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06. Jusnaturalismo
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Hugo Grócio é considerado o fundador do justatu- Kelsen X Platão: Kelsen critica o conceito de
ralismo moderno. Thomas Hobbes, Samuel Pufendorf Justiça de Platão, dizendo que é uma concep-
e Jonh Locke também foram nomes de destaque desse ção autoritária, antidemocrática, pois leva a um
período. Estado que visa regular tudo, sem respeitar à
vontade das pessoas.
Destaca-se desse modelo jusnaturalista, entre ou-
tras, a ideia de que poderia haver um direito reconhe- Kelsen X Aristóteles: em relação a concepção de
cido por todos os povos (Teoria de Grócio – funda- Justiça clássica de Aristóteles “dar a cada um
mento para o Direito Internacional). o que é seu”, Kelsen diz que é uma definição
vazia, sem conteúdo, pois não responde aquilo
que é essencial, aquilo que é devido a cada um.
A Escola histórica do Direito : Afirma que essa concepção é muito relativa, va-
ria de época para época, de povo para povo, o
Foi a escola que negou a existência de um Direito
que afasta a Justiça da ciência. Critica também o
Natural permanente e imutável, ou seja, que se preo-
conceito de “virtude” de Aristóteles, afirmando
cupou em negar o jusnaturalismo. Entendia que a base
que também é uma definição fraca, temporária,
do conhecimento jurídico seria alcançada através do
que só pressupõe vícios de virtude da época
estudo de como o Direito se formava nas sociedades, e
dele, não respondendo as questões através dos
não através da simples indagação do que seria ou não
tempos.
o Direito. Assim, o Direito era encarado como um pro-
duto histórico decorrente da consciência coletiva dos
povos (através dos costumes e da vivência diária), e √ “A maior crítica que se pode fazer ao normativismo
não do Direito Natural ou da razão. kelseniano talvez seja o fato de apregoar um ordena-
mento jurídico autossuficiente, em que a validade de
Savigny é o autor mais importante desta Escola. uma lei se dá pela observância de algum dispositivo
Diz que a fonte mais importante do direito é a cultura anterior, independente de contextualização histórica,
da comunidade, que ele chama de “espírito do povo”. determinações sociopolíticas ou de outra natureza que
O direito não é uma criação racional, mas sim uma não seja a norma como início e fim em si mesma Dog-
mática Jurídica. Obviamente que se uma norma é válida
criação da tradição, dos costumes, da cultura, da polí-
só porque está relacionada a outra anterior a ela, e não
tica, das práticas seculares (história). necessariamente à imediatamente anterior, então qual-
quer governo e o Estado, em qualquer situação de anor-
malidade constitucional e jurídica, pode elaborar leis
Positivismo jurídico: que lhe favoreçam o arbítrio e a truculência do poder,
bastando para isso que se escrevam normas a partir de
Hans Kelsen foi o primeiro filósofo moderno que
outras, desconsiderando os avanços legais, e se instaure
buscou transformar o Direito em uma ciência. Nasceu a Ilegitimidade sem ferir a legalidade – este foi o caso
assim o chamado positivismo jurídico, onde a norma dos Atos Institucionais instaurados pela ditadura militar
jurídica (lei) é o objeto único de pesquisa. recente no Brasil” (Sacadura Rocha).
As ideias do autor são embasadas nos conceitos
matemáticos, físicos, etc., que tomavam conta dos Personalismo Jurídico:
estudos da época. É o auge do positivismo. Ciência
tem ligação estrita com a “certeza”. Não há espaço “A noção moderna de personalismo, enquanto de-
para concepções metafísicas, ou seja, concepções que nominação de um movimento, teria surgido na França,
vão além da realidade natural, da realidade material. por volta de 1930, em torno de uma revista denomi-
Assim, ideias e valores estão fora do pensamento cien- nada “Esprit” coordenada por Emmanuel Mounier,
tífico. A Justiça, como um juízo de valor, uma ideia, tendo como base: o cristianismo, o existencialismo e o
deve ser recusada pela ciência do direito. socialismo. Não se firmou como um sistema, mas en-
quanto uma filosofia que parte da concepção de pes-
O filósofo afirmava que o conceito de justiça de- soa não como um objeto, mas sim, como um ser que
veria ser afastado da concepção científica do direito. está e que se afirma no mundo, comunicando, aderin-
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do e apreendendo ideias, enfim um ser que conhece OS CRITÉRIOS DE VALORAÇÃO DAS NORMAS
a si mesmo em um constante processo de autocriação JURÍDICAS: JUSTIÇA, VALIDADE E EFICÁCIA
realizado em sociedade. (...) Para Mounier, a história
da noção pessoa é contígua a do personalismo, poden- “Frente a qualquer norma jurídica podemos colo-
do-se identificar aspectos personalistas em diversos car uma tríplice ordem de problemas: 1) se é justa ou
estágios históricos da civilização ocidental. Daí pode- injusta; 2) se é válida ou inválida; 3) se é eficaz ou ine-
-se dizer que embrião da ideia de pessoa como centro ficaz. Trata se dos três problemas distintos: da justiça,
das preocupações do Direito pode ser verificada desde da validade e da eficácia de uma norma jurídica”.
tempos imemoriais” (Oliveira-2002).
“O problema da justiça é o problema da correspon-
Grave-se que o movimento em estudo está intima- dência ou não da norma aos valores últimos ou finais
mente ligado com a noção de “dignidade da pessoa que inspiram um determinado ordenamento jurídi-
humana”. co. Não tocamos aqui na questão se existe um ideal
de bem comum idêntico para todos os tempos e para
todos os lugares. Para nós, basta constatar que todo
Tridimensionalismo Jurídico: ordenamento jurídico persegue certos fins, e convir
sobre o fato de que estes fins representam os valores a
A Teoria Tridimensional do Direito, de Miguel cuja realização o legislador, mais ou menos conscien-
Reale, enuncia que a Ciência Jurídica é uma realidade temente, mais ou menos adequadamente, dirige sua
cultural. A partir dessa realidade ocorre uma relação própria obra. No caso de se considerar que existam va-
entre fato, valor e norma, ou seja, um elemento fático, lores supremos, objetivamente evidentes, a pergunta
um elemento axiológico e um elemento normativo. se uma norma é justa ou injusta equivale a perguntar
se é apta ou não a realizar esses valores. Mas, tam-
Nas palavras do próprio Reale “o que denomina- bém no caso de não se acreditar em valores absolutos,
mos tridimensionalismo específico assinala um mo- o problema da justiça ou não de uma norma tem um
mento ulterior no desenvolvimento dos estudos, pelo sentido: equivale a perguntar se essa norma é apta ou
superamento das análises em separado do fato, do não a realizar os valores históricos que inspiram certo
valor e da norma, como se se tratasse de gomos ou fa- ordenamento jurídico concreto e historicamente de-
tias de uma realidade decomponível; pelo reconheci- terminado. O problema se uma norma é justa ou não
mento, em suma, de que é logicamente inadmissível é um aspecto do contraste entre mundo ideal e mun-
qualquer pesquisa sobre o Direito que não implique a do real, entre o que deve ser e o que é: norma justa é
consideração concomitante daqueles três fatores”. aquela que deve ser; norma injusta é aquela que não
deveria ser. Pensar sobre o problema da justiça ou não
de uma norma equivale a pensar sobre o problema da
Teoria Egológica do Direito:
correspondência entre o que é real e o que é ideal. Por
Idealizada pelo argentino Carlos Cossio – discípulo isso, o problema da justiça se denomina comumente
de Kelsen -, a Teoria Egológica do Direito preconiza de problema deontológico do direito”.
que a Lei não é o principal elemento da ciência jurídi-
“O problema da validade é o problema da existên-
ca, mas sim seu principal meio de conhecimento. Para
cia da regra enquanto tal, independentemente do juízo
o teórico, a conduta do indivíduo e a interação do seu
de valor se ela é justa ou não. Enquanto o problema
ego com o sociedade é mais importante do que a Lei.
da justiça se resolve com um juízo de valor, o proble-
Deste fato advém o nome da teoria.
ma da validade se resolve com um juízo de fato, isto
No ensinamento de Cossio, mais importante que a é, trata-se de constatar se uma regra jurídica existe ou
própria norma é a conduta humana e a interação do não, ou melhor, se tal regra assim determinada é uma
ego em sociedade, sendo que uma de suas projeções é regra jurídica”.
o ‘dever-ser’. Assim, a norma é a via pela qual o juris-
“Validade jurídica de uma norma equivale à exis-
ta toma conhecimento da conduta humana, esta sim o
tência desta norma como regra jurídica. Enquanto para
verdadeiro substrato no qual se erige o Direito.
julgar a justiça de uma norma, é preciso compará-la a
um valor ideal.”
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também, para usar a terminologia douta, se bem que desejou distinguir a moral do direito. Segundo Kant,
em sentido diverso do habitual, pode se dizer que o a moral se resolve sempre em imperativos autônomos
problema da eficácia das regras jurídicas é o problema e o direito em imperativos heterônomos, visto que o
fenomenológico do direito”. legislador moral é interno e o jurídico é externo. Em
outras palavras, esta distinção pretende sugerir que
quando nos comportamos moralmente, não obede-
A NORMA COMO PROPOSIÇÃO cemos a ninguém além de a nós mesmos; quando, ao
“Do ponto de vista formal, que aqui elegemos, contrário, agimos juridicamente, obedecemos a leis
uma norma é uma proposição. Um Código, uma que nos são impostas por outros”.
Constituição, são um conjunto de proposições. Trata
se de saber qual é o status dessas proposições que
IMPERATIVOS CATEGÓRICOS E IMPERATIVOS
compõem um Código, uma Constituição. (...) Por pro-
HIPÓTETICOS
posição entendemos um conjunto de palavras que
possuem um significado em sua unidade. (...) Quando “Outra distinção que remonta a Kant, e que tam-
defino uma proposição como um conjunto de palavras bém foi utilizada, como veremos em seguida, para
que possuem um significado em sua unidade, entendo distinguir a moral do direito, é aquela entre imperati-
excluir do uso deste termo conjuntos de palavras sem vos categóricos e imperativos hipotéticos. Esta distin-
significado. (...) Seja como for, para que uma proposi- ção repousa na forma em que o comando é expresso,
ção possa ser verificada ou falsificada é necessário que ou seja, se é expresso por um juízo categórico ou por
tenha um significado. um juízo hipotético. (...) Imperativos categóricos são
aqueles que prescrevem uma ação boa em si mesma,
“Quando dizemos que uma norma jurídica é uma
isto é, uma ação boa em sentido absoluto, que deve
proposição, queremos dizer que é um conjunto de pa-
ser cumprida incondicionalmente, ou com nenhum
lavras que têm um significado. Com base no que dis-
outro fim a não ser o seu cumprimento enquanto ação
semos acima, a mesma proposição normativa pode ser
devida. (...) Imperativos hipotéticos são aqueles que
formulada com enunciados diversos. O que interessa
prescrevem uma ação boa para atingir um fim, isto é,
ao jurista, quando interpreta uma lei, é o seu significa-
uma ação que não é boa em sentido absoluto, mas boa
do. Como uma proposição em geral pode ter um signi-
somente quando se deseja, ou se deve, atingir um fim
ficado, mas ser falsa, também uma proposição norma-
determinado e, assim, é cumprida condicionalmente
tiva pode ter um significado e ser não digamos falsa,
para a obtenção do fim”.
mas, inválida ou injusta”.
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NORMA E SANÇÃO Bobbio afirma que para “que seja unitário um or-
denamento simples, isto é, um ordenamento em que
“A sanção pressupõe a violação da norma. Entra em todas as normas nascem de uma única fonte, é facil-
jogo só quando é verificada uma violação. Podemos mente compreensível. Que seja unitário um ordena-
partir da hipótese de um ordenamento normativo que mento complexo, deve ser explicado. Aceitamos aqui
nunca seja violado, e consequentemente não tenha a teoria da construção escalonada do ordenamento
necessidade de recorrer à sanção. Trata se de uma hi- jurídico, elaborada por Kelsen. Essa teoria serve para
pótese abstrata; para que um ordenamento normati- dar uma explicação da unidade do ordenamento ju-
vo não seja nunca violado, ocorrem duas condições: rídico complexo. Seu núcleo é que as normas de um
ou as normas são perfeitamente adequadas às incli- ordenamento não estão todas no mesmo plano. Há
nações dos destinatários, ou os destinatários aderem normas superiores e inferiores. As inferiores depen-
perfeitamente às prescrições. Há dois tipos extremos dem das superiores. Subindo das normas inferiores
de sociedade que poderiam realizar as duas condições: àquelas que se encontram mais acima, chega-se a uma
uma sociedade de seres perfeitamente racionais, isto é, norma suprema, que não depende de nenhuma outra
uma sociedade um pouco melhor do que a real, e uma norma superior, e sobre a qual repousa a unidade do
sociedade de seres perfeitamente automatizados, sem ordenamento”.
iniciativa e sem liberdade, isto é, uma sociedade um
pouco pior do que a real. Nas sociedades históricas, Kelsen chamou essa norma suprema de “norma
as normas nunca são assim tão racionais a ponto de fundamental”. Tal norma garante unidade ao ordena-
serem obedecidas por todos pelo seu valor intrínse- mento, vez que cria um sistema hierarquizado.
co, nem os homens nunca são assim tão autônomos a
ponto de obedecer às normas por uma espécie de re-
signada passividade. Todo sistema normativo em uma O PROBLEMA DA COERÊNCIA DO
sociedade real encontra resistência e reações. Mas nem ORDENAMENTO JURÍDICO
todas respondem à violação do mesmo modo”.
O ordenamento jurídico é um sistema. O sistema
“O argumento mais comum e também mais fácil deve ser coerente. Essa coerência é fundamentada ba-
contra a teoria que vê na sanção um dos elementos sicamente na não existência de antinomias - não ocor-
constitutivos de um ordenamento jurídico é o que se rências de normas que sejam contraditórias, incompa-
funda na presença, em todo ordenamento jurídico, de tíveis.
normas não garantidas por sanção. Não há dúvida de
que existem, em todo ordenamento jurídico, normas “A coerência não é condição de validade, mas é
de que ninguém saberia indicar qual é a consequência sempre condição para a justiça do ordenamento. É
desagradável imputada em caso de violação. Não há evidente que quando duas normas contraditórias são
jurista que não possa citar um certo número delas, tan- ambas válidas, e pode haver indiferentemente a apli-
to no direito privado, quanto, e sobretudo, no direito cação de uma ou de outra, conforme o livre-arbítrio
público”. daqueles que são chamados a aplicá-las, são violadas
duas exigência fundamentais em que se inspiram ou
tendem a inspirar-se os ordenamentos jurídicos: a exi-
gência da certeza (que corresponde ao valor da paz ou
04 A TEORIA DO ORDENAMENTO da ordem), e a exigência da justiça (que corresponde
JURÍDICO ao valor da igualdade). Onde existem duas normas an-
tinômicas, ambas válidas, e portanto ambas aplicáveis,
o ordenamento jurídico não consegue garantir nem a
A Teoria do Ordenamento jurídico é a obra certeza, entendida como possibilidade, por parte do
de Bobbio que complementa a “Teoria da Norma cidadão, de prever com exatidão as consequências ju-
Jurídica”. rídicas da própria conduta, nem a justiça, entendida
como igual tratamento das pessoas que pertencem à
O CONCEITO DE ORDENAMENTO JURÍDICO mesma categoria” (Bobbio).
O ordenamento jurídico (como todo sistema nor-
mativo) é um conjunto de normas. Essa definição geral
de ordenamento pressupõe uma única condição: que A COMPLETUDE DO ORDENAMENTO
na constituição de um ordenamento concorram mais JURÍDICO
normas (pelos menos duas), e que não haja ordena- Completude é a propriedade do ordenamento ju-
mento composto de uma norma só. rídico possuir uma norma para regular cada situação
da vida, em outras palavras, a inexistência de lacunas
A UNIDADE DO ORDENAMENTO JURÍDICO no ordenamento jurídico. Porém, na prática isto é im-
possível. Não há ordenamento sem nenhuma lacuna.
Unitário é um conjunto de normas entre as quais
existe uma ordem. Essa ordem deve ser entendida Bobbio diz que as normas jurídicas são limitações
como o relacionamento da norma com outras normas à atividade humana, logo, fora daquilo que o Direito
e dela com todo o sistema. regulamenta, o homem é livre para fazer o que qui-
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ser, assim, as ações humanas não regulamentadas são total e sistemática de reger e equilibrar as várias partes
implicitamente admitidas e aceitas pelo ordenamento num todo orgânico. A justiça torna-se, efetivamente, a
(teoria da norma geral exclusiva). virtude universal”.
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melhor” (Tercio Sampaio). Isto porque a equidade re- Muitos doutrinadores enunciam que Agostinho foi o
presenta o justo independente da existência da lei. último pensador da Antiguidade, outros afirmam que
é o primeiro do Período Medieval.
Explica-se aí o fato de se dizer que quando o juiz
preenche as lacunas legais ele age com equidade, pois Foi ele quem desenvolveu o pensamento conheci-
a equidade é uma das formas de completar as lacunas do como “Patrística”, que é o instrumento pelo qual
existentes no ordenamento jurídico. a Igreja Católica constrói uma liturgia voltada para o
encontro dos homens com Deus.
ESTOICISMO Para o pensador o livre-arbítrio torna o homem
semelhante ao seu criador (Deus). É através do livre-
Estoicismo é a escola filosófica que surgiu no sécu- -arbítrio que o indivíduo escolhe entre o bem e o mal,
lo III a.C. (no período denominado “helenismo”) em entre se aproximar ou se afastar de Deus.
Atenas. Seu fundador foi Zenão de Cicio.
“O ponto crucial dessa discussão agostiniana é
Os estoicos consideravam as pessoas como parte aquela ideia de que é possível obrigar qualquer ho-
de uma mesma razão universal e isto levou à ideia de mem a fazer (ou omitir) qualquer cousa, mas não se
um direito universalmente válido, inclusive para os es- pode obrigar ninguém a querer. (...) Deus cria o homem
cravos. Eram monistas (negavam a oposição entre es- como ser livre ao dotá-lo de livre-arbítrio. Liberdade é
pírito e matéria) e cosmopolitas. Interessavam-se pela opção e nisto está a base da responsabilidade ética. O
convivência em sociedade, por política e acreditavam homem peca porque quer livremente” (Ferraz Junior).
que os processos naturais (morte, por exemplo) eram
regidos pelas leis da natureza e por isso o homem de- A doutrina de Santo Agostinho coloca a Lei Divina
veria aceitar deu destino. acima das leis humanas ou naturais. Utiliza-se da
“Cidade de Deus” e a “Cidade dos Homens” para de-
A teoria é reconhecida pela grande influência na monstrar a relação existente dentre o Direito de Deus
construção do Direito Romano, especialmente nos e as leis terrenas.
conceitos de Direito Natural e do princípio da boa-fé,
como também, pela contribuição filosófica na formação Pode-se concluir que a fé e o temor são a base do
dos direitos humanos, o que aproxima tal doutrina do pensamento Patrístico Agostiniano. Assim, o catolicis-
atual momento, onde a dignidade da pessoa humana mo medieval consegue poder absoluto sobre todas as
ocupa papel central no pensamento jurídico mundial. classes sociais medievais, influenciando não só a vida
das pessoas, como também colocando a Igreja Católica
dentro das decisões de Estado, das decisões dos go-
JUSTIÇA CRISTÃ vernos medievais. Não há mais distinção entre Igreja
No Império Romano o que garantia a união jurí- e Estado.
dica era a Lei. Com o fim desse Império, o território
europeu ficou extremamente fragmentado. Nessa la-
São Tomás de Aquino:
cuna de unificação a Igreja Católica aparece com seu
“Direito Divino”. Foi o principal representante da Escolástica, dou-
trina que buscava conciliar a filosofia aristotélica com
“A Igreja Católica elabora seu próprio Código – os dogmas da Igreja medieval. Sua principal obra foi
“Direito Canônico” – que existe até hoje, porque o a “Suma Teologia”, onde descreve a base da sua filo-
Vaticano é um Estado autônomo. O Direito Divino, sofia.
no entanto, surge como alternativa quando o Código
Romano se perdeu; passou a ser com base nele (Direito “A escolástica, ainda que não se sobreponha à pa-
Divino), que se fez a unificação política e filosófica da trística agostiniana, serve para que os homens pelo es-
Idade Média. (...) No entanto, a Igreja precisava de teo- tudo possam reconhecer a sua fragilidade, finitude e
rias explicativas (teologia) e práticas (liturgia) que lhe mortalidade, a partir da qual devem procurar, de um
dessem uma estrutura capaz de sustentar a unificação lado ser responsáveis pelos seus atos e, de outro, se-
religiosa e política do medievo, e que levassem aos fi- guir os mandamentos cristãos. Não mais tanto o ter-
éis uma mensagem sistematizada e coerente sobre o ror do inferno, mas a certeza de um julgamento justo a
papel do Cristianismo e da instituição Igreja. É dentro partir das escolhas humanas que cada um fez em sua
dessas necessidades que na Idade Média aparecem os vida terrena. (...) No fundo, o que a Igreja Católica viu
pensadores católicos, com destaque para dois teólogos em Tomás de Aquino, considerado primeiramente um
cujas obras vão inspirar toda a teologia e liturgia cristã, herege e quase queimado das fogueiras da Inquisição,
desde esse período até hoje: Santo Agostinho e Santo depois canonizado como santo, foi a possibilidade de
Tomás de Aquino” (Sacadura Rocha). não desperdiçar fiéis rumo ao protestantismo, muito
mais ameno e mais complacente com as atividades
próprias da revolução cultural, científica e burguesa
Santo Agostinho: (comércio e ofícios) que já se desenha como um novo
Santo Agostinho era o bispo de Hipona (África do patamar histórico da existência humana, que foi a
Norte). Sua principal obra foi a “Cidade de Deus”. Renascença, ao fim da Idade Média” (Sacadura Rocha).
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São Tomás fundamentou seus estudos nos Escritos “O Direito natural é o Direito da condição humana
Sagrados e, através da fé cristã discorreu sobre diver- que sai dos homens e se traduz em leis formais ou não,
sos temas, como por exemplo, o direito e a justiça. mas deixa de lado o divino como parâmetro para jul-
gar e punir aqui na Terra. (...) O Direito Natural, histo-
Justiça, para ele, é o bem habitual, a atribuição para ricamente, coloca-se entre o Direito Divino e o Direito
cada um do que é seu por merecimento. O autor elenca Positivo” (José Manuel de Sacadura Rocha).
as três espécies de Justiça: legal, comutativa e distri-
butiva. A legal se refere ao convício social pacífico; a Em suma, são duas as vertentes do Jusnaturalismo:
comutativa rege as relações entre os particulares; já a
distributiva remete a ideia central, de dar a cada um o Direito Natural Inato, que advém da própria
que é merecido. condição humana (Hugo Grócio).
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a esfera pública. Assim, moral e religião são colocadas A punição então passa a ser focada no comporta-
como pertencentes á esfera íntima do indivíduo, en- mento do indivíduo, através de um castigo mínimo,
quanto o direito possui um caráter externo. mas que gere no indivíduo inibição para realizar novo
delito.
O ápice da separação entre direito e moral é o po-
sitivismo jurídico. O positivismo jurídico entende o Enfim, aduz que a disciplina serve “docilizar os
direito como algo completamente dissociado da mo- corpos” e torná-los aptos para a manipulação. Para al-
ral. A ideia é representada na teoria Pura do Direito de cançar à disciplina deve haver interferência de estrutu-
Hans Kelsen. ras sociais como a família, as escolas, as empresas, etc.
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ACESSO À JUSTIÇA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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