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Guia de Orientações para a Prática Docente

Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

Presidente
José Roberto Tadros

Departamento Nacional

Diretor-Geral
Sidney Cunha

Diretora de Educação Profissional


Anna Beatriz Waehneldt

Diretor de Operações Compartilhadas


José Carlos Cirilo

Coordenação editorial
Assessoria de Comunicação

Senac – Departamento Nacional


Av. Ayrton Senna, 5.555 – Barra da Tijuca
2
Rio de Janeiro – RJ – Brasil
CEP 22775-004

www.senac.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação


(Luis Guilherme Macena – CRB-7/6713)

Senac. Departamento Nacional.


Guia de orientações para a prática docente / Senac, Departamento Nacional. — Rio de Janeiro : Senac,
Departamento Nacional, 2020.
16 p. : il. color. ; 30 cm. — (Trilha Senac de Desenvolvimento Socioemocional ; 1)

1. Senac. 2. Plano de Trabalho Docente. 3. Competência Socioemocional. 4. Modelo Pedagógico


Senac. I. Título. II. Série.

CDD 370
Trilha Senac de
Desenvolvimento Socioemocional
Maio de 2020

Guia de Orientações para a Prática Docente


Sumário

Apresentação 5

O que são habilidades socioemocionais 6

Qual a abordagem do Senac para as habilidades socioemocionais 7

Trilha Senac de Desenvolvimento Socioemocional 8

Antes do curso 10

Durante o curso 12

Depois do curso 15

Sugestões de ferramentas educativas 16


Apresentação
Bem-vindo à Trilha Senac de Desenvolvimento Socioemocional.

A trilha é um conjunto de cursos de aperfeiçoamento nos temas de criatividade,


comunicação, colaboração, pensamento crítico e atitudes sustentáveis.

Esses cursos são parte do esforço do Senac em desenvolver programações alinhadas às


demandas atuais por profissionais que, além de dominarem as competências constantes
nos perfis das ocupações, sejam capazes de agir com sucesso em ambientes de trabalho
cada vez mais complexos e dinâmicos.

Compõem a Trilha os Planos de Curso de Referência (PCRs) e seus respectivos Planos


de Trabalho Docente (PTDs), nos quais são apresentadas situações de aprendizagem
estruturadas a partir do ciclo ação-reflexão-ação, conforme premissas do Modelo
Pedagógico Senac.

Este guia de orientações tem por objetivo apresentar referências úteis ao seu
trabalho na Trilha Senac de Desenvolvimento Socioemocional. As referências estão
organizadas em três momentos: antes, durante e depois do curso.
O que são habilidades socioemocionais?
São habilidades desenvolvidas a partir da nossa inteligência emocional e se referem à
forma como nos relacionamos conosco (relação intrapessoal), com outras pessoas e
o mundo ao nosso redor (relação interpessoal). Três grandes conjuntos de habilidades
compõem os pilares socioemocionais:
•• sociais: expressam o relacionamento com o mundo externo e com as pessoas ao
redor. Dizem respeito às capacidades de colaborar, lidar com regras, comunicar-se,
resolver conflitos e atuar em ambientes competitivos de maneira saudável;
•• emocionais: referem-se à capacidade de lidar com as próprias emoções.
Representam habilidades como aprender a ganhar e a perder, aprender com os
erros, ter responsabilidade, autoconfiança, resiliência e controle emocional.
•• éticas: referem-se a agir para o bem comum. Respeito, tolerância, aceitação
das diferenças e do impacto das próprias ações no mundo. São qualidades
importantes.

Criatividade e pensamento crítico são considerados habilidades híbridas porque


agregam tanto aspectos de natureza socioemocional, que têm a ver com a relação
consigo mesmo e com o outro, como de ordem cognitiva, tais como: saber pesquisar;
categorizar informação e identificar características de fenômenos e objetos.
6
Qual a abordagem do Senac para as habilidades socioemocionais?

Marcas Formativas Senac Existem diversas abordagens no estudo das


Espera-se que o profissional formado habilidades socioemocionais.
pela Instituição evidencie domínio Para elaboração dos cursos da trilha, o Senac
técnico-científico em seu campo
se embasou no modelo 4Cs1 – colaboração,
profissional, tenha visão crítica sobre
criatividade, comunicação e pensamento crítico
a realidade e as ações que realiza e
–, por ser o que mais se alinha à perspectiva
apresente atitudes empreendedoras,
das Marcas Formativas Senac, já amplamente
colaborativas e sustentáveis, atuando
com foco em resultados.
difundidas no Modelo Pedagógico da Instituição2.

Figura 1 - Marcas Formativas Senac


Conjunto 4CS Trilha Senac de Desenvolvimento
Domínio técnico-científico Habilidades Socioemocionais Socioemocional

Visão crítica Pensamento crítico Pensamento crítico

Atitude empreendedora Criatividade Criatividade

Atitude colaborativa Colaboração Colaboração

Atitude sustentável Comunicação Comunicação

Atitude sustentável
7
O domínio técnico-científico refere-se à mobilização de elementos de competência
necessários ao exercício dos fazeres profissionais de uma dada ocupação, por exemplo,
dominar os conhecimentos, as habilidades e atitudes para aplicar uma estratégia de
vendas; coletar uma amostra de sangue; programar um computador ou se envolver em
uma produção alimentícia. Ainda que o desenvolvimento dessa marca se dê no contexto
profissional dos cursos de cada ocupação, reconhece-se que o pensamento crítico e a
criatividade são fundamentais para o pleno domínio técnico-científico porque serão essas
habilidades que lhe darão sustentação para o seu incremento. Portanto, pensamento
crítico e criatividade, considerados habilidades híbridas (cognitivas e socioemocionais),
relacionam-se diretamente à marca Domínio técnico-científico.

Apesar de a comunicação constituir apenas um dos aspectos relacionados à marca


formativa Atitude colaborativa, foi incluída como um curso próprio, dada a importância do
domínio dessa habilidade para o desempenho de qualquer atividade profissional.
O relevo atribuído à comunicação em todos os espaços de escuta do mercado
promovidos pelo Senac, em especial nos Fóruns Setoriais, também reforça a necessidade
de sua abordagem na trilha.

A atitude sustentável, embora não possa ser reconhecida como uma habilidade
socioemocional propriamente dita, foi incluída no rol dos cursos da trilha por ser
considerada imprescindível à formação profissional realizada pelo Senac, sobretudo nos
temas da sustentabilidade social e organizacional, cidadania e ética profissional.
1
Para mais informações sobre a abordagem 4Cs, conferir: NATIONAL EDUCATION ASSOCIATION. Preparing 21st Century students
for a global Society: an educator’s guide to “the four Cs”. [Washington, DC]: NEA, [2012]. Disponível em: http://www.nea.org/assets/
docs/A-Guide-to-Four-Cs.pdf. Acesso em: 20 maio 2020.
2
Para mais informações sobre Marcas Formativas, SENAC. Departamento Nacional. Concepções e princípios. Rio de Janeiro: Senac,
Departamento Nacional, 2015. (Documentos técnicos do Modelo Pedagógico Senac, v. 1). Disponível em: http://extranet.senac.br/
modelopedagogicosenac/pcs/doctec/DT_1_Concepcoes%20e%20Principios.pdf. Acesso em: 20 maio 2020.
Trilha Senac de Desenvolvimento Socioemocional

Criatividade
No curso, o aluno irá aplicar estratégias para impulsionar ideias novas,
pensando além do senso comum. Os pensamentos divergente e
convergente e a inovação – com iniciativa e autonomia na proposição de
empreendimentos – também são focos desse curso.

Comunicação
São aspectos centrais do curso a expressão oral e corporal na troca de
informações de maneira efetiva, tendo em vista o público a quem se
destina a mensagem. Uso eficaz de diferentes meios de comunicação e
escuta empática também são destaques.

Pensamento crítico
O aluno, no curso, irá reconhecer a importância de analisar situações de
maneira fundamentada, estabelecendo relações de causalidade, com
base em dados e evidências. Destaca-se a aplicação de estratégias
para diferenciar informações falsas de verdadeiras, na perspectiva da
criticidade midiática.

Colaboração
Tem por objetivo o desenvolvimento da capacidade de atuar em equipe.
Foca na aplicação de estratégias para definição de ações voltadas
8
à consecução de objetivos comuns; liderança; responsabilização;
delegação e tomada de decisão; além de orientações para negociação de
conflitos.

Atitude sustentável
Nesse curso, o aluno irá aplicar os princípios da sustentabilidade,
tendo por análise os impactos da ação humana em termos do
desenvolvimento ambiental, econômico e social. O respeito às
expressões da diversidade humana, à ética e à cidadania são pontos
essenciais, discutidos ao longo das atividades.

Metodologia pedagógica e contexto da aprendizagem


Nos cursos da trilha, há dois aspectos em comum: a abordagem vivencial como
metodologia pedagógica – dinâmicas de grupo, jogos e atividades coletivas –; e a
perspectiva de formação profissional do aluno, tendo o mundo do trabalho como contexto
de aprendizagem.
Buscam, nesse sentido, desenvolver habilidades socioemocionais de maneira transversal,
o que facilita o trabalho pedagógico com situações de aprendizagem vivenciais aplicadas
a quaisquer ocupações e ao público em geral, desde que o docente adapte a abordagem
educativa às características e necessidades específicas dos estudantes.
Estrutura e organização
Cada curso tem carga horária total de 20 horas, divididas em cinco aulas de 4 horas.
Não possuem pré-requisitos ou sequência de oferta e podem ser realizados de maneira
independente ou a trilha completa.
Habilidades socioemocionais contribuem para a convivência
A Trilha Senac de entre as pessoas, para o estabelecimento de objetivos,
Desenvolvimento tomada de decisão e enfrentamento de situações adversas
Socioemocional ou novas. Em maior ou menor grau, demonstramos essas
é uma resposta habilidades desde a mais tenra idade e vamos aprimorando-
da Instituição às as ao longo da vida.
demandas do mundo
do trabalho por O que se pretende, com os cursos da trilha, é proporcionar
profissionais com um espaço de reflexão e conscientização acerca dessas
altas habilidades habilidades e, principalmente, propor atividades e
socioemocionais. ferramentas para exercê-las ainda melhor, na vida
e no trabalho.

A trilha, portanto, abre a possibilidade da oferta de cursos para o desenvolvimento


socioemocional voltado aos profissionais de todos os segmentos e ao público em geral,
uma vez que tais habilidades são, reconhecidamente, fundamentais ao exercício de
qualquer profissão.

A oferta da trilha, no entanto, não significa que as habilidades socioemocionais deixarão


de ser mobilizadas no âmbito dos demais cursos do Senac. Importante esclarecer que
habilidades dessa natureza sempre estiveram amplamente presentes nos elementos
de competência, em especial nas habilidades, atitudes e valores dos cursos do Modelo
Pedagógico e são especialmente mobilizadas nos Projetos Integradores, espaços
privilegiados para o trabalho com as Marcas Formativas.3

As referências para auxiliar o seu trabalho na Trilha Senac de Desenvolvimento 9


Socioemocional são apresentadas a seguir.

3
Para orientar o trabalho pedagógico com as habilidades socioemocionais aplicadas aos segmentos profissionais, o Senac
disponibilizou a Matriz Senac de Desenvolvimento Socioemocional, resultado da pesquisa “Marcas Formativas” disponível em : http://
www.extranet.senac.br/socioemocionais.
Antes do curso
O Plano de Curso de Referência (PCR) é documento obrigatório para o planejamento. O Plano
de Trabalho Docente (PTD) é o guia para realização das suas aulas. Estude-os muito bem.

Consulte a equipe pedagógica do Departamento Regional para dúvidas e aprofunde seus


conhecimentos sobre o PCR e o PTD nos momentos de reunião ou troca de informação
com seus colegas. Importante destacar a necessária leitura dos Documentos Técnicos
de Referência do Modelo Pedagógico. Neles, você encontrará todas as orientações que
os docentes da Instituição devem seguir4.

Como utilizar o PCR


No PCR destacam-se, além de outras informações necessárias ao desenvolvimento das
aulas, a organização curricular do curso, com seus respectivos indicadores e elementos.

É preciso explorar em profundidade os PCRs: quanto mais se compreendem as


informações neles trazidas maior a probabilidade de se realizar um planejamento
condizente com os objetivos educacionais esperados na trilha. Portanto, use esse
documento, junto com o PTD, para orientar o planejamento de suas aulas.

Como utilizar o PTD


10 A estrutura das aulas, detalhada no seu PTD, traz situações de aprendizagem propostas
a partir do ciclo de ação-reflexão-ação como base para o desenvolvimento de atividades
vivenciais, nas quais o aluno ocupa lugar central no processo educativo. Assim como o
PCR, a chave para a utilização dos PTDs está no seu estudo pormenorizado, que deverá
ser feito antes da realização do curso.
•• Prepare com antecedência os insumos
pedagógicos necessários para cada aula.
•• Atente para os comandos das atividades e a O ciclo ação-reflexão-ação
forma como deverão ser comunicados aos envolve uma ação inicial, a
alunos. reflexão sobre essa ação,
mediada por elementos
•• Estude bem os conhecimentos que serão que a qualifiquem e,
mobilizados nas atividades e se prepare para a novamente, o retorno a
realização das vivências. ela, de forma a construir
significados e a consolidar,
•• Conte com o apoio da equipe pedagógica do
por meio de uma nova
Regional para o auxiliar. ação, uma prática mais
•• Não inicie uma aula sem que todas as suas qualificada.
dúvidas estejam suficientemente sanadas.

4
A Coleção de Doc. Téc. Modelo Pedag. está disponível em: http://extranet.senac.br/modelopedagogicosenac/index.html
As situações de aprendizagem nos PTDs atendem ao objetivo pedagógico do curso e
visam dar unicidade ao escopo da oferta dos cursos. Porém, os PTDs possuem flexibilidade
suficiente para que você possa agregar ou adequar as atividades às necessidades da turma
e da localidade onde o plano será aplicado. Estruturalmente, cada PTD está organizado nos
seguintes itens:

Aquecimento Apresentação do curso ou recuperação da aula anterior.

Atividade ou proposta que articule vivências, conhecimentos,


habilidades, atitudes/valores e mundo do trabalho. Pode ser usada na
Atividade abordagem inicial de uma temática para levantamento das
experiências prévias da turma ou para aprimorar a prática dos alunos,
propiciando a análise da ação, a tomada de decisão e o
posicionamento perante o tema de forma mais qualificada.

Diálogo mediado pelo docente sobre impressões e ideias geradas


Conectando pela atividade e/ou exposição dialogada que articula a bibliografia do
ideias Plano de Curso de Referência com os principais pontos levantados
pelos alunos.

Sistematização da aprendizagem à luz dos elementos abordados e


Então... das atividades realizadas.
11

Síntese da Reflexão e registro do principal aprendizado da aula e da contribuição


aprendizagem direta com sua vida profissional/educacional.

Importante reforçar que esses itens não seguem uma sequência rígida ao longo das
aulas; a natureza da situação de aprendizagem é que determinará o melhor momento
para mobilizar cada etapa.

Ao indicar um norte para o trabalho em sala de aula, o PTD materializa o planejamento


docente, mas não o esgota. Compreende-se o PTD, portanto, como um documento do
planejamento que necessita de permanente complementação e revisitação.

A sua pesquisa ativa na exploração das referências bibliográficas do PCR, e em outras


fontes variadas, por exemplo, vídeos, artigos, dissertações, teses ou outras publicações
científicas no tema das habilidades socioemocionais, é fundamental para o constante
aprimoramento do PTD.

O estudo aprofundado do PCR e do PTD, aplicados ao contexto do Regional e às


características dos alunos, resultará no planejamento eficaz das suas aulas.
Durante o curso
As situações de aprendizagem propostas no PTD devem ser efetivadas de maneira a
articular as habilidades socioemocionais com as experiências de vida dos alunos.
Você é peça central nesse processo.

Dinâmicas de grupo, jogos empresariais, atividades coletivas e outras metodologias


vivenciais constituem a abordagem metodológica principal dos cursos da trilha. Isso
significa que docentes e alunos, invariavelmente, trocarão informações, conhecimentos e,
possivelmente, experiências de natureza pessoal.

Algumas atividades podem até mobilizar memórias, emoções, sentimentos e, em alguns


casos, levar a uma maior exposição dos participantes. Isso pode indicar o bom grau de
engajamento nas atividades. No entanto, é preciso administrar essas situações, o que
pode requerer de você, docente, certa habilidade e a adoção de cuidados especiais a serem
realizados durante o curso. O primeiro deles é estabelecer o acordo pedagógico com a turma.

Como estabelecer um bom acordo pedagógico

O acordo pedagógico tem por objetivo criar uma atmosfera


de segurança e acolhimento dos estudantes, fundamental O acordo pedagógico
para o desenvolvimento das atividades vivenciais. Busca- não é um papel, mas
se estabelecer as bases de confiança necessárias ao bom uma conversa com
12
andamento das aulas. a turma, realizada no
primeiro dia de aula,
No acordo, devem ficar claras as normas de convivência, na qual são acordados
disciplina e comportamento durante as aulas. Importante as regras e os limites
explicitar para os estudantes que, nas atividades propostas, do jogo pedagógico.
é preciso saber falar e ouvir; ser sincero nas opiniões e
sentimentos; ter responsabilidade com suas atividades; cooperação com o outro; senso
crítico; cordialidade; e respeito com os colegas de turma.

Os papéis devem ser claramente definidos para cada uma das partes, de modo a
alcançar tanto a justa medida da função docente como da liberdade dos estudantes.
Assim, almeja-se um produtivo alinhamento das expectativas e maior clareza sobre
limites, direitos e responsabilidades.

No momento do acordo, deverão ser apresentadas, também, todas as informações


sobre o curso. Atente para a clara exposição dos indicadores, serão eles os parâmetros
avaliativos. Aproveite para tirar dúvidas dos estudantes sobre aspectos da organização
de seu Regional, como horários e intervalos das aulas, calendário pedagógico,
funcionamento geral da escola e outros assuntos de interesse. O acordo pedagógico é
fruto da discussão e do diálogo. Portanto, não basta listar para os estudantes o que pode
ou não ser feito. É necessário engajá-los em suas responsabilidades. Sempre que sentir
necessidade, volte aos termos do acordo e reforce-os com a turma.

Para engajar os estudantes, é importante que eles tenham espaço para propor os termos
do acordo e que haja consenso. O docente também pode propor os aspectos que não forem
abordados pelos alunos e que considerar imprescindíveis para o bom andamento das aulas.
A relação docente e estudante
Outro ponto de atenção, importante para o desenvolvimento do curso, tem a ver com as
relações estabelecidas entre docente e estudante e entre os próprios estudantes: quando
construídas sob um relacionamento positivo em sala de aula, o aprendizado aumenta
sua eficácia.

Confiança, segurança, respeito mútuo, admiração e altas expectativas são aspectos


basilares nessas relações – fundamentais para o sucesso da aprendizagem em
qualquer situação educacional, é verdade –, mas ainda mais intensos em propostas
metodológicas vivenciais, como nos cursos da trilha. Para reforçar o domínio positivo das
relações em sala de aula, atente para os seguintes pontos:

É importante dar o exemplo.


Nas aulas sobre colaboração, é
preciso ser um docente colaborativo e
Faça a articulação entre as
participativo com toda a turma.
habilidades socioemocionais,
Falar sobre atitudes sustentáveis surtirá sem perder de vista os
efeito se o próprio docente realizar indicadores de cada curso.
práticas sustentáveis aos olhos dos
Situações de aprendizagem de
educandos, como não desperdiçar
um dado curso, com foco em uma
insumos e orientar para reuso e
habilidade socioemocional, também
reciclagem tudo o que for descartado
podem – e devem – mobilizar outras. 13
nas atividades.
O trabalho colaborativo, por exemplo,
Da mesma forma, é preciso ser um bom
potencializa a criatividade. Boas
comunicador para ministrar aulas de
ideias devem ser comunicadas
comunicação, aberto ao novo e dotado
com clareza, sob pena de ficarem
de espírito empreendedor para realizar
escondidas na mente de quem
situações de aprendizagem voltadas ao
as criou.
desenvolvimento da criatividade.
O pensamento crítico, no mesmo
As aulas sobre criatividade, em especial,
sentido, revela-se à medida que
tendem a perder o sentido se práticas
o respeito ao meio ambiente e às
tradicionais, centradas no repasse de
diferenças e o reconhecimento do
conteúdo em ambientes engessados,
outro são assumidos como variáveis
distantes das novas tecnologias de
importantes na resolução de
informação e comunicação, forem o
problemas cujos resultados devem
mote principal da ação docente nos
ser efetivos ao campo organizacional.
cursos da trilha.
No entanto, ainda que se considere
Portanto, dar o exemplo significa
essa complexa articulação entre
que o docente deve continuamente
as habilidades socioemocionais, o
fazer o exercício de autorreflexão e
seu olhar durante as situações de
se perguntar: até que ponto a minha
aprendizagem deve centrar-se nos
postura em sala de aula reflete aquilo
indicadores de cada curso.
que estou ensinando?
Os indicadores serão os
balizadores de sua prática, desde o
planejamento até a avaliação dos
estudantes.
Reforce o espaço pedagógico e encaminhe os casos que necessitarem de apoio
extraclasse.
Reforçar o espaço pedagógico significa manter o foco no ciclo de ação-reflexão-ação, voltando
as discussões para o momento presente, no contexto das situações relacionadas ao mundo do
trabalho. O cuidado, aqui, recai em atuar para que o desfecho das situações de aprendizagem
e os momentos de avaliação e feedback deem-se nos limites do espaço pedagógico da sala de
aula, e não no campo da terapêutica de grupo.
Durante o encerramento das atividades, portanto, são necessários a discussão da vivência e o
fechamento pedagógico positivo, não deixando arestas ou pontos mal explorados. Para tanto,
é preciso ouvir os estudantes genuinamente, incluindo suas angústias, dúvidas e anseios e, em
conjunto com eles, levantar estratégias para o desenvolvimento profissional, a partir dali e para
a vida. Essa é uma parte importante e inerente à ação docente na educação profissional.
Tratar de questões individuais de ordem psíquica que, porventura, aflorem durante as
vivências nos cursos da trilha extrapola o foco pedagógico e não é função do docente, mas
de profissional especializado nessa abordagem. Isso não significa que se deva ignorar os
casos nos quais se detectar a emersão de aspectos psicoemocionais de maior intensidade,
como o choro, a frustração ou a raiva. Nesses casos, orienta-se acolhimento seguro do
estudante, preservando-o da melhor maneira possível e, caso haja necessidade, proceder ao
seu devido encaminhamento à equipe pedagógica do Regional, que poderá auxiliar ou orientar
a abordagens extraclasse.
É preciso lembrar que, a depender da situação, o ambiente escolar é o único espaço de voz
para muitos estudantes. Reforce esse espaço, sem perder o foco em seu trabalho pedagógico.
14

Na avaliação, atente para o progresso individual de cada estudante.


Os indicadores são os parâmetros da ação avaliativa. Com eles, estudantes e docentes têm,
simultaneamente, um ponto de partida – no qual se organizam as situações de aprendizagem –, e uma
linha de chegada, tendo em vista os objetivos de aprendizagem pretendidos.
Essa forma de apresentação do indicador tem por finalidade tornar tangíveis os diferentes níveis de
progresso do aluno. No caso dos cursos da trilha, ao avaliar os estudantes, no entanto, é preciso dosar
pedagogicamente o que significa atender aos indicadores. Um aluno com dificuldades de se expressar,
por exemplo, pode terminar o curso de comunicação aquém da turma no desempenho dessa habilidade
socioemocional, mas alcançar progresso individual proporcionalmente maior que o restante dos colegas.
Isso é particularmente possível porque o campo das habilidades socioemocionais é complexo, e remete
a aspectos individuais que devem permear todo o ato educativo, sobretudo a avaliação.
Veja: falar em público, para alguns, é naturalmente fácil; para outros pode ser mais difícil; e, para um
terceiro grupo, significa verdadeiro pânico. Conseguir que uma pessoa desse último grupo faça uma
exposição oral na turma, com relativo sucesso, representa esforço e comprometimento pessoal muito
maior, tanto do docente como, e principalmente, do próprio estudante.
Equilibrar o progresso individual dos estudantes com o necessário atendimento aos indicadores será um
desafio. O caminho mais seguro é realizar avaliações diagnósticas e formativas precisas, de maneira a
captar antecipadamente dificuldades de aprendizagem e atuar sobre elas.
Registre individualmente os avanços e apresente aos estudantes, com clareza e objetividade, o
progresso que vão alcançando ao longo curso. Valorize os esforços individuais e transforme os erros
em aprendizado positivo: pavimente o desenvolvimento de cada aluno. Pequenas vitórias do cotidiano
são importantes e fazem toda a diferença ao longo e ao fim do processo de aprendizagem.
Depois do curso
O exercício da docência, como ação transformadora, requer necessariamente o
desenvolvimento de uma consciência crítica sobre o próprio fazer docente.

Ao longo e ao término do curso, faça uma autoavaliação sobre a sua prática: os objetivos
foram atingidos? O que funcionou? O que pode ser melhorado? Além dessas questões,
faça outras que lhe permitam ter uma visão tanto geral como específica da sua atuação.

Esse momento de reflexão requer interiorização e, ao mesmo tempo, distanciamento de


si mesmo para ser possível olhar a prática realizada do “lado de fora”. É preciso se ver,
mas como se fosse outra pessoa. Estratégias como essa intentam facilitar o rompimento
de resistências pessoais e impulsionam um olhar mais aberto, crítico e mais isento sobre
si mesmo. O resultado desse exercício pode lhe trazer ricos subsídios para o permanente
aprimoramento e desenvolvimento de suas próprias habilidades socioemocionais.

Fundamental, também, é trocar experiências com os colegas docentes e a equipe


pedagógica do Regional. Boas práticas devem ser compartilhadas e transmutadas do
conhecimento tácito para o explícito: as reuniões de encerramento e feedback dos cursos
em seu Regional são excelentes momentos para registro e anotação do que deu certo e
daquilo que merece atenção.

Por último, mas não menos importante, é preciso ter em mente a necessidade de estudar
muito, continuamente. Essa é uma premissa da profissão docente. No caso dos cursos
da trilha, aprofunde os estudos sobre os temas das habilidades socioemocionais, busque 15
novas referências em fontes variadas e, sobretudo, aprenda com os estudantes a cada
situação de aprendizagem desenvolvida. Eles são a mais rica fonte de experiências
socioemocionais que você, docente, tem à sua disposição.

A formação do educador se dá tanto no aprimoramento técnico como na permanente


reflexão sobre a própria prática.
Sugestões de ferramentas educativas
As situações de aprendizagem dos cursos da trilha baseiam-se em dinâmicas, jogos e
vivências em grupos que podem ser facilitadas e ganhar novas funcionalidades com o
uso da tecnologia. A seguir, são apresentadas algumas sugestões de aplicativos:

Edmodo (edmodo.com): aplicativo para que alunos e professores possam utilizar redes
sociais de forma educativa. Com ele, os alunos podem participar de comunidades;
ter acesso a material didático inserido pelo professor, textos e livros; compartilhar
mensagens; entregar tarefas, fazer provas e receber notas; organizar uma agenda;
elaborar textos e apresentações;

Plickers (get.plickers.com): permite criar atividades avaliativas mais dinâmicas.


O docente imprime cartões de realidade aumentada que são entregues em sala de aula.
Cada estudante receberá o seu próprio cartão e terá de manejá-lo de acordo com a
resposta que escolher a uma atividade. O aplicativo tem um mecanismo de scanner ativado
pela câmera do celular que decodifica as respostas e as apresenta em tempo real;

Google (edu.google.com): oferece uma linha de aplicativos especialmente voltada para a


educação, conhecida como G-Suite for Education, já disponível em português. Há uma gama
de recursos a serem explorados, por exemplo o Google Classroom, plataforma unificada
entre professores e estudantes que permite a gestão em sala de aula; o Google Forms,
criação de formulários que permite respostas e sugestões anônimas; entre outras;

Kahoot (kahoot.com): oferece um jogo divertido de aprendizagem para os alunos. Com


16 ele, é possível criar diversas perguntas de múltipla escolha relacionadas com o tópico
desejado. Além disso, é possível adicionar vídeos ou imagens às perguntas, incentivando
um envolvimento mais participativo dos alunos nas dinâmicas;

Microsoft Whiteboard (products.office.com/pt-br/microsoft-whiteboard): transforma o


tablet em uma lousa digital, na qual o professor pode dar aula interativas, utilizando figuras,
cores, desenho e gravar áudios com a explicação. Além do mais, ele não tem limitação
de número de celulares para compartilhamento. Logo, é possível conectar o telefone do
docente e exibir os recursos de ensino e os alunos podem, ao mesmo tempo, exibir seus
trabalhos em seus celulares para toda a turma;

Microsoft Teams (https://docs.microsoft.com/pt-br/microsoftteams/remote-learning-edu):


reúne conversas, reuniões, arquivos e aplicativos em um só lugar. Pode-se criar salas de
aula colaborativas, conectar-se a comunidades de aprendizagem profissional, comunicar-
se com a equipe da escola, coordenar pesquisas entre instituições ou facilitar o trabalho do
aluno, tudo a partir de uma única experiência no Office 365 para educação;

Diário de Bordo (e-diariodebordo.com.br): o diário de bordo on-line é um meio de os


alunos registrarem as suas atividades, reflexões e comentários sobre o modo como o
trabalho que desenvolvem em grupo ou individualmente se processa. É uma forma de
descrever e refletir sobre os problemas que vão surgindo, os obstáculos que ocorrem no
desenvolvimento do trabalho e a forma de superá-los;

Mindmeister (mindmeister.com/pt): aplicativo de mapeamento mental que auxilia jovens


e adultos a desenvolverem criatividade, comunicação, colaboração e pensamento crítico.
Permite compartilhar ideias de maneira colaborativa, melhorar as ações com organização
e planejamento, aumentando a produtividade. Sua interface é muito simples e intuitiva,
fazendo que o usuário se concentre melhor nas tarefas, otimizando tempo.

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