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SUGESTÃO DE VÍDEO esperando que o aluno com deficiência aprenda como os que
Assista ao vídeo “Festa nas nuvens”, não têm deficiência, ou que ele tenha o mesmo desempenho
um curta-metragem que possibilita
que os demais, não haverá inclusão, pois, na maioria dos
uma reflexão a respeito das
diferenças e individualidades. casos, os conteúdos a serem trabalhados não podem nem
precisam ser os mesmos, nem na mesma quantidade. As
atividades e avaliações deverão ser adaptadas às
necessidades e possibilidades de cada aluno. Os recursos utilizados e as estratégias de ensino
precisam ter a equidade como princípio, visto que esse conceito se remete a adaptar as regras para
torná-las mais justas, para oferecer o que cada um precisa, à medida que precisa, efetivamente.
Este material traz, a seguir, uma lista de dicas baseadas no trabalho da autora, como se fosse a
própria pessoa com deficiência ou transtorno falando. Essas dicas estão baseadas no convívio e
trabalho diário tanto com as crianças e os adolescentes como com os professores que conversam
com a autora sobre as suas principais angústias e dúvidas. Por essa razão, cada lista inicia com a
expressão “Na prática”. É importante ressaltar que dislexia e TDAH não são considerados
transtornos que compõem o público-alvo da Educação Especial, de acordo com as políticas
nacionais. No entanto, como estão bastante presentes nas salas de aulas de todas as escolas, vale
citá-los também.
Na prática, o que as pessoas com autismo nos ensinam
todos os dias? SUGESTÃO DE FILME
Assista ao documentário “Autismo –
4. Posso não me sentir confortável com certos barulhos, sons altos, muita luminosidade,
alguns cheiros, sabores, texturas, tanto de roupas quanto de alimentos.
5. Não me force a fazer, escutar, vestir ou comer coisas de que eu não gosto.
6. Eu entendo o que você fala, percebo as suas caras e bocas, a sua crença ou descrença
em mim.
10. Posso não conseguir me concentrar por muito tempo. Às vezes, só consigo isso por
cinco minutos, ou menos.
12. Não me dê para fazer as mesmas coisas que você dá para os meus colegas.
13. Compreenda que às vezes eu preciso sair da sala de aula para dar uma volta no pátio.
14. Eu aprendo melhor se você me mostrar como fazer. O exemplo e o recurso visual me
ajudam muito.
15. Tudo isso que está escrito aí em cima pode não servir para mim. Tudo depende do item
1, do meu jeito de ser e de funcionar.
Há mais alguns itens que poderiam ser acrescentados aqui, mas aí já seria praticamente um
novo livro. O importante é trazer o tema ao diálogo, apresentar e conversar sobre as características
de cada um, pesquisar, buscar pessoas que já tenham alguma ou muita experiência para construir
conhecimento e desenvolver-se profissionalmente rumo a um ensino de qualidade para todos,
porém adequado a cada situação. Esse assunto é urgente!
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças – CDC dos EUA , vem ao
mundo um autista a cada 45 nascimentos. É possível constatar isso diariamente em escolas,
ambulatórios, clínicas e consultórios. É urgente que iniciativas de adaptabilidade sejam efetivadas
para que todos vivam melhor. Isso inclui os próprios autistas, as suas famílias e os seus professores.
Para estes, é preciso formação adequada e atitude de mediador. Isso é fundamental!
Profissionais e familiares estão sedentos por compreensão, angustiados por não saber o que e
como fazer, buscando direitos, cumprindo – ou não – com seus deveres.
SUGESTÃO DE LEITURA
processo dinâmico, considera-se tanto o conhecimento
Veja a história da professora que, prévio e o nível atual de desenvolvimento do aluno quanto
com uma proposta inclusiva,
as possibilidades de aprendizagem futura, configurando uma
possibilitou o acesso de três alunas
surdas às aulas de teatro. ação pedagógica processual e formativa que analisa o
desempenho do aluno em relação ao seu progresso
individual, prevalecendo na avaliação os aspectos
qualitativos que indiquem as intervenções pedagógicas do professor. No processo de avaliação, o
professor deve criar estratégias considerando que alguns alunos podem demandar ampliação do
tempo para a realização dos trabalhos e o uso da língua de sinais, de textos em braille, de
informática ou de tecnologia assistiva como uma prática cotidiana, dependendo do caso.
Na prática, o que as pessoas com deficiência intelectual
nos ensinam todos os dias?
SUGESTÃO DE FILME
O filme “Amor verdadeiro” (2005)
1. Eu posso aprender muito mais coisas do que você conta a história de Rachel Simon,
imagina, só que isso pode não acontecer do jeito e uma fotógrafa que, após a morte
no tempo que você espera. do pai, se reaproxima da irmã que
tem deficiência intelectual.
2. Conteúdos de Língua Portuguesa, Matemática,
História, Geografia, Ciências e outros podem não
ser o mais importante daquilo que eu preciso aprender. Preste atenção na minha
necessidade mais emergencial .
3. Aquele profissional de apoio (também chamado de tutor) que você tanto quer para
mim precisa me ajudar a aprender coisas que me deixem mais independente, senão eu
não vou aprender nunca a fazer sozinho o que preciso fazer.
4. Frequentemente vou me comportar como uma pessoa que tem bem menos idade do
que eu realmente tenho, e aí está uma das minhas grandes belezas.
5. Sou divertido, descontraído, até engraçado. Aproveite esse meu jeito de ser e aprenda
comigo. Acredite que a vida fica mais suave assim!
6. Gosto demais da escola! E nela espero me divertir, conviver com os meus colegas e
aprender. Ela não deve ser um espaço que eu frequento só porque os meus pais
querem ou porque as leis obrigam. Muito menos um lugar onde eu não me sinta bem.
Sou feliz e quero ser feliz na escola também!
7. Posso demorar um pouco para aprender a comer sem derrubar, sem me sujar, pedir
para ir ao banheiro, me vestir sozinho, olhar para os dois lados da rua antes de
atravessar, mas eu vou aprender. Acredite em mim e me ajude com paciência.
8. Não se canse de repetir várias e várias vezes, de muitas maneiras diferentes, até que
eu aprenda.
9. Posso trabalhar, sim. Há muitas tarefas que eu posso executar, inclusive com mais
envolvimento do que muitas outras pessoas.
10. Acredite que, depois que eu passar pela sua vida, você nunca mais será o mesmo. Com
toda certeza, será melhor!
Na prática, o que as pessoas com dislexia nos ensinam
SUGESTÃO DE FILME
todos os dias?
O filme indiano “Como as estrelas
no céu, cada criança é especial”
1. A área do meu cérebro responsável pela leitura e (2007) retrata de forma
escrita não funciona como nas pessoas que não emocionante a história de um
têm dislexia, por isso eu tenho dificuldade para menino de 9 anos com dislexia.
Uma pessoa que não tem dislexia, quando está lendo, ativa três áreas do cérebro: região inferior frontal; região
parietal-temporal; região occipital-temporal. Ao ler, a região occipital-temporal é ativada; nela, ocorre a
identificação das letras. Em seguida, a região parietal-temporal também é ativada e possibilita à pessoa
compreender o significado da palavra. Por último, a região inferior frontal é ativada e processa a informação
produzida pelas duas áreas. Quando o disléxico lê, as regiões occipital-temporal e parietal-temporal são menos
ativadas que o normal e, para compensar essa situação, ele acaba exigindo muito da região inferior frontal tanto
esquerda como direita. Dessa forma, a dislexia dificulta que a pessoa, ao ler, interprete as letras e os significados
delas e analise essas informações.
2. Eu já nasci assim, não fiquei assim com o passar dos anos. Meu pai, minha mãe, meu
avô, um tio, alguém da minha família também é disléxico, mesmo que ninguém saiba
ou nunca tenha sido diagnosticado.
3. Eu serei disléxico para sempre, mas com o tempo vou encontrando estratégias para
melhorar a minha leitura e a minha escrita, até que isso não me atrapalhe mais.
4. Eu sou inteligente. Não tenho dificuldades intelectuais nem cognitivas. Por isso
algumas pessoas não entendem a minha dificuldade.
5. Posso ter mais dificuldades relacionadas à forma como eu vejo as letras ou como eu
escuto os sons delas. Isso faz com que eu troque a letra “p” por “b” ou por “q”, pois só
muda a posição da perninha da letra. Ou troque “v” por “f”, “t” por “d”, pois, quando eu
falo palavras com essas letras, o som é muito parecido.
6. Também posso trocar a posição das letras nas palavras, ou até deixar de colocar
algumas, ou ainda colocar letras a mais.
7. Não consigo copiar tudo que a professora manda, nem no tempo normal da aula. Por
isso parece que eu tenho preguiça, mas não é verdade. Para mim, é muito difícil olhar
para o quadro, ler o que está escrito, gravar na memória, olhar para o caderno e
escrever o que está lá. Isso exige um esforço enorme e, mesmo que eu tente, às vezes
não consigo.
8. Preciso de avaliações orais, ou por desenhos, ou por maquetes, ou por meio de uma
peça de teatro, porque eu sei os conteúdos, só não consigo escrever tudo nas tarefas e
nas provas.
9. Deixe eu gravar as suas explicações, porque, dessa forma, posso escutar de novo em
casa. Essa é uma boa maneira que encontrei para estudar e rever o que você ensinou
na sala de aula.
10. Talvez seja necessário alguém para escrever por mim e também seria bom eu fazer as
provas em uma sala silenciosa. Mas me pergunte antes se eu prefiro isso, porque às
vezes eu me sinto envergonhado por precisar de alguns recursos especiais.
11. Posso precisar que as letras dos textos e das tarefas sejam maiores e também que tenha
mais espaço entre as linhas, porque eu enxergo as letras todas misturadas, e elas
caminham no papel, sobem em direção aos meus olhos, como se eu as enxergasse em
3D, embora isso não aconteça com todos os disléxicos.
12. Também me confundo com as linhas do texto. Quando chego ao fim da linha, não sei
em qual devo continuar a leitura, por isso uma régua pode me ajudar. Permita que eu
use os recursos que facilitam o meu desempenho.
13. Converse comigo, pergunte do que eu preciso, como eu aprendo e como você pode me
ajudar a aprender melhor e mais rápido.
6. Lembre-se de me chamar pelo meu respeitando o seu tempo de concentração e o seu interesse
na atividade.
nome para que eu responda algo que
você pergunta, toque levemente no meu
ombro se perceber que estou “no mundo da lua”, chame a minha atenção para o que
está acontecendo na sala de aula de forma gentil.
7. Mãe e pai, me levem para a terapia. Lá, eles estudam bastante sobre pessoas como eu e
podem me ajudar.
8. Eu sinto uma vontade enorme de levantar da carteira, andar um pouco, conversar
com os meus colegas, fazer outras coisas diferentes de copiar, copiar, copiar as tarefas
do quadro sentado por um longo tempo. Se suas aulas preverem isso, tudo vai fluir
melhor.
9. Parece que o meu cérebro não para nem por um segundo. Eu me esforço, mas é mais
forte do que eu, então não consigo controlar. Penso, me agito, sinto um tipo de
“coceira” por dentro e então eu tenho que levantar, correr, extravasar.
10. Esportes podem me ajudar muito. E alimentação adequada também.
11. Às vezes um remedinho também me ajuda. Não tenha medo que eu me vicie ou tenha
outros efeitos. Meu médico sabe o que faz, confie nele.
12. Tente me compreender para me ajudar e entenda que ainda há muitas coisas para
descobrir sobre mim. Logo, saberá como eu funciono.
13. Tanto em casa quanto na escola, eu preciso de organização, rotina e limites. Eu me
sinto melhor quando os adultos me dizem e me mostram o que pode ou não pode fazer
e como deve ser feito.
14. Nem sempre eu tenho dificuldades para aprender. Deixe eu mostrar tudo o que sei e
me ajude a aprender ainda mais. Converse com as pessoas que estão acostumadas a
lidar comigo, estude sobre o transtorno e peça ajuda!
15. Acredite em mim!
Não restam dúvidas de que atingir o sucesso pedagógico
e social com os alunos com deficiências ou transtornos, assim
como com todos os demais, requer esforços, porém podemos
afirmar que estes são muito menores do que se imagina, e os
resultados são altamente compensadores.
A teoria da modificabilidade
cognitiva estrutural, também conhecida
como “mediação da aprendizagem”, foi
criada por Reuven Feuerstein tendo por
base o seu trabalho com crianças e jovens
com necessidades especiais.
Mais tarde, Feuerstein atribuiu essa dificuldade ao que chamou de “síndrome da privação
cultural”.
Apesar de ainda pouco conhecida, essa síndrome pode ser detectada em crianças que
apresentam dificuldades de aprendizagem, mas que não têm nenhuma deficiência, síndrome ou
transtorno. Segundo Budel e Meier (2012, p. 97):
No que se refere à síndrome da privação cultural, devemos atentar para o seguinte: um professor
que sabe estimular o aluno, apresentar-lhe problemas que este possa resolver, desafiá-lo com
atividades apropriadas à sua capacidade, apresentar-lhe tarefas cuja dificuldade ele possa
superar com algum esforço, certamente irá combater a síndrome em sua origem.
Uma das principais tarefas do mediador na função de professor é fazer com que todos os que
estão sob a sua responsabilidade se sintam pertencentes e participantes ativos do grupo social,
cultural e escolar no qual estão inseridos. Isso inclui não só fazê-los aprender os conteúdos
acadêmicos que o currículo prevê, mas também promover aos mediados a consciência de que,
mesmo no caso de dificuldades e limitações, eles são sujeitos da sua própria história.
Nesse sentido, reforça-se a figura do professor mediador como sendo o responsável direto pela
evolução acadêmica do estudante em processo de inclusão escolar. Se o principal a se considerar é a
intervenção para o desenvolvimento das funções cognitivas deficientes, e não a condição
intelectual desfavorecida do estudante mediado, essa tarefa se concentra no mediador; então, não
se coloca no mediado, ou na sua condição, a razão única para os seus fracassos.
É claro que a limitação intelectual que acomete alguns estudantes se configura como um
obstáculo para a aprendizagem. Isso não se discute. No entanto, a tarefa do mediador é fazer tudo o
que está ao seu alcance, demonstrando aí a intencionalidade, característica da mediação, para que
esse obstáculo seja vencido.
E não só ao professor cabe tal tarefa, mas também à escola, como ambiente educativo. A
instituição deve se preocupar em auxiliar na manifestação externa do potencial de aprendizagem
dos seus estudantes, porém muitas vezes a escola manifesta excessiva preocupação inclusive com a
existência ou não de “inteligência” nos seus alunos.
Particularmente no que se refere à inclusão, algumas escolas, por meio dos seus dirigentes,
corpo pedagógico e/ou docentes, preferem encaminhar, ou solicitar que sejam encaminhados, às
escolas especiais – onde isso ainda é possível – os estudantes com deficiência ou transtornos, numa
demonstração clara de exclusão. Em vez disso, deveriam se preocupar em aprender a lidar com
esse público e buscar conhecimentos específicos na área, pois não se pode escolher com quem
trabalhar, deve-se, sim, acolher aqueles que buscam a instituição escolar, sem discriminação ou
preconceito.
Propor uma teoria, uma metodologia, um perfil específico de professor para atuar com
crianças com deficiência em processo de inclusão escolar é sempre um desafio, visto que a
resistência em receber e agir pedagogicamente para o avanço acadêmico desses estudantes ainda é
muito grande.
SUGESTÃO DE VÍDEO
disso, uma mudança de visão de mundo, um olhar
diferenciado, um “desengessar” de antigas posturas, Assista ao vídeo “Os olhos de uma
criança”, que demonstra sutilmente
rompimento de paradigmas.
a importância de adotar uma nova
perspectiva de visão na sociedade.
É importante lembrar que, além do processo cognitivo a ser desenvolvido na escola e em outros espaços educativos, a
criança precisa ser feliz e se sentir acolhida.