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Rachel
Aula 2 (08/09/2018):
Direito Civil
∙ Conceito
É considerado o ramo do direito que cuida de relações jurídicas de direito privado, ou seja,
relações que envolvem pessoas, seus bens e seus negócios.
∙ Histórico
Durante o período de prevalência do direito romano, direito civil e penal eram uma mesma área
- direito dos nacionais - não existindo a conhecida separação. Com o surgimento do Estado
forte, absoluto, na modernidade, a divisão principia-se, fazendo nascer o direito civil.
No caso brasileiro, o Código Civil de 1916 foi influenciado pela Alemanha e pelo Código
Napoleônico Francês, que era constituído pelos princípios da Revolução Francesa - liberdade,
igualdade e solidariedade. A liberdade estava relacionada à autonomia contratual, ou seja, cada
um pode formular o contrato que desejar, diferentemente das condições existentes durante o
regime de servidão, no qual o indivíduo não dispunha de escolha. Já a igualdade tinha relação
com a propriedade, anteriormente sacralizada, mas que agora poderia - em tese - ser
conquistada por todos. A problemática que envolve esses dois termos está no fato de que esse
idealismo não c onsiderava as desigualdades sociais e, por isso, incentivava o discurso
meritocrático e patrimonialístico, pois considerava que todos possuíam as mesmas condições de
liberdade e igualdade, quando na verdade grande parte da população pertencia a estratos
sociais que os colocava em situação de deficiência das condições necessárias à conquista desses
princípios.
O primeiro dos princípios atuais é o da solidariedade social, que remete ao novo interesse
principal do direito civil: a pessoa e o patrimônio em sua função.
O segundo é o princípio da boa fé objetiva, que substitui o da boa fé subjetiva, fazendo com que
o foco esteja na conduta, e não na intenção do indivíduo; além disso, surgem também os
deveres anexos à boa fé, como honestidade etc.
Por fim, o terceiro princípio é o da despatrimonialização, que desvia o foco do patrimônio para o
sujeito de direito.
Aula 3 - 14/08/18
Pessoas
De acordo com o artigo 1*,a noção de pessoa confunde-se com a noção de ser humano ou
pessoa jurídica, condição esta que diferencia-se da vivenciada em tempos antigos, quando
ocorria uma exclusão de parte dos seres humanos da condição de pessoa devido a preconceitos,
noções patriarcais etc.
No Brasil não existe morte civil, portanto, a pessoa só perde sua "condição de pessoa", sua
personalidade, no momento da morte. Como classificações, temos a pessoa física e a p
essoa
jurídica, que também é um sujeito de direitos e obrigações e, portanto, também possui
personalidade; essa forma de pessoa foi criada para separar o ramo econômico do ramo pessoal
e, por isso, proteger os indivíduos por trás da pessoa jurídica.
A personalidade supracitada tem a ver com a condição de pessoa, ou seja, ser um centro de
imputação de direitos e obrigações. A capacidade de direito pode ser entendida como uma
interpretação da personalidade, sendo adquirida em diferentes momentos, dependendo da
teoria adotada. Na teoria natalista, o indivíduo passa a ser dotado de personalidade no
momento em que nasce com vida. Já na teoria concepcionalista, o indivíduo, quando nascituro,
já dispõe de alguns direitos, como o dos alimentos gravídeos.
No Código Civil brasileiro a teoria adotada é a natalista, o que não exclui o fato de na legislação
brasileira existirem leis que adotem a teoria concepcionalista.
Esse conceito tem relação com a capacidade que se tem de atuação em próprio nome, que
poderá ser completa ou parcial, dependendo das condições do indivíduo.
*esse caso sofre críticas pois é uma forma de interdição que pode ser motivada por desejo de
reserva de herança
Aula 4 - 16/08/18
--> Emancipação
Causas
- Voluntária: Ocorre a partir dos dezesseis anos, por meio de concessão dos pais ou de apenas
um deles na ausência do outro. Deve ser feita utilizando-se de instrumento público, ou seja, com
a autorização de indivíduo que disponha de fé pública.
- Legal: Forma que apresenta baixa incidência, é realizada em casos de indivíduos com economia
própria, casamento*, emprego público ou colação de grau em ensino superior.
Consequências
O indivíduo passa a dispor de plena capacidade, entretanto, ainda não possui a maioridade.
Ocorre quando é registrada a morte, pois seus direitos e obrigações precisam de um titular, e
por isso serão passados a um sucessor. Os tipos de morte são:
- Real: Constatada quando existe uma declaração pública de morte, ou seja, quando existe um
corpo que possa comprovar o falecimento.
- Presumida: Com ou sem declaração de ausência, que significa desaparecer sem deixar vestígios
ou representante de seus bens e direitos.
Neste caso não há indícios de que o indivíduo está morto, por isso ocorre um procedimento que
envolve o desaparecimento/declaração de ausência, um tempo de espera, a abertura de
sucessão provisória - durante a qual os titulares não podem vender os bens, apenas
administrá-los - mais uma espera de dez anos e, então, a declaração de morte/abertura de
sucessão definitiva. Esse processo existe pois parte-se do pressuposto de que a probabilidade de
o ausente retornar é notória; nesse caso, o indivíduo retoma todos os seus bens, no estado em
que os titulares os deixaram.
*Sem declaração de ausência:
Essa é a opção escolhida em casos nos quais a morte é praticamente certa, logo, o processo não
envolve o mesmo - longo - procedimento de casos com declaração de ausência. Nesses casos, é
importante estabelecer a data de morte, a fim de agilizar e tornar menos complexa a sucessão.
Obs.: A hipótese de comoriência discorre sobre o artigo 8, que fala da colocação do mesmo
horário de morte para duas ou mais pessoas que morreram na mesma ocasião, a fim de facilitar
a sucessão, pois isso faz com que nenhum dos dois falecidos estabeleça relação de sucessão
entre si, indo direto para seus dependentes.
Aula 5 - 21/08/18 -
Direitos da Personalidade
Fazem parte de um grupo de direitos que tem como princípio a dignididade da pessoa humana e
que envolve, em diferentes perspectivas, os direitos da personalidade, os direitos fundamentais
e os direitos humanos; nesse raciocínio, a afirmação desses direitos se dá, respectivamente, em
situações de relações particulares - vida privada - contextos relacionados ao Estado e, por fim,
quadros que envolvam o indivíduo frente ao mundo.
--> Características
∙ Inatos - E sses direitos existem a partir do momento do nascimento do indivíduo e
duram até sua morte, não obstante, existe o fenômeno "proteção pós-mortem" - arts 12
e 21.
∙ Indisponíveis - T ambém considerados relativamente disponíveis, não podem ser
transferidos a outras pessoas, embora algumas vezes nós possamos cedê-los
parcialmente - ex.: participante BBB.
∙ Irrenunciáveis - É possível dispor dos direitos, desde que de acordo com os costumes
locais, de forma temporária e limitada, o que faz com que seja possível que o indivíduo
volte atrás e os retome.
∙ Imprescritíveis - Os direitos da personalidade são imprescritíveis, mas a reparação de
uma violação a eles é prescritível. Além disso, são inatos e permanecem durante toda a
vida.
∙ Rol exemplificativo - Os artigos 11 ao 21 não encerram todos os direitos que existem,
pois não compõem um rol taxativo, ou seja, outros direitos da personalidade podem
existir sem que estejam escritos em lei.
Tem como objetivo a correção/punição de sujeitos que violem direitos da personalidade. Pode
ser:
- Preventiva - Judiciário impõe a um sujeito obrigação de não fazer algo, impedindo a violação
dos direitos; se mesmo assim a ação for exercida, o indivíduo sofre multa.
- Indenização e dever de se retratar - Forma de sanar a violação uma vez que ela já foi praticada,
que pode ser por vias de responsabilidade civil ou penal; no primeiro caso, além do dano
patrimonial, pode ser aplicado um dano de ordem existencial, conhecido como dano moral - ex.:
em um acidente, uma pessoa é indenizada por ter tido suas feições alteradas - antigamente,
esse dano moral era avaliado a partir do viés do prejuízo do patrimônio - ex.: "quanto dinheiro
uma pessoa vai perder por deixar de trabalhar porque perdeu seu braço em um acidente".
- Possibilidade de mudança do nome - As situações previstas em lei para mudança do nome são:
aquisição do nome do padrasto ou madrasta, casos de adoção - onde nome e pré-nome podem
ser mudados - ao ser completada a idade de 18 anos - durante um ano (direito potestativo) -
situação de nome vexatório, casamento/união estável (art 57 CC), desassociação da figura de
crimes. Todos esses enquadramentos constam na lei 6015/73.
- Mudança de nome e sexo no registro civil - Tem relação com a personalidade e o direito ao
próprio corpo.
Os direitos subjetivos conferem faculdades jurídicas e também prescrevem, o que significa dizer
que, para fins de segurança jurídica - ou seja, para que o acusado ainda possua as ferramentas
necessárias para se defender - existe um determinado intervalo de tempo para pretensão de
reparação, não obstante, o direito não se extingue, continua existindo. Já no caso do direito
potestativo,o direito,propriamente dito,entra em decadência após um período de tempo, o que
significa que ele não pode mais ser exigido - ex.: direito de anular um contrato.
Aula 7 - 28/08/18
Tem relação não apenas com o próprio indivíduo, mas também com ele em relação aos outros e
a sua autonomia privada.
- Transgenitalização - E mbora não exista uma lei que reja esse processo diretamente - existe
apenas um código de procedimentos do Conselho de Medicina - ele é interpretado a partir do
artigo 13, que diz que as transformações no corpo não podem ser de forma a reduzí-lo ou
danificá-lo e nem de forma a contrariar bons costumes. Contudo, partindo-se do princípio que,
anteriormente, a cirurgia era aplicada e interpretada como correção de uma doença,
atualmente a análise tem foco no bem estar do indivíduo que almeja à cirurgia e solicita
disposições médicas para tal - com a exceção de que o ato não é mais visto como cura para uma
doença.
- Questões culturais e religiosas - Em relação aos menores, a autonomia privada tem limites, pois
esbarra na tutela parental. A transferência de sangue, por exemplo, pode ser realizada em
pessoas maiores de dezoito anos conforme sua decisão, mesmo que seja negativa. Já para o
caso de menores, os pais não podem decidir, nem mesmo em questões de transfusão de sangue
- testemunhas de jeová - assim como para vacinas e nutrição. A autonomia privada só começa a
ser considerada quando o indivíduo tem dezesseis anos, quando ele poderá ter sua religião
ouvida.
rocesso regulado pela lei 9434 - o indivíduo pode doar o quanto quiser, desde
- Transplantes - P
que não cause prejuízos ao próprio corpo.
A questão concernente a esse direito não é mais a proibição, e sim a autorização que, se faltosa,
pode determinar indenização por dano existencial ou patrimonial (ex.: se a imagem roubada foi
para fins de propaganda, cujos lucros não foram repassados ao artista).
Obs.: Essa autorização pode ter sua necessidade excluída, desde que seja para interesse público
- ex.: em uma reportagem sobre um acidente, pessoas aparecem, contudo, não são o foco da
gravação.
- Pessoas públicas - S ó podem reclamar seu direito à imagem em contextos privados, pois
parte-se do pressuposto de que, por serem pessoas públicas, estarão submetidas a maiores
exposições.
Aula 8 - 04/09/18
Relação Jurídica
A partir de primeiras interpretações, foi entendido que relação jurídica era a relação entre uma
pessoa portadora de direito e outra portadora de dever. Contudo, isso foi criticado porque, na
odem apresentar direitos e deveres, de forma recíproca.
realidade, ambas as partes p
Por isso, o uso do termo "relação" foi, majoritariamente, substituído por "situação", um
desmembramento das relações jurídicas. Nesse novo quadro, a relação jurídica complexa -
contrato - é o que engloba diversas cláusulas; estas, por sua vez, estabelecem diferentes
situações para ambos os sujeitos, que alteram-se, de forma recíproca, em ativos e passivos.
Como exemplo, tem-se um contrato de alugel de um imóvel, no qual o locatário tem, enquanto
ativo, direito ao imóvel, e o locador, também enquanto ativo, dispõe de direito ao recebimento
do aluguel; ou seja: a relação não é rígida e estática como pensava-se.
O conceito de situação ativa d iz respeito ao titular de um direito, que pode ser subjetivo, de
u de garantia se tratados de forma diversa conforme alguns autores o fazem; para a
crédito o
professora, contudo, todos esses são considerados três são considerados direitos subjetivos.
Já o conceito de situação passiva e stabelece uma obrigação ou dever jurídico para um agente.
Para o historiador Savigny o direito subjetivo é um poder jurídico outorgado a alguém, o que é
criticado por outros autores pois nem sempre o indivíduo irá exercer seu poder de forma efetiva
- ex.: não reclamar pensão. Jhering, então, irá reformular esse conceito alegando que ele é o
interesse jurídico protegido pelo ordenamento jurídico. No fim, a definição que vigorou foi um
intermediário: direito subjetivo é aquele que outorga ao titular faculdades jurídicas a serem
exercidas, por configurarem o interesse legitimamente protegido. Como maiores exemplos,
tem-se o crédito e a propriedade, sendo a propriedade disposta no artigo 1228 do Código Civil,
com suas faculdades de "usar, gozar e dispor da coisa" estabelecidas.
Esses direitos subjetivos dividem-se em absoluto e relativo, e configuram obrigações: de dar, ou
de fazer ou de não fazer.
Os absolutos são direitos que determinam uma situação jurídica ativa para o titular e passiva
para a coletividade, de não violação desses direitos - pessoas não são obrigadas a executar
alguma ação, e sim a deixar de agir, não violando - ex.: direitos da personalidade. Nesse tipo de
direito, o sujeito passivo é indeterminado, ou seja, só surge quando alguém praticar a violação.
Já os relativos são os de crédito, por exemplo, pois estabelecem agente passivo, que deve
cumprir uma obrigação de fazer, e agente ativo, que teria o direito de receber. Nesse caso, o
sujeito passivo é determinado, sendo aquele com o qual o sujeito ativo mantém um vínculo por
contrato ou outro arranjo. A garantia também entra na classificação de relativo, sendo uma
situação jurídica acessória - ex.: fiador.
Quando um direito subjetivo é ofendido, surge uma pretensão de reparar, seja por dano moral
ou por dano patrimonial. Logo, como característica principal desse direito é que ele pode ser
violado.
Já o direito potestativo não pode ser violado, uma vez que é definido como uma atribuição de
poder de agir a um indivíduo, sendo essa ação irresistível p
ara a outra pessoa - ex.: divórcio,
revogação de procuração - não podem ser recusados pela outra parte, que está em situação de
sujeição.
Ainda nessa relação, para alguns autores, o direito objetivo é o objeto do direito subjetivo, ou
seja, é o elemento que é requerido pelo direito subjetivo. Já para a maioria, o direito objetivo é
tão somente o conjunto de normas jurídicas.
Obs.: Dever jurídico envolve uma obrigação jurídica que um agente irá dispor. Nele, não contém
elementos financeiros envolvidos - ex.: guarda de filho, fidelidade.
Pessoas Jurídicas
Por essa noção cria-se um ente de personalidade com a finalidade de construir, para essa nova
o de seus criadores-membros, a fim de que ela
pessoa criada, um patrimônio diferente d
responda separadamente a direitos e obrigações.
Dividem-se em pessoa jurídica de direito público interno e pessoa jurídica de direito público
externo.
As pessoas de direito interno estão estabelecidas no artigo 41*, CC - União, Estados, Distrito
Federal e Territórios, Municípios, autarquias e associações públicas.
São as que realmente interessam ao direito privado e, portanto, para o direito civil. Desse
enquadramento, surge o questionamento acerca do rol do artigo 44 - é exemplificativo ou
taxativo?
Para viabilizar a administração dessa forma de moradia, foram atribuídos ao condomínio meios
administrativos que correspondem aos existentes em uma personalidade jurídica, como a
criação de convenção de condomínio, CNPJ, estipulados nos artigos de 1314* a 1358* do Código
Civil.
Apresentam-se, então, duas respostas; a primeira afirma que sim, ele tem personalidade
jurídica, alegando que o rol do artigo 44* CF é exemplificativo, e não taxativo; expondo como
toda a estrutura atribuída ao condomínio é semelhante à atribuída às pessoas jurídicas e
afirmando, principalmente,que a constatação dessa personalidade facilitaria a aquisição de
patrimônios - como a adjudicação de apartamento leiloado.
A segunda resposta irá estabelecer que o condomínio não possui personalidade jurídica,
argumentando que o rol do artigo 44* é taxativo e que seria necessário que ele afirmasse,
claramente, que aquele ente está incluso nos que dispõem de personalidade jurídica. O CNPJ
existiria apenas para facilitar a administração e, como argumento principal, a barreira à
personalidade está justamente no fato de que o condomínio não apresenta patrimônio
separado do de seus membros e, portanto, não pode ser interpretado como contendo
personalidade, uma vez que os patrimônios dos condôminos não estão protegidos.
∙ Entes sem personalidade - São entes que existem mas que não possuem personalidade
jurídica, apenas personalidade judiciária; ou seja, podem ser autores ou réus de ações.
Também não possuem personalidade jurídica e não são sujeitos de direitos e
obrigações. Como exemplo, tem-se a massa falida e o espólio, que é comumente
interpretado como o conjunto de bens que será administrado temporariamente pelo
inventariante mas pelo processo de personalidade judiciária, ou seja, sendo ele o autor
ou réu das ações.
∙ Associações - A s personalidades jurídicas estudadas no curso de direito civil são as
associações e fundações, que apresentam um ponto em comum no que tange o fato de
não possuírem fins lucrativos - por isso não têm como objetivo gerar lucros aos seus
membros, ou seja, qualquer lucro tem de ser reinvestido. *isso diverge da sociedade,
que têm fins lucrativos que serão divididos pelos seus membros* Como exemplos de
associações, têm-se os clubes, associações de moradores, alunos, médicos etc.
Conforme o inciso XVII do artigo 5* da CF, é plena a liberdade de associação para fins lícitos;
contudo, devido a alguns casos apresentados no cenário brasileiro, é comum que surjam
questionamentos como: alguém é obrigado se associar? Uma casa de um condomínio recém
formado, por exemplo. Além disso, é possível o ato de a associação rejeitar alguém que queira
se associar a ela? Como exemplo dessa última questão, apresenta-se o caso do Country Club,
que rejeitou os pedidos de Roberto Carlos e Pelé e teve como decisão judiciária que sim, poderia
rejeitar, uma vez que a associação tem finalidade recreativa e os critérios de admissão são
subjetivos, conforme a vontade de seus membros. Já outro caso que teve decisão contrária foi o
de um músico de um Município que desejava participar de uma associação de músicos que era a
única fonte de direitos autorais do local; a prática foi decidida como ilícita uma vez que suprimiu
o direito dele de receber sua remuneração. Fica concluído, então, que a rejeição ao pedido de
associação é possível desde que não fira direitos ou não seja por motivos discriminatórios.
Por último, as associações devem respeitar os limites do estatuto, estabelecido no Código Civil,
do artigo 53* ao 61*, que regulam esse tipo de pessoa.
Disposta no artigo 52, CC, a atribuição de personalidade jurídica às pessoas jurídicas é por
muitos criticada, uma vez que ofensas, por exemplo, sempre estarão relacionadas a um caráter
patrimonial, e não extrapatrimonial - subjetiva, existencial. Trazendo para casos concretos, uma
ofensa ao nome de uma empresa nunca irá "magoar os sentimentos" da empresa, e sim irá
repercutir nas vendas e no lucro. É por isso que tem-se entendido esses direitos da
personalidade como uma honra objetiva de respeitabilidade n o mercado, ou seja, respeito ao
nome da marca na sociedade.
Esse fenômeno ocorre pois alguns indivíduos utilizam o recurso da personalidade jurídica para
finalidades próprias, como enriquecimento ilícito. Isso acontece principalmente quando um dos
membros da sociedade retira patrimônios e recursos dela para uso próprio, ou quando, por
exemplo, a empresa ABC, lucrativa, só não tem recursos financeiros porque os sócios colocaram
o patrimônio da empresa em nome próprio, a fim de mantê-la ilesa de quaisquer créditos,
indenizações, a serem pagas; isso é caracterizado como fraude de administração. Nesse tipo de
caso ocorre a desconsideração, ou seja, acaba a blindagem d e patrimônios individuais e todos -
pessoais e jurídicos - são misturados e interpretados como um só para fins de créditos a serem
pagos.
Aula 10 - 11/09/18
Bens
São coisas materiais - existem outros, mas em nossos estudos só adentraremos nos corpóreos -
passíveis de apropriação pelas pessoas e que apresentam valor econômico - ex.: um pedaço de
areia pode ser apropriado, mas não toda a areia do mundo. Esses bens precisam ser
classificados para sabermos qual norma deve ser aplicada de acordo com cada bem. Além disso,
eles irão caracterizar os direitos real - no qual o titular exerce poder sobre algo, um bem - e
pessoal - no qual o indivíduo possui uma contrapartida pessoal, um direito em relação a um
devedor.
--> Classificação
∙ Móveis e imóveis
O bem imóvel (art 79*, CC) mais tradicional é o solo e tudo que a ele se agrega (solo, subsolo e
espaço aéreo), caracterizando o direito da propriedade. Esse tipo de bem é, em tese, mais
garantido do que os móveis, pois é mais difícil de ser retirado do local, o que gera também mais
segurança. Existem, ainda, bens que são considerados imóveis para efeitos legais, a fim de
atribuir-lhes segurança, conforme o artigo 80* estabelece os direitos reais sobre imóveis e as
ações que os asseguram e os direitos sucessórios, ou seja, todos os bens a serem partilhados são
percepcionados como um único bem imóvel e todos os procedimentos que envolvem eles serão
executados como tal, independentemente dos bens que fazem parte desse direito (pode ser
dinheiro, carro, casa etc.).
O artigo 81*, CC irá discorrer sobre o fato de que, se retiradas edificações - objetos -
constituintes de um determinado solo, temporariamente, ou de forma a serem movidas para
outro local, desde que conservando sua unidade, serão tratadas como bens imóveis; ex.: bens
(como uma janela) separados de uma construção que sejam, nesse meio tempo, roubados,
ocasionam o devolvimento obrigatório; enquanto se o bem roubado fosse um material de
construção que ainda não houvesse sido agregado à construção ocasionaria uma indenização, e
não devolvimento.
O bem móvel (art 82*) é aquele que pode ser movido de lugar por movimento próprio ou força
alheia, não sofrendo alteração em sua substância - ex.: mover casa de lugar faria com que, no
mínimo, a localização fosse diferente. Alguns bens são considerados móveis para fins legais,
conforme artigo 83*, podendo ser objetos de relações jurídicas.
Fungividade é a possibilidade de substituição de um bem por outro - artigo 85* - desde que de
mesma espécie, qualidade e quantidade.
Os infugíveis são bens que não podem ser substituídos, pois apresentam características únicas,
como uma obra de arte, por exemplo. Existe a possibilidade, ainda, de um bem fungível
tornar-se infungível, por meio da manifestação de vontade das partes - quando um bem adquire
u pela natureza d
valor afetivo, por exemplo um livro autografado - o o bem - sendo este o caso
da obra de arte. Esse quadro apresenta certas repercussões polêmicas, pois o que é infungível
para alguém pode não ser para outro alguém, o que estabelece áreas cinzentas para o direito.
Já os consumíveis são bens que, conforme dispostos no artigo 86*, esgotam-se em seu uso,
sendo destruídos imediatamente. Como exemplo, tem-se bens matérias-primas, colas,
alimentos etc.
Os bens divisíveis são bens que podem dividir-se sem sofrerem alteração em sua substância e
sem prejuízos ao uso destinado, como uma soma em dinheiro, por exemplo. Os bens
naturalmente divisíveis podem ser transfigurados para indivisíveis a qualquer momento, por
vontade das partes ou por determinação de lei, visando à não desvalorização desproporcional
do item caso ele fosse dividido e estabelecendo para ele uma dimensão mínima de existência -
uma medida máxima em metros de divisão de um terreno, por exemplo.
Já os bens indivisíveis - animal, carro etc. - não podem ser divididos pois se enquadrariam nas
condições citadas anteriormente, ou seja, perderiam sua destinação final: o carro sem sua roda,
por exemplo, não anda; o animal sem cabeça não vive.
Os bens singulares são aqueles que, mesmo reunidos, são independentes uns dos outros.
Já os coletivos só apresentam sentido se juntos, ou seja, têm destinação única, como a coleção
de uma biblioteca, por exemplo. Os bens com os quais nos deparamos cotidianamente são
geralmente singulares: carro, caderno etc.
Esses tipos de bens ocasionam a classificação de um bem a partir de outro bem, estabelecendo
a existência de um bem principal e um bem acessório, q
ue supõe a existência do primeiro, já
que é agregado.
∙ Frutos
Os frutos podem ser naturais ou c ivis, e são extraídos do bem principal sem que este seja
alterado. O natural, por exemplo, poderia ser um fruto que surge a partir de uma plantação; já o
civil - oriundo de uma relação jurídica - poderia ser o aluguel recebido pelo empréstimo de uma
máquina, por exemplo, não sendo natural. Além disso, a principal característica do fruto é que,
após ser separado do bem principal, perde a sua característica de acessório, tornando-se
principal.
∙ Benfeitorias
São obras de melhoria ou conservação que podem ser feitas em um bem. Dividem-se em três
tipos: necessárias, como o conserto de um telhado; úteis, como a colocação de um chão
antiderrapante; e voluptuárias, como a colocação de um papel de parede em uma parede
conservada. Essa questão gera polêmicas no que diz respeito a contratos de locação.
∙ Pertenças
São bens que, embora separáveis, são mantidos no bem principal de forma permanente;
armário embutido, por exemplo, ar condicionado split e outros, em princípio não precisam estar
incluídos no ato da venda do imóvel, mas nada impeça que estejam.
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Obs.: Bens públicos - Segundo o artigo 98* CC, são bens que pertencem a pessoas públicas
internas - Poder Público - de domínio nacional; logo, tudo que não for de titularidade do poder
público será bem particular. Podem ser divididos em bens de livre acesso - praças, mares - uso
especial - edifícios etc. - ou dominicais.
Conforme o artigo 102* CC, bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Nesse raciocínio,
existe o questionamento sobre quando o bem deixa de ser particular para ser considerado
público: quando é caracterizado como terra devoluta, ou seja, propriedade sem registros nem
público nem particular, ou quando a propriedade é herança vacanti, ou seja, herança sem
herdeiro; não obstante, só serão considerados pertencentes ao Poder Público quando
trasferidos para uma pessoa pública.
Aula 11 - 14/09/18
Domicílio
O domicílio é um componente do setor jurídico, sendo onde geralmente são fixadas as relações
jurídicas. É definido como o local onde a pessoa natural estabelece sua residência com ânimo
definitivo, ou seja, ela pode ter mais de uma residência mas só um domicílio (a não ser em casos
que serão citados mais a frente) - art 70*, CC. É a partir do domicílio que serão estabelecidos os
locais onde ocorrerão certas relações jurídicas como a intimação de um processo, a região de
eleição etc.
Obs.: Ainda no tocante às relações jurídicas, um pequeno adendo sobre o estado civil afirma que
ele diz respeito à ao estado da pessoa em relação ao ordenamento e à medida de liberdade de
manipulação de seus bens - no casamento, por ex., não existe muita liberdade porque o cônjuge
precisa ser consultado.
O artigo 71*, CC, irá afirmar que, na hipótese da pessoa natural apresentar diversas residências,
qualquer uma delas poderá ser escolhida como domicílio, sendo os outros classificados como
voluntários.
Similar a esse caso, o artigo 73* irá permitir que, se uma pessoa natural não tem residência
habitual, seja domicílio o local no qual ela se encontrar no momento. Nesse caso, a citação
judicial feita a essa pessoa poderá ser realizada também por edital, em um veículo público, já
que pode ser difícil encontrá-la.
Além do domicílio pessoal, a pessoa natural pode também dispor de domicílio profissional,
conforme artigo 72*, CC, sendo que ele irá existir em cada local no qual a pessoa exercer
profissão, conforme as relações necessárias - ex.: dentista que possui vários escritórios.
O artigo 74* discorre sobre a possibilidade de mudança de domicílio, desde que manifesta a
intenção de mudar.
No caso das pessoas jurídicas, o domicílio será, no caso dos entes federativos, onde estiver a
capital ou a administração municipal; o das demais pessoas jurídicas será o local em que estiver
a administração ou outros casos especiais. O parágrafo primeiro irá dispor sobre o caso de
pessoa jurídica com diversos estabelecimentos: cada um deles será considerado domicílio - ex.:
se for processar o banco, por exemplo, não precisa processar a sede, e sim a filial onde ocorreu
o problema. Já o parágrafo segundo discorrerá sobre pessoas jurídicas estrangeiras e que o
domicílio delas será o local em que elas se localizarem no país; o problema está no caso de
empresas que não têm estabelecimento algum no Brasil, como empresas estrangeiras virtuais.
O artigo 76* irá estabelecer o domicílio necessário, ou seja, determinados domicílios que são
irrecusáveis quando relacionados aos seus respectivos agentes, ou seja, o incapaz, o servidor
público, o militar, o marítimo e o preso não podem invalidar seus respectivos domicílios, sendo
eles o de seu representante, o lugar em que exercer suas funções, o local onde servir, onde o
navio estiver e o lugar em que cumprir a sentença.
rdinários
Fatos Jurídicos Naturais --> O
--> Extraordinários
Fatos jurídicos são apenas acontecimentos que têm expectativa de produzir consequências
jurídicas concretas, sendo o termo "expectativa" aplicado porque, por exemplo, um testamento, é
um fato jurídico que pode acabar não produzindo efeitos jurídicos - embora tenha essa
possibilidade - se for revogado.
O fato natural ou social é o fato que não envolve consequências jurídicas - ex.: conversar em aula;
já comprar um brigadeiro seria fato jurídico, porque se o comprador passar mal, poderia agir
juridicamente contra o vendedor.
Em outra categoria, os fatos jurídicos naturais são aqueles controlados pela força da natureza que
acabam por produzir efeitos jurídicos - ex.: engravidar, nascer, morrer, fenômeno natural que
causa desastres e mortes etc.*
Dentro dos fatos jurídicos naturais, tem-se os fatos ordinários, que são aqueles frequentes e
previsíveis, como o nascimento e a morte, e os fatos extraordinários, que não são frequentes e
nem previsíveis, como a queda da ciclovia.
Os fatos jurídicos voluntários (ou atos jurídicos em sentido amplo), são os que ocorrem por força
do homem, ou seja, são derivados da conduta humana.
Dentro desses atos jurídicos em sentido amplo, tem-se os atos lícito e ilícito. O ilícito é aquele cuja
prática, omissão, imprudência ou negligência viola os dirietos de outro indivíduo, conforme
previsto no artigo 186*, CC.
Já o lícito é toda conduta que está dentro dos ditames do ordenamento jurídico. Esse elemento
apresenta três subtipos: no negócio jurídico a principal característica é a possibilidade de mudança
de disposições de um contrato, concomitante à escolha das consequências dessas mudanças, ou
seja, as partes dispõem de liberdade negocial - ex.: estabelecer como uma doação será feita. Já o
ato lícito em sentido estrito, embora seja possível a mudança de algumas partes do contrato, não é
possível alterar suas consequências, pois quem as determinará será a lei - ex.: pai que pode
escolher como pagará a pensão do filho, mas que não pode deixar de pagá-la. Por último, o
ato-fato jurídico...
Aula 12 - 18/09/18 - Continuação
O que geralmente causa problemas jurídicos são os atos jurídicos, ou seja, os atos dependentes
das ações humanas, e não os fatos jurídicos naturais, porque nesse tipo de caso geralmente não
existe um culpado.
Situações que afastam determinadas hipóteses de responsabilidade de uma pessoa. Nesse caso,
ela será exonerada. Com outras palavras, essa noção é um tipo importante de argumentação de
exclusão de responsabilidade, porque não é a conduta da pessoa que está causando danos - ex.:
não comparecer à reunião por chuva no aeroporto. Alguns autores fazem a distinção: caso fortuito
é relacionado a eventos imprevisíveis e irresistíveis, relacionado às forças naturais. Já a força
maior, nessa distinção, é evento previsível porém inevitável. Acidente de ônibus por pista
escorregadia, que é uma grande polêmica, é caso fortuito, já que a culpada é a chuva.
É o ato jurídico no qual o sujeito pode apenas escolher se pratica ou não o ato, pois não possui
poder negocial, o que implica em não poder alterar os efeitos da vontade manifestada, ou seja,
suas consequências não podem ser modificadas - ao reconhecer a paternidade, por ex., não pode
estabelecer efeitos disso, que estão previstos em lei, não tem liberdade negocial.
Tratado no artigo 185*, atos jurídicos são aqueles que não são negócios jurídicos, mas as normas
que serão aplicadas em ambas são as mesmas.
Escolhe o ato, manifesta a vontade quanto às consequências do ato, que podem ser escolhidas. As
partes do conteúdo negocial podem criar e transformar os efeitos e consequências do contrato.
Ato no qual partes podem criar, modificar ou excluir direitos. Pode ser unilateral ou bilateral - ex.:
testamento é unilateral; compra e venda é bilateral.
Relacionados aos atos e fatos praticados tanto por pessoas relativamente incapazes quanto
absolutamente incapazes. Leva em conta que esses indivíduos também praticam atos e fatos que
não podem ser nulos, porque prejudicaria o incapaz - ex.: garoto perder dinheiro porque comprou
ingresso do cinema e não podia. A teoria, então, irá falar que determinados atos e fatos não
necessitam da capacidade plena do indivíduo, como exemplo, principalmente, das atividades
cotidianas. É emprestar validade aos negócios jurídicos praticados por pessoas incapazes ou
relativamente incapazes, desde que o ato esteja de acordo com o nível de amadurecimento e
consciência do agente, conforme artigo 138*. Essa validade poderá caber tanto ao ato quanto ao
negócio jurídico.
Esses planos estão relacionados a normas que determinam a partir de quando o negócio existe, ou
seja, a partir de quando o negócio foi celebrado - normas que determinam os requisitos para o
negócio ser válido e normas que determinam se ele é eficaz. O negócio sobre a contratação de um
matador de aluguel, por exemplo, seria existente, mas invalidado.
Artigo 104* - validade e existência do negócio jurídico requer 1) agente 2) objeto 3) forma, tudo
isso ligado pela manifestação de vontade.
- Elementos essenciais
Formam o negócio jurídico, em sua existência. Já para o negócio ser válido, elas precisam não
apenas estar presentes, como também terem seus requisitos completados. Também são os
elementos necessários ao ato jurídico em sentido estrito.
> Partes
Para qualquer negócio ou ato jurídico - com exceção de ato-fato - ser válido, partes precisam ser
capazes, na forma do artigo 5*, CC.
> Objeto
É o objetivo das partes, que não necessariamente é material, pois pode ser um serviço. Para o
u determinável.
negócio ser válido, esse objeto precisa ser lícito, possível, determinado o
Licitude t em a ver com o fato do objeto não poder apresentar qualquer grau de ilicitude e com o
fato de as condutas adotadas não serem proibidas em lei - ex.: pessoas sem carteira da OAB
advogarem em processos.
> Formas
Tem que ser prevista ou não defesa (proibida) em lei. A forma do negócio jurídico é livre, no
contexto brasileiro - verbal, escrita, escritura pública etc., se a lei não determinar a forma, como
no modo do artigo 108*.
Artigo 105* exprime que uma pessoa capaz não pode se aproveitar de um relativamente incapaz
para cometer algo ilícito, já que a instituição da incapacidade existe apenas para beneficiar o
incapaz - ex.: celebrar contrato com pessoa de 16 anos e depois alegar que ele era incapaz e tirar
proveito disso.
Artigo 106* tem relação com impossibilidade absoluta - objeto impossível para qualquer pessoa -
e com impossibilidade relativa - objeto impossível para a maior parte das pessoas, mas possível
para alguns. A absoluta invalida o negócio jurídico, mas a relativa não invalida no início, e se o que
era impossível tornar-se possível, passará a ser considerado válido - ex.: alguém que poderia não
assumir um cargo por não ter determinado diploma consegue tal diploma. O artigo, então, afirma
que a impossibilidade inicial não irá invalidar o negócio, desde que ou seja relativa ou torne-se
possível antes de ser realizado o ato que o envolve.
Aula 20/09/18
Essa classificação diverge de autor para autor, já que o direito não é uma ciência exata, e deve ser
estudada porque as normas variam de acordo com o tipo de negócio. Negócio: ato de vontade no
qual as partes tem como objetivo criar, modificar ou extinguir um direito.
Será unilateral quando praticados por apenas uma parte, por meio de uma declaração de vontade,
que a própria pessoa estabelece os termos do neócio - ex.: promessa de recompensa; testamento,
até menor pode praticar sozinho - bilateral - duas partes, a maioria dos negócios é desse tipo -
plurilateral - mais de duas partes - ex.: associação, pois são várias partes que manifestam sua
vontade; acordo de partilha de herança.
O número de partes não pode ser confundido com o número de pessoas, porque se uma ou mais
pessoas estão unidas pelo mesmo interesse.
e negócios jurídicos.
*Contratos são espécies d
Parte da noção de que pode existir um negócio jurídico onde só uma delas tem obrigações, sendo
unilateral - ex.: doação, só o doador tem obrigações, o donatário não. O bilateral é quando
existem obrigações reciprocamente atribuídas, sendo esses os mais comuns. Alguns autores vão
confundir bilateral com sinalagmático, e outros vão dizer que signamalático corresponde a
"comutativo".
Gratuito é o negócio em que somente uma das partes tem perda patrimonial, enquanto a outra só
tem ganho. No negócio oneroso, ambos tem perdas e ganhos recíprocos. Doações, por exemplo,
são características por não exigirem uma contraprestação. Essa doação, contudo, pode não ser
pura, ou seja, existe também na forma condicionada. Além disso, existe também a doação com
encargo, na qual é estipulada que o donatório precisa cumprir algum favor; dessa forma, ela ainda
será gratuita, contudo, torna-se bilateral. Logo, percebe-se que podem existir negócios bilaterais
gratuitos. Para avaliar se é oneroso ou não é necessário ver se ambas as partes têm perda
patrimonial.
É aqui que cabe a correspondência, para alguns autores, de comutatividade e sinalagmático. Essa
nova classificação está relacionada à pergunta de se as prestações das partes nesse negócio são
equivalentes o u não. Compra e venda, por exemplo, sim, já raspadinha, se ganhar, não. Nos casos
em que não há equivalência, chama-se o negócio de aleatório, que conta com o elemento "alea",
sorte, ou seja, paga a prestação sem saber a contraprestação que terá de volta - ex.: Já quando há
correspondência entre as prestações das partes, tem-se a comutatividade, e nesse caso é
conhecida a contraprestação que a prestação do indivíduo gerará.
Existem dois tipos de negócio aleatório: incerteza em relação à quantidade, mas sabendo que a
contraprestação irá existir, outro com incerteza tanto em relação à existência da contraprestação,
quanto à quantidade, se existir, sendo esse o caso de aleatoriedade máxima.
O negócio ser solene significa que a lei não estabelece apenas uma forma, ou seja, estabelece
também uma solenidade para que ele tenha validade - ex.: testamento, casamento. A condição de
validade do négocio formal é exclusivamente o meio pelo qual o negócio tem quer celebrado - ex.:
doação.
- Contrato adesão ou paritário
É de adesão o negócio no qual uma das partes não pode alterar seus termos, não constroem
juntas, a outra adere ou não. Diferentemente do negócio em geral, onde podem ser definidos o
que será contratado, em que termos etc., no contrato de adesão não pode ser escolhido. No
paritário, as duas partes determinam juntas as partes do contrato.
É uma atividade normativa necessária, quando existe a possibilidade de uma das normas/cláusulas
do contrato apresentar duas opções distintas de interpretação - ex.: locação de um imóvel no
exterior por pessoas que acreditavam que todas as taxas estavam incluídas, ou seja, existia uma
claúsula que fez com que elas pensassem assim, mas na verdade, essa cláusula significa outra
coisa para o locatário.
Art 112* - Regra da interpretação efetivamente, será de acordo com a teoria mista, uma mistura
da teoria da vontade real e teoria da vontade declarada. O 112* está de acordo com a teoria
mista, ou seja, o que constitui o vínculo jurídico entre as partes é a manifestação de vontade
realizada. Se o negócio for escrito, poderia ocorrer a interpretação de três formas: da vontade
declarada, que afirma que o negócio jurídico expressa todos os detalhes da manifestação de
vontade das partes. Já outra forma seria de acordo com o que as partes efetivamente queriam, e
não necessariamente com o que está escrito - vontade real - o que ocasiona uma insegurança
jurídica.
O artigo, então, estabelece a teoria mista, que parte da vontade declarada e busca a vontade real;
se a vontade real for extremamente diferente da vontade declarada, não terá como ser buscada,
mas alguns de seus detalhes podem, sim, serem encontrados. Diante disso, em casos de dúvidas
em relação ao sentido das cláusulas do contrato, parte-se da vontade escrita e busca-se o que as
vontades queriam, conjugando as duas teorias referidas.
É aqui que entram os elementos de interpretação, uma vez que a manifestação de vontade/o
negócio já foi feita, são os valores utilizados, efetivamente, para interpretar o negócio jurídico.
- Reserva mental - art 110* - Afirma que, no momento de celebração do negócio jurídico, é feita
uma manifestação de vontade, mesmo sendo diferente da vontade que estava em seu foro íntimo
e que não foi manifestada. Se o destinatário da vontade sabia que essa outra vontade existia -
reserva mental - ela será integrada à manifestação de vontade. Ex.: recompensa pelo gato -
vizinho que souber que a vontade oculta (não querer achar o gato) existe, terá noção dessa outra
esfera da manifestação de vontade, desde que ela seja provada - o que é difícil, pois como provar
uma vontade? - por seu emanador.
Nesse caso, então, a recompensa poderia ser anulada apenas para esse vizinho, e não para o resto
dos destinatários da vontade emitida inicialmente - que acham que o emanador da vontade
deseja que o gato seja encontrado. Reserva mental ocorre, então, quando existe a intenção de
declarar "A", que acaba por ser ocultada, o que faz com que a vontade que venha a ser declarada
seja "B".
- Boa - fé - art 113* - Se uma das partes interpreta a claúsula de forma "A", e outra parte de forma
"B", a interpretação final a ser dada deverá ser de acordo com a boa-fé objetiva - ex.: comprador
acha que o item não tem frete, enquanto o vendedor sim; para gerar o resultado dessa
interpretação, será utilizada a boa-fé objetiva, que afirma que a pessoa precisa agir, efetivamente,
além de seus interesses egoísticos, e não apenas ter essa boa-fé na intenção. Diante disso, a
boa-fé objetiva, nesse caso, implicaria que o vendedor tivesse avisado ao comprador que o item
ocasionaria frete.
Definição: a boa-fé objetiva, inserida no CC/2002 a partir do princípio da eticidade, diz respeito à
conduta esperada dos agentes, de modo que atuem e m benefício não somente de seus próprios
interesses, mas também, dos interesses do negócio, isso significa que deverão ser observadas
condutas como: transparência, informação, sigilo e todas as outras que disserem respeito à
preservação dos interesses de todos os contratantes.
- Costumes - art 113* - Costumes locais. Tira-se a dúvida sobre uma parte do negócio de acordo
com a prática e os costumes daquela localidade onde o contrato foi realizado.
- Negócios benéficos - 114*- São aqueles gratuitos - uma das partes dispõe de direitos e outra
recebe direitos - já a renúncia envolve uma das partes abrir mão de seus direitos sem benefício
para outra parte. Esses casos são interpretados estritamente, conforme a declaração de vontade,
ou seja, não podem ser alargados. Ex.: renunciar (ou dispor de algo) à herança do pai, achando
que ele só possuía um apartamento ruim, não implica que, caso outros imóveis apareçam, a
pessoa tenha renunciado a esses também.
Renúncia tem que ser feita com a menor onerosidade possível a quem fez a manifestação de
vontade.
Art 112* - Regra da interpretação efetivamente, será de acordo com a teoria mista - teoria da
vontade real e teoria da vontade declarada. O 112* está de acordo com a teoria mista
--> Elementos
- Elementos essenciais - Partes, objeto, forma e consentimento. Atuam no plano de existência,
enquanto requisitos de validade atuam no plano de validade.
São situações nas quais pegamos os efeitos tradicionalmente dispostos para o negócio jurídico e
os modificamos, estaremos incluindo elementos acidentais nesse negócio. Esses elementos não
estão presentes em todos os negócios, como os simples e tradicionais; podem ser incluídos ou
não, alterando os efeitos do negócio. Podem ser de três tipos: condições, termo e encargo.
negócio a presentará uma informação relacionada a quando o ele deverá ser utilzado,
- Termo - O
ou seja, quando poderão ser realizados seus efeitos. Subordina-se os efeitos do negócio jurídico a
um acontecimento futuro e certo - ex.: convite para parque aquático.
- Encargo - Determina-se que o beneficiário do negócio jurídico tenha que cumprir um favor em
benefício de um terceiro. É um ônus que afeta os efeitos, caso não seja cumprido - ex.: doação
estabelecida desde que quem receba realize um ônus.
- Elementos naturais - Não estão presentes em todo negócio jurídico, mas são peculiares e
fundamentais para alguns - como o preço, para a compra e venda; nesse caso, o preço seria o
elemento natural da compra e venda. O elemento natural está presente em todos os negócios
jurídicos daquela espécie em específico.
∙ Condição - art 121* - A condição precisa ser voluntária, não é parte do negócio.
Subordina o negócio a um caráter futuro - ex.: sorteio precisa ser futuro, ou seja, mesmo
que a pessoa não soubesse que o sorteio ocorreu, não poderia ser negócio válido - a
compra do bilhete.
Tem-se também a incerteza, j á que é uma condição (conforme a condição do tópico acima).
Além de ser futuro e incerto, essa condição nunca será a partir de uma promessa, e sim de uma
doação.
Por último, o negócio tem que poder existir separadamente da condição, ou seja, ela nunca será
parte necessária do negócio, será sempre implementada pela vontade das partes e, por isso,
acidental - e que alterará os efeitos do negócio.
- Conceito - Não é parte do negócio jurídico obrigatório, só é incluída porque ambas as partes
querem, mesmo que minimamente. O que não for ilícito, será estabelecido ou não no contrato de
acordo com a vontade das partes. Subordina e vincula os efeitos do negócio jurídico a um evento:
futuro e incerto e escolhido pelas partes. Condição é mais comum no negócio gratuito, mas pode
estar presente no negócio oneroso - ex: compra e venda de uma bicicleta que só estará efetivada
se o comprador se mudar para certo lugar.
Nessa espécie, mesmo antes da condição, o negócio já existe e é válido - ex.: doação já estaria
concretizada, mas só poderia ser efetivada com a realização da condição.
Condições Resolutivas - É aquela condição que põe fim aos efeitos do negócio jurídico. A condição
extingue os efeitos de determinado negócio - ex.: empréstimo de apartamento só durará até que
a condição seja implementada - que é o casamento; se ele casar-se - condição ser implementada -
não poderá mais usar o apartamento. Ou seja, nessa espécie, efeitos do negócio são produzidos
imediatamente e são extinguidos assim que a condição se implementa. Art 127.
Nessa espécie, o negócio já existe, já é válido e já é eficaz, sendo que seus efeitos serão
terminados na data em que a condição for implementada.
Muitas vezes, a concretização de uma condição suspensiva em um negócio pode ser também a
condição resolutiva de outro - ex.: apartamento passa pro nome do outro irmão se o primeiro
passar no concurso.
Se a condição for suspensiva, os efeitos que serão gerados pela implementação da condição serão
retroagidos ao início da celebração do contrato, o que faz com que quaisquer fatos nesse meio
tempo que estejam contra os efeitos implementados pela concretização da condição sejam
afastados - ex.: o irmão que tinha o apartamento que seria doado ao irmão mais novo caso
passasse no concurso quer vender porque desiste do concurso, vende, mas o irmão que iria
ganhar o apartamento ainda tem o direito de ganhá-lo, mesmo com a venda, ou seja, essa venda
será afastada - já que é incompatível com a condição; isso representa a retroatividade da
condição.
São lícitas as condições de acordo com os bons constumes etc. e são defesas as que acabarem
com os efeitos do negócio ou que for vinculada ao puro arbítrio de uma das partes - ex: dar
bicicleta se me achar bonita amanhã.
123*, prevê hipóteses nas quais a condição invalida o negócio jurídico. Podemos ter duas
conclusões: condição, por ser inválida, invalida todo o negócio jurídico - ex.: subordinar efeitos a
uma condição suspensiva física ou juridicamente impossível; ou então se a condição for ilícita,
também invalidará todo o negócio jurídico - ex.: condição, cometer crime. As incompreensíveis ou
contraditórias referem-se a dificuldades de absorver o que está sendo diciplinada pela condição,
também invalidando todo o negócio jurídico. Apenas a do 124* que só a condição será
desconsiderada, e não invalidará todo o negócio - ex.: condição resolutiva de não parar de dar
dinheiro desde que a pessoa não atravesse o Atlântico nadando - se fosse suspensiva invalidaria
todo o negócio, mas como é resolutiva será apenas ignorada, já que os efeitos não são
dependentes dela e, portanto, o negócio pode continuar válido. Apenas a condição suspensiva
invalida o negócio.
Art. 130* fala sobre o fato de, mesmo que o indivíduo ainda não tenha o direito garantido - já que
a condição ainda não foi implementada - ele pode dispor de atos judiciais de conservação de seu
direito - ex.: reintegração de posse;
Aula 15 - 02/10/18
∙ Termo
- Conceito - Subordina os efeitos do negócio jurídico a um evento que é futuro mas é certo. O
direito, no momento de celebração do contratato, já é adquirido, contudo, não pode ser exercido
com plenitude. O contrato gera os direitos, que não podem ser exercidos antes da concretização
do termo (momento).
- Espécies:
- Conceito - Não existe nem uma situação que impede a aquisição do direito e nem uma situação
que impede o exercício do direito. É apenas uma disposição relacionada ao indivíduo que irá
recebê-lo, referente a si mesmo ou a terceiros. O encargo só não pode ser ilícito nem impossível e,
se for, apenas será excluído do contrato, e não o anulará. O 136* fala que se o encargo for
considerado condição suspensiva, será tratado como tal e, por isso, suspenderá os efeitos do
negócio jurídico.
O encargo, se for descumprido, poderá fazer com que qualquer interessado relacionado ao
doador - ou o próprio - entre com uma ação para fazer com que o indivíduo cumpra o encargo. O
negócio só pode ser desfeito pelo próprio doador - ex.: testamento, será exigida a execução do
encargo, e não poderá ser retirado o negócio, já que o indivíduo testamentário já morreu.
- Comparação
Matéria vai até teoria geral do fato jurídico (o quadro todo cai) - dia 13.
Aula 16 - 09/10/18
Podem existir por vícios de consentimento - erro, dolo, coação, estado de perigo*, lesão - ou por
vícios sociais - fraude contra credores, simulação.
*o estado de perigo poderia ocorrer, por exemplo, no caso de abuso de preço no qual uma pessoa
pode optar por pagar mais caro por determinado produto devido ao estado de perigo (de
necessidade) no qual se encontrava; nesse caso, mais tarde, passado o perigo, ela pode optar pela
anulação do negócio, já que ocorreu um vício na manifestação de vontade.
Aparece quando a manifestação de vontade do negócio jurídico não é válida nem verdadeira; é
importante lembrar que a manifestação de vontade é a causa da validade basilar do negócio. Os
tipos de vício de consentimento diferem-se quanto aos motivos que causaram tal violação, além
disso, nesse tipo de vício, é possível anular os efeitos do negócio para que as partes retornem ao
estado anterior ao contrato.
∙ Erro
No Código Civil de 1916, a anulação do contrato era possível com a única condição de a parte
lesada perceber o erro, contudo, na primeira definição de negócio jurídico do novo Código,
constavam alterações. Parte delas, a partir da introdução do princípio da boa fé objetiva, afirma
que o contrato pode ser passível de anulação não desde que uma das partes tenha enganado a
outra, mas desde que ela poderia perceber u ma característica substancial que mudaria a vontade
da outra parte sobre o negócio e não avisou, pois não agiu com cautela - ex.: um indivíduo vende
um quadro de um Romero Britto que na verdade não é o mesmo que a outra parte achou que era.
No erro, então, uma das partes manifesta sua vontade desconhecendo uma característica
substancial do negócio mas não por ter sido enganada, e sim porque se equivocou - art 138*.
O erro acidental não apresenta como consequência a anulabilidade, já que apenas configura um
equívoco em relação a algo que não é fundamental ao negócio - ex.: quadra de um condomínio
recém construído não tem as mesmas medidas que o comprador achou que teria, nesse caso, não
cabe a anulabilidade, e sim um processo por propaganda enganosa, por exemplo.
Apenas o erro substancial gera a anulação do negócio, em situações previstas em lei - artigo 139* -
como: inciso I - erro substancial em relação à natureza d o negócio, ou em relação ao objeto
principal ou suas qualidades - ex.: vizinho pensa que oferecimento da vaga de carro foi
empréstimo quando na verdade foi aluguel; inciso II - erro em relação à identidade ou a uma das
qualidades de uma das pessoas do negócio, desde que relevante - ex.: contrato de um encanador
que não sabe mexer em canos; inciso III - erro de direito está relacionado à alegação de
desconhecimento da lei para anular o negócio. Isso pode ser feito desde que essa alegação de lei
desconhecida que prejudica seu negócio seja utilizada não para forçar a realização do negócio,
mas para anulá-lo para que a pessoa não seja prejudicada - ex.: alegar que não sabia de lei que
não permite importação de desodorantes para devolver os desodorantes ao país de origem, e não
forçar sua entrada no país.
O artigo 138*, conforme referido, fala sobre o erro como sendo a hipótese de uma das partes do
contrato evitar a percepção do erro da outra parte, desde que essa pessoa seja de diligência
normal e pensando que ela deveria agir dotada de boa-fé objetiva.
Alguns autores admitem, para que esse erro possa ser alegado, o princípio da escusabilidade do
erro, ou seja, o erro cometido precisa ser razoável, e não um erro absurdo de uma pessoa
extremamente desatenta.
Aula 17 - 25/10/18
- Erro - obs.: não é mais necessário que o erro seja escusável, só uma corrente minoritária
afirma isso. No erro não há culpado, e ele faz parte de vício de consentimento, que abriga
também o dolo, a coação, o Estado de Perigo e a lesão.
Conceito, espécies, dolus bonus x dolus malus, dolo de terceiro. No dolo existe o atuar intencional
de alguém, que é quem provoca o engano; esse alguém pode ser o contratante B ou um terceiro.
- Espécies:
> Dolo por ação - O sujeito enganador apresenta uma conduta ativa.
> Dolo por omissão - O sujeito enganador apresenta conduta passiva, na qual omite
intencionalmente uma característica substancial do negócio/objeto de negócio.
Irá existir dolo sempre que a realização do negócio por parte da pessoa enganada for por causa
desse engano, ou seja, a pessoa só faz o negócio por ter sido enganada.
A conduta dolosa pode ser praticada por uma das partes ou por terceiro; se for por uma
das partes, o negócio será anulado, contudo, se for por terceiros, para que o negócio seja
anulado é necessário que a parte do negócio que foi beneficiada tenha conhecimento ou
condições para ter conhecimento da enganação, caso contrário, acontecerá apenas o fato
de o terceiro ter de pagar indenização por perdas e danos, mas o negócio não será
anulado.
Pode ser que esse terceiro seja representante d e uma das partes, o que gerará a mesma
necessidade de condição de se a parte representada sabia ou tinha condições de saber o
engano que seu representante causou. Caso tal representante seja legal, significa que a
parte não pôde escolhê-lo e, por isso, se sabia ou tinha condições de saber o engano,
responde apenas no limite de seu benefício. Já caso o representante seja convencional,
significa que a parte o escolheu e, por isso, terá o elemento da solidariedade, ou seja, o
representado responderá junto com o representante.
O artigo 150 prevê o dolo bilateral, no qual ambas as partes estão enganando, então não poderá
ser realizada a anulação do negócio.
O Estado de Perigo será aqui abordado pelos elementos: conceito e requisitos; enquanto a
Lesão será abordada pelos elementos: conceito, requisitos e direito de manter o negócio.
Ambos afetam a manifestação de vontade e são n ovos, por isso pouco especificados.
Apresentam um ponto em comum: uma das partes celebra o contrato optando por pagar
mais por necessidade; a diferença está no motivo da necessidade. No Estado de Perigo, a
necessidade é de salvar a si mesmo o u a alguém de sua família, já na lesão, a necessidade
se dá vinculada a outro fator ou por aceitação do contrato excessivamente oneroso por
inexperiência - um exemplo de outro fator, por exemplo, seria pagar uma conta na Renner
contraída por outra pessoa em seu nome, a fim de limpar o nome e conseguir adquirir um
imóvel.
É importante salientar que a obrigação, nos dois institutos, precisa ser excessivamente
onerosa por uma necessidade, e não por escolha própria.
O problema na lesão é que a anulação não irá fazer com que as pessoas voltem ao estado
anterior - conforme significado de anulação - pois, por exemplo, na aceitação de excesso
de onerosidade por necessidade em cirurgia médica a pessoa já terá sido operada e não
terá como retornar ao seu estado anterior; nesse caso, então, diz-se que o que ocorre é
apenas revisão do negócio e restituição patrimonial.
Outra diferença está no fato de que, no caso da Lesão, a parte que não foi lesada pode
requerer o direito de manter o negócio caso afaste a onerosidade excessiva e adeque o
negócio a custos normais, com isso, a parte lesada perde o direito de anular o negócio.
Aula 18 - 01/11/18
Coação
A coação é o último vício de consentimento que estudaremos; aqui, o que leva o indivíduo
à celebrar o contrato não é nem o desconhecimento (erro), nem a fraude (dolo), mas o
medo. Esse medo/coação precisa ser uma ameaça mais grave a celebração do contrato,
que irá justificar sua celebração mesmo contra a vontade do indivíduo
A coação absoluta não chega a ter manifestação de vontade, pois é caracterizada como
sendo uma coação física irresistível - ex.: pessoa forçada a colocar a senha do banco pois
tem uma arma apontada para si. Nesse caso, o negócio é inexistente, o que faz com que
nem exista a possibilidade de anulação - em termos técnicos, ou seja, não é necessário
provar o defeito do negócio para voltar ao estado anterior ao negócio, só de ter a coação
absoluta já torna isso possível automaticamente sem o instituto da anulação; o efeito do
retorno ao estado anterior, portanto, é o mesmo.
→ Temor reverencial
Ocorre entre pessoas com diferentes posições hierárquicas, mas que não necessariamente
configuram ameaça - ex.: superior da professora que solicitou a compra de seu livro. O
constrangimento causado pelo temor reverencial não é suficiente para anular o negócio -
poderia gerar, no máximo, em casos particulares, reparação de danos. Esse tipo de
situação geralmente ocorre onde existir hierarquia: família, trabalho etc.
A observância das condições pessoais de cada indivíduo permite considerar a ameaça mais
ou menos grave de acordo com as características de cada um. Se a ameaça for física, por
exemplo, serão consideradas as condições físicas da vítima para entender se a causa de
celebração do negócio foi, efetivamente, a ameaça - ex.: professora disse que ninguém se
sentiria ameaçado por ela.
Percebe-se, então, que, para existir coação, ela precisa ser a causa que justifica o negócio,
e sempre dependerá de interpretação das condições pessoais e de se o negócio foi
celebrado por sua causa.
→ Coação de terceiros
A coação de terceiros está descrita nos artigos 154 e 155 do Código Civil, e parte do
pressuposto de que a coação pode ser praticada por um dos celebrantes do negócio ou
por terceiros. Nesse caso, a realização da anulação é parecida com a do dolo: só irá
ocorrer caso a parte que tenha se aproveitado tivesse ou pudesse ter tido conhecimento
da coação, o que irá fazer com que responda solidariamente com o coator; caso contrário,
o terceiro coator irá arcar com perdas e danos, mas o negócio não será anulado.