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EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Autora: Gesã Pinheiro Santos Braz

RESUMO

Falar das Necessidades Educacionais Especiais vai além de identificar o tipo


de síndrome ou dificuldade que o aluno apresenta. Baseia-se no propósito de
deslocar o foco do aluno e direcioná-lo para as respostas educacionais que ele
requer diante de suas capacidades para aprender, evitando enfatizar os seus
atributos ou condições pessoais que podem interferir na sua aprendizagem e
escolarização. Assim busca-se uma resposta do sistema educativo, do poder
público, da família e da sociedade em geral quanto a sua funcionalidade no
sentido de não apenas garantir o acesso deste aluno na escola regular, mas
promover as condições necessárias para permanência deste alunado sem
restringir ou comprometer os trabalhos oferecidos numa sala de aula comum,
mas de maneira que todos saiam beneficiados.

Palavras-chave: Educação Inclusiva, Formação do Professor e Políticas


Inclusivas.

INTRODUÇÃO

A dimensão da cultura inclusiva é a possibilidade da criação de uma


comunidade escolar Segura, acolhedora, colaborativa e estimulante na qual
cada sujeito évalorizado. Esses valores devem ser compartilhados por toda a
comunidade escolar (estudantes, familiares, membros do conselho escolar,
professores, funcionários e gestores). Uma comunidade acolhedora é a base
para a convivência de respeito e valorização das necessidades, implica no
desenvolvimento de valores que mobiliza as pessoas a pensar, viver e
organizar o espaço da escola, incluindo nele todas as crianças. A inclusão de
alunos com necessidades especiais no sistema regular de ensino tem sido um
assunto bastante discutido, tanto nos segmentos educacionais quanto nos
sociais, no entanto falar de inclusão não é tarefa fácil, porém necessária. Incluir
não significa colocar o aluno na escola sem dá condições necessária de
permanência e assistência educacional, mas sim dá suporte pedagógico, além
de um ensino de qualidade que desenvolva de forma tridimensional as suas
potencialidades, sejam elas: cognitivas, motoras e afetivo-sociais.

A Constituição Brasileira em seu inciso III do Art. 208 afirma que o atendimento
educacional ao portador de necessidades especiais deve ocorrer
“preferencialmente na rede regular de ensino”. E esta afirmação é reforçada
com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº
9.349/96) que prevê “currículos, métodos e técnicas, recursos educativos e
organização específica” para o atendimento adequado de Necessidades
Educativas Especiais (art. 59, I) e “... professores de ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns” (art. 59,
III). No entanto, apesar destas leis assegurarem a presença dos portadores de
necessidades especiais no sistema regular de ensino ainda encontramos
inúmeras barreiras que impedem que estas políticas de inclusão sejam
realmente efetivadas, dentre elas podemos citar, a falta de preparo dos
professores, da escola e dos membros que a compõem.

2. HISTÓRICO

2.1 Conceitos e Fundamentos da Educação Inclusiva

A educação inclusiva é um processo em que se amplia a participação de todos


os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se de uma
reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de
modo que estas respondam à diversidade dos alunos. É uma abordagem
humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo
como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de
todos.
O princípio da integração visa o estabelecimento de condições que facilitem a
participação da pessoa PNEE na sociedade, obedecendo aos valores
democráticos de igualdade, participação ativa e respeito a direitos e deveres
socialmente estabelecidos O princípio da integração, muito estudado por três
décadas (1960 até 1990) abrange todo o processo educativo. Integrar não é
apenas colocar a pessoa com necessidades educacionais especiais em
qualquer grupo, consiste na aceitação naquele que se insere. O ideal de
integração ocorre em níveis progressivos desde a aproximação física, funcional
e social até a institucional.

As diferenças individuais são valorizadas e respeitadas no princípio da


individualização. Individualizar o ensino significa atender às necessidades de
cada um, dar o que cada um precisa para seu desenvolvimento pleno. A
individualização pressupõe, portanto, a adequação do atendimento educacional
a cada um, respeitando seu ritmo e características pessoais.

2.2 Diretrizes Históricas da Educação Inclusiva

As discussões sobre a educação Especial e Inclusão não são tão recentes,


portanto, é necessário fazer uma breve digressão histórica para
compreendermos melhor seu significado no momento atual. De acordo com
reportagem publicada na Revista Nova Escola, Editora Abril (2009), o
desenrolar da Educação Especial no Brasil segue em destaque a ordem
relacionada: 1854 – Problema Médico: Dom Pedro II funda o Imperial Instituto
dos Meninos Cegos no Rio de Janeiro e não há preocupação com a
aprendizagem; 1948 – Escola para Todos: é assinada a Declaração Universal
dos Direitos Humanos, que garante o direito de todas as pessoas à Educação;
1954 – Ensino Especial: é fundada a primeira Associação de Pais e amigos
(APAE), na qual o ensino especial surge como opção para escola regular; 1961
– LDB Inova: proclamada a lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional
(LDB), a qual garante o direito da criança com deficiência à Educação,
preferencialmente na escola regular; 1971 – Retrocesso Jurídico: foi
estabelecida a Lei nº5692/71 que determina "tratamento especial" para
crianças com deficiência; 1973 – Segregação: é criado o Centro Nacional de
Educação Especial (CENESP) que tem a perspectiva de integrar os alunos que
acompanhar o ritmo de estudos, os demais estudantes se ingressariam na
Educação Especial; 1988 – Avanço na Nova Carta: a Constituição estabelece a
igualdade no acesso à escola. O Estado deve dar atendimento especializado,
de preferência na rede regular; 1989 – Agora é Crime: aprovada a Lei
nº7853/89 que criminaliza o preconceito. Esta lei só entrou em vigor apenas em
1999; 1990 – O Dever da Família; Direito Universal: o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) estabelece aos pais ou responsáveis a obrigatoriedade da
matrícula dos filhos em rede pública. Com o Direito Universal, houve a
Declaração Mundial de Educação para Todos reforça a Declaração Mundial
dos Direitos Humanos e estabelece que todos devem ter acesso à Educação;
1994 – Influência Externa; Mesmo Ritmo: a Declaração de Salamanca define
políticas, princípios e práticas da Educação Especial e influi nas políticas
públicas da Educação. No Mesmo Ritmo, a Política Nacional de Educação
Especial condiciona o acesso ao ensino regular àqueles que possuem
condições de acompanhar "os alunos ditos normais"; 1996 – LDB Muda Só Na
Teoria: a Nova Lei atribui às redes de ensino o dever de assegurar currículo,
métodos, recursos e organização para atender às necessidades dos
educandos; 1999 – Decreto nº3298: é criada a Coordenadoria Nacional para a
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, e define a Educação Especial
como ensino complementar; 2001 – As Redes se Abrem; Direitos: a Resolução
CNE/CEB2 divulga a criminalização da recusa em matricular crianças com
deficiência, com isso aumentou o número de dessas crianças no ensino
regular. Em relação aos direitos, o Brasil promulga a Convenção de
Guatemala, que define como discriminação, com base na deficiência, o que
impede o exercício dos direitos humanos; 2002 – Formação Docente; Libras
Reconhecidas; Braile em Classe: a Resolução CNE/CP1 define que o ensino
superior deve preparar os professores na formação acadêmica para atender
alunos com necessidades especiais. A Lei nº10436/02 reconhece a língua
brasileira de sinais como meio de comunicação e expressão. Em relação ao
Braile em Classe, houve a Portaria nº2278/02 que aprova normas para uso, o
ensino, a produção e difusão do braile em todas as modalidades de Educação;
2003 – Inclusão se Difunde: O Ministério da Educação (MEC) cria o Programa
Educação Inclusiva: Direito à Diversidade, que forma professores para atuar na
disseminação da Educação Inclusiva; 2004 – Diretrizes Gerais: o Ministério
Público Federal reafirma o direito à escolarização de alunos com e sem
deficiência no ensino regular; 2006 – Direitos Iguais: convenção aprovada pela
Organização das Nações Unidas (ONU) estabelece que as pessoas com
deficiência tenham acesso ao ensino inclusivo; 2008 – Fim da Segregação;
Curva Inversa; Confirmação: a Política Nacional de Educação Especial na
perspectiva da Educação Inclusiva define: todos devem estudar na escola
comum. Já a Curva Inversa ocorreu devido ao fato, pela primeira vez, o número
de crianças com deficiências matriculadas na escola regular ultrapassa a
quantidade das que se encontram na escola especial. Em 2008, ocorreu a
confirmação, pois o Brasil ratifica a convenção dos direitos das pessoas com
deficiência, da ONU, fazendo da norma parte da legislação nacional. Assim,
percebe-se que no Brasil a Educação Especial, passou várias reformas
legislativas e políticas, mas não foram disponibilizados meios suficientes para a
concretização da educação, principalmente para Educação Inclusiva.

2.3 Políticas Públicas no Contexto Atual da Educação Inclusiva

O ano de 1996 foi reconhecido como Ano Internacional contra a Exclusão,


decisão tomada na Conferência dos Direitos da Criança para o século XXI,
realizada neste mesmo ano em Salamanca. O "Informe à UNESCO", realizado
pela Comissão Internacional, sobre a Educação para o século XXI, apresenta o
mesmo seguimento, pois estabelece que a educação tenha por finalidade
transmitir conhecimentos teóricos e técnicos, estando ao alcance de todos. A
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), lei 9.394/96, traz um capitulo
inteiro (CAPITULO V) destinado a Educação Inclusiva, em seu artigo 58
esclarece que a Educação Especial, é a modalidade de educação escolar,
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos
portadores de necessidades especiais.

Seguem em destaque os parágrafos desta lei: §1º Haverá, quando necessário,


serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às
peculiaridades da clientela de educação especial; §2º O atendimento
educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre
que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua
integração nas classes comuns de ensino regular; §3º A oferta de educação
especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a
seis anos, durante a educação infantil (BRASIL, 1996). Ainda de acordo com a
Lei de Diretrizes, o artigo 59, inciso I, II, III e IV da lei 9.394/96 (Brasil, 1996) os
sistemas de ensino assegurarão aos educando com necessidades especiais
tratamento diferenciado, ou seja:

I - Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica,


para atender às suas necessidades; II - Terminalidade específica para aqueles
que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino
fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em
menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - Professores com
especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a
integração desses educando nas classes comuns; IV - Educação especial para
o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive
condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no
trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem
como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas
artística, intelectual ou psicomotora;

V – Acesso igualitário aos benéficos dos programas sociais suplementares


disponíveis para o respectivo nível do ensino regular (LEI 9394/1996-LDB).
Apresentado ao Sistema de Ensino em 1998, os PCNs, vem com o objetivo de
oportunizar aos Sistemas de Ensino, particularmente aos professores,
subsídios à elaboração e/ou reelaborarão do currículo, visando à construção do
projeto pedagógico, em função da cidadania do aluno. Elaborados procurando,
de um lado, respeitar diversidades regionais, culturais, políticas existentes no
país e, de outro, considerar a necessidade de construir referências nacionais
comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras. Com isso,
pretende-se criar condições, nas escolas, que permitam aos nossos jovens ter
acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos
como necessários ao exercício da cidadania. Os PCN’s, como uma proposta
inovadora e abrangente, expressam o empenho em criar novos laços entre
ensino e sociedade e apresentar idéias do "que se quer ensinar", "como se
quer ensinar" e "para que se queira ensinar".

Apresenta-se como um pilar para a transformação de objetivos, conteúdo e


didática do ensino. Os PCN's trouxeram em seu conjunto, um volume exclusivo
voltado para Educação Especial (Adaptações Curriculares - Estratégias para
Educação de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais), assim,
tornaram-se instrumentos de políticas voltadas à inclusão e de formação de
novas consciências. Entretanto, ao romper-se com a norma em que a
sociedade se encontrava referenciada e constituída, o currículo defronta-se
com processo que lança e inserem novas normas, novas formas de ordenar e
regular o que e a quem está em aparentemente no caos. Também exprimem
novas visões e representações sistemáticas sobre o mundo e o outro. Como
também, sobre as definições e idéias a cerca da cidadania, do fracasso escolar
e da avaliação.

Em 2002, a Resolução CNE/CP1 define que a universidade deve formar


professores para atender alunos com necessidades especiais. Em 2003, o
MEC cria o Programa de Educação Inclusiva Direito à Diversidade, que formam
professores para atuar na disseminação da educação inclusiva. Em 2004, o
Ministério Público Federal reafirmar o direito a escolarização de alunos com ou
sem necessidades especiais na escola no ensino regular. Em 2006, houve uma
luta por direitos iguais na Convenção aprovada pela Organização das Nações
Unidas (ONU), estabeleceram que as pessoas portadoras de deficiência
tivessem acesso ao ensino inclusivo.

Em 2008, foi o fim da segregação a política nacional de educação especial na


perspectiva da educação inclusiva que define, todos devem estudar na escola
comum. Temos ainda no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei
8.069/90), nos artigos 54 e 66, de forma mais específica assegurando o direito
à educação, onde se faz referência aos Portadores de Necessidade
Educacionais Especiais e seus direitos, não só a educação, como também ao
trabalho. “Art. 54. É dever de o Estado assegurar à criança e ao adolescente”: I
– Ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não
tiverem acesso na idade própria; II – Progressiva extensão da obrigatoriedade
e gratuidade ao ensino médio; III - Atendimento Educacional Especializado aos
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV –
Atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos de idade; § 1º -
O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. Ainda,
referente à criança portadora de necessidades especiais no “Art. 66. Ao
adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido”.

A Declaração de Salamanca, aprovada na Conferência Mundial de


Necessidades Educacionais Especiais, na Espanha assegurou entre outros
princípios o reconhecimento da importância da "Escola para Todos". Esse
documento diz: “Os programas de estudos devem ser adaptados às
necessidades da criança e não o contrário. As escolas deverão, por
conseguinte, oferecer opções curriculares que se adaptem às crianças com
capacidade e interesses diferentes” (Declaração de Salamanca, 1994, p.33).
Os aspectos políticos – ideológicos que estão embutidos nos princípios dessa
Declaração nos levam a pensar num mundo inclusivo, onde todos têm direito à
participação na sociedade, fazendo valer a democracia de forma cada vez mais
ampla. Temos vários documentos legais de diversas instâncias e poderes que
defendem os direitos dos PNEE, que representam uma parte da sociedade que
é excluída, há urgência em aplicar esses textos legais, se levarmos em conta
que no Brasil apenas 3% dos Portadores de Necessidades Educacionais
Especiais (P.N.E.E.) têm acesso e permanência na escola, necessitando
muitas vezes, recorrer aos Conselhos Tutelares, para fazer valer esse direito
inquestionável.

3 METODOLOGIA E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

3.1 Adaptações Metodológicas e Didáticas

Focalizar as formas de ensinar e avaliar, bem como conteúdos a serem


ministrados, considerando as dificuldades que cada aluno com NEE. São
definidas como alterações realizadas nos objetivos, conteúdos, critérios e
procedimentos de avaliação, atividades metodologias para atender as
diferenças individuais de cada aluno. Na proporção que estas adaptações são
feitas requer do professor habilidade, compromisso e responsabilidade dentro
da esfera escolar que possa desenvolver nestas crianças o prazer de aprender
para que junto dos outros alunos desenvolva suas habilidades e sejam
trabalhadas suas dificuldades através das adaptações metodológicas e
procedimentos técnicos com estratégias de ensino aprendizagem com
atividades programadas para os alunos. Buscar soluções conjuntas, com os
demais professores e gestores, é o melhor caminho. Assim, a escola pode
obter materiais necessários. Diante desta demanda podem também ser
elaboradas didáticas que possam ser útil ao professor e a escola que são:

Situar o aluno nos grupos com os quais melhor possam trabalhar; Adotar
métodos e técnicas de ensino aprendizagem especifica para o aluno com NEE,
sem prejuízo para o docente; Utilizar técnicas, procedimentos e instrumentos
de avaliação distinto da classe, quando necessário, sem alterar o objetivo da
avaliação e do conteúdo; Propiciar apoio físico, visual, verbal e outros ao aluno
com NEE temporária ou permanentemente, de modo que consiga realizar as
atividades escolares e no processo avaliativo. O apoio pode ser oferecido pelo
professor ou pelos próprios colegas; Introduzir atividades individuais
complementares para o aluno alcançar os objetivos comuns aos demais
colegas.

Essas atividades podem realizar-se na própria sala de aula ou em atendimento


de apoio; Introduzir atividades complementares específica para o aluno,
individualmente ou em grupo; Eliminar atividades que não beneficie o aluno ou
lhe restrinja uma participação ativa e real ou, ainda, que esteja impossibilitado
de executar; Suprimir objetivos e conteúdos que possam ser alcançados pelo
aluno em razão de sua necessidade; substituí-lo por objetivos e conteúdos
acessíveis, significativos e básicos, para o aluno. Fonte: PCN’S, 1999 Além dos
caminhos citados acima, percebe-se a importância de articular entre professor
de sala e o responsável pelo AEE sempre pensando em materiais alternativos
a ser utilizada, sempre percebendo o avanço que não são tão claros como a
maneira de pegar o lápis ou traços mais precisos nos desenhos. Para enfrentar
momentos que fogem da rotina, o caminho é compreender que as crianças
com NEE tem características especificas e assim, procurar conhecer bem cada
uma delas. Com o objetivo de garantir o aprendizado perceber e valorizar
regras e combinados é um ótimo meio de evitar as saídas repentinas, como: ir
ao parque ou refeitório, integrar-se nas atividades, montagem de blocos e a
capacidade de comunicação em qualquer âmbito ou estágio que a crianças
esteja. A aprendizagem também através da tecnologia é um grande aliado
nesta jornada para melhorar o ensino aprendizagem de cada aluno NEE, pois
atualmente existem inúmeros aplicativos que podem auxiliar os alunos. Desde
um lápis adaptado até um software. O desafio é descobrir o que existe e o que
pode ser criado para beneficiar cada criança. A comunicação por imagem é um
meio utilizado, um software que facilita de acordo com o conteúdo a ser
trabalhado, dentre outras. Buscar essas tecnologias é um trabalho
individualizado, que se baseia no cotidiano do aluno e ao longo do tempo que
esta criança fica na escola.

As decisões sobre as metodologias aplicadas para estas crianças é adaptar as


mesmas como apoio que favoreça ou viabilize a sua eficácia na educação dos
alunos com necessidades especiais. Pode-se aplicar como recursos e
estratégias que promovam o interesse e a capacidade deste alunado, bem
como oportunidades de acesso a bens e serviços, informações e relações no
ambiente em que vive. Esta estratégia tende a favorecer autonomia,
produtividade, interação e a funcionalidade no ambiente escolar e comunitário.
Essas medidas adaptativas são realizadas pelo professor e destina-se,
principalmente, às atividades da sala de aula, focalizando a organização e os
procedimentos didático-pedagógicos e destacam o como fazer, a organização
temporal dos componentes e dos conteúdos curriculares e a coordenação das
atividades docentes, de modo que favoreça a efetiva participação e integração
do aluno, bem como a sua aprendizagem.

O universo da educação especial é de tal forma abrangente que, torna-se


quase impossível delimitar quantas disfunções, um dia apresentar-se-ão unidas
numa mesma sala de aula. Quando sabemos que a carência da sociedade por
uma educação especial vai muito além de doenças genericamente assim
classificadas. São crianças excluídas por sua condição social, marginalizadas,
abusadas socialmente e segregadas por ser negra e pobre ou até mesmo por
não trazer em seu currículo uma moradia descente ou coisa assim, ou seja,
diversos problemas de aprendizagem podem apresentar-se e nenhum deles
com causas análogas, exigindo até um especialista para cada caso. E, por
paradoxal que seja o professor é o mesmo para todos. É por essa razão que o
tema se apresenta extremamente complexo. Assim um primeiro passo, seria
conceituar a normalidade e a anormalidade para depois tentar uma
classificação das imensas diferenças que esse universo abriga.

Mas como conceituar o que é normal ou anormal dentro de um universo onde a


pluralidade e diversidade cultural não se limitam às normas sociais
estabelecidas? Qualquer definição de alteração e comportamento terá sempre
limitações pelo ambiente cultural, social e histórico que cerca o aluno. Por
essas razões dizer o que é ou o que não é normalidade não é tarefa fácil. Falar
em Necessidades Educacionais Especiais, portanto, deixa de ser pensar nas
dificuldades específicas dos alunos e passa a significar o que a escola pode
fazer para dar respostas às suas necessidades, de um modo geral, bem como
aos que apresentam necessidades específicas muito diferentes dos demais.

Atribuições do Professor do Atendimento Educacional Especializado

A situação atual do atendimento às necessidades escolares é cunhada pelo


paradigma vigente de atendimento especializado e segregativo, extremamente
forte e enraizado no ideário das instituições e na prática dos profissionais que
atuam no ensino especializado.

Assim, as Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendimento


Educacional Especializado – AEE, instituído pelo Ministério da Educação
delega como atribuições do professor do Atendimento Educacional
Especializado: Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos
pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades
especificas dos alunos públicos-alvo da educação especial; Elaborar executar
plano de atendimentos educacional especializado, avaliando a funcionalidade e
a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade; Organizar o tipo
e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos multifuncional;
Acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de
acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular bem como em outros
ambientes da escola; Estabelecer parcerias com áreas intersetóriais na
elaboração de estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade;
Orientar professores e famílias sob re os recursos pedagógicos e de
acessibilidade utilizados pelo aluno;

Ensinar e usar recursos Tecnologia Assistida, tais como: as tecnologias da


tecnologia da informação e comunicação, a comunicação alternativa e
aumentativa, a informática acessível, o soroban, os recursos ópticos e não
ópticos, os softwares específicos, os códigos e linguagens, as atividades de
orientação e mobilidade entre outros; de forma a ampliar habilidades funcionais
dos alunos, promovendo autonomia, atividade e participação; Estabelecer a
articulação com os professores de sala de aula comum, visando a
disponibilização dos serviços, os recursos pedagógicos e de acessibilidade das
estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares;

Promover atividades e espaço de participação da família e a interface com os


serviços setoriais da saúde, da assistência social, entre outros.

A nova política nacional para Educação Especial é taxativa: todas as crianças e


jovens com NE devem estudar na escola regular. Desaparecem, portanto, as
escolas e classes segregadas. O atendimento especializado continua existindo
apenas no turno oposto. É o que define o Decreto 6.571, de setembro de 2008.
Na prática, muda radicalmente a função do docente dessa área. Antes
especialista em uma necessidade, ele agora precisa ter uma formação mais
ampla. “Ele deve elaborar um plano educacional especializado para cada
estudante, com o objetivo de diminuir as barreiras especificas de todos eles”.
Ensinar os conteúdos das disciplinas passa a ser tarefa do ensino regular, e o
profissional de Educação Especial fica na sala de recursos para dar apoio com
estratégias e recursos que facilitem a aprendizagem. É ele quem se certifica,
ainda, de que os recursos que preparou estão sendo usados corretamente.
“Ele informa a escola sobre os materiais a serem adquiridos e busca parcerias
externas para concretizar seu trabalho”.

O professor é, sem dúvida, uma peça muito importante no conjunto que


movimenta todo o sistema educacional. Desta maneira é de suma importância
que o docente seja devidamente capacitado para receber este novo aluno que
está chegando à escola dandolheas ferramentas necessárias para
compreendê-lo e orientá-lo devidamente. Como diz Padilha (2004) “juntar
crianças em sala de aula não lhes garante o ensino, não lhes garante escola
cumprindo o seu papel, não lhes garante aprendizagem e, portanto, não lhes
garante desenvolvimento”.

Os conhecimentos dos diferentes tipos de Necessidades Especiais que os


alunos venham a portar terão que ser profundamente conhecidos pelo
professor, a fim de modificar (se assim se fizer necessário) os métodos
pedagógicos usados em sala de aula, como a metodologia para a explanação
da aula e até o material adequado para o seu desenvolvimento. O apoio que
deve ser dado, fundamentalmente, por um profissional habilitado em Educação
Especial, que é especializado em conhecimentos teóricos e práticos sobre a
criança com NEE. É conhecedor da realidade do processo inclusivo e do papel
importante da qualificação dos espaços escolares, da formação qualificada dos
profissionais da educação e do necessário apoio aos professores, alunos
famílias e comunidade em geral.

A EE, ou mais especialmente, o profissional com formação em EE, precisa


apresentar seus serviços a comunidade para auxiliar a “lócus” de construção
de aprendizagem, como espaços de constituição de novos saberes. Não um
lugar onde se “treina” e trabalha com base nas dificuldades, norteando-se por
um paradigma médico - clinico. Hoje os profissionaisda EE assumem um
paradigma inclusivo, acreditando que é possível tomar para si, ainda, outras
funções, tais como o apoio ao ensino regular, a formação dos profissionais da
educação ou áreas afins, além da educação de alunos com NEE que ainda não
encontraram seu lugar no ensino regular. É reconhecido que a EE e suas
diferentes alternativas de atendimento também precisa ser modificada, assim
como já vem acontecendo em muitas instituições escolares. Por isso mesmo, é
preciso rever posturas, engajar-se na formação de professores, discutir sobre
os conhecimentos construídos durante o tempo em que, “sozinha”, atendeu os
alunos com NE e, fundamentalmente, avaliar e ser avaliada nos aspectos
positivos e/ou que mereça renovação frente aos paradigmas que a sustentaram
em diferentes momentos históricos. Um sistema escolar inclusivo precisa
investir na capacitação contínua de professores e funcionários, realizando o
chamamento daqueles, que ainda não se consideram envolvidos, num contínuo
processo de sensibilização e atualização constante de toda escola e
comunidade.

Neste aspecto a assessoria ao professor é fundamental para orientação e


análise na busca de soluções para os problemas surgidos na sala de aula, no
aprofundamento das questões teóricas, na construção de intervenções
pedagógicas, na seleção de recursos materiais e tecnológicos para
aprendizagem dos alunos, no processo de avaliação, na interrelação com as
famílias, bem como na mediação entre escola e serviços especializados para
atendimento ao aluno com NE, na área da saúde, da assistência social, entre
outros. Nas últimas décadas a formação de professores, segundo Pimenta,
Garrido e Moura (2001), passa por uma mudança com relação aos saberes,
entre eles: saberes de uma prática reflexiva, saberes de uma teoria
especializada, saberes de uma militância pedagógica.

O conhecimento teórico dos avanços científicos em Educação é fundamental


para que esses professores possam inovar a maneira de ensinar alunos com e
sem deficiência, nas salas de aula de ensino regular. Na formação dos
professores especializados, além da graduação a proposta é criar cursos de
especialização em educação de pessoas com deficiência, cada um deles
focando uma das deficiências, diferenciando essa formação daquela para
professores do ensino regular, mas formação em ciência da educação continua
sendo a base da formação desse e de todos os professores. Nos cursos de
pós-graduação para professores de alunos com deficiência mental, a
programação incluirá o conhecimento profundo dessa deficiência, do ponto de
vista das diferentes áreas do conhecimento. Para esses professores
especialistas, por exemplo, a maneira pela qual se adquire/constrói o saber é
conteúdo fundamental de formação. Mas a essa formação tem-se de
acrescentar uma parte prática, em que eles aprenderão a criar estratégias de
estimulação da atividade cognitiva. A formação especializada incluirá também,
além da execução, planejamento, a seleção de atividades e avaliação do
aproveitamento dos alunos, que é básica para que os planos de atendimento
educacional especializado sejam constantemente revistos, melhorados e
ajustados ao que os grupos ou ao que cada aluno necessita.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da pesquisa bibliográfica, percebeu-se que é preciso repensar a


estrutura educacional que trabalha numa perspectiva de inclusão. Pois, um
trabalho inclusivo exige que o processo educacional ignore a reprodução de
culturas e conhecimentos que se encontram incompatíveis com a realidade
sócio-cultural da atualidade.

O significado conferido ao processo de inclusão desenvolvido pela escola


regular é de que este espaço educacional continua forjando uma realidade
educacional inclusiva, o que na verdade, se constitui na mais perversa forma
de exclusão. Afirmar que uma escola regular é inclusiva porque nela estuda
uma criança com deficiência, outorga uma idéia esvaziada de conhecimento do
processo de inclusão. A escola regular tem um papel fundamental para uma
mudança decisiva do ponto de vista da inclusão irrestrita. Portanto, para isso se
efetivar de fato é necessário que seus profissionais, se reconheçam como
agentes capazes de mudar a realidade da prática pedagógica repetitiva, do
currículo mecânico e desinteressante, da avaliação classificatória e excludente
e da construção do projeto político pedagógico fora da realidade da escola.
Outro aspecto que tem de se levar em conta para mudar o desenho desse
quadro de integração que apresenta concepções e pensamentos contraditórios
no que diz respeito à educação de todos é discrepância entre teoria e prática.
Não se faz inclusão escolar sem uma conexão entre essas instâncias.
A luta em se ter uma escola inclusiva de verdade é grande, de nada adianta
colocar a criança especial dentro de uma classe comum, se a deixarem
segregadas, exclusas, vegetando em sala de aula. A pessoa com NEE tem que
sentir-se valorizada, importante, inteligente, capaz e igual aos demais
estudantes. Cada um possui limites, até os “ditos normais” também possuem, o
que o professor não pode é enfatizar a limitação das pessoas e sim mostrar-
lhes que são capazes de evoluir sempre, que cada conquista não é o ponto
final, é apenas o estímulo para buscar cada vez mais. O sucesso de toda
escola só acontece quando há a participação e a integração de todos os
envolvidos no processo educacional: docentes, direção, orientação, pais,
alunos, políticos empenhados, e toda a comunidade em geral. Para nortear
esses trabalhos fazem-se necessário ter objetivos bem claros, políticas
públicas definidas e acessíveis, projeto político pedagógico que condiz com a
realidade, fundamentação teórica relacionada com a prática (materialismo
dialético), pois “Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer
forma de rejeição”.
REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Inclusão: o nascer de uma nova pedagogia – São Paulo.


Ciranda Cultural 2008. BAUTISTA, Rafael. Necessidades Educacionais
Especiais. Lisboa. 1ª Ed. Dinalivro 1997. BRASIL. Secretaria de Educação
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