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Docente:
Cesário Cornélio
III. Conclusão......................................................................................................11
O presente trabalho pretende abordar acerca da historiografia antiga que pode distinguir-se em:
historiografia judaica, clássica (Greco-romana) e cristã Antiga. Quando surgiu a Escrita, o que
não ocorreu ao mesmo tempo por toda a parte, as corporações sacerdotais procuraram fixar por
escrito o legado religioso que até ai tinham conservado e transmitido através da via oral. Assim,
dói possível fixar as mais antigas cosmogonias. Além do legado religioso, o legado épico, isto é,
a memória de antigos heroísmos guerreiros, de cuja transmissão se tinham encarregado
sobretudo os poetas, foi também objecto de fixação escrita.
Quando surgiu a Escrita, o que não ocorreu ao mesmo tempo por toda a parte, as corporações
sacerdotais procuraram fixar por escrito o legado religioso que até ai tinham conservado e
transmitido através da via oral. Assim, dói possível fixar as mais antigas cosmogonias. Além do
legado religioso, o legado épico, isto é, a memória de antigos heroísmos guerreiros, de cuja
transmissão se tinham encarregado sobretudo os poetas, foi também objecto de fixação escrita.
Bíblia Sagrada constitui o alimento base da historiografia Judaica, pós estabelece só por si, toda
uma literatura, tal a variedade de géneros nela apresentada: poesia, história, direito, etc. Pela
natureza e quantidade dos temas nela abordados, a Bíblia constitui uma verdadeira literatura da
nação Judaica e como tal, uma valiosíssima fonte de informação acerca da sua História, assim
como da história dos povos do próximo oriente, com os quais os Judeus estiveram em contacto
com os: Caldeus, Egípcios, Fenícios, Assírios, Persas.
Até ao primeiro quartel do século XIX, por falta de outras fontes, a Bíblia foi a principal fonte
de informação acerca da História do Próximo Oriente Antigo. Este caso aliada ao facto de ser
também o livro sagrado de católicos, protestantes e cristãos ortodoxos, conferiu ao conteúdo da
Bíblia uma credibilidade quase universal.
A Bíblia passa para o segundo plano, com a decifração das antigas escritas egípcias e
cuneiformes, como fonte histórica dos Judeus, não só pela abundância, como também pela
antiguidade e credibilidade das novas fontes.
Os livros poéticos: Salmos, Lamentações, Poesia erótica (Salmo XLV e Cântico dos
Cânticos), poesia didáctica (Livro de Jó, Provérbio e Eclesiástes);
Estes livros não têm a mesma idade. Em suma, o que fundamentalmente caracteriza a
Historiografia Judaica é a sua incapacidade em aceder a uma concepção universalista do
homem. Tudo se passa para o Judeu, como se a História da nação judaica fosse o
contexto da história universal.
“A história nasceu na Grécia” é frequente ouvir-se dizer. Bem para nós que falamos na
aula anterior de História sem fazer referência a Grécia pode parecer algo estranho. Mas
existe uma explicação para esta aparente confusão.
Entretanto, de acordo com o conceito de ciência não podemos ainda falar nesta altura de
uma ciência histórica. A cientificação da história só terá início na Grécia Clássica. É o
que nos leva a falar do surgimento da história na Grécia. Este logro dos gregos tem
explicação no facto de a Grécia desse tempo ter conseguido avançar em muitas áreas de
desenvolvimento social, a partir do século V a.n.e. Nesse século vivia-se na Grécia, uma
sociedade democrática, fruto de cerca de três séculos de reformas, iniciadas por Dracon
e que atingiram o seu pico no reinado de Péricles.
Na democracia ateniense o poder era exercido pela Bule, assembleia, que reunia
quarenta vezes por ano e exprimia directamente, não através de deputados, a vontade
nacional. Decidia sobre a guerra ou a paz, as finanças, votava leis e decretos, julgava
certos crimes, etc. cada pessoa podia tomar a palavra, propor uma decisão ou emenda.
Os magistrados não eram mais do que servidores do povo. A justiça estava igualmente
nas mãos do povo. A origem nobre do indivíduo já não era condição para se ocupar de
questões importantes da vida do país. O importante agora era a competência e a
capacidade individual.
Portanto a Atenas do século V destaca-se dos restantes estados da época pois pode
conceber e aplicar os princípios de igualdade perante a lei, da liberdade individual e da
fraternidade, embora com algumas reservas, principalmente ligadas com o alcance das
Na obra “História” Heródoto tentou para além de escrever sobre os gregos, falar dos
bárbaros, reconstituir os factos e apresentar a razão deles. A ele também se deve uma
abordagem universalista dos homens pois, como cidadão oriundo da nobreza, Heródoto
teve facilidades de viajar e escrever sobre varias regiões (Egipto, Mesopotâmia, etc.)
incutindo desse modo uma visão mais global do Homem e do universo. Era a passagem
da historiografia gentílica a historiográfica ecuménica (universal).
Numa das passagens do livro de Heródoto “Historias” pode se ler: “Eis a exposição do
inquérito empreendido por Heródoto de Thouriori para impedir que as acções cometidas
pelos homens se apague da memória com o tempo e que grandes e admiráveis factos,
levados a cabo tanto do lado dos gregos como do lado dos bárbaros, cessem de ser
nomeados, finalmente e sobretudo, o que foi causa de entrarem em guerra uns contra os
outros, Até aqui, falei segundo a minha observação, reflexão e informação; mas a partir
de agoira passarei a referir a tradição egípcia, tal como a ouvi; acresce ainda um pouco
do que vi. O meu dever é referir a tradição mas de modo algum sou obrigado a acreditar
nela”.
● Alarga-se a noção de fonte histórica que para além da tradição oral passa a
considerar testemunhos oculares;
Portanto na Grécia clássica temos uma história humanista (seu objecto de estudo é o
homem), científica (inicia-se nesse caminho), auto revelador (procura a projecção do
presente no futuro, ensinar aos homens o seu passado e a relação entre o passado e o
presente, para revelar o sentido da acção humana) e pragmática, porque tenta tirar do
ocorrido uma lição aproveitável para o futuro.
Embora dando notáveis passos a nível da história os gregos revelaram ainda algumas
insuficiências. Os historiadores gregos viram-se confrontados e até encurralados pela
contradição entre o ideal de história universal baseada em fontes fidedignas e a
incapacidade de falar de regiões relativamente afastadas pois o nível de
desenvolvimento dos transportes não os permitia ir para longe e são praticamente
inexistentes informações sobre essas regiões. Deste modo ele vem-se condenado a ter
que fazer a história que negam, a história de alguns povos, de algumas regiões, a
história regional e não a universal que defendem.
Por outro lado as fontes orais e os testemunhos oculares não permitiam abarcar períodos
de tempo relativamente longos mantendo a fidelidade numa história que busca de facto
a verdade, pelo que ficam também a este nível limitados.
Temos assim que a nível da história os romanos recorrem, a princípio, à língua e aos
moldes de outros povos, em particular os gregos que, como dissemos atrás tinham
avançado bastante neste campo. Os romanos não copiaram mecanicamente dos gregos,
procuraram dar forma própria, moldaram os ensinamentos gregos atribuindo-lhes forma
própria. Deste processo resultou a produção de uma história tipicamente romana,
assente na íntima relação com o passado.
Tito Lívio – diferentemente de Polibio, esteve mais virado para o passado, tido, pelos
romanos, como fonte de virtudes nacionais. Foi um intelectual ao serviço da política
imperial, cuja preocupação maior foi elevar bem alto o rei e o império romanos não
hesitando quando a defesa passasse pela deturpação da verdade, ou impusesse o recurso
à mitologia.
Tácito – Politico e homem das letras, foi autor de uma importante obra histórica com o
senão de ter misturado, por vezes, indevidamente a história com o género literário. O
seu maior defeito terá sido fazer uma comparação unilateral dos romanos com os
bárbaros, os bretões e os germanos revelando-se percursor da teoria do “bom
selvagem”, ao apresentar uns como os de costumes mais puros e outros mais corruptos.
Existiam, no seio da igreja, duas facções: uma mística e outra gnóstica que, pretendia
racionalizar o pensamento religioso, ou seja, sujeitar à razão as ideias religiosas. Estas
divisões que constituem uma ameaça à estabilidade do cristianismo levaram à
imposição da unidade doutrinária e ao fim da livre discussão no seio da igreja,
determinada no Concilio de Niceia em 325.
Eusébio de Cesareia (260-339) Foi o principal obreiro da história cristã. Produziu uma
crónica que consistia de uma cronografia e de cânones cronológicos. A cronografia
resumia a história universal povo por povo, argumentando a favor da prioridade, no
tempo, de Moisés e da Bíblia. Os cânones eram tábuas cronológicas que assinalavam os
sincronismos entre a história sagrada e a profana. A cronologia bíblica começa com a
data da criação seguindo-se a do povo judeu até ao nascimento de Cristo, com a qual
começava a história cristã. A história eclesiástica de Eusébio, bem documentada ia de
Cristo até Constantinopla. Eusébio trouxe para primeiro plano da igreja cristã os judeus.
Santo Agostinho (354-430) Foi o autor da primeira e até hoje a mais importante
filosofia cristã da história. O seu livro “De Civitae Dei” ( A Cidade de Deus) foi uma
tentativa de negar a afirmação dos pagãos seguyndo a qual a tomada de Roma por
Alarico e os saques dos vândalos eram motivados pelo desapego à antiga religião
romana.
Orósio (até 418) Procurou mostrar em “Sete livros de história contra os pagãos” que os
tempos anteriores a Cristo tinham sido mais tempestuosos que os posteriores, como
forma de rejeitar a ideia dos pagãos de querer culpar o abandono dos cultos anteriores a
Cristo pelas desgraças que afligiam o império romano, em particular as invasões dos
povos bárbaros.
Com este trabalho pode se concluir que de acordo com o conceito de ciência não
podemos ainda falar nesta altura de uma ciência histórica. A cientificação da história só
terá início na Grécia Clássica. É o que nos leva a falar do surgimento da história na
Grécia. Este logro dos gregos tem explicação no facto de a Grécia desse tempo ter
conseguido avançar em muitas áreas de desenvolvimento social, a partir do século V
a.n.e. Nesse século vivia-se na Grécia, uma sociedade democrática, fruto de cerca de
três séculos de reformas, iniciadas por Dracon e que atingiram o seu pico no reinado de
Péricles.
Na democracia ateniense o poder era exercido pela Bule, assembleia, que reunia
quarenta vezes por ano e exprimia directamente, não através de deputados, a vontade
nacional. Decidia sobre a guerra ou a paz, as finanças, votava leis e decretos, julgava
certos crimes, etc. cada pessoa podia tomar a palavra, propor uma decisão ou emenda.
Os magistrados não eram mais do que servidores do povo. A justiça estava igualmente
nas mãos do povo. A origem nobre do indivíduo já não era condição para se ocupar de
questões importantes da vida do país. O importante agora era a competência e a
capacidade individual.
(1990) Livros I-II. Trad. e notas de J. J. Torres Esbarranch. Intr. Geral de J. Calonge.
Rev.: E. Rodríguez Monescillo.