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Skinner
Ciência e Comportamento Humano
Ciência e comportamento humano
B. F. S k in n e r
B. F. Skinner
Tradução
JOÄO CARLOS TODOROV
RODOLFO AZZI
Martins Fontes
São Paulo 2 0 0 3
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TVadução
JOÃO CARLOS TODOROV
RODOLFO AZZ1
P ro d u ç ão gráfica
Geraldo Alves
03-6263_______________________________________________ CDD-150
ín d ices p a ra catálogo sistem ático:
1. Psicologia 150
2. Psicologia do comportam ento 150
B.F.S.
Hamard University
Cambridge, Massachusetts
índice
PRIMEIRA SEÇÃO
SEGUNDA SEÇÃO
A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
TERCEIRA SEÇÃO
QUARTA SEÇÃO
QUINTA SEÇÃO
AGÊNCIAS CONTROLADORAS
A ameaça à liberdade
A questão da prática
Capítulo II
Uma ciência do comportamento
diante. Certo grau de controle real, mas não tão facilmente iden
tificado, está em mãos de escritores, propagandistas, publicitá
rios e artistas. Estes controles, que com freqüência são por
demais evidentes nas suas aplicações práticas, são mais que
suficientes para nos permitir estender os resultados de uma
ciência de laboratório para a interpretação do comportamento
humano nos negócios cotidianos quer com objetivos teóricos,
quer práticos. Como a ciência do comportamento continuará a
aumentar o uso eficaz deste controle, é agora mais importante
do que nunca compreender o processo implicado e preparar-
mo-nos para os problemas que certamente surgirão.
Capítulo III
Por que os organismos se comportam
Causas internas
O homem-máquina
Ação reflexa
Reflexos condicionados
“Por que estou fugindo? Não tenho medo deste bom velho.”
“Teus temores e tuas esperanças são apenas fantasias”, disse
uma voz próxima a ela, vinda de um velhinho muito míope e de
óculos, sentado sobre um tronco nodoso...
“Ao fugir você está agindo por um reflexo condicionado. É
muito simples. Vivendo entre leões, você, em sua infância, asso
ciou o som de um rugido ao perigo de morte. Daí sua fuga preci
pitada quando aquele supersticioso e velho asno gritou com
você. Esta notável descoberta custou-me vinte e cinco anos de
pesquisa devotada, durante os quais cortei o cérebro de inúme
ros cães, e observei o cuspo deles, fazendo cavidades em suas
faces para que salivassem por ali em vez de através da língua. O
mundo científico em peso prostra-se aos meus pés, admirando
minha obra colossal e agradecendo a luz que lancei sobre os
grandes problemas da conduta humana.”
“Por que você não me perguntou?”, disse a negrinha. “Eu
poderia contar-lhe em vinte e cinco segundos, sem maltratar
aqueles pobres cães.”
“Sua ignorância e sua presunção são inauditas”, disse o
velho míope. “É claro que o fato era do conhecimento de qual
quer criança; mas nunca tinha sido provado experimentalmente
no laboratório; e não era conhecido cientificamente. Chegou a
mim como uma conjectura disforme: transformei-o em ciência.
Você alguma vez já conduziu um experimento?”
“Muitas”, disse a menina. “Vou fazer um agora. Você sabe
onde está sentado?”
“Estou sentado sobre um tronco encanecido pela idade c
com uma superfície enrugada pouco confortável.”
“E engano seu”, disse a menina. “V ocê está sentado sobre
um crocodilo adormecido.”
56 CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO
1. George Bernard Shaw, The Adventures o f the Black Girl in Her Search o f
God, copyright, 1933, by George Bernard Shaw, usado com permissão do Public
Trustee e da Society o f Authors.
A ANÁLISE D O COMPORTAMENTO 57
Capítulo V
Comportamento operante
As conseqüências do comportamento
Curvas de aprendizagem
Condicionamento operante
Propriedades quantitativas
Extinção operante
Reforçadores condicionados
tir do evento que pôs fim ao ir pela rua. Este evento “dá significa
do” ao desempenho, não pela ampliação da descrição do compor
tamento propriamente dito, mas pela indicação de uma variável
independente da qual o comportamento pode ter sido uma fun
ção. Não podemos ver o “propósito” antes de vê-lo enviar a carta,
a menos que tenhamos observado semelhante comportamento e
semelhantes conseqüências anteriormente. Se tivéssemos feito
isso, usaríamos o termo para simplesmente prever que nesta oca
sião ele irá depositar cartas no correio.
Nem pode o sujeito ver seu próprio propósito sem referir-
se a eventos semelhantes. Se perguntarmos porque está des
cendo a rua ou qual é seu propósito e ele disser “Estou indo
enviar uma carta”, não teremos aprendido nada de novo sobre
seu comportamento, mas apenas algo sobre suas possiveis
causas. O sujeito mesmo, é claro, pode estar em uma posição
privilegiada para descrever essas variáveis porque tem tido um
amplo contato com o seu próprio comportamento há muitos
anos. Mas apesar disso sua afirmação não é de classe diferente
daquelas feitas por outros que observaram seu comportamento
em menos ocasiões. Como veremos no capítulo XVII, ele ape
nas está fazendo uma previsão plausível em termos de suas
experiências consigo mesmo. Ademais, pode estar errado.
Pode dizer que está “indo enviar uma carta”, e pode na verda
de estar levando uma carta endereçada em suas mãos, pode
mesmo colocá-la na caixa do correio; mas ainda poderá ser
possível mostrar que o comportamento foi principalmente de
terminado pelo fato de que em ocasiões anteriores encontrou
alguém para ele muito importante durante uma caminhada. O
seu jeito pode não se “aperceber deste propósito” no sentido
de não ser capaz de dizer que seu comportamento é freqüente
por esta razão.
O fato de que o comportamento operante parece estar “di
rigido para o futuro” é equívoco. Considere, por exemplo, o
caso de se procurar “alguma coisa”. Em que sentido essa “al
guma coisa” que ainda não foi encontrada é relevante para o
comportamento? Suponha que condicionamos um pombo a bi
car um ponto na parede de uma caixa e depois, quando o ope-
A ANÁLISE D O COMPORTAMENTO 99
Capítulo VI
Modelagem e manutenção do comportamento operante
A continuidade do comportamento
Reforço diferencial
A manutenção do comportamento
Reforço intermitente
Capítulo VII
Discriminação operante
Estímulos discriminativos
Repertórios discriminativos
Atenção
Capítulo VIII
O controle do comportamento pelo meio am biente
Indução
tante. Um organismo cego para cores, por outro lado, não mos
traria esse gradiente; a freqüência não mudaria com a cor, se as
diferenças em brilho, textura, etc., tiverem sido eliminadas. Ou
tras propriedades dos estímulos produzem gradientes similares
quando exploradas sistematicamente. Este procedimento nos
permite responder questões tais como se uma dada mudança na
cor é tão importante para o organismo como uma dada mudan
ça no tamanho, ou mesmo se a cor é uma propriedade tão im
portante entre os estímulos visuais como o é o tom entre os
estímulos auditivos. Entretanto, nem todas as dimensões dos
estímulos são igualmente contínuas.
Discriminação
Abstração
Capítulo IX
Privação e saciação
Privação
Necessidades e impulsos
mento varia. Diz-se que a criança que não come bem sofre de
anorexia - uma falta de apetite. Se come esporadicamente é
porque sua fome é imprevisível - às vezes tem fome, às vezes
não. Neste caso usamos o conceito de impulso não em referên
cia a uma história de ingestão, mas apenas para explicar (espu-
riamente) mudanças de probabilidade não explicadas. (Curio
samente não postulamos um impulso se não há mudança na
probabilidade. A secreção reflexa de lágrimas em resposta à
irritação não varia de momento a momento de modo que não
possa ser descrita e portanto não dizemos que há um impulso
para livrar o olho de substâncias estranhas.) Assim, a questão
vem a ser: quantas espécies de comportamento variam em fre
qüência independentemente uns dos outros? Com esta base
podemos distinguir entre comer, beber, comportamento sexual,
e assim por diante, do mesmo modo que entre subdivisões de
cada um desses campos. Se as probabilidades de comer duas
espécies de alimento sempre variam juntas, pressupomos um
apetite comum, mas se em certas ocasiões um organismo inge
re mais sal do que açúcar, e em outras mais açúcar do que sal,
verificamos que é necessário falar de apetites diferentes para
sal e açúcar. Presumivelmente operações separadas de saciação
e privação acompanham essas mudanças ainda que não sejam
descritas por este uso do termo “apetite”.
Os impulsos são respostas condicionadas? A saciação e a
privação estão obviamente relacionadas com o reforço operan
te. Para um organismo faminto o alimento é tanto reforçador
quanto saciador. Como veremos no capítulo XIV, é necessário,
ainda que por vezes difícil, distinguir esses efeitos. No reforço
a apresentação do alimento é contingente a uma resposta; po
demos saciar sem reforçar consistentemente se evitarmos essa
contingência. Também podemos reforçar sem uma saciação
substancial, ou ao menos antes que a saciação sobrevenha. Mas
há uma conexão inevitável entre os dois processos: não se ob
servará o efeito do reforço operante se o organismo não estiver
apropriadamente privado. O resultado líquido do reforço não é
apenas aumentar a freqüência de um comportamento, mas
aumentá-la em um dado estado de privação. Assim o reforço
A ANÁLISE D O COMPORTAMENTO 165
O indivíduo e a espécie
Sumário
Capítulo X
Emoção
Operações emocionais
A emoção total
Capítulo XI
Aversão, evitação, ansiedade
Comportamento aversivo
Evitação
Ansiedade
Ansiedade e antecipação
Capítulo XII
Punição
A punição funciona?
Os efeitos da punição
Capímlo XIII
Função versus aspecto
Revisão de traços
Capítulo XIV
A análise de casos complexos
“Supersimplificação ”
Múltiplas causas
Projeção e identificação
7. Loucura da dúvida.
A ANÁLISE D O COMPORTAMENTO 241
Encadeamento
“Autocontrole ”
Técnicas de controle
Capítulo XVI
Pensamento
O comportamento de lembrar
Problemas e soluções
Capítulo XVII
Eventos privados em uma ciência natural
Visão condicionada
Visão operante
Capítulo XVIII
O eu
A ausência de autoconhecimento
Símbolos
O comportamento de
pessoas em grupo
Capítulo XIX
Comportamento social
O ambiente social
sabemos que ela está olhando para nós”, e assim por diante. (O
significado de “saber” nessas afirmações está em acordo com
a análise dos capítulos VIII e XVI.) Em resumo, ao se perceber
que alguém nos olha, um estímulo social repentinamente se
origina, o qual é importante por causa dos reforços que depen
dem dele. A importância variará com a ocasião. Podemos per
ceber que alguém nos olha ou namorando ou em circunstân
cias divertidas, ou em um momento de culpa comum, etc. -
com um grau de controle apropriado em cada caso. Vê-se a
importância do evento no uso que fazemos do comportamento
de “olhar nos olhos” como um teste de outras variáveis respon
sáveis por características do comportamento como honestida
de, embaraço, ou culpa.
Os estímulos sociais são importantes para aqueles aos
quais o reforço social é importante. O vendedor, o galanteador,
o humorista, o sedutor, a criança que anseia pelo favor dos
pais, o “carreirista” avançando de um nível social a outro, o
político ambicioso - todos têm grande probabilidade de serem
afetados por propriedades sutis do comportamento humano,
associados com o favor ou a desaprovação, que são desaperce
bidas por muitas pessoas. E significativo que o romancista es
pecialista na descrição do comportamento humano muitas ve
zes mostre uma história anterior na qual o reforço social tenha
sido especialmente importante.
O estímulo social que tem menor probabilidade de mudar
de cultura para cultura é o que controla o comportamento imi-
tativo descrito no capítulo VII. As conseqüências fundamen
tais do comportamento imitativo podem ser peculiares à cultu
ra, mas a correspondência entre o comportamento do ünitador
e o do imitado é relativamente independente dela. O comporta
mento imitativo não é inteiramente livre de estilo ou conven
ção, mas os aspectos especiais do repertório imitativo caracte
rístico de um grupo são muito tênues. Quando um repertório
de tamanho considerável já se desenvolveu, a imitação pode
ser tão habilidosa, tão fácil, tão “instintiva”, que é provável
que a atribuamos a algum modo especial de contato interpes
soal como a empatia. Entretanto, é fácil indicar a história de
reforço que gera comportamento desse tipo.
O COMPOR TAMENTO D E PESSOAS EM GR UPO 333
O episódio social
Capítulo XX
Controle pessoal
Controle de variáveis
ele tem controle suficiente para conseguir isso, pode então de
senvolver seguramente outras manobras. O conselheiro, seja
simplesmente um amigo, seja um terapeuta profissional, de
fronta-se com um problema semelhante. Sua primeira tarefa é
assegurar-se de que o indivíduo que está sendo aconselhado
continue a ouvir e a voltar para mais conselhos. Se isso pode
ser feito, é possível chegar-se a novas linhas de controle.
O estágio preliminar de manutenção de contato com o
controlado é mais bem observado na carreira do humorista ou,
um pouco menos obviamente, do escritor, artista ou músico. As
pessoas como essas exploram suas fontes de controle relativa
mente pobres quase que exclusivamente para aumentar a pro
babilidade de que o controlado volte para ver mais. A técnica
principal é o reforço. Poderíamos dizer que, com efeito, criar
eventos reforçadores é a profissão do humorista, do escritor,
do artista ou do músico. No processo de criação, como vimos
no capítulo XVI, um meio pode ser manipulado para que reve
le propriedades awfo-reforçadoras, mas a “universalidade” de
uma obra de arte é medida pelo número de outras pessoas que
também a acham reforçadora. Se o artista não tem outra men
sagem, esta é a extensão do controle pessoal que ele dirige. O
propagandista, contudo, avançará para uma conquista mais es
pecífica quando a atenção, o interesse ou o patrocínio de sua
audiência tiver sido conquistado.
Técnicas de controle
Capítulo XXI
Controle pelo grupo
Agências controladoras
A agência governamental
Lei
Interpretações tradicionais
Capítulo XXIII
Religião
Explicação da agência
Contracontrole
Capítulo XXIV
Psicoterapia
vidamente qualquer coisa que tenha a ver com sexo; se for pu
nido por estar sujo, poderá vir a temer exageradamente a sujei
ra; e assim por diante. Quando os estímulos são gerados pelo
próprio comportamento punido, o indivíduo tem medo de agir
- tem, como se diz, medo de si mesmo. Com freqüência é difí
cil, seja para o próprio indivíduo, seja para alguém mais, iden
tificar a estimulação responsável pelo padrão emocional. Se a
condição se repete muitas vezes, como muito provavelmente é
o que acontece com os estímulos autogerados, o medo pode vir
a se tornar crônico.
As fobias representam reações de medo excessivas a cir
cunstâncias que nem sempre estão claramente associadas com
o controle. Mas o fato de que são medos “irracionais” - medos
dos quais não pode ser encontrada nenhuma condição causal
comensurável - sugere que são primariamente respostas à pu
nição e que o medo gerado pelo controle excessivo foi sim
plesmente deslocado (capítulo X).
Ansiedade. Um acompanhamento comum da evitação ou
fuga é a ansiedade. Como vimos no capítulo XI, o medo de um
evento futuro pode ser originado por estímulos específicos que
precederam os eventos punitivos ou aspectos do ambiente ge
ral nos quais os eventos ocorreram. A ansiedade pode variar
em intensidade de um ligeiro aborrecimento até um terror ex
tremo. A condição inclui tanto respostas das glândulas e mús
culos lisos quanto mudanças bem marcadas no comportamen
to operante. Deixamos implícito que a condição se deve aos
procedimentos controladores quando a chamamos vergonha,
culpa ou sentimento de pecado.
Ira e raiva. O padrão emocional que acompanha a revolta
inclui resposta de glândulas e músculos lisos e um bem marca
do efeito sobre o comportamento operante, que inclui uma ele
vada disposição para agir agressivamente contra o agente con
trolador e um enfraquecimento de outros comportamentos. A
emoção pode ser deslocada do agente controlador para outras
pessoas ou coisas em geral. Um exemplo atenuado é um mau
temperamento; um exemplo extremo seria o sadismo. A birra
parece ser um tipo de revolta não-dirigida.
a g ê n c ia s c o n tr o la d o r a s 395
Interpretações tradicionais
Capítulo XXV
Controle econômico
Esquemas de remuneração
Comprar e vender
"Economia ”
A agência econômica
Çontracontrole
Capítulo XXVI
Educação
Reforço educacional
Contracontrole
O controle do
comportamento humano
Capítulo XXVII
Cultura e controle
Usos e costumes
Caráter cultural
Capítulo XXVIII
Planejamento de uma cultura
Juízos de valor
Capítulo XXIX
O problema do controle
Quem controlará?
O destino do indivíduo