Discurso é a prática humana de construir textos, sejam eles escritos ou orais. Sendo
assim, todo discurso é uma prática social. A análise de um discurso deve, portanto,
considerar o contexto em que se encontra.
(2) Dispositio (Disposição dos Argumentos): Aqui, o orador deve organizar suas
ideias de forma correta, a fim de que possam ser compreendidas de forma
persuasiva pelo seu público. A apresentação bem organizada, inclusive na
disposição dos argumentos, têm maior facilidade de ser aceita;
(5) Ação - actio ou pronuntiatio (Apresentação do Discurso): Essa é a última fase e
corresponde simplesmente à apresentação do discurso na prática, ou seja, a sua
execução de forma correta.
Dessa forma, ao discursar, um bom orador passa pelas cinco fases apontadas por
Aristóteles. É claro que essas lições podem ser aprofundadas na atualidade e
aprendidas em profundidade em cursos como o PWS, mas também é perceptível
como suas lições ainda são úteis na atualidade.
Os 4 discursos de aristóteles:
Poética:
(a.1) Em geral, esse tipo de discurso busca gerar uma empatia com o receptor, que
pode se sentir identificado com o que é expresso para além das diferentes
circunstâncias. Isso porque o discurso poético geralmente se refere a temas
universais (como a felicidade, amor, saudade, etc.).
Outra característica do discurso poético é que ele propõe uma visão particular do
mundo. Não está focado na realidade objetiva, mas, apelando para as emoções e a
estética, relaciona-se com a realidade de uma forma especial. Os autores muitas
vezes recorrem à experimentação tanto no conteúdo quanto na forma para dar
origem a estruturas inovadoras.
Retórica:
(b.1) A lógica seria um instrumento do conhecimento, enquanto a retórica era um
misto de capacidades para formar a fala eloquente, capaz de convencer, mas
utilizando-se de fontes seguras do conhecimento, com base nos conceitos.
Acontece que, seguindo a análise aristotélica sobre a retórica enquanto instrumento
jurídico, a arte da eloquência pode ser utilizada como um meio de persuadir sem ter
a razão, burlando assim a moralidade que deve conter em um julgamento.
(b.2) Na retórica antiga, o ouvinte é chamado juiz, porque dele se espera uma
decisão, um voto, uma sentença. Aristóteles, e na esteira dele toda a tradição
retórica, admite três tipos de discursos retóricos: o discurso forense, o discurso
deliberativo e o discurso epidíctico, ou de louvor e censura (a um personagem, a
uma obra, etc.)20. Nos três casos, o ouvinte é chamado a decidir: sobre a culpa ou
inocência de um réu, sobre a utilidade ou nocividade de uma lei, de um projeto, etc.,
sobre os méritos ou deméritos de alguém ou de algo. Ele é, portanto, consultado
como autoridade: tem o poder de decidir. Se no ouvinte do discurso poético era
importante que a imaginação tomasse as rédeas da mente, para levá-la ao mundo
do possível num vôo do qual não se esperava que ocorresse nenhuma
conseqüência prática imediata, aqui é a vontade que ouve e julga o discurso, para,
decidindo, criar uma situação no reino dos fatos.
Dialética:
(c.1) O discurso dialético já não se limita a sugerir ou impor uma crença, mas
submete as crenças à prova, mediante ensaios e tentativas de transpassá-las por
objeções. É o pensamento que vai e vem, por vias transversas, buscando a verdade
entre os erros e o erro entre as verdades (dia, diá = "através de" e indica também
duplicidade, divisão). Por isto a dialética é também chamada peirástica, da raiz peirá
(peira = "prova", "experiência", de onde vêm peirasmoV, peirasmos, "tentação", e as
nossas palavras empiria, empirismo, experiência etc., mas também, através de
peirateV, peirates, "pirata": o símbolo mesmo da vida aventureira, da viagem sem
rumo predeterminado). O discurso dialético mede , por ensaios e erros, a
probabilidade maior ou menor de uma crença ou tese, não segundo sua mera
concordância com as crenças comuns, mas segundo as exigências superiores da
racionalidade e da informação acurada.
Analítica (lógica):
(d.1) O discurso lógico ou analítico, finalmente, partindo sempre de premissas
admitidas como indiscutivelmente certas, chega, pelo encadeamento silogístico, à
demonstração certa da veracidade das conclusões.