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to na PubliClçlo (CIP)
(Cimlitl Br•• iteltl ee Livro. SP, Br8SiI)
i'MIlOO(r2f11.
15H' S~·:lQ-OSJ7-8
(1)1).JI5
I Llnru!~~lnnW Jl5
2 TulO Lin(\llsu."~ Jl5
Ingedore G. Villaça Koch
DESVENDANDO
OS SEGREDOS
DO TEXTO
5' edição
Dedicatória
PrÓlnKO •••
f{a~:!~~II~:IU;lan~:n:::~~~~··;;~~~~·.··~;·lj~;;~~·,,;·~.
..~~;;~~.::::::...
:~(s )
CcIf,ftulo2 T~~M~.............................................. 2[(é/)
c ç;,~;::;~;~~f~:;0~~:2;":'dO":7":,,~'!L~~l
~t"
Parte 11: Levantando a ponta do véu .. 75 AFt-
"I'ft",o 6 A "f",",i~ç,o :....... 77 (6 )
opnuío 7 A prcgressao referencial... 83 ((~ J
(Ipl/U/O 8 A anáfora intlircla.............. 107(4 J
apüulo 9 A concordância associativa III (A.*, 1
'apitulo 10 A~~~~. 121 ( .•..I.)
optndo II Osarticuladorcs textuais c., 133 (1'5'")
t- ~:IJ~;;;~li~;::~~~~;l~;;:~;I~
~~~~{l~; ~n:I~~;t:(;':;:~~~:~~:d~~1I1
pormclodasqualssec()nstrncrnllltcraI1VamCnl~~rso..c
roil~~II.I~~~~c~~~I;:a;n~~~~~~lji~:I~~
~~~~:~L~~
,.ll'xlual que cada lmgualhcs oferece .... ENTÀO voe': cO.l1Irreenderá que o
uxt(l é um. consrruro históric~. extremamente cnmplp:o e
multifacctado. cujos segredos (quase la direndo-lI\{stt'nos) é preciso des-
VCrilJ~COIII rccnderlllelh()reSS{'lIIil<lsr~llul: ~c repete<leadan?vu
inter ocu ao - a IIllcraçao J>Clãlmt-uIl~~ IIlgU<lgelll que, corno dizia
Carlos Prunchi. é rll;I'id(/d(' ("(m.l-ti/mim. -
Parte I
AJUSTANDO A LUPA
COttCtpoçOf:S Df llNGu!.. SUJ[ITD. TEXTO E SENTIDO
CAPiTULO I
:;;;~~~t~~amtl~I~::J~~;li'r;:~;tcnc:~~
latIas
me retirn
noctrebrodoukmiIJs~ui~.ill.iHr_Eunio
com isso à telepatia. o controle mental nu a, !lemais
ob~s,~< das ciência\ ocultas. Ali.:l •. 111' para os cremes mais
con\·icto,. este, in'l",menlo.',!lecomun;nçlo~em
comparação Com urna CJp.>Cld3<lc que \',.]0' ",,~_,ufmo." Est~
caJl~cidadet~Slc,·cn~OlnJl"nwdaUn.
1Iu"!I~m)
Como ponto ele partida para as reflexões que serão feitas nesta primei-
ra pane elo livro. é de suma importância retomar algumas das questões bási-
cas que. no momento, vêm permcandn os estudos sobre texto/discurso: a
concepção de sujeito, de língua. de texto c de (construção do) sentido.
r ~;i~Ct1~~~r~:~,~~>;~;oa~~:;;s~~~;·: ~~I~~Z~~I~i~':'~~
dono de sua vontade e de suas ações. Trata-se de um sujeito visto como
um ego que constr6i uma representação mental e deseja que esta seja "cap-
latia" pelo interlocutor da maneira como foi mcrnalizada.
Na verdade. porém. este t'K" não se acha isolado em seu mundo. mas
~~~~:~~nccj.::/!~~C~:t~~'l~~~::~
; ~~iiWd~~:l:~~i~;c~~
decorre a noção de um sujeito social. mrerauvo. mas que detem n dommlo
de 5U3\ açôes.
A concepção de língua como esmnura, por seu turno, ccrrespondc a
de sujeito determinado. lUsujeitado pelo sistema. caracterizado por 11m3
espécie de "não conscfênõtã . O pnnclpln expliCativo de lodo c qualquer
fenômeno c de todo c qualquer comportamento individual repousa sobre a
consideração do sistema. quer lingüístico, quer social. S~() três. portanto.
as p(l~iZ-~S
dá~~ica_, cnm relação ao sujeito:
;í. domínio, sc~~oe",clusivitl:lde, d~c~dual ~1Ouso
da tw agelll.-:::-G....S CIto da cnuuciaçün c responsável pelo sentido. A
~~~~~l~I::I~~:;:~:l;::~(~~i~~S~~~~~:~:;i~.d~~~~i~ã~I,~~~Iji;~~~\~~~~:;:~~~~
sujeito de consciência. dono de sua \'nn(;ldecdesuaspalanas.lnterpr("tar
é. portanto. descobrir a illlenção do falante. J:í Lockc (16SlJ) dizia <[L1ea
comunicação \"erhal é uma forma (]e tclemcnuuíon, ou seja. ;1 tranxmix-
são exata de pcnsumenros tia mcnte do falantc par;I;\ dn ouvinte. Com-
preendcrulllcnunciad(Jc()nstLtui,assllll.\lmc\"ent()mcntãl~crcali_
za quando u ouvinte deriva do enunciado o pensamento que o falante
pretendia veicular.
UI11:1 característica importante desta concepção é que se acentua o
prf::ili!mínjn rI-[C"mc;ênçb indi\'idllal~j~ O correlato
polítÜ:1l desta concepção seria a ideologia liberal. segundo a qual os sujei-
tes é quc fazcm uhistória.
~ssuj:it;lment(ln - de acordo com esta eorice~ão, como bem
mO~lrdiSsenll (1993). o indivíduo não é dono de seu discurso e de sua
\"ontade:suaeon.~dência,~cpo.)(k
não saber u {IUC faz c o que diz. Qucm fala. nu verdade. é um sUJeTtil
iiiilliiTtiiit~t:r~ual (I indivfduoquc. em dado momento.
~ ;a~~;5~
OCUp;1o papel de locutor é dependente. repetidor. Elo: tem apenas a ilu~ão
em que se encontra. ISIOé. elo: está. de fato. in~eridu numa ideologia. numa
instituição da qual é apenas pona-voz: é um discurso anterior que fala
através dele. Os enunciados nuo tem origem. são em grande parte
CONnpÇOf.SDEt.mGVA.SVJtrTo.rUTO[SUiT!OO
E prossegue:
o outro que doia medida do que soe. A identidade se constrói nessa rebçikJ
dinâmicu comn alteridade.
O texto encena. dramatiza essa relação. Nele, o sujeito divide KU espaço
com (> outro porque nenhum discurso provém de um sujeito adãmico que,
num gesto inaugural. emerge a cada vez que Ialazescrcve como fonte única
dOKudil.er.Sq:undoessapc:rspectiva,ocnneeitndesutJjctividadescdes-
1(~aparaU1~ ~ujcito'lu.eseeindeporqueátomo,p~~
histérico-social no qual mterage com outros discursos. de <luC.'C apossa ou
~ScpoSiciOna(ou6posiCiOnado)parae~
I
procura? Como, em suma. ngtmos ou deveríamos agir nessa UUSC:l?
Dnscat p:lSS:1em revista as teorias que, segundo ele, tentam respon-
der a essas questões:
• modelo -criptolôgicc" - () sentido cstã ubjcrivamcnte "'I~" (no
texto). basta descobri-lo. A língua é um código, um sistema de
signos, c o sentido é um dado a ser inferido deles. Basta usar ()
código e as chaves adequadas ("'textualistas");
C<mCEPCOESDEI~GU_.SUJ(llO.lEXTO(WfTIOO
t: ~;::~~~~;::~~~~;~§:~:~~
em virtude de lima construção dos interlocutores, uma confipurução
d vciculadora de semídos. ....
pf'V Em 11mtextodenominado "Modelos de Interpret~ção' .Dnscal 992)
• ~~~:i;n:~;::~~~n~~1~~~~n~~I;o(~:~~~~~.n;~~~
precisar levar em conta o sentido do enunciado (vcontextualistas"]:
• modelos de estruturas profund3s causais _ tais estruturas profun-
das podem ser mlm-mdlViduais (o inconsciente) ou supra-indivi-
duais (a ideologia). O sentido é o produto de um jogo de forças
que subjaíCIi1ã'lletennin3da atividade humana. A noção de sujeito
é, portanto, desnecessária e enganadora.
~"~";~;:~~::,::h::~;:~~~~
Pelas Taziks até aqui expostas. o meu ponto de partida para a
~~,~:~;'~~~:E::';"~:::~,:::
dos dessas expressões no próprio 11I<)ll1el11"
da interlocução".
p "'" -
c.
É claro que- esta atividade- compreende. da pane do produtor do tex-
:~~~~;L~~~<~~~~Ol~~i~~z~:'~o~s~~~~n~o ~~n~ril~~l:;~'~~~o(~~T~:~~~~;~~~~
(\ do con.tc:.;:!O(e~ sentid{~ an~plo._c{lnfnrme será conceituado mais adiante).
. a parrir das ~qucotcxto lhe oferec.c, Produtor c
y.,. intcrpretadnr do teXTOsão. portanto. "estrategistas". na medida em que, ao
TEXTO E CONTEXTO
Um •.nunciadosó.<cIOInainldigl\"elq,nn<loc<llocadodcn-
(fod<,s<,uconlc;uo<lc5ituaç10.sc met [>Crmilhln<,unhaf
umae"pTc"loqucinuiquc,l""um lauo.quc a concerçJo
de CtlntcUo prcci,,, ,er amplia<la c, por oulrtl. que a.ituaçlo .'
•.m que aS palavra. ,J" usadas j~mai, po,kr! <Cf dc"""r1adJ
como ifT<,lc"antepara a •."prcü1tllingUhlica. I'ndcmnsvcr
oquanwanoçltld •. ,,,nlc,,,onea,,jt:o.,,,,<ub'lanci.lmcnt •.
amplificada se qu", •.,mos qu •. ela lenha plena ulili,bdc. IX
falO, ela dn'c ultrap~"ar o.' limites da mel:' hnglli>tica c se'
al<,3<1a 11 ensuse da.' ~ondiç1'>e. g •.rais sob 3.' quais uma Un-
gua é falada (M~lin"wsl;:i. Thr /',,,blrm vI Ml'u"ill( in
l'rimiti"cLang,m.vs)
tiIUíd(~:'~~~:~~t~(~~~I~~~::~I~~:rt:l)e~:~l:l~~:~~J~~:.~~~~:I~~~~:~;~enn~~.e()ns.
Todavia, foi preciso percorra um cnrninho bastante longo para che-
gar ii concepção de contexto hoje dominante.
Na rase inicial das pesquisas sobre texto, que se tem denominado a
~::(~:j''~T;::::f5j
fi
li,~:II~lC~~:~I~:;~;~;;~;~:~'l;;(:r~·~;~(::~;:;:;~
L;~~~~;:2~~r~I~~~s
o~~~;~~~I!::~~~~lr~~
sejam, pelo menos, parcialmente semelhantes, Em outras palavras. seus
conhecimentos - enciclopédico. socioiureracionnl. procedural CIC. -
ou seja. jn
é, por si mesmo, um contexto. A cada momento diLmlera~';Lo,
interação. cruta UTTI dos parceiros traz consigo sua bagaJ;crn cognitiva -
~~~~cl:~:~~;~,\':~~~~~~e~~(f(l(~'~~,~~ :~~o~~ft.:::~:~~!7;~~·~S~:;:IL;::'II~~'~1;:·r~
dos surgem. CIl] grande parte. de prcssupo,jÇ(":'-s errõncus sobre (l domínio
de certos conhecimentos por pane do{s) intcrlocutorrcx). Poder-se-ia. in.
~j;~:t:~i~;~;~~;~j;:~~i,~;~';':
cuda um deles. isto têm uma representação em sua memória.
é.
:::,~~~:::~:';~€!~:f;:,~~
SUbSUIllCO"I~osljp()sdeconhccjmclHl),arqui\'a_
dos r.w memória dos :~Lis. que occcsviram ser mohili/adl'., por
ocnsiàn do intercárnhiú verbal (cf K,>('h,IY<)7):('conhec!J])cn~o
propriamente dito, o conhecimento l'Lleiclop.5dicll, quer declarativo, quer
episódico ifral>w.1" • .\"(',i"I.'), (\ conhcdiiiicnto da SilU;I~'ã" <';"I1lUnrl',r!ÍV;1c
;:r~g;I;:~~~~;~
~e~x;~r,~IL: :::~~:~n~~~;:~~~~~;)
adC1luaç;j" tL~sitLLaçÕ<.·~
';r~~ril!:~~~I.ll:~;~;;::s~~~~~r;lí~;:::,
c(ln~\~),
(~L~~:;:
o conhecimento sobre os vnrindoc
!;ênenh alkquaJI" ;LSdiwrs,L~ pr.i!kas spchh bem C"LllOo conhccinn-n,
~O~~I i~~:~~L~~'
Jt~~~l;~' l;'~\~l~~~lll~~~~\)l.~\
~:~~~::ll:~\!lii!":~
cSlratéfias
~l'~SI~a~~I,I,U~~ ~)(·u;~
realiza-se por meio de de diversas ordcns:
• C~Fn!(ivas, como us inferências, a fo\.'a1izaçào, :1 busca da rctc-
:~~';~I~~dn~e
~~i~lil~~~~(:;
~1~~~~1
a(~:'~~n~::~~O;I::~~[~~'~ (;~ ~~!~~~~:i~~:~:~
que recobre. quais os p?ohlema.s que suscita etc. Pura tanto. rastreia deter-
minadas (1p(1siçt")('.~
e dimensões do conceito de contexto presentes na lite-
I. em contexto/fora de contexto;
2. contexto definido como conjunto de elementos que inüucnciam a
signiflraçâo (contexto "acrescentado" à análise lingüística)fcnntcxlo como
entorno:
J. contexto- invcntário/conrexm como quadro ou conjunto estruturado:
4. emprego rcluciunal (diretoYcrnpre[!1l ahsolutu [indireto) do contexto:
5. contexto lingüístico (co-textoj/comcxto extralingiib.ti.co (ou
~siluacional):
T ~ntexto imediato (~onle.~lo)/contexlo distante (~
contexto):
7. situação de enunciação irncdiata/simaçâo mais ampla;
~. contexto esquerdo/contexto direito:
1). contexto csnutcozcomexro dinâmico (ou processual);
W. contexto do an:lli~I;l-oh.,•.-rvador/contcxro de locutor-interlocutor.
11. contexto ti" locutorrcontexto do inrcrlrcmor;
12. l) C0I111:.\I\.determina (1 M:ntiJ(1!" ~en[id" determina o contexto:
13. contexto gloh;ll Oll tcxtcsccuucxto de lima unidade (que pode variar);
1.&.o contexto prccxietc. é dad"!,, contexto é eon'lruído etc.
Há um con,en~~I"IJ sobre t1 faro de' que. sob a noção de contex-
to, se oculta a hipótese de que nenhuma análise lingüística. de qualquer
~~'~~~';~::::;~:~;~';~~:::;::~~~,:~:~;~
~~:~,~J~:~i's::l~~1
~~:et:;:l~.ni~;l(:eé~\~ I~~~ll:~~~;:~~c
l~t;~\:~g~l:;~~~l;~z~~\'~~lll~n:ll~~I~;:
dosl'kmentn~na(JJl'fllTmai.,()lad·ã.Iii:"lsem:l~s,eme(~
~' e~l~i:~J~II~::l:(~:::~~:~
~:11::~
~l~i\~~;l':':.:::n~::,;ç~(l à andllsc fora de con-
texto: uma delas. procedendo a um movimento de descontexlualizaç;!o.
tende a privilegiar esse tipo de análise (análises formais, "languc", siste-
ma): a nutra. que menospreza a primeira. sustenta que nada valem análises
fora de contexto c procede a um movimento de (re}contextuaJizao;;io. j:i
que nfio há discurso efetivo fora de contexto (abordagens emollngütsticas.
interacionistas. análises conversacionais, abordagens enunciativas ou
discursivas etc .. algumas das quais acabam por cair no que se tem chama-
do "comextuahsmo". criticado por Dascal, 1982). Entre ambas. encon-
tram-se poslçfJes intcrrncdiárius. como a defendida por Kleiber: "O con-
ceito nào é toJo-poderoso. nào J)(xle tudo". --
Klcibcr pergunta: Por quais razões uma nnrilise fora de contexto se-
ria insuficiente? Para justificar a necessidade de se levar em conta o con-
texto. vários argumentos relativos aos itens 2 a 14 do levuruamcnro feito
pelo autor costumam ser apresentados. alguns dos quais passo a comentar.
I. Contexto corno entorno X contexto acrescentado li postrrinri: no
primeiro caso. vê-se o contexto corno cocxtcnsivo 11própria ocorrência
lingüística. É neste sentido que se pode dizer que certos enunciados siio
gramaticalmente amhíguns, mas () discurso se ('ncarreta de fomccer cI,n-
dlçocs para sua Interpretaçào ~a. Aqui se concebe as línguas em ~l
como inJetenirinLlJLls, como não fornecendo. cvcutualmcnrc. todas as con-
dições para sua interpretação, Isto é: admite-se ou que 2.E~!!.!~J~rmite
prcnchcr as lacunas da.1C:sto t-o contexto completa". cf Dascal. 1987:
õãrk, 1977, que fala em estabelecer os "elos faltantes - missing Iillk.f-
~~lJ~~i:r:~re{;~~;~~e~~:-~~:~t~~;{~~I:~·iri~~ ..(=-f:t:::~~~ ~:~~;~:~~a!~n:
que tais fatores se incluem entre aqueles que aplicam por que se disse
;:~CcOr~;:~'~;~O~~~/l~~~:;~;\~:e;,:I~~il~)l:~~~'~;;~~;W\~:I~a';;'l~'!!~~~~::::
oril~naila, ~m reLu,.ão au ,uJel1o {para nao usar aqulllt~rmoe.\l·c'Slv'lI!le-n-
te restrito !alame •. usandn as expressões de um modo pOtKO crüico. uma
c:\prc,sãu lingiihlica se toma significativa (como cortespondcudo a modos
de operar concretamente sobre a realidade ou por ahslfa\'ão) não -omemc
por associar-se a "coisas" (objetos. relaçôes, proccssn~, sislema, I. Ill"S por
servir-se de um "referencial" (de "coordenadas") em que essa, ,'''rrl'spon,
dêncías se atualizam (o tempo. o lugar. as imt:lllcia_~ JlC""ah d" discurso. a
indicaçãodcrnonSlrativadO\oojctm.aalitlltledulol'uturfrcnl<'a,;cuprô-
~~ii~ad~~~r~a~'~:/;,~:~i~~: .~~j~~:.'7;~af~II~~~~:~~t~~~I~:~::~~'~:II'~~~~~~;
linguagem ao 13(10 íb percepçilll) ol'gaoizam os "ohjcto~"'ãqü~ .'l' referem.
segundo traços. c.ncgorias e relações, em um "sistema de refert'nci~'''. de
narureza essencíatmcme lingi.iístic;I (podemos dizer que o ",istl'made refe-
rências" é consritufdo pelalinguagem c nada tem a ver com a r.\islt'IH .in
l"l'aldasentidade<(juenalinguagl"mscddirnit.ullca'lucnosr.-fl"rimos).
~!~;'
~~~~~~;~ (~:~~::~I;~;~:~~~~' ~~~:,~:~f~~::~ ep~::l~'~~'ç~ll~:'i ~l;:l~~(:~i~
t ~:'~il~;~::~~:~~~i~~~~~~~~~~::;~~:~~~~~:1~~~~~~~~!~~:~~':f~~~
pliflcu (uté ~ lnterjeiçâo. ou ~ palavra-objcm que se cuja a UI11J caixa de mer-
cadoria: ou <1<rdal,'õesnasitua",'ul1iio,;.eperceb.:l11c .sc dcfiucm suficicnte,
mente. e o ('011l~),t{) toma-se c!!!!lP1CMl..o díscurso nii" se lib.:_r~ da ~;lua<;,;n
( se é que iSM! i: pmSf\T! de modo l'ompldOj, "':11<10 p;rra sujcuur-sc <I um
contexto ,'ada ,·,'1. rnai.., rico c cxigcmc. onde termos e expre'~õ.:~ tornem o,
se us valores exclusivamcruc na l"~~~das deüníçõcs. (I'. J-l_
rodapé. nota 23)
Brown & Yulc t19R3), contudo. mostram que esta não é a única in-
rcrprctaçâo p(lssível. Podem-se imaginar contextos em que it se refira a
um objeto que \\ bebê tenha deixado cair, bem corno .~it\l'I(JI<!Sem que a
mãe não seja a du bebê. mas a mãe de outra pc."SU;I. lmroduvcrn. então.
dois princípios que poderiam levar à seleção do contexto adequado: o da
"íntcrprcração local" e o da "analogia" O primeiro determina que não se
deve cunsrruir UI1Icontexto mais amplo do que o necessário para chegar a
uma intcrprcruçà«. l'"r excrnnto. no t":I~O de um pronome anafõrico. .1 rc-
~~~~~~~~~~~i:l:;<;~:~~e
r~aril~a~~(r:i\;I~,iLn~:I;.~::1
:~~Lr:;:(~~L
/~L:t:~~::~~:I~' f~~'J:~~:;:,
locutores pressuponham que tudo serú comu cru untes (Interpretação por
dl/alllO, :1 não ser que se anuncie claramente que algum aspecto deverá
sofrer uma mudança.
Tanto um corno o outro dcs .scs princípios podem ser contestados,
~sclllpre vnlc o princípio da pro;o;irnidad •..•n,l interpr c ração dos
nnníõríco-, e cxorõrtcos. E se. no exemplo acima. o primeiro enunciado
fosse: O bebê deixou cair o brinquedo e chorou .. seria tão "convencional"
a mãe pegar \1 brinquedo quanto o bebê. Há a considerar ainda os casos de
*"=ironiaed •..•indirctudel.mger:ll.
. Ta1111~111l3Ia:s (1990), após afirmar que o cnnlcxtll é crucial nara a
rmerpremçuo do discurso c quc um texto pode ser interpretado de ma-
ncims basumtc diferentes em ecnrcxtos diferentes tp. 27-l:0. mostra que
não h:\ consenso sobre o qll(, t' contexto c de fim' modo de afeta a inter-
pretação.
A quest!o da contextuaizaç!o na fala. na.scrita
. ,,# ão
sentido de um texto. qualquer que seja a situação comunicativa,
d pende tão somente da eSlrul~r:I texlua~ e~ mesma [daf a mctãfcra
~ rênc~~I;~~O;~~e~t~;:;~~:;;;n~;~~~ed~ed;~:~:C~~~~ ;:a~:~;~~e~
muita coisa implícita. O rodutor do texto pressupõe da.pane do. leitor/
• ~Vintc co reei S textuais. situa nuis c enciclopédicos c, oncmun-
'(fi do-se re P~l~nW.. não xplicua as infonnações considc-
ll):1~ radas re dantes. Ou seja. VIStoque. ~ existem lex~~s totalmente e:.plf-
cnos. o produto trrr-text essrra proceder ao balanceamento do
que necessita ser explicitado textualmente e do que pode permanecer im-
\) plícito, por ser recuperável via inferencia 30 (cf. Nystrand & wiemeh,
1991; a se I. . a verdade, é este o grande segredo do locutor
competente.
O leitor/ouvinte. por sua vez, espera sempre um texto dotado de sen-
tido e procura. a partir da Informação contextualmente dada, construir urna
representação coerente, por meio ~ seu conhecimento de
mundo clou de deduções que o levam a estabelecer relações de causallda-
de etc. Le\'ad(l~i()da ComimÚdtu/I'Jc 5('lItido(Hilmlann. 1976),
ele põe em funcion:uncnto ,Údos os componentes e estratégias cognitivas
que [em à dispoviçâo para dar ao texto 11m3 interpretação dotada de senti-
do. Esse princípio se manifesta como uma atitude de expectativa do
interlocutor de que uma seqüência lingüística produzida pelo falante/es-
critor seja coerente.
Portanto. o tratamento da linguagCnl':I~lOs de produção.
quer de recepção, repousa vtsccrahncntc ~illf('raçlio In utor·mwinte/
Idtor que se manifesta por uma amectpação-e.cocr ação recíprocas.
em dado ('0l11e.'(10. de conhecimentos c estratégias cognitivas.
~O(f~~(~;~r~;:~1:~;~~~~~~;t~~j~~t;~:t~:~~~~u~~~~:~~IUo~~;f~~
I ciãy-,.fa.nma
••.. da Retevãncia (6riCc.'l975) c com base em seu modelo do
011erloçutor o falante/escritor vcrhaliza somente as Unidades referenciais
to c .IS rcprcscntaçocs necessárias fi compreensão e que não pOSS:Ull ser
f!!PdUlldJS sem esforço pelo leitor/ouvinte por mero de informações
y1l-ontc:'Itllals e/ou concertuars (Principio l/a ~,I('t/)lIlt~de ~
~~;:~~;;';;~~::~I\~t~:~~.:a~~ot~~~~t~~~~~~~:~t;~;r~l~
nados conhecimentos ccutsxnuus. silu~nai:ç'Ol~elopédieos da parte
do interlocutor. de moo~eixãm impf(êitas inrurmaçõc.~ que consi-
~p~:"ILC(~~~~;ilt:~e~(~~~:r~j;~:d~U~\i:r~*~~~!e~~I~~ic~J7o:~~:~
"CijillCi1C'ls-dependc:cnl larga escala. do uso que o produtor do texto faz
dos fatores conrcxruais. Em outras palavras. utão propalada uxplicitudc
~~ ~~~:~)~~~~n:;l~~;:li~~~I~i~I~I~~il~:eO~~p~~t~)I~~~~~:'~5~~~~S~
~ -, [..o}J~ro~aç30 de sentidos. fillc.m uso de u ~tiPli~id:lde de reetlTs( ral?----
V~ I das simples palavras que compõem as estruturas. sto c. exts e o que
~\ Sanford & Gurrod denominam "domínio estendido de referência", Ve-
jum-sc os exemplos:
\. O policial viu o ônibus acelerando em sua direção. Ele levantou a
mõo e parou-o.
I
I,
2. O goleiro viu a bola indo em direção à rede. Ele levantou a mãe e
parou-a.
verifica-se que. em (I). levantar a mão implica um aIO de ordem do
policial ao motorista do ônibus. que. em função disto. faz o vefculo parar.
Em (2). levantar a mão é um movimento do goleiro. com o qual ele impe-
de que a bola penetre na rede.
Segundo Sperbcr & wilson (1986), uma proposição é relevante em
primeira instância não somente em relação ao discurso. mas ao contexto.
ou seja, em relação a um conjunto de propusiçllCs 00 hipóteses derivadas
não apenas do discurso precedente. mas também da memória. da pc~
ção do entorno. através de~3.~. Isto é. a inf~o é relevante
para algutm quando imcrage. de certa forma. com suas suposiçi'>cs pré\'ias
sobre o mundo. quando tem efeitos CO/J1e.rlllllis (reforço ou contrail!ção)
em dado contexto que lhe é ccesstvet.
Conte.tualizadores
~
Ijurnpcrz (1982. 1992). como é sabido. designa por pistas ,11' contes-
fII(llizaçt1oos sinais verbais e não-verbais utilizados por falantes/ouvintes.
na interação fllCo.::
a face. para relacionar o que é dito em dado tempo c em
dado lugar ao conhecimento adquirido através da experiência, com o ub-
[euvo de detectar as pfl!ssuposiç0es em que !.C devem basear para manter
o en\'olvimen.t~rsacional e ter. acesso. "".s.entidn pretendido,
Entre 131~ o autor inclui:~lia (entonação. acento de in-
tensidade, mudanças de clave): sin~rallllguísticlJS como pausas. hcsi-
rações. sobreposiçiíes de turnos. tom e volume de \'Ul: escolha d~igo
~~~JOr:~S)il1f~~~::t~I)~.~~::~~~S~~Ct;I~,i::~;~;:~;~:~~;~c~::
~os, q.l1e(XiJCin sfgnificur ;(POlO. oposrçao. rmrua ou snrcnsmo.
ênfase. ahorn:cnnrnto etc,
As pistas de wntcxtualil:lÇ;"io têm também sua conrrapane na cscri-
la. Nystrand (1987), postulando que os escritores hubilidosov exploram
toda uma escala dXCCUr'll,~ para contextualinr a escrita, modalizando-n.
~~~t~)n:~~ti:~:~:;:~~i:~:ad~e~~
de recursos f.!lill.ços, para distinguir tipos de conteúdo. Também Dascal &
wetaronn. ao nnnlisar textos jornalísticos. mencionam as aspas, a seleção
lexlcal. certas que,~ti)es retóricas. o uso de dadas~amento e
assim por diante como pistas importantcs para a captação do sentido pre-
tendido pelo produtor do (C;I;10. Entre os recursos gráticos cabe ressaltar
também a \liagr:unação. :1 [~ão do texto nn página ou no verculo.
em se tnuandu de jornais ou revist:!!>. o tipo de letra. os Ir~s.lli!!Êl-
~cs. d~~(il:ilic(l. ncgruoj, entre outros mais.
Vau Dijk (1997 I, por sua vez. define contexto como o conjunto de
todas as propriedades da sitll:!ção social que são sistematicamente rele-
vantes para a produção. compreensão ou funcionamento do discurso e de
suascslruturas.
CAPiTULO 3
ASPECTOS COGNITIVOS DO
PROCESSAMENTO TEXTUAL
Ol1luno.lon~onosto.l;,JO:con'lrufrll\"no"'OmunOOalra,·t_.ua
eaperiência. c1:tS.~ifjçaç~o. memória c t~onhttimo:nlo in~s:;;tn-
tes (o. S"",h, Um al1lropdJog" em Mar!e)
Defen~(~t;1 (;~;~;~'~e
isto é, 011-1;1//'
:I~)~t~tl~r~;~~~:a;:~I~tl~rtl(\a:e~~:tr;:;~~~et:\:)
(cf. Rumelha~& ~'IcC1ellallJ, 1986: Mursfcn-Wilson, Levy
(~ªe~\::
&-'-Yl~: Dakhill &. Garnharn. 11)1)2, entre muitos outrosr. sem dei-
xar de reconhecer, porém, que existem hipóteses altcrnativns fones, den-
tro de quadros teóricos distintos daquele que aqui ndotn, em especial. a
hipótese da modularidade - exmrmrul e/ou processual - da mente, <luC
tem como principal representante Fodor (1983, 1985).
\" De qualquer maneira. há um~LJOS10
ll!:SVENOANOOOSSEGII!OOSOOlElTO
(y
ção é. baseada em modeles de in(orm:.,ç;in que. podem s~r Trpn:senwdos
por símbolos. os quais podem ser malllpulados ConseqüentemenTe. a.;~
~
quitetura dOImente é similar à dos computadores. Assim. o processamento
i~rlica ~ uso 11('regras ~xrÍí~iiã0illlas ,"ezes l'ógic;Js. dispostas em U~':l
hierarquia. que determina a mampulaçào de símbolos de lima maneira
~aUse9üenciall. Para Fodor c seus seguidores. a mente con'tiWi um
tipo cspccfficn de ~i~IÇJlIa:o de mrmipulaçãosimbóllca. que remtambém.
com{)caractcrístj~. larid;1I.1ec(lproccssamenlo.~eriar.Arnente
seria formada pu módulos . submódulos. cada um dos quais realizaria a
sua tarefa de forma screnre. rápida c obrigatória. como um reflexo.
<n&1~m6d111o.terminaria sua tarefa antes de passar o input ao módulo
segumtc.
~ ~~1I melhor. os vãríos conexionismos. porseuturno.
\ t'~ dfl~~~~lo.j:lqueasrcprl·~cnta-
• são disuibuúlus em unidades ncurrmais. Aalivaç50dc uma rede de
neurônios tspreod octivatiom se dj via entrada de um inflUI que Ie\'ará 11.
~~:-fn=~=~:!~~~~n~l~~~~~jl; ~,~,~~~;
que dependem de um processamento paralelo de subsrmbolos c que fazem
usode.propriedadeSeSLatlsticasemlll~ardc~ló~ ~lI1sfor_
ar a informação. Um neurônio poSSUIseis ropnedadcs funeio! 1.,bjsi·
as: J.éummec;misnlndeentrada(ilJf'IUJqucrC'Cc 'sinal,teseul'ntnr-
~ oe.dellulrosllcllnj.ni(>s:2.l;u~niíiITani'nI(lintcgrad"r ': '1llc~~
~J!jIl:J.eummecaOls!l1o~lor.4I1elrallmlltcarnf(lrma-
ç5 integrada: 4,.é um mecanisn1oJcsaída~.4ueen\'ia i~rUmlJçiio
tIIT\t~neurônios 011ctlulas: 5. é um mccamsmo computacional. que
\ a i.a..1.U!..1
tipo de inruml~çii{) em ~1:.6. é UI~lm.ecaniSn10representa-
• ~dcSTinJd(làformJçiioiTi:repre.\.ClIlUçiíesllllcmaS. ---
V
) Uma evolução do cooexionismo é, entre OUTroS.o mndel~a~
quepartedaconl:cpçàodequeo~c~_utar.de~
é impossível separar claramente o ambiente e o sujeito. A cogniç:l~
é a representação de um mundo pré-dado por uma mente pré-dada. mas
sim a "enaclonação' (tl1uctrmtnt) de um mundo e de uma mente na base
"'V!:C10SCOGIIITlVOSDOl'!lOCrSSA.MtI{fOT!nu.o.t~,
f,",,-<,:-~
de uma hist6ria da variedade de açflCs que um ser executa rn:~u .
vcrcna. nl\11l111~\~n& Rosch (1992) põem a ênfase na noç:ioJc" naç:io"
segundo a qual a~ csmuura •• cognitivas emergem de padrões sens írio-
rno!nTcs3corbrcs que pn~~;biHtam llUC a ação seja pcrccpllIalmente
oricnl'l~a.jA.l!lcnlc humana é. portamo. "embodit'(r. de modo que pa-
drões dmflllHC<l\ agem Como os veicules c.••pacial e ternpcmhncnte es-
tendidos do" conteúdos rcprcscntacionais. Passa-se. pois. da vtsão de
que tais veículo, são estáticos, espacialmente locais c atemporaís. para
uma imagem de paur(")O,'s temporal c espacialmente estendidos como os
principais :l\ores IIc loda uma nO\":I economia imcma da mente (Clark,
1997). A 111l'IHepassa a ser vista apcna-, como um outro participante na
construção \.l'j ação situada. Procede dai o imperativo de se dar uma prl-
:::~~~:~;I~ri~:~~~:'i:I~~~~:;-~ :lil:~a~~;':I~:~~;;~~~:~s~~ã~::;er~~:*'
sim. observar mais profu1ll1amcnte os proccvxos tempowlrnenle estendi-
OL>\ue intcnucdeinm cérebro. corpo e mundo, que são dinâmicos e
)Teracil,nalll\('nlcdeler'ininml;-,s.- __
rN!\~ ~~r::)~:~:~~í~~.:~~r:::.~I~e~~~1:t~~~~I~\
:~~I~:n~~\~ ~~::~r~J~a~~ll~e~:~:
minadu~ processos de tratamento, que possibilitam atividades cognitivas
bastante complexas. Isto porque o conhecimento não consiste apenas
~
em lima cokçãn estática de conteúdos de experiência, mas também em
habilidades para operar sobre tais coutcudos c utilizá-los imeraçfu)na
Conforme a hipótese aqui adorada, () "cognitivo" apresenta-se sob
a furrnu de rct.rrsentaçães (conhecimentos ostabülzndns na memória,
acompanhados das interpretações que lhes são as"ociadas) e tratumen-
IVS ou [or/llas ,fi- processamento da in[omwriio (proccs~()s voltados para
a ct~ção. como é o caso. por exemplo, dos processos
,'infrfllCl:11S,. ",~
/
..IV VPoJe_sc. assim, dizer que a mcmona opera en~,ment()s ou
'lI\! r""" _
. estoca 'em em que as infnrmaç[)es pcrcepti\'as são trcnsfonna-
da, em representa õcs mentais. :l~S(JCiatl:i~
:I outras;
~
? ria de CUrlOlf'nno (MCT), de capacidade limitada. onde as informações
f t são mantidas durante um curto lapso de tempo; c de uma mcmárin de
;- longo termo (MLT). onde os conhecimentos são representados de forma
~ permanente.
vtt/~ ~a7::~~~
mcnto~~ i~~::r:;/~~~~:c~S~~r:~~
~:~~~~~:~c~~t~~~~:::i~~~sd~d~
tr'\.(..( pane delas seria codificada na MCT para, depois de submetidas a um ua-
;; 1-.p enquanto um registro permanente,
MY' \'~i chegand~ .(iIl:OITling) .q.u~se tem post.ul,adu a e)(i~tência de unta ~spé-
ele de lltemof/a. IIIler./IIedUlrW ~ a 1~~!!I.,QJI:J(Jcj(~.'t(Jl nu m~/t'
V~ .-/
Á
~
~\mrkll1g m('/lJ()')'). que faria a mediaçâc entrc a MCfc
operando de forma paralela aos processos co~sckntes, porém ~imitadcis
em termos de capacidade. da MCT. A memória de trabalho scna cnnsti,"
a MLT.
\~\
\~'\
{I\. : ~\
tufda de dois subsistemas. um destinado ao tratamento verbal, outro,1 ao ••
tratamento visuo-espacial. complementados por uma espécie de cxeculi_..
voccmrul. 11 ._
I
De toda forma, hoje em dia. a maior parte dos autores considera a 11
MCT corno uma espécie de recorte da MLT. que, em momento deleani_
nado, entra em estado de ativação,
Por ocasião do processamento. uma série de processos tem lugar. a
saber: seleção dos canais de informação da MCT; seleção. pela MCT. das
'~~~~Y~",~,~"nM' H
l'
\ \1 na M~T, para levar a,u.ma eSlocagem mais elaborada do que aquela
om~c\(l~ pela Mel': atIVidades de raciocínio ou de soluçiio de problemas
, \ ~ q ImplIcam busca na MLT para posterior rccombinação com elementos
~'/\ da MCT c assim por diante.
ti ó...É!cil!ocia de n~u..l1ffiSamcl1lQ.Jiru::u~çào..repous3m
brc a ;~!uaçào cooj ma dos com
processamento
Dentes da memória, Assim sendo, o
textual envolve tanto a ativação e con'~iínelllos da MLT.
so-
.c·f~~
t as representações ep~quanto as semânticas 5:10
~;:âl' s (ainda que se trate de episódios íntimos,ou de imagens mel~-
~ tgnaux. 1991: 2051. EI:L~apresentam, além dISSO.um carétcr mais
ou menos estanco. na medida em que descrevem "estados de coisas' ou
do sujeito. :OT issE;n,c iIUCI~l~h(",imentos decíarçtivos, em oposição
~ oos .conhcCllllent\ 'prun'dl~r~"s. que s:lo.~ais dinã~nicns. cr~\'oln:nd(l ca-
""\y pacidadcs pcrcepuv -cogruu~c"cogmll\'o·motrrzes. AS~lIn. enquanto
na munipulação do conhecimento declarativo intervêm. nece-cmamcntc.
o controle intencional c a aprendizagem. pode-se dizer que os conheci-
ment?~ procedurais são. er~~c parte. automatizados. /I, cOnl["l'l:tência
. ~~~~~~~1':~:~~11:~
~~~;~~~~~
cogmll\'a hU!llana..engl()b;;~) conhecimento declarativo (estrutural).
- ~~~:;::l~::n~~~o~~nstlluem pressupus-
W
·.Xonm::.'se. assim. que a memória deixa de ser vista como um nuxi-
-11 (). ~ ~~~h{'cimenlo. passando a ser considerada pane integrante dele. ou
f'V/ esmo como a f()nna,~e rodo o conhecimento: () conhecimentol\:tda mais
é que estruturas estabilizadas na memória de longo prazo que são utiliza-
UãSp:ml o reconhecimento, a compreensão de situJç(ICS e~ a
ação e a intcmção sociul. Tais conhecimentos (ou "saberes", são forma-
P
dos a partir de e~()\'isórios de conhecimento elaborados pela me-
mÓria oocracional e são resultado das nossas atividades de eonstnlçã~
sentido e interpretação de situações e eventos. Nestes termos é que se
pode falar de aq/lisi((;o ou con.rrru(t;o de conhecimentos.
§unldadescognitivaseestruturas9
cg
expcriência).~. ---- __ ,-- __ :-:-_--:-~
'f h~!!l';/II tem necessidade de ordenar n lIlundo à sua volta, ~ erga-
nizar u varre ãdi!1filusa de estlmuJ~ ~ctos u ares mvanames.
que, por sua vez, serão distributdos em classes de membros equivalentes.
Assim, i~d(" c ("q~a constituem princípios básicos de
As./'{CTOSCOC"'T!VOSD(lP'llOCESSAM!N10TEXTVAl.
cstcreonpico.
Mondada & Dubois (1995: 278 e seguintes) postulan~abili.
dadcdasrda~Afirmall14ucascategorias
utilll.allas para descrever o mundu alteram-se tanto sincrônica quanto
diacmnlcnmcntc: quer nos discursos ordinários. qUI!T nos discursos cienu-
ficos, elas são plurais c mutáveis. antes de serem fixadas normativa ou
historicameme. Citam Sacks que, no quadro etnomctodolõgíco. propõe
estudar a cutegorixaçãn como um problema de decisão que se coloca aos
atores sociais, de Iormu que a questão não seria avaliar a adequação de um
rótulo "correio" para um objeto do mundo, mas descrever os procedimen-
tos lingüísticos e cognitivos por r ~s atores sociais se refe-
rem uns aos outros, por excmph carcgnrizamk alguém COI1\O "UI1\ \'C-
lho", "um banquclro". "um judeu" e .
Consideram Mondada c Dubois 0995: 279) que tais variações no
discurso poderiam ser interpretadas como dependendo muito mai.~da prag-
~ cnuncíução , ue da scmânricados objetos, Rebalem70nOldo, a
possibilidade de se pensar que, nesse cns . tes dcverlnm afetar mais os
objetos sociais que os objetos físicos. cuja semântica pudesse ser vista
como algo que escapa il ideologia, como mais precisa, estável. nu mesmo
ligada a valores verdadeiros: argumentam que os objetos sociais nãoc ons-
tituem um desvio da furina "normal" de referir, mas sim que é necessário
considerar a referência aos objetos do mundo físico c natural no seio de
uma concepção geral dos processos de catcgurizaçâo discursiva e cognitiva
tal corno são considerados nas práticas situadas dos sujeitos,
Mondada & Dubois apontam a Teoria dos Prol6tipos de Rnsch (1978)
como urna evolução em direção a urna perspectiva mais eculúgica. que
considera a organização do pcnsamcnfõ1i'ümano 1I10livada por rins
adaptativos, introduzindo fronteira.<1luiJ;is.,entre categorias no lugar de
decisões estanques de pertença catcgorinl. lsto porque. de acordo com Rosch
(1978: 36), "uma outra maneira de asscgurur n disnnrlvidade c a clarcz .•1
de categorias localizadas ao longo de um (.'cmt;mwm consiste em pensar
cada categoria em lermos de casos típicos. muito mais que em termos de
fronteiras".
Muitos outros autores, desde então, têm sublinhado o caráter vago
das categorias organizadas pela tipicalidade em protótipos, bem como sua
insmhifidade e flexibilidade através dos contextos e dos indivíduos.
Bursalou (1983: 214) retere-se à variabilidade de segml'ntaçêic,~ possíveis
do contínuo das experiências humanas. postulando que os sistemas
cognitivos humanos parecem punicularmcmc adaptados à construção de
tais calegnrills flexíveis, od "(Ir e üreis para fins práticos, dependendo
muito mais d•• multiplicidade de pontos de vista que os sujeitos exercem
sobre o mundo do que de restrições impostas pela m••tcrialidade destc.
Cita como exemplo o piano, que pode ser categorizado como um instru.,
mento music u[ no contexto de um concerto, bem como um móvel pesado
e incômodo no contexto de uma mudança, podendo-se. inclusive, imagi-
~SP[CTOS COGIo1TIVOS 00 f>R!XlSSlMnITO n~lVll
~i~;~:~l\'~~(~~'~~~(~:;i~c~;(:~,:~;,;:~m~r~t~,~~elt:~~~::;~:~ee~~~~I~~
44 OfS\,(NOJ"NDOCSS[GR.EOO$(XLT~
falam~!:;/~:~:uUr~i~l.~~
mobilizam
::j:~~.~~~~
~:i~~l~l;~:~
c~~~~ q~~i:
~(>us saberes quer dC' ordem lingÜística. quer de ordem
socloc'ogniti\"L. nu .~eia, seu, m()(lC'!o'ide mundo. Estes. U!ÚJ.yja não são
~s. (rekonstrocrn_sc tanto .'iinCfúnica--Z:;;ll\).Jiarronicameo.rc. den-
tro das dl\"cJ';:l.s ccnas enullclauvas, de moo() que. no rnornCnTOem 1!üi.'SC
(Ir ~s~~~ril\I::~~~~l~~~~JI~~~dot,~~:;i-:~t~~~\~;~~~~cl~;~~~~~t:;~c~
~L'l11rll da~ eontingência_~histórieas. para que sc possa proceder aos
,
encadeamentos diSCUrsiVos.
~~~~~;cd:ra
csterconpica.
~~e~~
~~~~~:~~~:imt/~a 1.........:../
o:mse;~.n~ri~~~~~~~:II;:
co
( i. ti~O'.rígido. pu.ucn ade~u:ld(), pl.lnant.{},para explicar os prucessos de apren-
~~Clll e comprecnsuo humanos. Com o passar do tempo. passarJ.m a ser
s~ erad~~ a,liamente fleXíWisedmâm. icos. consranrcmcntc atualizãveis.
.I,lI.lí_ e P;\SSl\'eIS ele complementação cloll rcformulação. --
t-" ls modelos constituem, pois, Ctl11JUnlOS de conhecimentos scclocul-
11 ~ ~\1raln.1C,nte detenninado.~ e vivencialmcntc ,adquiridos, que contêm tanto
i\ rv
r ~
-nnentos (Irdtlmtn'{!l...sohrc cenas, situações c eventos, como co-
~l
IrClllll'I~I{)S I~' sobre c.'om,o,a!-'ircm situações particulares c rea-
~
lzar
atividadcc específicas, S;1o, inicialmente. ~s Uá que resul-
-y1'- um d~s experiências do dia-a,-(~la)Jc:c,:mill~do,~ 'CS'ii3cio-t,emporalme,I~le,
: por~lU-:ado~ll>l-mcmo[l~~Cpc;ódlca, ~pós uma série de expcncn-
( ~ mesmo tipo. lais rnodclcé \'ã(l'~eJYrnando generalizados. com abs-
tração das circunstâncias paniculare'SCSpceíficas (Van Djjk, 1989J c, quan-
do similares aos dos demais membros de um grupo, passam a fazer pane
da lllelT\(íri" semântica, "'--'---..:..---0
~""""m'"tol",",1
.* :;::::::~":,~~:::~i::~?~:::':,;~:~~~;:,:2~~,~::~~
~ ção mental do texto. concrrúi.sc 1I111111"ddo t'f'i,fI,dil'(> ou dr ,\'iflla\,,10 ,MS)
~ sobre o qual o texto vorsa. Para tanto, é preciso ativar na memória nossos
'~~:~':;i~:~~~~
tuaçào a que o leXIO se refere, Assim. uma teoria sociocognitiva da ('0111-
prcensão não pode prescindir da noção de modelo de situação (ou modelo
episódico'). Os textos. em última análise .. são coerentes em relação aots)
modclo(s): se os usuários forem capazes de construir ou recuperar na me-
mória um modelo satisfatório. eles dirão que entenderam o texto e que o
texto é coerente. Compreensão e coerência são, desta forma. sJJbjc.fu:as c
~ A cada vivência do mesmo tipo de situação - ou a cada leilUraI
conversa sobre ela - nossos modelos são atualizados erou rcfonnul~ldos.
o que vai implicar o crescimento de nosso conhecimento episódico. Mas,
enquanto as representações são relativamente semelhantes para os vãrios
reitores/ouvintes. os modelos construídos li partir do texto são diferentes.
porque na sue-construção interferem nossas convicções. crenças. aruudes
diante.~ilu:fÇãO apresentada no texto. bem como todos os nossos eonhc-
~~~;~~~:~:~:n~~:~~!~~~tli.VO. quer de tlpo episôdicc. mobili-
I ~~O~~I~~:;:l::~~;~;~:I;t~~:~.I~acn~;;Sn~li~~:l
~~s, efetivos. eficientes, fle:dveis, em vário _fl(vers simultaneamente"
(\ an Dijk. 198~). proces,sando a informação n.lin~;;f~lemos pequc~os
~ ~~~~~~~~:~
texto SIIOs('(!Ücntc, rcallz:unos operações de reirucrpretaçãe ou outrasope-
rações de "xcluçâo de probrcrnas''
1..\
'1."'(1
\,1\
~ ;?:i'~,n~~I~~I~;~~ ~~~e ql~; ~~II;~~i::lf;~7tl~a~~~)lld~I~:~~lt~~ltt~'r
:1~al:I;:~~~
~!.yl!lhw;.flC~ sohrc os ~,ssí\"CIS tópicos ou referentes a .,~rem ene~nt~ados
no texto. ISh' vai permitir a recupcra~iÍt,de modelos de ~llu:l(•.ôcs similares
e a instancwção de/rilmes nu scripts .~llCiais, de modo (IUCa infurrnnção
d (/
modo corno
vários contextos c. portanto. também a atenção que lhe deve ser dada c o
a Informação deve ser processada. Além disso, pnnirulur-
mente ~;Lfala. esses, modelos li.!'contexto srl~.jCOS .pcnn;mCJltcmcn.-
te atualizados com informação efrl'tIlJllck novos.
/W .
~
Os modelos de I:.OOIl')(IO são usados para mom.lorar eventos comuni-
couves. Eles representam 'lS mtcnçõcs. propósitos. objetivos. pcrspecu-
vaso expectativas. opiniões c outras crenças dos Interlocutores sobre a
interação ('111CIlr.~Onu sobre o texto que está sendo lido ou escrito. bem
como sobre propriedades do contexto tais como tempo. lugar. circunvân-
alUe~1f<i'"":t.rea!izaçàO
elas. condições. objetos e outros fatores vituacionais que possam ser relc-
adequada do discurso (vnn Dijk. 1Y4-1: 6), São
~ tton':d'~\:~sC~~~7::~o~~~~~~.n:~~:::~:i:i~:~~;:~~~,~;~r::;~~~:
ções
lütivo aos gêllero~ textuais e sua adequação aos múltiplos tipo- Lk situa-
quotidiana
l
sociais. Eles são ";1 conunua e 'aplicação' à siw;l\ào co-
lUnk:Ui\':1 em curso de uma teoria rudimentar e ingênua da comunicação
da interação' (199-1: 11). tendo um papel crucial nn produção e com-
ccnsâo d()~ textos.
~emaSdeconheclmentoaceSSlldO$porOCaSjàOdOprocessamentotextual
;:~~~~~:;;~~~ ~~~11~1
r~:;::;'~I~~~~J\~:~~i~::~~li~~\~:)~c::~\~~j
~.la ~elcção 1cxical
(1
L f.
"'7 O conhecimento enciclopédico ou conhecimento de mundo é aquele
.• 1 ql;;<e erlTIffifrr~aml;t7.en'.ld~C'·longcn~~ dcno-
l- r ~
f'1f;tca"nad3 semântica ou social.
?~nlo ~oci(linterJcion:l!ên'conhecimenlO sobre as açflCS-
globu os ~()n.hecimcnlOs
, rhaIS,Jstoc.sohre;\s~l11e~vésd3Iingu3gem.En-
do'lirrn-t~:ll.~~<ll.
mct3c~~at,v\J e supcrcstruturnl. /"
o conhecimento ilocucional permite reconhecer os objetivos ou pro-
pósitos que um falante. em dada situação de interação. pretende atingir.
Trata-se de conhecimentos sobre os tipos d,' WOJ de [ala, que costumam
ser verbalizados por meio de enunciuções carucrcnsricac. embora seja tam-
1x!11IFrequente a sua realização por vias indiretas. (I que exige dos inter-
locutores o conhecimento uccessár!o para a cupmção do objetivo
ilocucional.
O conhecimento comunicacional é aquele que diz respeito, por exem-
plo. 11;;nonnus gerais da comunicação humana. corno as...má:rull:LS dcscritij,S
por Gricc (1975); à quantidade de informação necessária numa situação
concreta para que (1 parceiro seja capaz de reconstruir (1 objetivo do produ-
IOf do texto: à seleção du varinmc lingfilsticn adequada a cada ~i(l1açii() de
intcruçâo e ~ adequação dos tipos de texto às situações comunicnuvas.
O conhecimento mctacornunicativo permite ao produtor do texto
e\'it:!rpcrlm~açiiooll sanar çan-ltne ou (/
ptls/aiu";) conflitos efetivamente ocorridos pnr meio da introdução, no
texto. de sinais de uniculuçâo ou apoios textuais. e pela reali/.uçi\o de ati-
vid.ulcs especificas de formuluçâo ou conurução textual. Trate-se do co-
nhecimento sobre os vários tipos de ,u;fx-s lingUistic:ls que. de certa forma.
permitem ao locutor assegurar a elllli]1CCitS:w cI te. I • cun-ccguir a ucci-
mção. pelo parceiro. dos objetivos COI1l que é produzido. mcnltorando com
elas o fluxo verbal.
O conhecimento supcrestrtlmr'L1. istn é. sobre esquemas textuais. per-
mite reconhecer textos como c~cs udcquados :lOS diversos eventos
da vida social: envolve. também. conhecimentos sobre as macrocatel.'orias
0\1 unidades glohais que distinguem o~ vários tipos de textos. sobre a sua
ordcrmçâo ou sequencia\·Jo. bem corno sobre a conexão entre objetivos c
estruturas textuais gfobais.
Salientam, ainda. os autores que. a cada um des~i:>t~~ de co-
nhecimento. cnrrespnnde um conhecimento cspo..}ificT0"ohre ~'n!:l~colocá-
~::'~:;~;:'~;i~:::,:~'~,~:~',~'~:,',';:i.i~::~;:::::
funciona como unia C'I~cil' de "sistema de controle" dos demais siste-
mas. no ccmido de aJ'lpt;i-ln, nu adequá-los às neccssidad •.•. ~ dos inter-
locutores no momento da interação. Tal ronhccuucuto engloba. também.
o saber sobre as pr;ítje:\s fX'culiarcs au lllei.) sociocuhur.LI e111que \"i\'<'111
os íntcrucrurucs. bem corno n domínio das estratégia~ de iurcruçâo. como
1~'açiO(i;s faces. representação positiva do sel], I}olidez. negocia-
ção, atribuição de causas u mal-entendidos ou fracassos na comunicação.
entre outras. Concretiza-se através de estratégias de processamento rex-
tual. de ordem cognitiva. socicintcracionnl c textual. ,..-
N:l acepção de van Diji.: & Kintsch (1983: 65). como \'imo~o
processamento cognitivo de um texto consiste de diferentes estratégias
{jj>roccssuals. entcnJc~o.sc estratégia COIllO 11111(1 in.ç/rurÜo f.:fobal para
/~. . da ('JCOII.U/ (l ser [cita no curso da (/r~Tais CSlratégia.s consistem em
~
hipóteses operacionais eficazes sobre a estrutura e o significado de um
\
VW fragmento de texto ou de um texto inteiro. Falar em processamento estru-
-)/' tégíco ~jl!mfica dizer que os usuários da línguarcalililnl MI.llllllancamcnt.c
::~,\·~~:~~:~~.l·~~~~si.n:~;::~~t:~sv~s ~~I;~:,~~~~~~en~~~rt~~lr~~a~~~~f~~
quencs cortes no material "cntranrc" (illcomin,d, podendo UTilizar somen-
te informação ainda incompleta para chegara uma (hipótese de) inrcrprc-
tação. Em outras palavras, a infonllação é process;\d~
lJIuális.~~ica depende não só dc_c~ticas..lexlUais.co_'!10
também~e~.c1erí:;ticas..dU!i~aiscomo.~-
f""'( ~fu:;.~e conhccimcruodc mundo. quer se trate dccunhecimento
!0.\...d~\ de tipo episódico. quer (lo eon!~mais geral e abstrato. Desta for-
P
ma. as estratégias cognitivas .consistem em cstratéKia.f de uso do conheci-
mento. E es.~e uso. em cada situação. depende dos objetivos do usuário. da
quantidade de conhecimento disponível a partir do texto e do contexto.
bem COIII\Ide suas S!f!!ça." ~s e a~ u que toma possfvcl. no
momento da compreensão. reconstruir não somente o sentido intenciona-
do pelo produtor do texto. mas também outros sentidos, não-previstos nu
. mesmo não-desejados pelo produtor.
Pode-se dizer que as estratégias cognitivas. em sentido restrito. são
aquelas que consistem na execução de algum '~1culo mental" por parte
/. dos interlocutores. Exelllpl~) prototlpico silo Ilt~nferên~ia~.ye. ronfnrm.e
(,.~ &"1)1I0Santeriormente. pcnnucm gerar III~U~lI1:.tÇao s.c:,l11:.tn'):1
nova a part.lr
daquela dada. em certo. contexto. Sendo ti U1fonn~dos dwerso.s nrv.e~s
apenas em parte explicitada no texto. fica;Wõ:"'pôl~. a lmuor.p'lnc l111pllCI-
~ ta, as inferências constitucm estratégias cognitivas por mero das quais o
ouvinte ou leitor. punindo da informação veiculada pelo tCX{(Jc 1c\";111do
em conta (JJ:.QIlt~(em sentido amplo). constrói n~escnl,,~·rlC.~
mentais c/ou estabelece uma ponte entre segmentos textuais. ou entre in-
formação explícita e infoTllla\'ão não explicitada no texto.
As estratégias de ordem cognitiva têm. assim. a função de ~rmitir
ou facilitar o processamento textual. quer em temlOs de produçao. quer
A5ft:C10SCOGN1IJVOSOOf'flOClSSAIotE"IOIEH\JAl
~~~~~~o:u~n~~~~t'~l:~iI~;~~~,eX::r~lt~a~~~~;;~::~ ;~~~r~c~~n~;~fV-
c cognitivas em sentido lato _ dizem respeito às escolhas textuais que os
interlocutores realizam, tende em vista a produção de determinados senti-
dos e que serão objeto de estudo na segunda pane desta ohra.
os GflOElIOS DO OI'SCURSO
CAPiTULO 4
OS GÊNEROS DO DISCURSO
Todas as esferas da atividade humana, por m:li~ variadas que sejam, estão
relaci()nadase~Ü1..aç~ua.N~oédc~urprcenderqlLeocar;iter
c os modos dessa utibzação sejam tão variados como ao,próprias esferas da
arlvidadc humana (...). O enunciado refiNe as condiçücs especificas c a.~
finalidades de cada urna dessas esferas, n30 só por seu conteúdo temârico e
por seu estilo verbal. nu seja, pela seleção operada nos recursos da trngua
- recursos lcxicais. Irasenlõgicos e gramaticais _ mas também, e sobre-
tudo, por ~U~ construção composicional.
~;;~~~l;~~~~~:~~~:l:~~t~S~~~~~:II:~~~o o~ C~-;idi<l:~~~~~::~l~~)~~
esta razão. Bakhtln distingue os gêneros primários dos secundários. En-
quanto os primeiros (diálogo. carta. situações de interação face a face) são
consutufdos cm situaçlloCs de comunicação ligadas a esferas sociais cou-
~~~:~~~\'~~~(~~~~)~n;:~~tr,~~~I~~e~~:it~~~i~,~'l~::\·1::~c~,rc:;~~~:::::~~:;,),I::~11~ltl:~:.O~
seleção de mcc.mi-mo-, de texrualizaçào e de mecunicmo-, cnunciativos.
Oag('rul' produtor escolhe no imcncxto o gêneTO que lhe parece ade-
quado. U intl"r1cx\(l c l"H1s1ituidu ~unt<, dc g~·ilcrutik.J.<!Xln.~labo:...
rudes por ~eral,'("\:s :lnteri(lre~ e lIe pedem ~l'r uti1i/ados r1urn;, sima fto
"vspccr teu. com evcntuai, trnnsformn -õc-; Esses gêneros. formados por
conjuntos -m dcflnidos de tcxtO\. ,I par de outrns mais "nebulo~lh'·. cons.
tnucm uma espécie de "'re".'rvat6rio de modcluv tc ctuui-,", portadores de
valores J(. u-,o determill:ll]O\ em uma certa formação so c.ial. A c~ctllha do
gênero é. pois. llIl!~_EE.fi~.ãí,Li.:~trat8;ka. que envolve urna cllnfrorttaç50
entre os valores atribuídos pelo :J~ente produtor "<h parâmetros da situa-
ç50 (mundos físico e socinssubjclivo) e os usos atribuídos aus g('neros do
tnrcrtcxtc. A escolha do gênero deverá. como foi dito. levar em conta os
objetivos visados, o lugar social e os papéis dos participantes. Além disso.
o agente deverá adaptar o modelo do gênero a seus valores particulares,
OlSVI'NOltlOOO$S!GII(I)()SOOTOClO
Osgéneros na escola
~~~~:i;:le~~r~:~~~::;J(;.IJ~:J::~I;::~':'~~~~~:o~~~~~~I~)I;~~~d~
~dcpenJClií(J-snmenlc do processo interno de desenvolvimento;
3. nega-se a escola como lugar particular de comunicação. ou seja,
age-se como se houvesse continuidade absoluta entre o exterior da escola
c o seu interior. A preocupação predominante é a de divcrsiflrur a escrita.
de criar situações autênticas de cnmunicaçâo. de levar n aluno ao domínio
do gênero exatamente da forma l'IJlIIOfunciona nas práticas de linguagem
de referência. Ne.~te caso. torna-se lmpossfvcl pensar numa progressão.
pois é a necessidade de dominar situações dadas que está no ccnuo da
concepçüc.]ã que (l ensino visa. quase que imediatamente. ;10 dommio de
ferramentas ncccssarius P;IT::tfuncionar nestas pniucus.
A reavaliação dessas três abordagens, segundo os autores menciona-
dos. pode ser feita por meio de uma tomada de consciência do papel cen-
tral dos gêneros como objeto e ferramenta de trabalho para o desenvolvi-
mento da linguagem: toda introdução de um gênero na escola é o resulta-
do de uma decisão didática que visa a objetivos precisos de aprendizagem.
Estes objetivos são de dois tipos:
• levar li aluno....a_dUITlinar o gênero, primeiramente pura melhor
conhecê-lo ou aprec~hor saber compreendê-lo. pro-
duzi-lo na escola ou fora dela; para desenvolver capacidades que
ultrapassam fl gênero e são transferíveis para outros gêneros pró-
ximos nu distantes. Para realizar tais nnjetivos, torna-se nccessã-
ria uma transformação, 3U menos parcial. do gênero: simplifica-
çilo.ênfasccmdctcrminadasdimenStlcsetc.:
• colocar os alunos, ao mesmo tempo-em situ3çúcTtlCCtllnunicaçào
o mais pr{",imo possfvcl dns verdadeiras. que tenham para eles um
sentido. pera=que possam dominá-Ias como realmente silo. Isto
porque. corno foi dito. o gôncro, ao funcionar em um lugar social
diferente daquele que csti em SU3 origem. sofre neccv-ariamente
urna trunsformaçãupussamjo a gêncru:l aprenda, ainda que per-
maneça gênero para comunicar. Truta-se do desdobramento men-
cionado acima. que constitui o fator de cumplcxificaçào principal
dos gêneros na escola c de sua relação particular com as prátlcus
de linguagem: I) gênero trabalhado na escola é sempre uma varia-
ção do gênero de referência. construído na dinâmica do ensino/
aprendizagem. para funcionar numa instituição que o tem por ob·
jctivo primeiro.
Os modelosdid.iticos
~~f:::;:~~~~~~:~~,s~~ura.seeXPliCit3T
TEXTO E HIPERTEXTO
~;~:-d~~~:~:~0~~(:'~~7~~~,;1d~l~i::t~;;~~a~~n~~:~~'e~1l;~~~:l~i~'~~:s~r;al~ .
muitos outros gêneros textuais, aí incluídos os já muito citados dicinunários
e enciclopédias.
Reflitamos. agora. sobre a compreensão de leitura. de modo geral.
~7)f~~~~~~~~~c~~~~~~aded~:,~~~!. ~(~:~\l~~~~ee~~fJen~~~:d~:
entre muitos outros. Murcuschi c Koch. em vários de seus trabalhos. Admi-
te-se hoje. também. que os objetos de discurso são dinâmicos. ou seja,
uma vez introduzidos, podem ser modificados, dcsauvacos. rcauvados.
transformados, recatcgorizados. construindo-se ou reconstruindo-se. as-
sim. o sentido, no curso da progressão textual, como postula Mondada
(1994: (4):
o objeto de discurso caracteriza-se pejo fato de construir progressiva-
mente uma configuração. enriquecendo-se com nO\'05 avpectos e pro.
priedades. suprimindo aspectos anteriores ou ignorando outros possr-
"eIS, que ele pode ascocínr com outros objeto- ao integrar-se em nO\':l5
configurações, bem COIllOde articular-se em partes suscetíveis de se
autonoruizarern por sua vez em OOVOSobjetos. O objeto se completa
discursivumcnte.
Ccnceltuaçâe de hcertextc
;~il~:~:;:~ ~r~,~:~;~:~~~~~
qi~~~~~~~:~e~,~t~~r~ei~~o:~J ;e~::~~~i~~a~SoC\~~~:~
locais e succsxi vas cm tempo real, Tral;1.se'l;Yi~;-("ríríiÕ?i~L1reusehi
()999: l ). de um processo de lcuura/cscrüúra l1lultilineartz;!Uo!multis.
seqüencial e não ilêiêrminallo, realizado em um novo espaço _ o
ci~o.
O hipertexto é também uma forma de estruturnção textual que faz do
leitor, simultaneamente, um co-autor un texto, oferecendo-lhe a possibili-
dadc de opção entre caminhos diversificados. de modo a permitir diferen-
tes níveis de deseevotvímcuro e aprofundamento de um lema, No
hipertexto. contudo. tais possibilidades sc abrem a partir de elementos
específicos nele presentes, que se encontram intercon"'l't:u~~...cIllZnão
necessariamente corrclacionados - os hipcrlinl:s. Trata-se e •.•10' que
vinculam.mútua e infinitamente pessoas e instiuiiçõcs. ~.nre" o-as em
Oshiperlinb
Funç60déiticB
Pode-se IllcsmoafirmarqUe~láticaSdiscurSiva.~
que permitem cercar determinado problema por todos os possíveis ângu-
los c perspectivas, já que a indicação tinkada se dá geralmente entre
.~I!e tratam de um mesmo tópico, eomplcmentando-seou refu-
tando-se, reafirmando-se ou contradizendo-se.
Por outmIado, se um link leva a outro. que, por sua vez.feva a outro
e assim sucessivamente, é possível que venha a formar-se uma grande
conexão em cuxcatn. que, de tão exten-,a. pode perder-se no hnriznntc,
numa vinculação sem fim. Por essa rM.ão. acessar e e;l;plnrar o hipcncx.to
não é tarefa f:ícil, exigindo unI bom controle do hlpcr1eitor na construção
lt~
Funç6ocoesiva
Outra importantefunÇ"ã(Jdo~mdcentrelaçardiscur_
sos no espaço cibernético. é ama~~~~i)('s de mudo a permitir
que os IcilOTCSextraiam delas um conhecimento real e cllnclus{)('s relati-
vamente seguras. "soldando" as peça, esparsas de forma cocrcntc.combt.
nando adequadamente as pedras do mosaico. Atar os hiprríínks de acordo
com cena ordem discursiva e semântica é essencial para garantir a Iluên-
da da leitura e a drenagem da compreensão sem excessivas intelTUp\'ôcS
e/ou rupturas cognitivas, que poderão dispersar a atenção do leitor ou
mesmo levá-lo a abandonar o processo de construção do sentido. Como
bem escreve Xavier (200 In002). o ideal seria que essas peças se asseme-
lhassem às do brinquedo Lego, com aderência perfeita, pois. desta forma.
pelas novas conexões e adequados encaíxarncntos das pcças-Infonuação.
toma-se possível chegar a conclusões amadurecidas como conseqüência
das descobertas feitas pelo leitor, quando de sua competente administra-
ç50doslinl.:s.
Por tudo isso, n50 deve haver links perdulários em termos de infor-
mação. isto é. n50 deve haver espaço para que tais pontes virtuais exis-
::~á::~~~O~I~;:ca\:;;~~o~e;:;p;;;;~~.fd~~~:;~~~~ri~U~I~~~;l:::ra;:n~
vergir. em tomo dcnm texto eletrônico, dados e informações complc-
rnernarcs e umpliadoras e acrescentar aspectos que não tenha sido posst-
vel acondicionar na mesma superfície virtual pela falta de espaço na
janeJadc cristal líqüido.
Para tanto. postula Xavier (2001noo2). cumpre fazê-los funcionar. '
de fato, como operadores da coesão hipcnexlllal, visto que a hipcrlcitura
tanto pode ser orientada no sentIdo de significações coerentes e compatí-
veis com a perspectiva postulada no todo do hipertexto. como pode ser
deslocada e desviada no sentido da incongruência e da insustentabilidade
dos posicionamentos assumidos em um texto eletrônico.
Funções~~
r
decoisasacessa~~itodda.~. istoé.osfuprocessarnento.
Como a Lmguístic~C;OCU~tos singulares. serw---
interessante ver corno os 1cnores operam com textos múltiplID...t esta a
agenda que o hipertexto vem colocar para a Lingü[stic.l em geral e para a
Lingüística Textual. em particular. Conforme foi mencionado acima. já
M mais de uma década a Lingüística Textual vem p-ostulando que ~
.:~~::~:~~::~~~'~:a1~~,:~~:~~é~~~\~ir~~~.:;I~~~
1990.1997. entre vanos ou TOS; ascaí 1l)87; Oa.~cal & Weizmnn, 1992;
Marcuschi. 1998. 1999; Beaugrandc, 1997). Por isso mesmo, a LingUísti.
ca Textual pode auxiliar eficazmente na Compreensão do funcionamento
do hipertexto,
'~~~'~~~§::::':::~:~t::
cus da textualidade. desde que estas sejam entcnllidas. conforme a su-
gestão de Bcuugrunde (I ':197J. como princípius de uccsso c não de boa
~~::;:;~~;:~~~~/~~~l::'~;;:'::~~:~~::,~
de um link a outro e. u partir do novo texto acessado. P'" meio de novos
línks, a outros textos. e assim sucessivamente. de correrá o risco de for-
mar. come dissemos, uma grande conexão em cascata. quebrando a conti.
nuidade temática. como c comum acontecer na conversação espontânea.
em que um ussunro puxa outro. que puxa uutro c mais outro, de tal forma
que. 30 final da interação, já não é mais possível nomear o I()pico da
conversa. isto é. dizer sobre o que, afinal, se falou (vfulnruos de tanta
coisa ... n. ~
\'iage;:r~~I~l::.CI~~~~~lo:~aq~~i:;I~~~::i~
---
~~ne ~~~~~~~~~~I~~n'!~~:li~ou~~ ~~i(:~:~C:~j~ ;~~~c~~:
-
císamot c ar. de modo que Q hincmave 'ador é submetido a um certo
".flr~.u cognitivo". já que as exigências s50 muito mais sérias c ng
A co~rénciahipertextual
==:;::;:t:;·~;~:s:~~:~=e~~~r<~:en,~.~~~:!
links
dias - uma restriçào: o hipcrleitor somemepodcrã partir para novas liga-
çõe, previstas pelo autor. indiciadas pelos por ele criados para acessar
os nós assim intcrconcctados. ~-c(}mo também o texto "trn-
dicional" - constitui um evento textual.interativo. embora com caracte-
rístiC:IS próprias. Uma dclus é nào ha\"cr Imlltaç:r.; du interlocutor. que
~'::\~:~~::~n:~~::ln~~.
:!,~:Ofi'::l~~:::(~:~ ~~:~P~~~:
Iu:~::~~~;:~~u
grafia digitalizada. É capital para o /i,,/; evidenciar a sua capacidade de
a~lulinar significaçtocs abrangentes e extensivas a domínios claros do sa-
bcr, para poder operar produtiva e positivamente nn leimra hipenexrual.
gm\,a';:;,
~2emalicamcntc
ores da conuuuí
intcrcuncctados serão,portanto. os
c-~ntidosc da prngr,ess.;111
referencial
-nu1tipcrtextrr;""tl~uc tipem3uta...s".la capaz de seguir. de forma coe-
rente com o projeto e os o a leitura. o percurso assim indiciado.
-
Parte 11
LEVANTANDO A
PONTA DO VÉU
- - "
~ !tH(ROICt.t.C.lO
CAPiTULO 6
A REFERENCIAÇÃO
ç301ingUfsticaétributári'll!ordercntecquecstc.porsuavN.€con.~titurdo
pelaalmensaopc~va(Blihtcin,198S;4S).
Assim,segundoBliks[ein,ape~
em referente. ou scj:1,:1 realidade se transforma em referente por meio da
percepção/cognição (conforme Greimas) ou da Interpretação humana (se-
gundo Coserinj. de modo que este deve ser obrigatoriamente levado em
conlanarclaç~
É também nessa direção que o autor interpreta a famosa afirmação
de Saussurc [19161 (1976: 23): "Bem longe de dizer que o objeto precede
o ponto de vista, diríamos que I o ponto de vista qUI' cria o objeto ...",
:rrgumcnt~d(J que o .~pon . VI la" corrcspo!].do-àjlOÇil] de percepção/
~nt~~rClaça(), enquant o objl'l • assim como ~latào. deve co-
incidir com o referem ". icado". Eé. segundo ele. na prática social ou
práxis que reside o mecanismo gerador do sistema perceprual que, a seu
turno, vai "fabricar" o referente.
Pois bem: se o referente é fabricado pela prática social, o que dizer
da atividade sóclo-cognitivo-discursiva de rcferenciação? Esta é a princi-
pai questão de que vou tratar neste capúulo.
aeterêncta e retereneíeçêc
A PROGRESSÃO REFERENCIAL
ção
p~~e~~~~:~~X~::l:
~~:~t~~n~~!~s!:~;~~
que estava em foco anteriormente. Embora fora de foco. porém, este con-
tinua a ter um endereço cognitivo (locação) no modelo textual. podendo a
qualquer momento ser novamente ativado. Seu estatuto no modelo textual
éde iliferíl"d(d. Prince. 1981).
Pela reperiçâo cíclica de tais procedimentos. estabiliza-se, JXIf um
lado, o modelo textual: por outro lado, porém. ele é continuamente elabo-
rado e modificado por meio de novas referenciaçiks (Schwarz, 2001). "En-
dereços" ou locações cognitivas já existentes podem ser constantemente
modlflcados ou expandidos; desta forma, durante o processo de compreen-
são, desdobra-se uma unidade de representação extremamente complexa,
pelo acréscimo sucessivo e intermitente de novas informações dou :1\':1-
li ações acerca do referente,
Conforme se postulou em Kcch & Marcuscht (1998), cumpre, tam-
bém, estabelecer distinção entre categorias como referir, remeter e reto-
mar, que freqüentemente são vistas como idêmlcas, empregando-se os
três termos corno sini'lnimos. Trata-se de algo essencialmente diverso,
podendo-se estabelecer a seguinte relação de subordinação hierárquica entre
os três termos:
• a retomada Implica remtssao c rcre~nclação;
• a remissão implica rdercnciaçiio enio necessariamente re-
tomada:
• a rererencração não Implica remlssân ponlualb..ada nem reto-
mada.
Portanto, sendo a rcfercnciação um caso geral de operação dos ele-
mentos dcsignadorc.~, rodos os ea!\.Osde progressão referencial cão basen-
dos em algum tipo de rl'fl'fcnci:t~-:i(l. 0:\0 import:mllo se são ,,~ mesmos
elementos que recorrem ou não. A dctcnninação refen:ncial SI:' d:!. como
um proccs.~:lmenw da referência na relação com os demais clcrncnros do
co-texto (ou mesmo do contexto), geralmente num inrcrvnlo interfr.hlieo,
mas não nl-cessanamelllc como retomada referencial (eont'ferenciação).
Sucintamente: r••f,'n'r~ uma ativid:nk de designaçãu realizável por meio
da lfn)!ua sem implicar urna relação cspcculur língu:t-munJo: ' ••meter é uma
atividade de processamento indicial na cO·le.\tua!idadc: retomar (: urna ativi-
dade de continuidade de U111 núcleo referencial, seja numa relação de uknlid.:l'
de ou não. Res.'i31tL'·SC.mai-, uma ver, que a continuid.a&: refcrencial não im-
plica referentes sempre cst:'i.\'eis nem identitlaJc.· cntn- rcfcrcrucs.
Na atividade esp<.-cíficill·n\'"I\'id:l r,",:I:1'1'IIIÜX,'j". dc\'c-sc ter em conta
algum ripc dl- relação (de urdem )ol·mântil';1.t:ugniti\'a, associativa, pr:lg_
rnâtica ou de outro tipo). t\ noção de remeter diz respt"it" a um movimente
textual em que SI,'dão relaçÕo.'s não necessariamente (·"TTt'fl'rcnciais. As-
sim. I' raro de se progredir mediante a ali\'id:lde de remeter não envolve
uma retomada, j:!. que r,'/mnllr é uma atividade particular de remissão que
subentende continuidade rrfrrenclat; implicilndo algum tipo de relação
direta, seja de identidade material (caso da cOTTt'ferenciação), seja de não-
idcntidade material (caso da associação).
Ontro aspecto imporlanle a ser C{Iflsider"do é que um rexro não se
constrói corno runtinuidudc progresslva llnear. somando elementos no-
\'OScom outros já postus em etapas anteriures, conto se () texto fusse pro-
cessado numa soma progrt'ssiva de panes. O processamento textual Se.'tlá
numa oscilação entre: vários movimentos: um para frente (projetivo) e outro
para rrés (retrospectivo), rcprescmãvete parcialmente pela catõtora e
anáfora. Além dis.~o, há movimentos abruptos, há fusões, alusões etc. Em
sent~do estrito. pode-se dizer que a progressão textual se dá com base no
jd ,fll~). no que sl'rei dito e no que é sugerido, quese co-determinam pro-
grcsslvarncnte. Essa co-delenn;,wçiio progressiva estabelece as condições
da textuali7,;lçün que. em conseqüência. vão se alterando progressivamen-
te. Assim, muito do que ainda •.ra fI"ssíl'rI em certo ponto x do texto já
não é mais p<l.~.fí\'d num ponto x + 1. Por exemplo. inferências tidas como
hipóteses rossíveis no ponto x já não o silo no ponto x + I c assim por
diante. J\ progressão textual renova as condições da tcxtualização e a con-
sequemo produção de sentido. Portanto, o texto é um universo de relações
scqUenciadas, mas não lineares. Veja-se o exemplo abaixo:
(I) Chega a ser cômico o I'ilS de certos fomw.dor~s tI~ opin;,Ja ao r••/~bra,
as virtudes ri" 1/1(I{ldoneotiberal. Parecem mais interessados em atenuar o des-
gaste causado pela crise glohal a SU:L~ teses dn que em achar meios civilizados de
newralj7.aros eS1ragos que vêm por at,
O "/"Mio do I1I1/agreamuic,mo deixa o lei10r incauto com a impressão de que
a crise tem POUCU a ver com a •.e,momia domil1<mt~no mum/," .. } A conjuntura de
inflação e desemprego baixo não "ai durar para ""mprd ..J O próprio czar do Froe-
rat Reserve, Atan Grcenspan, reclama da exuberância irracional do mercado de
capitais do~ Estado~ Unidos ("Os ganhos dó! bolha". Fol/w d~ S. 1'111//0, 2219198).
Uso de pronomes
mente ditos. numerais. advérbios pronominais, cf. Koch, 1988, 1989, 1997).
Tal operação. que foi sempre descrita na literatura lingUfstica como
pronominalímção (anafóricn ou catafórica) de elementos co-textuais, pos-
sui, contudo, principalmente em se tratando da fala, caracterfsticas pró-
prias, isto é, pode ocorrer sem um referente co-textual explícito, como
ocorre nos exemplos seguintes:
(2) Os dois heróis estão lutando para ver qual tem mais força. De repente,
eles cortam e passam para o quadrinho seguinte. ondejâ se vê um deles nocauteado,
desmaiado no chão.
(3) No nordeste brasileiro, tles têm as mais belas praias do mundo.
(4) Meu filho não está indo bem na escola. Eles dizem que ele é muito desa-
tento c quase nunca faz as tarefas de casa.
Descrições definidas
Modificador (~:jctivo . )
Draçâo relativa
Em se tratando de retomada textual por meio de nominalizaçõcs.
pode ocorrer a ausência do dererminamc, casos em que. em geral. o nome.
núcleo vem acompanhado de um modificador. freqüentemente sob a for-
ma de oração relativa cu. em certos casos. seguido (e não antecedido) do
demonstrativo ou de um indefinido. bem corno. ainda, de Uma estrutura
comparativa.
(8) Tentaram le\':Hu ~ discorrer sohrc os mais variados assuntos, m3S 11"'1(1
algum conseguiu e1llusi~srn:i·lo.
(9) Estou agora temendo resolver estes problemas. problemas l1u',rnrrs. evi-
dentcmentC.(/llf'oqu('lr.rdoin(cir •.
(10) Têm corrido rumores de que o governo estuda medidas severas para
contornar a crise. Na verdade, opacote fisCl/J a ser editado nos próximos dias irá
aumentar ainda mais o desemprego no país.
{li) Um homem sozinho. com uma jaqueta numa das mãos e um embrulho na
oeíra, com um ar de quem ramo I'udi;\ In ~:J.fdo de uma mcnifcstaçâo corno estar a
caminhe do trabalho nu das compras. Um homem de camisa hr;lIlca e calças pretas
Um chinês num occan()uc 1,1 hi!h:iodechincses.Urndc!<Cnnhcci<.lo.
Nominalizaçõcs
FunçllesdaslormasnominaisrelerenciaisnaprogresslloteKtuaJ:Aspectos
cognitivo«jiscursivos. semântico-pragmáticos. arqumentatlv os e textuals
É preciso deixar crere que os aspectos a serem abordados não são dis-
eretos. Serão apresentados sepnmdamcnte apenas para efeito de exposição.
Funções cognitivo-discursivas
As formas nominais referenciais. em grande pane, respondem. si-
multaneamente. pelos dois grandes processos de construção textual:
rctroação e prospecçâo.
Elas desempenham funções cognitivas de extrema relevância para o
processamento textual:
I. como formas de remissão a elementos anterionncntc apresentados
no texto ou sugeridos pele co-texto precedente. elas possibilitam a sua
(rejauveção na memória do interlocutor. ou seja. a alocação oufocalizaçãn
na memória criva (ou operacional) deste;
2. por outro lado. ao operarem uma recategorização ou refocalização
do referente ou, em se tratando de nomlnalizaçõcs, sumarizando e rotulando
as infonnaçi"lCs.suporte. elas têm. ao mesmo tempo, função predicativa. Trata-
se, pois. de formas hfbridas, rcfercnciadnrns e predicativas. isto é,
vciculadoras tanto de informação dada, como de informação lnfcnvcl e nOV3.
Schwarz (2()(X) denomina essa função de (t'IIla/iwção remática:
(15) A {m., c/a criança não tinha meios para sustentá-la. A mtsrra vr/hi"ha
estava à procura de:alguém que quisesse adotar o recém-nascidocuja miir 1'("("
erra durC/llIeIJparto,
(16) "As duas principais razões apontadas pelo eleitor porto-alegrense para
explicar a permanência dos pctistas no governo municipal são: eficiência admi-
nistrativa (23.4<;;') c honestuíndc (18%). ~fas" cllIll" maiJ JU'I'ff"('I1Jel1lt' <lu
enquetc é o de que boa parte do eleitorado que não \'OU no PT para governo de:
Estado c para Presidência da República deposita, no eruanro. sua confiança nos
petisras para gerir a cidade (... I" (!Jtot. 11I1O/OOj.
(17j "Quats as reais condições para caracterizare pautar a criaç3.o de galinha
caipira? Depois de meses de ucliheração. a Cumi~são ~uf{)péia surgiu com. uma
resposta ofidal, ou '"?" três rcs~sta,. para f'.III1I'"Ii'n"n~ ({['n/do; hj cond.lçõcs
naturais de galinha c~ip,ra. condícõcs tnulicionuis. e condl~'(>Cstotalmente livres.
Os mandarios de Bruxelas criaram a definição tripartite para s:lIi.fa/.eTum Imlvá·
ver desejo para um padrão da Comull.idade Européia. e.nquant.o."' ~ncsmo ,.em-
po. e de forma mais questionável. habilitando todos os upos pnncrpurs de galinha
caipira ao mercado a se qualificarem" (Folha d,. S. I'{lu/v. t lflliO)j.
Paragrafação cognitiva
(19) Em ncnhum instante ~ contesta que o poder local sob as leis locnis é a
instância legitima P;\r.I <k~'idiluma eleição nacional ('0111 repercussão internacional.
NuUI eCr10 sentido. osa grande (1101"''''1111"do J""kr focal é funte rlc tooa
contusão eleitoral. Se houvesse ummo •dclo de cédula nacional ou aomenos esta-
dual e regra~ gcraiv para de('idir um ,"oto válido - sem mencionar um sistema
informatizado de \"(,la,,50 -. grande parte d,,~ problemas nt'"mrena <x·orridn.
Para o observador .I" fora. f"n-,' •.•·ndrl" ,'m 'IUt' " tncatprcvalc •.•· _",hr.· o
/l(u:ioll(l! é. no numrno . estranho. uma forma confusa de resolver a 1\"':'1;'''. Pu.
rém n50 (kixJ de ser uma forma democrdtica. na qual ,IS cumunidudc locais
exercem sua autonomia c o Poda Jlldiciáriu estabelece cnso a caso amagnitude c
os limites dcvsa alltOlH>mia.É cvtnanhn. m:I' na melhor tr:l\li,'50 dcmocnitica nor-
te-americana (FO/ltlld,'S.I'flIt/o. 1911Jf(XI).
Funções textuais
cÇJ
As formas nominais referenciais constituem recursos coesivos dos mais
produtivos na construção da texnmlidade, podendo funcionar tanto C01l\O
nnafóricas (20), quanto como catafõricas (21) e (22). Quando catafõricas. na
maioria dos casos, o referente da expressão nominal é apresentado apenas
de maneira vaga, inespecifica. de forma que, apenas depois de "rebatizado"
lexicalmente. fica claro em que consiste verdadeiramente esse "objeto de
discurso". Ilá casos em que são simultaneamente anefõricas e catafóricas.
(20)"t\s Invclas cariocas são mais antigas que as da periferia de São Paulo.
No Rio. 05 moradores são mais organizados e o tráfico precisa dust apoio. diz.
Vem daí a política a.\sistencialista do tráfico no Rio.
Para conquistar rSJr apoio os traficantes pavsararn a controlar as a.~sociaç~
dernoradores.( ...l
Em 530 Paulo. rnr tipo dr convivénría entre o tr:ifico e os moradores ocorre
com mais freqüência em favelas antigas (Fr>/1m dr S. /'(/u/r>, 2NJ JIfX}).
(21) L., Aléo mar, sem se: apressar, ImUlC (I coi.ra c (/ depositou na
que
areia, surpresa tri-te. um homem mOrl(l (R. Alves. "A aldeia que nunca mais foi a
mesma". Folha d" S. Pau/o. 19105(84).
(22) t\ reforma administrativa do governo f condenãvcl ror deus razões: a
primeira f que vai haver um recrudescimento da ionaç~o: a segunda é que se
eaminhaap~~!K)slatgospataumaprofundarecess.io.
(23)IUpelomeflo~qualrotipolõdc liberdade.
Primeiro, :I lilxnbde·\.Cgul1lflça. Vivenciada como ausência de opressão ou
de interferência arbitráriaela ( ... )
Segundo.:a liocldaóc·cxpres<.;'io. É a libcnl:ac.le de consciência ,JtI de orioi;\(! 1... )
Terrtiro.a Jiberd:adcIJtllílica.(Jtlscja.ndiO'ilod.:p.micipaçãoemd.x·isU.--:;(...)
OF-SP, 15106181).
~D1O-OU'f>umMilação
(24) O Banco Central inter ve-io ontem para segurar a cotação do dólar, na
primeiraopcraçàooncialdesscgênerouesdcuauoç50ualivrcnuw;lç50dod.m·
bio.em 15dejaneim.
,\ 0l'/'raçtio ocorreu quando a moeda havia alcançado RS 2.08 (Fo/l1II dI! S
l'aulo.2612J99).
Aspectos semántico-pragmâricos
Nas formas nominais referenciais as escolhas lcxicais desempenham
papel de extrema importância.
Nome-núcleo:
(26)~acun\'crsaqueleriasidogra\"adaem 19 de agosto,/l.lirnndadizquc o
chefe ironizou a proposta. dizendo que não aceitaria como suborno va metade de
um terço do que fora anteriormente acordado". que os empresários caça-níqueis
de Minas calculam em RS (, milhõcs.
(27) Hoje falaremos de dois brasileiros típkos da era do real. 7.f. das Couves.
o primeiro, é pobre. (. .. ) \Valler Moreira S~lIe~." segundo. é milionário, (. .. )
O real cf" nrcfessor CurJ"JO (ui coucebrdo par~ facilitar a vida da tríbo de
Z! das COIIL"n c para infernizar o cotidiano dll trupt' de M(>r/"iru Salll"s (Josias de
SOU7';L, '"De bancos e geladeiras". FolJ.iI d,' S. 1'(11110, 22/11/95).
Omaisescandalo,oni~'ollldoésabcrquc,noslÍltim{lSlrCsano<;,arcceita do
Imposto de Renda _ sozinha - saltou de RS 18 bilhões para mais de 34 bilhões
(...
I /Folha cI,' S. 1'",110, 19/11100).
(29) De l:í para cão PT passou a ser atacado por suas belgas internas, mal que
o acomete até hoje.
OIl/fa/wdra/(lI1{"<III{/l/ul"idraç((pt'lisl{/éadequcol'an.idosósalxcriticar,
sempropornad:Lfhrol:',ll110100).
Metcnfmlco ou rneronírnlco _ no C3S0 das anáforas associauvas.
Em muitos C3S0S. inclusive, um novo referente textual a ser introduzido
no texto é construído mctonimicamcntc:
OI) ( ... ) no gramado daqueleluxuoso hotel estava montada uma gigante sca
tenda verde. cercada por guarda-costas armados até os dentes. Neb esta"a aloja-
do ninguém menos que: o lodo-poderoso homem fone da l.Ihla. o coronel
Muammur G:ldafi. que se recusara a ficar hos~tl:ldo no Shermon alegando Ilue
este representava um símbolo do imperialismo americano. O gt'Slu circense tio
dirador Irbio não chegou a surpreender ... (/stoÉ. U6/09/(0).
(2) Inf.: ... e se eu puser outra subst5ncia ... que tiver um fON COMUM.
acontece ... se nlo t.il·crum Icn comum não ... se nãotiver íon comum ele não quer
saber ... aqui ... aqur a nossa teoria ... i. baseada nessa ... nessa (ljírl/lm;i1o .•• (EF R1
251: 435·439).
b. nomes de atividades "Iinguageiras": dncrição. t.rplicaçiIo. rda·
to, esclarecimento, rtsumo, hist6ria, debate, exemplo. ilustração, dtfini·
Çfl0, denominação etc.:
(33) Doc.: Por que por que (ele) t chamado de bairro Floresta?
Inf.: rssa d ••nomillUção floresta na reaVrea1idadeeu eu nunca descobri ape-
sar de ter perguntado mas o que me informaram t que antigamente havia mesmo
ali:: ... muito macto uso há muitos anos 3tr:i..nt? ent10 chamavam floresta (010
POA48:58·63).
(34) InU ...! porque eu acho ... eu não não estou de acordo com isto - ... eu
não andei pixando muito Lévi-Strauss para vocês porque senão... vocês não o
conhecem mas cu há anos que eu me bato contra o estnnuralismo-« ... em todo
o caso neste nlve! de análise eu creio que nõs podemos utilizarmos data
r••-flexão (EF SP 124: 184-190).
(35) (...) mas o que se viu na última quarta-feita. quando o suposto espe-
tãculo deveria estrear, abrindo o 1° Festival Recife do Teatro Nacional, foi urna
leilUradramatizmla mal concebida c conduzida em cena.
A opinião não é pessoal (...) (""Muitasvaias para Romero A. Lima e Ariano
Suassuna". Iomai do C(!/nmlrdo, 22111/91).
(36) (...)"0 programa mata a fome. mas não ajuda a diminuir a pobreza nem
estimula a economia das regiões mais carentes. diz Terra. a propósito do corte
lIascestabãsicaspar,lasfamí1iasmaispohres.
Tem-se, nessa única Sf'nlf'/lça, os deis lados essenciais do governo Ale.
Primeiro. o aeademicL\mo. Segundo. o eeono!11icismo" (Cl6vis Rossi, -O
retrato de um gon'rno", Folha di' S. t'onío. 2l!lIlfOO).
(37)LI: ... ao(lsatr:íscu bolei um1ivmqucnuneaescrevi...comprccndcu? lá
lodo pronto e jamaix foi escrito CUI quer: se discutia o dcscquillbrioeco lógico não
se falava nem nisso M quinze ou vinte anos utrás ninguém us.ava a t'.\l'rcssrio
dest:quillbrio ecoI6gico ... o livro todo tava bolado (02 REC 05: 821·R26).
Dcnomin:u;ão reportada - por meio da denominação reportada
(citação de termos ou expressões). introduz-se no texto a fala do Outro.
mantendo. com relação a ela, um distanciamento critico, assimilado pelas
aspas de conotação autonímica (Authier, 1981):
Seleçiodosdeterminantesnasexpressõesrelerenciais
(43) O cinema. n:lCinnal rnk ser ecusedo de crímes hroJondo:\. nu_ nlo roi
em nenhum filme brJ..'IlcIIU que Itllud cOl'lh('CiltloC'l'I10tb f,~: ~fn..lll." loÓI ~-.n
depois de morto", An!e~ de descobrir o ~xo, façanha que tardou um pouco. li
cinema americano g:!SIOI1suas melhores energias sobre rnntança de índios. Só
depois llu'I"rla {"('mi'uli" d" st'nml", }.fllC Ctmhy foi descoberto nnvr inimigo
pura n mclhor povo da terra. Antes disso. eram 05 índios (Carlos 11eitnr C<my, O
grnndc roubo do trem, FolhadrS. f'ulI/t>.O:;/0Rl93).
Uso 00 DEMONSTRATIVO
(45) A Polícia Militar, durante uma Min, prendeu hoje vérios moradores da
favela da Rocínha. Essa dttt'frçiio brutal ~ um mOlil'O âectarodo revoltou os
rncradorcs do lugar.
(46) A Polrcia Militar. durante uma Mil:, prendeu hoje váom; moradores da
favela da Rocinha. A dt'ttnçi1o _ hrutal t' $t'm mo/il'o drcíarado - revohou 05
moradores dn lugar,
precedente.
(53) Mais um condenado ~ levedo à cadeira elétrica nos EUA. A cena foi
Iilrnada pela Tv americana e chorou os telespectcdores.
Com base em análise prévia. parece ser possfvel nfirrnar quc o portu-
guês tem, em diversos desses casos. um comportamento diferente. pelo
menos relativamente ao francês e ao alemão: poder-se-ia dizer. à primeira
vista. que nossa língua é mais "tolerante" quanto à inrcrrnmbialidade do
demonsmuivo e do definido. Basta. por exemplo. retomar ()~ exemplos
aqui uprcscmados. 4UC permitirão verificar quc.u par de casos categóricos '
de emprego de uma e outra dessas formas. parece haver uma extensa faixa
intermediária em que eles se encontram em variação livre.
(57)" velha scuhoru desaba sobre a cadeira da cozinha. E quando sua arniga
chega. não encontra a avezinha. ma~ 11111 !Uontinl", dt" inft"liddlldr, 111/1<1 roi!illl",
Referenciação e argumentação
derá
teor
tal
csp~lh"r morte e doenças
irradiativo. pela nviac•:.10 none-amcricann ..'ohre" tcmtõri" ,·"lo111hiano.p0-
~ohr~a I'0pu\a,;"u' brasileira e dos vizinhos.
come ocorreu no traque (' em KO~O\'(I, ,e~uml{l pesquisas realizadas após os
p;lhe.,
conflitos. Essas [arOl trrr{l"('j.\ poderão ocorrer ~c se rompruvarcm as suspeitas ...
(Fo/llll de S. PaI/lo. Caderno Dpiniáu, 16IfJ-J/UI)
de
(59) O dossiê Carifc
seu~ amigos tucanos -
f Ol<li~ um fato nebuloso do
governo AIC c de alguns
acu',,(\"" dc rnamer c••ntas M:nC!:1> no ~.\!crior.
deP~h:;~::;·~~:":'~~:~'~'~~:~J;~~ua~;I~::~~.,,::~'~:i~:I'1~~'~~~~:~~
maior parte tio IJtII,,·I,í,w
t';~~~e~~~~~~
fosse I1l~S1ll" fajuta. r.las c" n:,IO? CF,'mando Rodrigues.
"0 do,siê re~uf!.!itado·'tFI)1I1<1 ,,," S. /'al<lo. 05f().lf(Xll.
A ANÁFORA INDIRETA
(I) De acordo com tcgtcmunhns , o a\'iào saiu de sua reta POUl"U depois de
d~olarefezurlló1meia-\"n1t3.quanduMlhrc\"na\'aGonc:ssc.r\lIIlII!IP"rateria sido
uma tentativa do piloto de reconduzir 3.aeronave ao aeroporto (Fo",,, dI' S. Pau-
10.26/07100).
A CONCORDÂNCIA ASSOCIATIVA
(2) Grandt' partr das i/1\"(win di terras ~o provocadas pela absoluta mísé-
(8) Cada uma dessas :riwo(';t'j podem ser caracterizadas a partir de quatro
parâmetros.
As gramáticas tradicionais da língua portuguesa aceitam (1), (2) c
(3) como casos particulares de "dupla concordância" e condenam os de-
mais empregos acima atestados, embora registrem, no eapítulo destinado
às figuras de sintaxe. a silepsc de número, em especial se quem a ela recorre
é um autor consagrado, Em Cunha (1979: 330) encontra-se (l exemplo:
(9) "O ca.1/11 não tivera filhos. mas criaram dois ou três meninos. (A, F.
Schmidt.GB,28Sl.
Justificativa proposta
A-concordância associativa-
(12) É verdade que. quando lemos. n50 nos damos conta de que esta hislIÍ ria
estejaaconlecendo.eslejalOmandofornlag.raçasanós.
(13) Sofia dormia. O jornal estava caído aos pés da cume. o l'in:l'iro CSI.;I\'a
cheio até a borda.
(14)JoãofoiaSS:lSsinadonoparque.Afilcafoiencontr:wJ.an:lSproúmidaJes.
(15) A guerra f uma boa época para Saint Mala. Eles não conhecem festa
mais animada.
(16) O casal de milionários decidiu adotar um menino. que viria a herdar sua
fortuna. O orfanato, por engano. entregou-lhes uma linda menina.
(19) Tenho 17 anos, sofro de acne. e na minha Iamffia ninguém leva a sério
meu problema. EIl'1 me:di:em que não t nada.
Microssintaxeemllerossintllle
(23) Toda a rua chor~rnm a morte de SC1I mais ilustre morador (ilkm).
DES'ffiIIl .•••moosS!GRtOOOOO1!XTO
al-
l
ternativas. mas não mutuamente exclusivas:
1. tratar-se-ia de um começo de gramaticalização de certas estrutu-
ras discursivas: alguns esquemas da concordância associaüva estariam se "
ritualizando. de fonna que. se a evolução prosseguir no mesmo sentido.
elas acabarão por se transformar em relações gramaticais. levando ao de-
saparecimento da.s normas de concordância e ligação existentes, pelo me-
nos no nível dialetal;
2. estaria ocom:ndo um rompimento, em duas panes, da unidade-
cláusula: SN c SV, ao se tomarem micruxsintaticarnente desconexos. po-
deriam estar evoluindo para o estatuto de cláusula s rnacrossintaticamente
autônomas, em razão da discursivizaçãc da estrutura sujeito-predicado.
Daí a freqüéncia de períodos hinários do tipo: "Minha famüiurcstâo feli-
zes", isto é. considerados como estruturas de tópico, que. como se tem
mostrado. vêm-se tomando dia-a-dia mais freqüentes no português falado
e estendendo-se. inclusive, para a Hngua escrita. Seria este o caso dos
exemplos (6) e (8).
A con<>eqüência teórico-metodológica .im~rtante qu~ sc. pode tirar
destes fatos é a da Imbricaçâo. mesmo no l~ten~r da mms. Simples da.••
f . d n.ncíonemcmos micro- c macTIlsslOtál1cos, ou seja, a co-ocor-
r~S~:' d: ~~gularidadcs morfossintâticas c pra~má!iclJ-dis.c~rsi\'a.s: o que
comprova que stntaxe e pragmática não c~nstltucm domínios disjuntos.
mas sim cncontram-.~ profundamente interligadas na construção dos enun-
ciados lingüísticos.
CAPÍTULO 10
A PROGRESSÃO TEXTUAL
(2) Co) "Se os olhos vêem com amor, o corvo é branco; se com (>di\>.o cisne
é negro-sc com amor. o demônio ~ fnnnoso: se com ódio. o anjo é feio: se com
amor. o pigmeu é gigante; se com ódio, o gigante é pigmeu (...I" (t'c. Antônio
Vieira, "Sermão da Quarta-Feira", Trechos t'scollridos. Ed. Agir).
(3) (...) Atribuir características negativas aos que nos cercam signiflca res-
saltar nossas qualidades. reais ou imaginárias. Quando passamos da idéia à ação.
isto I, quando não apenas dizemos que o outro é inferior. mas agimos como se de
fato ele o fosse. estamos discriminando as pessoas c os grupos por conta de uma
característica que atribuímos a eles.
(51 Tinha um negócio oe uma sede, ai no JO.1U Carlos. c. toda vez que I;nho
festadançantc.quanuof"raassim ... uma certa hora da noite.quase já pra banda da
meia-noite. Ilf'íIrl-c;tI aquele camarada, lá na festa: lodo mctidJo. todo úe branco.
lodo no pitose.
Ai,c1e se agraüau de Ull1adona (...)
{Santarém Conta.... O cara IIIclidào, pp. 95·96).
(7) Era uma vez um velho pescador. O pescador tinha três filhos. O filho
maisnovolÍnhaumhurrico.Obumcoeramuitoesperto.
(8) O Brasil (: I) maior país da Arnéríca do Sul. A região norte f ocupada pela
Bacia Amazônica c pelo Planalto das Guicnax. A região nordeste possui. em par-
te, o clima semi·árido. A região sudeste é ahnmentc industrializada. A região sul
recebeu grande número de imigrantes europeus. A região centro-oeste abriga,
além da capital- Brusflia -. o famoso Pantanal.
(lO) Era uma vez um velho pescador. O pescador tinha três filhos. O mals
~\'o era José. Dono de um talento invulgar, sempre conseguia tudo o que dese-
java. Até que um dia.,.
(16) O Diabo sentiu, de repente. que se ncbava no ar; dobrou l1S asas e, como
um raio. caiu na terra.
Continuidadetemáticl
Progressliolcontinuidade tópica
Progressão t6pica
Continuidade tópica
Para que um texto possa ser considerado coerente. é preciso que apre-
sente continuidade tópica. ou seja. que a progressão tópica - no nível
seqüencial ou no hierárquico - se realize de forma que não ocorram rup-
turas definitivas ou interrupções excessivamente longas do tópico em an-
damcnto: inserções e digressões desse tipo necessitam de algum tipo de
justificação, para que a construção do senti.do ~. portanto .. d~ coerê~cia.
não venham a ser prejudicadas. Isto é, ri topicalidade consnnn um princí-
pio rganizador do i. O.
Goutsos (1996: 504) salic que uma tarefa importante do produtor
do cxto é indicar a descontinui de dentro da continuidade mais ampla
que s 'S ra do texto J;I. cumpre-lhe monito.rar a interação disc~irs~-
va em termos e seqUencia1i:r.ação e segmentar o discurso em blocos, indi-
cando suas fronteiras, isto é. sinalizar a descontinuidade porventura exis-
tente entre eles.
o autor pergunta ainda se haveria necessidade de sina1i ambém a
COntinUidad.c. especialmente por se trnt~aso defauít na inte taçâo,
de acorde com o Princípio da Analog~{~,:",n & Yule. 1983). Se undo
ele. a sinalização da continuidade cria rcdundftncill- exro. o que uz o
esforço exigido do leitor. assegurando-lhe que está no ca' certo e
possibili1ando-lhe ir adiante. Além disso, I) reforço da continuidade faria
ressaltar a dt'scontinuidadc, quando ela ocorresse.
É IX)Ttodas essas razões que se faz necessário ao produtor do texto
mobilizar. na sua construção, estratégias de continuidade e estratégias de
mudança (.fhift).
Continuidade. portanto. envolve progressão. A progressão textual.
por sua vez. necessita garantir ti continuidade de sentidos. o constante ir-
e-vir entre (l que foi dito c o vir-a-ser dito responsável pelo entretecimento
dos rios do discurso. E, para viabilizar o constante movimento de progres-
são c rctroação. n produtor do texto dispõe de uma série de estratégias.
entre as quais desempenham papel de relevância as destinadas a assegurar:
1. continuidade referencial - a continuidade dos referentes ("obje-
tos de discurso"). obtida por meio das cadeias referenciais. não permite
que estes sejam "arquivados" na memória de longo termo, mantendo-se
em estado de ativação - em foco - na memória de trabalho. durante o
processamento textual. mesmo quando "encapsulados" ou recaregorizcdos:
2. continuidade temática - o emprego de termos de um mesmo cam-
po semàntíco/lexical mantém ativado (J trame de que tais termos são re-
presentantes: por outro lado, em SI: tratando da progressão por encadea-
mento. o tipo de relacionamento que estabelece entre segmentos textuais e
a explicitação de tais relações sempre que necessário permitem ao
interlocutor verificar que não se trata apenas de um agtnrncradc de frases
isoladas. mas de um contínuo textual dotado de sentido:
3. continuidade rõplca-c- o uso destas estratéglus garante a manuten-
ção do supcrtopicc c dos q~adros tópicos em desen,\'olvimento, embora
com a po~sibilidade de desvIOS.o~ n~udilnças (.1'hifts),Já que os tóp~cos nà,o
são entidades estáticas. mas dtnãmrcas. podendo ocorrer alterações tôpi-
cas ou mesmo a introdução de novos sUht?piCOS ou ~g~lcntos t6~icos.
OS ARTICULADORES TEXTUAIS
~~~:~;l~~~i~~x:~~r;:~JE~
i :~~~~~
Desta forma, os ai rladorcs textuais podem ser divididos em três
grandes classes: os ~c Ionteüdo Prupos~ci~na os@unciativos ou
discursivo-argumemativok c os§cta.cnunClullv0::j
(1).tI J'rim ••im I"'~ qu •••• /•• a l'IICUm",,., fui à porta da loja Paula Brito, no
Rócio. E~tava au, ~'1U UllIa hlamel I",'nna. e esperou, já: alvoroçado. porque ele
tinha em alto gruu a paixão da_~mulheres. Marocas vinha andando, parando e
olhando como quem procura alguma casa, Defronte da loja, deteve-se um instan-
te; depois, envergonhada e a medo, estendeu um pedacinho de papel ao Andrade,
e perguntou-lhe onde ficava o número ali escrito (Machado de Assis, "Singular
Ocorrêncta'', in Contos, p. 37),
(2) Fiquei triste por cmaa do dano ('ousado a lia MarcoUr",; fiquei também
um pouco perplexo, não sabendo se devia ir ter com ela. para llu: dar li /risu
nolreia, ou ficur Wllw.ndo como da CIIS<!,segundo alvitre. para mio desamparar a
casa, I' porqul', se a minha prima enferma estava mll/, l'u.l6 ia aumentar a dor ({li
mill'. sem remédio nenhum (Machado de Assis, "O Espelho", Comas. p, 31 ).
9:> Articuladolesenuncia.fu:psoudiscursivo·argumentltivos
(3) A coluna vermelha Fica com o governo Ou. I' prl'ferir, com o contrí-
buinte (Josias de Souza, "De bancos e geladeira' olha dI' S. Pau/o. 22111195)
(4) O silêncio era o mesmo que de dia~- noite era o sombra, era a
saUdão ainda mais estreita, 011 mais larga (~de Assis, "0 Espelho". op.
cit., p. 32).
(.5) _ Oh! FOfa bom se se pudesse: ter medo! Viveria, Mas o caractertníco
daquela siluação I quI' rll nem sequer podia ter medo. isto i, o medo \'ulgannen·
11' I'nll'nditlo (Machado de Assis, ido ib., p. 32)
(6) Para avaliar o meu isolamento. hasta saber que eu nem lia os jornais;
salvo alguma noticia mais importante que levavam ao coronel, eu nada sabia do
o. Enrl'ndi, portanto, 1'0//01' para a cone. nll prímeíra ocasião,
qut: ti $$1' dr brigar com o vigário (Machado de Assis, "O Enfermeire'',
2).
osm!CUl.l[)()Ol[STEXTU.rs IH
(8) (...) Varíola ou ínlluenza, outro vfrus di~ronfvel no paiol biológico _ cau-
sadordeumOlpnc:umoniaqueprogridc:driblandoosistemaimullOlógicoat<!TT131ar
_, são as duas possibilidades mais temidas. Afinal. um terrorista suicida precisa
apenas contaminar-se: e passar duas semanas viajando pelos aeroportos do globo
para causar urna epidemia de proporções mundiai~ (Vl!ja on-line, 27/101(1),
Aniculadoresmeta-enunciativos
(,t~:-?di~isaOSOCiatdotraha!hO,aSSOCi3daaoSdirdto5de
prnpne~ pelodmheirn. é uma maneira um tantoengenhosa de or-
ganizar a produção. Na medida em que caua indivíduo subordina sua cxivtência à
tarefaquclhccat>cncssugigantescaorganiz.açãosocialchamauasocicdaueeapi·
talista, é de esperar que, 'no conjunto da obra' esse arranjo parc~'a bastante Iun-
cíonal. Nilo há como m'x"r que. excluindo todas as demai, uimcll'~' da "ida ,
humana, o capitalismo é um eficiente sistema produtor de mcrt3,lorias. N50 por
acaso, desde Adam Smhh, muita gente boa (e muita gente s:lfadal tem exaltado
essa eficiência corno forma de alcançarmos ()bem-estar geral (Marcelo Manzano,
"Eu e o Mundo", CaroIAmi,li'o.r. 1\" 54. setembro 2001).
(!-2~,cocstáscndOfeit"parasedeS"endarde\'e1.{)"miS.
tério" ~~i~-tla Costa Santos, prefeito da cidade de Campinas.
cruelmcmeassassinado no infcio de setembro.
(18) al,·t'~jj ut' mdhor pensar em modificar o atual estatuto. que, a" que
mt'[>(lre senta algumas lacunas que poderão criar problemas futuros.
(19) No meu modl'.fto modo Je entenda, (rrio que deveríamos ~nctir um
pouc(lmajs~rcessaquestjo.
8. l/IetajOmTUlllti),(J$:
a. comentadorcs da rorma como o enunciador se repr~.'iCnta perante
o outro no ato de enunciação (francamente. honestamente, sinceramente):
c. nomeadores do tipo de ato ilocucionário que o enunciado pretende
realizar (eis a questão. a título de garantia. minha crítica é que. cabe per-
guntar~ ... ):
(23) Inf: porque ... a assistência odontológica ... implica evidentemente ... em
custos ... demasiadamente elevados para o: ... u público ou !"Ir .• a coletividade ...
ou a grande massa ("("'''' nós ... chamamos "(jhilll,,II/l/'nl~ s~hcmu~ por cxem-
pio ... que ... toda e qualquer cirurgia ... no campo médico prupriarnente dite ...
implica ... obrigatoriamente ... em despesas ... as mais elevadas ... despes:L~ essa~
que os associados não têm realmente condiç{lCs... de: ... conseguir um meio ou
uma m31'lElra ... diJ.:amo.! assim de levar adiante aquela coisa ( )
(...) sabemos pore!templo que o sindicato dns eomerei:iriosfX"(jfolard~
um assunto '1rl~nos 10m... fX11i1l'ortiru/unnmlt' possui uma gr.•nja na cidade
de Curpina ... e que proporciona ... àquela iMENsa LEva de associados ... UOl
lazer realmente magnífico ... UOl momento de: ... descanse um momento de:
feliciOAde ... I,m/emns dizer assim ... a todos aqueles ... que vão ... até lé em busca
de PAZ de sossego e de tranqüilidade ... INURC·}{E. 010 131:18·~).
f introdutores de tópico:
:~~::,~:;:::~~~~:~;:::~:~~~~~;;~:",':;~;:
dois meses parnlític:I de cama ... dai 'I"'. !1ll'lI pai (chamou- nos (') rdi"ej "ah o
i~~:~~~~.
mais ... ( ) ninguém queria tr.lhalhar ... por~uc vra QUATRO .\IOLEQUES EN-
.;i;:~:;~~:'.:,~:j:::::~';::::::f::::~:::~,,~~::;,:,i;~:~;'
filiada culta 1/(1cidade dr S,},. I'<lu!o. Entrevietuv. São Paulo. T. A. Queiroz. 19l!1I.
v, 111,pp. 90-92).
~~~mé~::'l:~::~ ~l~ll~:\i~a~.od:~~~:~~-~~:;;~X:~~;:~~~~~~~i~~li.~.()~~g::;i;l:I~~n:~:~
responde a e~~c~ cstlnlll]os com passividade vocês sabem divso ... n organismo é
essencialmente atividade ... t'/1/ào a percepção não !\.C f;]l.... p"r U1!lasérie de
sensações qUt: ferem o organismo todas elas se juntam ~ dJ.o a percepção ... a
nho a ele mas ele viu um indivíduo subindo num poste de uma maneira muito
f;lcil... nra cm toda esta região os índios sobem em certas árvores ... por exem-
1'10... certas formas de ( ) ... qUi' c/rama·si' .•. em português chama-se boldo l'(/rrC"t'
é uma planta que dá uma seivaaçucarada da qual K faJ.uma rapadura que aliãs
é deliciosa e um uma espécie de melado então eles sobem até certa altura da
árvore c talham subir numa árvore por metes relativamente eunples como seja
tiu ...
~~:l~::~~~:
~:~~
~:~ã~~··á~~,~;~~~."r~
~:5;~~:c~:i:~~e~~U~~) i:~ii~(~::n~
que ele compreendesse ele tinha u~ esquema anterior ~() qual os tstímulos
novos podiam ser enquadrados certo? .. ssto I...para que haja percepção ... ~ ne-
cessário antes ... que já haja uma organização do campo perceptivo ... claro? ...
qUl'r diur.,. Il'rtciso ... qUt haja .., um ceno modo de estruturar este mundo por_
que senão a~ cuisus não fazem sentido... n30 sei se vocês ... ahn conheceram na
época em q~e eu era e\tudante n~ Estados Unidos havia uma voga muito grande
de certas CUEsas ... certas piadas... o que ~ i~tu? .. alguém mo: diz?
1.lJ(.·.Aâdf'nla/: moa al·e...
Inj:.uma J\"c.".' quem me dá OUtropalpite? O que f isto? «vuze.~JJ vamos
fazer maIs.:. é nsetm ((I'o/es)) f uma cantora de ópera italiana vista dn caixa do
pomo ... «rISOS.c I'OUS)) a caixa do ponto... «(vozes»)quer ver havia uma outra
que era uma girafu passando na janela de uma catedral como era? ... bom mas
;::~:<~:S~~~~E;<;::::~~;f::'<~L::";<>i~
chctcs ... as noticias ... de repente há uma fotografia vocês olh~m... c à prirneir.t
vista aparece um cmbara1t\Jdo de massas... de repente nx:ê, olham c percebem
as coisas ... já tiveram essa experiência? (Castilho e Prcti (orgs.). A IirlKuugf'm .'
falada ("li/til na ri/lm/f' df' S. Pau/o. São Paulo. T. A. Quciwl .. 19Mb.pro 63.65).
Em decorrência da
Em conseqüência da
(3a) A Famíliaera tão pobre que o jovem foi obrigado 3 trahnlhar dcsde cedo.
(3b) A famâia era muito pobre. de sorte que o jovem foi obrigado a trabalhar
desde cedo.
(3e) A Iamüía era muito pobre. por isso o jovem foi obrigado a trabalhar
desde cedo.
(3d) Por ser a família muito pobre. o jovem foi obrigado a trabalhar desde cedo.
J
(4) O trabalho prematuro ~ecorreu d extrema pobreza da família.
deveu-se à
derivou da
(60) O jovem truoolhava desde cedo por ser a famíli a muito pobre.
Alente-~ melhor aos exemplos (2) e (5). O que diferencia esses exem-
plos é. tân somente. a posiÇão do adjunto adverbial veiculador da idéia de
causa. A hipótese que se pode levantar a partir deles é que o sujeito. ao
produzir o texto. operou um "cruzamento' entre o item testcat conse-
qüêllcia f! lima das formas dI! expressão da noçào umântica dI! causa,
aquela em que se antepõe ou pospõe o mljunto adverbial de causa. Ressal-
te-se. também. o que parece ser um dado interessante. que nào se cncon-
tra. na descrição gramatical. um adjunto adverbial dt' conuqüincia. isto
é. as locuções em decorrência de, ,'//I conseqüência de etc. introduzem a
causa do evento de que fala o enunciado:
• a pobreza foi a causa do trubulho prematuro do jovem:
• o trabalho prematuro do jovem deu-se em conseqüência da pobre-
za. isto é. a pobreza (causa) teve como conseqüência o trabalho
prematuro.
A naturalidade de perguntas do tipo: "0 jovem foi obrigado a traba-
lhar cm conseqüência do quê? "Em conseqüência do que (J jovem foi
obrigado a trabalhar?". em que o objeto da pergunta é justamente a causa.
pode ter influenciado tal "cruzamento", levando () candidato escolha à
(7h)A Ic~ãonoeérebrofoiacaumdesuamorte.
Este item está diretamente relacionado ao anterior. uma vez que a forma
como se processa o fluxo de informações no texto provém de conuqüências
nlnantts do contexto. ou seja. t"ltmrr!lOJdo plano cognitivo I' tntrratívo quI'
,.ao t'ltar rrflt'/idOJ dirrtamentr n.o tt'XIO(grifo nosso).
Consideraç6esfinais
EPílOGO
LmgUí~hca Tt'lIlUal'.'''
Por seu rumo. ,\ru", (1'J97, prupõe: que. par •• obter uma n:SpolSlU 3
e~~ I.j~\tlio. <,epana da pt'l'lOunt .• : "O que deve' e I) que pode c.\plicar a
LlngOí~llca TC:\Iual"" St-gulklo,-]c, par.! se chegar 11uma n:'p'lStll concluo
vrva, importa saber o que 11UnguislIClI Tc,\Iu:1I tem-se pn'fK~rn C'.\plk:u
desde o seu _urgltnen!o. ou melhof. corn qual conceito dt- tCUn \'('111trabll.
Ih:mdo. O que pôde venücar é que \:1rHl~cooccrcõe, dto h::.\h, têm acom,
panhndo 11 hislóna <k••;.a dl.S4'Ilum. kl'allllo-a a as'unllf (1JO~~s
dl\cl').õL\. entre a~ qUlll.) se 1\.,io:lI1 ru:\I:N.'ar:
1. IC.\IO como fl:;~ complcJ.a tfunüalllcnt:.1,,'1iu gl'arnõdll'al!;
~~E:!i.~;:~71~:~~~;~~
públiCO dIversas coletâneas so re o tema (Charolles. erõrt & SÜ1.er,
1983: Neubauer. 1983; petõfi. 1986: Sõzcr, 1985: Conte, Pctõf & Sõzer.
1989. entre várias outras), além de artigos e obras individuais. Também
no Brasil, as pesquisas sobre coesão c coerência textuais tiveram grande
desenvolvimento, frutificando em uma série de obras sobre o assunto.
Podem-se mencionar, entre muitos outros, os trabalhos de Marcuschi
(1983), Koch (1987,1989, 1992), Koch & Travaglill (1989.1990), Fãvero
(1991) e Bastos (1985). Além disso, outros critérios de textualidade pas-
J
saram a ser objeto das pesquisas sobre o texto, tais como Informatividede,
,""'"
~~ade. inteneXlualidadc, intencional idade, aceitabilldadc (cf.
tê~~~I:~1~el:vin~~~o~ocati7.açãO, consis·
Situação atual
~~:::';~:;~~::;~;~b
A partir desse momento. com o desenvolvimento cada vez maior das
~~~~~;~7:~~~~~:.
P'"
~cnln .ocasla" llo proccssumcnto. às c~lnl!égia" sociocounitivas e '
mtcr:lcmoills nele envolvidas, entre muitas outras. passaram a ocupar u
centro do.' interesses de diversos estudiosos do campo. ,\ título de caem-
pio. rodeio-se destacar as obras de Hcincmnnn & Vichwcgcr (1991), Koch
& ücsterrcichcr(I990), Nusshuumcr (1991), Adam (1990c 19(3), c van
Dijk (199·1,1995, 1997),cntrc várias outra" No Brasil. pode-sediar uma
série de trabalhos desenvolvidos por Marcusctu e por Koch (Marcuschi &
Koch, ICJI)8:Kcch & Marcuschi, 199R: Marcuschi. 1998. 1999; Koch. 1997.
1998, 1999), para citar apenas alguns,
Além da ênfase que se \'CIlI dando :lOS processos de organiza o glo-
hal dos textos, ssumem importância particular as questões d ordem
~~,ii~;:~~a~~~:::~=r~~,:i:::~n,~;tt~:~:
este a~~b-6I.ltras luzes~l@1irda perspectiva
bnkhtiniana. voltando. assim, a questão df1çgcncf(1'~,a(lÇ~arlu~
taqu~ pesquisas sohre li tex!O e rcvcla'nil~hoJc-niillcrrcnoextrcma.
mente r,.mm~
~ questão da r;fsrcnciação te~lUa!. por, excmpl~, vem sc~d~ objeto
de pesquisa de um gnlpodc autores tranco-surços (Pr\lJet~)Cogfllsclences),
entre os quais se podem destacar A,r0thélnz, Kluibcr , Ch,an)~les,
Berrcmlon,!er. Reichler-B (~n. Chanêr. ~lond_ada e D. DU~lIs~ Estes
• ores têln de I ud espceial mtere~:~\~t()es como ,a cn~çao dos
bietos-de-disc ", iUlnáfora~ss.OCI:l;?; sua con~enuaç',tO e ~lIa
ab~ . opcrJ - de nonllnahza' , suas funções, entre vãnas
outras com elas de algum forma rclacion das. O principal pressuposto
destas pesquisas é o da re re/l(';a -iío cm ,atil'ic/at/e discursiva, como é
postulado também em Marcuschi & Koch Y\)H; Koch & Marcuschi. 1998;
Marcuschi. lWK; Koch. 191)S), Desta f a, deconfonllidadc com Mon-
dada & Dubois (1995) e 1 Reichler-Béguclin (1995: 228 e
seguintes), postula-se {lU , rcferênci. é sobretudo um problema que diz
respeito às operações de adas s sujeitos à medida que () di'>Curso ,se
desenvolve: e que odiscursô ('{iiiW'õfõK:õfij@s"aquef:!zrcmiss,:lo("obJe-
tos-de-discurso"), ao mesmo tempo que é tributário dessa constnlç:io,
O estudo do texto falado, que envolve também questões de ordem
sociocognitiva e imcmcional, ganha. neste momento. uma projeção cada
vez maior c torna rumos (Jll'Crentes dos da Análise da Conversação, como
se pode verificar na obra de Koch & Oesterreíchcr (191)0) e em inúmeros
projetos voltados para a descrição da modalidade ora! da língua. tanto na
Europa, como na América, É o c lJD 'I. do Projeto dc....Grilm:í!ic;1
do Português falado. idealizado r Castilho. ue tem como urna de suas
,,~rr~mt!~~1'iüã"(lr!!ani7.(l~· li) textual-i I rutiva no português (alado
no Brasil. esta coordenada por Koc I, :{)easo.t:!mbém,d(l~~ ,
SP. coordenado pur Prcu. e do NELfE - Núcleo de Estudos Lingüísticos
sobre Fala e E~rita. coordenado por Marcuschi.
Quanto à questão dos gêneros, acima menclonãlL1. cabe ressaltar a
releuura que vem sendo feita da obra de Bakhtin (1953). na qual () autor
apresenta a sua conceituação de gêneros do discurso, Além da imponante
obra de Swalcs (1990). na Inglaterra, e de autores da Escola Nonc-arncri-
cana. como Bathiu. Miller. Freedman, Coe e Bnzerman. bem como, na
França, a de Jean-Michel Adam (1993), destacam-se, nesse domínio. os
trnbafhos da equipe de Ciências da Educação d;l Universidade de Gene-
bra. conduzidos por Bcmaní Schncuwly, Joachirn Dolz e Jean-Pau!
Bronckart. que procedem a essa rclcuura com finalidades didática. .•• isto é,
do~ta..dc-lõull~plicaç.-íc.'H!{]~ais.
, Este grupo, que considera o gênero como suporte das atividades de
linguagem. define-o com base em três dimensões essenciais: I) os conteú-
dos e os conhecimentos que se tomam dizfveis a partir dele; 2) os elemen-
tos das estruturas comunicativas e scmtõtícas partilhadas pelos textos re-
conhecidos como pertencentes a determinado gênero: 3) as configurações
específicas de unidades de linguagem. traços, principalmente. da posição
enuncíattva do enunciador. bem como dos conjuntos particulares de se-
qüências textuais e de tipos discursivos que fonnam sua estruturo. Esrabe-
lece,portanlo.distin~~ros.tipo~eseqüência.~tex_
i:
I
,,'''''
tuais (n~rrati\'as. expositivas, crgumenunivas), estas vistas como esque-
mas básIcos que entram na constituição dos diversos gêneros e variam
menos que estes em função das circunstâncias sociais. O gênero. assim
defini~o. atravessa a heterogeneidade das práticas de linguagem e faz
erucrgtr toda uma série de regularidades no uso, São as dimensões parti-
lhadas pelos textos pertencentes ao gênero que lhe conferem uma estebili-
dade de facto. o que não exclui. evidentemente, evoluções. por vezes. im-
ponantes.
Perspectivas futuras
~~~~~~r.II~~I:
:~:;~~~~~:~dl;~:~:· ~r::~~l:~~',:~~;~~~;;~;
~.os prrlCcdimentos metodológicus ela deverá desenvolver?
Com relação a todas essas questões referentes ao futuro da discipfl-
na. gostaria aqui de menci~nar duas obras que, ~o ~nal do século XX.
apontam aberturas que considero de grande relevância:
I. A ohra mais reecn1e de Rnbcrt de Beaugr~~\·os Funda-
mentos partltmla Ciêllcia do Tolo e do J)i.\·nlrs'~O/lUlllicC/_
{ciQ r Liberdade ele" Ares.fI! no Canhecimrnto t' ,I Sodec/aclf" - pnhlicada
em 1997, em que o autor. além de fazer urna excelente retrospectiva da
Lingilfsliea Textual desde SU3S origcus até os nossos dias, aponta as suas
!~
í o) 5( OESVENOAJfOOO'SSE~R(DOSOOn:l10
d:S~~;~:':~~~::
extu como "um c-vemo.comuniCil~o quaT convergem ;'~'iics ljngüf~ti-
~.~:i~!::o
~;~u~:~~~
~:~~ ~~~~~~(i~Sl:~
;:::~
processe como tal" Desta forma. os princípios de textualizaçâo deixam
de ser vistos como critérios ou padrões que um texto deve satisfazer. mas
como um conjunto de condições que conduz cognjtivamen1C~J
de um (','cnto ;nteracionalmcn\C comunicativo. Isro é, os sete padrões de
'TêiiuaHdade propostos em Bcaugrande & [)rc~slcr (19R I) não são crité-
rios que permitem identificar as fronteiras entre UIlIICXIIJ c um não- texto,
mas sim as condições para uma ação lingüística, cognitiva e social na qual
eles operam como modos de conectividade em níveis diversos, mas inter-
relacionados.
Uma Lingüística Textual como ciência do discurso e do texto deve-
ria, pois, montar seus modelos com base em uma agenda mínima
(Beaugrande. 1997: 144-145), que consiste em:
a, definição dos objetivos (por exemplo, "liberdade de acesso ao co-
nhecimento e n socIedade através do discurso");
b. definição dos lemlOs-cha\'c c conceitos numa terminologia siste-
mática. com um uso cOnSIMCnlC ucrmos vistos como ccmrus de controle
para a ativação glohal de conhecimentos sociais. discursivos c cognitivos):
c. .;Icesso às ::lth·jshll!cs..impIK...!as pela construção do modelo como
ações cognitivas. discursivas e sociais (ações de identificação, conexão.
expcricnciação. temporalização, espaciallzação. observação. mensuração.
predição etc.).
2. Q trabalho recente de GerdArun.~ - "Texto ais Konstltutionsformcn
von Wisscn" -c-rambém publicado em 1997. in Antos & Tictz (nrgs.). Die
Zukwift der Tealínguistik, no qual {I autor defende a posição de que textos
são. lingüística. conccprual c perceptualrneme.fimn/lJ de ('08I1iriio social c
que seu papel. no contexto da evolução do conhecimento. é II de constituir-
se cm ponto de punida e de chegada para a ancoragem da Lingüística de
Texto no quadro de uma teoria da evolução cultural. Amos. em sua argu-
mentação, parte das seguintes premissas:
a) a moderna evolução do conhecimento, com sua multiplicidade
cultural, histórica e funcional. seria impossível sem a existência de textos,
formas Ilngülsticas da constituição e organização do conhecimento com-
plexo. Esquece-se. muitas vezes, que todo conhecimento coletivamente
l.
tl'lLOGO
~E~~:;,;?:,:;::::,~::~:::::'~~~~:~:;:~:','~;:;'::~;,~i;~:i
como teorias sobre (UP('CIOS do mundo, Compreendidos corno Iormns <lo:
~:::;;:~~i~~:S~z~~;::',:;~::~~~:o;~~~~~~;
meio, da pcrspecrivn. da foculiznçào ou da ()rganila~';'iíl figura/fundo,
balanceamento entre dito e não-dito (ou seja. a relação entre prl'.""Up(lSIO~,
explícitos c infcrfveic], escolha da modalidade (verdade, vcrossimilh.mça,
ficcionalidade),lxm como emprego de recursos estilísticos etc. Todos estes
aspectos se inter-relacionam com a urquitctônica rextual:
men!(;l·c~~I;~:~~:S(!~l~C~~lrll~!r~;:~;.~cuir:;;:~ii;:~11~~CI;~rl~~n~:~~~~~
er~tos,pennilirsu;lrea!i\'ar •.iío.tL·.o.,t:í·lo.a\·ali:í_lo.l'llrrlj,:i·lo,
sltuaclonais
rcesmnurã-lo. tirar novas conclusões :1 partir daquilo <jUC jd é comparti-
lhado. e representar Iingüisticnmcntc, de forma novu. novas relações
e sociais.
Q
\lS ressalta tre.~ aspectos decisivos da concepção I.••.
'r ele proposta:
cxtos como modelos de mundos d:l0 origem, por uefiniçiin, cn-
qua nodclos de algo", 11 concnrcnnçõcs (Zus:ullmenh;ingc) de Sl,rttido
coerentes:
2. corno modelos. eles Incorporam "conhecimento sobre algo", C:lSO
contrário. permaneceriam pruposicionahncnre vazios;
3, textos como modelos precisam ser. via de regra. formulados lin-
gulsrícamentc. para poder preencher pressupostos cognitivos e comunica-
uvos.
Daí resulta que. tomando por base o conceito de texto assim csmbc-
lecido. é possível pleitear uma Lingüfsticu de Texto fundamentada numa
• Teoria da Evolução Cultural, cujo objeto será explicitar a evolução culta-
rul da geração (c:ré-geração I, organização e transmissão de formas de cogni-
ção social c:de formas de uso social do conhecimento (inclusive formas de
distrihuiçãn comunicativa). Ou seja. cabe-lhe por tarefa explicitar todo c
qualquer aspecto da evolução (hoje universal) tio conhecimento que diga
respeito a modelos e formas lingüístlcas. conccptuais e perccptuais do
conhecimento, hem comu aos rnoJos de seu emprego comumc.llL\o.
_~ [ ?s textos: .como formas de cognição social. permitem a~ homem
orgaurzur cogmnvamente 11 mundo. E é em razão dessa capacidade que
são também excelentes meios de intercornunicaçâo. hem como de ~
-fci~Ú~:~:~~~(}~
:~~~~~~
~~r {~:;;isn~::::;;~~':c~~7
~t;~. r~~l~~:~~
c só assim adquirem validade c relevância social. de tu! modo que os tex-
tos não apenas tornam o conhecimento visível, mas , na realidade.
sociccognitivameme existente. A revolução e evolução do conhecimento .
necessita c exige. permanentemente. formas de representação notoriamente
novas c eficientes.
Assim. a Lingllf~tica Tcxuw..com esta nova cEI pç~to.
parece ter-se tomado um entroncamentoõfllrn~a convergem muitos
caminhos, mas que é também o ~nto de partida d ml' O!Wl.cles~ di-
versas direções. Esta metáfora d'i't:ingüíMica.dc cxto corno c~
partida c de p~m ~e muitos ~ inclusive novos - desenvolvimentos
abre perspccnvas otimistas quanto a seu futuro. como parte integrante não
~6.da Ciência da Linguilscm. mas das demais ciências que têm co~
jelto cemralo scr hujgg .
A iência ou Lingüística de Texto sente necessidade de intensificar
sempre mais (J diálogo que já há muito vem travando com as demais Ciên-
cias - e não sõ as H~manils! ~. transformuudo-se num~~
integruti va" CAntos & Tietz, 1997). E li caso. por exemplo, do diálogo
conr.rFitm-ofia da Linguagem. a Psicologia Cognitiva c Social. a Sociolo-
gia InterprüJ1lt'a. a Antrupologia, ~aCnm\lmcação. a~
a Ernomet o ógia. ;1 Etnograna da, ma l.T. temente. com a
~~:o~~:~~{) ac.l":~;~:~~::~I:
.Ia_~
~a '~~(l~~ ~~gni~'ã\l" :l'~:~
assim~uda vez mais, um domíni~lidi.sciplinar_~l que se
busca compreender e explicar essa entidade muhifncctada que é o texto-c.
fruto de um processo extremamente complexo de interação e construção
social de conhecimento e de linguagem.
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