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PRECISAMOS FALAR
SOBRE HOMESCHOOLING
1ª Edição
2020
Autor: Jônatas Dias Lima
JÔNATAS DIAS LIMA - Jornalista, 36 anos, graduado pela Pontifícia Universidade Católica
do Paraná (PUCPR), com especialização em Ética pela mesma instituição. Durante 13 anos
atuou como repórter e editor do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, onde cobriu
principalmente temas relacionados à família e educação. Em 2014, venceu dois prêmios
jornalísticos: o Prêmio Estácio de Jornalismo, na categoria Região Sul, pela melhor
reportagem sobre ensino superior; e o Prêmio Paranaense de Ciência e Tecnologia, pela
melhor reportagem de divulgação científica. Atualmente é assessor parlamentar na Câmara
dos Deputados, em Brasília, onde atua junto à Frente Parlamentar em Defesa do
Homeschooling.
2
Sumário
Prefácio 4
Introdução 6
Por falta de lei, o Estado não sabe nada sobre o ensino domiciliar brasileiro 40
3
Prefácio
Todo mundo é a favor da educação. Não há ninguém, rico ou pobre, que não
reconheça a necessidade de buscar esse bem para si, mesmo que às vezes em situação
contingente, e para os seus filhos. A Constituição Federal traz logo nos seus primeiros
artigos a função da educação como um direito social, e o artigo 227 dá o contorno de como
se efetivará esse direito: “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito,
à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Fica evidente o
princípio da subsidiariedade nas responsabilidades da educação dos filhos e explicita uma
ordem que deve ser respeitada: primeiro, a família.
4
Os artigos que se seguem vão apresentar dados estatísticos, modelos de
regulamentação, experiências de outros países, um histórico da tramitação de diversos
Projetos de Lei sobre o tema no Câmara dos Deputados e no Senado Federal, além de
refutar alguns argumentos daqueles que são contrários à regulamentação da modalidade
domiciliar.
Sabemos que hoje há uma generosa oferta de materiais, livros didáticos, materiais
complementares, atividades de leitura, modelos de currículos, grupos de apoio para ajudar
aqueles que desejam investir na educação domiciliar. Eu, como pedagogo, percebo um
movimento muito grande em busca de mais formação por parte dos pais. Muitos têm
licenciatura, fazem especialização, mestrado, formações complementares. Outros buscam
apoio em grupos de pais, contratam professores para pequenos grupos, buscam tutores
para alguma disciplina, além de toda uma gama de atividades complementares
“extraclasse”, como atividades físicas, artísticas, línguas estrangeiras, passeios culturais,
exposições.
Se, no entanto, ainda ficamos com o pé atrás, se ainda estamos muito habituados
ao modelo atual de escola tradicional, se nos restam dúvidas dos benefícios da educação
domiciliar, ainda assim o melhor caminho é a regulamentação.
Queria convidá-los para lerem as próximas páginas com o coração aberto e com a
caneta na mão. Todas as dúvidas serão resolvidas. Ninguém quer aprovar nada atropelado,
e muitos já estão nesse caminho há bastante tempo.
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Introdução
Não foi o resultado esperado pelos defensores do homeschooling na ocasião, mas
podia ter sido pior. O STF poderia ter destruído qualquer esperança para as famílias
adeptas da educação em casa naquele julgamento, afirmando que o ensino domiciliar é
inconstitucional, mas não o fez. Escolheu passar a bola para o Legislativo, mantendo um
pouco de luz no fim do túnel, mas não sem consequências drásticas para famílias que já
haviam sido injustamente denunciadas por “abandono intelectual”, apesar das evidências de
aprendizagem que podiam mostrar.
Após um período em que todos os processos foram suspensos até que o julgamento
ocorresse, as ações voltaram a andar e uma nova temporada de caça às famílias
homeschoolers voltou com toda a força, motivada, sobretudo, por agentes públicos
obstinados em fazer o tema morrer no Brasil. Ao que tudo indica, fracassaram nessa tarefa,
mas a lei ainda não veio e a perseguição não acabou.
Esse é o contexto no qual teve início a dura corrida por uma lei que dê às famílias o
reconhecimento do direito de educar em casa, mesmo que para tal conquista fosse
6
necessário se submeter a determinadas exigências, contanto que sejam razoáveis. Os
artigos a seguir foram todos escritos com esse objetivo: conquistar uma lei para o
homeschooling no Brasil.
Para atingir tal fim, dediquei-me, primeiro, a estudar as argumentações mais usadas,
tanto por defensores como por aqueles que se opõem à legalização da modalidade. Essa
etapa envolveu horas de leitura e muitas conversas com agentes relevantes no processo.
Participação em eventos como reuniões, simpósios e palestras também contribuíram, mas o
foco de atenção sempre esteve nas forças de influência atuantes no Congresso Nacional e,
em certa medida, suas correlatas nas Casas legislativas de unidades da federação e
municípios.
Convém destacar também que, com tal objetivo, a mera publicação dos textos
jamais atingiria seu fim se os mesmos não chegassem às pessoas com maior poder
decisório na produção de leis: os parlamentares. Por isso, a cada artigo publicado, os links
de acesso foram enviados para deputados federais, senadores e outros agentes públicos
fundamentais para o sucesso da regulamentação do ensino domiciliar.
Não poderia encerrar essa introdução sem antes agradecer ao jornal Gazeta do
Povo, uma casa de excelência jornalística na qual tive a alegria de servir como repórter e
editor durante 13 anos, e com a qual contribuo ainda hoje, agora, de forma voluntária. Como
ocorre também em outros temas, a Gazeta do Povo assumiu um valiosíssimo protagonismo
no debate sobre o ensino domiciliar no Brasil, abrindo espaço não apenas para os textos
semanais de minha autoria, mas também para consistentes reportagens que influenciaram
– e ainda influenciam – as conversas sobre o tema nos corredores do Congresso Nacional.
7
O homeschooling não tem cor ideológica1
Antes, contudo, convém ser compreensivo com quem acreditou nessa fábula por
nunca ter tomado conhecimento do assunto antes da chegada do governo Bolsonaro. O
volume de conteúdo disponível para pesquisa sobre o homeschooling no Brasil só cresceu
nos últimos anos. Antes, era de uma escassez e superficialidade espantosas. Quando o
atual governo – o primeiro de direita desde a redemocratização - incluiu entre suas metas a
aprovação do ensino domiciliar, o ato foi o suficiente para uma multidão de leigos no
assunto decretarem que isso só podia ser coisa dessa gente que acabou de chegar ao
poder.
Já que falamos em socialismo, vamos à terra onde essa ideologia se tornou forte o
bastante para dividir o mundo em dois durante a Guerra Fria. Sim, a Rússia também
legalizou o homeschooling. Aconteceu em 2012, como parte de uma ampla reforma
1
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/o-homeschooling-nao-tem-cor-ideologica/
8
educacional, e, desde então, o número de famílias educadoras não para de crescer. Hoje,
estima-se que 50 mil famílias russas aderiram à modalidade e a tendência de crescimento
já foi tratada como um fenômeno num recente documentário sobre o tema. Em 2018, o país
que já foi o coração da União Soviética chegou a sediar o Global Home Education
Conference, provavelmente o maior evento mundial sobre ensino domiciliar.
Outro poderoso exemplo de como a opção pelo ensino domiciliar tem atraído perfis
cada vez mais diversos vem dos Estados Unidos, o país que abriga o maior número de
o mundo: 2,3 milhões.
famílias homeschoolers n
No final da década de 80, estudos mostravam que educar em casa era a opção de
apenas 10 mil famílias norte-americanas, e que 93% delas eram formadas por brancos
evangélicos, a maioria vivendo na zona rural. Provavelmente, o retrato daquele momento
deu origem ao estereótipo usado pelos críticos do homeschooling até hoje. Entretanto, um
levantamento mais recente, feito em 2016, mostra uma realidade completamente diferente.
Nenhum outro grupo étnico cresceu tanto na adesão ao homeschooling nos Estados
Unidos quanto o dos afro-americanos. Cerca de 220 mil famílias negras educam seus filhos
em casa naquele país, representando 10% do total (para comparação, nas escolas públicas
os negros ocupam 16% das vagas). As famílias latinas também ganharam espaço nessa
conta e hoje compõem 15% do todo. Outra minoria que tem se destacado entre os optantes
pelo homeschooling l á é a dos imigrantes muçulmanos.
Essa omissão, aliás, parece que só terá fim quando mais parlamentares, gestores
públicos e pesquisadores no campo da educação abandonarem seus preconceitos
infundados contra o ensino domiciliar, encarando esse fato social com mais realismo e
coragem.
9
É a tecnologia – e não a religião – o que está
impulsionando o ensino domiciliar2
Pais que até hoje nunca tinham se dado ao trabalho de procurar, estão agora tendo
o primeiro contato com o universo das plataformas de aprendizagem online e
surpreendendo-se com a qualidade dos materiais disponíveis, muitos deles a preços
acessíveis ou até de graça.
Virou cena comum, por exemplo, ver posts de alegria nas redes sociais dos pais que
descobrem o Khan Academy, o gigante site norte-americano de educação à distância, cuja
missão é “proporcionar uma educação gratuita e de alta qualidade para todos, em qualquer
lugar”. É possível que muitos já tivessem ouvido falar da iniciativa em notícias de jornal,
mas não faziam ideia de que grande parte dos conteúdos já está traduzida ao português do
Brasil - inclusive os vídeos e gráficos - com divisão por faixa etária e adaptada ao currículo
nacional.
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/e-a-tecnologia-e-nao-a-religiao-o-que-esta-impulsionand
o-o-ensino-domiciliar/
10
famílias que optam pelo ensino domiciliar”. Nela, há testemunhos de gratidão escritos por
pais homeschoolers que usam o Khan Academy como uma das principais ferramentas de
aprendizagem.
Com outro foco, mas igualmente úteis aos pais educadores, há uma infinidade de
opções disponíveis em agregadores de cursos, como Hotmart e Udemy, que servem como
formação continuada aos pais, além de alternativas mais acadêmicas, como a Coursera,
que oferece, por exemplo, conteúdo gratuito sobre alfabetização, certificado por
universidades norte-americanas, para famílias determinadas a ensinar melhor. No Brasil, o
próprio Ministério da Educação lançou esse ano seu curso online em práticas de
alfabetização, o Tempo de Aprender, cujo número de acessos chegou a dois milhões em
apenas quatro meses.
Entretanto, não são apenas as grandes organizações e o governo, que têm usado as
novas tecnologias para dar sua contribuição às famílias educadoras. Quem participa de
grupos de WhatsApp e comunidades virtuais sobre homeschooling conhece bem o
fenômeno dos professores que se tornam verdadeiras celebridades nas redes sociais,
graças ao prestígio e confiança conquistados pela qualidade dos materiais didáticos que
produzem e do bom atendimento aos pais que os procuram.
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O que o homeschooling tem a ver com a entrada
do Brasil na OCDE?3
Desde janeiro desse ano, quando Donald Trump tornou explícito o apoio dos
Estados Unidos à entrada prioritária do Brasil na Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), os sinais de que a conquista dessa vaga está
próxima são cada vez mais evidentes. Na já famosa reunião ministerial de 22 de abril, cujo
vídeo foi recentemente divulgado pelo STF, o ministro da Casa Civil, general Braga Neto,
chegou a dizer que “já nos consideram na OCDE”, em referência às autoridades da
organização. No entanto, naquela mesma ocasião, houve outra fala sobre o mesmo assunto
que trouxe a público uma informação ainda mais surpreendente para muitos: 84% dos
países que integram a OCDE tem ensino domiciliar legalizado, lembrou a ministra Damares
Alves.
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/o-que-o-homeschooling-tem-a-ver-com-a-entrada-do-bra
sil-na-ocde/
12
Nesse grupo entram, por exemplo, os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia,
França, Finlândia, Reino Unido, Portugal e nosso vizinho, o Chile.
Mesmo em países como Holanda, Grécia e Espanha, não há proibição, mas sim
disputas interpretativas quanto à legislação local, ou restrições severas que reduzem em
muito o perfil de famílias aptas à modalidade.
Por fim, aos ainda céticos, recomendo a leitura de uma reportagem publicada pelo
site do Fórum Econômico Mundial, em 3 de abril desse ano, na qual foi ouvido o diretor da
OCDE para Educação e Habilidades, Andreas Schleicher, e que estampou em seu título
uma realidade que as autoridades e referências da educação brasileira não podem mais
fingir que não veem: “O homeschooling durante a pandemia de coronavírus pode mudar a
educação para sempre”.
13
Para praticar homeschooling em paz, eles
venderam tudo e deixaram o Brasil4
A família de Fátima entra nessa lamentável estatística, cuja conta jamais foi feita,
dado o grau de descaso que são obrigados a suportar os pais que escolhem o ensino
domiciliar como modalidade. Mãe de três filhos, ela e o marido cansaram de ser tratados
com desprezo por agentes públicos insensatos, venderam tudo o que tinham no Brasil e
foram embora para Portugal, na esperança de poder usufruir da liberdade educacional que
nosso país ainda rechaça.
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/para-praticar-homeschooling-em-paz-eles-venderam-tud
o-e-deixaram-o-brasil/
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inconstitucional, mas também disse que não existe direito a tal modalidade no Brasil
enquanto não houver lei que a regulamente.
A decisão caiu como uma bomba sobre todas as famílias injustamente processadas,
como a de Fátima. Embora já estivessem morando em outro estado, aquele antigo processo
foi transferido de comarca. Agora, novos promotores e conselheiros tutelares, que pouco
sabiam da realidade de sua família ou da história de sua luta, passaram a intimidá-los, de
modo que abandonassem sua opção por educar os filhos em casa.
Foi assim que, no início desse ano, Fátima, seu marido e os filhos chegaram a uma
cidade do interior de Portugal, onde o custo de vida é baixo e recomeçar uma vida é viável.
Lá, o ensino domiciliar é permitido e, embora a legislação seja rigorosa, não são vítimas de
acusações absurdas, nem perseguidos como se fossem criminosos.
Apesar de tudo, ainda querem voltar ao Brasil um dia. Provavelmente o farão no dia
em que nossos parlamentares e governantes abandonarem o indignante hábito de deixar o
assunto do ensino domiciliar para depois, como fazem há 26 anos, quando o primeiro
projeto de lei sobre o tema chegou ao Congresso Nacional. Nesse dia, ninguém mais terá
que fugir do Brasil por amor aos seus filhos. Poderão amá-los e educá-los com liberdade,
aqui mesmo, na terra em que nasceram.
15
Ensino domiciliar não é política pública5
Quando alguém invoca tal sentença, é quase infalível apostar que logo em seguida
virão exemplos de políticas públicas com os quais o governo, o Congresso, a sociedade e
até as famílias deviam se preocupar “primeiro”. Na lista estarão reivindicações de melhores
salários para os professores, de melhor distribuição dos recursos federais, de mais
segurança nas escolas, de capacitações mais eficazes para o corpo docente, de
metodologias mais inovadoras, etc. A conclusão dessa linha de raciocínio, portanto, é a de
que seria possível substituir o interesse de educar em casa por outros que tornassem a
escola mais atraente. Trocar uma política pública por outra, mais “urgente”.
O erro desse argumento está no fato de que ensino domiciliar não é política pública,
nem nunca foi apresentado como tal por seus defensores mais relevantes. O governo
federal não considera o tema dessa forma, nem os parlamentares autores de projetos de lei
sobre o assunto, nem as associações de famílias, nem os juristas engajados na causa. Os
únicos a tratarem o ensino domiciliar como política pública são seus opositores, justamente
por que é apenas por meio dessa falácia que conseguem simular algum frágil bom senso
quando se opõem ao tema.
5
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/ensino-domiciliar-nao-e-politica-publica/
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como a melhor ou a que merece prioridade, mas são poucos os que estão dispostos a
admitirem francamente que são militantes do rechaço a um direito.
As famílias que educam em casa formam hoje uma das minorias mais perseguidas,
discriminadas e indefesas do país. Portanto, embora tentem, aqueles que são contrários ao
direito que essas famílias almejam não tem como se esconder muito tempo atrás do verniz
de uma simples discordância democrática. Ao relegarem o pedido das famílias educadoras
a um eterno patamar secundário, eles se tornam diretamente responsáveis pelo sofrimento
que provocam a milhares de pais, mães e crianças, pois os condenam à permanente
clandestinidade.
O que esses opositores à existência de uma lei para o ensino domiciliar têm feito é
sim cruel e desumano. Isso precisa ser mais exposto.
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EUA têm leis de homeschooling para todos os
gostos. Funcionariam no Brasil?6
Um dos erros mais graves que se pode cometer na luta por uma lei que regulamente
o ensino domiciliar no Brasil é o apego excessivo a um único texto, ao ponto de
comprometer a própria existência de uma lei. Infelizmente, não é difícil encontrar quem até
aceita se engajar na ação política junto a deputados, vereadores e poder executivo, mas
retira o apoio se determinado projeto de lei não atender integralmente às expectativas
criadas. Se a projeção do que está em sua mente não se concretiza, acaba caindo na
insensatez de proclamar que “se for assim, melhor sem lei”, sentença esta que carrega em
si muito mais rancor do que razoabilidade.
Para não sucumbir a essa tentação, um bom antídoto é conhecer um pouco mais
sobre a grande diversidade de legislações sobre homeschooling em vigência no mundo.
Embora até se possa falar num conceito universal e amplo do que seja ensino domiciliar, a
forma como se dá o direito a essa modalidade, e como cada lei local a define, varia muito.
Não faz sentido, portanto, implicar com leis mais rigorosas, acusando-as de não representar
o “verdadeiro” homeschooling, pois este sim é um conceito tremendamente subjetivo.
Tendo em vista que comparar leis de diferentes países é um trabalho árduo, com
grande risco de erros interpretativos ou de tradução, aos interessados nessa empreitada,
um bom caminho é começar por uma única nação estrangeira, os Estados Unidos, onde a
modalidade é legalizada em todo o território, embora coexistam dezenas de variações
legislativas, desde as mais liberais até as mais restritivas.
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/eua-tem-leis-de-homeschooling-para-todos-os-gostos-fu
ncionariam-no-brasil/
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escrever, expressar-se bem e calcular. É preciso também que haja um currículo a ser
seguido, mas esse é de livre escolha dos pais.
19
oferecidas pelo governo, como desenvolvidas por professores particulares credenciados
para tal fim. As opções de tutoria ou de parceria com escolas privadas que não exigem
frequência também são válidas.
Por fim, há lugares onde o nível de exigências é tão alto que o direito de educar em
casa fica bastante restrito. É o caso de Nova Iorque, onde além de informar ao governo
sobre a opção, manter um portfólio e submeter o estudante a testes anuais, é obrigatória a
apresentação de um plano pedagógico, também anual, além do envio de relatórios
trimestrais sobre o desenvolvimento da criança. É previsto ainda que o estudante cumpra
uma carga horária específica e que ao menos um dos pais tenha ensino superior completo.
Consta ainda a possibilidade de inspeção em domicílio por parte de fiscais do estado.
Como podem ver, no país com o maior número de homeschoolers em todo o mundo
há opções de lei para todos os gostos, desde as mais permissivas até as mais rigorosas.
Nenhuma delas, contudo, é pior do que a situação do Brasil, onde não há lei alguma que
legitime a prática e, por consequência, todas as famílias que adotam o ensino domiciliar são
tratadas como infratoras, sujeitas às mais injustas perseguições.
O Brasil precisa de uma lei que regulamente o ensino domiciliar e isso é urgente.
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Homeschooling: mais um tema no qual o Chile
supera o Brasil7
É a somatória desses textos o que permite ao Chile nem sequer precisar de uma lei
específica para o ensino domiciliar. Trata-se de um direito absolutamente consolidado,
reconhecido pela justiça e respeitado pelo Poder Executivo, responsável pela aplicação de
exames periódicos e certificação aos estudantes dessa modalidade, que, na verdade, é a
mesma dada aos estudantes escolares. A igualdade de tratamento é total.
7
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/homeschooling-chile-supera-brasil/
21
governo, mas há também as escolas online, as instituições de ensino que fornecem cursos
livres e grupos de famílias que produzem e compartilham o próprio material de estudo. É
strangeira. Comuns
aceita, inclusive, a opção de matricular os filhos numa umbrella school e
nos Estados Unidos, elas são instituições que oferecem currículo, suporte pedagógico e
certificação às famílias adeptas do ensino domiciliar. Tudo à distância.
É evidente, também, que sair da terra natal não deveria ser uma decisão motivada
pela ausência de um direito básico, como educar os próprios filhos em paz. Ao menos, não
numa democracia que busque ser respeitada como tal.
Embora a nossa Constituição não permita o mesmo grau de liberdade que a chilena,
o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu no julgamento de 2018 que a modalidade do
ensino domiciliar tem amparo constitucional, se praticado sob o princípio da solidariedade
entre família e estado. Na mesma decisão, contudo, o tribunal determinou que é necessário
haver legislação específica para que tal direito seja reconhecido.
É essa lei que precisa chegar logo. É essa lei que colocará fim no êxodo de famílias
educadoras que se veem obrigadas a deixar o país."
22
Como funciona o ensino domiciliar
(homeschooling) em Portugal8
Ainda que haja o compreensível temor das famílias por conta de eventuais
subjetivismos aos quais estariam sujeitas as decisões de tais diretores, a portaria não
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/como-funciona-o-ensino-domiciliar-homeschooling-em-p
ortugal/
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restringe as razões aceitáveis para se conceder a autorização. Pelo contrário, o texto
explicita que “estas modalidades visam dar resposta às famílias que, por razões de
natureza estritamente pessoal ou de mobilidade profissional, pretendem assumir uma maior
responsabilidade na educação dos seus filhos ou educandos, optando por desenvolver o
processo educativo fora do contexto escolar”.
Além do aval do diretor, a portaria também exige que pelo menos um dos
responsáveis pelo estudante tenha “licenciatura”, termo que pode causar alguma confusão
no Brasil, já que, por aqui, a palavra é usada para cursos voltados à docência (Pedagogia,
Língua Portuguesa, Matemática, etc), mas em Portugal refere-se ao que chamamos no
Brasil de graduação, ou seja, qualquer curso superior completo.
24
A única situação inaceitável é a atual: sem lei, sem direito reconhecido, sem
fiscalização e com perseguição às famílias.
25
O que Nelson Mandela tem a ver com o
a África do Sul9
homeschooling n
No início da década de 90, a África do Sul estava em plena ebulição social, com uma
crescente revolta popular contra o regime segregacionista do apartheid, que dava à minoria
branca significativos privilégios em relação aos negros, provocando frequentes situações de
violência. A questão da igualdade racial, é claro, era o principal item na reivindicações por
mais respeito aos direitos humanos, mas não o único. Vários temas humanitários foram
abraçados pelos movimentos reformistas, e foi nesse contexto que um caso concreto
envolvendo o ensino domiciliar, considerado ilegal pelo regime segregacionista, ganhou
repercussão mundial.
Em dezembro de 1993, o casal Andre e Bokkie Meintjies foi condenado à prisão por
educar os filhos em casa. Andre ficaria dois anos na cadeia e sua mulher, um ano.
Enquanto isso, seus três filhos foram enviados para um orfanato e privados do contato com
os pais. O extremismo da decisão judicial levou entidades internacionais dedicadas ao
direito das famílias a agirem, provocando uma intensa campanha pela libertação do casal e
pelo reconhecimento jurídico do direito de se educar os filhos em casa. A ação foi
bem-sucedida e os Meintjies foram libertados, mas chegaram a cumprir seis meses da
pena, encarcerados.
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/o-que-nelson-mandela-tem-a-ver-com-o-homeschooling-
na-africa-do-sul/
26
qual é determinado que as famílias optantes devem encaminhar a solicitação para a
autoridade educacional local, permitindo que cada província estabeleça as próprias regras.
O texto afirma que os requerentes devem seguir “os requisitos mínimos do currículo
adotado nas escolas públicas” e que a qualidade da educação fornecida em casa deve
seguir “um padrão não inferior ao padrão de educação oferecida em escolas públicas”.
27
O homeschooling pode mesmo provocar a
falência de escolas e o desemprego de
professores?10
A fim de desmontar mais esse mito fabricado para fins difamatórios, vamos aos
números. Os Estados Unidos são hoje o país com a maior quantidade de estudantes na
modalidade de ensino domiciliar, chegando a 2,3 milhões, segundo dados de 2017. O
número aparenta ser robusto, mas só se compreende sua real dimensão quando
comparado à enorme população daquele país: 329 milhões de habitantes. Reparem,
portanto, que mesmo na nação que tornou legítima a prática de educar os filhos em casa
em 1972 – há quase cinquenta anos – a porcentagem de famílias que optam por ela nunca
deixou de ser minoritária. Comparados ao total da população, os homeschoolers não
passam de inofensivos 0,7%.
10
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/o-homeschooling-pode-mesmo-provocar-a-falencia-de-e
scolas-e-o-desemprego-de-professores/
28
Os números falam por si, mas considero compreensível a desconfiança daqueles
que sempre rechaçam comparações com os Estados Unidos e outros países desenvolvidos,
dado o abismo socioeconômico que nos separa deles. Olhemos então para nosso vizinho, o
Chile, onde não há legislação específica sobre ensino domiciliar, mas a própria Constituição
daquele país já garante aos pais o direito de educar em casa. Mesmo assim, poucos optam
por usufruir desse direito. Os 15 mil homeschoolers morando lá representam somente 0,7%
da população.
29
É possível conciliar uma lei do homeschooling e a
proteção das crianças mais vulneráveis?11
Nos debates sobre ensino domiciliar, há uma parcela dos que se opõem à
legalização que merecem receber mais atenção por parte dos defensores da modalidade,
não por estarem certos – não estão – mas sim porque o fundamento de sua posição é, de
fato, nobre, embora a falta de informação sobre a realidade do homeschooling os leve a
conclusões equivocada. Essas pessoas normalmente são vinculadas a ações sociais em
comunidades carentes e, ao ouvir falar de crianças que não vão à escola diariamente, só
conseguem pensar no pior. Para quem pratica ou estuda o ensino domiciliar, a fragilidade
desse raciocínio é evidente, mas, para quem nada sabe sobre a modalidade, e é
acostumado a lidar com aquilo de pior que a miséria gera, a tragédia tende a ser uma
previsão automática ao reduzirem o assunto na sentença “criança fora da escola”.
Tais críticos, cujo espírito de caridade é admirável, estão certos ao apontar que a
escola tradicional, apesar de todos os seus defeitos, continua sendo uma instituição
indispensável para muitas crianças que vivem em permanente estado de vulnerabilidade
social. Com essa afirmação, ninguém está colocando em dúvida o valor da família em
relação ao estado, mas apenas lidando com o triste fato de que, em muitas comunidades
brasileiras, crianças convivem com pais, parentes e vizinhos que lhes fazem mais mal do
que bem. Estamos falando sobre consumo de drogas, falta de condições mínimas de
higiene, violência doméstica, sexo explícito e todo tipo de abuso.
11
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/e-possivel-conciliar-uma-lei-do-homeschooling-e-a-prote
cao-das-criancas-mais-vulneraveis/
30
família – qualquer família. São incontáveis os exemplos concretos que expõem o quão
longe da verdade está essa tese, se for tomada como absoluta.
Hoje, sem lei, o ensino domiciliar já é realidade no Brasil e continuará sendo, pois
estamos falando daquilo que há de mais importante na vida desses pais e mães corajosos e
dedicados: seus filhos. Eles sacrificam um salário maior, empenham horas preparando
atividades e aceitam correr o risco de gastar tempo e dinheiro explicando à justiça o que
fazem. Estamos falando de pais e mães muito determinados, que morreriam por seus filhos
sem pensar duas vezes. Não será uma imposição burocrática e desprovida de razoabilidade
que os fará prevaricar.
Portanto, ao decidir se votam contra ou a favor de uma lei para o ensino domiciliar,
os parlamentares, na verdade, estão decidindo se essas famílias passarão a ter
acompanhamento do estado ou não. Hoje, a ausência de lei faz com que aquelas que têm
condições de oferecer um ambiente melhor e uma educação mais personalizada às suas
crianças sejam colocadas na mesma conta de evasão escolar daquelas que,
lamentavelmente, não estão minimamente preocupadas com o desenvolvimento ou a
segurança de seus filhos. Com lei, essa distinção ficaria clara.
31
Do PT a Bolsonaro: 15 projetos de lei sobre
ue já passaram pelo Congresso12
homeschooling q
Nesta semana, algo inédito ocorreu na longa história da luta pela legalização do
homeschooling no Brasil. O Poder Executivo, por meio do líder do governo na Câmara dos
Deputados, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), apresentou um requerimento de urgência para
o projeto de lei 2401/2019. Trata-se da proposta de regulamentação do ensino domiciliar
desenvolvida pelo próprio governo Bolsonaro e enviada ao Congresso Nacional no ano
passado. Se o requerimento for aprovado, o projeto ganha tramitação mais célere, indo
direto para o plenário da Casa, sem a necessidade de passar pelo vagaroso caminho das
comissões que, aliás, sequer foram instaladas em 2020, devido à pandemia do coronavírus.
É a primeira vez que um governo dá tal importância ao tema que tramita na casa há
26 anos. Se o tempo percorrido surpreende alguns, o número de propostas, bem como o
perfil de seus autores, costuma resultar em surpresa ainda maior. Ao menos 15 projetos de
lei foram apresentados com intuito de produzir a primeira legislação sobre ensino domiciliar
no Brasil, protocolados por parlamentares filiados a partidos das mais variadas orientações
ideológicas.
Foram necessários seis anos até que a regulamentação voltasse a ser proposta e,
em 2001, o deputado Ricardo Izar (PTB-SP) protocolou o PL 6001/2001. Curiosamente,
dois anos depois, o mesmo parlamentar, na mesma legislatura, apresentou mais um projeto
sobre o tema, com texto idêntico ao anterior. Foi o PL 1125/2003, que foi devolvido ao autor
pela Mesa Diretora da Casa, por motivos óbvios. No intervalo entre o original e a cópia,
surgiu o PL 6484/2002, do deputado Osório Adriano (PFL-DF), que foi apensado ao
primeiro de Izar. Ao fim daquela legislatura, ambos foram arquivados.
12
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/do-pt-a-bolsonaro-15-projetos-de-lei-sobre-homeschooli
ng-que-ja-passaram-pelo-congresso/
32
Em 2008, com Lula na presidência da república, foi um deputado petista quem
abraçou a causa da legalização do homeschooling. Henrique Afonso, do PT do Acre,
apresentou o PL 3518/2008, mas não obteve sucesso em fazê-lo avançar. Um ano depois,
outro parlamentar filiado a um partido de esquerda inovou ao investir não num projeto de lei,
mas sim numa proposta de emenda constitucional (PEC). Foi o então deputado, e hoje
empresário do ramo de educação, Wilson Picler (PDT-PR). Infelizmente, a PEC 444/2009
teve o mesmo destino de propostas anteriores e foi arquivada quando aquela legislatura
acabou.
Passaram-se três anos até que o deputado Lincoln Portela (PL-MG) colocasse uma
nova proposta em tramitação, o PL 3179/2012. Embora antigo, o texto tramita até hoje já
que Portela foi reeleito deputado duas vezes seguidas e pediu o desarquivamento do
projeto a cada início de novo mandato. O PL 3179/2012, aliás, é a proposta que encabeça a
comissão especial criada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em dezembro de 2019,
com o objetivo de analisar todos os projetos sobre ensino domiciliar na Casa. A instalação
da comissão, porém, nunca chegou a acontecer.
Convém mencionar ainda os dois projetos cuja tramitação teve início no Senado, e
não na Câmara. Ambos são de autoria do atual líder do governo na Casa, senador
Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e, embora os dois tratem de ensino domiciliar, têm
textos e objetivos distintos. O primeiro é o PLS 490/2017, que estabelece a regulamentação
propriamente dita e está na Comissão de Direitos Humanos, sob relatoria da senadora
Soraya Tronicke (PSL-MS). O outro é o PLS 28/2018, que explicita no Código Penal que o
ensino domiciliar não caracteriza abandono intelectual. Esse aguarda designação de relator
na Comissão de Constituição e Justiça da Casa.
33
pode-se dizer com tranquilidade que nunca houve momento mais propício e maduro para a
aprovação de uma lei do homeschooling como agora.
34
Os argumentos contra o homeschooling n ão
justificam rejeição à existência de lei13
Por mais discutíveis que sejam os pontos levantados, penso que os defensores do
ensino domiciliar deveriam chamar a atenção para outro aspecto, mais amplo, antes de
refutá-los. À luz da razão, os dois argumentos, por si mesmos, são incapazes de explicar o
rechaço total a uma legislação sobre o tema. Esse é um fato que precisa ser mais exposto.
No máximo, justificam o debate sobre o nível de restrições que a lei brasileira sobre o tema
deveria adotar. Aliás, essa sim é a conversa sobre homeschooling na qual lados distintos,
porém com motivações honestas, poderiam chegar a um consenso.
Aos preocupados com a falta de socialização, bastaria, por exemplo, lutar para que a
lei exija das famílias adeptas da modalidade a apresentação periódica de evidências
capazes de comprovar que as crianças não são mantidas em reclusão, como um portfólio
de fotos e vídeos nas quais apareçam brincando com outras ou, para atender aos mais
exigentes, algum comprovante de matrícula em cursos livres nos quais haja turmas, como
escolas de inglês, de música ou de esportes.
Nos Estados Unidos, há estados que fazem uso de soluções semelhantes. Em Nova
York, por exemplo, as famílias homeschoolers são obrigadas a apresentar um plano
pedagógico no qual é preciso incluir atividades físicas praticadas coletivamente. Tudo deve
ser registrado e, posteriormente, apresentado ao órgão estatal fiscalizador.
Tenho plena consciência de que tal medida soa ridícula para os defensores de uma
legislação mais liberal, com menos Estado, no entanto, se é algo desse tipo o que faria a
13
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/os-argumentos-contra-o-homeschooling-nao-justificam-r
ejeicao-a-existencia-de-lei/
35
oposição à lei ceder, ao menos entre os que colocam foco na socialização, creio que seria
um aspecto negociável para as famílias mais conscientes da necessidade de sair da
clandestinidade.
Convém realçar ainda que uma lei do ensino domiciliar pode ajudar os conselhos
tutelares a priorizarem quem mais precisa, já que, hoje, na ausência de uma legislação,
famílias educadoras são incluídas nos índices de evasão escolar. Assim, ao invés de
dedicar todo o seu tempo e energias para combater casos reais de negligência, abuso e
violência, os conselheiros continuam recebendo denúncias anônimas – frequentemente
motivadas por mero desafeto pessoal – que os levam a famílias homeschoolers zelosas,
capazes de apresentar abundantes evidências de aprendizagem, socialização e bem estar
de seus filhos. Basta conversar com conselheiros honestos para obter deles relatos do quão
constrangidos se sentem ao se deparar com esse tipo de situação, tendo de investigar
alguém obviamente inocente.
Uma lei para a modalidade, portanto, é útil para os dois lados. No caso das famílias
já adeptas, a legalização as beneficia por tirá-las da clandestinidade e do risco de injusta
perseguição. Já aos agentes públicos dedicados à proteção de crianças e adolescentes
vulneráveis, mesmo àqueles que não gostam do ensino domiciliar, a lei garantiria
fiscalização onde hoje não há.
36
Os gênios educados em casa são a melhor
propaganda para o ensino domiciliar14
Ao buscar pelo termo “ensino domiciliar” nas redes sociais, o que não falta são
piadinhas maldosas de críticos sobre a suposta incapacidade dos pais – quaisquer pais –
de ensinarem em casa, bem como memes de crianças, supostamente educadas por suas
famílias, que escrevem mal ou não sabem calcular. Na grande maioria das vezes, tudo não
ão gera
passa de humor escrachado para propagar a mentira de que o homeschooling n
bons resultados de aprendizagem. É claro que os divulgadores dessas bobagens
normalmente apelam para vídeos de contexto desconhecido, sem dar absolutamente
nenhuma garantia de que a família em questão realmente é adepta da modalidade. Afinal,
se fossem buscar na realidade a matéria-prima para seu sarcasmo, ela os deixaria
completamente frustrados.
O mundo e a história estão repletos de gênios que foram educados em casa, pelos
pais ou por professores contratados pelas famílias. Alguns jamais frequentaram uma escola
regular até chegar à idade universitária, outros experimentaram ao longo de sua vida
estudantil, na infância e na adolescência, tanto a educação escolar como a domiciliar.
Se para muitos o exemplo realmente vale mais que mil palavras, tomar
conhecimento sobre alguns homeschoolers famosos, que se tornaram referências em suas
áreas, pode ser um argumento mais poderoso do que os muitos outros já apresentados
neste espaço.
14
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/homeschooling-genios-educados-em-casa-ensino-domic
iliar/
37
Thomas Edison (1847-1931), o inventor da lâmpada, foi educado pela mãe. Ela
chegou a levá-lo a uma escola por algumas semanas quando ele tinha 7 anos, mas,
segundo os biógrafos do gênio, as professoras passaram a reclamar demais de suas
frequentes interrupções com perguntas durante as aulas. A história provou que o problema
não estava com o aluno.
Por falar na badalada premiação, outro intelectual educado pela família que ganhou
um Nobel foi Erwin Schrördinger (1887-1961), físico austríaco de destaque nas áreas da
mecânica estatística, termodinâmica, teoria das cores, eletrodinâmica, relatividade geral,
cosmologia e física quântica. Ele estudou em casa até os 10 anos.
É bem provável, contudo, que os implicantes reclamem do fato de que todos esses
cientistas nasceram no século XIX, quando a educação escolar no modelo que conhecemos
hoje ainda não era de alcance universal, nem mesmo no Ocidente. A justificativa é frágil,
pois não anula o fato de que os citados foram homens influentes com intelecto altíssimo e
que não frequentaram uma escola diariamente desde os 4 anos de idade, como se impõe
no Brasil. Mesmo assim, a lista de homeschoolers geniais e bem-sucedidos é tão extensa
que não me custaria nada citar alguns nomes mais recentes.
38
do planeta até anunciar seu afastamento dos campeonatos, em 2014, para dedicar-se aos
filhos.
No entanto, se alguém quiser um exemplo mais atual ainda, o melhor nome talvez
seja o do canadense Erik Demaine, 39 anos, professor de Ciência da Computação no MIT
(Massachusetts Institute of Technology), nos Estados Unidos. Ele passou a infância
viajando por toda a América do Norte com seu pai, um escultor e matemático por quem foi
educado na modalidade de homeschooling até entrar na universidade, aos 12 anos.
Concluiu a graduação dois anos depois, aos 14. Aos 20, recebeu seu primeiro diploma de
doutorado. Atualmente acumula dezenas de prêmios concedidos por instituições do Canadá
e dos Estados Unidos.
Encerro a lista por aqui para não deixá-la extensa demais, mas claro que não
esgotei os exemplos que poderiam ser dados. Agora, contudo, o leitor tem uma opção a
mais do que fazer quando se deparar com piadas infundadas sobre homeschooling nas
redes sociais: mostre esse artigo para o autor da insensatez e ajude-o a sair do poço de
ignorância no qual se encontra.
39
Por falta de lei, o Estado não sabe nada sobre o
ensino domiciliar brasileiro15
Quantas famílias são adeptas do ensino domiciliar no Brasil? Essa com certeza é a
pergunta mais frequente em qualquer reunião com autoridades e parlamentares que se
deparam com o tema pela primeira vez. A resposta, contudo, é de uma inexatidão frustrante
para todos os envolvidos na questão, desde as entidades que gostariam de ajudar o maior
número possível de famílias educadoras, até aqueles opositores que querem criticar a
modalidade com mais fundamento. Hoje, tudo o que temos são estimativas. Não há nenhum
número oficial obtido por levantamento do Poder Público, e isso é culpa da ausência de lei.
15
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/por-falta-de-lei-o-estado-nao-sabe-nada-sobre-o-ensino-
domiciliar-brasileiro/
40
contudo, há grupos de pais e mães cada vez mais organizados e motivados a proteger sua
escolha, que é a de educar os próprios filhos em casa, nem que para isso sejam
injustamente perseguidas pelo Estado ou obrigadas a deixar o país.
Muitos pais e mães zelosos, responsáveis e capazes optam por se esconder, já que
não confiam na desejada sensatez de um eventual conselheiro tutelar, promotor ou juiz que
venha a tratar de seu caso. Enquanto não houver segurança jurídica para se exporem,
continuarão agindo como se vivêssemos num regime autoritário, no qual o Estado obriga
todos os pais a educarem seus filhos num único modelo permitido. Estão errados em seus
temores?
Só existe uma forma de acabar com essa cegueira estatal, essa completa ignorância
do Poder Público a respeito do ensino domiciliar brasileiro: dando à modalidade uma lei. Só
depois disso, e com as consequentes pesquisas por parte dos órgãos competentes para a
tarefa, é que se poderá falar com mais consistência sobre o perfil de quem opta por essa
forma de educação, suas motivações e suas necessidades. Da mesma forma, só com
esses dados é que se poderia falar com seriedade a respeito do impacto que o ensino
domiciliar tem no setor de escolas privadas ou na valorização da classe docente.
Sem lei, não há números confiáveis. Sem números confiáveis, a maior parte do que
se diz sobre essas questões é mero palpite.
41
Famílias homeschoolers: a minoria desprezada
por defensores de minorias16
Parte dessa contradição pode ser explicada pela crença em estereótipos ideológicos
desprovidos de sólido fundamento. Para a militância progressista mais dependente de
pauta conservadora, portanto,
aceitação no meio em que escolheu atuar, homeschooling é
deve ser combatida. As justificativas para tal posição vêm depois da decisão tomada. Se a
causa afeta direitos humanos fundamentais, isso não chega a gerar grande
constrangimento, já que, automaticamente, esse aspecto passa a ser visto como periférico
e administrável pelos produtores de narrativas.
Não há boas condições de diálogo com quem pensa dessa forma, pois não é a
razão o que norteia suas ações. Entre os autênticos defensores de minorias, contudo, há os
mais sensatos, os que não aderem, nem confrontam de forma robótica conjuntos de causas
previamente rotuladas. Para esses, que sentem legítima compaixão por quem tem direitos
negados, é preciso expor mais a realidade diária das famílias educadoras, enquanto minoria
indefesa e desprezada.
16
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/familias-homeschoolers-a-minoria-desprezada-por-defen
sores-de-minorias/
42
mas têm consciência de que, no dia seguinte, podem ser denunciadas a agentes públicos
dispostos a infernizar suas vidas, aproveitando-se da omissão do Poder Legislativo em
regulamentar a modalidade. As denúncias contra famílias homeschoolers, sob a absurda
acusação de “abandono intelectual”, são uma constante faca no pescoço de quem tem
coragem – ou petulância, para os críticos – de pedir reconhecimento de direitos.
Ameaçadas, muitas optam por uma vida de reclusão, invisibilidade social ou saem do país.
Por serem uma minoria numericamente pequena inclusive entre minorias, as famílias
educadoras também são incapazes de garantir um volume de votos atraente para políticos
motivados por cálculos eleitorais. Além disso, não há nenhuma grande fundação, instituto
ou ONG com fartos recursos financeiros que tenha abraçado sua causa até agora. A
ausência desses fundos costuma ser um fator a mais para parlamentares e outras
autoridades eleitas desdenharem o tema, pois o atendimento da demanda não vai lhes
render grande prestígio, nem convites para palestrar em eventos glamourosos, nem
amizades convenientes que, quem sabe, resultem num eventual financiamento de
campanha no futuro.
43
No caso do homeschooling, regulamentação é
liberdade17
Antes do julgamento de 2018, fazia sentido falar em limbo jurídico e cogitar que a
prática não dependia de lei específica para ser aceita como legítima, pois o que havia era
uma disputa de interpretações, envolvendo o texto da Constituição, a Lei de Diretrizes e
Bases, o Estatuto da Criança e do Adolescente e tratados internacionais assinados pelo
Brasil. Os casos de famílias educadoras que chegavam à justiça eram julgados
isoladamente, com resultados muito variados, dependendo sobretudo da sensibilidade e
sensatez do juiz.
Portanto, já não faz o menor sentido dizer que, com a lei do homeschooling, o
Estado entrará em nossas casas e aumentará seu poder opressor sobre as famílias. No
Brasil, ele já entrou e já tem um poder enorme, ao ponto de dizer que todo pai e mãe é
obrigado a enviar os filhos para a escola todos os dias, mesmo contra sua vontade, mesmo
17
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/no-caso-do-homeschooling-regulamentacao-e-liberdade/
44
que a família apresente todas as evidências possíveis de que poderia fornecer condições de
aprendizagem e socialização melhores se fossem eles próprios a assumir o protagonismo
educacional de suas crianças e adolescentes.
A decisão do STF foi fatal para qualquer interpretação mais liberal de nossa
legislação sobre o tema. Se em outras áreas, a ausência de regulamentação é desejável,
por ser uma condição que favorece certa liberdade, no caso do ensino domiciliar, após o
julgamento, a existência de lei se tornou a única saída para garantir o direito de educar em
casa.
É bem verdade, contudo, que podia ter sido pior. O STF poderia ter destruído
qualquer esperança para as famílias adeptas da modalidade naquele julgamento, afirmando
que o ensino domiciliar é inconstitucional, mas não o fez. Escolheu passar a bola para o
Legislativo, mantendo um pouco de luz no fim do túnel, mas não sem consequências
drásticas para aqueles pais e mães que já haviam aderido à educação em casa.
Após um período em que todos os processos foram suspensos até que o julgamento
ocorresse, as ações voltaram a andar e uma nova temporada de caça às famílias
homeschoolers voltou com toda a força, motivada, sobretudo, por agentes públicos
obstinados em fazer o tema morrer no Brasil. Ao que tudo indica, fracassaram nessa tarefa,
mas a lei ainda não veio e a perseguição não acabou. Quando se tem conhecimento de
todo esse quadro é impossível invocar o mantra de que “sem lei é melhor” em pleno uso da
razão.
Já não há outra saída. No Brasil, a liberdade para as famílias homeschoolers só será
obtida com lei.
45
Eles existem
Esquerda a favor do homeschooling?
e são mais comuns do que parece18
Todos que se interessam por ensino domiciliar (homeschooling) , ainda que não o
pratiquem, em algum momento assistiram ou assistirão ao filme Capitão Fantástico (2016),
estrelado por Viggo Mortensen – o Aragorn, de O Senhor dos Anéis – e que retrata a
história de um casal que decidiu se afastar da sociedade e criar sua família no meio da
mata. Tiveram seis filhos e nenhum deles foi para a escola – foram educados pelos próprios
pais. Mesmo assim, receberam uma educação superior à oferecida em muitas escolas,
como o filme faz questão de destacar em várias cenas.
Quem para por aí na sinopse pode acabar supondo que se trata de uma obra
conservadora, afinal, trata-se de uma família numerosa adepta de ensino domiciliar, mas
estaria completamente errado. A família se afasta da sociedade por considerar que o modo
de vida capitalista é nocivo. O autor preferido do pai é Noam Chomsky, filósofo socialista a
quem celebram em substituição ao Natal. O cristianismo, aliás, é alvo frequente de
sarcasmo e o filho mais velho, em certo momento, admite ao pai que deixou de ser
trotskista e agora se declara maoísta.
Não pretendo enaltecer o filme com esse relato, mas penso que o enredo ilustra
muito bem o quão equivocado é rotular o ensino domiciliar como “pauta da direita”. Na
verdade, nem sequer é preciso apelar ao cinema para fundamentar essa afirmação. A
história recente do homeschooling no mundo está repleta de “progressistas” que defendem
a modalidade. Alguns, aliás, até foram educados por esse método.
No Brasil, penso que o caso mais simbólico é o de Luís Roberto Barroso, ministro do
STF, frequentemente acusado de praticar ativismo judicial em favor de pautas como aborto
e ideologia de gênero. Indicado ao cargo pela petista Dilma Roussef, é impossível vinculá-lo
ao conservadorismo, mesmo assim, Barroso assumiu o papel de defensor da
constitucionalidade do ensino domiciliar no julgamento sobre o tema, em 2018, e proferiu o
voto mais positivo de todos em favor das famílias homeschoolers. E não foi só isso. Na
18
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/esquerda-a-favor-do-homeschooling-eles-existem-e-sao
-mais-comuns-do-que-parece/
46
condição de relator da ação, em 2016, ele suspendeu todos os processos movidos no Brasil
contra famílias que educavam em casa, até que o plenário julgasse o assunto. Com isso,
deu a centenas de pais e mães quase dois anos de paz para que prosseguissem educando
seus filhos da forma como considerassem melhor.
No mundo das celebridades, podemos citar Emma Watson, a atriz que ficou famosa
como a Hermione, de Harry Potter, e que hoje desponta como garota propaganda do
feminismo global. Emma foi aluna homeschooler, educada por tutores contratados por seus
pais. Eles a acompanhavam durante os longos períodos de gravação, já que sua carreira de
atriz teve início aos 10 anos de idade, quando ela saiu do sistema escolar tradicional.
47
Por que a pandemia fez o interesse por
homeschooling c rescer tanto no mundo todo19
Os dados mais precisos, como sempre, vêm dos Estados Unidos, onde a
modalidade é legalizada há 48 anos, e onde coexistem dezenas de legislações diferentes
sobre a mesmo tema, variando de estado para estado. De acordo com o National Home
Educators Research Institute (NHERI), uma das principais entidades de pesquisa
relacionadas ao homeschooling no país, o aumento nos pedidos de registro como família
adepta de ensino domiciliar é enorme. Se no último levantamento o número de estudantes
o país era de 2,5 milhões, a previsão é de que neste ano o resultado seja
homeschoolers n
de, pelo menos, 10% maior.
No Reino Unido, a realidade é a mesma. Uma pesquisa feita em março revelou que
o número de estudantes educados em casa cresceu 119% em relação ao mesmo período
19
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/pandemia-interesse-homeschooling-mundo/
48
no ano anterior. Notícias muito semelhantes tratam do mesmo fenômeno ocorrendo na
Austrália e na África do Sul.
As causas para o crescimento são fáceis de deduzir, mas também constam nas
pesquisas citadas acima. Ocorre que durante a pandemia, ainda que tenham sido obrigados
a se isolar com os filhos em casa, pela primeira vez, muitos pais tiveram a oportunidade de
encarar o desafio de ensinar por conta própria, usando como auxílio apenas recursos
digitais. Para alguns, foi terrível, mas para outros, uma grata surpresa, pois perceberam que
conseguem e que os filhos gostaram. Em muitos casos, aliás, as famílias constataram que
os resultados em aprendizagem foram objetivamente melhores do que aqueles que
costumavam ver quando confiavam apenas no sistema escolar.
Há também uma outra motivação, essa sim, diretamente vinculada ao atual contexto,
e que tem aparecido com frequência em questionários sobre esse súbito aumento de
interesse pelo homeschooling. Com o retorno gradual das aulas presenciais, mesmo antes
de uma vacina que imunize a população, muitos pais temem que seus filhos sejam
infectadas pela Covid-19. Apesar das inúmeras promessas de precaução feitas pelas
autoridades públicas, nem todas as famílias estão dispostas a apostar a saúde ou a vida de
seus filhos com base nas falas de políticos. Preferem abrir mão de uma renda, sacrificar seu
tempo e empenhar esforços inéditos, assumindo o protagonismo na educação de suas
crianças.
49
O bom momento político para aprovação do
ensino domiciliar20
Não existe uma fórmula infalível capaz de prever quando e se uma proposta sobre
homeschooling será aprovada pelo Congresso Nacional, mas, na grande maioria das
votações bem sucedidas, alguns elementos políticos estão sempre lá. É por isso que
qualquer analista atento e honesto que se dê ao trabalho de investigar as chances de
sucesso da regulamentação do ensino domiciliar no Brasil, hoje, dará uma resposta otimista
às famílias que aguardam pela lei com tanta ansiedade.
“Eu acredito que as famílias que desejam utilizar essa forma de educar os filhos, que
não é inovadora, que já existe em outros países, terão a oportunidade de assim fazê-lo”,
afirmou Barros, que fez questão de comparecer pessoalmente ao evento, mesmo havendo
a possibilidade de participar de forma remota. Em seguida, completou: “É nossa obrigação
legislar para estabelecermos regras que a sociedade brasileira ache adequadas, por meio
de sua representação no Congresso Nacional”.
20
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/o-bom-momento-politico-para-aprovacao-do-ensino-dom
iciliar/
50
sua reputação como alguém que entrega resultados. Condição semelhante à de Arthur Lira,
líder do PP e candidatíssimo à sucessão de Rodrigo Maia na presidência da Câmara dos
Deputados. Não há registro de que Lira já tenha usado a tribuna ou suas redes sociais para
falar em defesa do ensino domiciliar, mesmo assim, a força de sua assinatura foi
fundamental para tornar válido e agregar apoio ao requerimento de urgência apresentado
em julho pelo então líder do governo, deputado Major Vitor Hugo. O fato de dois gigantes da
articulação política adotarem publicamente ações que favorecem o avanço da matéria é um
sinal muito promissor para as famílias educadoras.
Por fim, a mais recente boa notícia para as famílias perseguidas, que aguardam por
uma lei capaz de tirá-las da clandestinidade, são os índices de popularidade do governo do
presidente Bolsonaro. De acordo com a CNI-Ibope21, o número de brasileiros que
consideram a atual gestão boa ou ótima subiu para 40% ante os 29% registrados em
dezembro. Tradicionalmente, um governo popular tende a atrair a adesão dos
pauta do governo Bolsonaro.
parlamentares para suas pautas, e homeschooling é
21
Metodologia da pesquisa: A CNI-Ibope ouviu 2 mil pessoas entre 17 a 20 de setembro de 2020 em
127 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e a
confiança, de 95%.
51