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Antoine Compagnon – O Demônio da Teoria

Fichamento

“Paul de Man, “o principal interesse teórico da teoria literária consiste na


impossibilidade de sua definição”?” (p.15)

“Porque não é do lado teórico ou teológico, nem do lado prático ou pedagógico, que a
teoria me parece principalmente interessante e autêntica, mas pelo combate feroz e
vivificante que empreende contra as idéias preconcebidas dos estudos literários, e pela
resistência igualmente determinada que as idéias preconcebidas lhe opõem.” (p.16)

“A teoria se opõe ao senso comum. Mais recentemente, depois de uma volta da espiral,
a teoria da literatura levantou-se ao mesmo tempo contra o positivismo na historia
literária (representado por Lanson) e contra a simpatia da critica literária (que havia sido
representada por Faguet), assim como se levantou contra a associação frequente dos
dois (primeiro o positivismo na historia do textos, depois o humanismo na
interpretação) [...]” (p.21)
p.21

“Por crítica literária compreendo um discurso sobre as obras literárias que acentua a
experiência da leitura, que descreve, interpreta, avalia o sentido e o efeito que as obras
exercem sobre os (bons) leitores, mas sobre os leitores não necessariamente cultos nem
profissionais. A critica aprecia, julga; procede por simpatia (ou antipatia), por
identificação ou projeção: seu lugar ideal é o salão, do qual a imprensa é uma
metamorfose, não a universidade; sua primeira forma é a conversação.” (p.21-22)

“Por história literária compreendo, em compensação, um discurso que insiste nos


fatores exteriores à experiência da leitura, por exemplo, na concepção ou na transmissão
das obras, ou em outros elementos que em geral não interessam ao não-especialista. A
história literária é a disciplina acadêmica que surgiu ao longo do século XIX, mais
conhecida, aliais, com o nome de filologia, Scholarship, Wissenschaft, ou pesquisa.”
(p.22)

“a crítica lida com o texto e a história com o contexto.” (p.22)


“Lanson observava que se faz história literária a partir do momento em que se lê o nome
do autor na capa do livro, em que se dá ao texto um mínimo de contexto. A crítica
literária enuncia proposições do tipo “A é mais belo que B”, enquanto a história literária
afirma: “C deriva de D.” Aquela visa a avaliar o texto, esta a explica-lo.” (p.22)

“A teoria da literatura pede que os pressupostos dessas afirmações sejam explicitados. O


que você chama de literatura? Quais são seus critérios de valor?, perguntará ela aos
críticos [...]” (p.22)

“Então, a teoria ou as teorias seriam um pouco como doutrinas ou dogmas críticos, ou


ideologias.” (p.23)
“Cinco elementos são indispensáveis para que haja literatura: um autor, um livro, um
leitor, uma língua e um referente.” (p.25-26)

“o eterno combate entre a teoria e o senso comum que dá à teoria seu sentido.” (p.26)

“O nome literatura é, certamente, novo (data do início do século XIX; anteriormente, a


literatura, conforme a etimologia, eram as inscrições, a escritura, a erudição, ou o
conhecimento das letras; ainda se diz “é literatura” ) ” (p.30)

p.33
p.33

“Todo julgamento de valor repousa no atestado de exclusão. Dizer que um texto é literário
subentende sempre que um outro não é. O estreitamento institucional da literatura no século
XIX ignora que, para aquele que lê, o que ele lê é sempre literatura, seja Proust ou uma foto
novela, e negligência a complexidade dos níveis de literatura (como há níveis de língua)
numa sociedade. A literatura, no sentido restrito, seria somente a literatura culta, não a
literatura popular (a fiction das livrarias britânicas). ” (p.33)

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Sobre o livro que henry manda pra Dorian


Sobre o livro que Henry manda pra Dorian.

“A literatura serve para produzir um consenso social; ela acompanha, depois substitui a
religião como ópio do povo.” (p.36) – essa ideia de que a literatura substitui a religião
também está presente na obra de Bataille, no entanto, Compagnon se diferencia de Bataille
ao afirmar que a literatura serve para produzir um consenso social, uma vez que Bataille
acredita que a literatura não deve se vincular aos discursos sociais.

“Os literatos, principalmente Matthew Arnold, na Inglaterra vitoriana, por sua obra
fundadora, Culture and Anarchy [Cultura e Anarquia] (1869), mas também Ferdinand
Brunetière e Lanson, na França, adotaram esse ponto de vista no final do século XIX,
julgando que seu tempo chegara: depois da decadência da religião, e antes da apoteose da
ciência, no interregno, à literatura seria atribuída, ainda que provisoriamente, e graças ao
estudo literário, a tarefa de fornecer uma moral social. Num mundo cada vez mais
materialista ou anarquista, a literatura aparecia como a ultima fortaleza contra a barbárie, o
ponto fixo do final do século: chega-se assim, a partir da perspectiva da função, à definição
canônica de literatura.” (p.36-37)

“Mas, se a literatura pode ser vista como contribuição à ideologia dominante, “aparelho
ideológico do Estado”, ou mesmo propaganda, pode-se, ao contrário, acentuar sua função
subversiva, sobretudo depois da metade do século XIX e da voga da figura do artista
maldito.” (p.37)

“a literatura pode estar de acordo com a sociedade, mas também em desacordo.” (p.37)

“depois de uma definição funcional de literatura... vamos a definição formal ” (p.37)


A FORMA DO CONTEÚDO

P.38

P. 39
P.41

P.41
P.42

p. 46

p.49
p. 49

p.50

p.50

Sobre o autor um trecho do livro de Wilde deixa claro que ele não concorda com a nova
critica, pois no momento que Basil finaliza seu retrato ele afirma que não exibira o quadro,
pois há muito dele na obra, ao falar isso Wilde por meio de seu personagem deixa claro sua
ideia contraria a nova critica e afirma que o significado da obra de arte está sim vinculado ao
seu autor. Nesse mesmo trecho do livro temos a primeira referencia a questão do gênero
sexual de Basil.

p.50
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p.51

p.51

p.51
p.52

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AULA DE RAFAEL SILVA SOBRE OS 2 PRIMEIROS CAPITULOS DO LIVRO DE


COMPAGNON

O que restou de nossos amores?

 Contextualização do debate teórico na França: parco até 1960; boom da teoria a


partir dessa década; arrefecimento por volta de 1990 em diante.
 Antiga “Teoria literária”: Platão, Aristóteles (prescritiva – aquilo que deveria ser a
boa literatura aquilo que ela deveria executar para ser considerado literatura);
 Moderna teoria literária: pretensão (descritiva – pretensão de descrever ou
compreender o fenômeno literário advindo do desdobramento das discursões
estéticas ) desde o século XIX.

Esse boom tem relação com o estruturalismo de Barthe.

As cinco esferas sobre as quais de alguma forma toda teoria e toda critica reflete quando se
debruçando sobre uma obra literária.
Nessas citações a literatura sempre
aparece relacionada com a sociedade em
que se encontra. Seja no seu status, seja
no seu descompasso dentro de um dado
contexto histórico social.

Considerações de argumentos formalistas,


ele vai dizer: é a forma do conteúdo que
determina um texto literário? Para o autor
não há temas literários em si.

É a forma da expressão que faz de uma obra


literária?

Literariedade: a consideração de que em


determinado contexto é literariedade não
coincide com aquilo que em outro contexto
há de ser considerado literariedade, ou seja,
esse conceito ele varia ao longo do tempo.

O papel do interprete, ou o papel do hermenelta,


aquele que se debruça no texto e propõe uma
interpretação fosse o de tentar reaver a
dimensão intencional daquele autor. O que ele
quis dizer?

Positivismo e historicismo estão muito em voca


no século 19 e no inicio do século vinte, eles
tentam trabalhar com variáveis mais objetivas e
por isso se voltavam pra historia e a vida do
autor.

Cabe agora deixar claro uma estrutura básica da obra de Antoane Compagnon nesses
capítulos iniciais do seu livro que consiste sempre no seguinte: ele sugere um determinado
estado de coisas, num momento especifico da historia. Ele fala quais foram as abordagens
mais vigentes no período que precede a década de 1960. Em seguida descreve quais são as
contraposições que surgiram na década de 60 pelos teóricos pós-estruturalistas. Mostra a
necessidade de um embate entre estas duas teorias e desse embate busca extrair lições do
senso comum. São lições que buscam um meio termo entre o legado radical do século 19 e
do que são essas abordagens mais recentes pós-estruturalistas muitas vezes retornando
propostas mais antigas.

As propostas do século 19 são de acordo com Compagnon tentativas de explicação das obra
literárias, ou seja, são tentativas de encontrar os motivos pelos quais um determinado autor
vivendo uma determinada vida num determinado contexto histórico num determinado país e
numa determinada raça tentavam explicar aquela obra tinha sido composta.

Uma abordagem formalista, pois partiam do texto para tentar interpretar as estruturas,
determinados paralelismos, as formas empregadas no texto. Uma abordagem marxista
tentando ver a base sociológica por trás da obra o que aquela obra dava a ver dos meios de
produção, denunciava em termos da exploração de trabalho. E em chave psicológica, ou
seja, tentando compreender por meio da obra de que forma aquelas palavras aquela obra se
ligava a psique de um sujeito. As tentativas de explicação se contrapuseram tentativas de
interpretação.

O grau mais superior dessa tendência de


interpretação, não de explicação das obras, que
são propostas essas ideias de morte do autor.

tenta-se indicar a ausência de um lastro autoral no


momento da interpretação chamando atenção para a dimensão da leitura, enquanto ato de
interpretação de um texto a partir do próprio texto, a partir das estruturas, das formas
empregadas naquele texto sem levar em conta elementos extratextuais como por exemplo a
bibliografia de um autor, a sua psicologia e suas experiências pessoais. Essas propostas
devem ser entendidas dentro de uma critica muito mais ampla, a pretensa universalidade “ser
humano”, quem é esse sujeito de quem tanto falam os filósofos de Aristóteles, Platão, Kant,
Hegel concebido como sujeito, como individuo, como único no âmbito do pensamento
burguês do século 19.

Intention = intenção – action= ação. Ou seja o significado próprio de uma expressão de uma
obra, e o sentido mudado, o sentido alegórico o sentido outro na ideia de que se diz algo
querendo dizer outra coisa.
Consiste em se voltar pra um texto e ver naquelas
palavras naquele texto referencias a um outro, ou
seja, fala-se de X mas faz uma alegoria pra Y.

Ou seja ao invés de se preocupar com qual foi a


intensão de Homero ao compor a Iliada, o interprete
tardio vai se voltar pra esses textos e tentar ver não
essa intensão, mas sim um algo outro, um além
sugerido por aquele texto.

Compagnon na sua argumentação sugere que na


antiguidade coexistiram, as vezes no mesmo autor
duas formas de interpretação majoritária, duas
chaves de interpretação de um texto. Um que levava
em conta a intenção do autor e outra que levava em
conta a materialidade, o estilo, a obra como ponte
onde a interpretação do leitor vinha a se
desenvolver.

Obras do passado são sempre resinificadas no


presente a partir de nossas experiências.
Sentido = mais fechado na obra;

Significação = mais relacionado ao contexto;

Projeto = aquilo que precede o ato literário;

Intensão = lastreia a composição da obra

O MUNDO CAPITULO 3

As concepções antimimeticas da
linguagem e de expressão,
Compagnon vai dizer que em
larga medida a literatura
moderna ela trabalha nessa
chave, na ant mimese, na ideia
de que a representação em
literatura e nas artes modernas
elas não buscam trabalhar com
uma noção de referenciassão ao
real, mas sim de uma critica a
essa representação por meio do
pressuposto de base segundo
qual o sistema representacional
seria arbitrário.

A partir disso a mimeses é


desnaturalizada, ou seja, a ideia
mais tradicional segundo a qual
as artes deveriam representar o
real, a natureza ela é colocada
em questão por essa teorias de
base antmimeticas e assim
veríamos a desnaturalização da
mimese.
O autor vai dizer que a poética aristotélica
constitui um núcleo básico do pensamento
sobre a relação entre mundo e linguagem ou
mundo e arte e meio de representação a partir
da noção de mimeses. Para ele as diferentes
correntes críticas vão propor posicionamentos
teóricos diversos ou vao propor interpretações
diversas da poética de Aristóteles.

Quem se contrapõe a ideia de mimeses o


principal elemento mimeses seria o “enredo”
ou historia, ou seja, para eles a abordagem
aristotélica já seria formalista, pois para eles o
fundamental dentro das artes miméticas seria
não a mimese enquanto noção de
representação da realidade, mas sim a ideia de
um enredo, pois isso já remete a ideia de uma
estrutura, estrutura com inicio meio e fim, com
uma serie de regras estabelecidas pelo
Aristóteles a fim de que esse enredo seja
efetivo na perpetração de um determinado
efeito.

Compagnon coloca essa questão: a arte/literatura seria a imitação da natureza ou a imitação


da própria arte? Desde Aristóteles e ate mesmo desde Platão já se existia essa questão
voltada por meio de Compagnon. A arte imita o real ou imita a própria arte, ou seja,
imitação de uma estrutura, um conjunto de preceitos, conjunto de regras.

O verossímil – ou seja, ele não é isso que convêm da perspectiva da logica dos acontecimentos, do
nosso conhecimento do mundo, mas sim daquilo que convêm em sociedade, que convêm a partir de
determinadas expectativas sociais.

Compagnon propõe a corrente ant-realista, ant-mimetica e na sequencia ele mostra o


que havia antes e a que se contrapõe essa corrente.
Da perspectiva de Barthes que Compagnon resume
ao lado, o realismo seria justamente essa ilusão na
possibilidade de uma representação direta do real.
Ou seja, a forma mais direta de representação do
real, de uma mimese tão perfeita que o publico não
se daria conta da sua dimensão mimética.

A partir da ideia de que não há fora do texto, o fora do texto são outros textos que o
circundam que existem em uma teia de remições, de referencias, mas mesmo um autor
que se pretenda o mais fiel pintor da realidade na verdade trabalharia com convenções
da sua época, mas convenções do meio por meio do qual ele se exprimi, no caso, a
literatura.

É nesse sentido que trabalha a


intertextualidade como uma
forma de relação entre o texto e
o mundo, mas entendido o
mundo como outros textos que
muitas vezes não são textos e há
então todo um processo
intersiomiotico de jogo entre
palavras, imagens e sons,
musicas memorias.
Quando Barthes afirmar olha o Flaubert ele
esta se valendo de uma estratégia da
representação pra enganar o seu leitor
dando uma impressão de um efeito do real,
mas isso não é o real isso é um discurso
meio enganoso.

Os grandes nomes da literatura, desde o


inicio do século 20 já trabalhavam com a
chave ant mimética

Essa citação resume bem o capitulo, pois


reunindo essas três leituras da poética: uma
mimética, uma formalista ou ant mimetica,
e uma terceira que vai lidar com algo mais
próximo de uma estética da recepção ou
estética do efeito.

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