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CONSIDERAÇÕES AOS FATORES DESENCADEANTES DE AFETOS E


DESAFETOS NOS RELACIONAMENTOS CONJUGAIS
Acadêmica Silvana Aparecida Ramos Alves
Profª Orienª: Alba Krishna Feldman

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo levar ao conhecimento da população interessada


pesquisas referentes ao relacionamento afetivo entre homens e mulheres de forma
sintetizada e esclarecedora. Este artigo trás a luz definições de relacionamentos desde sua
forma mais profunda para o sentimento até definições científicas para o entendimento do
funcionamento das relações humanas. Muitos autores serão citados na busca de um melhor
direcionamento para o tema, esperando, desta forma, deixar bem claro e de fácil
entendimento compreensão a quem se interessar pela leitura do mesmo. Relacionamentos
conjugais, afetivos, namoro, busca do parceiro, companheiro ideal, casamentos,
convivência entre casais, tudo isso será abordado e tentar-se-á esclarecer de que forma
acontecem. Através de questionários entrevistaram-se pessoas de ambos os sexos e suas
respostas analisadas como amostragem para uma possível compreensão do que é o
relacionamento afetivo para ambos o sexo. De acordo com pesquisa realizada, conclui-se
que o objetivo foi atingido ainda que se tenha consciência de que em relação ao sentimento
as respostas são bem subjetivas e serviu também para comprovar ainda mais que as
diferenças existentes entre o homem e a mulher são bastante consideráveis.E este fato
aparece bem nítido nas respostas que foram bem diferenciadas.

Palavras-chave: Relacionamento; Relações humanas; Homem; Mulher.

ABSTRACT

This work aims to bring to the attention of people interested the affective relationship between
men and women so synthesized and enlightening. This article to light definitions of
relationships since its way deeper feeling for the settings up to the scientific understanding of
the workings of human relations. Many authors will be cited in the search for better targeting
for the issue, hoping, in this way, makes it clear and easy to understand. Relationships
marriage, affective, dating, finding the ideal partner or companion, marriages, coexistence
between couples, all this will be discussed and will be trying to clarify so happen. Through
questionnaires will be interviewing people of both sexes and their responses will be
considered as a sample to analyze what is the relationship affective for both sexes.

Keywords: Relationship; Human relations; Man; Women.


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1 INTRODUÇÃO

Este artigo tem o objetivo responder alguns questionamentos envoltos aos


relacionamentos conjugais. Percebe-se que a busca pelo par perfeito, pela alma gêmea, pela
cara metade, pela felicidade tão almejada, oferece dois lados e que somente na vivência e
experiência de cada um vai se revelando.
Muitos homens e mulheres sonham em relacionar-se com seus príncipes e princesas,
movidos por este sonho. As pessoas passam a sentir a emoção de estar ao lado de alguém
especial, firmando assim um relacionamento baseado em: planos, projeto de vida, partilha e
cumplicidade. Sentimentos que por muitos são definidos como amar, apaixonar ou gostar e é
na fase da paixão que o indivíduo pode até pensar ou parecer ter encontrado seu par perfeito,
mas na vivência do dia a dia, percebem as diferenças pessoais de ambos, e apesar do
envolvimento afetivo, descobrem não ser mais possível continuar, surgindo assim o
rompimento.
Assim sendo, pretende-se através desta pesquisa descobrir quais são os caminhos que
levam estes pessoas a viver as experiências dos afetos e desafetos de um relacionamento.
Buscando com este trabalho possíveis caminhos para que homens e mulheres possam viver um
relacionamento mais seguro e feliz.
Desta forma, espera-se estar colaborando com profissionais da área da psicologia, bem
como com a sociedade em geral que tem a preocupação em estar orientando, acompanhando e
ajudando pessoas para um relacionamento mais saudável e duradouro.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 RELACIONAMENTO CONJUGAL

O ser humano é o mais dependente dos seres vivos, observa-se isso pelos cuidados que
necessitam desde o nascimento até adquirirem independência nas atividades mais primárias
como andar e comer sozinho. Isso não significa que terminam as relações de dependência,
pois precisam das pessoas para realizar necessidades inatas tais como a de pertencer a um
grupo social, a de criar algo (trabalho), tendo em vista que dependem de outras pessoas para
crescer e a realizar o que precisam ou se propõem a fazer (RICOTA, 2002).
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Inevitável a situação de estabelecermos contato com as pessoas. Se prestarmos mais


atenção em nós mesmos, veremos que é impossível não nos relacionarmos, e não há
pessoa no mundo que não tenha se relacionado e que não tenha estabelecido
vínculos em sua vida (RICOTA, 2002, p. 16).

Portanto, as relações são construídas diariamente de acordo com o empenho dado, pelo
interesse na convivência e no compartilhar experiências, o que não significa necessariamente
que tenham que viver as mesmas coisas que o outro vive, e trocas que podem ocorrer através
de vivências individuais.
Torna-se, no entanto, saber o que ocorre entre duas pessoas ou mais (um grupo de
colegas, amigos, etc.), pois essas relações produzem sensações, emoções, efeitos e
modificações nas pessoas, das mais superficiais às mais profundas. Afinal, é exatamente isso
o que nos une ou nos separa dos outros.

Nas sociedades, em geral, há duas formas de relações entre os sexos: a união e o


casamento; sendo que a união consiste no ajuntamento de indivíduos de sexos
opostos sob a influência do impulso sexual. Os cônjuges são chamados de
“amigados”, “amasiados”, etc. A união pode ser temporária, frouxa (com ou sem
divórcio fácil), ou indissolúvel (sem divórcio, com ou sem desquite). O concubinato
é um tipo de união. Consiste na união livremente consentida, estável e de fato, entre
um homem e uma mulher, mas não sancionada pelo casamento, sendo legal ou não.
Portanto o matrimônio ou casamento é como a sociedade estabelece as normas para
a relação entre sexos (LAKATOS & MARCONI, 1999).

No dicionário Aurélio (2002, pág. 1478) encontra-se a seguinte definição sobre


relacionamento: ato ou efeito de relacionar-se; capacidade de relacionar-se, conviver ou
comunicar-se com os outros; ligação de amizade, afetiva e profissional, condicionada por uma
série de atitudes recíprocas; relação.
Segundo reportagem da revista Veja (ed. 11/08/99) - O casamento morreu. Viva o
casamento! Nos Estados Unidos 60% dos casamentos acabam em divórcio, na Inglaterra 40%.
No Brasil a incidência também não pára de subir, pois, segundo dados do IBGE, em 1985
para cada nove casamentos um casal se divorciava e em 1995, essa proporção era de um
divórcio para cada quatro uniões (BALLONE, 2003).
Mas esses números não interferem na incidência do casamento. O problema é psico-
fisiológico, ou seja, tem um componente psíquico e um fisiológico mantendo a vocação para
casar. É como o jovem que psico-fisiologicamente acredita que sua juventude vai durar para
sempre, portanto, em relação ao casamento, alguns acreditam que não dão certo os
casamentos dos outros, mas o seu sim, só o seu, será para sempre (GIDDENS, 1991).
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Curiosamente, pergunta-se para as pessoas porque elas estão se casando e a resposta,


nem sempre ou quase nunca, será porque nós nos amamos. Na maioria das vezes os motivos
são outros: para não ficar sozinho (a), porque todos de minha idade se casam, porque faz
tempo que namoramos e agora é complicado não casarmos e assim por diante.

Sem dúvida, a motivação para o casamento pode ser diferente entre os sexos. Pâmela
Paul estudou essa questão através de entrevistas (The Starter Marriage and the
Future of Matrimony - O Primeiro Casamento e o Futuro do Matrimônio). Excluindo
a resposta padrão e unânime, não interessando aqui o grau de veracidade, de que
todos estão amando, um dos principais motivos femininos é o medo de ficar só.
Funcionaria como uma espécie de cura para a solidão e a sensação de vazio. O
segundo maior motivo é o desejo de construir um lar que represente conforto e
segurança. Finalmente, em terceiro lugar, boa parte das pessoas se casou porque viu
os outros a sua volta também se casarem. (BALLONE, 2003, p. 01).

Com razões tão fúteis, pode ser que esses casamentos estarão desfeitos em alguns
anos. Segundo Ailton Amélio da Silva, 30% dos casamentos não resistem mais de 10 anos de
união. Cerca de 90% dos jovens entendem que ter um casamento feliz é mais importante do
que construir uma carreira ou ter filhos. Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada - IPEA, no ano de 1996 coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
- IBGE, revela que 69% dos jovens brasileiros entre 25 e 35 anos têm um cônjuge
(BALLONE, 2003).
Entre esses jovens, 31% vivem as chamadas uniões informais, ou seja, não são
formalmente casados. Nunca foi tão grande o número de casais vivendo juntos sem passar
pelo cartório ou pela igreja, caracterizando uma nova maneira das pessoas se relacionarem.
Oito de cada dez homens separados se juntam às mulheres solteiras em média nove anos mais
jovens que eles. Sete em cada dez matrimônios registrados no Brasil terminam em até dez
anos. Uma mulher com menos de 30 anos e sem filhos volta a se casar três anos depois da
separação. Se tiver filhos, esse tempo de espera para um novo casamento pode ser maior, em
torno de quatro anos e meio. Sinal dos tempos ou não, a motivação e os requisitos para que o
casamento dê certo mudou muito. Houve épocas onde as juras de amor eterno era a motivação
quase exclusiva para nutrir as expectativas de sucesso matrimonial, hoje se fala em afinidades
de personalidade (GIDDENS, 1993).
As expectativas de sucesso no casamento não mudaram. Como dissemos, é psico-
fisiológico e normal que a pessoa acredite que em seu caso tudo será diferente. Mas há, hoje
em dia, uma consciência mais realista do "até que a morte os separe". Casa-se por amor,
evidentemente, como é praxe, mas outras coisas passam a ter um peso mais decisivo. O antigo
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quesito mulher obediente, representado na figura da mulher Amélia, passou para sexo
satisfatório para ambos. Até os provimentos do lar sofreram profunda modificação e o marido
provedor, orgulhoso e cumpridor de sua missão, dá lugar à divisão das despesas. Os filhos
também deixaram de ser cuidados exclusivamente pela mulher no casamento atual
(BALLONE, 2003).
Uma das mudanças profundas que sofreu a união conjugal foi à maneira dos casais
lidarem com o prazer sexual. Não faz tempo em que o homem, estatisticamente mais comum,
tivesse uma mulher para casar e outra para realizar suas fantasias sexuais. Era a dicotomia
casamento-prazer. Hoje, tanto o homem quanto a mulher sabem que essas duas coisas têm,
obrigatoriamente, de andar juntas e a satisfação sexual bilateral é fundamental para a
continuidade do casamento (GIDDENS, 1993).
Casar é conjugar e reside aí o fato de o casal encerrar, ao mesmo tempo, duas
individualidades. Na prática, isso equivale a anular, relevar, conceder, transformar, etc. dois
sujeitos, dois desejos, duas visões de mundo, duas histórias, dois projetos de vida e duas
identidades individuais numa única identidade conjugal, em um mesmo desejo conjunto, em
uma história de vida conjugada, um projeto de vida de casal, um só objetivo. No Brasil, até a
certidão de nascimento, prova de que minha pessoa existe, é substituída pela certidão de
casamento (BALLONE, 2003).
Conforme cita Terezinha Féres-Carneiro, Berger e Kellner descrevem o casamento
como:

[...] um ato dramático, no qual dois estranhos portadores de um passado individual


diferente, se encontram e se redefinem. Na troca de idéias, no diálogo e na
conversação conjugal, a realidade subjetiva do mundo é sustentada pelos dois
parceiros, que vivem confirmando e reafirmando a realidade objetiva internalizada
por eles (apud GIDDENS, 1993).

O casal constrói assim, não somente a realidade presente, mas reconstrói a realidade
passada, fabricando uma memória comum que integra os dois passados individuais
(JABLONSKI, 1996).
Evidentemente a individualidade é boa e desejável, mas, "ter seu próprio espaço,
preservar seu próprio eu, ter autonomia, tudo isso ganhou tanta força que acabou corroendo o
casamento" explica Terezinha Féres-Carneiro (BAUMAN, 1999).
O psicanalista Flávio Gikovate (apud BALLONE, 2003) Diretor do Instituto de
Psicoterapia de São Paulo, atendeu 7.000 casais em 32 anos de clínica e pode afirmar que
"ninguém consegue passar muito tempo convivendo trinta dias por mês, doze meses por ano,
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com quem não compartilha dos mesmos interesses, hábitos e valores”.

De modo geral parece que, salvo raras exceções, o casamento para ser durável deve
ser, sobretudo, tradicional. Com isso estamos querendo dizer que os casamentos
"modernos", os novos modelos ditados pelo sempre exaltado "espaço individual" de
cada um tendem a deterioração, muito embora possam ser “politicamente corretos e
fascinantes”. No casamento, a conjugação tem seus custos e benefícios, tem suas
exigências mais ou menos independentes dos manuais de filosofia (BALLONE,
2003, p. 01).

Mas não defendemos aqui, como pode parecer que as pessoas devam conduzir-se
obrigatoriamente num matrimônio tradicional. O país é democrático e opções criativas são
livres. Como fazemos em um supermercado, pegamos tudo àquilo que queremos nas
prateleiras, não esquecendo nunca que passaremos inexoravelmente pelo caixa para “acertar
as contas”. Na prática clínica são comuns as rupturas conjugais, apesar de o casal respeitar o
"espaço individual" de cada um; happy hours permitidos, futebol semanal só com os amigos,
não querer saber da correspondência nem das mensagens do celular, enfim, preservando
espaços individuais (GIDDENS, 1993).
Ao longo da história humana, inúmeros modelos de convivência conjugal foram
tentados. Há registros de poligamia, concubinato e outras variações da sexualidade conjugal
em várias eras de nossa história, como Salomão, por exemplo, que tinha mais de 400
concubinas e 700 esposas. Mas, uma coisa são as regras culturais e outra é a natureza
biológica humana em particular. As regras culturais parecem variar de tempos em tempos,
enquanto as mudanças da natureza humana são imensamente mais lentas.
O modelo “casamento aberto”, por exemplo, é uma tentativa de mudar as regras
sociais, e nem sempre é acompanhado pela capacidade de aceitar mudanças pelas pessoas. No
consultório de psiquiatria vêem-se pessoas que não se adaptaram à troca de casais e, depois de
alguma experiência nesse sentido, entraram em falência emocional (JABLONSKI, 1996).
Parece que o ser humano aceita com muito mais facilidade emocional a troca de
parceiros e, menos facilmente, a troca de casais. Entre o casal, existe um sentimento que
favorece mais a sensualidade sublime, notadamente por parte das mulheres. Entre parceiros
sexuais existe mais a sexualidade erótica. São coisas diferentes.
A troca de casais não existe no reino animal por uma questão de definição. Entende-se
por casal uma união duradoura e exclusiva, como o caso das araras ou das emas, por exemplo.
E esses animais não trocam de casais, definitivamente, chegando a morrer o outro, tão logo
um deles morra primeiro. Mas não podemos falar em troca de casais entre bovinos, suínos,
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eqüinos, caprinos, etc, porque esses animais não formam casais. No máximo eles se juntam
em parceiros sexuais por tempo limitado, geralmente fugaz (BALLONE, 2003).
Portanto, por questão de definição, arriscamos a dizer que os seres humanos também
não trocam de casais com propósitos luxuriantes; trocam de parceiros. Isso quer dizer que, por
questão de definição, enfatizo, quando se diz troca de casais entre humanos, deixou de existir
o casal, dando lugar aos parceiros (JABLONSKI, 1996).
Deve ficar claro, entretanto, que a convivência entre parceiros não tem,
obrigatoriamente, nada de pejorativo. É uma opção conjugal para a qual a pessoa deve estar
preparada. O que pode causar desconforto emocional é quando não se definem claramente o
que significam um para o outro: se casal ou parceiros.
Talvez a maior causa de desarmonia conjugal seja a desinformação sobre as
desigualdades masculino-feminina em relação à maneira de vivenciar a realidade e, inclusive,
em relação à sexualidade (GIDDENS, 1991).
A crescente participação da mulher no mercado de trabalho e seu maior
distanciamento daquilo que representava a mulher voltada à vida doméstica e à educação da
prole, resultou em nova postura de desenvolvimento afetivo, social e educacional das novas
gerações. Com isso a disponibilidade de tempo para que as pessoas se dedicassem a si
mesmas e aos relacionamentos afetivos com os outros foi severamente prejudicado. O
trabalho e a velocidade cotidiana afastaram as pessoas do convívio comum, isolando-as, cada
vez mais a si mesmas (BAUMAN, 1999).
A família, como instituição social, sempre esteve sujeita às influências da cultura e da
história e a idéia da família como um grupo relativamente bem estruturado envolvendo o pai,
a mãe e os filhos, em um grande número de vezes não corresponde mais à diversidade dos
modelos de família atuais e da realidade que muitas famílias vivem. Tem sido cada vez mais
comum encontrarmos famílias compostas apenas de um adulto e as crianças, tendo em vista o
divórcio, a viuvez ou adoções de crianças por pessoas solteiras (JABLONSKI, 1996).
Conforme cita Almir Linhares de Faria, a família também parece ser uma instituição
que freqüentemente atravessa crises. "Quando Adão, segundo a narrativa do Gênesis, diz ao
Senhor: ‘Foi a mulher que tu me destes’, eclode a primeira crise familiar. Aliás, a primeira
família foi marcada por fortes crises, incluindo um fratricídio".

Hoje, talvez como sinal dos tempos, a pessoa está vulnerável à todo tipo de crises e,
inegavelmente, existem estreitas relações entre as crises individuais e as crises
familiares e a crise individual acaba por repercutir no conjunto familiar. De modo
geral, quem está bem consigo mesmo não incomoda aos demais, e a recíproca é
verdadeira. Tenho visto casamentos fugazes devido ao desemprego, às dificuldades
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econômicas do casal, às dificuldades econômicas dos parentes próximos (a sogra


teve que morar com o casal), aos transtornos de comportamento dos filhos (conduta,
hiperatividade, etc) e outras circunstâncias adversas. Da mesma forma que existem
alguns rompimentos conjugais devido à dificuldades existenciais de um dos
membros do casal, tais como depressão, drogadicção, jogo patológico, alcoolismo,
cleptomania, exibicionismo e mais um sem número de alterações (GIDDENS, 1991,
124).

A sexualidade é também um dos fortes motivos para separação conjugal. O impulso


sexual, tanto feminino quanto masculino, pode se manifestar através da sexualidade erótica ou
da sensualidade sublime, embora haja predominâncias. De modo geral, a mulher se satisfaz
mais com a sensualidade sublime. O impulso sexual que atende à sensualidade sublime na
mulher pode ter início no café da manhã, através de alguma demonstração de carinho por
parte do parceiro, pode exacerbar-se se o parceiro abre a porta do carro, se demonstra
qualidades desejáveis para um bom companheiro, como compreensão, participação,
cumplicidade, etc. Finalmente, o impulso sexual feminino se completa com a intimidade na
cama, considerando a penetração uma parte (nem sempre a mais importante) da importância
sexual global do parceiro (BAUMAN, 1999).
Para a sensualidade, notadamente a sensualidade sublime, é ativada uma parte do
Sistema Nervoso Central chamado de Sistema Límbico. Emoções e sentimentos, como ira,
pavor, paixão, amor, ódio, alegria e tristeza são originadas no Sistema Límbico. A parte do
Sistema Límbico relacionada mais especificamente às emoções e seus estereótipos
comportamentais denomina-se circuito de Papez. Concluindo, do circuito de Papez faz parte
uma região nobre chamada Hipotálamo e este, finalmente, é quem governa a expressão das
emoções nos seres humanos. Portanto, o Hipotálamo regula a função de abastecimento do
sistema endócrino e processa inúmeras informações necessárias à constância do meio-interno
corporal (homeostasia). Coordena, por exemplo, a pressão arterial, a sensação de fome e, em
nosso caso, o desejo sexual (BAUMAN, 1998).

Psiconeurologicamente pode-se deduzir que a maioria das emoções negativas


compromete o Sistema Límbico a ponto de prejudicar o desejo sexual. Isso ocorre,
por exemplo, na raiva, ira, depressão, ansiedade aguda, etc. A influência límbica
sobre o sistema genital feminino aparece claramente nas alterações menstruais
ocasionadas por razões emocionais. Menos visível, mas mais incômodas, são as
alterações da libido igualmente ocasionadas por emoções (JABLONSKI, 1996).

A sexualidade masculina, por sua vez, costuma ser mais relacionada aos lobos frontais
e temporais. Verificou-se que lesões bilaterais dos lobos temporais, por exemplo, podem
resultar na síndrome de Klüver-Bucy, caracterizada por comportamento hipersexual e outros
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desequilíbrios do comportamento social. O desejo sexual masculino se estimula mais pelos


órgãos dos sentidos do que pelos sentimentos, como é o caso das mulheres. Para a sexualidade
masculina é muito importante a visão, o tato, olfato (ROCHA-COUTINHO, 1998).

Talvez por causa da necessidade desses estímulos, o homem sente mais cobiça
sexual que as mulheres, buscam mais novidades sexuais que as mulheres. Estas,
entretanto, experimentam mais a cobiça por objetos de grande valor simbólico, como
bilhetinhos, cartas, datas, músicas, jóias, perfumes, flores, etc. (JABLONSKI, 1996,
p. 123).

O ser humano, apesar dos milhares de anos tentando e conseguindo se adaptar à


natureza, conseguindo sobreviver às intempéries, aos terremotos, aos animais ferozes, às
epidemias e a toda sorte de dificuldades e perigos que o mundo e a vida oferecem, continua
hoje sofrendo e sendo vítima daquilo que sempre lhe pareceu o menor dos perigos: seu
semelhante e ele mesmo.
É muito difícil tratar dessa importante questão de nosso relacionamento com os outros,
principalmente quando esse outro é nosso cônjuge (ROCHA-COUTINHO, 1998).
Durante toda nossa vida podemos experimentar algum sofrimento, mágoa ou
desencanto com nosso próximo e, não obstante, este sofrimento, mágoa e desencanto serão
tão maiores quanto menos nos conhecermos e menos conhecermos nosso próximo. Aliás,
conhecer nosso próximo só é possível na medida em que conhecemos a nós mesmos.
Uma das maiores dificuldades de convivência entre as pessoas se baseia no fato do ser
humano se apresentar um ser social por natureza e, simultaneamente, um ser egocêntrico.

Por sermos sociais, somos incapazes de viver sozinhos no mundo e, por sermos
egocêntricos somos, ao mesmo tempo, incapazes de conceder aos nossos
semelhantes às mesmas regalias que nos concedemos. Portanto, sozinhos não
conseguimos viver e, paradoxalmente, com o outro também é difícil (JABLONSKI,
1996, p. 113)

Para compensar essa peça que a natureza nos pregou, fomos dotados de um atributo
muito especial: somos capazes de mudar. Trata-se do livre arbítrio, ou seja, da capacidade de
mudanças, de procurar um amanhã melhor que o hoje. Normalmente nossa evolução acontece
através de mudanças em posturas e em atitudes diante dos semelhantes e da vida (BAKHTIN,
1992).
Quando sofremos alguma mágoa ou frustração produzida por outra pessoa, incluindo
aqui nosso cônjuge, uma possibilidade que deve ser sempre cogitada é se não será melhor
pleitear uma mudança em nossa própria postura no sentido de não nos magoarmos com
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facilidade, nem nos frustrarmos por qualquer coisa, do que tentar fazer do outro nosso modelo
de ideal (ROCHA-COUTINHO, 1998).
Sentindo magoados, aborrecidos, irritados e frustrados sem que essa tenha sido a
intenção do outro, a culpa é de nossa sensibilidade e não do outro. Estão nessa situação os
sentimentos de humilhação que experimentamos surgem quando nosso orgulho é ofendido
(BAUMAN, 1998).
Outras vezes nos sentimos frustrados porque o outro não satisfaz nossas expectativas.
Ora essas expectativas são nossas, construídas por nós, portanto, de nossa autoria.
Em segundo lugar, mesmo sendo intenção do outro nos magoar, humilhar, frustrar ou
irritar, em momentos de conflito, se estiver muito bem conosco mesmo, jamais nos
deixaremos abater por tais sentimentos.
Boa parte das desarmonias conjugais reflete muito mais uma dificuldade emocional,
adaptativa ou psicopatológica de um dos membros do casal, do que alguma adversidade da
vida objetiva, propriamente dita.
Quem tem experiência clínica sabe muito bem como é difícil, senão impossível, às
vezes, conviver com uma pessoa que tenha algum distúrbio do controle dos impulsos, como é
a cleptomania, por exemplo, ou o jogo patológico, quem tem um estado de euforia ou
depressão, quem é portador de transtorno explosivo da personalidade, de parafilias e assim
por diante.
Todas essas alterações psíquicas são acompanhadas de dificuldades adaptativas e,
conseqüentemente, tornam a convivência familiar extremamente problemática.
A característica essencial dos Transtornos de Controle dos Impulsos é o fracasso em
resistir a um impulso ou tentação de executar um ato perigoso para a própria pessoa ou para
outros. Na maioria dos casos o indivíduo sente uma crescente tensão ou excitação antes de
cometer o ato. Após cometê-lo, pode ou não haver arrependimento, auto-recriminação ou
culpa. Estão classificados os seguintes Transtornos de Controle dos Impulsos: (BALLONE,
2003).
Este Transtorno de Controle dos Impulsos é caracterizado por episódios ou crises
agudas de perda do controle de impulsos agressivos, resultando em sérias agressões ou
destruição de propriedades.
O grau de agressividade expressada durante esses episódios explosivos é muito
desproporcional a qualquer eventual provocação ou estressor desencadeante. A pessoa com
esse transtorno pode descrever os episódios agressivos como "surtos" ou "ataques" no qual o
comportamento explosivo é desencadeado diante de estímulos mínimos ou mesmo nenhum
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estímulo e, posteriormente, pode sentir remorso, arrependimento ou embaraço pelo


comportamento agressivo (BAKHTIN, 1992).
Há, nessas crises, grande impulsividade ou agressividade generalizada, diante das
quais propriedades podem ser destruídas (joga, rasga, quebra objetos), bem como haver
agressões verbais pesadas ou mesmo físicas. Podem estar presentes entre os episódios
explosivos. Aqui, como foi dito na página anterior, podemos encontrar pessoas com o Ego
bastante inflado, pessoas obsessivas com a ordem e organização das coisas, indivíduos
paranóides (que se acham sempre prejudicados) ou simplesmente pessoas com personalidade
agressiva quando submetidas ao estresse.
Esse transtorno pode ter como conseqüência a perda do emprego, suspensão escolar,
divórcio, dificuldades com relacionamentos interpessoais, acidentes (ex.: em veículos),
hospitalização (por ex., em virtude de ferimentos sofridos em lutas, socos nas paredes, quebra
de vidros, etc) ou até detenções policiais. Normalmente o quadro é bastante mais grave
quando a pessoa usa bebidas alcoólicas, mesmo em pouca quantidade (BALLONE, 2003).
Conviver com pessoas assim pode ser extremamente sofrível, principalmente aos
filhos menores que se aterrorizam diante dessas explosões. Fora das crises, a pessoa recobra
seu controle, mas, freqüentemente, tenta justificar suas ações por qualquer coisa que as tenha
"tirado do sério". São aquelas pessoas que se dizem "calmas desde que não mexam comigo".
Outros, piores ainda, costumam se julgar apenas possuidoras de "forte personalidade".
Normalmente o tratamento com anticonvulsivantes costuma surtir bons resultados e a
família toda ficará agradecida. A maior dificuldade para o tratamento, entretanto, refere-se à
recusa do paciente aceitar seu diagnóstico, coisa que muitas vezes ocorre quando há iminência
de separação conjugal.
Em Transtornos do Humor tem-se a Distimia, a Depressão e a Euforia. A característica
da Distimia, ou Transtorno Ciclotímico, é uma perturbação crônica e flutuante do humor,
envolvendo numerosos períodos de sintomas hipomaníacos, onde a pessoa fica exaltada, e
numerosos períodos de sintomas depressivos (BALLONE , 2003).
A pessoa ciclotímica costuma ser mal-humorada, portanto, conviver com ela
implica em conviver com uma pessoa desanimada a maior parte do tempo, sem empolgação
com as coisas, reclamante de quase tudo e muito exigente em termos de compreensão. Por
outro lado, nas fases de euforia (hipomania), essas pessoas costumam ser superativas,
eloqüentes e até perturbadoras. (BALLONE, 2003).
A característica essencial da crise de Depressão, ou Episódio Depressivo, é um
período durante o qual há um humor deprimido com perda de interesse ou prazer por quase
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todas as atividades. Em crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável ao invés de triste.
Há ainda alterações no apetite, no sono e na atividade psicomotora, diminuição da energia,
sentimentos de baixa auto-estima ou culpa, dificuldades para pensar, concentrar-se ou tomar
decisões, pensamentos sobre morte ou idéias de suicídio. Durante o Episódio Depressivo há
sempre prejuízo significativo no funcionamento social, profissional ou outras áreas
importantes da vida do indivíduo. (BALLONE, 2003).
Além do mau-humor, referido acima na ciclotimia, as pessoas depressivas magoam-se
com mais facilidade e, tendo em vista sua auto-estima rebaixada, são sempre inseguras,
portanto, com tendência ao ciúme e sensação de não serem gostadas. Algumas, com depressão
atípica costumam estar constantemente de mal com a vida. Satisfazê-las é sempre um
problema sério (BAKHTIN, 1992).
Já a Euforia, ou Episódio Maníaco, é definido por um período no qual existe um
humor persistentemente elevado, expansivo ou irritável. Este período de humor anormal deve
ser acompanhado por alguns sintomas, tais como auto-estima inflada ou grandiosidade,
necessidade de sono diminuída, pressão por falar, fuga de idéias, distraibilidade, maior
envolvimento em atividades dirigidas a objetivos ou agitação psicomotora e envolvimento
excessivo em atividades prazerosas, com um alto potencial para conseqüências dolorosas.
Havendo sucessão de Episódios Depressivos e Maníacos a patologia se chamará Transtorno
Bipolar do Humor (BALLONE, 2003).
As dificuldades conjugais da convivência com eufóricos são graves na medida em que
essas pessoas costumam ser extremamente inconseqüentes, esbanjadoras, imprudentes e
extremamente agitadas. Além disso, podem ser exigentes, cobrando dos outros a disposição
que a doença lhes dá, ou a organização que a obsessão lhes dá.
É muito grande o número de casais que vivem em franca desarmonia porque um dos
membros é portador de algum transtorno do humor.
Algumas separações podem ser evitadas quando esse tipo de transtorno é tratado. O
simples fato do(a) parceiro(a) compreender a natureza afetiva da maneira complicada de viver
do outro já funciona como um alívio aos constantes conflitos conjugais.

O excesso de ciúme, por exemplo, geralmente é conseqüência de grande insegurança


e esta, por sua vez, costuma refletir um estado depressivo, bastante sensível ao
tratamento. Em outros casos a queixa é de que um dos membros do casal está sempre
de mau-humor, emburrado(a), desanimado(a) e não participante dos eventos de lazer
ou sociais. Aqui também pode estar presente a depressão. É muito gratificante ao
médico e muito agradável aos familiares quando a pessoa problemática aceita o
tratamento (BALLONE, 2003, p. 02).
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Segundo o dicionário de psicologia (2001), afeto pode ser definido de varias maneiras.
Ou seja: é um conceito que se define de maneiras diferentes. Na maioria das vezes, entende-se
como um sentimento intenso de curta duração. Na acepção mais ampla, toda excitação
emocional tem o nome de processo afetivo. Os fenômenos externos concomitantes consistem,
muitas vezes, em fortes movimentos expressivos. E os afetos se acham ligados às sensações
orgânicas.
Desta forma no dicionário Aurélio (2001), encontra-se a definição de desafeto que é a
expressão de uma desafeição,entendendo como o adversário, um inimigo.
Existe uma série de fatores e de características quando se estabelece uma relação e um
vínculo. A relação envolve a correspondência de interesses e afinidades entre duas pessoas,
pressupõe a convivência e conhecimento recíproco por meio da comunicação, seja ela verbal
ou não-verbal.
O vínculo segundo Ricota (2002), é o que une e liga uma pessoa á outra da mesma
forma como ocorre num relacionamento. Diferindo na existência de um sentindo comum, uma
ligação moral e um tipo de ônus para ambos os envolvidos. Aqui o sentido do compromisso é
mais fortalecido.
Ricota (2002), afirma que nem sempre a forma de relacionar e vincular é boa e feliz.
Têm-se experiências extremamente desagradáveis, em sua maioria resultado de pouca saúde e
qualidade do que está unindo uma pessoa à outra.
Existem três modalidades de vínculos que servem de instrumento para a análise dos
papéis propostas por Moisés Aguiar (apud RICOTA, 2002), já que os vínculos se manifestam
por meio deles, sendo: Vínculos atuais: são reais, fazem parte do momento presente; Vínculos
residuais: no passsado foram atuais e encontram-se no presente desativados, tendendo a se
intensificar pela natureza transferência e que eles próprios possuem. Vínculos virtuais: são
imaginários, não são encontrados nas relações concretas, estão por detrás das motivações que
movem as pessoas de acordo com a satisfação de suas carências, desta forma entende-se que
os vínculos virtuais não são saudáveis.
De acordo com a mesma autora, as pessoas envolvidas num vinculo amoroso
desconhecem que há motivações, concretas e facilmente visualizadas e constatadas que
favorecem o envolvimento com o outro. A princípio podem ser atraídas pela aparência física,
pelas qualidades de desempenho profissional, pelas qualidades pessoais específicas, pelo
sucesso que o outro representa, por sua expressão política, pelo seu poder e prestígio
econômicos e inúmeras outras motivações e, no entanto, de imediato e até mesmo por um
14

bom tempo não conseguem explicar o que levou a se interessar por determinada pessoa.
Para Ricota (2002, p. 30), o vínculo amoroso é “a união pelo amor vivido por duas
pessoas que se escolheram mutuamente, onde a vivência amorosa promove o
desenvolvimento do afeto, da sexualidade, da amizade e da construção de projeto comuns”.

2.1.1 Afeto e desafeto segundo a psicanálise


No curso do tratamento psicanalítico, há amplas oportunidades para colher
impressões sobre a maneira como os neuróticos se comportam em relação ao amor; conquanto
possa ser evocado, ao mesmo tempo, tendo observado ou ouvido falar de comportamento
semelhante em pessoas de saúde normal ou mesmo naquela de qualidades excepcionais
(FREUD, 1996).
A primeira precondição para o amor poderá ser positivamente específica, estipula que
a pessoa em questão nunca escolherá uma mulher sem compromisso, como seu objeto
amoroso, isto é, uma mulher comprometida com outro homem, em alguns casos, essa
precondição evidencia-se tanto que mulheres descompromissadas se tornam ignoradas ou
mesmo rejeitadas (FREUD, 1996).
A segunda precondição é talvez menos freqüente, consiste no sentido de que a mulher
casta e de reputação irrepreensível nunca exerce atração que a possa levar à condição de
objeto amoroso, mas apenas a mulher que é, de uma ou outra forma, sexualmente de má
reputação, cuja fidelidade e integridade estão expostas a alguma dúvida. Pode-se designar
conforme o autor Freud (1996, p. 172), “de maneira um tanto crua, amor à prostituta”.

No amor normal, o valor da mulher é aferido por sua integridade sexual, e é


reduzido em vista de qualquer aproximação com a característica de ser semelhante a
prostituta, seus relacionamento amorosos com essas mulheres exigem-lhe enorme
dispêndio de energia mental, com exclusão de todos os demais interesses, elas são
sentidas como as únicas pessoas a quem é possível amar, e a exigência de fidelidade
que o amante faz a si próprio repete-se, sempre e sempre, não obstante quantas
vezes, na realidade, seja transgredida (FREUD, 1996, p. 173).

Observa esse autor que as diferentes características do quadro apresentado, as


condições que se impõem ao homem, de que sua amada não deve ser desimpedida e de ser
semelhante à prostituta, o alto valor que atribui sua necessidade de sentir ciúmes, sua
fidelidade que, não obstante, é compatível em ser transgredida, em uma longa série de
circunstâncias, e a ânsia de salvar a mulher, parece pouco provável que todas decorram de
uma única fonte (FREUD, 1996).
15

No amor normal, apenas sobrevivem algumas características que revelam, de maneira


inconfundível, o protótipo materno da escolha do objeto, como por exemplo, a preferência
demonstrada pelos homens jovens por mulheres mais maduras. Suas condições para amar e
seu comportamento no amor, realmente decorrem da constelação psíquica relacionada à mães.
Isto pareceria ser mais fácil no que diz respeito à primeira precondição, a condição de que a
mulher deve ser desimpedida, ou de que haja uma terceira pessoa injuriada. (FREUD, 1996).

Quando se investigam, casos de impotência psíquica pela psicanálise, obtêm-se


informações sobre os processos psicossexuais ativos nos mesmo. Como muito
provavelmente em todas as perturbações neuróticas a origem da perturbação é
determinada por uma inibição na história do desenvolvimento da libido antes que
esta assuma a forma que tomamos como sua terminação normal. Duas correntes cuja
união é necessária para assegurar um comportamento amoroso completamente
normal, falharam em se combinar. Podem-se distinguir as duas como a corrente
afetiva e a corrente sensual. (FREUD, 1996).

A corrente afetiva é a mais antiga das duas. Constituem nos primeiros anos da
infância; onde desde o inicio leva consigo contribuições dos instintos sexuais, componentes
de interesse erótico, que já se podem observar, de maneira mais ou menos clara.
A corrente sensual que permaneceu ativa procura apenas objetos que não rememorem
as imagens incestuosas que lhe são proibidas; se alguém que não rememorem as imagens
incestuosas que lhe são proibidas, se alguém causa uma impressão que pode levar à sua auto-
estima psíquica, exceto na afeição que não possui efeito erótico. Toda a esfera do amor,
nessas pessoas, permanece dividida em duas direções personificadas na arte do amar tanto
sagrada como profana. Quando amam, não desejam, e quando desejam não podem amar.
Procuram objetos que não precisem amar, de modo a sua sensualidade complexiva (FREUD,
1996).
2.1.2 Fase pré-conjugal
É o período do namoro e pode-se chamá-lo de pré-conjugal na seqüência do
desenvolvimento do vínculo amoroso. A atração e a paixão ganham grande destaque ao lado
do ato de escolher um parceiro (RICOTA, 2002).
E é nesta fase que se concentra a maior expectativa no outro, como sendo o príncipe, a
princesa dos sonhos, e onde se acredita ter encontrado a alma gêmea, a cara metade, enfim a
felicidade chegou para mim. Então a pessoa envolvida pelo tão sublime sentimento, sente-se
apta a unir-se num relacionamento formal ou informal, mas os laços se definem e fica cada
vez mais próximo.
No entanto muitos relacionamentos não vão avante porque uma das pessoas não tem
como certo e claro o motivo da aproximação e real interesse de um pelo outro. (RICOTA,
16

2002).
2.1.3 Relacionamento afetivo
O verdadeiro amor só poderá existir quando uma pessoa passar a reconhecer o outro
por aquilo que ele realmente é como ser humano e quando por livre escolha opta por ele. Ser
capaz de um verdadeiro amor, segundo Ricota (2002, p.45), significa “amadurecer, ter
atitudes realísticas para com o outro, aceitar as responsabilidades pela própria felicidade ou
infelicidade, e não esperar que o outro nos faça feliz, nem culpá-lo por nosso mau humor ou
por frustrações”.
Todo o caminho para se viver um encontro pode ser árduo se não tiver preparado para
isso. Muitas vezes não se observa às condições em dar amor ao outro, de dar compreensão, ser
capaz de estar ao lado dessa pessoa e se enriquecer (RICOTA, 2002).
3 METODOLOGIA
Esta pesquisa foi desenvolvida numa população masculina e feminina, sendo um
número de dez participantes, distribuídos cincos para o sexo feminino e cinco para o sexo
masculino, com idade mínima de vinte anos, levou-se em conta a condição dos participantes
já terem vivido uma experiência de afetos e desafetos de um relacionamento. Para tanto foi
utilizado a entrevista semi-estruturada, que segundo Richardson (1999),

A entrevista é uma técnica importante que permite o desenvolvimento de uma estrita


relação entre as pessoas. É um modo de comunicação no qual determinada
informação é transmitida de uma pessoa para outra. O termo entrevista é constituído
a partir de duas palavras, entre e vista. Onde vista refere-se ao ato de ver, ter
preocupação de algo. Entre indica a relação de lugar ou estado no espaço que separa
duas pessoas ou coisas. Portanto, o termo entrevista refere-se ao ato de perceber
realizado entre duas pessoas.

Entende-se por entrevista semi-estruturada: “é a junção de uma pesquisa fechada a


uma aberta em que, num primeiro momento, o entrevistado responde a uma das opções e
depois justifica, explica a opção feita” (FLEMING, 2005).
A escolha dos participantes ocorreu de forma aleatória, sendo que cinco dos
participantes trabalham em uma instituição na cidade de Cascavel e os demais cinco são
trabalhadores autônomos e do universo acadêmico, sendo que a única condição para que
participassem da pesquisa foi que os entrevistados tivessem tido anteriormente uma
experiência de relacionamento afetivo.
Desta forma, o decorrer da pesquisa ocorreu no local de trabalho, bem como na
faculdade dos participantes respectivamente conforme disponibilidade de horário de cada um
deles. O instrumento para a coleta de dados foi o de observação e a aplicação do questionário
17

que conteve cinco questões abertas. Para a análise dos dados consta o método quantitativo e o
qualitativo.

O método quantitativo caracteriza-se pelo emprego da quantificação, tanto nas


modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de
técnicas estatísticas, desde os mais simples como: percentual, média, desvio-padrão
às mais complexas como coeficiente de correlação, análise de regressão etc.
(RICHARDSON, 1999).

Amplamente utilizado na condição da pesquisa, o método quantitativo representa, em


principio, a intenção de garantir a precisão dos resultados, evitarem distorções de análise e
interpretação, possibilitando, conseqüentemente, uma margem de segurança quanto às
interferências. (RICHARDSON, 1999)
Conforme escreveu Richardson (1999):

O método qualitativo difere, em principio, do quantitativo á medida que não


emprega um instrumento estatístico como base do processo de análise, de um
problema. Não pretende numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas. A
abordagem qualitativa de um problema, além de ser uma opção do investigador,
justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada para entender a natureza de um
fenômeno social. Tanto assim é que existem problemas que podem ser investigados
por meio de metodologia quantitativa, e há outros que exigem diferentes enfoques e
conseqüentemente, uma metodologia de conotação qualitativa.

Desta forma, ainda segundo Richardson, 1999:

Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a


complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis,
compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir
no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de
profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos
indivíduos.

4 APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS

O questionário aplicado a dez pessoas, sendo cinco homens e cinco mulheres, com
idade acima de vinte anos e que relataram a pesquisadora já terem vivido relacionamentos
conjugais positivos ou negativos. O questionário foi elaborado para que o entrevistado tivesse
liberdade de resposta. Cada entrevistado respondeu individualmente as questões e o resultado
será analisado a seguir.
A primeira questão foi a seguinte: em sua opinião, em que consiste um relacionamento
afetivo entre homem e mulher? As respostas foram simples e diretas, sem elaboração de
textos, portanto de fácil análise. Na tabela 1, verificamos as opiniões de homens e mulheres
18

em separado.

Tabela 1

HOMEM MULHER
1- Respeito. 1- Cumplicidade.
2- Respeito; confiança. 2- Amor; carinho; respeito; dialogo; afinidade.
3- Doação; compreensão; lealdade. 3- Amor; respeito; companheirismo; lealdade.
4- Respeito; amor; compreensão. 4- Respeito; amor; compreensão.
5- Respeito; confiança; amor; fidelidade. 5- Respeito; amor; companheirismo; dedicação.

Já no gráfico, colocaram-se as respostas de maiores incidências fazendo-se um

comparativo entre homens e mulheres.

Gráfico 1

3
HOMEM
2 MULHER

0
AMOR COMPRE. FIDEL.

Percebe-se que para ambos o respeito consiste em um fator primordial para um


relacionamento duradouro e saudável. Já, entre os entrevistados, a compreensão é um fator
mais relevante para os homens, e fidelidade também foi citada apenas pelo sexo masculino.
Reafirmando que o amor é mais importante para o sexo feminino pode-se perceber que o
dobro de mulheres citou este sentimento como mais importante. Já o termo lealdade foi citado
pela minoria de forma igualitária.
Passando para a segunda pergunta: em sua opinião existe segredo para um relacionamento
feliz? Qual? Após a coleta dos dados obteve-se as respostas representadas pela tabela 2.
19

Tabela 2

HOMEM MULHER
1- Sim. Situação financeira. 1- Sim. Respeito.
2- Sim. Respeito. 2- Sim. Respeito; cumplicidade.
3- Sim. Respeito e confiança. 3- Sim. Respeito; confiança.
4- Sim. Companheirismo. 4- Sim. Amor.
5- Não. Você faz a ocasião. 5- Sim. Respeito; afinidade; diálogo.

Gráfico 2

3 HOMEM
MULHER
2

0
SIM NÃO

Apenas uma resposta foi negativa, sendo esta do lado masculino dos entrevistados,
que citou que em sua opinião cada um faz a ocasião. Desta forma, uma maioria quase absoluta
de respostas positivas sobre os segredos de um relacionamento feliz, nos faz entender que
tanto homens como mulheres concordam nesse quesito. Embora não esteja registrado no
gráfico, percebe-se que na tabela 2 o respeito é quase unanimidade entre homens e mulheres
para se ter um bom relacionamento. Outras respostas se fizeram notar, porém com menos
importância.
Já a questão três é um pouco mais elaborada: dentre tantas coisas que se procura
observar em uma pessoa, como forma de avaliar e eleger a pessoa como sendo ideal para se
ter um relacionamento afetivo, em sua opinião e baseado na sua experiência quais são as
características que você mais observou ou observa para selecionar a pessoa ideal para você?
(físicas, emocionais, qualidades, personalidade, afinidade, etc...).
Segundo Ricota (2002), existe uma série de fatores e de características quando se
estabelece uma relação e um vínculo. A relação envolve a correspondência de interesses e
afinidades entre duas pessoas, pressupõe a convivência e conhecimento recíproco por meio da
20

comunicação, seja ela verbal ou não-verbal. Para ela, o vinculo é o que une uma pessoa a
outra da mesma forma como ocorre num relacionamento.
Diferindo na existência de um sentindo comum, uma ligação moral e um tipo de ônus
para ambos os envolvidos. Aqui o sentido do compromisso é mais fortalecido, Ricota (2002),
afirma que nem sempre a forma de relacionar e vincular é boa e feliz,as experiências
extremamente desagradáveis, em sua maioria advém de pouca saúde e qualidade do que está
unindo uma pessoa à outra.
Na tabela 3, pode-se perceber que as respostas foram bastante variadas, porém
algumas se destacaram, como veremos no gráfico.

Tabela 3
HOMEM MULHER
1- Sinceridade. 1- Integridade; sinceridade; carinho; respeito.
2- Beleza; humildade; carinho; atenção. 2- Afinidade; personalidade; química.
3- Bondade; sinceridade; carinho; 3- Verdadeiro; carinho.
honestidade.
4- Personalidade própria. 4- Afinidade; desejo de ser amado.
5- Responsabilidade; 5- Afinidade; qualidades pessoais e físicas.

Gráfico 3

3
HOMEM
2 MULHER

0
SINCERIDADE CARINHO AFINIDADE BELEZA HONESTIDADE

A sinceridade ficou bastante destacada entre as respostas dos entrevistados homens,


carinho foi citado pelos dois grupos de formal parcial, afinidade mostrou - se muito mais
importante para o sexo feminino, beleza e honestidade foram citados, mas com menor
referencia tanto pelos homens quanto pelas mulheres.
21

O psicanalista Flávio Gikovate apud BALLONE, 2003 Diretor do Instituto de


Psicoterapia de São Paulo, atendeu 7.000 casais em 32 anos de clínica e pode afirmar que
"ninguém consegue passar muito tempo convivendo trinta dias por mês, doze meses por ano,
com quem não compartilha dos mesmos interesses, hábitos e valores”.
Já para Ricota (2002), as pessoas envolvidas num vinculo amoroso desconhecem que
há motivações, concretas e facilmente visualizadas e constatadas que favorecem o
envolvimento com o outro. A princípio podem ser atraídas pela aparência física, pelas
qualidades de desempenho profissional, pelas qualidades pessoais específicas, pelo sucesso
que o outro representa, por sua expressão política, pelo seu poder e prestígio econômicas e
inúmeras outras motivações e, no entanto, de imediato e até mesmo por um bom tempo não
conseguem explicar o que levou a se interessar por determinada pessoa.
A mesma autora vem dizer que, o vínculo amoroso é “a união pelo amor vivido por
duas pessoas que se escolheram mutuamente, onde a vivência amorosa promove o
desenvolvimento do afeto, da sexualidade, da amizade e da construção de projeto comuns”.
Portanto entende-se diante das respostas dadas pelos entrevistados que a questão da
sinceridade para os homens cabe no quesito valor pessoal, pois a sinceridade pode ser
classificada como sendo, algo referente ao caráter da pessoa, suas condutas e seus valores.Já a
afinidade, que foi a resposta das mulheres entra na questão que o autor relata, quando diz que
o casal não consegue manter um relacionamento se estes não compartilharem dos mesmos
interesses, idéias e valores parecidos.
A questão 4: qual o maior agravante num relacionamento afetivo e que gera conflitos e
desentendimentos entre os casais? Coletados os dados, percebe-se grande divergência entre as
respostas dos entrevistados de ambos os sexos. As mulheres referem-se a sentimentos que
demonstram a necessidade de segurança, já os homens em relação a auto-afirmação.

Tabela 4
HOMEM MULHER
1- Mentira. 1- Desconfiança;
2- Traição; ciúmes. 2- Ausência de diálogo; falta de respeito.
3- Traição; falta de respeito. 3- Desconfiança; amor.
4- Traição; mentira; falta de privacidade; 4- Ausência de amor; falta de respeito.
vícios.
5- Traição; insegurança; invasão de 5- Situação financeira; falta de tempo para o
privacidade; dinheiro. parceiro.

Gráfico 4
22

3
HOMEM
2 MULHER

0
MENTIRA DINHEIRO RESPEITO

As respostas foram bem diversas como nos mostra o gráfico. A maior incidência de
respostas masculinas foi à traição com uma resposta bastante elevada neste quesito. Já para a
mulher a distancia da pessoa é a resposta mais citada.

Porém segundo Giddens 1991, hoje talvez como sinal dos tempos, a pessoa está
vulnerável à todo tipo de crises e, inegavelmente, existem estreitas relações entre as crises
individuais e as crises familiares ,desta forma é inevitável que a crise individual acabe por
repercutir no contexto familiar. O autor vem dizer que quem está bem consigo mesmo não
incomoda aos demais, e a recíproca é verdadeira. Para ele, existe casamento fugaz devido a
vários fatores: desemprego, dificuldades econômicas do casal, dificuldades econômicas dos
parentes próximos, transtornos de comportamento dos filhos (conduta, hiperatividade, etc) e
demais circunstâncias adversas.Com a mesma freqüência ocorrem alguns rompimentos nas
relações conjugais devido a dificuldade existencial de um dos membros do casal, dentre eles o
autor cita: depressão, drogadição, jogo patológico, alcoolismo, cleptomania, exibicionismo e
mais uma serie de alterações (GIDDENS, 1991, 124).

Diante do exposto, percebe-se nas respostas que a teoria vem confirmar os conflitos
definidos como afetos e desafetos de um relacionamento.
A última pergunta: baseado na experiência que você teve, qual ou quais são os sinais
que indicam que o relacionamento não esta bem? O que te levou a perceber isso?

Tabela 5

HOMEM MULHER
1- Ausência de diálogo; falta de tempo. 1- Assumir toda a responsabilidade sozinha;
falta de dialogo.
2- Falta de tempo; falta de atenção. 2- Não sentir prazer em sair com a pessoa;
discussões banais.
23

3- Falta de tempo; isolamento. 3- Discussões banais; desejo de ficar longe


da pessoa.
4- Não sentir falta de pessoa; falta de 4-Desejo de ficar longe da pessoa.
diálogo.
5- Falta de diálogo; não dar satisfação do que 5- Falta de diálogo; desejo de ficar longe.
faz; solidão.

Gráfico 5

HOMEM
2 MULHER

0
AUSENCIA DE DESEJO DE FALTA DE TEMPO DISCUSSÕES
DIALOGO DISTANCIA

As respostas foram bem parecidas nesta questão, quando se refere à ausência de diálogo e ao
desejo de distância da pessoa do sexo oposto, e neste quesito a distancia implica também os
fatores sexuais,onde o casal não sente mais atração,vontade,desejo pelo outro, e com isso o
distanciamento é inevitável. . Falta de tempo para os homens e discussão para as mulheres
mostrou-se bastante relevante.
O ser humano, apesar dos milhares de anos tentando e conseguindo se adaptar à
natureza, conseguindo sobreviver às intempéries, aos terremotos, aos animais ferozes, às
epidemias e a toda sorte de dificuldades e perigos que o mundo e a vida oferecem, continua
hoje sofrendo e sendo vítima daquilo que sempre lhe pareceu o menor dos perigos: seu
semelhante e ele mesmo. (ROCHA-COUTINHO, 1998).
O mesmo autor vem dizer que é bem difícil tratar dessa importante questão de nosso
relacionamento com os outros, principalmente quando esse outro é nosso cônjuge, sendo
assim as pessoas preferem se afastar, isolar, não falar sobre o assunto, chegando à conclusão
de que a separação é o melhor caminho.
Durante toda nossa vida podemos experimentar algum sofrimento, mágoa ou
desencanto com nosso próximo e, não obstante, este sofrimento, mágoa e desencanto serão
tão maiores quanto menos nos conhecermos e menos conhecermos nosso próximo. Aliás,
24

conhecer nosso próximo só é possível na medida em que conhecemos a nós mesmos.


Uma das maiores dificuldades de convivência entre as pessoas se baseia no fato do ser
humano se apresentar um ser social por natureza e, simultaneamente, um ser egocêntrico.

Por sermos sociais, somos incapazes de viver sozinhos no mundo e, por sermos
egocêntricos somos, ao mesmo tempo, incapazes de conceder aos nossos
semelhantes às mesmas regalias que nos concedemos. Portanto, sozinhos não
conseguimos viver e, paradoxalmente, com o outro também é difícil (JABLONSKI,
1996, p. 113)

Para compensar essa peça que a natureza nos pregou, fomos dotados de um atributo
muito especial: somos capazes de mudar. Trata-se do livre arbítrio, ou seja, da capacidade de
mudanças, de procurar um amanhã melhor que o hoje. Normalmente nossa evolução acontece
através de mudanças em posturas e em atitudes diante dos semelhantes e da vida (BAKHTIN,
1992).

5 CONCLUSÃO

O verdadeiro amor só poderá existir quando uma pessoa passar a reconhecer o outro
por aquilo que ele realmente é como ser humano e quando por livre escolha opta por ele. Ser
capaz de um verdadeiro amor, segundo Ricota (2002), significa “amadurecer, ter atitudes
realísticas para com o outro, aceitar as responsabilidades pela própria felicidade ou
infelicidade, e não esperar que o outro nos faça feliz, nem culpá-lo por nosso mau humor ou
por frustrações”.
Todo o caminho para se viver um encontro pode ser árduo se não tiver preparado para
isso. Muitas vezes não se observa às condições em dar amor ao outro, de dar compreensão, ser
capaz de estar ao lado dessa pessoa e se enriquecer (RICOTA, 2002).
Diante das palavras da autora, concluo que as diferenças existem e estão ai para serem
compreendidas, a partir do momento que as pessoas fizer esta compreensão do outro, os
relacionamentos ficaram mais saudáveis e felizes.
Desenvolver este trabalho, não é tarefa fácil, pois sentimentos é muito subjetivo e cada
individuo possui suas peculiaridades, não existe uma forma de avaliar os sentimentos, não
existe como medir o tamanho do amor dessa ou daquela pessoa, tampouco de estar
percebendo se este ou aquele individuo sofre mais ou menos quando vive os desafetos de uma
relação, cada um sente de uma forma, cada um vive de uma forma,cada qual tem seu jeito
particular de resolver,elabora,solucionar ou sair dessa como é comumente usado pelo senso
25

comum.
No entanto desde que o mundo é mundo, as pessoas buscam, idealizam uma pessoa
ideal pra viver um grande amor, porem, como já mencionado no trabalho, o maior agravante
que implica as relações amorosas e interpessoais é o fato do ser humano não conhecer as
diferenças existentes entre as pessoas.E isto aprece bem claramente não na entrevista escrita,
mas na fala dos entrevistados quando este devolve sua folha com as respostas, e a maioria
afirma que se conhecesse mais a pessoa com quem teve um relacionamento afetivo, ou com o
qual esta tendo certamente os conflitos diminuiriam.
Diante dos fatos, concluo que o objetivo da pesquisa foi alcançado, mesmo tendo a
certeza de que muito ainda há que ser feito na área dos relacionamentos afetivos, visto
que,como a teoria mesmo nos mostra o índice de separações é muito grande ,os consultórios
dos psicólogos estão cheios de pessoas cujo conflito relatado é relacionamento,desta forma
fica então o desejo de aprofundar mais o tema em questão,tendo em vista a importância da
temática e a necessidade em estar lançando luz, abrindo caminhos e propondo formas de
atuação para que o ser humano possa estar vivenciando suas experiências de afetos e
desafetos dos relacionamentos de uma forma que não sofram,mas sim compreendam as varias
formas de amar.

REFERÊNCIAS

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BAUMAN, Z. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

_________ . Modernidade e ambivalência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.


Dicionário Aurélio

FREUD, Sigmund. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud Rio de Janeiro:


Imago, 1996.

GIDDENS, A. As conseqüências da modernidade. São Paulo: UNESP, 1991.


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_________. A transformação da intimidade: Sexualidade, amor e erotismo nas sociedades


modernas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1993.

JABLONSKI, B. Papéis conjugais: Conflito e transição. Em T. F. Carneiro (Org), Relação


amorosa, casamento, separação e terapia de casal. Rio de Janeiro: Associação Nacional de
Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia, 1996.

MURARO, Rose Marie; BOFF, Leonardo. Feminino e Masculino: Uma nova consciência
para o encontro das diferenças. 2ª ed., Rio de Janeiro: Sextante, 2002.

RICOTA, Luiza. O Vínculo Amoroso. 3ªed., São Paulo: agora, 2002.

BALLONE GJ - O Casamento, in. PsiqWeb. Disponível em


<http://sites.uol.com.br/gballone/familia/casamento.html> 2003

ROCHA-COUTINHO, M. L. A análise do discurso em Psicologia: Algumas questões,


problemas e limites. Em L. Souza, M. F. Q. Freitas & M. M. P. Freitas (Orgs.), Psicologia:
Reflexões (im)pertinentes São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998

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