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- Essa é a reflexão de Bobbio em “A Era dos Direitos”, livro em que realiza uma crítica ao
Jusnaturalismo. Um fundamento absoluto, para ele, é aquele que não sofre contestação por
conta de sua perfeição.
- Uma corrente teórica que tentou formular um fundamento absoluto foi o Jusnaturalismo.
Para ela, os direitos humanos são direitos inerentes à condição humana. São, portanto:
a) Vagueza- É uma concepção muito abstrata, o que é ainda mais grave frente à
multiculturalidade das sociedades. É, além disso, uma concepção tautológica, na
medida em que parte da própria coisa.
b) Historicidade/Relatividade- Os dh não são imutáveis, mas historicamente relativos.
Dependem do contexto em que estão. Aqui entra aquela concepção de gerações1 de
direitos:
1ª geração: Revoluções Liberais – Europa – Ruptura da estratificação social e
alteração do status monárquico vigente – D. individuais – Ideia de sociedade e Estado
verticalidade – Liberdades negativas: não atuação do Estado – Vida, liberdade (de
contrato e de mercado) e propriedade – Direitos civis e políticos2, além de garantias no
processo penal.
2ª geração: Industrialização – Cooperativismo inglês – Filosofia de Esquerda –
Não basta que Estado se abstenha, tem que atuar para reduzir as desigualdades sociais
– Direitos Laborais/trabalhistas – Welfare State (Estado de bem estar social).
1
O termo geração, na verdade, é bastante criticado pois indica uma evolução ou substituição, o mais
adequado seria falar em dimensões. Há que se destacar, ainda, a crítica de Thomas Marshall.
2
Status de cidadania somente ao homem branco e proprietário.
c) Heterogêneos/ Antinômicos – Os direitos entram em conflito entre si3. Ex.: proteção
à privacidade X direito a informação. E ainda, considerados como um todo, são heterogêneos
(o que o direito de votar tem a ver com o direito à moradia?).
Após a Declaração Universal dos Direitos do Homem, teríamos encontrado um mínimo ético,
um consenso universal. Então, para Bobbio, o problema não mais reside na fundamentação,
mas sim na implementação e eficácia desses direitos.
Teoria Crítica:
Herrera Flores:
Problema de direitos humanos como algo dado -> perda de capacidade de lutar
por eles -> Devemos percebê-los, então, como processos de luta.
Pressuposto: toda teoria é feita por alguém e para algo (inclusive a crítica!).
Racionalidade instrumental dos direitos humanos: interiorizar certo dogma sem
se questionar, focando apenas em certo fim. Invisibiliza os motivos
determinantes.
Historicizar/contextualizar o conceito. DH como produto cultural.
O que são os dh? Processos de luta. Cada cultura diz quais são os bens (materiais
ou imateriais) necessários para si. Bens-Desigualdade-Disputa.
3
Gisele: são de mesma hierarquia e estão sujeitos à ponderação ou há uma tendência de privilegiar os
d. individuais?
Por que? Por serem bens e a sociedade ser desigual, haverá disputas pelos
mesmos e algumas pessoas ficam vulneráveis. Não é apenas para sobreviver, mas
para viver com dignidade.
Para que? Pessoas terem acesso a bens e viverem com dignidade. Positivismo não
é rechaçado. Direito como instrumento de acesso a bens (atenção: é, porém, só
um deles).
Processo de luta é constante e permanente.
Polêmica do Universalismo X Relativismo. Violação a um direito humano seria
impedir alguém de resistir a uma opressão. Tentativa de composição:
universalismo de chegada. Caminho construído.
Os direitos humanos (pelo menos como seriam percebidos hoje) têm data de nascimento:
Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão. Foi inspirada nas Revoluções
Liberais e Sociais.
- Patrística / Escolástica
Obs.: destaque-se que utilizamos o termo direitos fundamentais quando nos referimos à
ordem constitucional (interna) e direitos humanos para nos referirmos à sua previsão na
ordem internacional.
1. Direito Humanitário
Na verdade, no século XX, os países renunciam de seu direito à guerra como instrumento de
política internacional, devendo procurar meios pacíficos para a resolução de suas
controvérsias. Por óbvio, há exceções como a legítima defesa (que inclusive comporta
limitações, como o princípio da proporcionalidade).
Irá regular a guerra propriamente dita, estabelecendo, por exemplo, limites ao uso da força e
procurando proteger os civis. Se divide em três:
1.2.1 Direito de Genebra (3 Convenções em 1949 e Protocolos Adicionais em 1977) –
Proteção aos combatentes e vítimas
O Jus Pos Bellum busca fortalecer o direito humanitário, ao punir as constantes violações de
direitos humanos (e consequentemente as regras dos Jus Ad Bellum e Jus In Bello) durante as
guerras. É relativamente recente, pois seu marco se dá no fim do século XX, com o Estatuto de
Roma, que cria o Tribunal Penal Internacional (TPI). Este é permanente e não ad hoc
(respondendo às críticas que regem o direito penal como irretroatividade das leis penais e
direito a um juiz natural).
O TPI buscará a responsabilização não do Estado, mas do próprio indivíduo violador, se o seu
país reconhece a jurisdição. Exceção: Conselho de Segurança da ONU pode denunciar
individuo de país não signatário ao promotor do TPI (EUA frequentemente coloca uma cláusula
em seus tratados econômicos de que o outro país não poderá entregar um cidadão americano
ao TPI, sobre o qual não reconhece a jurisdição). Por isso, uma crítica feita ao TPI é que aquele
acaba não atingindo as grandes potências (No site vocês podem conferir que a maioria dos
condenados são africanos).
3.1.1. Convencional (para país membro das nações unidas + signatário de certo
tratado)
- Tratados: Direitos Civis e Políticos; Econômicos, sociais e culturais; Declaração
Universal dos Direitos Humanos, Convenção Contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes; etc.
-Comitês (cada tratado terá um comitê): responsável por verificar a harmonia
do tratado com a legislação nacional, verifica os progressos na matéria, faz
recomendações aos países, recebe denúncias (se o Estado aceitar a competência),
analisando a admissibilidade da mesma.
3.1.2 Extraconvencional (basta que o Estado seja membro da ONU)
- Conselho de Direitos Humanos (47 países)
- Relatório Periódico Universal (RPU)- principal função do Conselho de DH. É
um diagnóstico amplo da situação de DH, feito de 4 em 4 anos.
- Recebimento de denúncias por violações sistemáticas.
As sentenças são amplas, além de julgar o Estado como culpado e dar indenização à vítima,
podem determinar a mudança da legislação nacional, a adoção de medidas, construção de
memoriais, etc.
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A CIJ (Corte Internacional de Justiça não atua em violações de direitos humanos, mas em conflitos
interestatais.
Tema 06- Sistema Interamericano de proteção do direitos humanos
Sistema Interamericano (OEA)
O sistema intermericano de proteção dos direitos humanos se dá no âmbito de atuação da
OEA (Organização dos Estados americanos). É bifásico, pois possui uma comissão e uma corte.
O primeiro órgão surgiu em 59 com a Convenção de Bogotá e o segundo em 69 com o Pacto de
San José da Costa Rica.
A estrutura regional não se comunica com a universal: a comissão irá velar pelo respeito e
defesa dos direitos previsto na Carta Interamericana de DH e não na Carta da ONU. As
sentenças emanadas pela Corte são vinculantes e inapeláveis, e seu cumprimento é
monitorado.
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Exceções: demora injustificada no julgamento da lide e inexistência de recurso hábil.
TEXTOS- Perguntas-chave
1. BOBBIO, N. A era dos direitos- Quais as dificuldades para um fundamento absoluto dos
direitos humanos?
2. FLORES, Joaquin Herrera. A reinvenção dos direitos humanos- Qual a proposta de
Herrera Flores para um conceito de direitos humanos?
3. BATISTA, Vanessa Oliveira. Direitos Humanos: o embate entre a teoria tradicional e a
teoria crítica- Quais as principais diferenças entre a teoria tradicional e teoria crítica?
4. TOSI, Giuseppe. História conceitual dos direitos humanos- Como nascem os direitos
humanos em uma perspectiva histórica?
5. RICOBOM, Gisele. Intervenção humanitária: a guerra em nome dos direitos humanos-
Quais são as 3 vertentes de proteção internacional da pessoa humana e quais são suas
principais características?
6. ABAGE, Vera; PRONER, Carol. Convergência e complementaridade entre as três
vertentes da proteção internacional dos direitos humanos- Quais são as 3 vertentes de
proteção internacional da pessoa humana e quais são suas principais características?
7. PIOVESAN, Flavia. Direitos Humanos e o Direito Internacional Constitucional- Como a
proteção dos direitos humanos se dá no âmbito universal (ONU)? E no regional
(Sistema Interamericano)?
8. VENTURA, Deisy; CETRA, Raísa O. O Brasil e o sistema interamericano dos direitos
humanos: de Maria da Penha à Belo Monte- Quais as potencialidades de sistemas
internacionais de controle?