O Código de Processo Civil não regulou nada sobre o pedido de efeito suspensivo
antes do protocolo da apelação, mas parte da doutrina entende ser possível usar por analogia a
logica da tutela antecipada antecedente (art. 303, Código de Processo Civil) para fazer a
petição simples pedindo o efeito suspensivo para o Tribunal e depois interpor a real apelação
nos 15 dias do prazo da apelação. Seria uma espécie de tutela antecipada antecedente recursal,
ou seja, um pedido suspensivo imediato, antes mesmo de se interpor apelação, ficando o
desembargador que julgar o requerimento feito por petição prevento para tanto.
Alias, um julgamento recente nesse sentido:
Candido José Dinamarco, chegou a escrever uma obra completa sobre tal tema. Nessa
obra, Dinamarco conceitua capítulo de sentença como:
[...] uma unidade elementar autônoma, no sentido de que cada um deles expressa
uma deliberação específica; cada uma dessas deliberações é distinta das contidas
nos demais capítulos e resulta da verificação de pressupostos próprios, que não
se confundem com os pressupostos das outras (DINAMARCO, 2002, p. 34).
Os capítulos de sentença são unidades autônomas do decisório da Sentença, e essas
unidades autônomas são compostas por cada um daqueles preceitos imperativos contidos no
dispositivo de Sentença.
Preceitos Imperativos são os comandos que o Juiz deu em cada parte do dispositivo da
Sentença. Quando o Juiz impõe uma condenação, por exemplo, ele está impondo um
comando, um Preceito Imperativo, e esse Preceito indica que eu tenho um Capítulo da
Sentença.
A Teoria dos Capítulos de Sentença pertencem à teoria da sentença e somente em
segundo plano, à teoria dos recursos. Contudo, é em matéria recursal que o assunto se
desenvolve de maneira mais incisiva.
Para o Professor Cândido Rangel Dinamarco a Sentença pode ser dividida em
capítulos por meio de vários critérios que variam de acordo com a utilidade. A partição pode
ser: (a) relativamente ao conteúdo da parte dispositiva da sentença; (b) das razões que são
utilizadas na fundamentação para se justificar o comando sentencial; (c) dos destinatários de
determinada fundamentação ou decisão, nos casos de litisconsórcio necessário ou facultativo;
(d) dos cumprimentos dos requisitos de admissibilidade e as questões de mérito; dentre tantos
outros.
O CPC não faz menção expressa ao termo “Capítulo de Sentença”, mas, o art. 1.002
do CPC, por exemplo, define que “A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte”, o
que indica que as decisões podem ser divididas em capítulos, onde fica evidente que a parte
pode recorrer somente do capítulo que lhe interessar.
Dividindo a sentença em capítulos, é possível dizer que a análise dos capítulos é por
exemplo oportuna para decisões sobre admissibilidade do recurso especial e do recurso
extraordinário, observando a existência real ou não de prequestionamento de decisões.
Nem todos os capítulos podem constituir um processo autônomo, mas todos podem
originar interposição de apelação contra si pela parte sucumbente. Na realdiade brasileira,
então, podemos definir que o capítulo de sentença é uma possível divisão da decisão em seu
dispositivo, para separar onde estão os pedidos imediatos e onde estão os pedidos imediatos.
1 DINAMARCO, Cândido Rangel. Capítulos de sentença. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2014. p. 47-48.
Os acessórios são os que dependem da existência do capítulo principal.
Exemplo: honorários advocatícios e correção monetária.
Bibliografia:
BONÍCIO, Marcelo José Magalhães. Capítulos de sentença e efeitos dos recursos. São
Paulo: RCS Editora, 2006