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publicado em:
22/05/2019 - 16:10
Mas isso ainda diz pouco sobre esta intelectual que, antes de tudo,
era uma humanista. Jerusa percorria com a mesma desenvoltura
os corredores da Universidade de Urbino, na Itália, onde se
especializou em semiótica, e as corredeiras do Rio Amazonas; as
bibliotecas da Alemanha, onde esteve no encalço das artimanhas
fáusticas, e as ruas de um bairro popular em Nova Délhi. E, onde
quer que estivesse, estava também o Sertão, o seu sertão que era
ela mesma e um universo inteiro. No seu apartamento, vizinho ao
Parque Buenos Aires, uma bela porta antiga fazia figura entre os
muitos livros. Era a porta da casa de sua infância em Feira de
Santana. E esse objeto, artefato e testemunha de tantas histórias,
assegurava a Jerusa o caminho mágico e mítico para os retornos
de sua aventura em volta ao mundo. Ela contava que desde
criança seu sonho era viajar:
Jerusa Pires Ferreira, sua vida e obra, espera ser descoberta pelo
Brasil, porque só assim será possível o seu regresso do Reino do
Vai-Não-Torna, o reino das mirabolantes façanhas dos cordéis, no
qual ela se aventurou no último Domingo de Páscoa.