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Uma reflexão recorrente que tive neste período tratou sobre a importância da
escuta, principalmente nas formas de criação como esta que observamos mais
ao final do semestre, a “composição em tempo real”. Neste modelo de trabalho,
assim como no Campo de Visão, a percepção da coletividade e do espaço em
movimento são a chave de todo o processo. Aqui o coreógrafo/diretor mais do
que estabelecer a forma final de uma obra, se debruça sobre os mecanismos,
os gatilhos, que possibilitam a interação entre os atores/bailarinos. Estes, por
sua vez, mais do que trabalharem a virtuose de uma partitura corporal que lhes
chega do exterior, vêem-se com o desafio de se trabalharem interiormente para
potencializar a própria escuta e, por conseguinte, o nível de interação com seus
companheiros de cena e com o espaço. Assim a compreensão do artista sobre
o próprio trabalho sofre um drástico câmbio de perspectiva. Já não existe corpo
isolado para o bailarino ou as marionetes passivas para o coreógrafo. A
substância do trabalho se desloca para o espaço entre os corpos, para a esfera
intangível das “relações”.