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Emília Consulo
Emília Consulo
1.1. Objectivos..........................................................................................................................4
2.2. Associativismo.................................................................................................................11
3. Conclusão................................................................................................................................17
4. Referências bibliográficas.......................................................................................................18
1. Introdução
O sistema cooperativo moderno só poderá ser uma alternativa a uma economia do humano ao não
ser instrumentalizado por um ou outro dos grandes sistemas. Assim, um desafio que nasce da
crise dos grandes sistemas é o da construção de uma concepção teórica de uma formação social
em bases culturais, políticas e econômicas que possa acolher a liberdade individual e a
necessidade do coletivo como dimensões de realização do ser humano. Vive-se o desafio da
construção de um novo projeto de sociedade: o novo como necessidade. A possibilidade de novo
projeto da sociedade, em meu estabelecimento, passa pela participação, cooperação,
solidariedade e pela ampliação da esfera pública, ainda que não estatal.
Afirma André Morin (2004, p. 76) que, na visão de Paulo Freire, “O homem sujeito de sua
história, dialogando com seus parceiros humanos, é capaz de atingir um nível de consciência
crítica que lhe permita transformar a sociedade circundante”. Isto é, possibilita se organizar e
reagir. Assim, a solidariedade e a cooperação impõem-se mais como necessidades do que como
meras opções. Impõem-se como reação. A sociedade humana precisa construir novas formas e
padrões de coexistência e cooperação dos seres humanos entre si, com relação ao seu meio
ambiente e às futuras gerações. Talvez seja essa a grande tarefa da humanidade para as próximas
décadas: a de construir e reconstruir as condições de uma metamorfose social (Morin, 1998) que
assegure a vida para os seres humanos e toda a natureza.
1.1. Objectivos
Gral
Específicos
Os fundamentos do cooperativismo moderno são os interesses dos seus associados, além das suas
necessidades. O cooperativismo moderno busca proteger os interesses das pessoas, de seu
trabalho, estimulando-as à cooperação. A cooperação tem um sentido econômico que se expressa
pelo esforço de reduzir custos, por exemplo. A redução de custos busca ampliar a economia dos
associados e, assim, melhorar as condições de vida.
A cooperação em sua forma moderna pode ser considerada um produto da organização capitalista
da sociedade, constituindo-se uma reação às dificuldades técnicas, sociais, políticas e culturais,
diante da lógica da acumulação do capital. As modernas formas de organização cooperativa
nasceram no espaço do mercado capitalista. A cooperação moderna propõe mudanças na
organização econômica da sociedade, mediante a instauração de um sistema baseado em
associações-cooperativas, de caráter econômico, postas a serviço das necessidades e interesses de
quem trabalha.
Trata-se de uma iniciativa pragmática de quem espera pouco ou nada das instâncias formais de
poder e parte à construção solidária de soluções para os seus problemas imediatos comuns.
Lembra o autor, no entanto, “que o contexto global no qual agem os novos agentes da economia
solidária, seja de que tipo forem, condiciona muito fortemente sua existência e sua evolução”
(Houtart, 2001, p. 22).
A economia solidária pode ser caracterizada como um esforço de construção de uma alternativa à
produção e de sua distribuição sob a lógica do capital. Isto é, no lugar dos interesses do capital,
busca-se afirmar a primazia da centralidade humana, as necessidades de quem produz (Maréchal,
2000).
A marca forte de um processo civilizatório mais humano é a substituição das relações instintivas
de concorrência pelas relações de respeito, de solidariedade e de cooperação entre os seres
humanos e destes com a natureza, isto é, com a vida em geral. Hoje, por meio de iniciativas de
economia solidária e cooperativa, parece renovar-se a capacidade de reação e organização da
sociedade civil, diante dos desafios que as transformações tecnológicas e o poder econômico
financeiro impõem, especialmente ao mundo dos trabalhadores.
Assim, para além de sua afirmação como instrumento de organização econômica, o movimento
social pela cooperação passa a assumir dimensões que vão além das questões econômicas. Nesse
sentido os processos sociais de organização cooperativa incorporam questões sociais, políticas e
culturais. Por parte de associados, existe também uma percepção política do movimento
cooperativo (Frantz, 2009, p. 146-147). A cooperação é buscada como uma reação ao risco de
exclusão, de marginalização ou exploração, no contexto maior da interação econômica.
Diante de sua ressignificação como movimento social, a qualificação para a cooperação ganha
importância, desafiando o movimento cooperativo para a adoção de práticas de educação popular.
Os objetivos da cooperação, junto aos que lutam por alternativas à tendência de exclusão,
instituem a importância do diálogo como um de seus meios de gestão e, consequentemente,
potencializa a concretude de suas práticas como um processo social de educação, isto é, de
educação popular.
Para muitas pessoas ou grupos sociais, hoje, a cooperação torna-se, novamente, elemento
fundamental à construção de seus espaços de vida, pois a organização cooperativa, para além da
expressão material, desenvolve também expressões culturais, políticas e sociais que se somam
aos interesses, objetivos e necessidades de seus associados. A organização cooperativa adquire
um significado mais amplo que a simples função de encaminhamento de operações técnicas e
instrumentais das economias individuais associadas. Em decorrência disso, impõe-se a
necessidade de repensar as práticas cooperativas.
De acordo com os economistas Hans-Peter Martin e Harald Schumann (1998, p. 15), “o ritmo da
transformação e a redistribuição do poder e da prosperidade provocam a erosão das antigas
unidades sociais mais rapidamente do que se pode processar o desenvolvimento das novas”.
Assim, mais que uma globalização, há uma decomposição global, certa uniformização mundial.
Dizia Boutros Boutros-Ghali, ex-secretário geral da ONU: “O nosso planeta está sob pressão de
duas forças monstruosas e antagônicas: a globalização e a fragmentação” (Martin; Schumann,
1998, p. 35).
A economia cooperativa solidária, ao mesmo tempo em que contém as frustrações, as dúvidas, as
incertezas e perguntas dos sujeitos, constitui-se também em um processo educativo e pedagógico
em direção a um mundo mais justo e mais seguro para todos. Apresenta-se como uma nova
utopia a reconstruir relações sociais sufocadas pela ideologia do egoísmo individualista, a serviço
da racionalidade do lucro em desfavor do homem.
2.2. Associativismo
Para Sitoi (2013) o associativismo é entendido como estratégia que visa a melhoria das condições
de vida dos seus membros (…) nos seus processos de desenvolvimento os intervenientes tem
acesso a diferentes serviços que são providenciados pela associação, entretanto, o objetivo
consiste doptar os seus filiados de ferramentas que lhes ajude a melhorar o seu nível de vida.
Associações agrícolas “são grupos de seres humanos que de uma maneira orgânica, entram em
relação a fim de tornar possível a realização de certos interesses comuns (lucrativos ou não) e que
participam numa ou noutra função da vida social” Campos (1999, p. 27)
Uma associação agrícola é antes uma associação, um grupo social, que apresenta relativamente as
de mais associações as seguintes características particulares. 1a os seus membros são
profissionais da agricultura. 2a o seu objectivo situa-se no âmbito geral das actividades agrícolas
e/ou de representação, defesa e promoção dos interesses sócio-agrarios, produção, transporte,
transformação e comercialização dos produtos agrários.
Nos estudos concernentes ao associativismo podemos encontrar duas ideias fundamentais Sitoi
(2013). Por um lado os estudos que consideram o associativismo como sendo uma estratégia que
visa a melhoria das condições de vida dos seus membros, visto que no seu desenvolvimento os
associados tem acesso a diferentes serviços oferecidos pela associação. Ou seja, constitui
objectivo da associação dotar os seus membros de instrumentos que lhes ajude a melhorar o nível
de vida. É nesta perspectiva que a associação é entendida como uma instituição onde ocorre uma
organização, a participação, o trabalho remunerado etc.
Por outro lado, a autora destaca a visão que sustenta que a associação desempenha um papel
fundamental no processo democrático, visto que constitui a característica da associação a criação
de condições iguais para todos os membros salvaguardando a igualdade de oportunidade, neste
sentido a associação aparecem como um mediador entre o indivíduo e o Estado. (Idem)
Desta forma, cria um tecido flexível mediante o qual se enlaçam distintos actores, produzindo um
todo harmónico que culmina no estabelecimento de uma comunidade de interesses, em uma
estrutura que deve ser ajustada para refletir os padrões de comunicações, inter-relações e
cooperação, reforçando a identidade do associativismo e a dimensão humana.
Associações económica, as que têm como finalidades principal a produção, a transformação, a
distribuição dos bens materiais e a prestação de serviços necessário a manutenção da vida física
das pessoas. A melhoria das condições de vida, procura de melhores rendimentos de garantia,
estabilidade e segurança profissional. Fazem parte destas as associações agrícolas, cooperativas
etc. Neste tipo de associações a adesão e a participação dos indivíduos, a ligação dos membros
entre si e ao grupo são movidas mais pela razão que pelo sentimento, sem prejuízo de com o
tempo virem a entretecer-se laços afectivos e sentimentos de pertença sólidos. (Idem, p31). As
associações agrícolas, o seu objectivo centra-se no âmbito das actividades agrícolas e ou de
representação, defesa e promoção dos interesses socio-agrários, a produção, o transporte, a
transformação e a comercialização dos produtos agrários, aprovisionamento de factores, a
assistência técnica e prestação de serviços em geral.
Nesta colocação não corroboramos com a explicação defendida segundo a qual a ligação e adesão
dos indivíduos aos grupos e a sua ligação entre si são movidos pela razão em detrimento dos
sentimentos, uma vez que nem sempre os indivíduos orientam as suas ações com base na razão.
Na associação, verificava a fraca dinâmica interna e organizacional dos órgãos diretivos, a fraca
interação destes com os restantes membros da associação, a reduzida participação dos
camponeses na vida da associação como condição essencial para o seu funcionamento, a falta de
sustentabilidade e a crescente dependência desta face aos recursos externos para o seu
funcionamento. Pereira (idem).
Neste ato designada simplesmente como Associação, é uma associação civil sem fins lucrativos,
de duração por tempo indeterminado, com sede na província de Sofala, distrito de Dondo bairro
A Associação Terra, Viver Bem Moçambique é uma instituição sem fins lucrativos constituída
por prazo indeterminado, tendo por objetivo estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias
alternativas, produção agrícola, divulgação e conhecimentos técnicos e científicos em qualidade
de vida, prevenção de saúde mental, transtornos do controle do impulso e transtornos
psiquiátricos em geral com prioridade nas pessoas vulneráveis.
A Associação tem como objetivos maiores e finais:
I - Assembléia Geral;
II - Conselho Diretor;
Os dados coletados durante o trabalho de campo mostra-nos que a associação constitui uma das
poucas fontes de rendimento para a maioria dos membros. A produção obtida na associação serve
para a sua subsistência. É neste sentido que a associação desempenha um papel incomensurável
na vida dos camponeses. Torna nos relevante ter em consideração que os camponeses entram
para associação para melhorar a sua vida tal como faz referência o entrevistado a seguir.
“A associação ajuda na minha vida, os produtos da alimentação porque, eu cultivo, então envés
de ir comprar tomate, cebola, eu vou produzir e comer aquilo que estou a colher. 15”( Fernades,
G).
De acordo com Sitoi (2013), o movimento associativo enquanto uma organização, desempenha
um papel relevante, pois permite o desenvolvimento das relações sociais. Através do
estabelecimento de redes sociais de solidariedade, interconhecimento, reciprocidade entre os
membros, muito mais que isso nas relações entre os membros prevê-se o reforço das condições
económicas e aumento das oportunidades que a associação proporciona a vida dos seus membros.
Ela constitui uma alternativa para a sobrevivência de seus membros, pois é lá que os filiados
encontram apoio financeiro como social para fazer face as dificuldades enfrentadas no dia-a-dia.
Neste caso em específicos, estas condições económicas e aumento da oportunidade não se
verificam na sua maioria, mas sim, podemos notar algumas mudanças na vida dos membros que,
para eles, têm a ver com a capacidade de prover as necessidades básicas, pese embora não se
podem traduzir no desenvolvimento.
“Nós na nossa machamba nos ajudamos. Entre nós, também temos ajuda da motobomba para a
rega. (…) Mas também temos ajuda na machamba escola, onde nos ensinam com outros colegas
como produzir ”( Carme, Z)
Uma organização cooperative se caracteriza, em termos sucintos, por dois polos: um associativo e
outro instrumental. Como tal, porém, uma cooperativa é uma ação política, organizada pelo
entrelaçamento dinâmico das especificidades funcionais de cada um desses polos. As práticas
contraditórias do processo social da organização e do funcionamento de uma cooperativa, na
economia de mercado capitalista, permitem reconhecer o seu potencial de educação popular. Ao
serem submetidas ao diálogo entre seus associados, questionando-as, pode-se promover uma
nova consciência a respeito das práticas cooperativas, construindo caminhos de educação popular
nos espaços das relações de cooperação. Constatamos também que as pessoas se filiam a
associação com o objectivo fundamental de melhorar a sua vida. Pese embora se verifica alguma
mudança na vida do associado, a associação não contribui para o desenvolvimento da
comunidade.
Por um lado as motivações de adesão a associação são construídas num contexto de privações
relativas, tais como económicas, sociais em função dos recursos que dificultam desde jeito o
alcance dos objectivos para os quais a associação foi concebida.
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