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DIREITO CIVIL

Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro II


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LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO II

VIGÊNCIA

Segundo Caio Mário da Silva Pereira, as leis também têm um ciclo vital:
nascem, aplicam-se e permanecem em vigor até serem revogadas. Esses
momentos correspondem à determinação do início de sua vigência, à continui-
dade de sua vigência e à cessação de sua vigência.

 Obs.: É muito comum encontrar a palavra vigor com sinônimo de vigência, mas
na realidade não constitui sinônimo.

As leis são regidas, basicamente, por dois princípios fundamentais:


A) Princípio da Obrigatoriedade das Leis – uma vez em vigor, a lei torna-se
obrigatória para todos os seus destinatários (art. 3° da LINDB).
• Uma vez a lei em vigência, a pessoa não pode alegar o desconhecimento
da norma.
• Não é preceito absoluto.

Há três teorias para esse princípio:


• Teoria da Ficção Legal
Que menciona que tem obrigatoriedade da norma porque ela foi instituída
pelo ordenamento jurídico por uma questão de segurança jurídica.

• Teoria da Presunção Absoluta


–– Presunção iuri et iuri – todo mundo conhece a lei.

 Obs.: Não tem como afirmar que todo mundo conhece inexoravelmente a norma
desde a sua publicação.

• Teoria da Necessidade Social


Muito bem trabalhada pela professora Maria Helena Diniz.
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Segundo essa teoria, tem-se a premissa de que as normas devem ser conhe-
cidas para que melhor sejam observadas.
–– É uma necessidade social.
–– Tem-se a presunção de que todo mundo conhece a norma, mas ela não
é absoluta.

 Obs.: Melhor teoria que justifica o princípio da obrigatoriedade.

Exemplo: No direito penal, há a exclusão de culpabilidade, que é uma exce-


ção ao princípio da obrigatoriedade.
Tal dispositivo visa garantir a estabilidade e a eficácia do sistema jurídico que
ficaria comprometido se fosse admitida a alegação de ignorância de lei em vigor.
O erro de direito (que seria a alegação de desconhecimento da lei) só pode ser
invocado em raríssimas ocasiões e quando não houver o objetivo de furtar-se o
agente ao cumprimento da lei.

 Obs.: Para a LINDB, o desconhecimento da lei não pode ser alegado; na aná-
lise do direito civil admite-se o “erro” em situações especialíssimas (art.
139, III), que é a questão da alegação do erro no negócio jurídico.

B) Princípio da Continuidade das Leis – a partir de sua vigência, a lei tem


eficácia contínua, até que outra a revogue (embora possam existir “leis tempo-
rárias”, art. 2º da LINDB). O desuso ou o decurso de tempo não fazem com que
a lei perca sua eficácia.
No Brasil, a lei só sai do ordenamento jurídico se for revogada, salvo as leis
temporárias que já nascem com data para morrer.
–– Somente lei revoga lei.

 Obs.: Costume negativo não revoga lei. No Brasil, não existe desuetudo.

 Obs.: A lei tem obrigatoriedade e tem continuidade.


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Direto do concurso
2. (CESPE) A proibição de desconhecimento da lei imposta pela LINDB é absoluta.

Comentário
Essa proibição de desconhecimento da lei imposta pela LINDB é relativa.

3. (CESPE) Consoante a LINDB, há uma presunção absoluta de que todos co-


nhecem as leis brasileiras.

CRIAÇÃO DA LEI → PROCEDIMENTO PRÓPRIO → PROCESSO LEGIS-


LATIVO

• Art. 59 ao 69 da CF/1988.

DELIBERAÇÃO DELIBERAÇÃO
INICIATIVA PROMULGAÇÃO PUBLICAÇÃO
PARLAMENTAR EXECUTIVA
A Constituição Apresentado Chefe do Poder Decorre da É o ato de
confere o projeto são Executivo sanção; promulgar divulgação
legitimação a realizados participa com a significa declarar da existência
várias pessoas estudos, debates, sanção ou veto. a existência da nova lei
e órgãos para redações, de uma lei, em órgão
a apresentação correções, inovando-se a oficial; torna-
de projetos de emendas e ordem jurídica. se conhecida
lei ao Poder votação do Diz-se que “a de todos
Legislativo. projeto. lei nasce com a (presunção).
promulgação”. A finalidade
da publicação
é garantir
(ao menos
potencialmente)
que uma lei seja
conhecida por
todos os que
estarão sujeitos
a seu comando;
é uma condição
de vigência e
de eficácia da
lei. É a fase
que encerra
o processo
legislativo.

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A lei passa a existir no ordenamento jurídico por meio da promulgação.

 Obs.: Tem que ter publicação, pois como vai ser conhecida se não for publica-
da? A lei somente tem como ser aplicada se for conhecida. Com a publi-
cação, há a eficácia e o início da possível vigência.

Exemplo: O Código de Processo Civil foi promulgado, publicado e passou por


um período de 1 ano e depois começou a vigência dele. Lei complexa que teve
um prazo maior que 45 dias.

1 ano
Promulgação Publicação Vigência

 Obs.: Vacatio legis é um período para que a lei possa ser conhecida. Em regra,
o prazo é de 45 dias. Se for uma lei que produza efeito no estrangeiro, o
prazo é de 3 meses.

"Vacatio Legis"
Promulgação Publicação Vigência

 Obs.: Pode ter exceção, pois a vacatio legis pode ser maior. Quanto mais com-
plexa a norma, maior o prazo. O Código Civil regula a vida privada (nas-
cimento, direito de personalidade, morte, obrigações, contratos, direitos
reais, posse, direito de família, entre outros); assim, se entrar um novo
Código Civil, o prazo será maior que os 45 dias para que as pessoas o
conheçam.

Exemplo: Estatuto da Pessoa com Deficiência teve o prazo de vacatio legis


de 180 dias. Lei que trouxe aspectos relacionados à deficiência no ordenamento
jurídico, inclusive revogando dispositivos do Código Civil.
Há normas que não têm uma repercussão tão grande e para elas pode-se ter
o período de vacatio legis zero, ou seja, a norma passa a ter vigência na data da
publicação.
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Exemplo: I. A norma que alterou as áreas de atuação das fundações no artigo


62 do Código Civil.
II. As normas que foram acrescidas à LINDB (art. 20 ao 30) tiveram um prazo
de vacatio legis de zero dias, ou seja, passou a ter vigência na data da publica-
ção. Salvo o artigo 29 que não teve vigência imediata.

 Obs.: O legislador optou por colocar vigência imediata, não pela falta de com-
plexidade.

Exemplo:

CPC/2015
I – o art. 22 do Decreto-Lei n. 25, de 30 de novembro de 1937;
II – os arts. 227, caput, 229, 230, 456, 1.482, 1.483 e 1.768 a 1.773 da Lei n. 10.406,
de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil);
III – os arts. 2º, 3º, 4º, 6º, 7º, 11, 12 e 17 da Lei n. 1.060, de 5 de fevereiro de 1950;
IV – os arts. 13 a 18, 26 a 29 e 38 da Lei n. 8.038, de 28 de maio de 1990;
V – os arts. 16 a 18 da Lei n. 5.478, de 25 de julho de 1968; e
VI – o art. 98, § 4º, da Lei n. 12.529, de 30 de novembro de 2011.

Brasília, 16 de março de 2015; 194º da Independência e 127º da República.

DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
Jaques Wagner
Joaquim Vieira Ferreira Levy
Luís Inácio Lucena Adams

Este texto não substitui o publicado no DOU de 17.3.2015

Para saber o período de vacatio legis, É preciso ir ao final da lei para procu-
rar essa informação. No exemplo, a lei foi promulgada dia 16 de março de 2015
(segunda-feira) e a publicação aconteceu no dia 17/03/2015. Como o período de
vacatio legis foi de 1 ano, depois desse tempo, a lei passou a ter vigência.
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Atenção!
Conta-se incluindo o dia da publicação e incluindo o dia final, e a vigência
passa a ser no dia seguinte, não importando se dia útil.
Contudo, o ano de 2016 foi ano bissexto; assim, a tese que preponderou é que,
para os prazos de vacatio em ano, conta-se o ano cheio.
Então, para o exemplo:

nta
1 ano qui 3/16
0
1 ano 17/
16/03 17/03 18/03
Prom Publ. Sexta

A lei passou a ter vigência dia 18 de março de 2016. Nesse dia, a lei passou
a ser aplicada a todos os processos em andamento.

CC/2002
Art. 2.043. Até que por outra forma se disciplinem, continuam em vigor as dispo-
sições de natureza processual, administrativa ou penal, constantes de leis cujos
preceitos de natureza civil hajam sido incorporados a este Código.
Art. 2.044. Este Código entrará em vigor 1 (um) ano após a sua publicação.
Art. 2.045. Revogam-se a Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916 – Código Civil e a
Parte Primeira do Código Comercial, Lei no 556, de 25 de junho de 1850.
Art. 2.046. Todas as remissões, em diplomas legislativos, aos Códigos referidos
no artigo antecedente, consideram-se feitas às disposições correspondentes deste
Código.

Brasília, 10 de janeiro de 2002; 181º da Independência e 114º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


Aloysio Nunes Ferreira Filho

Este texto não substitui o publicado no DOU de 11.1.2002


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 Obs.: Conta-se o ano cheio, inclui o dia da publicação e o dia do término. A


vigência passa a ser no dia seguinte, não importando se é dia útil.

GABARITO

2. E
3. E

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pela professora Roberta Queiroz.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela
leitura exclusiva deste material.

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