SOBRE O AUTOR
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
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História da Hidroterapia
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como a utilização da água sob forma de bebidas, aspersões, duches
ou banhos, para o tratamento de certas doenças.
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Por iniciativa dos camponeses, a sua fama de “doutor da água”
atingiu depressa a boémia e a Morávia, e os doentes começaram a
afluir, vindos de todas as regiões, para lhe pedir auxílio. Tendo
observado que as afusões e os envoltórios húmidos provocavam
erupções da pele e conseguiam assim atenuar as dores internas, foi
levado a utilizá-los correntemente nos casos de afecções internas. Foi
assim que procurou curar a gota, os reumatismos, as afecções do
fígado e do estômago, a prisão de ventre crónica, as hemorróidas, o
inchaço dos membros ou a sua paralisia, e até mesmo as depressões
nervosas. Em seguida completou a sua “cura” por meio de doses de
água bebida, dieta, sudações, envoltórios húmidos e banhos. Em
1831, recebeu finalmente autorização oficial para criar um
estabelecimento balneário em Grafenberg.
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Kneipp e a aplicação prática da cura com a água
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5. Meia a uma hora de repouso, antes do almoço.
6. Almoço.
7. Uma hora de repouso deitado depois do almoço, eventualmente
com exercícios de descontracção ou envoltórios dos rins.
8. Das 15h às 16h00, banho de ar, banhos dos braços ou jactos nos
braços, seguido de passeio ou repouso, se necessário.
9. Das 17h Às 18h00, marcha na água, seguido de aquecimento
rápido.
10. Jantar, de preferência leve e tomado cedo. O deitar far-se-á
igualmente cedo, acompanhado, se possível, de exercícios de
descontracção.
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Tratamento natural das perturbações hepáticas, intestinais e
circulatórias
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Plano de tratamento
Horário
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Horário
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Horário
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Horário
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Tratamento natural das depressões nervosas e das
perturbações vegetativas (distonia neuro-vegetativa)
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Plano de tratamento
Horário
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Horário
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Horário
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Tratamento natural para aumentar a resistência do organismo
e a sua protecção contra as doenças.
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Horário
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Horário
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Horário
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Tratamento natural das afecções alérgicas.
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Tratamento natural das bronquites agudas e febris
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Horário
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A cura pode ser feita em estabelecimentos especializados, mas
também o pode ser em casa. A água constitui o remédio mais natural
e mais barato, é essa a razão de ele ser tão pouco apreciado. No
entanto, quando não dispomos nem do dinheiro, nem do tempo
necessário para uma cura, podemos fazê-la da mesma maneira em
casa. Basta ter um chuveiro, uma banheira, um tubo curto com
aproximadamente 20 mm de diâmetro (que se aplica a uma
torneira), ou ainda um lavatório grande, duas tinas grandes de
plástico e algumas toalhas cobertores.
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Nunca se devem aplicar tratamentos hidroterápicos frios
se o corpo estiver arrefecido ou com arrepios. É necessário
primeiramente aquecê-lo por meio de exercícios físicos, de banhos de
pés ou de braços, muito quentes, ou ainda de compressas a
temperaturas alternadas.
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com a água se torna doloroso, é tempo de sair da banheira. Deixar
escorrer a água e em seguida, depois de ter calçado umas sandálias
ou umas meias, correr durante algum tempo até que os pés tenham
adquirido uma temperatura normal. Graças a este método, uma
pessoa torna-se resistente, evitam-se as constipações (resfriados) e
fazem-se desaparecer as sensações de peso na cabeça. A marcha na
água, antes de deitar predispõe para o sono.
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Tratamentos hidroterápicos especiais
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não for suficiente, os processos de combustão do organismo
intensificam-se.
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Verificou-se que para os diferentes tecidos do corpo humano,
assim como para os agentes patogénicos (bacilos, bactérias, vírus),
há uma temperatura crítica além da qual é impossível qualquer
espécie de vida. O que é determinante é que esta temperatura crítica
é mais elevada para os tecidos sãos do que para os cancerosos e
para as bactérias. Assim, Vollmar verificou que as culturas dos
tecidos normais não eram de modo algum afectadas no seu
desenvolvimento a uma temperatura de 43º, enquanto que uma
temperatura de 39º era já prejudicial aos tecidos cancerosos.
Segundo ele, os banhos repetidos com a duração de uma hora, à
temperatura de 40 a 42º, destroem praticamente as possibilidades de
vida de tais tecidos.
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Os clisteres
Definição
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É preciso notar que os órgãos vizinhos do recto ficam aliviados
pela evacuação de matérias acumuladas. A circulação sanguínea e
linfática é também facilitada e este método permite evitar ou curar a
congestão. Este efeito é particularmente benéfico para as mulheres,
nos quais a retenção de fezes comprime o útero e os órgãos de
reprodução.
Indicações
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Eis o trajecto seguido no intestino pelo líquido, a que
eventualmente se adicionaram produtos medicamentosos; as veias
das paredes do intestino grosso, a veia porta, o fígado, o lado direito
do coração, os pulmões, o lado esquerdo do coração; depois, pela
circulação arterial, os rins e o conjunto de órgãos e tecidos. Os rins
eliminam então não apenas o volume excedente de líquido, mas
também as substâncias tóxicas não evacuadas pelos órgãos e tecidos
ou segredados por eles.
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Os banhos de mar
1) Nunca tomar um banho de mar frio mais do que uma vez por dia:
a normalização das funções vegetativas necessita mais de 2 horas.
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3) A princípio, o banho só deve durar 3 minutos; com a continuação,
a sua duração variará entre 5 a 10 minutos.
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Os banhos quentes do mar podem ser também muito salutares
para as crianças. Estimulam as funções de assimilação e o apetite das
crianças subdesenvolvidas ou subalimentadas, o que lhes permite,
portanto, geralmente um aumento de peso. Simultaneamente, estes
banhos ajudam-nas a tornarem-se resistentes ao frio e às infecções.
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A cura de água do mar como bebida
Para mais, a água vulgar que bebemos todos os dias tem uma
influência certa sobre o nosso organismo (glândulas, órgãos de
excreção, composição mineral dos sectores líquidos do corpo,
regulações neuro-humorais), o que torna muito difícil a apreciação
dos efeitos específicos da água do mar. Por isso é indispensável
estudar previamente a composição desta água.
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A produção dos minerais contidos na água do mar á análoga à
do soro humano. Não é errado dizer que a água do mar é «um
extracto da terra», visto que comporta um conjunto quase completo
de todos os elementos que compõem a nossa terra.
Comparação, em percentagem, entre os principais elementos
da água do mar e os que constituem o sangue humano:
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Bário 50 Fósforo 1 – 60
-7
Iodo 50 Rádio 1 x 10
Célsio 2
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Logo que é absorvida, a água do mar actua sobre as mucosas
do estômago. Geralmente, do mesmo modo que o sal vulgar,
estimula a secreção do suco e da acidez gástrica.
Alguns especialistas (Carles, Barrère) verificaram também uma
diminuição da hipercloridria gástrica; esta hiperacidez devia provir de
inflamação das mucosas estomacais; a água do mar, apesar do seu
efeito estimulante, terá conseguido curá-la.
A água do mar conserva-se mais tempo no estômago do que a
água normal e depois chega sob a forma de concentração hipertónica
aos intestinos, onde provoca contracções mais fortes e mais rápidas.
Graças a estes movimentos progressivos quando da absorção do sal
pelas mucosas, a água do mar atinge a extremidade dos intestinos, o
que pode desencadear um efeito de evacuação. Loth verificou que no
decurso de uma cura de bebida se obtém um efeito laxativo pela
absorção de uma quantidade de água do mar correspondente pelo
menos de 10 g de sal vulgar (seja 300 cm3 de água do mar).
Um volume menor de água do mar não tem efeito purgativo,
mas contribui, no entanto, para desembaraçar a parte superior dos
intestinos de resíduos e bactérias; a absorção da solução salina pelas
mucosas intestinais é deste modo facilitada.
Foi também provado incontestavelmente que a água do mar
aumenta a secreção da bílis, melhora a função secretora das células
do fígado e a faculdade de evacuação da vesícula biliar. Atribui-se
este efeito ao cloreto de sódio e ao sal de magnésio.
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desta propriedade evita os acessos precoces de arteriosclerose. É por
isso que a cura da bebida com a duração de 5 semanas (suficiente
para provocar um aumento do teor de magnésio no sangue) constitui
uma excelente medida preventiva contra a arteriosclerose.
Segundo algumas observações médicas, os espasmos vasculares são
atenuados ingerindo água do mar.
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Aplicações e propriedades das terras medicinais – histórico
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Tal como a hidroterapia, o conhecimento do poder curativo da
terra caiu no esquecimento durante a Idade Média. Enquanto as
terras curativas continuavam a ser utilizadas no Império Romano do
oriente, no resto da Europa passaram a ter apenas um papel
insignificante. Mas, para o fim da Idade Média, retomaram uma
grande importância na luta contra a peste. A terra de Lemnos era
então a mais apreciada e a mais rara: valia o seu peso em ouro.
Quando os turcos ocuparam a ilha de Lemnos, exploraram para seu
proveito os jazigos de terras curativas.
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O mesmo banho pode ser utilizado pelo mesmo paciente
durante quatro a seis semanas, com a condição de remexer cada vez
a argila e de lhe juntar água fresca, mantendo cuidadosamente o
contacto com a terra subjacente. Para um novo doente, tira-se a
argila e renova-se a preparação.
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39,5 a 45%, a hemoglobina e os glóbulos vermelhos aumentam, a
quantidade de açúcar no sangue diminui.
O primeiro fenómeno explica-se pelo refluxo de uma quantidade de
sangue das extremidades e de certos órgãos onde está em depósito
(baço, etc.) para a parte superior do tronco. O abaixamento do teor
em açúcar provém do grande consumo de calorias devido ao frio do
banho. Esta perda de calorias é compensada pela produção de
energia calorífica por oxidação e combustão. O teor em açúcar do
sangue contido nos vasos periféricos baixa momentaneamente. A
fome bem pronunciada, sentida pelo paciente depois do banho de
argila, testemunha estas reacções.
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- No caso de hipertensão de origem renal, não existe nenhum risco
sério de aumento da tensão.
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Utilização de pasta de argila
(compressas e banhos parciais)
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A marcha na argila
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Os efeitos da terra curativa sobre os elementos nutritivos
chegados ao intestino são muito variáveis. Assim, os glícidos
(açúcares) não são retidos, enquanto que as gorduras são
largamente absorvidas. A ingestão de grandes quantidades de terra
curativa pode por este facto provocar emagrecimento, e esta
propriedade foi explorada em diversos países (Espanha, China, Índia,
etc.).
Ignora-se ainda qual a acção da terra curativa sobre a
albumina. Sabe-se que o carvão absorve principalmente a amina e o
que o quartzo assimila apenas uma pequena quantidade de alanina. É
praticamente tudo o que se sabe.
Foram empreendidos estudos para determinar a influência da
terra curativa sobre a albumina em estado de putrefacção, tal como
se encontra nas vias digestivas depois da ingestão de demasiada
quantidade de albuminóides. Vogel verificou que os resíduos de
albumina são absorvidos pelas terras curativas e perdem por este
facto o seu cheio nauseabundo. Pode-se portanto evitar a intoxicação
de origem intestinal com todas as suas complicações perniciosas com
um tratamento natural dos mais simples. As terras curativas
eliminam bastante outros produtos tóxicos contidos nas vias
digestivas. Não se sabe se o seu efeito se estende à cafeína e À
nicotina, nem tão pouco às vitaminas e aos seus fermentos. Os
estudos efectuados sobre este assunto ainda não chegaram ao fim.
Supõe-se que as terras curativas absorvem determinadas
vitaminas no tubo digestivo, mas sabe-se que a vitamina C não é
praticamente tocada; pode-se presumir que aconteça o mesmo com
todas as vitaminas solúveis na água. No que diz respeito às que são
solúveis na gordura, o problema contínua em aberto.
Não há até agora nenhuma prova de acção desfavorável das terras
curativas sobre os fermentos intestinais. Deve-se, no entanto, evitar
a sua administração por via oral durante períodos demasiado
prolongados (várias semanas), sobretudo a indivíduos cuja nutrição
habitual seja pobre em gorduras; poder-se-ia assim correr o risco de
provocar o desaparecimento de vitaminas lipossolúveis indispensáveis
ao organismo.
O efeito das terras curativas sobre as bactérias do intestino é
bem conhecido graças às pesquisas de Baumgartel. Observou ele que
todas as bactérias intestinais, prejudiciais ou não, são absorvidas
pelas terras curativas. Mas atribui a acção favorável destas terras ao
facto de elas absorverem as toxinas produzidas pelas bactérias
prejudiciais do intestino.
Conclui-se das pesquisas efectuadas sobre os antibióticos que a
terra curativa contém um grande número de bolores utilizados no
fabrico de medicamentos modernos célebres (aureomicina,
estreptomicina, terramicina, cloromicetina). O professor Yung é de
opinião que a acção positiva das terras curativas no intestino se deve
frequentemente ao facto de os microrganismos do solo se
desenvolverem facilmente no clima quente e húmido que aí
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encontram. Este capítulo da bacteriologia está ainda apenas
esboçado.
O emprego das terras curativas para uso interno é muito
simples: dissolver de manhã e à noite uma colher de café de argila
em ½ copo de água e beber antes de cada uma das refeições. Contra
as afecções agudas do estômago e do intestino, duplicar ou triplicar
as quantidades três vezes por dia. Observaram-se curas nos
seguintes casos: gastrite e colite, hiper ou hipoacidez gástrica,
úlceras do estômago e do duodeno, dispepsia, vómitos, diarreias,
prisão de ventre crónica, afecções cutâneas, envenenamentos,
oxiúros, perturbações do metabolismo.
Indicações das pulverizações da terra curativa: afecções da
cavidade bucal, do nariz e da vagina (estomatite, amigdalite,
gengivite, inflamação e ulcerações das fossas nasais, vaginite e
leucorreias).
Não há contra-indicações, excepto no caso de se ter seguido, durante
um certo tempo, um regime de emagrecimento.
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Resumo das formas de aplicação das terras curativas segundo
as doenças
Artrite (compressas).
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Estase sanguínea (argila diluída, compressas).
Fleimões (compressas).
Gota (compressas).
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Perturbações do metabolismo – nervos, insónia, reumatismo,
afecções hepáticas e biliares, diabetes (argila diluída, banhos de
argila).
Rinite (pulverizações).
Varizes (envoltórios).
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2º Pés na água
Num recipiente alto colocar água fria até aos joelhos, andar de um
lado para o outro durante dois minutos. Ao fim deste tempo, sai e
enxuga ao de leve os pés e calça umas meias turcas de algodão.
3º Semicúpio
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5º Semicúpio à tarde
2º Banho de braços:
3º Pés na água
Num recipiente alto colocar água fria até aos joelhos, andar de um
lado para o outro durante dois minutos. Ao fim deste tempo, sai e
enxuga ao de leve os pés e calça umas meias turcas de algodão.
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4º Semicúpio de manhã
5º Semicúpio à tarde
6º Pés na água
Num recipiente alto colocar água fria até aos joelhos, andar de um
lado para o outro durante dois minutos. Ao fim deste tempo, sai e
enxuga ao de leve os pés e calça umas meias turcas de algodão.
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- Má alimentação;
- Medicação química e vacinas;
- Hábitos sedentários;
- Meio ambiente;
- Ausência de contacto com o espírito – perda de identidade da Alma
com o Ser e a Mãe Terra (principal fonte de fornecimento do
equilíbrio).
- A alimentação;
- Meditação, meditação andando;
- Observação do que está à nossa volta, retirando o ensinamento de
cada situação:
O desequilíbrio
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A febre é uma resposta do sistema imunitário com poder de reacção;
sem febre – estados altamente crónicos, sobrecarregados e sistema
imunitário sem poder de reacção.
Tratamento S.O.S
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Como se executa o tratamento S.O.S
Consiste em:
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Estes tratamentos são repetidos diariamente até que:
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Explicação dos tratamentos:
2º Pés na água
Numa bacia média colocar água fria acima dos tornozelos. Entra para
o alguidar e faz o movimento de pisar uvas, elevando ao máximo os
dois joelhos durante dois minutos. Ao fim deste tempo, sai e enxuga
ao de leve os pés e calça umas meias turcas de algodão.
3º Semicúpio
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Segunda fase
2º Pés na água
3º Semicúpio
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4º Clister – lavagem intestinal
Receita do clister:
Enche-se o bidé com água fria até ao ralo e deixa-se um fio de água
a correr da grossura de um dedo mindinho durante todo o
tratamento.
Mulheres: a seguir a paciente senta-se de frente para as torneiras e
usando uma bola de algodão hidrófilo vai molhando ao de leve os
lábios da vagina.
Homens: a seguir o paciente senta-se de frente para as torneiras,
puxa a pele tapando a glande e agarrando o pénis não permitindo
que a pele destape a glande, vai banhando a ponta da glande com a
bola de algodão.
Este banho pode ser feito de pé no lavatório seguindo o mesmo
processo do bidé.
Atenção: não deve comer ou beber seja o que for senão 30 minutos
após acabar o tratamento.
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8º Faixa fria ao deitar ou cataplasma de argila
Geoterapia
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Hidroterapia e patologias
Patologias:
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As aplicações da água empregadas são as seguintes:
• Compressas.
• Banhos completos e meios-banhos.
• Banhos de vapor – sauna
• Afusões ou duches.
• Loções ou fricções.
• Faixas, enfaixamentos ou envoltórios
• Uso interno (como bebida).
• Jactos.
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aquele que com a aplicação mais simples de água conseguir o seu
objectivo, pois a missão da hidroterapia é ajudar a natureza a
recuperar a saúde, a restituir ao membro enfermo a actividade
perdida, e quebrar as correntes do mal, para que, sem impedimento
e com o vigor primitivo, possa reencetar as tarefas quotidianas.
Cumprida esta missão, o terapeuta retira-se satisfeito do campo de
operação.
A observação que acabo de fazer é de maior importância,
porque nada há que contribua tanto para desacreditar a água como o
seu emprego indiscreto e irracional e os processos severos e rudes.
Causam inumeráveis males quase sempre irremediáveis, os que,
julgando-se mestres no sistema hidroterápico, afugentam os doentes
com as suas faixas sempiternas, com os seus banhos de vapor
intermináveis, capazes de esgotar todo o sangue. A isso não se pode
chamar método hidroterápico; isso é antes um sistema violento que
desonra a quem o emprega e os princípios em que pretende estribar-
se, quem tiver adquirido perfeito conhecimento das virtudes da água
e souber usá-la, nas suas inumeráveis aplicações, terá sempre à mão
remédios que não cedem a nenhum outro em eficácia. Não há
remédio mais elástico e de mais variados efeitos do que a água. Faz a
sua aparição na história da criação sob a forma de átomos vaporosos,
que logo se transformam em gotas, para constituir essas enormes
massas que cobrem quatro quintas partes da superfície do globo. e
isto é para a Hidroterapia um indicio de que em todo o tratamento,
quer se aplique a água sob a forma de gotas quer sob a forma de
vapor, pode-se observar uma gradação de menor para maior, e que,
em caso algum, se há de acomodar o paciente ao tratamento, mas,
pelo contrário, este é que se há de conformar com as condições e
circunstâncias daquele.
É na escolha acertada das aplicações que se dá a conhecer a
perícia do terapeuta. Antes de tudo é preciso submeter o doente a
um severo exame, sem que todavia se mostre a menor impressão
pelo seu estado.
Apresentar-se-ão logo à vista os padecimentos secundários, os
desarranjos acessórios que como cogumelos brotam no terreno
infectado, e que regra geral nos levam como que pela mão até a sede
do mal, destapando-nos a doença e os estragos que tenha
ocasionado. Continuando nas observações, ver-se-á se o doente é
velho ou jovem, de constituição robusta ou débil, corpulento ou
franzino, anémico, nervoso, etc.
Com estes e outros dados podemos formar juízo cabal da doença, e,
uma vez alcançado este, achamo-nos em condições de aplicar o
tratamento oportuno, sem nunca perder de vista este princípio:
Quanto mais suave e benigna for a aplicação, mais eficazes e
melhores serão os resultados.
Estabelecido este princípio, julgo ainda oportuno fazer algumas
considerações gerais sobre as aplicações hidroterápicas. Nenhuma
das muitas aplicações aqui indicadas, podem tornar-se
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prejudiciais, se forem efectuadas conforme as regras
estabelecidas.
A maior parte das aplicações efectuam-se com água fria de
manancial, fonte, rio, etc.; e nos casos a que se alude neste livro,
empregar-se-á água fria toda vez que não se prescreva
expressamente o uso da água quente. E quanto a este particular sigo
o princípio: quanto mais fria a água, tanto melhor. Assim é que
no inverno, tratando-se de pessoas que gozam saúde, adiciono neve
à água destilada para afusões. Não me acusem de excessiva
severidade, mas veja-se à curta duração de todas as minhas
aplicações hidroterápicas. De resto não sou inexorável, posto que
tenho a convicção de que, feita uma só vez a experiência,
desaparecerão todos os preconceitos.
Com efeito, não é com sal ou vinagre, mas com mel que se
apanham moscas. Da mesma maneira aos profanos da arte
hidroterápica, às pessoas débeis, às crianças e aos velhos, aos
enfermos nervosos e anémicos, e em geral, a todos aqueles que têm
medo de água fria, permito-lhes, no inverno, quebrar-lhe a friagem,
deitando um pouco de água tépida, sobretudo nas primeiras
aplicações, e elevar até 15º R. (significa Réaumur) a temperatura dos
aposentos. Em relação aos graus de temperatura, à duração do
tratamento, etc., às aplicações em que se exige água quente,
daremos a prescrições que se devem observar em cada caso
particular.
Julgo oportuno dar ainda algumas regras quanto às aplicações
frias (na terceira parte serão explicadas minuciosamente), regras que
devem ser observadas antes das aplicações, durante as mesmas e
depois delas.
Ninguém se submeta a tratamento com água fria, estando com
o corpo frio ou sentindo arrepios, a não ser que se prescreva o
contrário no lugar respectivo.
A operação efectuar-se-á com a maior rapidez possível, (todavia sem
receio nem perturbação) e o mesmo cuidado terá o banhista ao
despir-se e ao vestir-se, deixando as operações secundárias do
abotoar-se, etc., para depois quando o corpo estiver de todo coberto.
Assim por exemplo, um banho completo de água fria,
compreendendo a operação de vestir e despir, não deve durar mais
de 4 a 5 minutos. Isso consegue-se com um pouco de prática.
Quando neste livro marcamos para uma aplicação 1 minuto,
queremos dizer com isso a menor duração possível; se dizemos de 2
a 3 minutos, a acção da água fria deve ser mais duradoura.
Depois de nenhuma das aplicações com água fria, deve-se
enxugar o corpo, à excepção da cabeça e das mãos para evitar que
se molhe a roupa ao vestir.
Pelo contrário, deixa-se húmido o resto do corpo, tapando-o, sem a
menor demora com a roupa bem enxuta afim de impedir o contacto
com o ar. Muitos julgam inconveniente este processo, supondo que
andarão todo o dia com a roupa húmida. Antes, porém, de
formularem juízo tão leviano, façam a experiência uma só vez e logo
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
se convencerão da bondade do meu conselho. O enxugo do corpo
exige fricções que, não sendo uniformes em todas as partes,
produzem desigualdades de temperatura, sendo prejudiciais,
especialmente às pessoas débeis e doentes. Muito pelo contrário, a
humidade que se deixa na cútis desenvolve rapidamente um calor
uniforme e altamente benéfico. À semelhança do que acontece
quando se lança água no fogo, a água que adere à cútis, serve de
combustível, com que o calor interior aumenta rapidamente de
intensidade. Faça-se a experiência e ver-se-á que não me engano
nem exagero.
Em compensação é condição indispensável para o bom
resultado do tratamento, que o paciente, depois de cada aplicação,
faça exercício, ou dando um passeio ou entregando-se a trabalhos
corporais, até que todas as partes do corpo estejam completamente
secas e tenham adquirido o grau normal de temperatura. Logo que
começa a sentir a reacção, diminui-se um pouco a rigidez do
movimento. Ninguém melhor que o próprio individuo compreenderá
quando chegou a ser normal a temperatura do seu corpo, para dar
por acabado o exercício. Os doentes que se aquecem e suam
facilmente, farão sempre um exercício mais moderado, embora
tenham que prolongá-lo, pois que em tal estado é muito fácil, ainda
nos aposentos aquecidos, apanhar uma constipação ou ficar com
catarro.
Por via da regra, a duração mínima do exercício, após qualquer
tratamento hidroterápico, será de um quarto de hora, ficando à
escolha do paciente se aquele deve consistir em passeio ou em
trabalho corporal.
Em relação às aplicações que obrigam o paciente a meter-se na
cama, especialmente as compressas ou faixas, serão dadas as
instruções oportunas no lugar correspondente a cada uma delas. Se
durante a aplicação o sono se apodera do paciente, é deixa-lo dormir
tranquilamente, embora tenha passado o tempo prescrito. Em casos
tais a melhor norma é deixar a obra à natureza sábia.
Colocar panos, entendo sempre tela de cânhamo tosca ou de
linho grosso e em caso algum linho fino.
Por conseguinte o pobre que não tiver outra coisa à sua disposição,
pode supri-los perfeitamente com aniagem, lona ou tecidos análogos.
Para lavar o corpo pode-se empregar igualmente um pedaço de pano
grosso de cânhamo ou de linho.
Pelas razões apontadas na introdução, reprovo o uso da lã nas
peças de vestuário que estejam em contacto com a pele. Julgo-a,
porém, excelente para mantas e cobertores nas faixas, etc., por
causa da rapidez com que desenvolve grande quantidade de calor.
Pela mesma razão recomendo nas mesmas aplicações o uso de
cobertores (colchas de penas – climas muito frios).
As fricções quer se façam por meio de escovas, quer com a
mão ou outro qualquer processo, ficam banidas do meu sistema
hidroterápico, pelo que os fins que com elas se conseguem, podem
alcançar-se melhor de outra maneira; o desenvolvimento do calor é
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
mais uniforme e simultâneo deixando-se secar o corpo; as camisas
de tela tosca abrem os poros e aumentam a actividade da pele, com
a vantagem que a sua acção é constante, dura dia e noite e não
alguns minutos como o da escova, que, além de tudo, ocasiona perda
de tempo e de forças. Quando às vezes prescrevo uma loção
energética, entendo por tal uma simples loção rápida da parte
submetida ao tratamento; porque o fim principal que se quer
conseguir é humedecer, e não a fricção.
Ainda um reparo e término. A maior parte dos pacientes
recusam submeter-se a qualquer tratamento antes de se deitarem,
alegando que perdem o sono: outros, entretanto, preferem essa
hora, porque o banho, pelo contrário, concilia o sono. Da minha parte
não recomendo essa hora como a mais adequada, entendo, porém,
que este ponto deve deixar-se à escolha de cada um, pois ninguém
melhor do que o interessado conhece a sua própria natureza.
Na primeira parte deste livro expõem-se os pormenores
especiais para cada aplicação e na terceira parte ensina-se o uso das
aplicações hidroterápicas nas diferentes enfermidades, indicando-se,
ao mesmo tempo, as que se devem considerar como aplicações
gerais e quais as aplicações parciais ou locais, que se fazem sempre
combinadas ou conjuntamente com outras. Tive também o cuidado
de indicar quais os exercícios, que, como as aplicações de vapor,
exigem precauções especiais.
Aqui ponho ponto a estas observações gerais, expressando o
desejo de que o meu método hidroterápico contribua para fortalecer
mais e mais as pessoas sãs e restituir a saúde aos doentes; e entro a
expor primeiramente as aplicações que se podem fazer para
fortalecer ou endurecer o organismo, e em seguida as aplicações que
constituem propriamente o meu sistema curativo.
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Fortificantes
Ou
Meios para fortalecer e endurecer o corpo
___________
1º Andar descalço.
2º Andar descalço na erva molhada.
3º Andar descalço em pedras molhadas.
4º Andar descalço na água fria.
5º Banhar em água fria os braços e as pernas.
6º As afusões ou duches nos joelhos (com ou sem as afusões
superiores).
1º Andar descalço
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
ocasião de observar este facto nos filhos de um alto funcionário. Mal
os pequenos se julgavam longe da severa vigilância do pai,
arrojavam para longe os sapatos delicados e as meias finas, e lá iam
alegres a correr e a saltar pelo prado coberto da relva verdejante. A
mãe, senhora de muito bom senso, presenciava com certo prazer
esse folguedo dos pequenos; entretanto, se o pai por acaso os
surpreendia naquele estado inconveniente, vinha com um longo
sabonete e um sermão ainda mais longo sobre a boa e a má
educação, e sobre a condição social das pessoas e as obrigações que
impõe. Os rapazes tomavam tão a peito as admoestações paternas
que logo, no dia seguinte, se entregavam com mais entusiasmo
àquela diversão favorita. Eis a razão porque não me cansarei nunca
de recomendar que nisto se deixe seguir às crianças o seu instinto
natural.
Os pais, que vivendo na cidade, não têm à sua disposição um
jardim ou um quintal, podem proporcionar a seus filhos esse exercicio
fortalecedor permitindo que andem descalços de quando em quando
pela casa, para que os pés respirem alguma vez livremente, do
mesmo modo que o rosto e as mãos, e, aspirando o ar fresco, se
movam no seu próprio elemento.
Os adultos das classes pobres, principalmente os que vivem no
campo, não têm precisão das minhas recomendações; embora por
necessidade costumem andar descalços, não invejam e nem têm
motivos para invejar os mais abastados burgueses nem as suas botas
justas, de polimento, nem as suas meias finas, verdadeiro tormento
dos pés, que assim se vêem privados do elemento mais indispensável
para a vida.
Os néscios camponeses que, envergonhando-se de viver como os
seus éguas, imitam os costumes efeminados dos burgueses, esses
levam consigo o castigo da sua vaidade. As modas antigas são as
mais racionais; conservemos as tradições do passado. No campo, ao
tempo da minha infância, andávamos todos descalços, velhos e
crianças, pequenos e grandes, pai e mãe, irmão e irmã. Grande era a
distância que separava as nossas casas da igreja e da escola. Os
nossos pais davam-nos um pedaço de pão e algumas frutas para a
jornada e também sapatos e meias para agasalho dos pés. O calçado
e as meias, porém, pendiam do braço, ou eram carregadas às costas
até à porta da escola ou da igreja não só no verão como ainda no
rigor do inverno. Mal assomava a primavera e a neve da montanha
começava a fundir-se, todos os rapazes da aldeia, satisfeitos,
lançavam-se descalços para a erva molhada e chapinhavam nos
charcos, respirando de alegria e saúde em todo o corpo.
Os que residem nas cidades, especialmente os indivíduos
pertencentes à alta sociedade, não podem submeter-se a semelhante
exercício, isso é natural. Se a sua prevenção chega a ponto de
recearem que só com o tocar no chão com os pés descalços, no
momento de se vestirem ou despirem, irão pilhar algum catarro,
dores de garganta, reumatismo ou outras doenças, que tais,
deixemo-las viver nesta crença. Aqueles porém, que tenham vontade
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
de fortificar o seu organismo, recomendamos um breve passeio de
um quarto ou de uma meia hora, com os pés descalços, no
pavimento fresco da casa, antes de se deitarem ou também logo ao
se levantarem de manhã.
Para mitigar um pouco a impressão, podem nos primeiros dias
andar de meias, depois de completamente descalços e por último,
argumentar a impressão, emergindo na água fria os pés até aos
tornozelos, por alguns minutos, antes do passeio.
Com um pouco de boa vontade e desejo de conservar a saúde,
todos, ainda o mais aristocrata, e por mais elevada que seja a sua
função na sociedade, encontrará tempo para por em prática tão útil
exercício.
Um sacerdote meu conhecido passava todos os anos alguns
dias em campanha de um amigo que possuía um jardim, onde
aquele, descalço, dava diariamente o seu passeio matinal. Enquanto
o seu espírito estava entretido com a reza do breviário, os pés nus
deleitavam-se com o pisar a relva mole coberta de orvalho. Muitas
vezes exaltou-me aquele sacerdote os excelentes resultados do andar
descalço.
Aqui poderia eu citar o nome de grande número de pessoas
ilustres da alta sociedade que não desdenharam o conselho de amigo,
e que no verão ao menos, pela manhã, se retiravam a um bosque
vizinho ou a um prado apartado, para, descalços, darem o seu
passeio com o fim de endurecer o corpo. Uma dessas pessoas, cujo
número é ainda relativamente pequeno, confessou-me uma vez que
dantes era rara a semana em que nãos e sentisse apoquentada por
alguma constipação, mas que com este simples exercício se tinha
livrado para sempre dessa facilidade de ficar com catarro, tornando-
se muito menos sensível ao frio.
Resta-me dirigir algumas palavras às mães de família. Serei
breve, porque tenciono em breve, se Deus me der vida e saúde,
publicar um pequeno tratado prático sobre a maneira de cuidar e
conservar a saúde. As mães são chamadas, em primeiro lugar, a criar
uma geração vigorosa e robusta e a desterrar a efeminação,
debilidade, anemia, afecções nervosas e todas estas doenças sem
número que encurtam a vida e causam tantas mazelas à família
humana. O melhor meio para conseguir esse resultado é fortalecer,
confortar o corpo desde os mais tenros anos. A alimentação e o
vestuário são os factores que se podem empregar principalmente
como fortificantes e deles precisa tanto o velho como a criança.
Quanto mais puro é o ar que respira a criança, melhor é o
sangue que circula nas suas veias. Para habituar as crianças a
viverem num ambiente fresco, farão bem as mães lavá-las todos os
dias com água fria ou banhá-las com água morna ao sol logo apôs o
banho quente. Este por si só produz debilidade e moleza, ao passo
que a loção fria conforta, endurece e favorece um desenvolvimento
regular do organismo. O medo e a sensação desagradável que se
experimenta a principio, desaparecem no terceiro e quarto banho;
em compensação este exercício preserva as crianças das
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
constipações tão frequentes e das suas consequências, ao mesmo
tempo que poupa as mães, que quiserem evitar estes inconvenientes,
o cuidado fastidioso de envolver e forrar as suas criaturinhas em lãs e
outras fazendas pesadas que impedem o contacto do ar e lhes tolhem
os movimentos.
Neste ponto cometem-se verdadeiras atrocidades com as
crianças. Com efeito as pobres criaturas sufocam como encerradas
dentro de uma estufa de lã ardente; o seu corpinho geme sob o peso
de faixas e roupas; a cabeça de tal forma agasalhada que não podem
nem ouvir nem ver, e o pescoço, que também deve ser endurecido às
influências atmosféricas, está envolvido num montão de panos que o
subtraem totalmente ao contacto do ar. E quando a criança já está
nos braços da ama que há-de levá-la a passear, eis a extremosa mãe
toda solicita a examinar ainda se o filhinho está hermeticamente
encerrado nas suas vestes. Que muito, pois, que um procedimento
tão contrário aos mais elementares princípios da higiene, tenha como
consequência os catarros, as anginas de todas as classes e outras mil
enfermidades que arrebatam tão considerável número de crianças,
que se tornaram assim impotentes para resistir ao mais leve sopro de
vento? Não há que admirar que haja legiões de famílias anémicas e
doentias, e que ocorram tantos casos de histerismo, de que são
atacados os filhos suspeitos hoje a enfermidades outrora
desconhecidas! E quem seria capaz de enumerar os males de espírito,
companheiros inseparáveis de um corpo que começa a decair e a
decompor-se antes de chegar ao seu completo desenvolvimento,
frutos apodrecidos de uma árvore mal cultivada desde a sua origem?
Mens Sana in Corpore Sana, só um corpo são, vive uma alma sã. O
desenvolvimento normal das forças do corpo humano exige, como
condição preliminar, que se fortaleça a natureza por meio de
exercícios como os que acabámos de expor. Oxalá que as mães
compreendessem de uma vez para sempre a sua missão e a sua
responsabilidade e abraçassem os conselhos de pessoas com critério!
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
novamente, em terreno seco, o passeio, a principio bastante rápido,
que se vai moderando paulatinamente, e cuja duração depende da
maior ou menor presteza com que se enxuguem e aqueçam os pés, e
nunca deve exceder de 15 minutos.
Deve-se evitar, com o maior cuidado que as meias e os
sapatos, que se calçam apôs o exercício, estejam húmidos, pois do
contrário bem depressa far-se-iam sentir as consequências na cabeça
e na garganta, e o remédio seria contraproducente. Eis aqui porque
nunca se devem deixar aquelas peças de roupa (as meias e o
calçado) na relva molhada, mas sim em lugar seco, para que com o
seu auxílio os pés entrem logo em reacção e recobrem o calor
perdido. Este, como os demais exercícios similares, pode-se praticar
ainda quando se tenham os pés frios.
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
4º Andar descalço na água fria
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
5º Meios para fortalecer as extremidades, principalmente os
braços e as pernas
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
recomendação não porque receie algum perigo, mas unicamente para
não espantar aos tímidos. Fazendo-os cobrar aversão a um sistema
evidentemente bom.
Tanto as pessoas sadias como as que sofrem de alguma doença
podem submeter-se a qualquer dos exercícios hidroterápicos
descritos, contando que observem sempre as instruções dadas para
cada tratamento, certos que os maus resultados provêm sempre de
alguma imprudência. Tratando-se de tísicos em que o mal já tinha
feito progressos sensíveis, apliquei como fruto os processos descritos
sob os números 1,2, 3 e 6.
Nem todas as pessoas a quem dedico o meu pequeno trabalho,
necessitam de estímulos para fortalecerem o seu organismo. A sua
posição e as suas ocupações quotidianas proporcionam-lhes inúmeras
ocasiões de robustecerem as suas forças e, como vulgarmente se diz,
de se curtirem. Esses não têm motivos para invejar aos que parecem
achar-se em melhor situação. Nisso de posições há muitas,
muitíssimas ilusões.
Quando aqueles dos meus leitores que nunca ouviram falar
sequer nas aplicações que acabo de descrever, convido-os a fazer
uma experiência, embora ligeira, antes de pronunciarem sentença
condenatória.
Se a experiência resultar favorável ao meu sistema, folgarei não
tanto por mim, como pela importância suma do assunto.
Quantos golpes não sofrem a saúde do homem? Feliz deve
reputar-se aquele que, robustecendo o seu organismo, conseguir que
a sua saúde lance profundas raízes, pois assim poderá facilmente
resistir aos frequentes assaltos a que está exposta a frágil
humanidade.
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
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Aplicações hidroterápicas
a) Compressas.
b) Banhos comuns.
c) Banhos de vapor.
d) Afusões (duches).
e) Faixas (embrulhos).
f) Uso interno ou em bebida.
a) Compressas
1º Compressa superior
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2º Compressa inferior
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4º A compressa ao baixo-ventre
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
apresentado queixando-se de fraqueza de vista, de surdez, de dores
reumáticas de índole muito diversa, especialmente na cabeça, que de
ordinário achava-se, além disso, atacada de uma sensibilidade
extrema e outras mil doenças. Perguntando-lhes eu donde lhes tinha
vindo o mal, a resposta era sempre a mesma: “A aplicação do gelo
devo eu este incómodo, que há tantos e tantos anos me atormenta”.
E o pior é que muitos tiveram de aguentá-lo ate ao fim da vida.
Por conseguinte reprovo absolutamente o uso de compressas
de gelo, e sustento que a água empregada de um modo racional, é
capaz de mitigar e amortecer totalmente o calor interior mais intenso,
em qualquer órgão ou parte do corpo que se tenha concentrado. Um
incêndio que não se pode extinguir com a água, não se apagará de
certo também com gelo. Isso é fácil de compreender.
Acabo de afirmar que a água bem aplicada é o melhor remédio.
Não quer isto dizer que se, por exemplo, se se trata de uma
inflamação na cabeça, em lugar das compressas de gelo, se apliquem
sem discernimento panos molhados, etc. Cem compressas não serão
capazes de impedir a afluência do sangue para a parte inflamada,
causa do ardor que sente. Distribui-lo, ou, por outras palavras, é
preciso distrair a doença com aplicações simultâneas em outras
partes do corpo. Assim o inimigo que assentou os seus arrais na
cabeça, combatê-lo-ei em primeiro lugar com remédios aplicados aos
pés do paciente, que irão sucessivamente se estendendo em direcção
ao ponto atacado.
Do resto, já os nossos leitores tiveram ensejo de observar os
serviços excelentes que de uma maneira indirecta presta o gelo em
determinados tratamentos hidroterápicos; assim, por exemplo, no
verão serve para refrescar a água quando começa a aquecer.
Ainda duas palavras acerca da sangria, das sanguessugas e
demais processos para extrair sangue.
Uns 50, 40, anos atrás não havia quase uma senhora que não
fizesse sangrar 2, 3 e 4 vezes no ano. Um traço encarnado ou azul
feito no calendário no dia de ano bom, marcava os dias destinados
para a operação; os mais favoráveis eram os semi-festivos, e os que
tinham algum sinal de bom agoiro. Médicos, barbeiros e até os
banheiros consideravam este exercicio como uma verdadeira
carniceria. Os estabelecimentos públicos e até os conventos, etc.,
tinham marcado as suas épocas de sangria e prescrita, com
severidade extrema, a dieta que se devia então observar. Antes da
sangrenta operação, os que iam submeter a ela, auguravam-se
mutuamente bom êxito e felicitavam-se do resultado se tinham sido
bem sucedidas. Para alguns tinha a operação as suas peripécias. Um
eclesiástico daquele tempo assegura que se fizeram sangrar 4 vezes
no ano, por espaço de 32 anos consecutivos, e que cada operação lhe
tinha custado 8 onças de sangue, o que corresponde à enorme soma
de 1024 onças.
Além das sangrias estavam em voga as sanguessugas, as
ventosas, etc., etc. Para todos havia o seu processo especial, para os
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
jovens e para os velhos, para os homens e para as mulheres, para os
fidalgos e para a plebe.
Como mudam em tempos! Este processo considerava-se então
como o Unum Necessarium, como a verdadeira, a única chave de
saúde da vida, e entretanto que se pensa hoje a respeito de tudo
isso? Não há quem não se ria dessa crença errónea dos nossos
maiores, que julgavam que o homem podia ter sangue em demasia.
Dois anos, faz, um médico estrangeiro autor de trabalhos científicos,
e que segue uma das novas escolas da ciência médica, garantiu-me
que nunca em dias da sua vida tinha visto sanguessugas; e não
faltam médicos que atribuem o carácter anémico da geração presente
ao enorme abuso que fizeram os nossos antepassados da sangria e
das sanguessugas. Talvez tenham toda a razão; essa, porém, não é a
única causa do mal.
Mas voltemos à vaca fria – como se diz vulgarmente – e ai vai a
minha opinião clara e bem exposta. Tudo no corpo humano acha-se
disposto com ordem e medida, e com tão admirável harmonia, que
até os mais exigentes consideram este maravilhoso organismo como
uma obra de arte, única em seu género, cuja concepção portentosa
só podia existir na mente infinita de Deus e cuja execução era só
possível à sua força criadora. A mesma ordem, a mesma medida e
harmonia existe entre a produção e o consumo das substâncias
necessárias à manutenção e conservação do corpo, uma vez que o
homem livre, porém racional, faça uso correcto que Deus lhe confiou
e não perturbe com abusos a ordem preestabelecida, destruindo
assim a harmonia que todos admiramos.
Sendo assim, não se compreende como precisamente o sangue,
o mais importante dos factores que compõem o organismo humano,
tenha sido distribuído nele sem ordem, peso nem medida e que a sua
acção não obedeça a leis bem definidas.
A meu ver, a criança recebe da mãe, ao nascer, juntamente
com a vida, certa quantidade de substância sanguínea, essência ou
como lhe queiram chamar, da qual se forma o sangue. Quando se
acaba essa essência, cessa também a formação do sangue e com ela
se apaga a vida. Sem sangue não há vida possível, e o anémico vive
morrendo. Toda a perda de sangue, qualquer que seja a sua causa –
ferida, sangria, ventosa ou sanguessugas – produz uma diminuição
de essência vital, que traz consigo a abreviação da vida porque uma
é condição essencial da outra. Objectar-me-ão que o processo da
formação do sangue é muito rápido e que este se recupera tão
depressa como se perde. A objecção é muito justa; porém a meu
turno vou opor-lhe outro argumento, para cuja confirmação apelo
para o testemunho dos lavradores. Quem quer engordar rapidamente
um animal, sangra-o para tirar uma boa quantidade de sangue, é
então que começa a época da ceva. Pouco tempo depois repete a
sangria, com o que o quadrúpede engorda de um modo
extraordinário e com suma rapidez. Ao cabo de 3 ou 4 semanas
pratica a mesma operação, ministrando-lhe alimentação abundante e
nutritiva; o animal engorda a olhos vistos e, embora velho, depressa
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
adquire tão bom sangue e em abundância como um animal novo.
Examinando, porém, de perto o sangue formado por esse processo
artificial, veremos que é um líquido aquoso, esbranquiçado, insípido,
impróprio para a vida. O animal carece de força e actividade, a sua
existência é tão efémera que logo manifestar-se-á a hidropisia, se
não for imediatamente abatido.
Não acontecerá o mesmo com o homem? Quem já passou os
sessenta e adquiriu alguma experiência da vida, conhece muito bem
a influência que o abuso da sangria exerce sobre as faculdades,
aptidões e forças corporais dos filhos. O sacerdote de quem falámos
acima e que perdeu tantas onças de sangue, morreu tísico na flor da
idade. E se uma senhora se fez sangrar 300 ou 400 vezes (isto são
factos), tornando-se assim fraca e doentia, será possível que não
tenha deixado uma prole raquítica e predisposta para as convulsões e
outros muitos males?
Não desconheço que pode haver casos sempre raros e
excepcionais, em que, à míngua de outros meios eficazes, a sangria
pode servir para conjurar um perigo iminente. Porém, fora desses
casos, diga-me quem ainda não perdeu o uso da razão se prefere
deixar cortar-se paulatinamente o fio da vida, ou, mediante a
aplicação racional da hidroterapia, repartir e moderar de tal maneira
o sangue que o mais pletórico tenha somente a quantidade do
precioso liquido necessário para as funções da vida. No lugar
oportuno exporemos os processos que se devem empregar para
conseguir esse resultado.
Nada mais corrente do que a crença de que nos ataques
apoplécticos não há outra solução senão a sangria. A este propósito
lembro-me um caso em que o primeiro médico chamado para um
doente aplicou-lhe logo uma sangria, ao passo que o segundo médico
declarou formalmente que em consequência da sangria o doente
morreria, o que de facto aconteceu. Geralmente não é o excesso de
sangue que produz a apoplexia, como vulgarmente se julga, sem a
falta deste liquido vital. Portanto as mais das vezes – morrer de
apoplexia – é o mesmo que extinguir-se a vida por se haver esgotado
o sangue, como se apaga a lamparina à míngua de azeite.
Na terceira parte revelaremos os incalculáveis benefícios que
nos ataques de apoplexia presta a água.
Aqui apenas direi que o meu predecessor na paróquia sofreu três
insultos apoplécticos e no terceiro o médico o desenganou. Pois bem,
a água não só o salvou nessa ocasião, como o conservou ainda
alguns anos aos seus paroquianos.
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b) Banhos
a) O pedilúvio frio
b) O pedilúvio quente
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
2º O pedilúvio com flores de feno (aplicar a planta toda, mas
seca) é um bom reconstituinte. Numa vasilha com água fervendo
deixam-se 3 a 5 punhados de flores de feno, tapa-se a vasilha e
deixa-se arrefecer a água até à temperatura de 25 a 26º R.
É indiferente deixar as flores de feno no banho ou retirá-las.
Estes banhos exercem uma acção resolutiva e são, por
conseguinte, ao mesmo tempo detergentes e confortantes; pelo que
curam as doenças dos pés, o suor, os golpes de toda a classe, as
contusões, com ou sem sangue, os tumores, a gota dos pés, as
excrescências cartilaginosas e as supurações nos dedos, as
calosidades ao lado das unhas, as feridas causadas pelo calçado, etc.,
etc. Em geral pode-se dizer que estes banhos são um remédio
excelente para todos os que têm alguma doença nos pés, é uma
arma poderosa para combater as impurezas do sangue.
Um cavalheiro sofria horrivelmente de gota, que lhe fazia soltar
gritos horríveis. Um só pedilúvio destes, com a sua faixa
correspondente, molhada no mesmo cozimento, mitigou as dores ao
cabo de uma hora.
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
último, repelindo de novo o sangue para a região superior, ao menos
em grande parte, de sorte que não se lograria o resultado que se
busca. Segue-se, portanto, que após um pedilúvio quente com sal e
cinza não se deve tomar nunca um pedilúvio frio.
2º Meios-banhos
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quando forem expressamente prescritos, aliás o resultado poderia
ser-lhes prejudicial.
De qualquer maneira que forem empregados, tanto para as
pessoas sadias como para as doentes, constituem os meios-banhos
um tratamento incompleto, parcial, e por isso devem ser sempre
empregados com outras aplicações, a sua duração não excederá os 3
minutos, e não será nunca menor de meio minuto.
De ordinário tenho empregado as duas primeiras classes destes
banhos, com excelentes resultados, em pessoas que por causas
diversas, achavam-se reduzidas a um estado de extrema debilidade.
Não me deterei a enumerar essas causas, apenas direi que há
muitíssimos pacientes que não podem logo a principio suportar a
pressão da água nos banhos gerais; podia citar centenas de exemplos
de pessoas de todas as classes sociais. Foram precisamente esses
doentes, reduzidos a um estado de extrema debilidade, os que me
inspiraram o uso destas duas aplicações; porquanto o seu estado
reclamava um tratamento prudente e às vezes era forçoso prolongá-
lo por várias semanas até que tivessem recuperado parte das forças
perdidas e pudessem suportar a pressão da água em todo o corpo. A
estas duas classes de banhos de quer acabo de tratar, vai unindo, por
via de regra, outro exercício confortante: a imersão dos braços, até
aos ombros, na água fria (Vide “Banhos parciais”). Este duplo
tratamento, eu o prescrevo não somente para fortalecer o organismo
todo como também para combater a frialdade dos pés.
A terceira classe desses banhos – ou meio banho propriamente
dito – merece especial atenção, e recomendo-o encarecidamente às
pessoas que gozam boa saúde.
O emprego deste banho combate, na sua origem, as
enfermidades e debilidades do baixo-ventre que não têm outra causa
senão o enervamento das forças produzidas por uma educação
efeminada. Estes banhos vigorizam o organismo, conservam e
aumentam as forças em toda a região inferior do corpo por mais
debilitadas que estejam. Suprem, portanto, com grande vantagem,
as faixas em duas ou mais dobras, com que milhares de pessoas
oprimem o baixo-ventre, e que parecem destinadas a impedir que a
doença possa separar-se do mísero corpo humano. Experimente-se
animosamente esta nossa aplicação e ver-se-á como diminuem de
um modo sensível as hemorróidas, as cólicas ventosas, a hipocondria,
o histerismo, e todo esse cortejo de enfermidades que têm a sua
sede no baixo-ventre onde fazem estragos sem conta.
As pessoas sadias recomendo-lhes que, ao levantarem-se pela
manhã, se lavem a parte superior do corpo e que à tarde tomem este
meio banho. Se não têm tempo para esta loção pela manhã, façam-
na quando tomam o banho à tarde.
Para terminar, citaremos alguns exemplos que servirão para
esclarecer o uso destas três aplicações nos casos de doença.
Um jovem em consequência do tifo, tinha perdido as forças de
tal maneira que não podia empreender o mais leve trabalho. Por
espaço de muito tempo, de dois em dois ou três dias, permanecia
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
ajoelhado na água, a princípio um minuto, e depois dois a três
minutos. De semana em semana foi recobrando as forças até que
voltou ao seu estado primitivo.
Outro doente sofria de fortes congestões (disso dão-se
frequentes casos que têm a sua origem no baixo ventre). Um dia
lavava bem a parte superior do corpo e no outro tomava banho
ajoelhando-se na água ao fim de alguns dias via-se livre do hospedo
importuno.
Não é inferior a sua eficácia para combater os incómodos de
estômago que provém de flatulências ou gases ali detidos; este
banho é o específico mais específico para expulsar esses gases,
ordinariamente molestos resíduos de graves enfermidades.
a) Semicúpio frio
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
b) Semicúpio quente
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
despeja-se então na banheira e toma-se o banho, que não deve durar
mais do que quinze minutos; o mesmo cozimento pode servir para
outras duas ou três aplicações. A segunda que será fria efectuar-se-á
3 ou 4 horas depois da primeira, e a terceira, também fria, uma hora
depois da segunda.
Estes dois banhos frios não devem demorar mais de um a dois
minutos.
Estes semicúpios devem-se tomar, quando muito, 3 vezes por
semana, e se tomarão mais frequentes somente alternando-os com
banhos frios, ou também quando for preciso debelar incómodos muito
arraigados, como hemorróidas inveteradas, fistulas no recto,
desarranjos do intestino cego (cecum).
As hérnias ou quebraduras não impedem de se tomar estes
banhos. Vejamos agora os usos especiais de cada classe.
IV – Banhos gerais
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
atrás seguia eu uma opinião diametralmente oposta, marcando maior
duração para estes banhos, na firme convicção de que se não podia
adoptar outro sistema.
Uma longa experiência, porém, fez-me mudar de parecer, e
avisadamente, conforme creio. Esta grande mestra da vida tem-me
ensinado que, em relação aos banhos frios, deve seguir-se como
norma invariável o princípio: Quanto mais curto é o banho, maior
é a sua eficácia. Por conseguinte quem se demora um só minuto na
água procede com mais prudência do que o que nela se conserva 5
minutos. Por isso reprovo todo o banho frio que passar dos três
minutos, quer seja usado por pessoas sadias quer por doentes.
Esta minha opinião é confirmada por inúmeros factos; pelo que
reprovo os processos rudes que se põem em prática em alguns
estabelecimentos hidroterápicos, como também o abuso que se faz
dos banhos no verão.
Nesta estação há muitos que tomam um ou dois banhos diários,
de meia hora cada um pelo menos.
Tratando-se de bons nadadores que fazem bastante exercício e após
o banho tomam alimento substancioso, nada há que objectar,
portanto o seu organismo torna a haver o que lhe havia tirado o
banho; para aqueles, porém, que não sabem nadar e que passam a
meia hora acorados na água, como o cágado debaixo da concha, o
banho não lhes aproveita, se é que não os prejudica, como muito
bem pode acontecer se o abuso se prolonga. Banhos desta natureza
debilitam as forças e produzem o cansaço. Em vez de fortalecerem o
organismo, o enervam, em lugar de robustecer e alimentar, gastam e
consomem.
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
instante a consultar a direcção do cata-vento. A árvore criada é
intempérie, resiste tanto ao frio como ao calor; à calma como à
tormenta; o hábito endureceu-a. Quem se acostuma a tomar o nosso
banho, tornar-se-á robusto como a árvore criada ao ar livre.
A ideia da perda do calor é como que o pesadelo que infunde a
muitos pavor e medo às aplicações da água fria. O frio – assim se diz
– debilita forçosamente se não vier logo a reacção. De acordo. Mas
além do exercicio activo que se prescreve logo em seguida a toda a
aplicação de água fria, os banhos como eu os indico, longe de
roubarem calor, o conservam e fomentam. Em lugar de raciocínios,
formulemos uma simples questão: se um indivíduo doente e
debilitado por falta de exercício a ponte de se não atrever a subir à
rua no inverno, se não em caso de estrema necessidade, consegue
fortalecer-se por meio dos banhos ou loções frias podendo assim
desafiar o calor e o frio e tornando-se insensível às intempéries, não
é claro, pergunto eu, que esse individuo aumentou também em calor
natural? Ou será tudo isso ilusão e farsa?
Apontarei aqui um exemplo dentre milhares que poderia citar:
Um cavalheiro que passava dos 60 anos, era inimigo encarniçado
da água. O seu único cuidado, ao sair de casa, era não esquecer
nenhuma das mantas de lã com que se agasalhava; porque, lá no seu
entender, esse descuido acarretar-lhe-ia toda a classe de
constipações e catarros. Sobretudo aterrorizava-o a ideia de que o
pescoço poderia constipar-se e não sabia já como abrigá-lo do ar e
que cuidados prodigalizar-lhe.
A este ponto tinham chegado as coisas quando ele se achou um dia
diante do “bárbaro” hidroterapeuta, o qual com sorriso malicioso lhe
ordenou que tomasse os banhos frios, como acabámos de indicar. O
velho cavalheiro obedeceu como um autómato. E as consequências?
Estas foram eminentemente favoráveis. Ao cabo de poucos dias pôde
livrar-se da primeira manta: a série interminável de camisa e
camisolas de lã e flanela, foram a pouco e pouco desaparecendo, e o
mesmo destino tiveram as mantas e os cachenés em que estufava o
pescoço. Com o tempo chegou a julgar perdido o dia em que não
tomava o seu banho de água fria, tamanho era o bem-estar que
sentia sob a sua influência e tão insensível se tinha tornado aos
rigores do tempo. E o mais singular é que ainda no mês de Outubro,
é hora do passeio, costumava banhar-se no rio, porque a água fria da
corrente lhe parecia mais agradável do que a banheira em casa.
Eis aqui os principais pontos que se devem ter em vista para
tomar estes banhos.
Em que estado ou disposição há de achar-se o corpo de uma
pessoa sã, para poder tomar com vantagem os banhos gerais frios?
Quanto tempo deve uma pessoa sadia demorar-se no banho
geral frio?
Qual é a estação do ano mais apropriada para se começar este
tratamento hidroterápico?
O uso dos banhos frios exige, como condição absolutamente
necessária, que todo o corpo esteja quente.
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
Por conseguinte acha-se nas condições exigidas, aquele que
tenha aquecido o corpo ou pelo trabalho ou pelo exercício ou
finalmente por ter permanecido em algum quarto quente.
Quem pelo contrário, sentir frio, ou tiver frios os pés deve
abster-se de semelhantes banhos enquanto por meio de exercício não
tiver cobrado o calor normal. Em compensação, quem de boa saúde,
estiver transpirando ou ainda alagado em suor, pode tomar sem
receio o nosso banho frio.
Pessoas criteriosas e de grande experiência consideram
altamente prejudicial tomar um banho frio quando se está com o
corpo quente ou suando. Entretanto nada há mais inocente. Ainda
mais, não hesito em assentar o princípio seguinte comprovado por
larga experiencia: Quanto mais abundante for o suor, mais
eficaz será o banho.
Um sem número de pessoas que julgavam sucumbir a um
ataque de cabeça em consequência de tão “brutal tratamento”
perderam o medo e dispuseram os prejuízos depois de uma só prova
(quem se tiver molhado por efeito da chuva, abstenha-se do banho,
porque com certeza não lhe assentará bem. Convém notar também
que a roupa que se há de vestir depois do banho deve estar bem
enxuta).
Haverá alguém que, ao voltar para casa, coberto de suor e pó,
tenha receio de lavar as mãos e o rosto, e até o peito e os pés?
Absolutamente ninguém, porque todos sabem que isso conforta e
alivia. Sendo assim, porque não há de produzir o banho o mesmo
efeito benéfico em todo o corpo? Como admitir que uma coisa que
assenta bem às diversas partes e lhes faz benefícios, há de ser tão
prejudicial ao todo?
Quer-me parecer que a ideia errónea e o temor infundado de que os
banhos frios prejudicam a quem os toma suando, provém
principalmente do facto que pessoas banhadas em suor, por se
exporem ao ar frio ou a alguma corrente de ar, buscaram-se graves
enfermidades, arruinando a saúde para toda a vida.
Vou ainda mais longe, e concedo que muitos ao meterem-se a
suar na água fria, adquiriram os germes de graves doenças. Mas
onde está a verdadeira causa disto? O suor? O banho frio? Nem uma
nem outra coisa. Como em todas as coisas da vida, assim também
aqui neste particular, a questão particular não é o que? Mas o como?
Isto é, a maneira de fazer uso da água fria estando-se suado. Não
pode por ventura um louco furioso causar males incalculáveis com
uma simples faca de mesa ou um canivete? Assim a imprudência ou
falta de cuidado pode tomar nocivo e maléfico o remédio mais
salutar. E, pois singular que nesses casos só condenem sempre o uso
e não os abusos que se cometem.
Como quer que seja, tudo depende da boa ou da má aplicação
do tratamento; quem prefere seguir os seus caprichos, que aguente
as consequências da sua leviandade.
Passo agora a responder à seguinte questão:
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Que tempo deve durar o banho geral frio para uma pessoa
sadia?
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
fez o paciente, sentiu, porém, tais temores de frio que não quis ouvir
falar mais em semelhante banho, do qual dizia cobras e lagartos. O
médico declarou então que do resultado da experiência se devia
concluir que a água não fazia bem ao enfermo, não sendo
conveniente repetir o tratamento, e que, além de tudo, a doença era
incurável. Desenganado com esta sentença de morte, veio ter comigo
o doente. Aconselhei-o a que fizesse segunda experiência com a
água, porém, que se demorasse nela apenas dez segundos (entrar e
sair logo). O resultado foi muito outro; em poucos dias o doente
estava curado de tudo.
Diante de factos desta natureza cheguei a pensar que se
receitava o uso da água dessa forma violenta e desarranjada com o
propósito deliberado de fazer com que o público tome aversão e
medo às suas aplicações. Bem sei que sou um esquisito, e estou
certo que o leitor não dará grande peso a este meu modo de encarar
as coisas.
Como quer que seja, que se propuser a fazer um ensaio sério
do meu processo, deve começar pelas aplicações brandas, próprias
para fortalecer o corpo, depois das quais seguir-se-ão as loções
gerais, que devem efectuar-se de manhã ao levantar-se, ou melhor à
noite ao deitar-se, se ao paciente não causarem insónia e agitação.
Quer se façam à noite quer de manhã, não há nisso a menor perda
de tempo porquanto as loções duram apenas um minuto. Se pela
manhã, logo apôs a loção, não vos é possível entregar-vos ao
trabalho ou fazer exercício, deitai-vos durante um quarto de hora,
para que o corpo se enxugue e adquira o calor natural.
Semelhante exercício posto em prática duas e quatro vezes por
semana é o melhor preparativo para o nosso banho geral frio. Faça-
se uma só experiência, e ver-se-á como a impressão desagradável do
primeiro momento segue-se logo uma sensação de bem-estar, e o
que antes causava aversão e temor, tornar-se-á em breve uma
necessidade.
Um cavalheiro meu conhecido tomou, durante 18 anos, todas
as noites um banho geral frio. Eu não lho tinha prescrito; ele, porém,
não quis nunca abrir mão desse exercício, e com razão, porque
durante todo esse tempo não esteve doente uma hora sequer.
Os outros assentava-lhes tão bem o banho, que não se
contentavam com menos de três todas as noites; e foi preciso que eu
interviesse proibindo-lhes esse abuso. Em todo o caso estes factos
provam que o tratamento não é tão “Arrepiante! Nem tão molesto
como alguns crêem.
Quem de veras se propõe a fortalecer o seu organismo e a
conservar a saúde, não encontrará remédio mais eficaz; por
conseguinte mãos à obra e nada de vãos propósitos.
Os povos vigorosos, as famílias e as gerações robustas tiveram
em grande estima os banhos de água fria.
Quanto mais o nosso século se vai efeminando, tanto mais urge
voltarmos aos hábitos e princípios sãos e racionais dos nossos
maiores. Há ainda famílias, e das mais distintas pela sua posição
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social, que conservam como tradição doméstica justamente o nosso
método hidroterápico, considerando-o como um dos principais
factores do desenvolvimento das forças e, por conseguinte, como
elemento principal da educação. Não há, pois, motivos para nos
envergonharmos da nossa causa.
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
hidroterápico ao tifo e não se faça o mesmo, como aconselha, em
todas as enfermidades que têm análoga precedência. Por isso muitos,
ainda dos que professam a arte médica, esperam com impaciência
essa prova de coerência e bom senso.
Devo fazer aqui uma observação que mais cabimento teria no
capítulo das loções. Nem todos os doentes estão em condições de
tomar banhos gerais; alguns nem sequer se podem mover da cama
por falta de forças. Devem por isso os coitados renunciar ao benefício
da água fria? Certamente que não. As nossas aplicações são tão
variadas e oferecem tantas gradações, que qualquer pessoa, por mais
fraca que esteja, encontrará nelas o que mais convenha ao seu
estado. O que importa é saber escolher com acerto.
Se se trata de pessoas gravemente doentes, que não podem
tomar o banho geral frio, supre-se este com as loções gerais, que se
podem aplicar na cama, conforme notaremos quando tratarmos das
loções. Estas repetem-se, do mesmo modo que os banhos gerais,
todos as vezes que a febre acusa uma temperatura elevada. Nas
doenças graves, evita-se qualquer tratamento severo, com o qual
nada mais se faria do que agravar o mal.
Muito a propósito, poderia eu citar aqui o nome de um doente que
havia onze anos jazia prostrado, preso à cama e sob tratamento
médico. Tentaram-se também diversas aplicações hidroterápicas,
porém tudo me vão. Mediante a aplicação do meu sistema, curou-se
em seis semanas. O médico teve de confessar que a cura lhe parecia
um milagre e veio pessoalmente perguntar-me como eu conseguira;
pois, no seu entender, não havia naquele corpo a menor sombra de
actividade, não tendo por isso as suas aplicações hidroterápicas
produzido resultado algum. Dei-lhe a conhecer o processo e as
aplicações simplicíssimas que tinha posto em prática. Isto fez-lhe
compreender que nãos e precisa de uma manga para apagar cavacos
em chamas; o seu tratamento tinha sido demasiado rude e
precipitado; o meu, porém, suave, moderado, lento e de acordo com
as forças e resistências do mísero corpo enfermo.
Sinto-me tomado de indizível compaixão toda a vez que ouço falar
em doentes que por espaço de dez, vinte anos e mais, não puderam
abandonar o leito da dor. Na verdade essas criaturas são bem dignas
de lástima, e, salvo alguns casos excepcionais, não compreendo
como isso se possa dar; também a Sagrada Escritura faz menção de
um doente que suportou a sua enfermidade por espaço de 36 anos.
Estou profundamente convencido que muitos desses infelizes
condenados a passar anos e anos no fundo de uma cama, poderiam
reaver a saúde com uma simples aplicação da água, continuada com
pontualidade e perseverança.
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2. O banho geral quente
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duração é de 33 minutos exactos, entre os quais se repartem as
diversas imersões do seguinte modo:
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
refrear-lhes os ímpetos e impor-lhes certos limites, para que
abusando não se prejudicassem.
Ninguém se arreceie do formigamento e da comichão que sente
na pele, especialmente nos pés, ao passar do banho temperado para
o frio; bem depressa se converte numa espécie de fricção agradável.
Quando se tomam alternadamente esses banhos, como ficou
descrito, não são necessários preparativos preliminares de espécie
alguma, como por exemplo, para restabelecer a temperatura normal
do corpo.
Como em todos os banhos quentes em geral, assim também
nos banhos alternados não emprego nunca água pura (a não ser
raras vezes para as pessoas sadias), mas adiciono-lhe sempre algum
cozimento de ervas medicinais.
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b) Banho geral quente para doentes
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cc) Banho de folhas e botões de pinheiro
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sustentar que os meus banhos ocasionam enfados e trabalho; quem
tal afirmasse, só daria provas de indolentes e poltrão, e seria na
verdade indigno dos benefícios que produz um banho.
3. Banhos minerais
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A aplicação é tão clara que qualquer pode faze-la, e não há
necessidade de fazer sobressair a extrema delicadeza e sensibilidade
do nobilíssimo metal sobre que exercem a sua acção às águas
minerais.
E para que nos diz a experiência relativamente aos resultados
da sua aplicação?
Nos grandes estabelecimentos balneares, é costume levar os
mortos para o cemitério, não de dia mas de noite, em silêncio, sem
canto nem dobres, para não impressionar e molestar os vivos. Todos
os anos registam-se ali grandes números de Óbidos. Fulano de tal
esteve aqui em tal ano pela primeira vez, e colheu excelentes
resultados. Mas o sofrimento, que era antigo, recrudesceu de novo, e
ele voltou aos banhos. Dessa vez, porém, já não lhe assentaram
bem.
O mal tomou maior incremento, e ele insistiu por lá voltar a terceira
vez. Veio dos banhos visivelmente forte e melhor: a cura, porém, era
ilusória; pouco tempo depois baixou à sepultura. A outros veio
surpreendê-los a morte nos próprios estabelecimentos, poupando-
lhes assim as despesas de viagem. Tal é a história que sob diferentes
formas ouvimos todos os dias.
Quem procura essas casas por distracção ou para ter anseio de
frequentar uma sociedade agradável, limitando-se a fazer o uso
externo das águas, nada tem que recear; só tem de deitar contas à
sua bolsa que, com certeza, passará por um tratamento desapiedado,
que muito se assemelha a um saque.
Até camponeses que andam com a cabeça transtornada e cheia
de fumaças, querendo imitar aos de alto contorno e remediar-lhes os
costumes refinados, deixem-se arrastar pelo mau exemplo e, se não
frequentam os banhos, é porque a falta de cum quibus lho impede.
Uma vez apresentou-se-me um camponês dizendo-me: “Afina,
descobri o melhor meio para purgar o corpo; é uma espécie de água
higiénica de que faço uso frequente”. “E que consiste essa água?”
perguntei-lhe eu. Depois de um momento de hesitação, confessou
que dissolvia na água uma colherada de sal e que tomava essa
beberagem em jejum; acrescentando que era um excelente purgativo
e valia mais que as mais celebradas águas minerais. Tratei de
dissuadi-lo, não houve, porém, meios de fazê-lo abrir mão da sua
“maravilhosa” invenção; continuou a beber a sua panaceia por algum
tempo; começou então a sentir dores de estômago, dificuldade na
digestão e por último caiu numa debilidade tal que o levou à
sepultura, ainda na flor da idade e exausto de forças.
Nada, pois, de invejar aos ricos e nobres que parecem ter melhor
fortuna, porque isto sobre ser próprio de néscio, é contrário aos
princípios cristãos. Tão pouco são para invejar aqueles, quem,
doentios e predispostos à tísica, etc., podem transportar-se a climas
benignos e frequentar luxuosas casas de saúde em Meran ou no Sul
da França, de Itália e até de África.
Para o peixe não há melhor morada do que a água e para a ave
é o ar a mais linda pátria; do mesmo modo não há para mim, clima
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
mais favorável, mais saudável do que o país onde a bondosa mão do
criador me fez ver a luz da vida. Se o acho demasiado rígido, nas
minhas mãos tenho o remédio; trato então de fortalecer o corpo: e
ainda nas doenças nunca duvidei que a água da minha terra natal me
presta tão bons serviços como a que corre por países estrangeiros.
Quando aprouver ao Senhor que eu morra – é esse o destino de
todos nós – a terra da pátria ser-me-á mais leve e ai descansarei
melhor e mais sossegado.
E porque se tornam públicas as experiências que se verificam
anualmente nos estabelecimentos de banhos em que se pretende
respirar ar tão saudável?
Tomo a liberdade de fazer aqui duas perguntas:
Quantos dentre os que, realmente doentes, vão a esses
estabelecimentos, voltam para as suas casas perfeitamente curados?
Quantos não ficaram enterrados nesses lugares, especialmente nos
banhos termais?
Como as respostas a estas perguntas não podem ser muito
satisfatórias, resta-me, caro leitor, aconselhar-te que te deixes ficar
na tua terra natal, vivendo honestamente e fazendo uso da água
todos os dias.
V. Banhos parciais
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2. Banhos à cabeça
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
que se desenvolvem facilmente quando devem tomar banhos quentes
de maior duração, que terminam por uma afusão ou uma loção de
água fria.
Não posso deixar de recomendar vivamente o uso destes
banhos.
Se no inverno o medo do frio e da humidade impede que se
abram as acanhadas janelas para dar entrada franca ao ar e à luz,
forma-se nos aposentos uma atmosfera tão espessa que, por assim
dizer, se pode cortar à faca, fazendo recuar logo da soleira a quem
vem de fora. Se se deixa de varrer e lavar a casa, acaba esta por se
tornar um foco de imundice.
E não há de suceder o mesmo com o couro cabeludo, se as
melenas, as grossas tranças e ainda em cima duas ou três coberturas
não deixam penetrar nem o ar nem um raio de sol até à pele da
cabeça? É claro que, se não a lavarmos com cuidado e perseverança,
tornar-se-á também um foco de imundice, formar-se-ão crostas e
caspa; e penetrará a podridão onde não entra a água, e as mães
sabem perfeitamente que consequências dai resultam.
Muitos – ainda mal! Negligenciam completamente o asseio da
cabeça! Há muita gente que julga que lavando o rosto todos os dias,
fizeram tudo quanto prescreve a higiene. Entretanto ainda resta fazer
muito; sobretudo é indispensável para a saúde conservar
constantemente limpa a cabeça, e a isto estão obrigados jovens e
velhos e de um modo mais particular as mães.
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
C) Banhos de vapor
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
todo ele ao mesmo tempo, afim de evitar as impressões bruscas que
raras vezes produzem bons resultado.
Aqui, porém, julgo oportuno lançar um olhar retrospectivo
acerca destes banhos.
Há cerca de 30 anos começaram a usar-se aqui no sul da
Alemanha os banhos russos ( No seu excelente livro – O meu testamento –
recém-publicado, e que acabamos de verter em português, a página 114 – 116,
tratando dos banhos a vapor gerais, modifica Kneipp o seu modo de ver a respeito
dos mesmos. Já não os condena; recomenda, porém, que se tomem com grande
precaução e parcimónia, com longos intervalos (um ou, quando muito, dois por
semana), devendo ser alternados com aplicações frias. Na opinião do ilustre
hidroterapeuta não devem tomar esses banhos as pessoas fracas, anémicas e
linfáticas. Aconselha-se, porém, aos que sofrem de gota crónica, impigens e outras
moléstias cutâneas, bem como Às pessoas obesas e que são atreitas a
ingurgitamentos de sangue. Como dissemos, numa nota da 1ª edição, tivemos
ocasião de experimentar em nós mesmo e de observar em outras muitas pessoas a
eficácia benéfica dos banhos de vapor gerais chamados banhos russos. Não há,
no nosso humilde entender, melhor depurativo do sangue e podemos afirmar sem
receio de contestação que aqui em Poro Alegre muitos indivíduos devem a eles a
saúde que em vão procuraram reaver por outros meios terapêuticos; e de alguns
médicos sabemos que não só recomendam os banhos de vapor a seus clientes
como também eles próprios fazem frequente uso dos mesmos. - nota de tradução).
Como, porém, muitas famílias não podiam frequentar as casas
de banhos (privilégios então das grandes cidades), inventaram-se
para substitui-las essas estufas, ou caixas diaforéticas, próprias para
promover o suor em grande abundância.
Também eu mandei fazer uma caixa semelhante, com a sua
porta bem justa e uma abertura na parte superior, por onde se podia
passar a cabeça comodamente. O vapor vinha de fora, o paciente
estava sentado ou de pé no interior da caixa, examinando em
silenciosa resignação o termómetro que lhe ficava diante dos olhos.
Cobriram-lhe o pescoço com um pano seco, afim de impedir a saída
do vapor, e envolviam-lhe a cabeça em compressas ou panos
molhados com o fim de manter nela a frescura ao mesmo tempo que
o corpo todo alagava em suor, o que acontecia geralmente 10 a 15
minutos depois de começada a operação. Ao banho de vapor seguia-
se logo uma loção ou um banho geral frio. Se se queria alcançar
maior abundância de suor, encerrava-se o paciente, segunda vez, na
caixa por espaço de 15 minutos, seguindo-se logo uma loção fria de
meio minuto.
Estes banhos de vapor pareciam-me muito úteis, apenas não
podia eu compreender a razão porque os efeitos não correspondiam à
expectativa. Sobretudo no inverno tropeçava eu em séries
dificuldades. Porque o suor copioso que em poucos minutos cobria o
corpo todo, elevando-lhe de um modo extraordinário a temperatura,
tornava-o extremamente sensível às mudanças atmosféricas, e na
quase impossibilidade de preservar completamente a pele do
contacto do ar frio do inverno, resultava que uma ou outra parte se
ressentia e às vezes sofria dores violentas.
Muitos foram os ensaios que fiz para remediar tão grave
inconveniente, e muito seriamente reflecti acerca do assunto. Eis
senão quando, um dia, levaram-me as minhas ocupações ao Mónaco.
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
Era no coração do Inverno; sofria eu então de um catarro muito
forte.
A casualidade me fez cair nas mãos um papel em que se
encareciam os maravilhosos resultados dos banhos russos. Entre
outras coisas dizia-se “Faça-se uma prova; um só banho de vapor
basta para curar o catarro mais rebelde”. Tomei a resolução de fazer
a experiência em mim mesmo. Sem demora lá fui ao
estabelecimento, e mal tinha tomado o primeiro banho, que bem
merece o qualificativo de russo, desapareceram como por encanto até
os menores sintomas do catarro. Tudo, porém, foi uma ilusão; pois
não tinham passado seis horas, quando me senti acometido por uma
nova constipação muito mais forte do que a que eu tinha deixado nos
banhos russos.
“Tate! – disse eu de mim para mim – sem dúvida há um grave
erro na maneira de tomar esses banhos; porque se comigo, que
estou são e robusto, se acaba de passar isto, que não sucederá com
uma pessoa débil, doentia e achacosa? Indubitavelmente deve este
tratamento ser aplicado de uma maneira muito diversa.
Todos os ensaios e pesquisas que fiz sobre o assunto,
convenceram-me que também para os banhos de vapor rege o
princípio que se deve observar em todos os exercícios hidroterápicos:
- Quanto mais suave for a aplicação, tanto melhores serão os
resultados. Uma aplicação é tanto mais suave, quanto mais
simples e menos molesta para o corpo.
Assim, eu não prescrevo nunca um banho de vapor, quando se pode
conseguir o mesmo resultado com um simples banho de água ou com
uma afusão ou com um banho parcial, como acontece quando se
trata de aumentar o calor natural; nem tão pouco ordeno um banho
de vapor geral, se um banho local produz o mesmo efeito. Para quê
atormentar inutilmente todo o corpo? Ne quid nimis, nada de
exageros: e nos banhos de vapor a virtude está num termo médio.
Não convém forçar a natureza, em lugar de ajudá-la, de estender-lhe
a mão e proporcionar-lhe os meios para que por si só possa exercer
as suas funções.
Todos os banhos de vapor, no meu sistema, são banhos
parciais, isto é, aplicados directamente a uma parte do corpo; a sua
influência, porém, estende-se a todo o organismo. E é nisto
especialmente que consiste a sua grande vantagem. Porque deste
modo se molesta e se debilita tão-somente a parte enferma ficando
intacto e sem sofrimento algum o resto do corpo. Este conserva
assim todo o seu vigor e descansa enquanto a parte enferma sofre a
acção do vapor e está por sua vez em actividade. Ainda mais, este
sistema oferece a vantagem de que a parte não atacada conserva
forças para suprir as que perde o órgão enfermo.
Em muitos casos faço aplicar o vapor exclusivamente como
preparativo para as aplicações hidroterápicas, quer para facilitar o
seu emprego aumentando o calor natural do corpo, quer para tornar
mais eficazes as mesmas aplicações, quer finalmente com o fim de
abrir passagem à acção da água até o interior do organismo, pelo
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efeito que produz o mesmo banho de vapor nos brônquios e nos
pulmões. Só muito raras vezes emprego os banhos de vapor sem
outra aplicação hidroterápica.
Quando nos ocuparmos dos diferentes banhos de vapor,
indicaremos as medidas e precauções que se devem tomar
relativamente à refrigeração do corpo, ao vestir-se, ao exercicio, etc.
Aqui só me resta fazer uma observação com o fim de prevenir
um perigo.
Acontece com frequência que o doente sente desde logo a
influência favorável destes banhos, particularmente quando se
aplicam aos pés ou à cabeça.
Pela sua virtude depurativa e resolvente produzem um bem-estar
indizível no paciente que se sente então alegre e feliz. Dai o perigo de
se abusar, repetindo a miúdo esses banhos, o que poderá acarretar
grave dano à saúde. “Est modus un rebus”. É preciso que haja
moderação em tudo.
Ilustrarei estes pontos com alguns casos práticos.
Um convalescente de tifo ou de outra grave enfermidade sofre
ainda de congestões na cabeça ou em outra parte do corpo. Em tais
casos são os banhos de vapor de incontestável utilidade. Devem ser,
porém, moderados e rápidos, aplicados à cabeça e aos pés, pois
temos diante de nós um indivíduo débil e anémico. É claro que para
apagar um fósforo, não se precisa de um fole do ferreiro; um leve
sopro é quanto basta. Isto aplica-se em geral a todas as pessoas
anémicas. Os banhos de vapor produzem-lhes bem-estar, aplicados,
porém, em excesso fariam o efeito de ventosas que lhes chupariam o
sangue, o calor da vida.
Mas poderão as pessoas gordas, corpulentas suportar
frequentes banhos de vapor e por conseguinte, suores copiosos?
Precisamente essas pessoas menos do que ninguém, pela simples
razão que em geral são pobres de sangue. Com esses pacientes sou
sempre muito parco em prescrever os banhos de vapor, e
recomendo-lhes de preferência faixas (embrulhos) que produzem
uma transpiração abundante. Esta supre com vantagem o suor
copioso.
Um paciente queixa-se de forte dores nos pés, e pede que lhe
apliquem os banhos de vapor aos pés, não obstante ser, como se
costuma dizer, uma “caixa de ossos”. Seria insensatez aceder a
semelhante pedido. Um espicho, um esqueleto ambulante como este,
nada mais tem que suar; por conseguinte, em vez dos banhos de
vapor, convém aplicar-lhe afusões nos joelhos, com alguma
frequência.
Vejamos agora as diferentes formas em que se podem aplicar
os banhos de vapor.
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1. O banho de vapor aplicado à cabeça
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A princípio alguns assustam-se ao sentir uma temperatura tão
elevada; não tarda, porém, em habituar-se aquele calor tropical e
descobrem o meio de evitar as sensações desagradáveis da
aplicação. No primeiro momento da inundação do vapor deve tomar-
se uma posição recta, levantar um pouco a cabeça e desviá-la para
os lados; à medida, porém, que o calor vai diminuindo, volte o
paciente a tomar a posição inclinada, como se acaba de indicar.
O banhista não tem que recear absolutamente nada; não
conheço um só caso em que o vapor, aplicado à cabeça com estrita
sujeição às minhas prescrições, tenha causado o menor mal; antes
pelo contrário, sempre produziu-me óptimos resultados, aplicados em
mui diversas doenças a pessoas de diferentes condições. Os banhos
de vapor nunca fizeram mal a ninguém; e, se algum mal houve
alguma vez, foi devido à temeridade e fatuidade dos que, julgando-se
mais sabedores e experimentados, os tomaram sem as devidas
precauções e obedecendo unicamente aos seus caprichos. Cada
banho de vapor dura 20 a 24 minutos, durante os quais os pacientes
conservarão a posição descrita, e, até onde lhe for possível aguentar,
terá aberto os olhos, o nariz e a boca, para que o vapor penetre
livremente em todos estes órgãos.
Passados os 20 ou 24 minutos, retira-se o cobertor e lava-se
bem a parte superior do corpo com água fria. Em acto contínuo o
banhista faz exercicio, em casa durante o inverno e ao ar livre no
verão, até secar-se completamente e recobrar a temperatura normal
do corpo.
Aqui devo fazer algumas observações que se devem ter muito
em conta.
Em alguns casos o vapor da água pura prejudica a vista e o
estômago, se se aspira; por essa razão ponho sempre algumas ervas
medicinais na água quente. A mais indicada, pelos excelentes
resultados que produz é o funcho ou a erva-doce moída; uma
colherada desta planta basta para cada banho. Também se podem
empregar: Sálvia (Salvia officinalis), Milefólio (Achillea milefolio), a
hortelã (Mentha piperita), o sabugueiro (Sambucus nigra), a
tanchagem (Plantago lancelata), e as flores de tília (Tília cordata); na
falta destas plantas deita-se na água um punhado de urtigas ou de
flores de feno; pois estas plantas, apesar do desprezo com que são
olhadas, dão óptimos resultados.
Em circunstâncias normais, produzem os banhos de vapor
imediato efeito; pois na maioria dos casos depois de cinco minutos
começa a escorrer o suor pela fronte e o rosto abaixo, depois de dez
minutos bagas de suor manam de todos os poros.
Em alguns indivíduos, porém, especialmente se anémicos e
faltos de calor natural, o efeito não é tão imediato. Para remediar
este inconveniente, deixa-se incandescer a sexta parte de um tijolo
(um pedaço de tolha presta o mesmo serviço), que se põe na
banheira uns 10 minutos depois de começada a operação. Com este
novo combustível levantam densas nuvens de vapor, que acabam de
abrir os poros.
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Depois deste banho, que no inverno tomar-se-á num quarto
quente, é preciso lavar a parte exposta ao vapor com água fria, para
que os poros se voltem a fechar, antes do que não se deve nunca
sair ao ar livre. Convém igualmente na mesma estação invernosa,
fazer o exercício subsequente em casa, durante meia hora antes de
sair à rua. Sem essas precauções, seria fácil pilhar não só alguma
constipação mas até alguma doença grave.
A loção com água fria de que falo, pode tomar-se de diferentes
maneiras. A mais simples e que recomendo quando se trata de
pessoas débeis que carecem de auxilio alheio, consiste em lavar
rapidamente aquela parte do corpo com uma toalha embebida em
água fria. Tratando-se de tumores ou erupções na cabeça, purgações
nos ouvidos, ou em geral de padecimentos que exigem, para a sua
cura, fortes secreções na cabeça, deve empregar-se esta espécie de
loção depois dos dois primeiros banhos de vapor. Se se descuida essa
precaução, sobrevirá zumbidos nos ouvidos e outros incómodos que,
senão perigosos, são bem molestos. Nas aplicações subsequentes, se
se conseguirem abundantes secreções, pode-se recorrer à segunda
maneira de ablução, isto é, a afusão superior, que consiste em
despejar com vagar um ou dois regadores de água fria sobre as
partes que foram submetidas ao vapor, exceptuando a cabeça, isto é,
o couro cabeludo; em compensação lava-se bem o peito.
As práticas que se devem ulteriormente observar, são as mesmas
que se observam depois das afusões: isto é, depois de enxugar o
rosto e o cabelo, o paciente veste-se com a maior pressa, possível
sem enxugar o resto do corpo e faz exercicio ou se entrega ao
trabalho corporal até sentir-se enxuto de todo e recobrar o calor
normal.
Mais proveitoso seria tomar, depois do banho de vapor, sempre
que se tenha a comodidade de o fazer.
Os efeitos deste tratamento são realmente importantes, pois
não estende a sua acção somente à superfície de toda a região
superior do corpo, abrindo-lhes os poros, como também ao interior,
onde os vapores, penetrando pelas narinas e a faringe até os
pulmões, etc., resolvem e eliminam o que ali estorva. Nas
constipações produzidas pela humidade ou por mudanças da
temperatura, nos incómodos da cabeça zumbido nos ouvidos,
afecções reumáticas e espasmódicas na nuca e nos ombros, nas
afecções asmáticas, febre tifóide (ao aparecerem os primeiros
sintomas do mal), doenças todas que acompanham ou seguem de
ordinário os catarros, são remédio excelente estes vapores aplicados
à cabeça. Por via de regra esta aplicação repetida duas vezes no
espaço de três dias basta para se alcançar a cura completa; os
catarros ainda incipientes e de qualquer classe que sejam, curam-se
com um só destes banhos de vapor. Quem tiver a cabeça avultada, o
pescoço desproporcionalmente grosso ou as amígdalas inflamadas
deve tomar semanalmente dois ou três destes banhos, os quais se
prescrevem igualmente na inflamação dos olhos que provém do frio,
as constipações, etc., como também para as purgações do mesmo
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órgão. Neste último caso colher-se-á melhor resultado, se o paciente,
além do banho de vapor, tomar pedilúvio quente, com sal e cinza,
pelo espaço de quinze minutos, à noite do mesmo dia.
Em congestões e até em ataques cerebrais tenho empregado
com excelente resultado os banhos de vapor aplicados à cabeça.
Alguns receiam que em casos delicados como estes,
semelhante aplicação faça subir o sangue para a cabeça agravando
assim a situação. Esse receio é infundado; nestes dois casos, porém,
faço durar a operação 15 a 20 minutos somente e em acto contínuo
aplico outro banho a vapor nos pés.
Como, porém, os banhos de vapor exercem uma acção
resolutiva muito enérgica e o suor copioso que provocam, debilitam
sobremaneira as forças, não se devem aplicar com demasiada
frequência à cabeça; de ordinário não convém tomar mais de dois
banhos por semana. Só em casos excepcionais, quando for
necessário provocar abundantes secreções e eliminações, podem-se
tomar três na primeira semana, isto é, de três em três dias, com uma
duração de 15 a 20 minutos no máximo.
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que não possa escapar o vapor, ficando encerrado como num tubo de
lã, para subir ao longo das pernas até ao abdómen.
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indispensável um banho ou uma loção geral, ou também um meio-
banho com uma loção da parte superior do corpo.
As prescrições relativas a essas aplicações, encontram-se nos
respectivos capítulos (vide loções e afusões) e as que se devem
observar depois do banho aos pés, são as mesmas que fizemos na
descrição dos banhos de vapor aplicados à cabeça.
Os banhos de vapor aos pés são indicados especialmente em
todas as doenças dos pés, como nas grandes exsudações com mau
cheiro que provém de humores mórbidos que é preciso resolver e
eliminar; nas inflamações dos pés, que têm causas análogas ou
obstruções de sangue nessa parte; como também para combater a
excessiva frialdade dos mesmos pés, nos quais a transpiração é
nenhuma e para onde o sangue, por assim dizer, não encontra mais o
caminho.
Nesses casos o banho de vapor comunica actividade e nova vida aos
membros sobre os quais actua servindo além disso, muitas vezes de
excelente preparativo (como se dirá na parte das respectivas
enfermidades) com que se aplaina o caminho para outras aplicações
hidroterápicas.
Os que sofrem de abcessos nas unhas, de unhas encravadas;
os que receiam alguma infecção do sangue em resultado de alguma
imprudência ao cortar os calos, recorrendo sem demora a esse
banho, encontrarão remédio eficaz para esses males.
As aplicações mais enérgicas que devem mais ou menos actuar
em todo o corpo, emprega-se nas afecções espasmódicas do baixo-
ventre, especialmente se originadas por alguma constipação, e
também nos males de cabeça como causa congestões ou excessiva
afluência de sangue para essa parte do corpo.
Nos indivíduos anémicos, em que é preciso aumentar o calor do
corpo, antes de dar tratamento hidroterápico, tem-me estes banhos
prestado excelentes serviços; nesse caso, porém, devem ser
aplicados com moderação.
Em geral deve-se proceder com grande parcimónia do que diz
respeito ao emprego desses banhos.
Como nos banhos aplicados à cabeça bastará um ou dois destes
banhos por semana, e só se tomarão três em casos muitos especiais
e quando forem expressamente prescritos.
Ainda me resta fazer uma observação:
Não poucas vezes me têm sido dirigidas queixas, criticando os
excessivos preparativos e as molestas precauções que exigem os
meus banhos de vapor. Em resposta, só faço a seguinte pergunta:
“Que é mais simples os meus banhos de vapor aos pés ou um suador
tomado durante muitas horas na cama sob o peso sufocante dos
cobertores, e provocado por meia dúzia de chávenas de café, e que
no fim de contas é sempre seguido de dores de cabeça e outras
indisposições?”
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3. Banho de vapor de assento
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4. Aplicações parciais dos banhos de vapor
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1. Afusão dos joelhos.
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2. Afusão das coxas.
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3. Afusão da parte inferior do copo.
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operação termina sempre com uma rápida loção no peito, do baixo-
ventre e dos braços, quando não se quiser aproveitar a água que
durante a afusão corre pelas partes anteriores do corpo.
O mais conveniente é proceder a uma loção em seguida a cada
afusão; porém, tomando esta de pé, pode-se suprimir a loção das
pernas, que são banhadas pela água que corre de cima para baixo.
Esta afusão é um excelente confortativo da espinha dorsal, e auxilia
melhor do que outra qualquer circulação do sangue.
5. Afusão geral
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especial e duradouro sobre uma parte afectada de algum mal, o que
se consegue facilmente com a afusão. Isso acontece frequentemente
nos reumatismos. Querendo-se produzir no paciente fortes resoluções
e secreções, aumenta-se a acção da afusão com a seguinte aplicação:
torce-se rapidamente a camisa com que se tomou a afusão, de modo
que não goteje, e emprega-se como faixa em que permanece o
paciente uma hora até uma hora e meia (veja-se o capitulo faixas);
no caso que se não queira fazer esta aplicação, deve a camisa
molhada ser substituída por outra seca. Depois da afusão, o banhista
faz exercício até que o corpo esteja completamente seco e tenha
recuperado o calor normal.
Resta-me apenas fazer uma ligeira observação. Eu nem
emprego nem aprovo os duches fortes nem as afusões ou banhos de
regador de alto jacto, usados em alguns estabelecimentos, com que
se pretendem produzir impressões violentas; pois não compreendo
qual o fim de semelhantes aplicações irracionais. Para lavar o corpo
não se precisa do jorro de um bombo de incêndios; isto salta aos
olhos. Tão pouco são necessárias essas torrentes de água para tomar
um banho de regador; porque ou a enfermidade é curável, e neste
caso são mais eficazes, como já disse, os processos suaves; ou é
incurável, e então, longe de aproveitar tratamento tão áspero, só
poderá ser prejudicial.
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sempre num dos ombros. Desta maneira recebe toda a parte indicada
três a quatro irrigações uniformemente repartidas, caindo a água pelo
peito na vasilha.
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com maior brevidade possível) em acto contínuo faz exercicio ou
entrega-se a algum trabalho corporal.
Esta afusão aplicada à parte superior do corpo, pode substituir
a loção depois do banho de vapor aplicado à cabeça. De ordinário,
porém, aplica-se juntamente com a afusão das pernas, devendo-se
tomar em primeiro lugar aquela afim de vestir a parte superior do
corpo antes de se aplicar esta. Entretanto, devo advertir mais uma
vez que esta simultaneidade não é necessária.
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7. A afusão dos braços.
8. A afusão da cabeça.
E. Loções
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a reacção, e teria, como consequências inevitáveis, febres, catarros e
outros incómodos.
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Quando o ferreiro ou serralheiro acabam o seu trabalho diário, lavam
eles o rosto e as mãos enegrecidas pela fuligem e pó de carvão; o
camponês que ama o asseio, ao regressar das lides do campo, lava
as mãos e, na estação quente, refresca a boca com um gole de água
cristalina. Quanto melhor fora, se apôs as fadigas do dia, limpassem
o suor com uma loção de todo o corpo! Quem dera que este exercicio
refrigerante e fortalecedor se tornasse mais conhecido e praticado!
Antes do deitar, à noite, nem todos podem tomar um banho,
porque este excita demasiado os nervos a alguns. Quem, entretanto,
o poder suportar, não deve perder a ocasião de o tomar, pois este
banho lhe proporcionará um sono profundo e tranquilo.
A muitas pessoas que não podiam conciliar o sono, prescrevi eu
esta loção geral e excelentes foram os resultados que colheram. No
Inverno pode-se uniformizar e elevar a temperatura do corpo,
metendo-se na cama durante uns dez minutos antes da lavagem, que
assim será melhor e mais eficaz.
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Se, porém, atentas as condições do enfermo uma loção geral
parecesse excessiva, pode-se repartir o tratamento em duas ou três
lavagens parciais. Em tal hipótese lave-se pela manhã o peito, o
baixo-ventre e os braços; e à tarde as costas e as pernas; ou
também pela manhã lava-se o peito e o baixo-ventre, ao meio-dia as
costas, e à tarde os braços e as pernas.
Se se praticar com presteza e as devidas precauções, não pode
a loção causar dano algum, embora se empregue água muito fria,
que é o mais conveniente.
Quando se tratar das enfermidades, indicar-se-ão os casos em
que se deve aplicar a loção e a frequência do seu emprego.
Devo advertir aqui que a loção do corpo todo é um remédio
excelente contra as febres intensas e por conseguinte contra todas
as doenças acompanhadas de febres agudas, como a tifo e a varíola
(bexigas), no qual caso substitui sempre o banho geral frio, quando
por qualquer motivo, este não se possa tomar. Os mesmos sintomas
da febre, o calor e a ansiedade, indicam o momento oportuno para se
aplicar a lavagem, que, conforme as circunstâncias, se deve repetir
de meia em meia em meia hora.
Com estas loções apenas, tenho curado muitas enfermidades,
como afecções catarrais, a varíola, o tifo, etc.
Tratando-se de organismos débeis pode empregar-se, em lugar
de água pura, vinagre com uma pequena parte de água. Esta mistura
além de limpar melhor a pele, abre os poros, fortalece e conforta.
Acreditam alguns que as loções com vinho, espírito e outros
líquidos análogos produzem efeitos extraordinários; devo declarar,
porém, que tenho feito muitas experiências com essas loções,
estudando-lhes o efeito, mas consegui apenas resultados medíocres,
e às vezes até nulos.
Anos atrás estava muito em moda a aguardente francesa e
julgou-se que nada a podia substituir. Foi uma verdadeira mina para
os negociantes que venderam milhares e milhares de garrafas:
arrefeceu depois o entusiasmo do público, e só nos últimos anos é
que voltou a ser empregado aquele produto.
Estes medicamentos aparecem e desaparecem como os
cometas, que deixam na sua marcha pelo espaço um rasto fugaz e
acabam por desaparecer. Não só como as estrelas fixas, que todas as
noites brilham no firmamento, com luz menos intensa, sim, porém,
mais segura e constante. Ela produz os seus efeitos, e as suas
aplicações continuarão, ainda quando esses remédios extraordinários,
que de tempos a tempos aparecem, tiverem sido abandonados e
jazerem esquecidos.
O meu desejo mais ardente é que o novo sistema faça caminho
e encontre aceitação especialmente naqueles círculos que poderiam
interessar-se eficazmente pela sua difusão e aplicação.
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2. Loções parciais ou locais
1. Faixa da cabeça.
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eflorescências, eczemas secos e pequenos tumores que aparecem no
couro cabeludo.
2. A faixa do pescoço.
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3. O xaile
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de deitar-se calce um par de meias húmidas e sobre estas outras
secas.
Deste modo não perderá tempo e terá um sono tranquilo, e não se
importe com a duração da aplicação; unicamente terá o cuidado de
tirar as meias molhadas se despertar durante a noite, ou logo pela
manhã cedo.
Esta espécie de faixa é um grande refrigerante que alivia o cansaço
dos pés, pelo que se recomenda aos trabalhadores do campo.
A frialdade dos pés combate-se perfeitamente com esta
aplicação nocturna: e os que padecem de suor nos pés, podem
aplicar este remédio com êxito quase seguro, depois de preparar o
terreno com vários banhos de vapor a estas extremidades.
5) A faixa inferior
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penas. Especial cuidado a ter no agasalho dos pés (meias bem
grossas e saco com água quente).
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Em regra, não emprego água para embeber os panos, mas
quase sempre misturada com algum cozimento de flores de feno,
palha de aveia ou folhas de pinheiro. O primeiro emprega-se nas
moléstias das vias urinárias e às vezes também nos males da pedra;
o segundo é um bom antídoto contra a gota e o mal da pedra, e o
terceiro ajuda a eliminar os gases e a combater os ataques
espasmódicos no baixo-ventre, especialmente quando se trata de
naturezas débeis.
5. A faixa curta.
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pressão que exercem nessa direcção os gases acumulados no baixo-
ventre.
Conheço um grande número de pessoas que tendo
experimentado estes resultados, deitam-se de vez em quando com
esta faixa e passam um sono aprazível à noite.
Para curar as mucosidades do estômago, as afecções do
coração e dos pulmões, assim como nas diversas enfermidades da
cabeça e da garganta, emprega-se com excelente resultado esta
faixa, conforme se vai dizer na terceira parte.
Quando tenho dúvidas a respeito de uma enfermidade, e não
vejo claramente a sede do mal, recorro a esta faixa, que é o meu
melhor conselheiro e guia. Por ora não julgo ser oportuno entrar em
minudências.
Os doentes que padecem de fraqueza no baixo-ventre, devem
fomentá-lo com banha de porco ou com azeite canforado,
imediatamente antes ou depois de aplicarem a dita faixa.
Nos ataques espasmódicos, pode-se aplicar à raiz da carne ou,
por outra, debaixo do pano molhado, outro pano embebido em
vinagre. Não so nestes incómodos, como também quando se trata de
combater a friagem, deve-se empregar água morna.
6. A camisa molhada
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7. Manta espanhola
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para uma aldeão de pouca robustez basta 1 hora ou 1 hora e meia no
máximo, ao passo que para um cervejeiro corpulento não são demais
as duas horas.
Quem quiser conhecer os resultados desta faixa, dê-se ao
trabalho de examinar a água em que é lavada a manta depois de
cada aplicação, e não só a encontrará completamente turva, mas
admirar-se-á como uma coisa tão simples possa extrair do corpo
tanta imundice.
Vi casos em que a manta de branca que era tornou-se
completamente amarela, nas bastando para limpá-la a lixívia mais
forte e sendo preciso corá-la.
A manta espanhola dilata suave, porém completamente, os
poros em toda a superfície cutânea extraem as mucosidades e todas
as substâncias morbíficas. Inútil é encarecer o bem-estar geral que
produz e o quanto contribui para conservar a temperatura normal do
corpo.
Aplica-se especialmente esta faixa grande para combater
catarros gerais (que atacam mais ou menos o corpo todo, a febre
tifóide, a gota, as inflamações articulares, a varíola, como também
para prevenir ataques apoplécticos, e frequentemente se encontrará
recomendada a sua aplicação no tratado das enfermidades – 3ª parte
deste livro).
Embebida em cozimento de flores de pinheiro, é a manta
espanhola um excelente remédio contra as enfermidades, que, como
a gota, a pedra, etc., se curam com essas substâncias vegetais.
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
que transtornaram a ordem maravilhosa das suas obras? Assim é na
realidade. A infinita Sabedoria estabeleceu também um sinal que
anuncia o momento de se tomar o alimento – a fome – come a sede
– indica o momento oportuno da bebida. O corpo humano é um
relógio perfeitíssimo que trabalharia com regularidade admirável, se o
homem não cometesse a loucura da lançar na sua engrenagem toda
a sorte de imundices que lhe perturbam a marcha, se é que não lhe
estragam a máquina completamente.
Os irracionais não tomam alimento senão quando se sentem
estimulados pela fome; a sede unicamente é que os impele a
procurar a fonte. Satisfeita a necessidade, deixam de beber e comer,
e não tocam mais em coisa alguma.
Assim procede também o homem que segue um bom método
de vida, quer goze saúde quer esteja doente.
Por isso assentamos o seguinte princípio que todo o homem
devia abraçar como regra invariável da vida: Bebe quando tiveres
sede, porém, nunca bebas demais.
Há indivíduos que durante toda a semana não bebem uma só
gota de água; outros têm o costume de beber um copo de água à
hora de almoço e se satisfazem com isso durante o dia inteiro. Nunca
têm sede, e isto explica-se pelo facto de que o corpo recebe
diariamente certa quantidade de água contida nos alimentos. Fora de
alguns dias muito sufocantes do verão ou desse ardor interior que
anuncia a febre ou a acompanha, não há motivo racional que obrigue
a beber com a frequência com que o fazem alguns que, sem
verdadeira necessidade, encharcam de água ou de outros líquidos o
pobre estômago. Estas imprudências raras vezes ficam impunes.
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para a sua assimilação com as diversas partes do corpo humano.
Donde se conclui que se misturarmos os alimentos com líquidos
estranhos: água, vinho ou cerveja, adulteram-se os sucos gástricos e
a digestão se entorpece, de modo que a elaboração não pode ser tão
perfeita.
E que diremos daqueles que durante uma refeição encharcam o
estômago com seis ou mais libações de algum desses líquidos? Os
sucos se rarefazem a tal ponto que se tornam inserviveis para
favorecer a digestão, e o bolo alimentar em lugar de servir o
alimento, será um tormento para o estômago. E ainda se queixam de
má digestão!
Mas então como há-de a gente regular a bebida? Perguntar-
me-ão.
Quem tiver sede antes da comida, que beba; porque a sede é
sinal de que há falta de sucos ou de que estes precisam ser
rarefeitos.
Durante a comida, porém, beber-se-á muito pouco ou nada,
para que sejam puros os sucos que devem humedecer os alimentos
até o último bocado.
Se passado algum tempo depois da comida, umas duas ou três
horas, por exemplo, o estômago pedir mais quantidade de fluido para
continuar a elaboração de quimo, pode-se beber com moderação.
Tenho discutido este assunto com vários médicos de reputação
e todos concordam comigo em que a maior parte dos males de
estômago têm como causa os excessos que se cometem no beber.
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Um exemplo tornará mais claro o que acabo de expor.
Suponhamos que alguém sofre de prisão de ventre; sentindo um
grande ardor no abdómen, uma sede abrasadora devora o pobre
enfermo. “Poderia beber – diz ele – 3 ou 4 copos de água de uma só
vez”, pois sente como que um fogo a arder-lhe dentro do corpo.
Assim é na verdade, porém, essa enormidade de água que mal pára
no estômago, não mitiga o ardor, e é expelida do corpo sem ter feito
outra coisa que levar consigo grande quantidade de sucos gástricos
indispensáveis à marcha regular das funções animais. Dá-se ao
enfermo uma colherada de água de meia em meia hora, e este
tratamento racional produzirá melhor resultado do que se lhe
proporcionarem num só dia tantos copos de água.
Com efeito, essa pequena quantidade de liquido mistura-se e
confunde-se imediatamente com o suco gástrico, cuja quantidade
permanece sempre a mesma e exerce a sua acção de uma maneira
uniforme sobre o organismo, amolece e resolver as substâncias
endurecidas, pondo assim termos às obstruções e prisões de ventre.
Um sem número de pessoas seguiu os meus conselhos neste sentido,
colhendo os melhores resultados. Probatum est!
Em nossos dias muito se tem discutido acerca dos efeitos que
produz a bebida da água quente a 30 e 35º R. (como no chá e no
café) particularmente nas doenças crónicas. Eu mesmo fiz algumas
experiências com êxito favorável.
A César o que é de César! Não reprovo o uso da água quente
nem censuro a quem a prefere. São coisas de gosto. A experiência,
porém, me tem ensinado que a água fria (não quebrantada) produz
os mesmos se não melhores efeitos. Assim é que eu, para o meu uso
particular, a prefiro sempre a água tépida. Escolha cada um a seu
gosto.
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XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Terceira parte
Enfermidades
___________
Introdução
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O profeta Eliseu não quis curar a lepra a Naam, príncipe da Síria; mas
disse-lhe: “Anda e lava-te sete vezes no Jordão e a tua carne
recuperará a saúde e ficará limpo”.
Oxalá o Senhor abençoe a boa intenção com que escrevi este
livrinho, de ajudar e carregar a sua cruz a muitos que vivem opressos
sob o peso das enfermidades.
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necessário tratar simultaneamente ambos os pés, e este tratamento
havia de durar até que desaparecessem de todo as manchas
vermelhas e as dores. Deviam-se envolver ambos os pés em panos
embebidos num cozimento de palha de aveia (Avena sativa), de
modo que ficasse coberta alguma coisa mais do que a parte enferma.
Bem depressa apareceriam as melhoras e a cura seria completa.
Como explicar o aparecimento da cárie precisamente nos pés e
não em outro membro, como as mãos e os braços? O paciente tinha
sofrido uma grave doença em consequência da qual lhe ficou uma
grande debilidade particularmente nas extremidades inferiores. É
possível então que se depositem ali o gérmen da doença que se
manifestou mais tarde; e quando menos é indubitável que em
resultado do grande trabalho a que se submeteu os pés, porquanto
tratava-se de uma pessoa robusta que fazia muito exercicio, ficaram
eles ressentidos do mal, e como parte mais debilitada e trabalhada do
corpo, cederam facilmente à acção da substância venenosa.
Este indivíduo, que ainda vive, deve ter grande cuidado em não
deixar que a cárie se apodere outra vez de tão importante órgão, e,
ao mais leve sinal da presença do mal, aplicar-lhe o remédio que lhe
prescrevi, isto é: os panos embebidos em cozimento de Cavalinha
(Equisetum arvensis) ou em cozimento de aveia (Avena sativa). Sero
venientibus ossa! O paciente conhece o latim, e certamente a minha
sentença que lhe fará assomar aos lábios o sorriso, pois sabe muito
bem o que eu quero dizer.
Passo em silêncio outros casos em que a cura, por se tratar de
pessoas jovens que remediaram a tempo, não ofereceu dificuldades.
II. Exostose
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III. Lesão da espinha dorsal
IV. Raquitismo
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Trouxeram-no depois para perto de mim e em 17 dias pude
declará-lo fora de perigo, pondo-o em condições de andar sem auxílio
do bastão e sem dores, embora nunca chegasse a recuperar todo o
vigor próprio da sua idade. Eis aqui o tratamento: de um pano de
linho grosso fez-se uma espécie de colete ou corpinho, que lhe
aplicavam ao deitar-se, embebido em infusão de palha de aveia,
pondo-lhe em cima outro corpinho seco e obrigando-o depois com
cobertores de lã. Assim ficava toda a noite. A princípio foi-lhe
aplicada esta espécie de faixa de duas em duas noites e depois, de
três em três noites. Diariamente deram-lhe afusões superiores e uma
afusão dos joelhos; dava um passeio na água e tomava um meio
banho. Passados os 17 dias, foram-lhe feitas as seguintes aplicações:
dois banhos de meio corpo, duas afusões superiores e uma vez o
corpinho, cada semana.
I. Reumatismo articular
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Mais doloroso do que tudo isso era para mim a convicção de que
muitos julgavam que eu exagerava a minha doença deixando-me
dominar por uma sensibilidade excessiva. Sofre duplamente quem no
meio das suas dores e sofrimentos não consegue despertar
compaixão nos outros”.
Esta exposição, caro leitor, encerra muitos e preciosos
ensinamentos. Não sejamos duros e injustos para com os doentes.
Um homem de boa tempera não se põe, de repente e sem razões, a
lamentar com um poltrão.
Quem será capaz de conhecer as verdadeiras raízes de todos
esses males e de esquadrinhar o interior desse corpo que tão deveras
sofre? Não é tão fácil, como à primeira vista parece, penetrar o
segredo. É verdade que, na sua exposição estabeleceu o paciente as
premissas em que se há-de fundar o nosso veredicto. Porque a sua
cor amarela, as cólicas frequentes e o suor dos pés suprimido, são
sintomas que acusam a presença de uma substância venenosa que,
qual astuta serpente, se achava oculta no corpo, e que
primeiramente lhe deu aqui e ali diferentes botes, até que se
enroscou com força em todos os seus membros, introduzindo o seu
pestífero veneno nas articulações e até na medula dos ossos.
Também o cabelo não cai sem uma causa que o arranque. Como o
tempestuoso vento de Outono agita e faz cair as folhas das árvores,
talvez seja a mesma substância venenosa a que lhe mata as raízes.
Uma cura completa poder-se-á somente conseguir, resolvendo e
segregando do organismo essa substância mortífera que o corrói, e
vigorizando ao mesmo o corpo de maneira que possa opor resistência
à formação desses humores venenosos. Para todo o veneno costuma
haver o seu contra-veneno; qual é a substância mais apropriada para
contrastar a acção desse veneno? Alguns dariam muito, muitíssimo
dinheiro para obter um especifico desconhecido, extraordinário que
combatesse esses males; e não se lembram sequer de dizer um “Deo
gratias” para testemunharem o seu agradecimento Àquele que nos
dispensa remédios naturais, simples e eficazes para estas como para
todas as enfermidades. Esta substância salutar é a água. Mas como
pode a água curar esta classe de sofrimentos? Escuta, pois.
Quando uma dona de casa quer restituir à roupa a sua alvura
perdida, mete-a na água, lava-a, rega-a com o liquido cristalino e
deixa-a corar. A água amolece e resolve as substâncias impuras e o
sol as extrai do pano; por isso tem ela o bom cuidado de expô-la ao
sol dos dois lados. Porquanto não tornará a haver a sua anterior
brancura se a água e o sol não penetrarem todas as suas fibras, ao
passo que, a acção daqueles elementos fará desaparecer da tela a
mais pequena mancha. Façamos agora a aplicação. O corpo do nosso
doente, com a sua crosta amarela, semelha a um pano cheio de
imundice. As primeiras aplicações hidroterápicas têm por objecto
introduzir no interior a humidade que há-de resolver as substâncias
venenosas que influenciam o organismo; a pouco e pouco vão
desenvolvendo o calor, que como o sol segrega e elimina as ditas
substâncias. Porém, ainda mais: a lavadeira serve-se também, às
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vezes de lixívia, que actua com mais presteza e energia do que a
água. Nós também podemos empregar meios resolutivos mais
energéticos, cozendo na água substâncias vegetais, que com ela
constituem uma excelente lixívia para a limpeza do sangue.
Voltemos, porém, ao nosso enfermo. Fiz-lhe aplicar em primeiro lugar
a manta espanhola, em seguida um banho de vapor à cabeça com
forte loção e logo depois um banho de vapor aos pés. Estes actuam
como a melhor lixívia, e devem alternar-se, porque não convém
nunca ser exigente e severo com a natureza, afim de facilitar-lhe o
caminho para a expulsão das substâncias mórbidas.
Depois das referidas aplicações foi-lhe aplicada uma faixa curta, como
fortificante, e afusão superior e inferior; sempre só uma aplicação
diária, alternando; além disso, porém, devia tomar todas as noites
uma loção geral depois de deitar-se, voltando imediatamente para a
cama. Tal foi o tratamento das três primeiras semanas. Na quarta e
quinta semana tomou dois banhos de meio corpo em cada uma; um
banho de vapor à cabeça e outros aos pés e uma vez também a
manta espanhola. Na sexta e última dois banhos quentes alternados
com banho frio; um banho de meio corpo e a afusão superior e
inferior. Para garantir a cura recomendei-lhe que semanalmente
lavasse todo o corpo duas vezes e tomasse uma vez a afusão
superior e inferior, com um simples banho quente todos os meses.
A hidroterapia não fraudou tão pouco neste caso as nossas
esperanças; a doença que, por sua gravidade, devia produzir em
breve a morte, desapareceu. O paciente recuperou o seu aspecto
sadio e as forças perdidas; e ao seu anterior abatimento sucedeu o
natural entusiasmo pelo cumprimento de seus deveres profissionais.
A voz readquiriu também o seu timbre sonoro, e o nosso homem não
se cansava de dar graças aquele que é fonte de origem de toda a
saúde como de todos os bens.
Um homem dos seus 40 anos de idade sofria no pé direito
dores reumáticas tão intensas que somente à custa de penosos
esforços podia andar arrimado a um bastão. Às vezes deixavam-se
sentir ao mesmo tempo nos braços e nas costas. Os diferentes
remédios aplicados foram infrutíferos; recorreu então à hidroterapia e
ao cabo de seis semanas sentiu melhora notável que pouco tempo
depois terminou com a cura completa. Vejamos o tratamento
seguido:
1º Por espaço de seis dias duas afusões das pernas, isto diariamente;
uma vez por semana uma faixa desde os sovacos. Diariamente dois
passeios na água até à barriga das pernas, por espaço de 1 a 3
minutos; e todos os dias também uma afusão das costas e passeio na
relva.
2º Terminando este primeiro período, uma afusão superior e uma dos
joelhos, alternadas com banho de meio corpo de um minuto de
duração somente.
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Um trabalhador de 28 anos diz-me: “Nestes dois últimos anos
não tem passado um só dia em que me visse livre de dores. No
princípio apareceram nas costas, onde sentia forte ardor e picadas
insuportáveis, embora não sempre com a mesma intensidade; a
pouco e pouco, porém, se foram as dores estendendo até às coxas.
Muitas noites não consigo conciliar o sono sequer duas horas; tão
depressa sinto um calor insuportável como um frio que me faz bater
o queixo.
Vários médicos me assistiram a princípio sem resultado; fizeram
também injecções de morfina que mitigaram por algum tempo as
dores, porém estas costumavam a reaparecer logo depois com mais
violência.
Vendo que os facultativos não conseguiam aliviar os meus
sofrimentos, socorri-me aos remédios caseiros: esfregaços, lavagens
com espíritos e águas miraculosas; tudo, porém, foi inútil. Finalmente
desejara tentar a fortuna com a hidroterapia”. Eis o tratamento a que
se sujeitou:
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estabelecimento de Hamburguerberg, e no fim de 4 meses de
tratamento retirou-se radicalmente curado.
O senhor António Albernaz, com 22 anos, residente em Santa
Maria da Boca do Monte, sofria de igual moléstia, conseguindo
completa cura dentro de poucos meses.
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1º A faixa do braço, como anteriormente.
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II. Gota
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e que obedecem às minhas prescrições. Quanto aos gotosos das
classes altas não me iludo, são gente rebelde que têm aversão à
água, refractários à obediência e sobretudo efeminados; se não fora
isto, curar-se-iam com a água como os demais.
Um cavalheiro de posição elevada, sofria havia quatro semanas,
horríveis dores nos pés. Os amigos chamavam-lhe membro da
irmandade dos gotosos.
Aquela vez curou-se do ataque por meio de um suor copioso; naquele
mesmo ano porém reproduziu-se o ataque e o reteve na cama doze
semanas. Tornou a provocar a transpiração, porém as dores não
cederam.
Consultou-se então, declarando que estava pronto a fazer tudo
quanto eu lhe prescrevesse, contando que a doença não tornasse a
aparecer. Todos os sintomas gotosos foram desaparecendo sob a
influência das aplicações hidroterápicas. O paciente não as
abandonou logo de todo, e nunca mais tornou a sentir-se molestado
pela gota.
No caso seguinte exporei o tratamento aplicado.
Um sacerdote fez-me saber que estava sentindo nos pés um
ardor irresistível e pediu-me algum remédio. Aconselhei-o que
estendesse num pano de linho flores de feno fervidas, quentes e bem
espremidas e envolvesse bem nele o pé, sustendo e ajustando a
compressa de modo que não penetrasse o ar exterior. Ao cabo de
duas horas devia tornar a molhar as flores de feno no cozimento,
espreme-las e envolver nelas os pés, como acabámos de descrever,
sendo indiferente nesta segunda aplicação, que as referidas flores
estejam quentes, mornas ou frias.
Doze horas depois de ter começado o tratamento, haviam as
dores acalmado muito; no terceiro dia não havia vestígios delas.
Se não se tem à mão flores de feno, coze-se palha de aveia e
embebem-se no cozimento as compressas ou panos em que se há-de
envolver o pé afectado; alcançando-se também por esse meio um
excelente resultado. Como se vê, nesta classe de enfermidades trato
de resolver as substâncias morbosas, desenvolvendo calor.
Julgo oportuno desfazer aqui uma ilusão muito generalizada.
Mal desaparece a dor, julga o enfermo que está curado; cometeria
grave falta o doente se neste caso se entregasse a uma confiança
prematura. Após as compressas dos pés devem seguir-se
imediatamente algumas aplicações hidroterápicas de carácter geral
que segreguem e eliminem as substâncias morbíficas. A mais eficaz
nas três primeiras semanas, é a manta espanhola aplicada duas ou
três vezes por semana, durante hora e meia ou duas horas; e depois
banhos quentes com cozimento de palha de aveia (Avena sativa)
seguidos da tríplice alternativa (corpo todo na água – com duração de
33 minutos – 10 minutos na água quente, 1 minuto na água fria, 10
minutos na água quente, 1 minuto na água fria, 10 minutos na água
quente, 1 minuto na água fria).
Um jornaleiro tinha contraído um forte padecimento de gota.
Começou aplicando-se três vezes por semana a faixa de saco
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embebida em cozimento quente de aveia (Avena sativa), a qual foi
seguida dos banhos de folhas de pinheiro (Pynus sylvestriss)
semanalmente, de 33 a 35º com a tríplice alternativa (corpo todo na
água – com duração de 33 minutos – 10 minutos na água quente, 1
minuto na água fria, 10 minutos na água quente, 1 minuto na água
fria, 10 minutos na água quente, 1 minuto na água fria). Em noites
alternadas, depois de deitado, lava-se com água fria.
Na terceira semana começou a sentir notável melhora, no entanto,
continuou a aplicar-se a faixa de saco duas vezes por semana, e
banhos quentes na imediata. Bem depressa a sua saúde ficou
completamente curada.
Um construtor de poços mostrou-me os inchaços articulares nos
dedos das mãos e dos pés que lhe causavam às vezes dores
insuportáveis; o mal era proveniente da humidade.
De dois em dois dias tomou um banho quente como acabo de
descrever e de 3 em 3 ou de 4 em 4 dias fazia aplicação do saco; ao
mesmo tempo envolvia todas as noites as mãos em flores de feno
fervidas. Pouco tempo depois estava o nosso homem livre daquela
doença.
Um pobre pai de família sentia dores reumáticas fortíssimas;
uns eram de parecer que provinham de gota, outros de uma outra
afecção; o caso é que sofria muitíssimo a ponto de não poder atender
às suas ocupações.
Era precisamente na época em que se recolhia o feno.
Aconselhei-o que fosse ao depósito do feno, onde ele estava em
fermentação; que abrisse no montão um buraco e se metesse nele,
deixando apenas descoberta a cabeça. Fê-lo assim e o calor do feno
provocou-lhe um suor tão copioso que todo o corpo ficou alagado. No
espaço de dez dias repetiu o lavrador seis vezes o banho de feno que
o curou radicalmente.
Eu não me atrevia a recomendar a todos esse processo; porém
que o pôs em prática conhece a virtude resolutiva que possui o vapor
de feno, capaz de segregar e destruir focos morbosos que lançaram
raízes profundas. Este vapor, aliás inofensivo, é mais eficaz quando
imediatamente depois da sua aplicação se toma um banho frio de
meio corpo, muito curto, com loção da outra metade superior do
corpo, com o que se vigoriza extraordinariamente o organismo. A
prática tem demonstrado a eficácia deste tratamento que alguns
qualificarão de estrambótico e singular. Dois cavalheiros de elevada
posição tomaram quinze banhos de vapor de feno, na maneira
indicada, com tão excelente resultado que lhes parecia
incompreensível como por meios tão simples se pudesse produzir
uma reconstituição tão completa do organismo.
Por esta razão não hesito em afirmar que os reumatismos
benignos, os espasmos (cãibras) que são ordinariamente restos de
enfermidades graves, curam-se radicalmente com três ou quatro
desses banhos de vapor de feno aplicados como acima ficou dito.
Já vês, pois, caro lavrador e homem do povo em geral, o
tesouro que tens em casa. Experimenta uma vez a sua eficácia. No
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
verão quando estiveres vencido de fadiga, faz ferver um punhado de
feno e, deixando que o cozimento se amorne, toma um banho de pés
de dez minutos que restituirá o vigor e a flexibilidade a teus membros
rendidos.
E quando sentires em alguma parte do corpo o ardor e as dores
características de reumatismo, sê racional; e, assim como guardas
para as tuas bestas esta preciosa planta, aproveita em teu benefício
também a sua virtude medicinal.
Um hoteleiro expõe-me o seguinte: “Sofro de dores de cabeça
tão agudas, especialmente quando há mudanças de tempo, que me
impossibilitam de entregar-me aos meus trabalhos diários. As dores
estendem-se pelas costas; a sua sede principal porém, é a parte
superior das coxas, mas quando se fixam nos pés não posso andar.
Se bebo um copo de cerveja, transportam-se as dores para a cabeça.
Tão longo sofrimento me tem tornado incapaz para qualquer trabalho
regular, tornando-me assim a vida insuportável”.
Prescrevi-lhe o seguinte tratamento:
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
apenas bastaram para livrá-lo de tantos males e sentiu-se feliz por
ter recuperado a saúde. Vejamos de que modo se conseguiu esse
resultado:
1º Envolveram-se os pés, a principio todos os dias, depois um dia
sim outro não, e depois, de quatro em quatro dias, em flores de feno,
postas à raiz da carne ou em contacto com a pele, e sustidas
perfeitamente com um pano quente, permanecendo assim duas, ou
três horas.
2º De três em três dias, a principio, e depois, de quatro em quatro
dias, aplicaram-lhe a camisa molhada no cozimento de flores de feno.
Quando o inchaço dos pés tinha quase desaparecido, deram-lhe
diariamente uma afusão superior e uma afusão dos joelhos com
banhos de meio corpo. Este tratamento durou cinco semanas.
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I. Reumatismo muscular
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enraizou-se, manifestando-se por dores agudas e tornando-se
pertinaz, então lanço mão das fricções, como preparativo para as
aplicações hidroterápicas. Elas desenvolvem calor e contribuem ao
restabelecimento mais rápido da circulação do sangue. Se eu
aplicasse, por exemplo, uma afusão à parte reumática, sem
desenvolver previamente calor por meio dos esfregaços, o
reumatismo, em lugar de abandonar o corpo, induzir-se-á mais fundo
nele.
Um camponês sofria de dores reumáticas tão agudas em ambos
os pés e nas coxas que se via impossibilitado de andar. Demais a
mais não sabia o pobre coitado como lhe entrara no corpo aquele
mal. O paciente fez diariamente, duas vezes, aplicação da faixa curta,
isto é um pano que o cobria desde os sovacos, embebida em
cozimento de flores de feno bem quente; e assim se agasalhava bem
na cama por espaço de duas horas. Dez aplicações desta natureza o
livraram daquele hóspede importuno.
Outro camponês não pôde fazer a aplicação da faixa, por causa
das dores agudas que sofria nas nádegas; pelo que foi metido num
banho de cozimento de palha de aveia de 33 a 35º com a tríplice
alternativa de 25 minutos de duração, o qual se repetia duas vezes
ao dia. Seis banhos bastaram para fazer desaparecer as dores.
Os casos de reumatismo não cabeça são inumeráveis. O meio
mais seguro para combatê-lo é não tocar na cabeça, e aplicar banhos
quentes e vapores aos pés; porque a água fria seria muito prejudicial
à cabeça e a água quente só faria afluir para ela o sangue.
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receitou um unguento para fomentações que não lhe produziu efeito
algum. Para maior infelicidade sua, o pé torceu para dentro, e para
evitar a rigidez, ordenou o médico que fomentasse energicamente o
pé com banha de porco, por espaço de quinze dias e que depois o
lavasse com ácido fénico. Mas apesar de tudo isso foi piorando a
perna, o que determinou aplicarem-lhe um aparelho de gesso e com
isso esperava-se restabelecer-lhe o uso do membro inútil. Também
essa esperança foi baldada, porque no retirar, nove semanas depois,
o aparelho, a pobre coitada nem sequer se podia ter de pé e em
situação tão triste permaneceu até poucas semanas faz.
Estes inchaços, que não são nada mais do que excrescências
duras que se formam ao redor dos ossos, resolvem-se aplicando-se
compressas de flores de feno fervidas e bem quentes, durante o
tempo que for necessário. Conseguida que for esta resolução,
circulará o sangue livremente pela parte inchada e restituir-lhe-á a
força perdida.
Com efeito, oito dias depois de aplicada a compressa indicada
pôde a doente ter-se em pé; e oito ou nove semanas depois achava-
se em condições de caminhar.
Um cavaleiro, procurou-me e expos o seguinte:
“Das pontas dos pés até à cabeça estou cheio de dores reumáticas e
espasmódicas, o catarro não me deixa um só instante, umas vezes
com mais intensidade do que outras, e isto quer eu me conserve
encerrado no meu quarto quer saia ao ar livre. Quase nunca consigo
conciliar o sono; não tenho apetite, e, se assim continuar por algum
tempo mais, terei que abandonar as tarefas da minha profissão. Há
muito tempo que trago em cima de mim uma camisa “Jaeger” por
cima desta outra camisa de lã, a mais grossa que se pôde encontrar;
duas ceroulas de lã, um colete de pano grosso com forro de lã, um
casaco e um sobretudo.
Entretanto sinto sempre frio e tenho o corpo coberto de um suor
fétido, de um cheio nauseabundo semelhante a breu. Não é possível
imaginar-se um ser mais desgraçado do que eu”. Ensaiemos o
método hidroterápico. Aplicou-se-lhe em primeiro lugar uma afusão
superior, lavou-se-lhe a pele imunda e em seguida a afusão dos
joelhos com loções. Três dias consecutivos foram feitas estas
aplicações duas vezes cada uma, e bastaram para obrigá-lo a aliviar-
se da roupa. No quarto dia tomou um banho de meio corpo e uma
hora depois uma afusão superior; no quinto dia pôde trocar as
ceroulas de lã por umas de linho; no sétimo dia fez o mesmo com a
camisa de lã e com o colete de mangas. Nos dias seguintes foram-lhe
aplicadas afusões superiores e inferiores alternadas com banhos de
meio corpo. Ao cabo de quinze dias estava livre de espasmos e de
reumatismo; a transpiração da pele era regular, reapareceu o sono
com o apetite e todo o seu organismo ficou tão renovado e como que
rejuvenescido que pôde enfim voltar às suas ocupações habituais.
Costumava depois dizer aludindo à triste condição a que o
tinham reduzido: “Se tivesse chegado a tão mísero estado por
obedecer aos meus caprichos, só teria que acriminar-me a mim
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
mesmo, mas eu nada mais fiz do que seguir os conselhos e
prescrições dos médicos mais afamados”.
Outro indivíduo expôs-me o seguinte caso: “tenho toda a caixa
do corpo crivada de dores reumáticas que se fixaram principalmente
do lado direito, porém de tal sorte que se cedem em algum ponto, é
para aparecerem logo com mais força noutro. Quando a dor ataca as
costas, fico rígido e impossibilitado de mover-me; se se fixa no
estômago, parece que tudo gira ao redor de mim e não posso comer
nada; nunca, porém, me molesta tanto como quando aparece na
nuca, do lado esquerdo. Jamais consigo aquecer os pés. Estes
incómodos fazem-me desgraçado e impossibilitam-me para o
trabalho. Com médicos e medicamentos tenho gasto rios de dinheiro
sem resultado algum. Há mais de um ano que por ordem médica, uso
camisa de lã, com o que não consegui outra coisa mais do que
aumentar a sensibilidade do organismo”.
Vejamos como se combateu este reumatismo:
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Naturologia e Hidroterapia Xamânica – Dr. João Novaes (ND, Phd)
corpo, sobretudo no lado direito e nos ombros. A dor não permanece,
porém, muito tempo no mesmo lugar e quando aparece na cabeça,
tenho vertigens, e do olho direito corre água em grande abundância;
se desce para as pernas, estas tornam-se rígidas; finalmente se se
fixa no peito, a respiração faz-se com extrema dificuldade. Nesta
triste situação me acho eu há muitos anos, encontrando apenas
ligeiro alívio.
Este paciente foi curado em 5 semanas com as seguintes
aplicações:
1º Três vezes por semana a faixa curta, durante hora e meia. 2º
Quatro vezes por semana loção geral, depois de deitar-se. 3º Duas
afusões superiores semanais.
Apôs quinze dias o tratamento passou a ser o seguinte: 1º Uma
vez por semana a faixa curta; 2º Duas loções gerais; 3º Todos os
dias a afusão superior e afusão dos joelhos.
Para conservar a saúde, habituou-se a tomar semanalmente um
meio banho e duas afusões superiores com afusões dos joelhos.
II. Lumbago
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I. Inflamações
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vai diminuindo progressivamente. Isto conseguido, ataca-se
directamente o ponto inflamado, aplicando-lhe um pano embebido
em água muito fria, e tratando de tornar a molhá-lo toda vez que se
aqueça. Porque se se deixa aquecer, desenvolve-se mais ardor na
parte atacada; e o sangue afluindo de novo para a garganta, aviva
com mais força a inflamação.
Quem partilhar o meu modo de ver a respeito deste ponto, que já
tem sido muito discutido, será bem depressa, apôs alguma prática, o
melhor médico de si próprio. Melhor do que ninguém sentirá onde
está o principal foco de calor e quando é chegado o momento
oportuno de renovar a compressa ou a faixa.
As aplicações hidroterápicas fazem-se e renovam-se quando o
reclama a doença ou antes, o grande calor: se o termómetro do
corpo humano marca zero, é porque o ardor acalmou, e deve-se
então deixar em paz o organismo. se marca alguns graus acima da
temperatura normal, recorra-se sem perda de tempo, à bomba de
incêndios, isto é, à água.
3. Abcessos.
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Se o mal se estendeu a toda a mão, é preciso empregar meios
mais adequados, porém, não mais violentos. Porque, nesse caso, o
mal não provém tanto do ardor como dos humores mórbidos que é
preciso resolver e eliminar.
Envolva a menina o dedo e a mão num pano embebido em água
fria, e torne a molhar o pano logo que sinta um novo calor. É verdade
que o dedo estará mal, como se diz vulgarmente, e terá que
rebentar; a ligadura ou faixa, porém, se encarrega de extrair o que
poderia produzir substâncias purulentas, prejudiciais ao organismo;
não deixando, por conseguinte, que o abcesso tome grandes
proporções, no que há não pequena vantagem. Se o mal-estar se
estende a todo o corpo, corrigir-se-á aplicando-se todos os dias, por
algum tempo, a manta espanhola. Bem depressa ver-se-á
desaparecer o mal.
4. Panarício.
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Só quando se conseguiu uma secreção abundante, é que se devem
empregar também as afusões à parte superior e inferior do corpo. Se
o dedo toma uma cor azulada, e algum ponto da parte enferma está
mole, é sinal que o panarício amadureceu, e neste caso deve-se
imediatamente operar e espremer, embora de mistura com o pus saia
também sangue, porquanto este sangue havia de se transformar em
matéria e assim se poupa ao dedo este processo molesto. Com as
aplicações hidroterápicas não há que recear a prematura supuração
de uma póstuma desta classe, como sucede com o emprego de
unguentos e óleos.
Eis aqui outro sistema de curar os panarícios, em geral mais
expedito do que o anterior. Consiste em banhar o dedo e o antebraço
duas ou três vezes ao dia com cozimento morno de flores de feno ou
palha de aveia, por espaço de meia hora. Devendo-se, além disso,
aplicar as faixas, indicadas acima, aos dedos, aos braços e ao corpo.
André, de oficio jardineiro, tinha o polegar da mão direita
horrivelmente apostemado. A pele tinha desaparecido e o tumor
tomado tais proporções que parecia uma massa informe, coberta de
pus. Em alguns pontos estava o osso a descoberto. O médico tinha
declarado que era absolutamente necessário amputar a mão para
salvar a vida ao enfermo.
Tive a ocasião de examinar a mão e disse de mim para mim:
“Meu Deus, oxalá me fosse dado a salvar aquela mão!” e pus-
me a reflectir acerca da doença. A parte visivel do osso não
apresentava sinal algum de estar afectada, e isto era o principal. O
dedo, porém, com o seu inchaço terrível e repugnante à vista, é
como uma sentina em que o corpo vai arrojando todos os seus
humores inúteis; e estas substâncias acres além de aumentarem o
inchaço, corroem a carne e infeccionam tudo quanto atacam. Por
conseguinte deve-se atacar a parte enferma, porém ao mesmo tempo
é indispensável actuar energicamente sobre todo o corpo, afim de
impedir que continue a envenenar uma das suas partes. Dito e feito;
à reflexão sentiu-se logo a acção.
Foram aplicadas ao polegar e a toda a mão faixas de cozimento
de flores de feno e de cavalinha (Equisetum arvensis), fervidas juntas
as duas ervas, renovando-se os panos molhados quatro ou cinco
vezes ao dia. Ao corpo aplicaram-se diariamente a faixa curta e três
vezes por semana a manta espanhola. Mandei lavar a parte enferma
uma vez ao dia com água de alúmen, bem diluída afim de separar a
imundice.
Em pouco tempo se foi formando carne saudável em roda do osso e o
dedo polegar ficou tão perfeito como dantes, à excepção da unha. O
nosso homem viveu ainda muitos anos, consagrado às suas
ocupações de jardineiro.
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5. Cancro
6. Hidropisia
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humano; dai, provém a formação de carne flácida, de vasos murchos
e todos os sintomas precursores da hidropisia.
O exterior dessas pessoas revela bem claramente o seu estado
patológico; na flor da idade levam estampado o selo de uma velhice
prematura, a cor desbotada, os nervos e os músculos caindo como
cordas quebradas de um instrumento; finalmente esses quistos
serosos ou bolsas que se formam principalmente à roda dos olhos. À
medida que o mal cresce, vai aumentando também o número dessas
bolsas de água que, a uma ligeira pressão dos dedos, despejam o
liquido cristalino que usurpou o lugar do sangue.
Há diversas espécies de hidropisia. Se as estagnações aquosas se
formam entre a pele e a carne, temos a hidropisia subcutânea ou
anasarca; porém, se é o ventre que serve de receptáculo ao líquido,
chama-se intestinal ou ascite; se é o coração, temos a hidropisia
do coração (hidropericardia), etc.
A hidropisia origina-se muitas vezes em consequência de certas
enfermidades e regra geral, nesses casos o doente não vai longe.
Para muitas pessoas a hidropisia tem sido mensageira da morte, é
como que a última vaga que põe a pique a barca do corpo humano.
Assim vemo-la aparecer particularmente depois da escarlatina, se
esta não foi curada radicalmente, e ficou no interior alguma
substância virulenta que não pode ser expelida pelo organismo
debilitado. A tumefacção é então geral e rápida.
Quando a hidropisia chegou a certo desenvolvimento, difícil,
para não dizer impossível, é a cura, por causa do empobrecimento do
sangue; pelo contrário, nos seus começos combate-se prontamente,
sobretudo se se tem a precaução de atacá-la interna e externamente.
Vejamos alguns exemplos:
Trata-se de uma camponesa, de 48 anos aproximadamente; o
inchaço é geral e apenas permite-lhe dar um passo; grande é a sua
debilidade e penosa a respiração. Aconselhei-a que fizesse macerar
alecrim em vinho e bebesse diariamente dois cálices desse líquido,
com o qual se fortificou e conseguiu evacuar grande quantidade de
água.
Externamente usou todos os dias, por espaço de duas semanas,
a faixa curta, de hora e meia de duração; e durante quatro semanas,
também diariamente tomou os meios-banhos de um minuto, com
loção da outra metade superior. A mulher alcançou a cura completa.
Um menino de 12 anos tinha tido escarlatina; deram-lhe alta,
mas seis semanas depois apareceu-lhe a hidropisia; tinha o corpo
todo inchado. A camisa molhada em água de sal aplicada três dias
consecutivos, por espaço de hora e meia, curou-o radicalmente.
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