objetivo 1 total de células musculares lisas não diminui de forma
notável, mas há redução no tamanho dessas células. Esse
CONCEITO E DURAÇÃO processo é afetado pela paridade, pelo tipo de parto (o útero apresenta dimensões maiores em multíparas e após O puerpério, ou período pós-parto, tem início após a cesárea) e pela amamentação (o útero se mostra mais dequitação e se estende até 6 semanas completas após o reduzido em mulheres que amamentam). Apesar de consistir parto. em etapa rotineira na avaliação da puérpera,. não há Essa definição é baseada nos efeitos acarretados pela evidências de que a avaliação clínica do volume uterino no gestação em diversos órgãos maternos, que. ao final desse pós-parto imediato seja preditiva de complicações. período, já retomaram ao estado pré-gravídico, entretanto, Nos primeiros 3 dias de puerpério, as contrações uterinas pelo fato de nem todos os sistemas matemos retomarem à provocam cólicas abdominais. Essas cólicas, em geral, são condição primitiva até o término da sexta semana. alguns mais intensas em multíparas do que em primíparas, estudos postergam o final do puerpério para até 12 meses intensificando-se com a sucção do recém-nascido, como após o parto. resultado da liberação de ocitocina pela neuro-hipófise. Nas As mamas são uma exceção, pois atingem o primeiras 12 horas após o parto, as contrações uterinas são desenvolvimento e a diferenciação celular completos no coordenadas, regulares e de fone intensidade. Após a puerpério e não retomam ao estado pré-gravídico. dequitação, persiste a porção basal da decídua.
CLASSIFICAÇÃO Essa decídua se divide em duas novas camadas: superficial,
que sofre descamação; e profunda, responsável pela Admitindo como tempo de duração normal do puerpério o regeneração do novo endométrio, o qual recobre por período de 6 a 8 semanas. este pode ser dividido nos completo a cavidade endometrial até o 16º dia depois do seguintes períodos: parto. Esse processo de regeneração da ferida placentária. associado às alterações involutivas que se processam • Puerpério imediato: até o término da segunda hora após o simultaneamente vincula-se à produção e à eliminação de parto. quantidade variável de exsudatos e transudatos, • Puerpério mediato: do início da terceira hora até o final denominados lóquios, que consistem microscopicamente em do décimo dia após o parto. eritrócitos., leucócitos, porções de decídua. células epiteliais e bactérias. Nos primeiros dias, há quantidade de eritrócitos • Puerpério tardio: do início do 11º dia até o retomo da suficiente para que os lóquios sejam de cor vermelha. Após menstruação, ou 6 a 8 semanas nas lactantes. 3 a 4 dias, os lóquios vão se tornando serossanguíneos, mais MODIFICAÇÕESANATÔMICAS E FISIOLÓGICAS acastanhados, em razão da hemoglobina semidegradada. Depois do 100 dia após o parto, pela incorporação de INVOLUÇÃO UTERINA leucócitos e pela diminuição do volume da loquiação, eles assumem uma coloração amarelada e posteriormente. Imediatamente após a dequitação, o útero inicia o processo esbranquiçada (lochia alba). O volume total da loquiação de involução. A retração uterina é característica do pode variar de 200 a 500 mL e sua duração é de miométrio. que permite ao órgão manter-se em tamanho aproximadamente 4 semanas, podendo-se estender, em reduzido após sucessivas contrações. cerca de 15% dos casos, a até 6 a 8 semanas após o parto. Pelo fato de o útero contraído comprimir os vasos Essa duração não é influenciada pela idade materna, pela sanguíneos. o útero puerperal tem aparência isquêmica, se paridade, pelo peso do recém-nascido e pela amamentação. comparado ao útero hiperemiado da gestante. A contração Também a administração rotineira de ocitocina além do pós- uterina também é responsável pela constrição dos vasos parto imediato não diminui a perda sanguínea e tampouco intramíometriais, reduzindo o fluxo sanguíneo e prevenindo acelera a involução do útero. a hemorragia pós-parto. Além disso, vasos calibrosos obliteram-se (trombose), constituindo um mecanismo INVOLUÇÃO DO SÍTIO PLACENTÁRIO hemostático secundário para a prevenção da perda sanguínea. Após a dequitação, há contração do local de implantação da placenta, com redução de suas proporções equivalente à O fundo uterino tipicamente atinge a cicatriz. umbilical 24 metade de seu diâmetro original. A concomitante contração horas após o parto, alcançando a região entre a sínfise da camada muscular lisa das artérias deste local assegura a púbica e a cicatriz umbilical depois de 1 semana. A adequada hemostasia no puerpério imediato. Por volta do involução uterina costuma ser mais rápida nas mulheres final da segunda semana, o diâmetro passa a 3 a 4 cm e o que amamentam e, habitualmente. no 12º dia após o parto, endométrio regenera-se a partir das glândulas e do estroma o fundo uterino localiza-se rente à borda superior da sínfise da decídua basal acelerando o processo de esfoliação local. púbica. Na segunda semana pós-parto, o útero não é mais palpável no abdome; e atinge aproximadamente suas COLO UTERINO dimensões pré-gravídicas em cerca de 6 a 8 semanas de Após a expulsão fetal e a dequitação, o colo uterino puerpério. encontra-se amolecido com pequenas lacerações nas O peso do útero decresce de aproximadamente 1.000 g logo margens do orifício externo, que continua dilatado. Essa após o parto para 60 g depois de 6 a 8 semanas. O número dilatação regride lentamente, permanecendo entre 2 e 3 cm nos primeiros dias após o parto, e menos de 1 cm com 1 ALTERAÇÕES SANGUÍNEAS E PLASMÁTICAS semana de puerpério. À medida que a dilatação regride, o colo uterino torna-se progressivamente mais espesso, e Durante a gestação, verifica-se aumento médio de 30% da há reconstrução do canal cervical. O orifício externo massa eritrocitária em comparação com o período antenatal. apresenta zona transversa de cicatrização (forma de fenda), Após o parto, perde-se em média 14% da série vermelha. podendo distinguir, na maioria dos casos, a paciente com Portanto, no puerpério,. espera-se uma ascensão dos níveis parto vaginal anterior daquela nulípara ou submetida a de hemoglobina e de hematócrito da ordem de 15% sobre os cesárea. O exame colposcópico nos primeiros dias níveis pré-gravídicos, mas pode haver grande variação posteriores ao parto pode revelar lacerações, equimoses e desses resultados. Em relação à série branca durante o ulcerações. O reparo total do colo uterino e a repitelização trabalho de parto, tem início importante leucocitose, a qual costumam ocorrer entre 6 e 12 semanas após o parto. se estende ao puerpério imediato. Essa taxa pode chegar a 25.000 leucócitos/mL ou mesmo apresentar valores Tubas uterinas superiores, com aumento da concentração de granulócitos. Observam-se também plaquetocitose, linfocitopenia relativa O epitélio das tubas uterinas durante a gestação é e eosinopenia absoluta. Modificações rápidas e importantes caracterizado pela predominância de células não ciliadas, são observadas ainda na coagulação e na fibrinólise após o por causa do desequilíbrio entre os altos níveis de parto. Inicialmente, depois da dequitação, há queda do progesterona e estrógeno. Após o parto, pela diminuição dos número de plaquetas, com elevação secundária nos níveis de estrógeno e progesterona, há extrusão dos núcleos primeiros dias do pós-parto. juntamente ao aumento da de células não ciliadas e diminuição de tamanho tanto de adesividade plaquetária. A concentração de fibrinogênio células ciliadas quanto de não ciliadas. As tubas uterinas plasmático diminui durante o trabalho de parto, atingindo removidas entre os dias 5 e 15 do período pós-parto seu menor nível no primeiro dia de puerpério, mas em demonstram sinais de salpingite aguda em 38% dos casos, seguida volta a se elevar, igualando-se aos níveis pré- porém, sem identificação de bactérias. A causa específica gestacionais entre o terceiro e o quinto dias após o parto. dessa inflamação é desconhecida. Também não há relação Verifica-se também padrão semelhante com o fator Vlll e o entre presença de processo inflamatório histológico nas plasminogênio. tubas uterinas e endometrite puerperal ou outros sinais clínicos de salpingite. SISTEMA ENDÓCRINO
VAGINA E VULVA Após a dequitação, observa-se que o desaparecimento da
fração beta da gonadotrofina coriônica humana (beta-hCG) A vagina encontra-se alargada e lisa imediatamente após o segue uma curva biexponencial. Os valores de hCG parto. A redução de suas dimensões é gradual e raramente tipicamente retomam ao normal em 2 a 4 semanas após o elas se igualam ao período pré-gravídico. A rugosidade da parto, podendo levar um tempo maior. A hCG e os vagina reaparece na terceira semana de puerpério, vinculada esteroides sexuais estão em baixos níveis nas 2 ou 3 à regressão do edema e da vascularização. O hímen que se semanas iniciais do puerpério. Para as mulheres não rompeu sofre processo de cicatrização, dando origem a lactantes, o retomo da menstruação após parto de termo nódulos de mucosa fibrosados, as chamadas carúnculas varia de 7 a 9 semanas, com média de 45 dias para nova himenais ou mirtiformes. A distensão da fáscia e o trauma ovulação (variação de 25 a 72 dias). Setenta por cento das (lacerações) decorrentes da passagem do feto pelo canal de pacientes irão apresentar menstruação até a 12ª semana parto resultam em frouxidão da musculatura pélvica, que depois do parto e dessas 25% serão precedidas por ovulação. pode não regredir ao estágio pré-gravídico. Mulheres lactantes têm atraso no retomo da ovulação, já que TREMORES a prolactina inibe a liberação pulsátil do hormônio liberador da gonadotrofina (GnRH) pelo hipotálamo. Tremores pós-parto são observados em 25 a 50% das pacientes após parto vagina1. Iniciam-se entre 1 e 30 Perda ponderal minutos após a dequitação e têm duração de 2 a 60 minutos. Uma das alterações mais bem-vindas para a maioria das Sua patogênese ainda não está esclarecida: vários mulheres no puerpério é a perda de peso acumulado durante mecanismos foram propostos, incluindo hemorragia a gestação. Aproximadamente metade do ganho ponderal materno-fetal, microembolia amniótica, reação termogênica adquirido durante a gravidez é perdida nas primeiras 6 materna após a separação da placenta e hipotermia materna semanas após o parto. Entretanto, apenas 28% das mulheres pós-parto e relacionada com a anestesia. Recomenda-se retomarão ao patamar anterior de peso nesse período. A apenas terapia de suporte, já que se trata de evento perda imediata de 4,5 a 6 kg é atribuída ao feto, placenta, autolimitado. líquido amniótico e perda sanguínea. O restante dessa perda PAREDE ABDOMINAL ponderai ocorrerá entre 6 semanas e 6 meses após o pano, sendo maior nos primeiros 3 meses. Um estudo com 1.423 No período pós-parto, a musculatura da parede abdominal mulheres suecas constatou que houve aumento da proporção encontra-se frouxa, mas readquire seu tônus normal, na de mulheres com sobrepeso em comparação com os níveis maioria dos casos, várias semanas depois. Pode haver, no pré-gravídicos. Em outro estudo, a média de peso acumulada entanto, persistência da diástase do músculo reto do em pelo menos 6 meses após o parto variou de 1,5 a 3,8 kg. abdome. A pele também pode se manter frouxa, Esse ganho de peso pode ser atribuído a vários fatores: especialmente se houver rotura extensa de fibras elásticas. • Ganho excessivo de peso durante a gestação: mulheres SISTEMA URINÁRIO com ganho ponderai além do recomendado estão duas vezes mais propensas a acumular 9 kg ou mais após o parto. No puerpério imediato, a mucosa vesical encontra-se edemaciada em consequência do trabalho de parto e do parto • Raça negra: mulheres da raça negra tendem a acumular em si. O fundo uterino contraído comprime os ureteres junto mais peso em comparação com as brancas, mesmo com à sua porção de entrada na pequena pelve. A bexiga semelhantes índice de massa corporal (IMC) e ganho apresenta, além disso, maior capacidade, havendo ponderai na gestação. frequentemente distensão excessiva e esvaziamento incompleto, demonstrado pela presença de urina residual • Obesidade: o peso acumulado no puerpério está após a micção. Podem contribuir para esse efeito o uso de diretamente relacionado com o aumento do IMC durante a analgésicos, especialmente durante anestesia epidural e gestação. bloqueios espinhais. Na maioria das puérperas, por meio de • Interrupção do consumo de cigarros: mulheres que param exames ultrassonográficos, foi demonstrada dilatação do de fumar durante a gravidez e que não voltam a fumar sistema pielocalicial até a sexta semana pós-parto. Todas depois são mais propensas ao ganho de peso no pós-parto. essas condições, no puerpério, constituem fatores predisponentes para a infecção do trato urinário. A retenção Outros fatores que podem ter participação em maior urinária é uma complicação também observada no pós-parto acúmulo de peso após o parto são idade materna imediato. Sua frequência corresponde a cerca de 0,5% dos (adolescentes têm maior risco), paridade, etnia, estado civil, partos vaginais, com resolução da maior parte dos casos intervalo entre gestações e tempo de retomo à atividade antes da primeira semana após o parto. profissional. Apesar de muito difundida para esse fim, a amamentação pouco contribui para a perda ponderal no Pode ser definida como a ausência de micção espontânea puerpério. Dieta e exercícios podem ajudar as mulheres a depois de 6 horas do parto vaginal ou de 6 horas da remoção perder peso posteriormente ao parto, não havendo restrições da sonda vesical de demora posterior à cesárea, e pode ser mesmo para as lactantes. Um estudo com duração de 10 decorrente da lesão do nervo pudendo durante o parto. Os semanas, que começou na quarta semana após o parto, fatores de risco incluem primiparidade., parto selecionou aleatoriamente quarenta mulheres lactantes, todas instrumentado, primeiro e segundo períodos do parto com sobrepeso, para um programa de restrição calórica e prolongados, cesárea e anestesia epidural. Por outro lado, exercícios ou dieta usual e exercícios não mais que uma vez também pode ocorrer incontinência urinária no período pós- por semana. O primeiro grupo apresentou redução ponderal parto. A incidência oscila de 3 a 26%, entre 3 e 6 meses maior, sem diferença nos parâmetros de crescimento dos após o parto. recém-nascidos. Existe certa dificuldade de se levantar a incidência exata, Também a amamentação proporciona maior gasto calórico e dadas as diferentes metodologias dos estudos e até mesmo a facilita a perda ponderal mas não de forma expressiva. definição empregada de incontinência urinária.
Alterações ósseas Citam-se corno fatores predisponentes a duração do segundo
período do parto, a circunferência cefálica do feto, o peso de Vários estudos relatam alterações da densidade óssea nascimento e a episiotomia. Partos vaginais também associadas à lactação e à amenorreia. Após o parto, há contribuem para o aumento do risco de incontinência diminuição generalizada da densidade do osso, que na urinária, com incidência variável, podendo chegar a 70%. maioria das mulheres volta aos níveis pré-gravídicos entre 12 e 18 meses do período pós-parto. A prática de exercícios MAMAS LACTAÇÃO físicos não parece melhorar a perda óssea, tampouco a A amamentação exclusiva é recomendada para todos os suplementação de cálcio, já que não se trata de deficiência recém-nascidos nos 6 primeiros meses de vida, devendo ser de cálcio. Para quase todas as mulheres, a perda óssea é parcialmente continuada após esse período, com a inclusão limitada e reversível. de outros alimentos até pelo menos 12 meses após o parto, ALTERAÇÕES DERMATOLÓGICAS ou depois desse período, se possível. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que essa amamentação Pode haver aparecimento de estrias, variando sua cor de parcial deva estender-se até pelo menos os 2 anos de idade. vermelha a prateada. O cloasma habitualmente desaparece Apesar dessa recomendação, nos Estados Unidos da no puerpério, apesar de o período exato em que isso ocorre América (EUA), a amamentação é iniciada por apenas 70% ser desconhecido. Durante a gravidez, há aumento na das americanas e continuada até o sexto mês por um terço porcentagem de cabelos na fase anágena ou de crescimento, delas." No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, em comparação com a fase telógena ou de repouso. Essa uma a cada duas mulheres amamenta até cerca de 10 meses taxa se inverte no pós-parto. O eflúvio telógeno é a queda de após o parto." Organizações internacionais estão em cabelos comumente observada entre 1 e 5 meses após o campanha para que o número de mulheres que iniciam a parto. Por coincidir com a fase de amamentação, esse amamentação e a prolongam por pelo menos 6 meses atinja fenômeno deu origem à infundada crença popular de que 75 e 50°, respectivamente. amamentar leva à queda de cabelos. Esse processo geralmente é autolimitado, com restauração dos padrões Colostro e leite normais de crescimento dos cabelos entre 6 e 15 meses após o parto. Durante a primeira metade da gestação, há proliferação das Esse mesmo mecanismo de sucção que estimula a liberação células epiteliais alveolares, formação de novos ductos e de prolactina provavelmente também inibe a dopamina desenvolvimento da arquitetura lobular. Na segunda metade (fator inibidor da prolactina). No puerpério tardio, a da gestação, diminui a proliferação e ocorre diferenciação concentração de prolactina iguala aos níveis pré-gravídicos epitelial para a atividade secretória. O colostro, precursor do e, no caso de interrupção da lactação, isso ocorre em média leite materno, consiste em uma secreção alcalina e após 2 a 3 semanas. A prolactina modifica a secreção de amarelada que pode já estar presente nos últimos meses de colostro para leite propriamente dito no período de gravidez ou, o mais tardar, surge nos primeiros 2 a 5 dias aproximadamente 72 horas. Esse fenômeno também é após o parto. Em comparação com o leite materno maduro, conhecido como apojadura ou descida do leite e coincide possui maior teor de minerais, proteínas, vitamina A e com o ingurgitamento mamário típico desse período. Para a imunoglobulinas e menor concentração de carboidratos e ejeção láctea, também participa um segundo mecanismo gordura. Além de imunoglobulinas, outros fatores de endócrino (neuro-hipófise), originado pela sucção do recém- proteção que podem ser encontrados no colostro e no leite nascido, levando à secreção pulsátil de ocitocina, que são: complemento, macrófagos, linfócitos, lactoferrina, estimula a contração da rede de células mioepiteliais nos lactoperoxidase e lisozimas. alvéolos e nos pequenos ductos mamários, promovendo a saída do leite. A produção e a ejeção do leite estão O leite materno maduro contém 7% de carboidratos intimamente ligadas a fatores externos e emocionais que (lactose), 3 a 5% de gorduras, 0,9% de proteínas e 0,2% de podem alterar a frequência e a amplitude dos pulsos de minerais. As principais proteínas do leite humano são a secreção de hormônios neuroendócrinos. A quantidade de caseína, a alfalactoalbumina, a lactoferrina, a leite também está relacionada à demanda, sendo maior em imunoglobulina A, a lisozima e a albumina. A maior parte gestações gemelares. Em geral, quanto mais cedo se inicia- dessas proteínas é única, não sendo encontrada em nenhuma se a amamentação, maior a produção de leite. outra espécie. O leite materno também contém uma variedade de enzimas que contribuem para a digestão do Contraindicações à amamentação próprio leite, além de possuir todas as vitaminas, com exceção da vitamina K, em concentrações nutricionais Existem poucas contraindicações à amamentação. Mulheres adequadas. Por esse motivo, recomenda-se a suplementação portadoras do vírus da imunodeficiência humana (HIV) não de vitamina K ao recém-nascido logo após o nascimento, devem amamentar. O uso de drogas ilícitas também para a prevenção da doença hemorrágica. A composição do representa uma contraindicação para a lactação, pela leite humano não é muito afetada por raça, idade, variações concentração dessas drogas no leite materno. A maioria das normais de dieta, restrição calórica moderada após o parto, drogas administradas para a mãe é excretada no lei1e perda de peso ou exercícios aeróbios. Essa composição, em materno, mas vários fatores podem influenciar sua excreção, condições normais, também não apresenta grande variação como a concentração plasmática da droga, a concentração de entre as mamas. proteínas, o pH do plasma e do leite, o grau de ionização, a solubilidade dos lípides e o peso molecular. Drogas que não Endocrinologia da lactação devem ser administra· das para a lactante incluem: agentes antineoplásicos e antimetabólicos, alguns A lactação depende de um equilíbrio delicado entre vários anticonvulsivantes, alcaloides do ergot e amiodarona. Outras hormônios, e a integridade do eixo hipotálamo-hipófise é drogas, como o lítio, devem ter seus níveis monitorizados no essencial para seu início e manutenção. Participam desse recém-nascido, caso haja necessidade de administrá-las à processo, além da prolactina, a progesterona, o estrógeno, o mãe. As medicações devem ser revistas caso a caso para a hormônio lactogênico placentário, o cortisol e a insulina. avaliação de potenciais contraindicações. Como regra, não A progesterona inibe a biossíntese de lactose e se deve suspender a amamentação quando a lactante fizer alfalactoalbumina, enquanto o estrógeno antagoniza o efeito uso de alguma medicação. É preciso observar a real lactogênico da prolactina na glândula mamária, também pela necessidade do uso do medicamento e a menor dose que seja inibição da secreção de alfa lactoalbumina. O hormônio segura para o recém-nascido e efetiva para a mãe., além de lactogênico placentário exerce efeito contrário ao da aumentar o intervalo entre a administração da droga e as prolactina, ligando-se a receptores de prolactina nos alvéolos mamadas e orientar a paciente acerca dos possíveis efei1os mamários. A lactação não se inicia antes da queda colaterais esperados. plasmática dos níveis de estrógeno, progesterona e hormônio A galactosemia, um erro inato do metabolismo, consiste em lactogênico placentário depois do parto, quando o contraindicação absoluta para a amamentação. Recém- consequente aumento da alfalactoalbumina estimula a nascidos portadores de galactosemia não são capazes de secreção de lactose, elevando seu teor no leite materno. A metabolizar a galactose., componente da lactose do leite manutenção da secreção láctea (galactopoese) depende de materno. O acúmulo de galactose leva a sérias sucção regular do recém-nascido, com esvaziamento dos consequências, como alterações hepáticas, catarata e retardo ductos e alvéolos mamários. Para esse mecanismo, mental. Para outros erros inatos do metabolismo. a lactação contribuem o hormônio do crescimento (GH), o cortisol, a não está contraindicada, como no caso da fenilcetonúria, tiroxina (T4) e a insulina. Os níveis de prolactina não porém, devem-se monitorizar os níveis de fenilalanina aumentam após o parto, em relação à gravidez, mas sim a desses recém-nascidos. cada sucção do recém-nascido. Objetivo 3 Nos últimos vinte anos, tem-se reconhecido que, em algumas mulheres, a gravidez, o nascimento de um bebê e o período pós-parto podem ocasionar problemas de humor e, em particular, a depressão (Zinga, Phillips & Born, 2005; Saraiva, 2007; Saraiva & Coutinho, no prelo; Saraiva, Vieira & Coutinho, 2007). Neste sentido, Schwengber e Piccinini (2003) constataram que a depressão comumente associada ao nascimento de um bebê refere-se a um conjunto de sintomas, que incluem irritabilidade, choro freqüente, sentimentos de desamparo e desesperança, falta de energia e de motivação, desinteresse sexual, transtornos alimentares e do sono e sensação de ser incapaz de lidar com novas situações, além de queixas psicossomáticas.
Também denominada de depressão
puerperal, depressão maternal ou depressão pós-natal, a depressão pós-parto consiste numa perturbação emocional, humoral e reativa, identificada em mulheres após o seu parto, durante o período de puerpério (Holmes, 2001).
De acordo com Camacho et al. (2006),
diversas questões ainda estão em aberto no que se refere a um tema tão amplo quanto a saúde mental das mulheres no período de gestação e de puerpério. Nesta fase, o reconhecimento da depressão muitas vezes contraria a sabedoria popular, que acredita ser o período da maternidade uma época agradável e prazerosa para todas elas. No entanto, é possível encontrar, no espaço midiático, reportagens jornalísticas ressaltando a divulgação dessa em personalidades femininas, revelando os problemas do diagnóstico tardio, assim como a dificuldade das mães admitirem que não conseguem dar afeto aos seus bebês, mesmo em situações ambientais e sociais presumivelmente acolhedoras (Collucci, 2006). Por conseguinte, a depressão no puerpério afeta a saúde da mulher, com repercussões na interação social com o bebê e toda a família, consistindo um importante tópico de estudo para os profissionais envolvidos com o cuidado humano.