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ECOLOGIA GERAL

A etimologia da palavra Ecologia é oikos = casa; família e logia = estudo. Portanto poderíamos dizer que a
ecologia é o estudo da “vida doméstica” dos organismos vivos, ou seja, da relação do indivíduo com o meio. Em
sentido literal, a ecologia é o estudo dos organismos em sua casa. A ecologia define-se usualmente como o estudo
das relações dos organismos ou grupos de organismos com o ambiente, ou a ciência das inter-relações que ligam
os organismos vivos ao seu ambiente.
Ecologia é uma palavra que foi usada pela primeira vez em 1869, por Ernest Haeckel. Ele definiu Ecologia
como “o estudo científico das interações entre os organismos e seu ambiente”. Posteriormente, C. J. Krebs, em
1972, definiu a Ecologia como “o estudo científico das interações que determinam a distribuição e abundância dos
organismos”.
Por quê Krebs não citou a palavra ambiente? O que é ambiente para um organismo? Ambiente de um
organismo consiste em um conjunto de influências externas exercidas sobre ele, as quais são representadas por
fatores, abióticos (físicos e químicos – radiação solar, temperatura, altitude, pluviosidade) e bióticos (local de
refúgio de predadores, recursos alimentares, interação com a mesma espécie – demarcação de território, cópula).
Mesmo que a palavra ambiente não esteja inserida nesta definição, a ideia faz parte das interações, já que o
ambiente consiste nas influências externas exercidas sobre o organismo, determinando assim sua distribuição e
abundância. Dessa forma as interações que Krebs mencionava, eram essas interações com esses fatores.
Segundo M. Begon e colaboradores (2007), uma definição atual de Ecologia remete ao “estudo científico
da distribuição e abundância dos organismos e das interações que determinam a distribuição e abundância”. De
uma maneira mais operacional, a Ecologia pode ser definida como o estudo das interações que determinam a
distribuição e a abundância dos organismos através do tempo. Para tanto, a Ecologia procura integrar abordagens
focadas em níveis de organização diferentes, tais como o estudo de indivíduos, de populações, de comunidades
e de ecossistemas.
TEMAS CENTRAIS DA ECOLOGIA
1) Onde os organismos ocorrem? DISTRUIBIÇÃO
2) Quantos ocorrem em um determinado local? ABUNDANCIA
3) Por que eles ocorrem um determinado local? DISTRUIBIÇÃO + ABUNDANCIA
- formular hipóteses para descobrir o porquê determinada espécie ocupa aquele ambiente, ou está ausente
(condições climáticas, histórico evolutivo)

 Desde quando a ecologia existe?


O homem tem-se interessado pela ecologia, de forma pratica, desde os primeiros tempos da sua história.
Na sociedade primitiva cada indivíduo, para sobreviver, precisava de ter um conhecimento concreto do seu
ambiente, isto é, das forças da natureza, das plantas e dos animais que o rodeavam. A civilização começou, de
fato, quando o homem aprendeu a servir-se do fogo e de outros instrumentos para modificar o seu ambiente.
Desde muito cedo na história humana, a Ecologia já se mostrava de interesse prático. Para sobreviver na
sociedade primitiva, todos os indivíduos precisavam conhecer o seu ambiente, ou seja, as forças da natureza e os
vegetais e animais a sua volta.
Sendo assim, a ecologia surgiu em tempos remotos, quando a espécie humana se tornou sedentária
(deixou de ser nômade). Na sociedade primitiva a espécies humana teve a necessidade de conhecer o ambiente
ao seu redor por questões de sobrevivência. E nas sociedades antigas era necessário modificar o ambiente ao
seu redor, por exemplo, egípcios e babilônicos utilizavam métodos ecológicos para o controle de praga e cultivo
que assolavam suas culturas de cereais. E estudos de cunho puramente ecológico datam da época dos filósofos
gregos, Hipócrates e Aristóteles - produziram textos claramente ecológicos. A visão aristotélica de que a Natureza
sempre esteve em “equilíbrio perfeito” perdurou até o final da Idade Média.
CONTRIBUIÇÕES IMPORTANTES DA ECOLOGIA MODERNA
Em 1798, o economista e demógrafo britânico Thomas Malthus publicou anonimamente seu Essay on
Population (Ensaio sobre a população), no qual afirmava que a população crescia em progressão geométrica –
crescimento exponencial, enquanto a produção de alimentos aumentava em progressão aritmética. Malthus
despertou o interesse pela dinâmica das populações em muitos economistas e cientistas da época. Segundo sua
teoria: “o crescimento da população tende sempre a superar a produção de alimentos, o que torna necessário o
controle da natalidade”. No modelo de Malthus, a população cresce sem limites, em acordo com o pressuposto
que garante recursos ilimitados. Porém, sabe-se que na natureza os recursos não são ilimitados.

 Determinou que a população humana cresce em proporção geométrica, enquanto que a produção de alimentos
cresce, apenas, em proporção aritmética, sendo assim, o aumento populacional é sempre mais elevado que o dos
meios de subsistência.
O matemático belga Pierre Fraçois Verhulst propôs um modelo que considera a estabilização da
população. Desse modo, a população de indivíduos cresce até um determinado limite máximo – crescimento
logístico, o qual é definido de acordo com a capacidade de suporte do ambiente. Verhulst acrescentou ao modelo
de Malthus uma constante que leva em conta as condições do meio.
William Farr (1843) afirmou que há relação entre a taxa de mortalidade e a densidade de uma população.
Crescimento estruturado na faixa etária.
A visão aristotélica de que a Natureza sempre esteve em “equilíbrio perfeito” perdurou até o final da Idade
Média. Malthus e Darwin (1859) mudaram a visão aristotélica da Natureza, para uma natureza “fora” de equilíbrio
e a base para esta mudança de pensamento está nos seguintes fatos:
a) muitas espécies foram extintas no decorrer dos tempos, em uma natureza em equilíbrio as espécies não
deveriam se extinguir;
b) existe competição causada por pressão populacional, em uma natureza em equilíbrio deveria existir
recursos iguais para todos os organismos; e
c) a seleção natural e a luta pela sobrevivência são mecanismos evidenciáveis na natureza, pressões de
fatores externos influenciam na sobrevivência dos organismos.
CONCEITOS E HISTÓRICO EM ECOLOGIA
Desenvolvimento dos conceitos:

 Nos EUA foi a consolidação da Ecologia como ciência, com os trabalhos de: - Chandler Cowles (1899):
sucessão ecológica.
 Frederic Clements (1916, 1935): Sucessão ecológica.
 Charles Elton (1972): “História natural científica”, preocupada com a sociologia e a ecologia dos animais.
 Herbert George Andrewartha (1961): “Estudo científico da distribuição e abundância de organismos. ”
 Eugene Odum (1963): “Estudo da estrutura e da função da natureza. ” É uma definição muito importante,
uma vez que ressalta a relevância dos processos ecofisiológicos na determinação da estrutura dos
ecossistemas.
 Krebs (1972): “Estudo científico das interações que determinam a distribuição e a abundância dos
organismos”, trata-se de uma visão que busca ressaltar a importância das interações bióticas (competição,
predação) na estruturação das comunidades.
 Robert Ricklefs (1980): “Estudo do meio ambiente enfocando as inter-relações entre organismos e seu
meio circundante. ”
Porque esses diferentes conceitos?
Apesar de seu desenvolvimento rápido, a ecologia ainda pode ser considerada uma soft science, assim
como a economia, na qual ainda não existe uma fundamentação teórica rígida. Não é de estranhar, portanto, que
a ecologia seja definida de diferentes formas segundo diferentes autores. A maioria dos princípios elementares da
ecologia (ex: sucessão ecológica, regulação das populações) são fundamentados em modelos empíricos ou em
experimentação.
Há, ainda, na ecologia moderna, limitações teóricas e metodológicas imensas para responder
satisfatoriamente a estas perguntas (principalmente a terceira). Sendo assim, a Ecologia necessita do uso intenso
de conhecimentos que provem de outras ciências. Algumas ciências fornecem ferramentas para o estudo
ecológico e existem outras ciências nas quais o conhecimento ecológico pode ser aplicado. A ecologia baseia-se
em interações multi, poli, e, principalmente, transdisciplinares. Tais interações podem ser de três tipos:
1) Interações com outras ciências biológicas cuja doutrina é essencial para o desenvolvimento teórico da
ecologia moderna. Nesse âmbito incluem-se a microbiologia e a zoologia, por exemplo.
2) Ciências que fornecem ferramentas de trabalho ou novas abordagens metodológicas. Nessa categoria
incluem-se a informática, a estatística e a demografia.
3) Ciências aplicadas nas quais o conhecimento ecológico pode vir a ser aplicado; a medicina, o direito
ou as engenharias.

Como a ecologia é uma ciência que envolve conhecimentos advindos de várias outras disciplinas dentro
da grande área das ciências biológicas, os ecólogos têm discutido sobre as vantagens e as desvantagens em
abordagens holísticas e reducionistas em estudos ecológicos. A maioria dos princípios elementares de ecologia
(sucessão ecológica, regulação das populações) são fundamentais em modelos empíricos ou em experimentação.
HOLISMO X REDUCIONISMO
A filosofia cartesiana, desenvolvida por René Descartes (1596 – 1650; matemático, físico e filósofo), tinha
como base a abordagem reducionista. Etimologicamente, o termo Reducionismo vem do latim “re-duc”, que
significa: ideia de condução a um início; volta a um mesmo ponto. Descartes defendia que o conhecimento deveria
ser fragmentado para que possa ser estudado e compreendido de forma completa. Dessa forma, o reducionismo
foi utilizado por várias áreas do conhecimento, entre elas: a Ciência. No campo científico, a análise reducionista-
também chamada de análise mecanicista- pode ser aplicada para estudar fenômenos e organismos.
O reducionismo parte do princípio que todos os objetos de estudo- dos mais simples aos mais complexos-
podem ser reduzidos em partes constituintes mais simples e menores, a fim de explica-los. Desse modo, a ciência
utiliza-se do reducionismo metodológico com a premissa de que as partes possam explicar o todo. Em suma, este
princípio estabelece que o todo pode ser representado pela soma de suas partes, ou seja: reduzir algo em partes
a fim de entender o funcionamento do todo. É a ideia de que todos os fenômenos podem ser explicados
cientificamente através de um método em que o objeto de estudo é particionado em busca de informações com
suporte científico.
Ex: Ecologia de comunidades: riqueza de espécies; Indivíduo: fisiologia vegetal.
Estudos sobre riqueza de espécies, abundância e distribuição podem ser realizado através de ferramentas
que reduzem essa disciplina a ecologia de populações.
De forma contrária à abordagem reducionista, existe também a ideia de que objetos, fenômenos, teorias
e significados têm propriedades representadas estritamente por um todo, e que não são passíveis de explicação
e compreensão a partir da análise das propriedades de suas partes. Tal abordagem denomina-se Holismo. A
palavra Holismo advém do grego “hólos”: ideia de conjunto, totalidade. A ideia de que o “todo é maior do que a
soma das partes” começou com o filósofo grego Aristóteles (384aC – 322aC), porém, foi com o biólogo austríaco
Karl Ludwig von Bertalanffy (1901-1972), criador da “Teoria Geral dos Sistemas” que a ideia de que “um organismo
é um todo maior que a soma das suas partes” difundiu-se. Embora o método reducionista possa ser considerado
muito minucioso e sistemático, o holístico também possui sua aplicação na ciência. Por exemplo, pensando
holisticamente na relação molécula de açúcar e paladar pode-se chegar a conclusão de que a sacarose apresenta
gosto adocicado devido a interação entre os átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. Se isolados, tais
compostos não mais terão a característica "adocicada", portanto, o todo é maior que suas partes.
Um exemplo interessante de aplicação do pensamento holístico é que estevem sendo utilizado sob uma
nova perspectiva em estudos na área da Ecologia, sugerindo que os organismos e os ambientes formam uma
unidade. Nesse sentido, a concepção holística global foi precursora de uma hipótese, considerada polêmica no
meio científico: a hipótese Gaia (de James Lovelock e Lynn Margulis), em linhas gerais, concebe o planeta Terra
como sendo um organismo gigante no qual seus processos biológicos, físicos e químicos compreendem todos os
seres vivos e seus processos, representando uma visão holística, uma vez que, a Terra seria o que é devido a
todas as interações de seus organismos biológicos e abióticos de forma integrada, semelhante a molécula de
sacarose.
Várias são as concepções explicativas do mundo em que vivemos. Verificamos, portanto, uma
polarização em torno de abordagens reducionistas ou holísticas. Essa dualidade não é recente na história, tendo
começado com Aristóteles e Demócrito, e continua até os dias atuais.
Ex: se estuda a floresta tropical inteira ao invés de estudar suas partes (indivíduos, populações,
comunidades).
A visão de Frederic Clements sobre comunidades como um superorganismo, cujo o funcionamento e
organização pode ser apreciados somente quando é considerada uma unidade completa. O comportamento das
partes está subordinado a princípios abstratos que levariam a comunidade a se desenvolver em direção a
maximização da eficiência, produtividade e estabilidade.
Não existe uma forma correta de estudar ecologia (holística ou reducionista), mas é importante entender
essas duas formas de abordagens.
ENFOQUES DA ECOLOGIA
1) Enfoque descritivo: Compreender e descrever realizados pelos levantamentos faunístico e florísticos.
Descreve e relaciona os tipos de animais e vegetais de cada ambiente, para depois classificar os tipos de
inter-relações que se estabelecem entre eles.
 Relativo a história natural dos organismos;
 Realizado através do acúmulo de informações;
 Como o acúmulo de informações tende a ser muito grande, há riscos de que o foco central da
pesquisa ecológica nunca seja atingido.
2) Enfoque experimental: testar hipóteses através de experimentos controlados no laboratório e/ou em
campo.
 Utiliza abordagens manipulativas;
 Nesse tipo de enfoque existe sempre o risco de se cometerem simplificações grosseiras com o
consequente distanciamento da realidade.
3) Enfoque Preditivo: Testar hipóteses e prever através de generalizações (padrões) os processos que
ocorrem com os organismos, utilizando modelos de simulações computacionais e/ou matemáticos.
 Utiliza métodos de simulação computacional e modelos matemáticos para descrever o mundo
natural;
 Nesse tipo de enfoque existe sempre o risco de se cometerem simplificações grosseiras com o
consequente distanciamento da realidade.
De uma maneira geral o estudo de ecologia é divido em:
1) Ecologia de populações (autoecologia): crescimento populacional e suas dinâmicas. É a parte da ecologia que
estuda as respostas das espécies aos fatores ambientais, em função de suas fisiologias e respectivas adaptações.
2) Ecologia de comunidades (sinecologia): composição e organização das comunidades ecológicas. Parte da
ecologia que estuda as interações entre as diferentes espécies que ocupam um mesmo ambiente, como estas se
interrelacionam e de que maneira interagem com o meio ambiente.
A QUESTÃO CENTRAL DO ECÓLOGO: Todas as questões referentes a distribuição e abundância dos
organismos!

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