 66, p. 161-166, 2004.
IUFRO em Melhoramento Genético e Produtividade de
Espécies Florestais de Rápido Crescimento, 1980, PERRY JÚNIOR, J. P. The pines of Mexico and
Águas de São Pedro. Fast growing trees. Central America. Portland, Timber Press, 1991. 231 p.
73
Pínus na Silvicultura Brasileira
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Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
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Pínus na Silvicultura Brasileira
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Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
Matos e Keinert Júnior (2005) relataram a com a profundidade efetiva do solo, a sua
tendência de maior crescimento de P. taeda, textura também pode ter um papel importante
tanto em diâmetro do tronco quanto em altura, no desenvolvimento das plantas. Isto porque
à medida que aumenta a profundidade efetiva ela influencia diretamente tanto a fertilidade
do solo. Bellote (2006) estabeleceu uma quanto o armazenamento de água no solo.
equação de regressão múltipla do crescimento Os maiores efeitos negativos são observados
de Pinus taeda sobre a profundidade efetiva e em solos com alta proporção de areia.
a disponibilidade de água no solo para a planta.
4. Textura do Solo
Seus estudos mostraram que as profundidades
de 20 cm a 30 cm são responsáveis por 90 % A textura do solo refere-se à proporção
da variação no crescimento tanto em diâmetro relativa das frações areia, silte e argila que
quanto em altura das plantas. Além disso, compõem a sua fase sólida. Esta é uma das
mostraram que, em solos com profundidade características mais estáveis e de grande
efetiva média de aproximadamente 30 cm, importância na produção agrícola e florestal
árvores de Pinus taeda não chegam a produzir (OLIVEIRA et al., 1992). A distribuição do
tora maior que 24 cm de diâmetro. Por outro tamanho das partículas tem sido usada em
lado, em solos sem restrição de profundidade, funções de pedotransferência (BOUMA, 1989)
P. taeda da mesma idade produziu até cinco quando se procura estimar outras propriedades
toras de 2,20 m de comprimento, com físicas e químicas do solo que demandem
diâmetro requerido para desdobro (24 cm). operações laboratoriais demoradas e onerosas.
Rigatto (2007) observou profundidades Assim, a textura tem sido usada para predizer
efetivas médias do solo de 63 cm, 96 cm e algumas propriedades químicas como a
111 cm, em três sítios distintos, sendo que capacidade de troca de cátions e propriedades
as árvores de Pinus taeda nestes sítios físicas como a retenção de umidade e a
atingiram alturas comerciais (diâmetro mínimo infiltração (FORSYTHE, 1980). Segundo
de 8 cm) de 13,4, 19,7 e 19,2 cm, Wischmeier e colaboradores (WISCHMEIER et
respectivamente. Estes dados mostram que al., 1971), 85 % da variação na erodibilidade
há uma limitação na profundidade efetiva do do solo pode ser atribuída ao teor de areia
solo, possivelmente ao redor de 1 m, que muito fina e de silte. Esse é um dos
exerce influência no desenvolvimento desta componentes da equação universal da perda
espécie. de solo.
A redução no crescimento de P. taeda em Os solos argilosos costumam ser
condições de pouca profundidade efetiva do naturalmente mais férteis que os arenosos,
solo resulta da necessidade de exploração de embora possam apresentar drenagem
um volume maior de solo pelas raízes para insuficiente (ZOBEL et al., 1987). Os solos
obter água e nutrientes. Em solo fértil, sem arenosos são mais suscetíveis à perda de
deficiência pronunciada de umidade, mesmo matéria orgânica e à redução no teor de
com pouca profundidade efetiva, o prejuízo nutrientes, mas, menos propensos à redução
no desenvolvimento das plantas é menor do na produtividade pela compactação do que
que em solos de baixa fertilidade. Juntamente os solos argilosos (FOX, 2000).
77
Pínus na Silvicultura Brasileira
Tabela 1. Crescimento de Pinus taeda com 12 anos de idade, em diferentes tipos de sítio
(RIGATTO et al., 2004).
*
médias seguidas das mesmas letras não diferem estatisticamente entre si, com 95 % de probabilidade
pelo Teste Tukey.
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Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
Tabela 2. Crescimento de Pinus taeda com 22 anos de idade, em diferentes tipos de sítio
(DEDECEK et al., 2006).
Vegetação Volume
DAP (cm) Altura (m)*
Solo Textura original (m³/árv.)**
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Pínus na Silvicultura Brasileira
Frações de areia mais finas favorecem a estrutura do solo são de natureza indireta e
retenção de umidade e a compactação, são baseados na medição de atributos que,
enquanto que as mais grossas proporcionam supostamente, dependem da estrutura do solo.
condições para um arranjo com maior Os valores da porosidade total e da distribuição
macroporosidade que favorecem a do tamanho dos poros fornecem uma idéia de
permeabilidade e a aeração do solo (RESENDE quanta água o solo pode armazenar e o padrão
et al., 1992). Em solos arenosos, o grau de de sua movimentação. O efeito da estrutura
macroporosidade é um fator crítico para a do solo sobre as suas propriedades mecânicas
escolha do sistema de preparo. Um solo pode ser avaliado pelo sucesso no
arenoso preparado com subsolador de apenas desenvolvimento das plântulas. Portanto, as
uma haste apresentou maior crescimento do características estruturais do solo são
eucalipto, comparado a um solo, com as aspectos cruciais na definição do tipo de
mesmas características, preparado com preparo e das condições de tráfego de
subsolador de três hastes (DEDECEK et al., máquinas recomendáveis, pois têm grande
2006). A subsolagem de uma faixa maior de influência sobre a produtividade, bem como
solo causou maior perda de água da camada na vulnerabilidade à erosão hídrica
superficial, diminuindo, assim, a sua (FORSYTHE, 1980).
disponibilidade para as plantas. Este é o fator
A densidade do solo (global ou aparente) é
mais limitante em solos arenosos do que a
uma variável que permite avaliar,
possível compactação.
qualitativamente, a estrutura do solo. Ela se
5. Estrutura do Solo refere ao peso seco do solo por unidade de
volume. Quanto menor a densidade, maior a
O arranjo e a organização das partículas e proporção de espaço poroso no solo, menor a
dos poros no solo caracterizam a sua resistência à ação dos implementos e mais
estrutura. Estas são tão variáveis quanto rápida a infiltração da água. No entanto, esta
permitem as combinações das diferentes variável não dá indicação sobre o tamanho e
formas, tamanhos e orientação das partículas a continuidade dos poros que determinam o
do solo. Os agregados formados são altamente fluxo do ar e da água no solo. Solos argilosos
instáveis quanto maior o seu tamanho, têm menor densidade, maior porosidade
variando no tempo e no espaço. Portanto, não dominada por poros menores que reduzem os
existe um método objetivo e universal para fluxos da água e do ar. Em contraste, solos
avaliar a estrutura do solo. Esta é uma arenosos têm maior densidade, maior
propriedade qualitativa mais do que macroporosidade e possibilita os fluxos de
quantitativa (HILLEL, 1980). água e ar mais rápidos.
A estrutura do solo é fortemente afetada A textura do solo é um fator importante na
pelas mudanças climáticas, atividades determinação do valor absoluto da sua
biológicas e práticas de manejo. Assim, ela é densidade. Portanto, comparações entre
vulnerável à ação das forças destrutivas de densidades de solos de diferentes texturas são
natureza mecânica e fisicoquímica. Os vários difíceis. Para isto, usa-se a densidade relativa
métodos propostos para caracterizar a (SILVA; KAY, 1997), que indica a proximidade
80
Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
da densidade atual do solo em relação à globais são elevadas para mais de 0,90 Mg.m-3.
densidade máxima que ele pode atingir quando Ele estimou, também, que os incrementos em
compactado. Quanto mais próximo da unidade altura e diâmetro cessariam quando as
estiver o valor da densidade relativa, mais densidades globais do solo atingissem
compactado estará o solo. 1,32 M g . m -3 e 1,43 M g . m -3,
respectivamente, sobretudo na camada de 0
A densidade global é indicativa de
a 10 cm de profundidade. Halverson e Zisa
alterações no volume dos poros (VOORHEES
(HALVERSON; ZISA, 1982) demonstraram
et al., 1989). Comumente, os solos arenosos
que o aumento na densidade do solo reduz a
apresentam alta macroporosidade, enquanto
profundidade de enraizamento de mudas de
que os argilosos tendem, facilmente, a formar
Pinus nigra.
camadas compactadas. Portanto, em solos de
textura arenosa, o monitoramento das A densidade de um Latossolo Vermelho-
mudanças na sua densidade é a melhor forma Escuro argiloso igual ou maior que 1,18 Mg.m-
de avaliar os efeitos da redução na porosidade. ³, independente da profundidade e da forma
Por outro lado, em solos argilosos, a sua de preparo do solo, provoca severas restrições
resistência física é a melhor indicadora do grau ao enraizamento de Eucalyptus saligna com
de compactação. Em solos arenosos, o volume 21 meses após o plantio (MACEDO; TEIXEIRA,
de madeira da rebrota de Eucalyptus saligna 1988). Aumentos na densidade do solo, em
é altamente correlacionado com a densidade áreas florestais, são comumente observados
global (r²=0,86), enquanto que, em solos após a colheita da madeira, dependendo do
argilosos, o volume de madeira produzido é tipo de maquinário empregado e do manejo
mais correlacionado com a resistência do solo de resíduos adotado. Rab (1996) constatou
(r²=0,93) (DEDECEK; GAVA, 2005). Solos aumentos na densidade da camada superficial
de textura média, com densidades maiores que do solo da ordem de 53 % e 160 % sob a
1,35 Mg.m -3 , acarretam redução no trilha de corte e no pátio de empilhamento de
crescimento do caule e das raízes de Pinus madeira, respectivamente, quando
radiata, da mesma forma como solos com comparadas com as densidades nestas
resistência ao penetrômetro maior que 3 Mpa mesmas áreas antes da colheita.
induzem à restrição no crescimento das raízes
As operações de limpeza com tratores de
(SANDS et al., 1979).
esteira e lâminas também alteram a
Nos Estados Unidos, foi constatado que o densidade do solo. A densidade do solo
aumento na densidade do solo, causado pela chegou a 1,35 Mg.m-3 após estas operações,
operação de colheita da madeira, acarreta enquanto que, em áreas não perturbadas, a
redução na altura total, no diâmetro e no densidade era de apenas 1,1 Mg.m -3
volume de Pinus ponderosa, da ordem de 5 % (GHUMAN; LAL, 1992). Após operações
a 20 % (FROELICH et al., 1986). Na Austrália, efetuadas em período chuvoso, a densidade
em solos com densidade global de 0,69 Mg.m- do solo chegou a 1,57 Mg.m-3. Aumentos na
3
, Rab (RAB, 1994) estimou reduções de mais densidade do solo de 0,7 para 1,0 Mg.m-3
de 50 % no incremento em altura e diâmetro podem acarretar redução de até 71 % no
de Eucalyptus regnans, quando as densidades crescimento das raízes principais e de 31 %
81
Pínus na Silvicultura Brasileira
nas raízes laterais das plantas (LIPIEC et al., Solos com partículas uniformes são mais
1991). Isto reduz a capacidade das raízes de porosos e, quando a dominância é da fração
obter nutrientes do solo, prejudicando o areia, há maior macroporosidade, enquanto
crescimento das plantas. que os solos argilosos têm maior porosidade
total e maior microporosidade (Tabela 3).
Porosidade total é o espaço entre as
Valores relativos de porosidade foram
partículas sólidas do solo que é ocupado pelo
calculados, para cada profundidade, tomando-
ar e água. Esta é outra característica do solo
se a porosidade total (100 %) como
que serve como indicadora da qualidade da
referência. Assim, é possível comparar as
sua estrutura e inclui as porosidades macro e
porosidades de diferentes solos, uma vez que,
micro, bem como a porosidade de aeração. A
à exceção da microporosidade, esta distinção
macroporosidade compreende os poros
não é tão visível quanto na comparação entre
maiores que 5 mm e é, normalmente,
valores absolutos.
quantificada como o volume de poros
compreendido entre a porosidade total e o Os macroporos são os mais importantes
volume de água retido a 6 kPa. O volume para a drenagem do excesso de água e para a
restante da porosidade total é denominado aeração do solo; os microporos são
microporosidade. A porosidade de aeração é importantes para reter a água remanescente,
definida como o volume de poros ocupado responsável pela sobrevivência de muitas
pelo ar do solo e é determinada pela diferença espécies de plantas. Em um mesmo tipo de
entre a porosidade total e o volume de água solo, os macroporos contribuem para a
retida a 10 kPa (capacidade de campo). Entre redução da resistência ao penetrômetro e
10 % e 15 % da capacidade de campo são melhoram as condições de crescimento das
considerados os mínimos de porosidade de plantas, tornando-as mais eficientes na
aeração necessários para permitir o absorção de nutrientes. Maior teor de Ca tem
crescimento das raízes (WEAVER; JAMISON, sido observado nas acículas e na casca de
1951). No entanto, Theodorou et al. (1991) Pinus taeda crescendo em solos com maior
constataram crescimento em Pinus radiata, macroporosidade e menor resistência ao
ainda que reduzido, mesmo em condições de penetrômetro (DEDECEK et al., 2000; 2006).
porosidade de aeração do solo menor do que As correlações dos teores de Ca nas acículas
dessa faixa. com a porosidade total e a macroporosidade
foram positivas (r > 0,8) em todas as
O volume e o tamanho dos poros do solo
profundidades amostradas.
são altamente dependentes da sua textura.
82
Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
83
Pínus na Silvicultura Brasileira
84
Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
Nos solos florestais, a matéria orgânica atua florestas ocorre em associação com as
como importante controladora da ciclagem de operações de corte, baldeio e subseqüente
nutrientes. Ela serve como substrato para a preparo para a exploração da rebrota ou plantio
microfauna e influencia a umidade, a estrutura, do ciclo seguinte. Essas atividades alteram a
a resistência e os processos pedogenéticos. estrutura e as propriedades hídricas do solo,
A perda da matéria orgânica em solos dificultando o crescimento e a distribuição das
florestais gera menos problemas do que nos raízes no solo e, conseqüentemente, o
solos explorados com agricultura. No entanto, desenvolvimento das árvores dos plantios
ela é um importante indicador da florestais. Portanto, o desenvolvimento de
sustentabilidade das práticas florestais. Pelo práticas de manejo florestal que assegurem a
monitoramento das alterações do seu teor, é sustentabilidade dos sítios é de alta prioridade.
possível avaliar a tendência de melhoria ou A busca pela alta produtividade das terras
de degradação dos atributos do solo destinadas à produção florestal tem crescido
(NAMBIAR, 1996). constantemente. Isso tem levado ao uso de
maquinaria pesada e à retirada de toda a árvore
6. Manejo do Solo na colheita. Os problemas com a manutenção
da qualidade do solo e da produtividade
Entre os fatores naturais que afetam a
ocorrem quando as atividades são
produtividade das plantas, o solo é o mais
impropriamente executadas. Os principais
facilmente modificável através do manejo
entraves para a sustentabilidade dos sítios
(POWERS; MORRISON, 1996). O solo pode
florestais são a compactação do solo e a
ser considerado um “barômetro” do potencial
erosão hídrica que trazem, como
produtivo de uma área (POWERS et al., 1990),
conseqüência, a degradação das
por duas razões: 1) é o recurso natural que
características físicas, biológicas e químicas
controla a quantidade e a qualidade dos
do solo. As propriedades do solo, consideradas
recursos renováveis como os plantios
como responsáveis primárias pelo controle da
florestais; 2) é um recurso não renovável que
produtividade florestal, são a porosidade e o
é afetado diretamente pelas práticas de
teor de matéria orgânica (PONDER;
manejo florestal, particularmente aquelas que
MIKKELSON, 1995). Estas são, também, as
envolvem a colheita e o preparo para o plantio.
propriedades que sofrem os maiores impactos
A colheita mecanizada de florestas, que pelas atividades de manejo florestal, em
envolve tráfego intenso e pesado de máquinas, decorrência do tráfego de máquinas pesadas,
tem sido a principal causa da compactação que reduzem a porosidade natural do solo, e
dos solos (Figura 1). O mais significativo da retirada completa das árvores, que aumenta
impacto nas propriedades físicas do solo sob a degradação da matéria orgânica do solo.
85
Pínus na Silvicultura Brasileira
O arraste das árvores usando-se o et al., 1988) (Figura 2). Segundo Incerti et
“skidder” é a operação mais prejudicial, que al. (1987), a colheita e o transporte de
afeta 25 % da superfície do solo (LACEY, madeira reduzem a proporção de macroporos
1993). A passagem da cortadeira e do (> 0,05 mm) de 28,6 %, em área sem tráfego,
autocarregável promovem aumento da para 19,8 % na área de corte, 8,2 % na linha
densidade nas camadas até 5 cm de de derrubada das árvores e para 9,7 % na linha
profundidade do solo, chegando a 0,80 Mg.m- de passada das máquinas. As duas áreas com
³ na linha de tráfego e 0,77 Mg.m-³ nas áreas menos de 10 % de macroporosidade
de corte, em locais onde a densidade é de abrangem aproximadamente 10 % da área de
0,42 Mg.m-³ nas áreas sem tráfego (SHETRON colheita.
86
Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
87
Pínus na Silvicultura Brasileira
Tabela 4. Densidade do solo (Mg.m-³) ao longo das linhas de operação de colheita de eucalipto
(DEDECEK; GAVA, 2005).
Profundidade (cm)
até 10 10 – 20 20 – 30
Linhas de operação
Solo arenoso
Solo argiloso
Qualquer solo sofre mudanças com a deformada (MATTHIES et al., 1995). Alguns
passagem de veículos, se a carga exceder equipamentos usados na colheita exercem
50 kPa que, de maneira geral, é o máximo pressão maior que a capacidade de suporte
que um solo suporta sem ter sua estrutura do solo (Tabela 5).
88
Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
89
Pínus na Silvicultura Brasileira
solo torna-se cada vez mais suscetível à solos de uma propriedade, por ordem de
compactação; abaixo desse valor, aumenta a suscetibilidade à compactação. Milde (2004)
resistência do solo à compactação e agrupou os solos de duas propriedades, nos
corresponde à faixa de umidade ótima para o municípios de Itatinga e São Miguel Arcanjo
desempenho dos equipamentos no preparo do (SP), em unidades de colheita, à semelhança
solo (LACEY et al., 1994). das unidades de manejo, considerando o
número de dias de repouso necessário para
Solos em que o teor de umidade no limite
que o teor de umidade de um solo fique abaixo
líquido é igual ou maior do que o teor de
da umidade ótima de compactação. Estas
umidade ótimo compactam mais facilmente
unidades agrupam solos que necessitam do
do que aqueles em que este teor é menor do
mesmo número de dias após a chuva (até 10
que o da umidade ótima (HOWARD et al.,
dias) para poderem ser explorados, visando
1981). O mesmo ocorre quando se compara
diminuir o impacto das operações de colheita
o teor de umidade do solo na capacidade de
e, em conseqüência, evitar o preparo do solo
campo e o teor de umidade ótima para
para reduzir a compactação.
compactação. Com isto, é possível reduzir o
risco de compactação, evitando-se a
passagem das máquinas de colheita e de
preparo do solo em locais mais susceptíveis,
principalmente nas épocas de maior incidência
de chuvas.
O planejamento eficiente das operações de
colheita de madeira e de preparo do solo,
visando minimizar a compactação, depende
do conhecimento da distribuição dos solos na
área a ser manejada, bem como do
comportamento de cada tipo de solo em
resposta às forças compactadoras. Para se
manter a produtividade, uma vez que o solo
esteja compactado, são necessárias medidas
para descompactá-lo e trazê-lo às suas
condições de estrutura anteriores (Figura 3).
Isto envolve altos custos, que são tanto
Figura 3. Sulcador monohaste usado para revolvimento
maiores quanto maior for a intensidade de
da entrelinha. Foto: Sandra Cavichiollo.
preparo requerida. O conhecimento das
características físico-hídricas do solo, O número de dias necessário para qualquer
também, permite estabelecer a faixa de solo estar apto a receber os equipamentos de
umidade em que o solo estará menos sujeito colheita foi estabelecido com base na
à compactação. Estes valores podem ser determinação da umidade ótima para
usados para estabelecer uma listagem dos compactação, na capacidade de campo e no
90
Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
91
Pínus na Silvicultura Brasileira
Tabela 6. Tempo de repouso estimado para os solos após saturação pela chuva ou irrigação.
Tempo de
Tipo de solo* Argila (g.kg-1
repouso (dias)
Neossolo Quartzarênico Órtico 0 40
Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico 0 80
Neossolo Quartzarênico Órtico 0 40
Latossolo Vermelho Eutrófico 0 88
Latossolo Vermelho Distrófico 0 250
Argissolo Vermelho Amarelo 0 250
Argissolo Vermelho Amarelo 1 288
Latossolo Vermelho Amarelo 3 300
Latossolo Vermelho Escuro 3 330
Argissolo Vermelho Amarelo 4 350
ARGISSOLO VERMELHO AMARELO–PVD 17 4
ARGISSOLO VERMELHO AMARELO–PVD 18 4
ARGISSOLO VERMELHO AMARELO–PVD 24 4
ARGISSOLO VERMELHO ESCURO–PED 27 4
Latossolo Vermelho 5 400
ARGISSOLO VERMELHO AMARELO–PVD 19 5
ARGISSOLO VERMELHO AMARELO–PVD 21 5
ARGISSOLO VERMELHO AMARELO–PVD 9 5
ARGISSOLO VERMELHO ESCURO–PED 28 5
Latossolo Vermelho Escuro 6 470
Latossolo Vermelho Escuro 7 590
LATOSSOLO VERMELHO AMARELO–LVD 19 7
LATOSSOLO VERMELHO AMARELO–LVD 23 8
LATOSSOLO VERMELHO AMARELO–LVD 25 8
LATOSSOLO VERMELHO AMARELO–LVD 14 9
LATOSSOLO VERMELHO AMARELO–LVD 18 9
LATOSSOLO VERMELHO - LE 24 9
CAMBISSOLO TB, DISTRÓFICO–C14 10
CAMBISSOLO TB, DISTRÓFICO–C9 10
*
Para os solos indicados com letras maiúsculas, os dados de capacidade de campo e da
umidade ótima para a compactação foram estimados; para os demais solos, os dados foram
determinados em laboratório.
92
Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
Com base nas informações contidas na de São Miguel Arcanjo, SP, agrupando-se os
Tabela 3, foram elaborados mapas de solos solos em unidades de colheita, com base no
para as propriedades estudadas, com tempo de repouso necessário após a
indicação do grau de suscetibilidade dos solos saturação, para atingir o teor de umidade
à compactação. Como ilustração, foi elaborado adequado que permita o trânsito de máquinas
um mapa da Fazenda Santa Rosa, Município com o mínimo de compactação (Figura 4).
Figura 4. Unidades de colheita florestal na Fazenda Santa Rosa, São Miguel Arcanjo, SP.
93
Pínus na Silvicultura Brasileira
14
13
12
DAP (cm) e ALTURA (m)
11
10
6
DAP Altura
5
4
0 20 40 60 80 100
-1
DOSES DE RESÍDUOS CELULÓSICOS (t ha )
Figura 5. Resposta de Pinus taeda à aplicação de doses crescentes de resíduos celulósicos, aos seis anos após o
plantio, em Arapoti, PR, 2002.
94
Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
5
PROFUNDIDADE DO SOLO (cm)
10
Test
15
20
40
80
20
100
25
Figura 6. Densidade global do solo após aplicação de resíduo celulósico em Arapoti, PR, 2002.
Estudos têm mostrado que o volume de que não foi observado na densidade global.
água disponível no solo para as plantas (Figura Nas dosagens menores de resíduo celulósico,
7) aumenta significativamente com a aplicação houve uma redução expressiva da quantidade
de 80 t.ha-1 ou mais de resíduo celulósico, de água disponível. Acredita-se que isso seja
considerando-se, como extremos, a devido à compactação causada na operação
capacidade de campo (10 kPa) e o ponto de de distribuição do resíduo, uma vez que a faixa
murcha permanente (1.500 kPa). Essa de solo amostrada corresponde à da passagem
diferença na quantidade de água disponível das máquinas.
foi observada até a profundidade de 30 cm, o
95
Pínus na Silvicultura Brasileira
-
ÁGUA DISPONÍVEL (cm ³ cm ³)
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12
0
10
15 Test
20
20 40
80
25 100
Figura 7. Água disponível (entre 10 e 1.500 kPa) em diferentes profundidades e doses de resíduo celulósico
aplicadas, em Arapoti, PR, 2002.
7. Preparo de Área
O êxito no estabelecimento de florestas de água para as plantas. Poucas raízes de P.
plantadas depende das operações efetuadas taeda são encontradas em profundidades
nas várias etapas, especialmente no preparo maiores que 60 cm, dois anos após o plantio.
do solo para o plantio. Nessa etapa, as De forma geral, um dos fatores mais influentes
operações têm como objetivo tornar o no crescimento do pínus tem sido a
ambiente favorável à sobrevivência e ao profundidade efetiva do solo, que é a camada
crescimento das mudas plantadas. que pode ser explorada sem restrições pelas
Normalmente, isso inclui a recuperação da raízes.
estrutura de solos compactados pelo tráfego Existem vários tipos de equipamentos e
de máquinas pesadas e uso freqüente de formas de preparo do solo. A combinação mais
implementos agrícolas. Segundo Dougherty e apropriada a ser adotada depende do tipo de
Gresham (1988), o desenvolvimento radicular solo, da espécie a ser plantada e da forma de
constitui o fator mais importante na ocupação anterior do solo. Em área de
sobrevivência e crescimento de Pinus no reforma, após colheita mecanizada de madeira
primeiro ano após o plantio. Até que o sistema de pínus, destinada ao plantio de P. taeda,
radicular tenha chance de se desenvolver, as em Latossolo Vermelho-Escuro textura
mudas não têm condições de suprir as suas argilosa, Dedecek et al. (2000) compararam
necessidades, principalmente em solos de os efeitos dos seguintes procedimentos:
baixa fertilidade ou de pouca disponibilidade
96
Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
(1) Subsolagem nas linhas e entrelinhas com (8) Coveamento nas linhas de plantio;
trator de pneus; (9) Idem ao sistema 4, com uso de lâmina KG
(2) Subsolagem nas linhas com trator de pneus; para rebaixamento de tocos;
(3) Gradagem com grade pesada tracionada (10) Idem ao sistema 6, com uso de lâmina
com trator D6 e uso da lâmina KG para KG para rebaixamento de tocos;
rebaixamento de tocos; (11) Plantio manual, sem preparo mecânico
(4) Preparo do solo nas linhas com uso de do solo nas linhas de plantio.
“ripper” e trator D6, com realinhamento do Os efeitos das várias opções de preparo
plantio; do solo foram avaliados com base no
(5) Preparo do solo nas linhas com uso de desenvolvimento de Pinus taeda plantado
“ripper” e trator D6, sem realinhamento; nesse sítio, bem como através do
(6) Idem ao sistema 4, com uso de trator de pneus; monitoramento das propriedades físicas do
solo (Tabela 7; Figuras 4, 7, 8 e 9).
(7) Idem ao sistema 5, com uso de trator de pneus;
Resistência do solo
Altura das
Na linha de plantio A 50 cm da linha
plantas
Trat. Trat. 25 cm Trat. 5 cm
a/ -
(m) (kg.cm ²)* (kg cm -²)*
97
Pínus na Silvicultura Brasileira
RE S ISTÊ NC IA D O S OLO (M P a)
0,0 1,0 2,0 3,0 4 ,0 5 ,0 6,0
PROFUNDIDADE DO SOLO (cm) 0
10
20
30
40 Linha
50 cm
50 15 0 cm
60
Figura 8. Resistência do solo a diferentes profundidades e distâncias da linha de plantio, causada pelo uso de
“ripper” e trator D6 no preparo para o plantio de Pinus taeda em Arapoti, PR.
Quanto maior for o tráfego de máquinas do solo e na altura de P. taeda. Além disso, o
(por exemplo, com o uso da lâmina KG para uso de trator de pneus é mais prejudicial do
rebaixamento de tocos e no realinhamento), que trator de esteira (D6).
maior tenderá a ser o efeito na compactação
98
Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
55 6,5
NA LINHA
50
RESISTÊNCIA DO SOLO (kg cm- ²)
6,0
45
ALTURA (m)
5,5
40
35
5,0
30
4,5
25 25 cm
ALTURA
20 4,0
5 4 7 6 8 10 9 3 1 2 11
SISTEMA DE PREPARO DO SOLO
Figura 9. Altura média de Pinus taeda, aos 3 anos e meio de idade, plantado em solo com variados graus de
compactação na linha de plantio, a 25 cm de profundidade, causados pela mecanização da colheita, transporte e
preparo do solo, em Arapoti, PR.
99
Pínus na Silvicultura Brasileira
40 6,5
35 6,0
RESISTÊNCIA DO SOLO (kg cm-²)
30 5,5
ALTURA (m)
25 5,0
20 4,5
15 4,0
5 cm
ALTURA
10 3,5
5 3,0
5 7 8 9 4 3 6 10 11 2 1
SISTEMAS DE PREPARO DO SOLO
Figura 10. Altura média de Pinus taeda, aos 3 anos e meio de idade, plantado em solo com variados graus de
compactação a 50 cm da linha de plantio, a 5 cm de profundidade, causados pela mecanização da colheita,
transporte e preparo do solo em Arapoti, PR.
100
Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
7,0
6,5
6,0
ALTURA (m)
5,5
5,0
y = -0,037x + 6,85
r = 0,723
4,5
4,0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
RESIST ÊNCIA DO SOLO (kg cm- ²)
Figura 11. Relação entre altura de Pinus taeda e resistência do solo na linha de plantio, a 25 cm de profundidade,
causada pela mecanização da colheita, transporte e preparo do solo.
101
Pínus na Silvicultura Brasileira
7,0
6,5
6,0
ALTURA (m)
5,5
5,0
4,5
y = -0,031x + 6,22
r = 0,72
4,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
-
RESISTÊNCIA DO SOLO (kg cm ²)
Figura 12. Relação entre altura de Pinus taeda e resistência do solo a 50 cm da linha de plantio, a 5 cm de
profundidade, causada pela mecanização da colheita, transporte e preparo do solo.
RES ISTÊ NCI A DO SOLO, MPa RES IST ÊNCI A DO SOLO, MPa RES IS TÊNCI A DO SOLO, MP a
0, 0 1,0 2,0 3, 0 4,0 5,0 0,0 1, 0 2,0 3, 0 4,0 5,0 0, 0 1, 0 2,0 3,0 4, 0 5,0
0 0 0
10 10 10
PROFUNDIDADE DO S OL O, cm
20
PROFUNDIDADE DO S OL O, cm
20 20
P ROFUNDI DADE DO S OLO, cm
30 30
30
40 Rip per
40 s/re alin.
40
Rip per
c/re alin.
50 Rip per e KG
50
Trator D6 50 Subsolage m c/re alin.
Ripp er s/re alin.
Trator de pneu Coveador
Cova ma nual 60
60
60
Figura 13. Resistência do solo na linha de plantio, em sistemas de preparo do solo com diferentes trações,
equipamentos e ações de realinhamento e rebaixamento de tocos.
102
Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
Em áreas utilizadas intensamente para ser usado no preparo para o plantio. Uma
cultivos agrícolas, a possibilidade de formação subsolagem até 60 cm de profundidade,
de uma camada compactada no solo (“pé-de- normalmente reduz a compactação. Mas, se
grade”) é muito grande. Portanto, pelo menos a compactação for menos intensa ou mais
na linha de plantio, recomenda-se o uso de superficial do que isso, poderão ser usados
subsolador em profundidade suficiente para implementos apropriados que propiciem menor
romper a camada compactada. Em áreas de custo no preparo do solo para o plantio
pastagem, a profundidade do preparo do solo florestal.
pode ser reduzida, uma vez que a compactação
A fertilidade do solo pode ser outro
decorrente do pisoteio pelos animais é
problema para o plantio de pínus em áreas
superficial. Nestes casos, o mais importante é
agrícolas. Por exemplo, altos teores de cálcio
o controle das gramíneas durante o primeiro ano
e magnésio, alta saturação por bases e baixos
de plantio. Em áreas de plantio de segundo ciclo
teores de potássio no solo (DEDECEK, 2005).
de Pinus taeda, onde a colheita e a retirada da
madeira tenham sido manuais, não há As orientações do preparo do solo e das
necessidade de preparo do solo. linhas de plantio, também, são muito
importantes para o sucesso do
Mesmo não sendo áreas anteriormente
estabelecimento de novos plantios florestais.
ocupadas com plantios florestais, o preparo do
O seu efeito recai diretamente sobre a
solo para esta finalidade precisa ser feito de acordo
intensidade da erosão hídrica e pode
com o histórico do seu uso e com as suas
comprometer a produtividade da floresta. A
características físicas. Por exemplo, em uma área
recomendação geral é que o preparo do solo
dedicada ao cultivo agrícola por vários anos
e as linhas de plantio sejam feitos no sentido
seguidos, o crescimento de P. taeda, com dois
transversal ao declive (CAVICHIOLLO, 2005).
anos de idade, foi de apenas 46 % (DEDECEK,
As perdas de solo pela erosão hídrica tendem
2005) em relação às árvores plantadas em uma
a ser maiores quanto maior for a
área previamente ocupada pela mata nativa. Na
movimentação do solo no processo de
área de cultivo intensivo, a camada de solo até
preparo. Dedecek et al. (2006) constataram
25 cm de profundidade apresentava um sério
maior perda de solo, quanto maior foi o número
problema de compactação, oferecendo
de hastes usado no subsolador.
resistência ao penetrógrafo equivalente a mais
de 40 kg.cm-², quando os níveis considerados A erosão ocorre com mais facilidade em
críticos para o desenvolvimento das raízes são a solos expostos como nas estradas, aceiros,
partir de 21 kg.cm-² (aproximadamente 3 MPa) áreas de corte raso e áreas em processo de
(RAB, 1996). preparo do solo para o plantio. As estradas
florestais contribuem com uma grande
Portanto, antes de efetuar o plantio de
quantidade de sedimentos, mas são essenciais
espécies florestais em áreas anteriormente
para as operações florestais. A produção de
ocupadas com cultivos agrícolas, recomenda-
sedimentos em áreas de floresta,
se que sejam avaliadas a intensidade e a
considerando o período desde o corte raso
profundidade da compactação do solo, para
até o estabelecimento da nova cobertura
que se possa indicar o tipo de implemento a
103
Pínus na Silvicultura Brasileira
florestal, passando pelo preparo do solo para outro lado, em solos com dominância de
o plantio, ainda é muito menor do que nas microporosidade (solos argilosos) há mais
estradas ou nas áreas dedicadas à agricultura poros cheios de água, facilitando os fluxos de
anual. Mesmo assim, algumas medidas de massa e a difusão dos nutrientes. Porém,
contenção da erosão devem ser tomadas para nestes, há maior dificuldade de circulação do
evitar a perda de produtividade florestal. Entre ar e, com oxigenação deficiente, as atividades
elas, incluem-se o terraceamento, a proteção radiculares ficam prejudicadas. As
dos mananciais e cursos de água, a movimentações da água e do ar tornam-se
concentração da colheita em época com mais difíceis à medida que a porosidade do
menor incidência de chuvas, a execução das solo é reduzida ao extremo, como ocorre
operações de retirada da madeira e de preparo quando há compactação pelo tráfego de
do solo e plantio em nível, assim como, evitar máquinas pesadas.
o excesso de capinas no controle das plantas
A expansão das raízes em profundidade
invasoras.
pode ser limitada pela presença de rocha,
O ambiente físico do solo é um dos excesso de água (lençol freático próximo à
aspectos mais importantes para a superfície), ou existência de camadas de solo
produtividade do sítio. Ele tem influência direta adensadas ou compactadas. Em condições de
sobre os atributos do solo, notadamente nos pouca profundidade efetiva do solo, o
fluxos de água, ar e calor, na resistência ao crescimento de P. taeda pode ser reduzido
crescimento das raízes e na disponibilidade devido à necessidade de suas raízes
de nutrientes. Quando a estrutura do solo é explorarem um volume maior de solo para
alterada, pode haver redução na capacidade obter a água e os nutrientes requeridos. Porém,
de crescimento do sistema radicular. Assim, se o solo for fértil e sem deficiência
reduz-se o volume de solo explorado pelas pronunciada de umidade, mesmo que haja
raízes, ao mesmo tempo em que ocorre alguns desses fatores limitantes, o prejuízo
redução no fluxo de ar e da solução do solo. no desenvolvimento das plantas é menor.
Os nutrientes chegam à superfície das A textura do solo é uma das características
raízes pelos processos de interceptação, fluxo mais estáveis e de grande importância na
de massa e difusão. A contribuição da produção agrícola e florestal. Solos arenosos
interceptação é pequena, uma vez que as são mais susceptíveis à perda de matéria
raízes ocupam apenas 1 % do volume do solo. orgânica e de nutrientes, mas menos
Restam, portanto, os mecanismos de difusão propensos à redução na produtividade, devido
e de fluxo de massa como os mais importantes à compactação. Por outro lado, solos de
e dependentes da movimentação da água do textura argilosa são mais propensos a perder
solo causada pela demanda da planta. produtividade se compactados.
Em solos com macroporosidade excessiva O arranjo e a organização das partículas e
(solos arenosos) é difícil se estabelecer um dos poros no solo (estrutura do solo) são tão
fluxo contínuo de água que possibilite a variáveis quanto permitem as combinações
movimentação dos nutrientes no solo. Por das diferentes formas, tamanhos e orientação
104
Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
105
Pínus na Silvicultura Brasileira
do solo à erosão hídrica se verifica nas BOUMA, J. Using soil survey data for quantitative
estradas e aceiros, como também nos talhões land evaluation. Advanced Soil Science, v. 9, p. 177-
213, 1989.
logo após o corte raso e preparo do solo, até
o estabelecimento do dossel de um BRADY, N. C. The nature and properties of soils. 11th.
povoamento que seja capaz de proteger o solo ed. Upper Saddle River: Prentice Hall, 1996. 255 p.
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Pínus na Silvicultura Brasileira
108
Meio Físico para o Crescimento de Pinus: Limitações e Manejo
109
Planejamento e Manejo da Plantação de Pinus
111
Pínus na Silvicultura Brasileira
Idade (anos) 15,0 15,5 16,0 16,5 17,0 17,5 18,0 18,5 19,0 19,5 20,0 20,5 21,0 21,5 22,0 22,5 23,0 23,5 24,0 24,5 25,0 25,5 26,0
4 4,9 5,1 5,2 5,4 5,6 5,7 5,9 6,1 6,2 6,4 6,5 6,7 6,9 7,0 7,2 7,4 7,5 7,7 7,9 8,0 8,2 8,3 8,5
5 6,3 6,5 6,7 6,9 7,1 7,4 7,6 7,8 8,0 8,2 8,4 8,6 8,8 9,0 9,3 9,5 9,7 9,9 10,1 10,3 10,5 10,7 10,9
6 7,6 7,8 8,1 8,3 8,6 8,8 9,1 9,3 9,6 9,8 10,1 10,4 10,6 10,9 11,1 11,4 11,6 11,9 12,1 12,4 12,6 12,9 13,1
7 8,7 9,0 9,3 9,6 9,9 10,2 10,5 10,8 11,0 11,3 11,6 11,9 12,2 12,5 12,8 13,1 13,4 13,7 14,0 14,2 14,5 14,8 15,1
8 9,8 10,1 10,4 10,7 11,1 11,4 11,7 12,0 12,4 12,7 13,0 13,3 13,7 14,0 14,3 14,6 15,0 15,3 15,6 15,9 16,3 16,6 16,9
9 10,7 11,1 11,4 11,8 12,1 12,5 12,8 13,2 13,6 13,9 14,3 14,6 15,0 15,3 15,7 16,1 16,4 16,8 17,1 17,5 17,8 18,2 18,6
10 11,6 12,0 12,3 12,7 13,1 13,5 13,9 14,3 14,7 15,0 15,4 15,8 16,2 16,6 17,0 17,4 17,7 18,1 18,5 18,9 19,3 19,7 20,1
11 12,4 12,8 13,2 13,6 14,0 14,4 14,8 15,2 15,7 16,1 16,5 16,9 17,3 17,7 18,1 18,5 19,0 19,4 19,8 20,2 20,6 21,0 21,4
12 13,1 13,5 14,0 14,4 14,8 15,3 15,7 16,2 16,6 17,0 17,5 17,9 18,3 18,8 19,2 19,6 20,1 20,5 21,0 21,4 21,8 22,3 22,7
13 13,8 14,2 14,7 15,2 15,6 16,1 16,5 17,0 17,5 17,9 18,4 18,8 19,3 19,7 20,2 20,7 21,1 21,6 22,0 22,5 23,0 23,4 23,9
14 14,4 14,9 15,4 15,9 16,3 16,8 17,3 17,8 18,3 18,7 19,2 19,7 20,2 20,7 21,1 21,6 22,1 22,6 23,1 23,5 24,0 24,5 25,0
15 15,0 15,5 16,0 16,5 17,0 17,5 18,0 18,5 19,0 19,5 20,0 20,5 21,0 21,5 22,0 22,5 23,0 23,5 24,0 24,5 25,0 25,5 26,0
16 15,6 16,1 16,6 17,1 17,6 18,1 18,7 19,2 19,7 20,2 20,7 21,3 21,8 22,3 22,8 23,3 23,8 24,4 24,9 25,4 25,9 26,4 27,0
17 16,1 16,6 17,1 17,7 18,2 18,7 19,3 19,8 20,4 20,9 21,4 22,0 22,5 23,0 23,6 24,1 24,6 25,2 25,7 26,2 26,8 27,3 27,9
18 16,6 17,1 17,7 18,2 18,8 19,3 19,9 20,4 21,0 21,5 22,1 22,6 23,2 23,7 24,3 24,8 25,4 25,9 26,5 27,0 27,6 28,2 28,7
19 17,0 17,6 18,2 18,7 19,3 19,9 20,4 21,0 21,6 22,1 22,7 23,3 23,8 24,4 25,0 25,5 26,1 26,7 27,2 27,8 28,4 28,9 29,5
20 17,5 18,0 18,6 19,2 19,8 20,4 20,9 21,5 22,1 22,7 23,3 23,9 24,4 25,0 25,6 26,2 26,8 27,3 27,9 28,5 29,1 29,7 30,3
21 17,9 18,5 19,1 19,7 20,3 20,8 21,4 22,0 22,6 23,2 23,8 24,4 25,0 25,6 26,2 26,8 27,4 28,0 28,6 29,2 29,8 30,4 31,0
22 18,3 18,9 19,5 20,1 20,7 21,3 21,9 22,5 23,1 23,7 24,3 25,0 25,6 26,2 26,8 27,4 28,0 28,6 29,2 29,8 30,4 31,0 31,7
23 18,6 19,3 19,9 20,5 21,1 21,7 22,4 23,0 23,6 24,2 24,8 25,5 26,1 26,7 27,3 28,0 28,6 29,2 29,8 30,4 31,1 31,7 32,3
24 19,0 19,6 20,3 20,9 21,5 22,2 22,8 23,4 24,1 24,7 25,3 26,0 26,6 27,2 27,9 28,5 29,1 29,8 30,4 31,0 31,6 32,3 32,9
25 19,3 20,0 20,6 21,3 21,9 22,6 23,2 23,8 24,5 25,1 25,8 26,4 27,1 27,7 28,3 29,0 29,6 30,3 30,9 31,6 32,2 32,9 33,5
26 19,7 20,3 21,0 21,6 22,3 22,9 23,6 24,2 24,9 25,5 26,2 26,9 27,5 28,2 28,8 29,5 30,1 30,8 31,4 32,1 32,8 33,4 34,1
27 20,0 20,6 21,3 22,0 22,6 23,3 24,0 24,6 25,3 26,0 26,6 27,3 27,9 28,6 29,3 29,9 30,6 31,3 31,9 32,6 33,3 33,9 34,6
28 20,3 20,9 21,6 22,3 23,0 23,6 24,3 25,0 25,7 26,3 27,0 27,7 28,4 29,0 29,7 30,4 31,1 31,7 32,4 33,1 33,8 34,4 35,1
29 20,5 21,2 21,9 22,6 23,3 24,0 24,7 25,3 26,0 26,7 27,4 28,1 28,8 29,4 30,1 30,8 31,5 32,2 32,9 33,6 34,2 34,9 35,6
30 20,8 21,5 22,2 22,9 23,6 24,3 25,0 25,7 26,4 27,1 27,8 28,5 29,1 29,8 30,5 31,2 31,9 32,6 33,3 34,0 34,7 35,4 36,1
112
Planejamento e Manejo da Plantação de Pinus
Figura 1. Exemplo de árvores a serem removidas em um desbaste seletivo (assinaladas com X). A linha pontilhada
representa a Altura Dominante.
113
Pínus na Silvicultura Brasileira
114
Planejamento e Manejo da Plantação de Pinus
que se deseja aplicar nos povoamentos. Ele sobrevivência no primeiro ano. Suponha-se
fornece informações quanto à melhor que o índice de sítio (dado pela altura
alternativa sobre quando, quanto e como dominante aos 15 anos) é de 21 m e o nível
desbastar, além de sugerir a idade mais de homogeneidade do plantio tenha sido 5
recomendada para a colheita final. Ele mostra, (alta homogeneidade). Desejando-se efetuar
também, o crescimento e a produção da um desbaste misto aos nove anos de idade,
floresta, a produção por classes de diâmetro inicia-se com um desbaste sistemático,
e o volume de madeira por tipo de utilização removendo-se uma linha em cada três,
industrial (Ex: laminação, desdôbro, produção complementado com um desbaste seletivo,
de celulose e geração de energia). deixando-se 1.200 árvores remanescentes.
Para calcular a produção resultante, usa-se
2.1.1. Exemplo de utilização do SisPinus
um intervalo de classes de diâmetro de 2 cm,
Tome-se, por exemplo, um povoamento de distribuindo a madeira resultante entre os
Pinus taeda que teve 2 mil árvores plantadas seguintes produtos (Tabela 2):
por hectare e tenha apresentado 95 % de
Tabela 2. Dimensões das toras de pínus destinadas para cada segmento industrial.
Laminação 2,40 25
Desdôbro 2,40 15
Celulose 1,0 8
115
Pínus na Silvicultura Brasileira
também, o Diâmetro quadrático médio ou Área 3). Devem-se especificar a idade inicial
basal estimados em inventários periódicos. desejada (1), a idade final (22) e o intervalo
entre idades (2), além do intervalo entre as
O Índice de melhoramento do plantio
classes de diâmetro (2).
relaciona-se com a produtividade e a
homogeneidade da floresta. Ele varia de 1 a No item Desbastes (Figura 4), foi usado,
10 e se trata de um parâmetro que o usuário como exemplo, um desbaste aos oito anos e
tem flexibilidade para adotar, como o baseado outro aos 14, especificando-se seus detalhes.
em medidas estatísticas de dispersão (desvio O primeiro desbaste será misto (sistemático
padrão) ou alguma medida empírica. Quando seguido de seletivo), removendo-se uma em
o usuário trabalha com dados de inventário, o cada cinco linhas, sistematicamente e, em
índice de sítio pode ser obtido utilizando-se seguida, efetuando-se o desbaste seletivo,
as tabelas de altura dominante em função da deixando 1.200 árvores remanescentes. No
idade, como as elaboradas para P. taeda desbaste seletivo, aos 14 anos, serão
cultivado na Região Sul do Brasil e removidas as menores árvores, deixando-se
apresentadas no final deste capítulo. 30 m2 de área basal remanescente.
A definição da idade da colheita final é
informada no item Opções de Listagem (Figura
116
Planejamento e Manejo da Plantação de Pinus
117
Pínus na Silvicultura Brasileira
Tabela 3. Tabela de produção de Pinus taeda até os oito anos de idade, em povoamento
plantado com 2 mil árvores/ha e 95 % de sobrevivência no primeiro ano.
118
Planejamento e Manejo da Plantação de Pinus
Tabela 4. Produção de Pinus taeda em povoamento descrito na Tabela 1, dos nove aos 14
anos de idade, após remoção de 685 árvores/ha.
Tabela 5. Produção de Pinus taeda em povoamento descrito na Tabela 2, dos 15 aos 22 anos
de idade, após remoção de uma em cada cinco linhas, seguida de remoção de 9,8 m2 de área
basal por hectare.
119
Pínus na Silvicultura Brasileira
Idade (anos) Volume removido (m3 /ha) Volume remanescente (m3 /ha)
8 43,7 141,1
14 144,6 240,0
Tabela 7. Sortimento das toras das árvores removidas no desbaste de P. taeda, aos oito anos
de idade.
120
Planejamento e Manejo da Plantação de Pinus
Tabela 8. Sortimento das toras das árvores removidas no desbaste de P. taeda, aos 14 anos
de idade.
121
Pínus na Silvicultura Brasileira
Tabela 9. Sortimento das toras das árvores removidas no desbaste de P. taeda, aos 22 anos de idade.
122
Planejamento e Manejo da Plantação de Pinus
- Pontos vermelhos = Índice de densidade da - Linha verde = Volume total (dividido por 10).
Plantação (Índice de Reineke);
Os três últimos itens são apresentados,
- Pontos azuis = Índice de espaçamento também, na tabela de crescimento e produção
relativo (Índice de Hart-Becking); do SisPinus. O ICA indica o quanto houve de
acréscimo no volume total da floresta no
- Marcações em X = indicação de alto risco
último ano. O IMA é a média anual do volume
de ocorrência de vespa-da-madeira;
total da floresta. Neste caso, deve ser
- Linha rosa = Incremento corrente anual (ICA); considerada a soma do volume na idade do
cálculo e os volumes já desbastados.
- Linha azul = Incremento médio anual (IMA);
Figura 5. Tela do SisPinus demonstrando gráficos de diferentes variáveis em povoamentos de pínus ao longo das
idades.
123
Pínus na Silvicultura Brasileira
O Índice de densidade Reineke está árvores por hectare. O índice S tem grande
baseado em plantações de pínus super- aplicação na determinação de pesos em
estocadas nas regiões produtoras do Brasil. desbastes, no manejo para prevenção de
Ele é apresentado em forma de percentual de incêndios florestais e pragas, bem como na
ocupação do sítio pelo povoamento. No estruturação de sistemas silvipastoris.
gráfico gerado, observa-se que, aos 9 anos,
2.2. Planin
por exemplo, o povoamento ocupa 73 % do
sítio. O aproveitamento do sítio segue O Planin é um software que possibilita o
aumentando em idades subseqüentes. Porém, cálculo dos parâmetros de avaliação
a partir dos 9 anos, o programa revela a econômico-financeira e a análise de
existência de alto risco de ataque de vespa- sensibilidade da rentabilidade a diferentes
da-madeira, recomendando-se, assim, a taxas de atratividade (Figuras 6 a 9). Nele,
realização de desbastes preventivos. consideram-se os diversos segmentos de
custos operacionais de implantação,
O Índice de espaçamento relativo (S) em
manutenção e colheita florestal. Com esse
porcentagem, ou Índice de Hart-Becking, é a
programa, obtêm-se estimativas de fluxo de
relação entre o espaçamento médio entre
caixa, análises de sensibilidade e os critérios
árvores (EM) e a altura dominante (H):
de análise mais utilizados pelas empresas
S(%) = 100.EM/H florestais do Brasil. Além disso, ele possibilita
ao usuário acompanhar seus custos, emitindo
O EM é calculado pela raiz quadrada da
relatórios dos gastos anuais.
razão entre a área em hectares e o número de
Figura 6. Estimativas de
produção e análise econômica de
povoamentos de pínus usando-
se o software Planin.
124
Planejamento e Manejo da Plantação de Pinus
Figura 7. Estimativas de
fluxo de receitas e custos
de povoamentos de pínus
usando-se o software
Planin.
Figura 8. Estimativas de
parâmetros para análise
econômica de povoamentos
de pínus usando-se o
software Planin.
125
Pínus na Silvicultura Brasileira
I J
12 ha 18 ha
126
Planejamento e Manejo da Plantação de Pinus
Tabela 10. Exemplo de dados de inventário em uma propriedade com 100 ha de Pinus taeda
divididos em 10 talhões de tamanhos variáveis.
127
Pínus na Silvicultura Brasileira
Tabela 11. Preços da madeira de pínus (R$/m3), em pé, de cada classe de destinação das toras.
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Planejamento e Manejo da Plantação de Pinus
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Pínus na Silvicultura Brasileira
4000
Laminaç ão
Serraria
Celulose
3500
3000
2500
madeira (m3)
2000
1500
1000
500
0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Figura 11. Estimativa da produção, sortida por destinação das toras, por 10 anos, em 100 ha de P. taeda.
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Manejo Integrado de Pragas Em Pinus
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Pínus na Silvicultura Brasileira
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Manejo Integrado de Pragas Em Pinus
Face à ameaça que a vespa-da-madeira Esse inimigo natural é um parasita que, após
representa para o patrimônio florestal infestar a fêmea da vespa, torna-a estéril e,
brasileiro, foi criado, em 1989, o Fundo ao mesmo tempo, transforma-a em uma
Nacional de Controle à Vespa-da-Madeira disseminadora de mais nematóides em seu ato
(FUNCEMA), mediante a integração da de oviposição nos troncos do pínus. Além
iniciativa privada com órgãos públicos, tendo disso, a constatação do parasitóide Ibalia
como objetivo dar suporte ao Programa leucospoides (Hymenoptera: Ibaliidae) e a
Nacional de Controle à Vespa-da-Madeira introdução dos parasitóides Rhyssa
(PNCVM). Esse programa contemplou intensas persuasoria e Megarhyssa nortoni
atividades de pesquisa, visando à geração e à (Hymenoptera: Ichneumonidae), da Austrália,
adaptação de tecnologias de controle. Na sua associadas ao manejo apropriado dos
fase inicial, foi priorizado o controle biológico, povoamentos florestais, têm possibilitado um
pela introdução, criação massal e liberação controle efetivo desta praga.
do nematóide Deladenus (Beddingia)
O PNCVM contempla, ainda, o
siricidicola.
monitoramento para a detecção precoce e o
O uso do nematóide tem sido a medida mais controle da dispersão da vespa-da-madeira
eficaz para o controle da vespa-da-madeira. com uso de árvores-armadilha. Estas são
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Pínus na Silvicultura Brasileira
134
Manejo Integrado de Pragas Em Pinus
Durante a postura, além dos ovos, a fêmea Cada fêmea da vespa (Figura 3) põe, em
da vespa introduz na árvore uma muco- média, 226 ovos. Os insetos maiores chegam
secreção fitotóxica, oriunda da glândula a pôr entre 300 e 500 ovos. As vespas
localizada na base do ovipositor, juntamente fêmeas, na fase adulta, vivem
com esporos de um fungo simbionte aproximadamente quatro dias e, os machos,
(Amylostereum areolatum), também cinco. O período de incubação (da postura dos
armazenado no interior do seu corpo. Este ovos até a emergência dos adultos) pode durar
fungo, quando espalhado no interior do tronco de 14 a 28 dias.
do pínus, obstrui os vasos de seiva; a muco-
secreção provoca mudanças fisiológicas Logo após a eclosão, a larva passa a se
rápidas no metabolismo da árvore, afetando alimentar e, nesse processo, constrói galerias
a respiração, a transpiração, a fotossíntese e próximas aos locais da postura. No terceiro
a divisão celular, levando-a à morte. A ação ou no quarto ínstar, elas estendem as galerias
combinada do muco fitotóxico e do para as partes mais internas do tronco. No
crescimento do fungo cria um “habitat” período pré-pupal, a larva dirige-se para
propício para o desenvolvimento das larvas próximo à periferia do tronco e, geralmente
da vespa-da-madeira, em crescimento no após três semanas, emergem na forma de
interior do tronco. adultos. No Brasil, 97 % da população da
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Pínus na Silvicultura Brasileira
136
Manejo Integrado de Pragas Em Pinus
Figura 4. Seção transversal de uma tora de pínus com sinais de ataque do fungo
Botryodiplodia. Foto: Arquivo Embrapa Florestas.
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Pínus na Silvicultura Brasileira
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Manejo Integrado de Pragas Em Pinus
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Pínus na Silvicultura Brasileira
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Manejo Integrado de Pragas Em Pinus
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Pínus na Silvicultura Brasileira
o número mínimo requerido (terceira coluna árvore, aumentando-se para cinco o número
da Tabela 1); de árvores amostras;
- no caso de talhões com mais de 10 ha, a - acondicionar os toretes em tambores de 200
retomada das avaliações deverá ser feita a litros ou em gaiolas, identificando-os com
cada oitava linha; dados da data e local de coleta;
- se o talhão apresentar grande variabilidade, - no período entre meados da primavera e o
deve-se realizar pelo menos uma amostragem final do verão, coletar, semanalmente, os
adicional e a freqüência de árvores atacadas adultos da vespa-da-madeira que emergirem,
deverá ser expressa em porcentagem em anotando-se o período da emergência, o sexo
relação ao número de árvores avaliadas. e a eventual presença de parasitóides ou
nematóides.
A época recomendada para a amostragem
é o período compreendido entre o final do 2.1.5. Controle da vespa-da-madeira
verão e o início do outono. Isto porque o
Árvores sem danos mecânicos, que
ataque da vespa-da-madeira, no Brasil, tem
apresentem crescimento vigoroso, situadas em
sido observado desde meados da primavera
povoamentos bem manejados, em sítios de
até o início do verão. Assim, a partir do final
boa qualidade, são as menos suscetíveis ao
do verão, grande parte das árvores que tenham
ataque da vespa-da-madeira. Dentro de um
sido atacadas já estariam apresentando os
mesmo povoamento, a mortalidade atribuída
sintomas. A vantagem da amostragem nesse
a essa praga é significativamente maior em
período é a possibilidade de se estimar não só
árvores com menor diâmetro do tronco
o nível de ataque, mas, também, o número
(DAVIS, 1966). Por outro lado, quanto mais
de árvores que devem ser tratadas com os
tempo a árvore permanece no povoamento,
agentes de controle biológico.
maior será a probabilidade de ser atacada.
Para verificar a variação na densidade Assim, as práticas de manejo, visando à
populacional da vespa-da-madeira nos redução dos danos pela vespa-da-madeira,
povoamentos de pínus, recomenda-se: precisam ser direcionadas no sentido de limitar
a idade das rotações. Mais importante, ainda,
- entre os meses de setembro e início de
é a adoção de medidas para diversificar a
outubro (no Brasil), coletar amostras de pelo
composição, a estrutura etária e a manutenção
menos três árvores atacadas, com DAP em
do alto vigor da floresta.
torno de 20 cm, para cada 20 ha de
povoamento; As práticas silviculturais, quando aplicadas
corretamente, podem reduzir,
- do terço médio do fuste de cada árvore, retirar
significativamente, os danos causados pelas
três toretes de 80 cm de comprimento;
pragas (DAVIS, 1966). Dentre essas, o
- caso haja limitação de espaço para o desbaste para minimizar a competição entre
armazenamento dos toretes, poderão ser árvores e, assim, o estresse no seu
retiradas amostras de apenas um torete por crescimento, é fundamental. Nesse processo,
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Manejo Integrado de Pragas Em Pinus
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Pínus na Silvicultura Brasileira
a forma adulta infectiva e penetram no corpo inférteis e, além disso, poderão conter até 200
das larvas da vespa, deixando uma cicatriz nematóides cada (BEDDING; AKHURST, 1974).
no seu tegumento. Dentro da larva, os
Além do nematóide, são utilizados insetos
nematóides crescem, atingindo até o dobro
parasitóides para o controle da vespa-da-
do seu tamanho juvenil. Quando ocorre a
madeira. Um deles, Ibalia leucospoides (Figura
pupação da vespa, há liberação de milhares
7), foi introduzido juntamente com a vespa e
de nematóides juvenis, que saem do corpo da
detectado em 1990, em povoamentos de
fêmea do nematóide. Posteriormente, estes
pínus atacados pela vespa, no município de
juvenis migram para os órgãos reprodutores
São Francisco de Paula, no Estado do Rio
da vespa e, no caso das fêmeas, os
Grande do Sul (CARVALHO, 1993).
nematóides penetram em todos os ovos e
Atualmente, ele está presente em quase todos
suprimem o desenvolvimento dos ovários,
os povoamentos de pínus atacados por esta
tornando-as estéreis. Nos hospedeiros
praga, também em Santa Catarina e no Paraná,
machos, os testículos tornam-se uma sólida
onde a constatação da vespa foi mais recente.
massa de nematóides juvenis. No entanto, os
Avaliações nesses povoamentos indicaram
machos permanecem férteis e, no início da
níveis de parasitismo de até 39 %, com média
pupação do hospedeiro, a maioria dos
de 25 %. Ele é um endoparasitóide de ovos e
espermatozóides passa para as vesículas
larvas de primeiro e segundo instares, que é
seminais onde os nematóides não conseguem
atraído para os orifícios de oviposição da
penetrar e, assim, os espermatozóides são
vespa-da-madeira, quando o fungo
normalmente transferidos durante a cópula
Amylostereum areolatum inicia o seu
(BEDDING, 1972). Quando a fêmea adulta da
crescimento na madeira (MADDEN, 1968;
vespa infectada emerge da árvore e faz
SPRADBERY; KIRK, 1978).
postura em outras árvores, seus ovos estarão
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Manejo Integrado de Pragas Em Pinus
145
Pínus na Silvicultura Brasileira
O sucesso dos afídeos como praga deve-se pinivora. Estas duas últimas se destacaram
aos fatores como: a) alta fecundidade; b) como as mais prejudiciais aos povoamentos de
polimorfismo entre indivíduos, com a presença pínus. C. pinivora e C. atlantica foram
de formas ápteras e aladas (PEÑA-MARTINEZ; constatadas, pela primeira vez no Brasil, em
MUNIZ, 1991); c) forma de reprodução que 1996 (IEDE et al, 1998a) e 1998 (LAZZARI;
pode ser por partenogenia, geralmente em ZONTA-DE-CARVALHO, 2000),
regiões tropicais e subtropicais, dando origem respectivamente, atacando povoamentos de
apenas a fêmeas vivíparas e, em regiões P. taeda e P. elliottii. Estes afídeos, que são
temperadas, reprodução bissexuada, dando originários dos Estados Unidos e do Canadá,
origem a machos e fêmeas ovíparas (CARVER foram introduzidos, acidentalmente, em nosso
et al., 1991). Algumas espécies do gênero país, e se encontram amplamente distribuídos
Cinara, que atacam as coníferas nos Estados nas regiões Sul e Sudeste.
Unidos, são grandes, levemente cobertos por
uma camada de pó de cera, dotadas de patas 2.2.1. Características dos pulgões-gigantes-
longas e assemelhadas a aranhas. Elas se dos-pínus
alimentam das plantas, formando grandes Os pulgões Cinara atlantica e C. pinivora,
colônias no caule das coníferas (JOHNSON; embora similares, apresentam características
LION, 1976) e são encontradas, muitas vezes, distintas. A mais marcante é a forma dos
associadas a formigas que se alimentam do sifúnculos (estruturas de coloração escura,
honeydew (substância açucarada produzida localizadas na região postero-superior do
pelos afídeos). As árvores afetadas ficam, abdomen, uma em cada lado do corpo). Em C.
freqüentemente, enegrecidas, devido à pinivora, o sifúnculo apresenta uma base menor
fumagina (fungo de coloração escura que se que em C. atlantica, com formato à
desenvolve sobre o honeydew). Estes insetos assemelhança de um cone, e pernas com áreas
são facilmente transportados pelo vento ou claras extensas. Em C. atlantica, o sifúnculo é
juntamente com as mudas. É dessa forma que mais achatado, com a base mais larga, e pernas
algumas espécies foram introduzidas e se mais escuras do que em C. pinivora. A
tornaram pragas em áreas onde povoamentos diferenciação dos sifúnculos é mais facilmente
de coníferas estão estabelecidos. A espécie mais visível em insetos adultos, tanto alados quanto
importante, que ataca os pínus no sul dos ápteros. Porém, o tamanho dos indivíduos, as
Estados Unidos é Cinara atlantica (JOHNSON; medidas das estruturas do corpo e a coloração
LION, 1976). geral são extremamente variáveis (PEPPER;
Na América do Sul, o gênero Cinara foi TISSOT, 1973).
detectado, pela primeira vez, em Cupressus 2.2.2. Biologia e ecologia
lusitanica, na Colômbia, em 1973. Ele foi,
inicialmente, identificado como C. fresai e, Para a sua alimentação, os afídeos inserem
posteriormente, reconhecido como C. cupressi o seu estilete na planta até atingir o floema.
(MILLS, 1990). No Brasil, foram introduzidas Este é um processo demorado que pode levar
as espécies C. cupressi, C. fresai, C. de 25 minutos a 24 horas. A seiva do floema é
piniformosana, C. thujafilina, C. atlantica e C. rica em açúcares e pobre em aminoácidos.
146
Manejo Integrado de Pragas Em Pinus
Assim, eles necessitam ingerir uma grande observado, ainda, geração sexuada em afídeos
quantidade de seiva para obter a quantidade de do gênero Cinara.
aminoácidos necessária à sua sobrevivência.
Em regiões de clima temperado, os afídeos
Eles ingerem, também, uma grande quantidade
passam o inverno no estágio de ovo sobre as
de açúcares, que é eliminada na forma de
acículas ou casca do pínus. Durante a geração
honeydew. Este é utilizado como alimento por
de verão, as fêmeas produzem ninfas por
muitas espécies de insetos e fungos.
partenogênese. A maioria das espécies de
Os afídeos, tipicamente, têm várias gerações Cinara alimenta-se em colônias, usualmente em
anuais, em grande parte, partenogenéticas. brotos e ramos (Figura 8) e, ocasionalmente,
Usualmente, a última geração da temporada é nas raízes de seus hospedeiros.
sexuada. Entretanto, no Brasil, não se tem
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Pínus na Silvicultura Brasileira
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Manejo Integrado de Pragas Em Pinus
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Pínus na Silvicultura Brasileira
madeira produzida, mas, também, na sua a sua presença em áreas onde eles ainda não
qualidade, particularmente quando estiver tenham sido detectados;
associado à infestação por patógenos
- análise da densidade populacional dos afídeos
(OWINO, 1991).
antes e após a aplicação do tratamento nas
Perdas financeiras ocorridas em Malawi, áreas onde foi detectado;
devido ao ataque de C. cupressi nos - análise dos danos nas árvores para estimar
povoamentos de ciprestes, foram estimadas a magnitude das perdas em termos de
em cerca de US$2,4 milhões, no final de 1990 crescimento e sobrevivência.
(ODERA, 1991). No Brasil, estimam-se perdas
anuais da ordem de R$10,7 milhões, somente Vários métodos têm sido utilizados para
na Região Sul, caso não estivesse em monitorar a população de afídeos que atacam
desenvolvimento o programa de MIP para o árvores, inclusive o uso de armadilhas adesivas
controle destes afídeos (RODIGHERI; IEDE, e mesmo bandejas coloridas contendo água
2004). (WEISS, 1991). Além do uso dessas
armadilhas, pode-se, também, remover
2.2.4. Monitoramento e controle amostras de ramos da parte mediana ou baixa
O monitoramento é uma medida essencial da copa das árvores hospedeiras para observar
para orientar a tomada de decisões num a presença dos afídeos. Dados biológicos como
programa de manejo de pragas. A sua principal o tamanho da colônia, seus estágios de vida e
vantagem é o levantamento de informações a ocorrência de inimigos naturais podem ser
precoces sobre a ocorrência de pragas, com obtidos através deste método. A intensidade
antecedência suficiente para que medidas de amostragem requerida para a determinação
efetivas de controle possam ser tomadas. As segura da ocorrência da praga pode ser
atividades de monitoramento de pragas podem definida por meio de procedimentos
ser desdobradas em (CIESLA, 1991): estatísticos.
- detecção da infestação; O controle efetivo dos afídeos, assim como
de qualquer outra praga, pode ser melhor
- quantificação dos danos;
conduzido dentro de um contexto de MIP
- análise das flutuações populacionais (MILLS, 1990). No caso de Cinara spp., no
decorrentes das condições climáticas, Brasil, dado o risco ambiental associado ao
ocorrência de inimigos naturais, respostas do controle químico, grande atenção foi dedicada
hospedeiros e outros; aos métodos de controle biológicos e
- quantificação dos efeitos da infestação em silviculturais. Porém, isto não implica que
termos de impactos ecológicos, sociais e pesquisas visando à seleção de ingredientes
econômicos; químicos ativos, para uso emergencial de
controle, devam ser ignoradas. O controle
- análise dos efeitos das várias táticas de químico não deve ser considerado como
controle; medida para uso em longo prazo, visto que
- buscas terrestres para detecção e avaliação seu custo é elevado. Além disso, esse método
de populações desses insetos para confirmar pode ocasionar problemas de contaminação
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Manejo Integrado de Pragas Em Pinus
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Pínus na Silvicultura Brasileira
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Manejo Integrado de Pragas Em Pinus
convergens, Olla v-nigrun, Eriopis connexa, determinada praga é que a espécie substituta,
Coleomegilla quadrifasciata, Harmonia axyridis muitas vezes, não produz matéria-prima com
e Scymnus sp., além de representantes da as características requeridas. Um exemplo é
família Syrphidae (Diptera), Chrysopidae o plantio de Pinus elliottii em substituição a
(Neuroptera) e do fungo entomopatogênico P. taeda, visando à resistência ao ataque da
Leccanicilium sp. (IEDE, 2003; QUEIROZ, vespa-da-madeira, uma vez que ele é menos
2005). Iede (2003) atribuiu a redução da afetado. Porém, a madeira de P. elliottii
população de C. atlantica ao aumento contém maior teor de resina, o que dificulta a
populacional de predadores, particularmente sua utilização na fabricação de papel pelo
coccinelídeos e sirfídeos, entre os meses de processo utilizado no Brasil.
agosto e novembro, com uma tendência a se
2.2.5. Programa de controle biológico
estabelecer ao longo do tempo.
clássico no Brasil
Além do controle biológico de pragas, as
O controle biológico tem a vantagem de
pesquisas deverão focar-se, também, na
não ser agressivo ao ecossistema florestal,
resistência das plantas (OWINO, 1991).
desde que sua ação seja direcionada,
Observações de campo indicaram a ocorrência
específicamente, à praga em foco. Uma vez
de plantas individuais relativamente livres de
estabelecido, ele proporciona o controle
ataque de insetos, mesmo em áreas com alta
praticamente total da praga, dispensando nova
infestação. Portanto, existe um potencial para
intervenção. O controle biológico clássico,
minimizar os danos causados pelos afídeos,
com o uso de inimigos naturais da área de
incluindo medidas como seleção de espécies
origem do hospedeiro, é um método popular
de plantas menos suscetíveis e a seleção
e tem sido utilizado com sucesso em
individual de plantas da mesma espécie (WEISS,
povoamentos florestais. As pragas da ordem
1991). A maior vantagem da seleção individual
Hemiptera são particularmente passíveis de
de plantas de uma espécie é a possibilidade de
controle por este método (GREATHEAD,
capitalizar sobre a resistência observada em
1989).
árvores já estabelecidas. Porém, essa estratégia
pode ter baixa eficácia, pois não há certeza de No Brasil, Cinara atlantica, C. pinivora e as
que uma árvore ilesa, mesmo em um local demais pragas invasoras tornaram-se
infestado de afídeos, seja resistente a essa abundantes nos povoamentos de pínus, por
praga. Isso pode ocorrer devido à sua não terem encontrado inimigos naturais
impalatabilidade, como também, devido à sua específicos neste novo ambiente. Para esses
resiliência que lhe permite uma rápida casos, foram necessários esforços
recuperação, mesmo após atacada pela praga. preliminares de identificação dos componentes
do complexo de inimigos naturais que atuam
Uma vez determinado o mecanismo de
nas regiões de origem da praga para
resistência que permite minimizar os danos
introdução no novo ambiente.
pelas pragas, é possível desenvolver um
programa de melhoramento genético (WEISS, Coletas exploratórias de inimigos naturais
1991). A limitação do uso de espécies de Cinara foram realizadas nos Estados
alternativas mais resistentes a uma Unidos, nas florestas da Flórida, Carolina do
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Pínus na Silvicultura Brasileira
Sul, Carolina do Norte, Virgínia, Geórgia e importantes, pequenas vespas dos gêneros
Alabama. Foram visitadas, também, reservas Pauesia e Xenostigmus. X. bifasciatus
florestais nacionais, áreas de regeneração (Hymenoptera: Braconidae) (Figura 9) foi um
natural, ao longo das rodovias, dos aceiros e dos parasitóides coletados e introduzidos no
das linhas de alta tensão. Os insetos coletados Brasil. Ele veio complementar o complexo de
foram avaliados no laboratório do Museu de inimigos naturais pré-existentes, composto
História Natural de Illinois, para uma pré- pelos predadores. No Brasil, esses insetos
quarentena, previamente ao embarque para o passaram pela quarentena, tanto para atender
Brasil, a fim de eliminar possíveis os requisitos legais quanto para assegurar de
entomopatógenos e hiperparasitas. que outros agentes, hiperparasitóides ou
patógenos, inclusive patógenos de plantas,
Nas regiões de origem, C. pinivora e C.
não fossem introduzidos juntos.
atlantica têm, como inimigos naturais mais
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Manejo Integrado de Pragas Em Pinus
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Pínus na Silvicultura Brasileira
Em face do potencial de danos que o curva (em forma de “c”) e ápoda, com
gorgulho representa aos povoamentos de aproximadamente 10 mm de comprimento
pínus no Brasil, torna-se necessário quando completamente desenvolvida (Figura
desenvolver mecanismos eficazes para o seu 11). A pupa apresenta coloração branco-
controle. brilhante no início, tornando-se escurecida à
medida que avança para a fase de maturação,
Para isso, será necessário levantar dados
com asas e pernas bem desenvolvidas. Seu
técnicos que possibilitem a elaboração de um
corpo mede de 6 mm a 9 mm de comprimento
programa de MIP específico para esta praga.
e apresenta uma tromba proeminente na cabeça.
2.3.1. Descrição do gorgulho-do-pínus
O inseto adulto apresenta coloração parda,
Os ovos do gorgulho-do-pínus são de com corpo cilíndrico e formato típico dos
coloração branco-pérola, brilhante, liso, curculionídeos (longa tromba curvada e
oblongo e arredondado em ambas as antenas geniculadas). No extremo distal da
extremidades, medindo de 0,5 mm a 1,0 mm tromba, localizam-se as pequenas, mas fortes,
de diâmetro. À medida que se aproxima do mandíbulas. Nos élitros, podem ser vistas
final do período de incubação, sua coloração quatro manchas transversais formadas por
torna-se amarelada. As larvas são de escamas amareladas. A olho nu, é muito difícil
coloração branco-amarelada, com a cabeça notar diferenças morfológicas entre machos
castanho-clara, forma cilíndrica, ligeiramente e fêmeas.
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Pínus na Silvicultura Brasileira
geadas. Portanto, operações como a poda e devem ser retiradas e destruídas, antes que
os desbastes devem ser executadas somente ocorra a emergência da próxima geração de
nos períodos de baixa densidade populacional adultos. Assim, para o controle do gorgulho-
da praga. Isso, normalmente, ocorre durante do-pínus, recomendam-se as seguintes
o inverno. Além disso, os resíduos dessas medidas:
operações deverão ser removidos e,
- mapear os povoamentos de pínus de acordo
preferencialmente, triturados, para evitar a
com o grau de suscetibilidade (em geral, os
proliferação desse inseto.
estabelecidos em locais mais quentes são mais
O uso de herbicidas deve ser feito com suscetíveis, pois a alta temperatura facilita e
cuidado, visto que a deriva pode afetar a copa acelera o desenvolvimento das larvas);
do pínus, causando predisposição ao ataque
- eliminar as árvores que apresentem qualquer
do gorgulho-do-pínus. De maneira geral, todos
sintoma de ataque de gorgulho (no Brasil, os
os fatores que causam estresse às plantas
primeiros sintomas aparecem entre setembro
aumentam a sua suscetibilidade às pragas,
e outubro);
inclusive a vespa-da-madeira. Com isto, pode-
se dizer que a presença do gorgulho indica a - instalar armadilhas nos períodos de maior
ocorrência de outros problemas de caráter incidência de posturas (no sul do Brasil, estima-
silvicultural no povoamento de pínus. se a ocorrência de posturas nos períodos entre
Portanto, no manejo desses povoamentos, dezembro e janeiro e entre março e abril);
devem ser analisados todos os fatores bióticos
e abióticos que possam favorecer o ataque - levar em consideração o risco de ataque de
das pragas, bem como medidas que possam gorgulhos ao estabelecer novos plantios de
minimizar os danos, tais como a escolha das pínus, para que possam ser planejadas as
espécies, dos sítios e dos genótipos táticas de manejo.
adequados.
3. Referências
Uma das medidas de controle é a instalação
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de armadilhas que consistem de grupos de (Neotylenchidae) an entomophagous-mycetophagous
16 toretes com 2 m de comprimento e de 5 nematodes parasitic in siricidae woodwasps.
cm a 10 cm de diâmetro, empilhados e Nematologica, Leiden, v. 18, p. 482-493, 1972.
dispostos em um local de fácil acesso no BEDDING, R. A.; AKHURST, R. J. Use of Deladenus
povoamento de pínus e, se possível, siricidicola in the biological control of Sirex noctilio in
protegidos do sol. Deve-se colocar uma dessas Australia. Journal of Australian Entomological
pilhas de toretes para cada 15 a 20 ha de Society, v. 13, p. 129-135, 1974.
pínus. Os toretes devem ser de árvores recém- BEECHE CISTERNAS, M.; CERDA MARTINEZ, L.;
cortadas. Os resíduos de podas e desbastes HERRERA AUTTER, S.; LERMANDA FUSHLOCHER,
devem ser removidos e destruídos, usando- M. E.; MORENO LEHUEDE, I.; VERGARA BAHNEN, C.
Manual de reconocimiento de plagas forestales
se fogo ou picadores de madeira, para evitar cuarentenarias. Santiago: Ministerio de Agricultura,
a proliferação dos insetos. As armadilhas Servicio Agrícola y Ganadero, 1993. 169 p.
devem ser monitoradas mensalmente e,
comprovando-se o ataque, as árvores afetadas
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Manejo Integrado de Pragas Em Pinus
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Pínus na Silvicultura Brasileira
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Manejo Integrado de Pragas Em Pinus
163
Ocorrência de Formigas Cortadeiras em Pinus
1. Introdução
As formigas do gênero Atta, comumente
denominadas de saúvas, e as do gênero
Acromyrmex, conhecidas como quenquéns,
constituem o complexo denominado de
formigas cortadeiras, um dos principais
problemas do empreendimento florestal no
Brasil. Devido à sua alta capacidade de
proliferação e voracidade, podem causar sérios
prejuízos na implantação da floresta. Esses
insetos são típicos da Região Neotropical e
consomem mais vegetação do que qualquer
outro grupo animal. Eles atacam quase todas
as espécies de plantas cultivadas, podendo
causar desfolha total e até a morte, tanto de
mudas quanto de árvores adultas (Figura 1).
Os maiores prejuízos são causados nos dois
primeiros anos após o plantio e requerem altos
custos no seu controle.
Atualmente, no Brasil, são utilizados
milhares de toneladas de iscas granuladas no
combate às formigas cortadeiras em florestas.
Especificamente em Pinus, no sul do país, onde Figura 1. Árvores de Pinus tecunumanii severamente
a ocorrência de quenquéns é mais comum, atacadas pelas saúvas, em Itapetininga, SP. Foto: Jarbas
Yukio Shimizu.
esta prática é empregada, em alguns casos,
até o terceiro ano após o plantio. Em florestas A importância das formigas cortadeiras
de eucalipto, as formigas cortadeiras são levou as empresas florestais a formarem
combatidas durante todo o ciclo florestal. equipes exclusivas e permanentes para o
165
Pínus na Silvicultura Brasileira
166
Ocorrência de Formigas Cortadeiras em Pinus
167
Pínus na Silvicultura Brasileira
168
Ocorrência de Formigas Cortadeiras em Pinus
O seu controle deve ser feito antes do quando for realmente necessário. Existe,
preparo do solo para o plantio. O revolvimento portanto, uma tendência, nas operações com
do solo, no caso de quenquéns, dificulta a pínus, no Sul do Brasil, de se conviver com
localização dos ninhos, pois as colônias, por as formigas durante a fase de crescimento e
alguns dias, estarão ocupadas na reforma dos maturação dos povoamentos florestais.
ninhos, sem apresentar atividade externa. O monitoramento baseado na presença de
Após o plantio, o controle deve ser feito só ninhos ou de plantas cortadas pode indicar a
169
Pínus na Silvicultura Brasileira
170
Ocorrência de Formigas Cortadeiras em Pinus
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Potencialidade do Gênero Pinus para Uso em Sistemas Silvipastoris
173
Pínus na Silvicultura Brasileira
174
Potencialidade do Gênero Pinus para Uso em Sistemas Silvipastoris
175
Pínus na Silvicultura Brasileira
25 1.200 52 433 59
176
Potencialidade do Gênero Pinus para Uso em Sistemas Silvipastoris
Intensidades de sombreamento
Setaria sphacelata
177
Pínus na Silvicultura Brasileira
178
Potencialidade do Gênero Pinus para Uso em Sistemas Silvipastoris
179
Pínus na Silvicultura Brasileira
(Figura 2). Os bovinos podem alcançar ramos SILVA, 1998; FRANKE; FURTADO, 2001;
à maior altura e podem provocar quebra de PEARSON; WHITAKER, 1973; MAGALHÃES
ramos e até do fuste devido ao hábito de se et al., 2004).
esfregar nas árvores, além de pisotear e
Existe uma relação inversa entre a
quebrar as plantas menores. Por esses
intensidade de danos às árvores provocados
motivos, recomenda-se iniciar o pastejo nos
pelos animais e a altura média da floresta. Em
sistema silvipastoris somente quando a copa
florestas jovens, recomenda-se o pastejo com
das árvores já estiver fora do alcance dos
animais pequenos e carga animal adequada
animais (FRANKE; FURTADO, 2001) (Figura
(SILVA et al., 2001). No caso de árvores com
3). Em geral, os animais provocam maiores
folhagem de baixa palatabilidade, como pínus,
danos às árvores quando a forragem no sub-
o pastejo pode ser antecipado, desde que o
bosque é de baixa qualidade (VARELLA, 1997;
diâmetro do tronco não seja limitante
(FRANKE; FURTADO, 2001).
Figura 2. Criação de ovelhas em um sistema silvipastoril com Pinus elliottii, com 2 anos de
idade, em Alegrete, RS. Foto: Vilmar Luciano Mattei.
180
Potencialidade do Gênero Pinus para Uso em Sistemas Silvipastoris
Figura 3. Criação de bovino em um sistema silvipastoril com Pinus elliottii, com 5 anos de
idade, em Alegrete, RS. Foto: Jorge Ribaski.
Os danos pelos animais nos sistemas eucalipto, em razão do seu rápido crescimento,
silvipastoris dependem da categoria e da a entrada dos animais nos sistemas
espécie animal. Animais jovens e menores silvipastoris pode ser antecipada (VARELLA,
tendem a danificar menos as árvores, mas 1997; SILVA, 1998).
requerem melhor qualidade de forragem no
O pisoteio dos animais é um fator
sub-bosque. Animais adultos tendem a ser
importante no sistema, visto que causa
menos exigentes quanto à qualidade do pasto,
compactação do solo e afeta o crescimento
porém, danificam com mais intensidade as
das árvores, além de favorecer a erosão
árvores (SILVA et al., 2001).
superficial do solo. O pastoreio contínuo de
No Uruguai, ovelhas pastejando em um bovinos em área de floresta provoca
povoamento de Pinus taeda, com seis anos desnudamento do solo e a destruição das
de idade e com aproximadamente 100 raízes superficiais (SCHNEIDER et al., 1978).
árvores/ha, não causaram danos sobre o Visto que estas são as responsáveis pela
componente florestal e o desenvolvimento absorção da maior parte dos nutrientes
deste foi similar ao das árvores sem pastejo requeridos pelas árvores, resulta um sério
(MARTINEZ et al., 1990). No caso do prejuízo ao seu crescimento.
181
Pínus na Silvicultura Brasileira
182
Potencialidade do Gênero Pinus para Uso em Sistemas Silvipastoris
Tabela 3. Análise econômica comparativa entre sistemas silvipastoris com Pinus ponderosa e
pecuária tradicional da região de Bariloche, Argentina.
183
Pínus na Silvicultura Brasileira
184
Potencialidade do Gênero Pinus para Uso em Sistemas Silvipastoris
Figura 4. Campo arenizado com vegetação rarefeita, em Alegrete, RS, evidenciando a fragilidade
natural desse solo. Foto: Jorge Ribaski.
185
Pínus na Silvicultura Brasileira
400
350
PERDA DE SOLO ACUMULADA, kg/ha
300
250
Pinus
Eucalipto
200
Campo
150 Cult.anual
100
50
0
22/6 7/7 22/7 6/8 21/8 5/9 20/9 5/10
DATA DE COLETA, d/m/2004
Figura 6. Perda de solo nos sistemas silvipastoris com Eucalyptus grandis e Pinus elliottii
comparados com campo nativo e cultivo de aveia e milho (cultivo anual).
186
Potencialidade do Gênero Pinus para Uso em Sistemas Silvipastoris
O aumento na rentabilidade econômica nas ANDERSON, G. W.; BATINI, F. E. Pasture, sheep and
timber production from agro-forestry systems with
propriedades rurais, decorrente da inclusão do
subterranean clover sown under 15-year-old Pinus
componente florestal através dos sistemas radiata by a method simulating aerial seeding.
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acompanhados por resultados econômico- ANDERSON, G. W.; MODRE, R. W.; JENKINS, P. L.
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superam os das monoculturas. Portanto, nas 1988.
estratégias destes empreendimentos, deve-se
considerar a economia de escala e os valores BAGGIO, A. J.; SCHREINER, H. G. Análise de um
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Produção de Resina de Pinus e Melhoramento Genético
193
Pínus na Silvicultura Brasileira
194
Produção de Resina de Pinus e Melhoramento Genético
195
Pínus na Silvicultura Brasileira
Estados Unidos. Ela oferece a mais alta caribaea var. hondurensis, P. oocarpa, P.
produção de goma-resina e de maior valor no maximinoi e P. tecunumanii como as mais
mercado devido ao alto teor de pineno. Nas importantes para a produção de madeira e
regiões tropicais, destacam-se P. caribaea var. resina (Figura 2).
bahamensis, P. caribaea var. caribaea, P.
P. caribaea bahamensis
P. caribaea bahamensis
P . e lliottii elliottii
P . c aribaea baham ensis
4
Produtividade de resina (kg/árvore)
P . caribaea bahamensis
P. caribaea hondurensis
3,0
P. kesiya
P . c aribaea hondurensis
P . c aribaea hondurensis
P . e lliottii densa
P. elliottii elliottii
P . oocarpa
2,5
P. oocarpa
2,0
P . k esiya
P. oocarpa
P. oocarpa
1,5
P. ooc arpa
1,0
0,5
0,0
6,4 7,6 7,6 7,6 10 10 10 10 10 11 11 11 11 11 11 11 15 18 18 18 19
Idade (anos)
Figura 2. Potencial resineiro (kg/árvore.ano) de diversas espécies de pínus (BRITO et al., 1978; BERTOLANI;
NICOLIELO, 1978; CAPITANI et al., 1980; GURGEL GARRIDO et al., 1982; GURGEL GARRIDO et al., 1983;
1996; RIBAS et al., 1983).
196
Produção de Resina de Pinus e Melhoramento Genético
1 ,0
0,86 0,87 0,87 0,88 0,88 0,89 0,89 0,89 0,91
0,79 0,82 0,85
0 ,8 0,73 0,74
0 ,6
0,49
0 ,4
0 ,2
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28
Espécies
1 - P. merkus ii
8 - P. pinceana 15 - P. carib aea hon durens is 22 - P. densi flo ra
2 - P. cembra
9 - P. oo ca rpa 16 - P. koraien sis 23 - P. elli ottii
3 - P. al bicau lis 10 - P. m aximino i
4 - P. leu cod er mis 17 - P. att en uata 24 - P. conto rta
11 - P. ba nksian a 18 - P. pond er osa 25 - P. caribaea caribaea
5 - P. ma ximartinezi i
12 - P. car ibaea b ahamens is 19 - P. jeff rey 26 - P. mont icola
6 - P. longaeva 13 - P. r igid a
7 - P. wash oensis 20 - P. str obus 27 - P. taeda
14 - P. s ibir ica 21 - P. sylvestr is 28 - P. pung en s
Figura 4. Estimativas da taxa de reprodução cruzada em espécies de Pinus, a partir de dados de marcadores
genéticos (isoenzimas e microssatélites).
197
Pínus na Silvicultura Brasileira
O cruzamento entre indivíduos aparentados São Paulo, variação genética entre origens das
gera endogamia biparental igual ao coeficiente sementes quanto à produção de resina
de coancestria entre os parentais cruzados. (GURGEL GARRIDO et al., 1999b). Altas
Assim, progênies ou sementes coletadas de variações genéticas entre progênies têm sido
polinização aberta de uma árvore serão detectadas nos caracteres de crescimento e
compostas por uma mistura de parentescos produção de resina em P. elliottii e P. caribaea
como irmãos de autofecundação, irmãos- var. bahamensis (ROMANELLI, 1988; GURGEL
completos e meios-irmãos. Portanto, o GARRIDO; KAGEYAMA, 1993; GURGEL
tamanho efetivo nas sementes é menor do GARRIDO et al., 1999a; SHIMIZU; SPIR,
que o esperado por cruzamentos aleatórios, 1999; ROMANELLI; SEBBENN, 2004).
pois progênies de polinização aberta não Estimativas de parâmetros genéticos em testes
geram, exclusivamente, meios-irmãos como de progênies de P. elliottii têm revelado que a
se pressupõe muitas vezes. Assim, para se produção de resina é de herdabilidade
estimar parâmetros genéticos, deve-se moderada a alta (SQUILLACE; GANSEL, 1968;
considerar um grau de parentesco maior entre SQUILLACE; BENGTSON, 1961?;
os descendentes. Em vista disso, Bridgwater SQUILLACE, 1966; PETERS, 1971; TADESSE
(1992) sugeriu utilizar o coeficiente de et al., 2001; ROBERDS et al., 2003), podendo
ser maior que 60 %, com coeficiente de
parentesco ( rxy ) entre plantas dentro de
variação genética maior que 10 %. Isso tem
progênies de 0,33 ao invés de 0,25, para proporcionado estimativas de ganhos
corrigir as estimativas de parâmetros genéticos de até 60 % (ROMANELLI, 1995;
genéticos e de ganhos na seleção. GURGEL GARRIDO et al., 1999a), mediante
4. Melhoramento Genético de Pínus para seleção de matrizes.
Produção de Resina 4.2. Correlação entre caracteres
Apesar da sua ampla distribuição A avaliação da produtividade de resina de
geográfica, experiências com P. elliottii, no árvores individuais é uma operação trabalhosa
Brasil, não têm demonstrado variação e sujeita a muitos erros. Portanto, se houvesse
significativa entre origens geográficas das uma forma indireta de seleção, com base em
sementes quanto aos caracteres de uma variável mais fácil e de maior precisão
crescimento (FONSECA, 1978; ARAÚJO, para ser avaliada, o trabalho de melhoramento
1980). Em contraste, Rockwood et al. (2001) genético da produtividade de resina seria mais
detectaram variações significativas entre simplificado. Para isso, é necessário que haja
procedências em volume, tanto no Brasil correlação genética entre alguma variável de
quanto na Argentina. Porém, não existem fácil avaliação com a produtividade de resina.
informações deste tipo quanto à produtividade Estudos têm revelado valores positivos, mas
de resina de P. elliottii. altamente variáveis, nas correlações genéticas
4.1. Herdabilidade entre caracteres de crescimento com a
produtividade de resina, desde praticamente
Em P. caribaea var. bahamensis, foi nula (rg = 0,05) até alta (rg = 0,69) (GURGEL
detectada, em Paraguaçu Paulista, Estado de GARRIDO; KAGEYAMA, 1993; ROMANELLI;
198
Produção de Resina de Pinus e Melhoramento Genético
SEBBENN, 2004; ROBERDS et al., 2003). Isto produção de resina (GURGEL GARRIDO et al.
sugere que, algumas vezes, é possível 1993). Contudo, as estimativas de ganhos
selecionar indivíduos com grande mérito genéticos tenderam à redução, à medida que
genético na produtividade de resina com base se aumentou a diferença entre a idade de
nas suas características de crescimento, seleção e a da exploração (GURGEL GARRIDO
obtendo-se, assim, ganhos genéticos indiretos et al. 1993).
substanciais na produtividade de resina.
4.5. Clonagem
4.3. Interação genótipo-ambiente para
A clonagem é uma ferramenta muito
produção de resina
importante em programas de melhoramento
A despeito da importância da interação florestal e pode ser usada para aumentar a
genótipo-ambiente no melhoramento florestal, produção de resina de pínus. Ela pode ser
existem poucos estudos nesse aspecto, usada tanto para a multiplicação vegetativa
quanto à produtividade de resina. Interações de árvores geneticamente superiores, para uso
significativas na produtividade de resina, em em plantios comerciais, quanto para o
progênies de polinização livre de P. elliottii, estabelecimento de pomares de sementes. No
com os locais de plantio (Itapeva, Itapetininga caso do emprego de clonagem para plantios
e Angatuba, no Estado de São Paulo), têm em grande escala, é importante ressaltar que
sido observadas, aos 12 anos de idade o objeto da clonagem é a árvore selecionada
(ROMANELLI; SEBBENN, 2004). Neste caso, e não as plântulas originadas de suas
a seleção individual por local foi sugerida como sementes. Mesmo que a árvore matriz seja
a mais indicada, em um esquema de superior, suas sementes não serão,
melhoramento de multipopulações em que necessariamente, superiores, pois podem ter
genótipos específicos são selecionados para sido geradas por fecundação com pólens de
cada ambiente para maximizar os ganhos indivíduos de baixo valor genético para as
genéticos. características desejadas.
4.4. Seleção precoce A clonagem de pínus pode ser feita por
micropropagação, estaquia ou enxertia. A
Estudos com P. elliottii têm revelado
enxertia é mais utilizada para o
correlações genéticas entre a fase juvenil (3,5
estabelecimento de pomares clonais,
anos) e a idade de exploração na produção de
normalmente por garfagem no topo, visando
resina, variando de 0,57 a 0,91, sugerindo a
obter florescimento precoce e produção de
possibilidade da seleção precoce (GURGEL
sementes melhoradas, no prazo mais curto
GARRIDO et al. 1993; 1994). Da mesma
possível. Porém, plantios comerciais com
forma, foram relatadas correlações entre as
propágulos vegetativos dependem da
idades de 4 e 12 anos, variando de 0,39 a
eficiência da clonagem e isso envolve a
0,85 (ROMANELLI; SEBBENN, 2004).
estaquia ou a micropropagação, incluindo
Estimativas de respostas correlacionadas em
tecnologias em rápida expansão como a
P. elliottii entre idades têm mostrado a
embriogenia somática. Exceto em espécies
possibilidade da aplicação de seleções
como P. radiata e P. patula, a clonagem de
precoces para o melhoramento genético da
199
Pínus na Silvicultura Brasileira
pínus por micropopagação ou por estaquia é sejam muito divergentes, ao ponto de dificultar
um grande problema devido à dificuldade de o pareamento dos alelos. Híbridos gerados de
enraizamento. cruzamentos desse tipo, normalmente,
resultam em indivíduos defeituosos, de baixo
4.6. Hibridação
vigor e desempenho.
A hibridação interespecífica é uma
Heterose refere-se ao desempenho maior
ferramenta poderosa que pode ser utilizada
dos híbridos em relação à média de seus
no melhoramento florestal e seu êxito depende
parentais. Como exemplos de híbridos de Pinus
da compatibilidade entre as espécies
de grande importância econômica citam-se o
envolvidas. No gênero Pinus, existem
cruzamento entre P. nigra e P. resinosa
evidências de hibridações naturais entre várias
(DUFFIELD; SNYDER, 1958), assim como o
espécies como, por exemplo, P. montezuma
híbrido entre P. elliottii e P. caribaea na
x P. oaxacana, P. ponderosa x P. jeffreyi, P.
Austrália (NIKLES, 1964) e o de grande
ponderosa x P. washoensis, P. ponderosa x
resistência ao frio e rápido crescimento,
P. engelmannii, P. strobus x P. monticola, P.
utilizado na Coréia do Sul, resultande do
ponderosa x P. arizonica (MIROV, 1967) e P.
cruzamento entre P. taeda e P. rigida (HYUN,
taeda x P. palustris (DORMAN, 1976). Todas
1976).
as espécies do gênero apresentam o mesmo
número de cromossomos, n = 12 e 2n = 24 A maioria dos sucessos na hibridação em
(MIROV, 1967) e similaridade na sua pínus tem sido obtida pela combinação de
morfologia (SANTAMOUR, 1960). Essa é uma espécies da mesma subseção taxonômica. Por
característica que facilita a hibridação exemplo, P. elliottii var. elliottii com espécies
interespecífica. de pínus tropicais (P. caribaea, P. tecunumanii
e P. oocarpa), que pertencem à mesma
Estudos citológicos de híbridos F1 de várias
subseção Australes (WRIGHT, 1976). Como
espécies de Pinus (P. griffithii x P. strobus; P.
estas espécies são produtoras de resina, existe
griffithii x P. parviflora; P. parviflora x P.
a oportunidade para se obter híbridos que
strobus; P. holfordiana x P. parviflora) têm
combinem as características de alta
revelado a ocorrência de meiose
produtividade e qualidade de resina com rápido
aproximadamente normal, gerando indivíduos
crescimento e adaptação aos diferentes tipos
vigorosos de alta fertilidade (SAX, 1960). Uma
de ambientes. No entanto, existem, também,
das grandes vantagens da hibridação
evidências de incompatibilidade entre
interespecífica é a possibilidade de explorar a
espécies, como no caso de P. caribaea x P.
heterose ou o vigor dos híbridos. Este é o
nigra, P. rigida x P. resinosa, P. nigra x P. rigida
oposto da: a) depressão por endogamia, que
e P. rigida x P. elliottii. Isso tem sido atribuído,
resulta da homozigose de alelos idênticos por
em alguns casos, à inabilidade de o tubo
descendência, cuja freqüência aumenta em
polínico chegar ao óvulo (MIROV, 1967).
decorrência de cruzamentos entre indivíduos
aparentados e por autofecundações; e b) A hibridação interespecífica pode trazer
depressão por exogamia, que resulta do grandes progressos genéticos em programas
cruzamento entre indivíduos cujos genomas de melhoramento para a produção de resina.
200
Produção de Resina de Pinus e Melhoramento Genético
Por exemplo, entre as espécies com destaque indica que grande parte da variação fenotípica
na produção de resina, tem-se P. elliottii e P. observada entre plantas é de natureza genética
caribaea var. bahamensis. A primeira produz e pode ser explorada mediante seleção de
maior quantidade e melhor qualidade de resina matrizes.
do que a segunda. Porém, P. elliottii tem
Existem diversos relatos de êxito no
crescimento menor que P. caribaea. var.
melhoramento genético da produtividade de
bahamensis. Portanto, o híbrido P. elliottii x
resina (SQUILLACE, 1966). Estudos têm
P. caribaea var. bahamensis pode dar origem
mostrado que árvores de alta produtividade
a indivíduos que combinem alta qualidade e
de resina geram descendentes, também,
quantidade de resina com rápido crescimento,
altamente produtivas, chegando a produzir
além da capacidade de crescer bem em
66 % mais resina do que as descendentes de
ambientes propícios para cada uma das
matrizes de produtividade mediana
espécies parentais. Para se obter isso,
(McREYNOLDS; GANSEL, 1985). Isso
primeiramente, é necessário selecionar, de
evidencia a eficiência da seleção de matrizes
cada espécie, árvores superiores em termos
na transferência do caráter para a geração
de produtividade de resina e, posteriormente,
seguinte. A rápida resposta sugere que o
fazer cruzamentos controlados para gerar os
número de genes envolvido no controle da
híbridos.
produtividade de resina seja pequeno e de
4.7. Estratégias de melhoramento genético grande efeito.
para produção de resina
Evidências de correlação genética positiva
A maioria das espécies de pínus plantadas e significativa entre a produção de resina e os
para produção de resina, no Brasil, já apresenta caracteres de crescimento (ROBERDS et al.,
algum grau de domesticação. Em muitos 2003; GURGEL GARRIDO; KAGEYAMA,
casos, já se conhecem as espécies mais 1993; ROMANELLI; SEBBENN, 2004)
indicadas, em termos de crescimento, nas mostram que existe possibilidade de seleção
diversas regiões brasileiras. No entanto, indireta, com perspectivas de ganhos na
praticamente não há informação quanto às produtividade de resina, mediante seleção de
variações entre procedências na produtividade matrizes de maior crescimento. Assim,
de resina. sugerem-se duas formas alternativas para o
melhoramento da produtividade de resina:
Uma estratégia para se avançar
rapidamente na produtividade de resina é a a) Esquema clássico
seleção massal nos próprios plantios
O esquema clássico é baseado na seleção
comerciais. Grande variação fenotípica
massal (seleção de matrizes em povoamentos
individual na produção de resina tem sido
comerciais, seguida da coleta de sementes
observada em plantios comerciais, em especial
de polinização livre e de propágulos
nas espécies tropicais. Esta variação é a base
vegetativos) para a implantação simultânea
do melhoramento florestal e pode ser
de um teste de progênies e de um pomar clonal
explorada mediante seleção de matrizes. A
não testado (Figura 5). O teste de progênies
herdabilidade de magnitude moderada a alta
201
Pínus na Silvicultura Brasileira
servirá para se estimar o valor genético das remoção de famílias (progênies) inteiras e de
matrizes. Com base nessa informação, efetua- árvores não selecionadas permite transformar
se a seleção genética no pomar, o teste de progênies em um pomar de
transformando-o em um pomar clonal testado. sementes por mudas. Tanto as sementes
Com base nos resultados do teste de produzidas no pomar clonal testado quanto
progênies, selecionam-se, no próprio teste, as no pomar por mudas poderão ser usadas
progênies e indivíduos de maior valor. A diretamente para os plantios comerciais.
202
Produção de Resina de Pinus e Melhoramento Genético
Figura 6. Esquema de seleção em Pinus para o melhoramento da produção de resina, com base em cruzamentos
controlados entre matrizes, diretamente na população base.
203
Pínus na Silvicultura Brasileira
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206
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eventualmente, torná-la impermeável à água Neste caso, a madeira deve conter entre 30 % e
e aumentar a sua vida útil. 65 % de umidade e, sobre ela, aplica-se uma
compressão entre 1.400 lb/pol2 e 1.600 lb/pol2 a
2. Possibilidades de Tratamento da Madeira
uma temperatura entre 170 ºC e 177 ºC. O tempo
Existem vários tratamentos que podem ser de compressão necessário depende da espessura
aplicados à madeira maciça, embora ainda da peça e a densidade final chega a pelo menos
poucos sejam utilizados em escala comercial. 1,3 g/cm3.
Dentre eles estão:
O “staypak” absorve água a uma taxa 60 %
1) Tratamento térmico; menor, fazendo com que se torne
dimensionalmente mais estável e com maior
2) Impregnação com polímeros ou resistência mecânica do que a madeira não
monômeros; tratada. Uma variação desse tratamento é a
3) Modificação química nas paredes prensagem a 2.000 lb/pol2 à temperatura de
celulares; 300 ºC por cinco minutos (ROWELL; BANKS,
1985).
4) Deposição de sais, açúcares, ácidos e
organometálicos; 2.2. Impregnação com polímeros ou
monômeros
5) Plasma frio.
Quando a impregnação é feita com resina
2.1. Tratamento térmico de alto peso molecular (KANDEM; RIEDL,
Aquecendo-se a madeira até atingir altas 1991), esta tem a tendência de se acumular
temperaturas (350 ºC), sob vácuo ou na na superfície das fibras, enquanto que resinas
ausência de oxigênio, por curto período de de baixo peso molecular penetram no interior
tempo, a lignina flui e a hemicelulose se da estrutura das fibras. Muitos monômeros
decompõe, ocorrendo a carboxilação dos usados na formação de compósitos de madeira
grupos hidroxilas e aldeídos. Isto gera não conseguem penetrar na parede celular e,
polímeros insolúveis, aumenta a estabilidade após a polimerização, não preenchem
dimensional da madeira em 40 % e reduz a completamente o lumen das células, devido à
sua resistência mecânica em 50 % (ROWELL; retração volumétrica do polímero (ELLIS,
KONKOL, 1987; CHRISTIANSEN, 1991). 1994). Para facilitar a difusão do monômero
pelas paredes e posterior polimerização in situ,
O tratamento térmico reduz a visando a melhorar a estabilidade dimensional
higroscopicidade e aumenta a estabilidade da da madeira, pode-se encharcá-la com
madeira, gerando um produto denominado solventes como metanol, acetona, piridina,
staybwood. Este tratamento pode ser dimetil formamida, sulfóxido de dimetila,
aplicado, também, submetendo-se a madeira etileno diamida ou dietilamina. Os monômeros
a uma temperatura moderada durante um polares são mais indicados para aumentar a
longo intervalo de tempo. Pode-se, também, adesão à superfície das paredes e a
aplicar o tratamento térmico sob compressão estabilidade dimensional.
para gerar um produto denominado “staypak”.
208
Tecnologia para Agregação de Valor à Madeira de Pinus
2.2.1. Impregnação com compressão 2.2.2. Impregnação com polímeros que não
se ligam à parede celular
A impregnação da madeira com polímeros
ou monômeros sob compressão envolve o uso No tratamento da madeira com polímeros
da solução de polímeros com baixo peso que não se ligam à parede celular, usam-se
molecular para facilitar a sua penetração. A soluções aquosas de polietileno glicol (PEG)
resina mais utilizada para isso é uma solução na concentração entre 30 % e 50 %
aquosa de fenol-formaldeído. Após a sua (ROWELL; BANKS, 1985; ROWELL; KONKOL,
aplicação, submete-se a madeira à compressão 1987; NORIMOTO et al., 1992; HAZER et
entre 1.000 lb/pol 2 e 1.200 lb/pol 2 , à al., 1993), seguida de secagem à temperatura
temperatura em torno de 150 ºC (ROWELL; ambiente. Esse processo é utilizado nos
KONKOL, 1987; ROWELL; BANKS, 1985; tratamento de objetos arqueológicos de
KUMAR,1994). A resina sofre o processo de madeira que requerem secagem sem sofrer
cura dentro da estrutura da madeira, desintegração. O PEG é muito higroscópico e
transformando-a no produto denominado não faz ligações com as paredes da madeira.
“compreg”. Pode-se, também, após a Ele apenas preenche o lume das células e é
impregnação com resina, secar a madeira até facilmente lixiviado. Para evitar a sua
atingir menos de 2 % de umidade à baixa lixiviação, são necessárias duas demãos de
temperatura (menos de 30 ºC) e promover a verniz de poliuretano. Pode-se, também,
cura durante a prensagem a quente. A taxa adicionar resina fenólica para melhorar a
de absorção e a máxima quantidade de água estabilidade dimensional da madeira.
absorvida são substancialmente reduzidas,
A impregnação da madeira com acrilatos e
obtendo-se até 95 % de aumento na
metacrilatos, de baixo ou alto peso molecular
estabilidade dimensional.
(ROWELL et al., 1981; ELLIS, 1994; ELVY et
O “compreg” é muito resistente à al., 1995; ROWELL; BANKS, 1987), é feita
biodegradação e ao ataque de cupins e brocas em autoclave. Faz-se, inicialmente, o vácuo,
marinhas. Ele apresenta maior resistência a fim de retirar o ar de dentro dos poros da
elétrica e a ácidos, em comparação com a madeira. Em seguida, injeta-se o monômero e
madeira não tratada. Todas as propriedades a polimerização é realizada com radiação ou
de resistência mecânica são aumentadas, à catálise pelo calor ou pelo processo químico.
exceção da flexão ao impacto. Esses O compósito final é repelente à água, mas
tratamentos podem ser aplicados, também, não tem estabilidade dimensional. Esta pode
sem compressão, curando-se a resina durante ser obtida usando-se um monômero ou uma
a secagem. A madeira assim tratada é mistura de monômeros de baixo peso
denominada “impreg” e apresenta estabilidade molecular que possam fazer ligações de
dimensional aumentada em até 70 % em hidrogênio e penetrem nas paredes das células
relação à madeira não tratada. da madeira. Pode-se, também, usar
alcooxisilanos como agentes de acoplamento
entre o polímero e a parede celular. Com esse
tratamento, as propriedades mecânicas de
resistência à tração, à compressão, ao
209
Pínus na Silvicultura Brasileira
210
Tecnologia para Agregação de Valor à Madeira de Pinus
muito resistente à água, deve-se evitar a sua A impregnação com a resina fenol-
aplicação em madeira destinada ao uso em formaldeído (GALPERIN et al., 1995;
ambientes externos. ROWELL; KONKOL, 1987; ROWELL; BANKS,
1985) aumenta a dureza (até 80 %), as
A aplicação de uma solução aquosa básica
resistências à compressão perpendicular às
(pH entre 8,5 e 9,5) das resinas melamina-
fibras (até 94 %), à abrasão (até 130 %), ao
formaldeído e melamina-amelina-formaldeído
inchamento na direção tangencial (55 %) e à
(PITTMAN et al., 1994), também, constitui
máxima absorção de água (até 50 %). Com
uma forma de impregnação da madeira
esse tratamento, as resistências à compressão
envolvendo reação com a parede celular.
axial e ao cisalhamento, também, aumentam
Neste caso, usa-se o processo a vácuo,
em até 38 % e 27 %, respectivamente, em
seguido de imersão na solução sob pressão e
relação à madeira não tratada, enquanto que
posterior cura, mediante um programa de
a resistência à flexão estática permanece
aquecimento desde a temperatura ambiente
inalterada e à flexão ao impacto fica
até 150 ºC. O aumento na resistência à carga
significativamente reduzida (50 %).
pode ser controlado variando-se o tipo da
resina, o seu conteúdo de sólidos e sua Fenol-furfurol-formaldeído, também, pode
viscosidade. Este tratamento promove o ser aplicado no tratamento da madeira. A
aumento na estabilidade dimensional de até madeira tratada com esse produto absorve
75 % e na repelência à água de mais de 75 %. 68 % menos água, torna-se 50 % mais
Porém, a madeira tratada torna-se mais frágil e resistente à compressão e dimensionalmente
a resistência ao impacto se reduz em torno de mais estável em relação à madeira não tratada
40 % em relação à madeira não tratada. Em (GALPERIN et al., 1995).
testes anti-chama (padrão ASTM E906-92),
A impregnação com álcool furfurílico pode
as amostras tratadas com melamina-
ser feita usando-se catalisadores como o
formaldeído não entraram em ignição. Em
cloreto de zinco, o ácido cítrico ou o ácido
teste de simulação da resistência ao uso
fórmico. Em geral, obtém-se um ganho em
externo, amostras expostas à radiação (padrão
estabilidade em torno de 70 %, com qualquer
ASTM G26-70) do tipo arco de xenônio não
desses catalisadores (STAMM, 1977), mas a
apresentaram deformação nem descoloração.
resistência à flexão estática reduz-se em torno
No tratamento com hexametoximetil de 10 %. Usando-se o ácido fórmico como
melamina líquida, usando-se o ácido e o catalisador, o grau de polimerização se reduz,
tolueno sulfônico como catalisadores, para mas a resistência mecânica permanece
impregnar a madeira pelo processo vácuo/ praticamente inalterada. O tempo de cura pode
pressão, ocorre reação covalente com os grupos ser reduzido de 18 h para 6 h, usando-se
hidroxilas, conferindo aumento de 52 % na cloreto de zinco e aquecimento a 120 ºC. A
estabilidade dimensional (MIROY et al., 1995). solução de álcool com catalisador é estável
A estabilidade não depende da carga de resina por longo tempo e pode ser reutilizada. Isto
aplicada, mas, a dureza Brinell, que pode ser facilita o seu emprego em escala comercial.
aumentada em até 190 %, é altamente
dependente da carga de resina aplicada.
211
Pínus na Silvicultura Brasileira
O álcool furfurílico e o ácido bórico têm A madeira de pínus pode ser facilmente
sido usados no tratamento da madeira, impregnada com uma solução de álcool
visando a melhorar a estabilidade furfurílico e tetraetil ortosilicato contendo
dimensional e a resistência aos fungos e aos ácidos p-tolueno sulfônico e acético como
cupins (RYU et al., 1992). O álcool catalisadores. A madeira impregnada é então
furfurílico promove alterações químicas que submetida ao aquecimento em estufa à
aumentam a estabilidade dimensional da temperatura de 100 ºC para polimerização in
madeira entre 10 % e 50 %, com uma carga situ. Este tratamento promove melhorias na
de polímero de até 30 % em peso. Com a estabilidade dimensional e na repelência à água
impregnação dupla, usando-se, inicialmente, (MAGALHÃES, 1998).
o ácido bórico e, posteriormente, o álcool
Outro tratamento possível é a impregnação
furfurílico, a estabilidade dimensional aumenta
com solução de álcool furfurílico e estireno,
até 30 % com uma carga de polímero de
seguida de aquecimento a 100 ºC para
apenas 5 %. Porém, mesmo que se acrescente
polimerização e cura dos reagentes
mais polímero, a estabilidade dimensional não
(MAGALHÃES et al., 2002; MAGALHÃES,
aumenta além desse patamar.
2002; MAGALHÃES; SILVA, 2004) (Figura 1).
Para aumentar a resistência da madeira ao
ataque de fungos, pode-se aplicar um
tratamento somente com furfurol. Em madeira
tratada com uma carga de 30 % p/p de furfurol
e submetida ao ataque de fungos, observou-
se uma perda de massa de apenas 3 % após
12 semanas. Esta perda se reduz a
praticamente zero se for feito o pré-tratamento
com ácido bórico.
O tratamento da madeira com uma solução
de álcool furfurílico, metil metacrilato (MMA)
e um catalisador desencadeia um processo
em que o furfurol reage com as paredes e o
MMA preenche o lume das células. Isso gera
um compósito com estabilidade dimensional
e dureza Shore aumentadas em até 74 % e Figura 1. Madeira de Pinus caribaea var. hondurensis
tratada com álcool furfurílico. Foto: Daniel Tonial
18 %, respectivamente, do que na madeira
Thomaz.
não tratada (SCHNEIDER, 1995). Entretanto,
a madeira tratada comporta-se como um
material cromatográfico que separa os O tratamento da madeira com MMA (ROWELL
componentes da mistura durante o tratamento et al., 1981), que envolve polimerização in situ
e deixa um gradiente de concentração dos com preenchimento do lume das células, promove
reagentes ao longo da peça. Esse aspecto redução de até 50 % na taxa de degradação da
deve ser levado em consideração nos superfície exposta à radiação ultravioleta. Na
tratamentos em escala comercial. combinação desse tratamento com um
212
Tecnologia para Agregação de Valor à Madeira de Pinus
tratamento prévio, usando-se óxido de butileno (ROWELL; BANKS, 1985). Todos estes
ou isocianato de metila, que reagem com as requerem o uso de catalisador. Aumentos na
paredes das células, a degradação da estabilidade dimensional da madeira de até
superfície se reduz a praticamente zero, 50 % podem ser obtidos com baixo acréscimo
mesmo após 1.800 h de exposição à radiação em peso (20 %) devido à ocorrência de
ultravioleta. intercruzamento dos polímeros naturais
quando se usa formaldeído. Quando se
2.3. Modificação química nas paredes
aumenta a quantidade impregnada, reduz-se
celulares da madeira
a estabilidade dimensional. Isso demonstra
2.3.1. Acetalização que o mecanismo passa a ser o de encher os
vazios e não de reagir com os grupos hidroxila
Na formação do acetal, em que há reação da madeira.
dos grupos hidroxilas da madeira com o
formaldeído, ocorre intercruzamento entre si A madeira pode ser tratada, também, com
ou entre diferentes polímeros de celulose, glioxal e glicóis (etileno e dietileno glicol),
poliose e lignina (KUMAR, 1994; ROWELL; usando-se o dióxido de enxofre como
KONKOL, 1987; NORIMOTO et al., 1992; catalisador e aquecimento, visando a
ROWELL; BANKS, 1985; RUSAN; POPA, aumentar a estabilidade dimensional e a
1992). Esta reação é catalisada por ácidos eficiência da impermeabilização (antiabsorção)
fortes, conforme o esquema (1): à água (YASUDA; MINATO, 1995). A
otimização das concentrações dos reagentes,
na proporção glicol/glioxal de 5/1 em moles
proporcionou ganhos no peso (~14 %) e na
estabilidade dimensional (~70 %) da madeira.
Houve formação de éster e éter com as
(1) hidroxilas da madeira, comprovando a reação
com a celulose amorfa e o aumento da
Com baixo ganho percentual em peso de cristalinidade.
formaldeído (7 %), aumenta-se,
O tratamento da madeira com cloral
consideravelmente (90 %), a estabilidade
(tricloroacetaldeído), sem catalisador,
dimensional da madeira. Outros aldeídos como
proporciona alta estabilidade dimensional (em
o acetaldeído e o benzaldeído também já foram
torno de 60 %) (ROWELL; BANKS, 1985).
pesquisados. Estes compostos reagem em um
Porém, esse produto é facilmente lixiviado e
sistema em que se usa o ácido nítrico ou o
a reação parece ser reversível. O tratamento
cloreto de zinco como catalisador. A
com ácido ftálico diluído em acetona, tendo o
estabilidade dimensional da madeira obtida
ácido p-toluenosulfônico como catalisador,
mediante tratamento com acetaldeído é alta.
também promove aumento (50 %) na
Porém, quando impregnada com benzaldeído,
estabilidade dimensional da madeira.
a estabilidade aumenta apenas 40 %. Pode-
se usar, também, aldeídos difuncionais como Entre os aldeídos, o produto mais acessível
o glioxal, glutaraldeído e a-hidróxiadipaldeído e mais estudado é o formaldeído. Embora
213
Pínus na Silvicultura Brasileira
214
Tecnologia para Agregação de Valor à Madeira de Pinus
(5)
Em meio básico, a reação resulta em outro butírico, trifluoracético, ftálico ou maleico.
produto (um éster) e propicia um ganho de Não há necessidade de catalisadores e o
30 % em peso e de 60 % na estabilidade solvente normalmente utilizado é o xileno
dimensional. (ROWELL; BANKS, 1985, 1987;
NORIMOTO et al., 1992). No caso de optar
2.3.3. Esterificação
pelo anidrido ftálico, usa-se
Os ésteres são formados pela reação das dimetilformamida como solvente. Em geral,
hidroxilas da madeira com os anidridos ácidos, aumentando-se o peso em torno de 20 %,
ácidos carboxílicos ou isocianatos e são consegue-se um aumento em torno de 70 %
passíveis de sofrer hidrólises ácida ou básica. na estabilidade dimensional. Porém, após
imersão em água, a estabilidade se reduz
2.3.3.1. Acetilação para 50 %, possivelmente, devido à
Na acetilação (6), o anidrido ácido mais lixiviação e/ou degradação do éster formado.
utilizado é o acético. Entretanto, podem ser
utilizados, também, os anidridos propiônico,
215
Pínus na Silvicultura Brasileira
216
Tecnologia para Agregação de Valor à Madeira de Pinus
217
Pínus na Silvicultura Brasileira
Figura 2. Esquema das reações de sais de cobre, cromo e arsênio com a madeira (adaptado de PIZZI, 1982).
218
Tecnologia para Agregação de Valor à Madeira de Pinus
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Pínus na Silvicultura Brasileira
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