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Texto Integral
2- Mesmo que ainda não tivesse sido fixado o efeito suspensivo ao recurso interposto da
causa principal [processo nº2878/09.3BEPRT], que foi julgada improcedente, o TAF
apreciou o pedido por considerar, e bem, que tal não é condição de apreciação do pedido
de revogação, atenta a própria letra do artigo 124º, nº3, do CPTA - advérbio
«designadamente»;
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25/04/2021 Acordão do Supremo Tribunal Administrativo
«…no caso concreto o direito que aqui se pretende exercer no processo principal não é o
direito de propriedade nem a posse sobre a parcela de terreno em causa. O direito que se
pretende exercer é o de expurgar da ordem jurídica um acto que os recorrentes reputam
de ilegal. A existência ou não deste direito apenas pode ser decidido no processo principal
a que o presente processo cautelar está apenso, dado, desde logo, tratar-se de matéria da
exclusiva competência dos tribunais administrativos e não em qualquer processo a correr
noutra jurisdição designadamente, nos tribunais comuns, por lhes faltar, em absoluto, essa
competência. Não existe, por isso, fundamento para declarar a caducidade da providência
aqui decretada. Ainda que se pudesse declarar a caducidade com base na alteração da
situação de facto ou de direito ainda assim o incidente deveria ser julgado improcedente,
como foi. Os autores refutam o acto impugnado no processo principal com base em três
vícios: a ofensa do direito de propriedade, o vício da incompetência e o erro nos
pressupostos de facto por o terreno não ser do domínio público. O direito de propriedade
por parte dos autores […] apenas surge, neste contexto, como um dos pressupostos da
invalidade do acto impugnado. Vício que, em definitivo, não se verifica, dado o trânsito em
julgado da decisão que declarou os autores como não proprietários.
Mas mantém-se como possivelmente válidos os outros vícios, não se tendo verificado
qualquer alteração da situação de facto ou das normas jurídicas aplicáveis ao caso.
7- Da sentença proferida na causa principal foi interposto recurso, com efeito suspensivo
[concedido] do qual pode resultar decisão desfavorável à recorrida não sendo de prever, a
final, a improcedência da causa principal;
9- Não se encontra demonstrado e provado nos autos, com decisão transitada em julgado,
que a parcela de terreno é do domínio público e que o exercício do comércio no terreno
em questão é causador de acidentes rodoviários;
10- Nos actos [im]positivos, como aqui sucede, o ónus da prova da validade dos
respectivos pressupostos cabe à entidade demandada, in casu, a IP, ou seja, que a
parcela de terreno é do domínio público e que o exercício do comércio no terreno em
questão é causador de acidentes rodoviários;
24.03.2017;
12- A entidade requerida [IP] não cumpriu o ónus que lhe cabia, ainda que,
indiciariamente, na presente providência cautelar, de o terreno em questão ser do domínio
público rodoviário e da actividade comercial aí exercida comprometer a segurança
rodoviária local;
13- A concessão de provimento ao recurso implica a prática de acto inútil, proibido por lei
ao juiz, nos termos do artigo 130º do CPC, já que, o recurso no processo principal foi
admitido com efeito suspensivo, e por conseguinte, a sentença recorrida é inexequível
enquanto não transitar em julgado, e será inexequível, por isso, a decisão que revoga a
suspensão da decisão de 11.08.2009, porquanto a providência cautelar é instrumental em
relação ao processo principal no qual foi atribuído efeito suspensivo ao recurso interposto;
14- Manter o acórdão recorrido será conceder à recorrida que a mesma se possa arrogar
titular de um terreno sem o ser, já que, ainda não foi declarado por decisão transitada em
julgado como integrante do domínio publico rodoviário, e que, sem título legítimo se possa
apropriar ilegalmente do mesmo como, aliás, pretende a recorrida [conforme resulta do
documento adiante junto sob nº1], oferecendo-se, assim, à recorrida de forma ínvia um
direito que não tem, por não ser os presentes autos o meio próprio para tal judicialmente
declarar;
15- A decisão do TAF do Porto fez a correcta apreciação e aplicação do direito, que se
subscreve na íntegra;
16- A presente revista tem como fundamento a violação da lei substantiva e processual,
por parte do acórdão do TCAN, nos termos do artigo 150º, nº2, do CPTA, na redacção
aplicável;
17- Deve ser revogado o acórdão recorrido e substituído por acórdão do STA que confirme
a decisão do TAF do Porto.
2. A recorrida «IP» veio apenas declarar que «[…] sem prejuízo de entender
que o recurso de revista não é admissível […] se abstém de apresentar contra-alegações,
uma vez que o douto acórdão ali posto em crise não merece qualquer censura ou reparo,
devendo ser mantido na íntegra, porque nele se fez correta interpretação dos factos e
adequada aplicação do direito […]». Requer, a final, que seja indeferido «o pedido
de atribuição de efeito suspensivo ao recurso interposto pelos recorrentes, por falta de
fundamento legal, uma vez que já está assente que aqueles não são donos do terreno
[aliás confessado], e que a imediata desocupação não lhes causará qualquer prejuízo
tutelado pelo Direito, impedindo, isso sim, o enriquecimento daqueles à conta do Estado».
II. De Facto
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8- Sobre esta decisão judicial sobreveio este recurso jurisdicional de apelação [pesquisa
ao SITAF].
III. De Direito
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Entenderam ocorrer o requisito do bom direito - enquanto fumus non malus juris
- relativamente à ordem de desocupação da parcela de terreno em
causa, mas não relativamente à de cessação da actividade de venda.
Para tal efeito, consideraram que de «entre os vícios imputados ao acto
suspendendo» - violação do direito de propriedade dos requerentes, incompetência
dos requeridos, e falta de fundamentação - apenas se poderia considerar não ser
manifesta a falta de fundamento na invocação da violação do direito de
propriedade dos requerentes. A este respeito consideraram ser
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«Em primeiro lugar, alegam os autores que o prédio em apreço é sua propriedade e que o
mesmo não pertence ao domínio público.
No seguimento do que acima ficou referido na matéria de facto, e, como por fim os autores
reconhecem [no seu último requerimento, após alegações da ré], o prédio em questão nos
autos não é da sua propriedade. Nem nunca foi. Porém, continuam a referir tratar-se de
propriedade privada, sem identificarem quem seja o proprietário. O que só por si faz
soçobrar esta invocação.
[…]
pertinentes [artigos 84º, nº1, da CRP; 4º, alíneas h) e p), DL nº477/80, de 15.10; 2º, nº1
alínea b), DL nº13/71, de 23.01], concluindo - além do mais - que «Atendendo a que a
parcela de terreno em questão servia para zona de descanso dos utentes da estrada e de
parqueamento, deve considerar-se que integra o regime de acessórios da estrada
nacional. Como tal é considerado um bem do domínio público por assim estar classificado
por lei».
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IV. Decisão
José Veloso
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