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9822 - POUPANÇA – CONCEITOS BÁSICOS

2021

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9822 - Poupança – Conceitos Básicos

Manual de Formação

Unidade de Formação Modular (UFCD): Poupança – Conceitos Básicos

Âmbito do manual

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de


curta duração nº 9822 - Poupança – conceitos básicos, de acordo com o Catálogo Nacional
de Qualificações.

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Índice

1 Objetivos....................................................................................................................................... 5
2 Recursos Didáticos ...................................................................................................................... 5
3 Poupança ...................................................................................................................................... 6
3.1 A importância da poupança no ciclo de vida: meio para acomodar oscilações de
rendimento e de despesas, para fazer face a imprevistos, para concretizar objetivos de
longo prazo e para acumular património ....................................................................................... 7
3.2 Comportamentos básicos de poupança ............................................................................... 9
3.2.1 Orçamento............................................................................................................................. 9
3.2.2 Estipule o seu objetivo: que montante pretende poupar todos os meses .............. 11
3.2.3 Faça sempre uma lista de compras antes de ir ao supermercado ............................ 11
3.2.4 Aproveitar descontos e promoções ................................................................................. 11
3.2.5 Reeducar comportamentos e hábitos de consumo ...................................................... 11
4 Os Determinantes Microeconómicos da Poupança das Famílias ....................................... 12
4.1 A Educação.............................................................................................................................. 12
4.2 A Composição do Agregado Familiar .................................................................................. 13
4.3 A Localização Geográfica ..................................................................................................... 13
5 A Taxa de Juro ........................................................................................................................... 14
5.1 Conceito Taxas de juro ......................................................................................................... 14
5.1.1 Regime de juros simples e de juros compostos ............................................................ 15
5.1.2 Taxa de juro nominal, taxa de juro real e taxa de juro efetiva ............................... 16
6 Relação entre remuneração e o risco .................................................................................... 19
6.1 Riscos dos produtos ............................................................................................................... 19
6.2 Rentabilidade ......................................................................................................................... 22
7 Características de alguns produtos financeiros ................................................................... 23
7.1 Depósitos a Prazo .................................................................................................................. 23
7.2 Contas de Poupança .............................................................................................................. 24
7.3 Depósitos a Prazo Estruturados ........................................................................................... 25
7.4 Certificados de Aforro .......................................................................................................... 26
7.5 Certificados do Tesouro ....................................................................................................... 27
7.6 Obrigações .............................................................................................................................. 28

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7.7 Ações........................................................................................................................................ 31
8 Fundo de Investimento ............................................................................................................. 33
9 Seguro de vida ........................................................................................................................... 36
10 Planos de Poupança............................................................................................................... 37
11 Bibliografia ............................................................................................................................. 40

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1 Objetivos

 Reconhecer a importância da poupança relacionando-a com os objetivos da


vida.
 Utilizar um conjunto de noções básicas de matemática financeira que apoiam
a tomada de decisões financeiras.
 Relacionar remuneração e risco utilizando essa relação como ferramenta de
auxílio nas decisões de aplicações de poupança.
 Identificar as características de alguns produtos financeiros onde a poupança
pode ser aplicada.
 Identificar elementos de comparação dos produtos financeiros.

2 Recursos Didáticos

 Manual de Formação.
 Computador.
 Videoprojector.
 Quadro preto.
 Giz.
 Colunas de Som.
 Textos de apoio.

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3 Poupança

Cada indivíduo ou família decide, em cada momento, como dividir o seu rendimento
disponível entre consumo e poupança. Designamos por consumo a despesa em bens e
serviços com vista à satisfação de necessidades e desejos. Estas podem ser necessidades
básicas, como alimentação, vestuário e habitação ou desejos associados ao consumo de
bens de luxo, como férias num país exótico. A poupança é a diferença entre o rendimento
disponível e a despesa em bens de consumo, sendo igual à variação da riqueza do indivíduo
ou família. A decisão entre consumo e poupança é, em última análise, uma decisão entre
consumo no presente e consumo no futuro.
De acordo com a função consumo keynesiana, um aumento unitário do rendimento induz
um aumento do consumo. É de notar também que a taxa de poupança vai diminuindo com a
diminuição do rendimento disponível, sendo mesmo negativa se o rendimento for inferior
ao consumo autónomo. Nesse caso, além de consumirem todo o seu rendimento, os agentes
ainda consomem parte da sua riqueza. Esta relação entre a taxa de poupança e o
rendimento disponível observa-se empiricamente numa análise cross-section. Famílias com
rendimentos superiores tendem a ter taxas de poupança mais elevadas. Mas a análise das
séries temporais do rendimento disponível e da poupança já não confirma esta relação. O
rendimento disponível aumentou muito nas últimas décadas, enquanto que, a taxa de
poupança se manteve relativamente estável.

Consumo e Poupança das Famílias (Portugal, 1960-2006).


Fontes: INE e “A Situação Social em Portugal” (ICS-UL).

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Na teoria económica são geralmente identificados quatro motivos para as famílias


pouparem: financiar a reforma ou acumular herança; financiar a compra de habitação, bens
de consumo duradouro ou despesas com educação; financiar o consumo em períodos de
quebra incerta do rendimento, sendo neste caso a precaução o motivo da poupança; e
garantir um padrão de consumo estável ao longo da vida. Daqui resulta que o
comportamento das famílias em relação à poupança é influenciado por variáveis como as
taxas de juro, o desenvolvimento do sistema financeiro, as políticas sociais, a política
orçamental, a variação da riqueza líquida, a demografia, a incerteza em relação aos
rendimentos futuros e a variação da taxa de crescimento do PIB. No entanto, apesar da
importância que a variável poupança tem para a dinâmica das economias, os resultados dos
estudos que analisam os fatores que influenciam a poupança têm sido inconclusivos.

3.1 A importância da poupança no ciclo de vida: meio para acomodar oscilações


de rendimento e de despesas, para fazer face a imprevistos, para concretizar
objetivos de longo prazo e para acumular património

Um dos pontos de partida, mais comuns no estudo da poupança do ponto de vista


microeconómico é o contributo de Modigliani e Brumberg (1954) que introduziram a
chamada hipótese do ciclo de vida.
A hipótese do ciclo de vida foi primeiramente desenvolvida por Franco Modigliani e Richard
Brumber em 1954, tem servido de ponto de partida para a construção teórica da análise à
poupança. Na base desta hipótese está a ideia de que os níveis de poupança individual
variam ao longo da vida dos agentes e tendem a diminuir à medida que se envelhece, de
forma a manter um padrão nos vários períodos do consumo.
Partindo de uma ótica de racionalidade, Modigliani e Brumber (1954) assumem que as
pessoas poupam mais na meia-idade, enquanto têm uma vida profissional mais ativa, de
forma a salvaguardar os seus níveis de consumo e bem-estar depois da reforma.
Nos primeiros anos de vida ativa espera-se que o peso na compra de bens duradouros, como
casa e carro, e os encargos inerentes à constituição de uma família force os indivíduos a

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recorreram a crédito. Com a evolução da carreira, os rendimentos tendem a aumentar,


proporcionando uma oportunidade de poupança. Na última fase de vida, os indivíduos
perdem rendimentos e, para manterem os níveis de consumo, recorrem às poupanças que
amealharam ao longo dos anos anteriores.
O rendimento pessoal disponível pode ser utilizado sob duas formas: em consumo e/ou
poupança. O consumo é a porção de rendimento destinada à aquisição de bens e serviços
que permitem satisfazer as necessidades e a poupança é a parte do rendimento não
empregue, no imediato, no consumo, se modo a ser possível satisfazer as necessidades no
futuro.

Rendimento = Consumo + Poupança

Existem diversas razões que levam as famílias a poupar como o facto do rendimento ganho
ultrapassar o montante habitual dos encargos suportados com o consumo, permitindo
reservar algum do seu rendimento para mais tarde ou o desejo de adquirir algo dispendioso
no futuro. Outra razão é a incerteza quanto ao futuro, ou seja, o receio de não terem
rendimentos no futuro.
Realizar poupança no momento presente permite uma maior disponibilidade de recursos
financeiros no futuro. Nos períodos em que o rendimento disponível é abundante, uma
parte do rendimento deve ser alocado à poupança.
A poupança adquirida ao longo do tempo será fundamental nos períodos em que o
rendimento disponível é inferior às necessidades de consumo dos agentes, evitando o
endividamento dos mesmos. Nos períodos em que os agentes económicos detêm quebras de
rendimento poderão recorrer à poupança para acomodar tal quebra, ou para fazer face a
despesas inesperadas provocadas por imprevistos.
Por outro lado, a poupança adquirida em momentos anteriores pode ser alocada a
investimentos futuros. Estes poderão ser refletidos em consumo privado ou em
investimentos empreendedores.

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Por fim, a poupança permite estabilidade em períodos de vida menos produtivos, em que os
agentes económicos encontram-se veneráveis para realizarem atividades remuneradas e
consequentemente incorrem em prolongadas quebras de rendimento.

3.2 Comportamentos básicos de poupança

Uma das regras de ouro de gestão das finanças pessoais passa por definir estratégias para a
poupança, como, por exemplo, evitar gastos supérfluos, fazer muita poupança doméstica,
planear bem o orçamento familiar e definir à partida uma percentagem específica do
vencimento para constituir um pé-de-meia.
Em tempos de incerteza, é natural que estejamos mais predispostos para a poupança,
sabendo distinguir claramente as vontades das necessidades, estabelecendo prioridades
tendo em vista as metas da poupança. A este respeito, há quem se preocupe em ter um
fundo de emergência para um qualquer imprevisto ou despesa inesperada, poupar para
comprar uma casa, um carro, pagar os estudos superiores aos filhos ou mesmo para
preparar a reforma. Seja qual for a meta, é fundamental criar hábitos de poupança e nunca
perder de vista os seus objetivos financeiros.

3.2.1 Orçamento

O orçamento mensal é a ferramenta que assegura que conseguirá fazer face às despesas do
mês seguinte e que o ajudará a perceber onde está a gastar mais dinheiro, para que possa
então ajustar os seus gastos, de forma a que consiga poupar no final do mês.
Um erro comum é achar que um rendimento baixo não justifica a conceção de um
orçamento, porque na verdade, quanto menos dinheiro temos, mais importante se torna
planear o destino de cada cêntimo.

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Passos para a criação de um orçamento:

1. Identifique as fontes de rendimento:

Receitas fixas 650,00€


Receitas variáveis 115,32€
Total: 765,32€

2. Identifique as despesas fixas. São aquelas que se repetem todos os meses, mais ou
menos nos mesmos dias dos meses. São também aquelas que dificilmente pode
alterar.

Eletricidade 63,96€
Gás 42,51€
Água 17,65€
TV & Internet 52,47€
Crédito habitação 232,20€
Condomínio 25,00€
Ginásio 35,00€
Total: 470,79€

3. Depois de listar as suas despesas fixas, acrescente à tabela acima as suas despesas
variáveis. Assim que identificar onde gasta mais dinheiro, ser-lhe-á mais fácil alterar
os seus hábitos de consumo e fazer cortes onde precisa. Não se esqueça de incluir
compras únicas, um vestido ou fato para uma ocasião especial, por exemplo.

4. Por fim, calcule totais, e subtraia para saber quanto lhe sobrará no final do mês.

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Receitas - despesas = poupança

3.2.2 Estipule o seu objetivo: que montante pretende poupar todos os


meses

Defina o seu objetivo de poupança a partir da análise de rendimentos e encargos. O


conselho é que transfira dinheiro para a sua conta poupança logo no início de cada mês.
Assim conseguirá ter uma gestão financeira mais desafogada ao longo do mês, na medida
em que, sempre que surgirem gastos elevados e inesperados, o impacto no seu orçamento
será menor.

3.2.3 Faça sempre uma lista de compras antes de ir ao supermercado

A estratégia apresentada o ajuda a restringir-se apenas ao que precisa, evitando gastos


extra e, por vezes, desnecessários.
Ao organizar e listar, previamente, as compras que necessita, permite que na visita ao
supermercado apenas adquira produtos que se enquadram nas necessidades predefinidas.
Desta forma, não realizará compras desnecessárias.

3.2.4 Aproveitar descontos e promoções

Os agentes económicos ao realizarem uma avaliação prévia dos descontos e promoções


existentes em plataformas online ou em catálogos, podem utilizar os mesmos para adquirir
bens e serviços aos melhores preços.
Por outro lado, a avaliação prévia também permite comparar preços e chegar ao valor mais
económico para o bem ou serviço desejado.

3.2.5 Reeducar comportamentos e hábitos de consumo

Os hábitos do agregado familiar são fundamentais no maximizar do rendimento disponível.


O planeamento das despesas familiares, acompanhado com o controlo de gastos por via do
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comportamento dos elementos do agregado, tais como poupar água e poupar eletricidade
através de comportamentos assertivos, permitirá baixar os gastos do orçamento familiar.
Todavia, é fundamental desincentivar as compras online, ao passo que, os meios
publicitários transformam o comportamento dos agentes económicos, incentivando-os a
comprar sem necessidade. Por outro lado, o meio de pagamentos das compras online,
normalmente transferência bancária ou cartão de crédito, gera uma falsa sensação de
rendimento disponível, visto que, o seu utilizador apenas verifica a diminuição de
rendimento disponível de forma virtual.
Em suma, a estrutura de gastos do agregado familiar deve ser ajustada ao rendimento
disponível do mesmo.

4 Os Determinantes Microeconómicos da Poupança das Famílias

4.1 A Educação

Os níveis de educação podem também possuir um poder explicativo no comportamento da


poupança das famílias. As famílias cujos níveis de educação são mais elevados têm uma
preferência de consumo de curto-prazo menor e, logo, uma maior propensão a poupar.
Solmon (1975) enunciou uma série de razões que explicam como é que os padrões de
poupança podem variar consoante os níveis de educação. Segundo o autor, a influência da
educação pode consubstanciar-se por duas vias: por via do seu efeito no rendimento e pelo
seu valor intrínseco. Pessoas com níveis de educação mais baixos tendem a auferir
rendimentos menores, ao mesmo tempo que têm mais dificuldade em encontrar situações
profissionais estáveis, o que promove um impacto negativo sobre a poupança. Pelo
contrário, pessoas com níveis de educação mais elevados esperam obter um nível de
rendimento permanente mais alto, estimulando a poupança.
Para além disso, a educação tem, por si só, um valor intrínseco que pode afetar as opções
de poupança. A vontade de poupar tem uma conexão forte com o retorno real que a
poupança produz. Ora, indivíduos mais instruídos têm mais capacidade de criar portefólios

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mais diversificados e mais eficientes, logo mais rentáveis, o que promove a formação de
poupança neste grupo de agentes.

4.2 A Composição do Agregado Familiar

O número de elementos e a composição do agregado familiar são também considerados


relevantes para explicar as variações na poupança das famílias. Lawrence (1991) e Engen
(1993) constatam a existência de uma relação negativa entre o tamanho das famílias e os
níveis de poupança das mesmas.
Esta relação inversa acentua-se se isolarmos somente o número de dependentes dentro do
agregado, sejam crianças ou idosos. Gedela (2012) encontrou evidência de uma diminuição
drástica da poupança das famílias, com o aumento do número de crianças, principalmente
quando esse número cresce a partir de 2 crianças por família, observando também a
relação não linear entre os dois indicadores.

4.3 A Localização Geográfica

A localização geográfica dos agregados também pode ter um impacto significativo nas
escolhas de poupança. Segundo Loayza et al. (2000), as áreas rurais têm menos
oportunidades de consumo do que as áreas urbanas, e esse facto é importante nas escolhas
dos agentes. Adicionalmente, as zonas rurais, devido ao seu contexto económico e social,
são genericamente mais propensas à poupança. As razões mais evidentes são a maior
instabilidade do rendimento, visto que a atividade económica, baseada no setor primário, é
mais afetada por fatores externos, e a oportunidade de acesso a financiamento e a bens de
consumo é mais limitada. Por outro lado, a marginalidade geográfica pode condicionar o
acesso a instrumentos de poupança oferecidos por bancos ou outras instituições financeiras.
Nas zonas mais rurais são mais comuns outras formas de poupança não financeira,
consubstanciando-se em terrenos, animais de pasto, ouro, etc. Sandoval-Hernández (2013)
encontrou evidência de que as famílias residentes em áreas rurais poupam mais do que nas

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áreas urbanas também pelo facto de que o risco de rendimento ser menos diversificável nas
primeiras.

5 A Taxa de Juro

A taxa de juro é também um indicador normalmente utilizado para explicar as alterações


na taxa de poupança das famílias. O primeiro efeito de um aumento da taxa de juro é
aumentar a quantidade de consumo futuro que se ganha ao renunciar ao consumo no
presente. Perante um aumento da taxa de juro, o preço do consumo futuro, avaliado em
unidades de consumo presente, diminui, o que incentiva os agentes a consumir menos hoje
e a poupar mais. Assumindo um nível estável de bem-estar global, esta dinâmica implica a
substituição temporal das decisões de consumo, daí ser chamado efeito substituição.
O segundo efeito de um aumento na taxa de juro é a diminuição dos valores atualizados do
consumo futuro no presente. Ou seja, as taxas de juro mais elevadas significam que mais
quantidade de moeda atual será necessária para financiar uma determinada quantidade de
consumo futuro. O consumo futuro será, portanto, mais caro, levando as famílias a
consumir mais hoje e a poupar menos. Este efeito atua na direção oposta ao efeito
substituição e é conhecido por efeito rendimento.

5.1 Conceito Taxas de juro

Um depósito a prazo é um produto bancário que pressupõe a entrega de fundos a uma


instituição de crédito, que fica obrigada a restituir esses fundos no final de um período de
tempo acordado e ao pagamento de uma remuneração, designada de juro.
Os depósitos a prazo são supervisionados pelo Banco de Portugal.
De acordo com o tipo de remuneração e a sua maior ou menor complexidade, os depósitos a
prazo podem ser simples ou estruturados.

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5.1.1 Regime de juros simples e de juros compostos

Juro Simples
O juro simples corresponde ao juro obtido pela aplicação de um montante de capital num
depósito durante um determinado período de tempo. Para calcular um juro simples basta
multiplicar o capital pela taxa de juro em vigor nesse mesmo período.

Exemplo:
Num depósito de 5000 euros a 5 anos, que pague juros trimestralmente com base numa
Taxa Anual Nominal Bruta (TANB) de 4%, o juro simples recebido pelo depositante em cada
trimestre é de cerca de 50 euros. Ao fim de cinco anos, o juro obtido neste depósito é de
1000 euros, antes de deduzido o IRS.
O cálculo do juro trimestral é obtido multiplicando o montante do depósito pela taxa de
juro e pelo número exato de dias do trimestre, a dividir por 360. Esta regra em vigor
corresponde à base de cálculo de juros que se designa de atual/360.

Juro Recebido = D x i x (n/360)


Onde:
D – Valor depositado;
i – Taxa de juro;
n – prazo para vencimento do juro.

Juro Composto
No juro composto considerar-se a capitalização dos juros simples que vão sendo vencidos
pelo depósito. No juro composto, o juro devido em cada período é adicionado ao capital
inicial, constituindo um novo capital. Capitalização significa, portanto, a incorporação do
juro simples no capital, obtendo-se um novo capital (maior que o inicial), o qual vai ser
também ele remunerado.

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Desta forma, num depósito com juro composto são obtidos juros sobre juros e um capital
crescente ao longo do tempo. Enquanto o juro simples cresce proporcionalmente com o
tempo, o juro composto cresce mais do que proporcionalmente com o tempo.

Exemplo:
Se no mesmo depósito de 5000 euros a 5 anos, com uma Taxa Anual Nominal Bruta (TANB)
de 4%, o juro recebido em cada trimestre for adicionado ao capital que vence juros no
trimestre seguinte, o depositante obtém um montante crescente de juros. Ao fim de 5
anos, o total de juros obtidos neste depósito a juro composto é de 1101 euros, antes de
deduzidos os impostos. Ou seja, mais 101 euros do que num depósito a juro simples.
No regime de juros compostos, o montante de juros vai aumentando porque todos os
trimestres os juros são adicionados ao capital, fazendo aumentar este último. No final do
primeiro trimestre o juro de 50 euros é adicionado ao capital inicial de 5000 euros, em vez
de ser pago ao depositante. Desta forma, no trimestre seguinte o capital aumenta para
5050 euros e os juros sobre este capital aumentam para 51 euros e assim sucessivamente.

5.1.2 Taxa de juro nominal, taxa de juro real e taxa de juro efetiva

A remuneração de um depósito a prazo – juros – depende da taxa de juro que a instituição


de crédito pratica nesse depósito, do montante aplicado, do prazo do depósito e da taxa de
imposto que incide sobre os juros pagos pela instituição.

Taxa de juro bruta e líquida


A taxa de juro dos depósitos é designada de taxa anual nominal bruta (TANB), que é uma:
 Taxa anual – expressa a remuneração do depósito para o período de um ano. Para
calcular os juros de um depósito com prazo diferente de um ano é necessário
calcular a taxa proporcional a esse período;
 Taxa nominal – não varia em função da inflação;
 Taxa bruta – não considera o imposto que incide sobre os juros;

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 Taxa de juro simples – não considera a capitalização de juros que possam ser pagos
ao longo do período.

Imposto aplicável aos juros dos depósitos


Os juros pagos pelas instituições de crédito relativamente aos depósitos à ordem ou a prazo
estão sujeitos ao pagamento de impostos.
Se o depositante for uma pessoa singular, aplica-se a taxa do imposto sobre o rendimento
das pessoas singulares (IRS):

 28% para as pessoas singulares com domicílio fiscal em Portugal continental e na


Madeira;
 22,4% para as pessoas singulares com domicílio fiscal nos Açores.

No caso de empresas, aplica-se a taxa do imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas
(IRC):
 25% para as empresas com domicílio fiscal em Portugal continental e na Madeira;
 20% para as empresas com domicílio fiscal nos Açores.

A taxa anual nominal líquida (TANL) incorpora a retenção de impostos, 28% caso não haja
regime especial e corresponde aos juros que o cliente recebe.

Exemplo
Um depósito de 2500 euros, aplicado durante um ano a uma TANB de 4,3%, gera um juro no
final do período de:

Juro = 2500 × 0,043 = 107,5 €

Se o depósito de 2500 euros for aplicado por um período diferente do ano, por exemplo
durante 180 dias à TANB de 4,3%, gera um juro no final do período de:
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Juro= 2500 × (180/360) × 0,043 = 53,75 €

Caso se aplique uma taxa de retenção na fonte de 28%, ao fim do período serão creditados
na conta à ordem o capital inicial e 72% dos juros gerados.
Nota: A contagem de dias para efeitos de cálculo dos juros de depósitos em euros deve ser
feita na base actual/360, convenção genérica do mercado monetário em euros.
A comparação de remunerações oferecidas em aplicações em diferentes moedas só faz
sentido se estas remunerações estiverem expressas numa moeda comum.

Taxa de juro nominal e real


Para que o montante aplicado em depósitos não perca valor ao longo do tempo, é
necessário que os juros recebidos compensem a evolução do nível geral dos preços, ou seja,
a inflação.
A taxa de juro nominal corrigida da inflação designa-se de taxa de juro real e corresponde à
diferença entre a TANL e a taxa de inflação.
Se a taxa de juro real for positiva, os juros recebidos pelo depósito superam a evolução dos
preços e a poupança está a ganhar valor porque permite comprar uma maior quantidade de
bens e serviços.

A taxa anual efetiva líquida (TAEL) equivale à TAE deduzida do imposto que incide sobre os
juros.
Nos depósitos a prazo com juros simples, a comparação entre a remuneração de diferentes
depósitos a prazo deve ser feita com base na TANB. Nos depósitos a prazo com juros
compostos, a comparação deve ter em conta a taxa anual efetiva (TAE), que inclui o efeito
da capitalização dos juros.
A taxa de juro efetiva é tanto maior quanto maior for o número de capitalizações de juros.

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6 Relação entre remuneração e o risco

6.1 Riscos dos produtos

Quando se aplica a poupança num produto financeiro, prescinde-se de consumo presente de


bens ou serviços com o objetivo de aumentar, em contrapartida, os recursos financeiros e o
consumo no futuro.
O principal risco de quem faz uma aplicação financeira é o de não reaver, total ou
parcialmente, o dinheiro investido. Um outro risco é o de não obter uma remuneração
adequada durante o período em que prescindiu de utilizar o dinheiro aplicado.
A aplicação da poupança num produto financeiro tem sempre em vista obter uma
remuneração dessa aplicação. No entanto, pode existir alguma incerteza quanto à
remuneração que irá ser obtida. Nalguns casos a remuneração poderá vir a ser inferior à
que se havia antecipado inicialmente. Noutros casos a remuneração pode mesmo ser
negativa.
É possível identificar um conjunto de fatores que pode contribuir para que uma aplicação
financeira tenha um comportamento adverso face ao esperado.

Risco de Crédito
Risco de crédito é o risco de falência ou insolvência da entidade junto da qual foram
aplicados os fundos. É o risco do emitente do instrumento financeiro no qual o investidor
aplicou a sua poupança, podendo não vir a reembolsar o capital investido nessa aplicação
ou não pagar a remuneração prevista.
No caso de um depósito, o risco de insolvência da instituição de crédito junto da qual foi
contratado, o depósito está coberto pelo Fundo de Garantia de Depósitos, nos termos
definidos na lei.
No caso das obrigações é o risco de insolvência da entidade que as emitiu e no caso das
ações é o da falência da entidade detentora do capital respetivo.

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Risco de Mercado
Risco de mercado é o risco de perda de valor de uma aplicação financeira, devido a
alterações nos preços, ou taxas de juro, de mercado. Este risco está associado a
instrumentos financeiros negociados em mercado, como por exemplo ações ou obrigações.
O preço destes instrumentos é determinado pela procura e oferta no mercado.
O seu comportamento é influenciado por inúmeros fatores, incluindo as expectativas dos
investidores relativamente ao emitente desses instrumentos, a alterações do seu rating e à
evolução do mercado em geral. Esta é, por sua vez, afetada pela divulgação de indicadores
económicos e alterações nas taxas de juro oficiais.

Risco de Capital
Risco de capital é o risco de perda parcial ou total do capital investido na aplicação
financeira. Este risco está associado a aplicações financeiras cuja rendibilidade possa ser
negativa, isto é, em vez de obter ganhos o investidor pode suportar perdas. Estas perdas
vão reduzir o capital inicialmente aplicado. Ele não decorre da possibilidade de insolvência
da entidade emitente da aplicação financeira mas das características da aplicação
financeira.
Há aplicações financeiras com capital garantido, como, por exemplo, os depósitos ou os
planos poupança com garantia de capital.

Risco de Remuneração
Risco de remuneração é a incerteza quanto à evolução da remuneração de um ativo
financeiro. Este risco está associado a ativos financeiros em que a remuneração não está
totalmente definida à partida.
No caso, por exemplo, dos depósitos e as obrigações a taxa de juro variável, a remuneração
está dependente da evolução de um indexante, geralmente a taxa Euribor. Se as taxas
Euribor descerem mais do que o previsto no momento da contratação do depósito ou da
obrigação, a remuneração será inferior ao esperado e vice-versa.

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Risco de Liquidez
Risco de liquidez é o risco do aforrador ou investidor não poder dispor do capital investido
antes do vencimento da aplicação financeira ou de incorrer em custos elevados para o
fazer. Este risco pode resultar de restrições do próprio produto financeiro, como é o caso
dos depósitos não mobilizáveis antes da data de vencimento estabelecida no contrato, de
que são exemplos muitos dos depósitos indexados.
Nos produtos financeiros negociáveis em mercado a sua liquidez pode ser afetada pelas
características do mercado em que o produto financeiro é transacionado. Se não existir
oferta e procura suficiente nesse mercado, um investidor interessado em vender um
instrumento financeiro poderá ter dificuldade em encontrar um comprador. Para conseguir
vender, poderá ter de aceitar um preço muito inferior ao previsto.
A liquidez pode também evoluir ao longo do tempo em função das condições gerais de
mercado.
Os produtos negociados em bolsa, como as ações e obrigações, são em geral líquidos.

Risco de Reinvestimento
Risco de reinvestimento é o risco dos rendimentos que vão sendo recebidos durante a vida
de uma aplicação não serem investidos, por exemplo, à taxa de remuneração dessa
aplicação.
Este risco está associado, por exemplo, a depósitos que pagam periodicamente juros, sem
capitalização automática desses juros. A taxa a que serão reinvestidos os juros pagos ao
longo do depósito é desconhecida à partida e poderá ser inferior à paga pelo depósito que
se encontra vivo.

Risco Cambial
Risco cambial é a incerteza quanto à evolução da cotação de uma determinada divisa.
No caso de uma aplicação financeira efetuada numa divisa diferente do euro, o risco
depende do comportamento da taxa de câmbio entre o euro e essa moeda.

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Por exemplo, um investidor que faça um depósito em francos suíços corre o risco do euro se
apreciar face a esta moeda durante o período do depósito. Se isso acontecer, quando
ocorrer o reembolso do depósito e o investidor converter novamente para euros o capital
inicial mais os juros recebidos em francos suíços, o contravalor destes montantes em euros
poderá ser inferior ao montante aplicado inicialmente devido à alteração da taxa de
câmbio.

Risco de Inflação
Risco de inflação é o risco de redução do valor real, ou do poder de compra, dos fundos
investidos numa aplicação financeira e dos rendimentos por ela gerados devido à subida dos
preços.
Se os fundos aplicados num produto financeiro, por exemplo num depósito a prazo, não
forem remunerados a uma taxa nominal pelo menos igual à taxa da inflação, no final do
período o cabaz de bens e serviços que é possível adquirir com o montante depositado será
inferior devido ao aumento dos preços.

6.2 Rentabilidade

A rentabilidade é o resultado, positivo ou não do investimento.


Quando tratamos de investimento é comum haver uma esperança ou expectativa de quanto
será o rendimento da aplicação. A rentabilidade esperada nada mais é, do que a
expectativa de rendimento de determinada aplicação. O cálculo para sua mensuração dá-se
através de um cálculo sobre a média de rentabilidades passadas daquele determinado
investimento.
Esta prática de cálculo de rentabilidade esperada com base na rentabilidade passada de um
investimento é prática comum na maioria dos investidores.

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7 Características de alguns produtos financeiros

7.1 Depósitos a Prazo

Um depósito a prazo é um produto bancário que pressupõe a entrega de fundos a uma


instituição de crédito, que fica obrigada a restituir esses fundos no final de um período de
tempo acordado e ao pagamento de uma remuneração, designada de juro.
A generalidade dos depósitos comercializados pelos bancos enquadra-se na categoria de
depósitos simples. Isto é, depósitos remunerados a uma taxa de juro fixa ou a uma taxa de
juro variável.
Nos depósitos a taxa fixa o valor da taxa de juro do depósito é conhecido no momento da
sua constituição e mantém-se inalterado durante o prazo do depósito.
Nos depósitos a taxa variável a remuneração do depósito está dependente da evolução de
um indexante, como a Euribor a 6 meses. A taxa de juro do depósito é geralmente obtida
adicionando um spread ao valor do indexante.
Em cada uma destas categorias podem ainda encontrar-se algumas variantes, como por
exemplo:

 Depósitos com taxas de juro fixas, mas cujo valor da taxa de juro é diferente em
todos ou em apenas alguns períodos do depósito;
 Depósitos a taxa variável com spreads diferentes em todos ou em apenas alguns
períodos do depósito.

Antes da constituição de um depósito a prazo simples a instituição de crédito autorizada


deve entregar ao cliente a Ficha de Informação Normalizada (FIN) com toda a informação
sobre as características do depósito.
A instituição de crédito deve ainda prestar ao cliente informações sobre o sistema de
proteção do depósito, entregando-lhe o Formulário de Informação ao Depositante (FID).

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7.2 Contas de Poupança

As contas de poupança são depósitos a prazo que possuem características que estimulam a
inércia à poupança, uma vez que apresentam as seguintes características:

 A possibilidade de aumentar o capital aplicado em qualquer momento, através de


entregas pontuais ou programadas de novos montantes de capital, podendo, neste
caso, definir-se antecipadamente o montante e a periodicidade em que os reforços
são realizados;
 A renovação automática dos fundos aplicados, ou seja, os montantes não levantados
no final do prazo do depósito são diretamente aplicados num novo depósito com as
mesmas caraterísticas ou com as características pré-definidas;
 A flexibilidade na mobilização antecipada a qualquer momento, ainda que possa
estar eventualmente sujeito a penalização dos juros corridos.

As contas de poupança podem ser desagregadas quanto à finalidade e ao público a que se


destinam.
As contas de poupanças sem finalidade específica não impõem condições particulares de
acesso ou de mobilização. Estas contas também não beneficiam de regime fiscal próprio.
As contas de poupança-habitação têm por objetivo a constituição de poupança com vista,
designadamente, à aquisição, construção ou beneficiação de habitação própria
permanente. A utilização destas contas para esses mesmos fins proporciona reduções com
os encargos dos atos notariais e do registo predial respeitantes à aquisição de habitação
própria permanente.
As contas de poupança-condomínio destinam-se exclusivamente à constituição de um fundo
de reserva para a realização de obras de conservação ordinária, de conservação
extraordinária e de beneficiação, nas partes comuns dos prédios. Estas contas só podem ser
constituídas pelos administradores de prédios em regime de propriedade horizontal,
mediante prévia autorização da assembleia de condóminos. A mobilização do saldo deste

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tipo de contas só pode ser efetuada pelos administradores de condomínio ou pelos


condóminos autorizados em assembleia para o efeito.
As contas de poupança-emigrante são contas de depósito especialmente concebidas para
receber fundos de emigrantes portugueses e destinam-se a financiar, no território nacional,
a construção, aquisição ou beneficiação de imóveis, bem como o desenvolvimento de
atividades industriais ou outras.
As contas de poupança-reformado são contas de depósito destinadas a pessoas singulares
em situação de reforma e cujo valor mensal da reforma não excede, no momento da
constituição da conta, o montante equivalente a três vezes o salário mínimo nacional. Cada
reformado só pode ser primeiro titular de uma conta poupança-reformado.
Os juros destas contas de depósito beneficiam de isenção de IRS na parte do saldo que não
ultrapasse 10.500 euros. Se o saldo da conta for superior a este valor, os juros relativos à
parte do saldo que o ultrapasse pagam IRS à taxa em vigor.

7.3 Depósitos a Prazo Estruturados

Os depósitos estruturados distinguem-se dos depósitos simples porque a remuneração


destes depósitos está dependente da evolução de outras variáveis económicas ou
financeiras como, por exemplo, o preço de uma ação ou de um cabaz de ações, ou o valor
de um ou vários índices acionistas.
Antes de contratar um depósito estruturado, a instituição de crédito está obrigada a
entregar ao cliente um documento de informação fundamental que descreve as suas
características essenciais.
O cliente deve consultar atentamente o documento de informação fundamental, analisando
em particular:

 A forma de cálculo da remuneração do depósito e a existência ou não de uma


remuneração mínima garantida;
 O prazo do depósito;

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 A possibilidade de movimentação dos fundos depositados antes do final do prazo do


depósito e a existência de penalizações em caso de mobilização antecipada do
depósito, se ela for permitida. A generalidade dos depósitos estruturados não é
mobilizável antes do vencimento.

Os documentos de informação fundamental dos depósitos estruturados são divulgados no


Portal do Cliente Bancário.
A instituição de crédito deve ainda prestar ao cliente informações sobre o sistema de
proteção do depósito estruturado, entregando-lhe o Formulário de Informação ao
Depositante (FID).

7.4 Certificados de Aforro

Os certificados de aforro são instrumentos de dívida criados com o objetivo de captar a


poupança das famílias. Têm como característica principal o serem distribuídos a retalho,
isto é, serem colocados diretamente juntos dos aforradores e terem montantes mínimos de
subscrição reduzidos. Os certificados de aforro só podem ser emitidos a favor de
particulares e não são transmissíveis exceto em caso de falecimento do titular.
A emissão de certificados de aforro pode ser efetuada diretamente nos balcões das
entidades para o efeito contratadas pelo IGCP, E.P.E., os CTT, nos Espaços Cidadão, assim
como através da Internet.
Não existem quaisquer encargos de subscrição, manutenção ou de levantamento nos
Certificados de Aforro. Porém, existe sim o pagamento de impostos. Haverá sempre o
pagamento de IRS sobre os juros e sobre os prémios de permanência através de retenção na
fonte. É um processo automático: o imposto é retirado e pago às Finanças antes mesmo de
serem somados os juros à poupança, não havendo necessidade de declarar este produto no
IRS.

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7.5 Certificados do Tesouro

Os Certificados do Tesouro são outro instrumento de financiamento do Estado. O


lançamento dos primeiros foram no ano de 2010 com um prazo máximo de 10 anos e estes
foram a edição mais rentável até ao momento, tendo sido lançados num período em que o
Estado estava com dificuldades em se financiar no mercado internacional devido à crise
financeira. Ao lançar este produto atraiu poupanças dos particulares.
Logo de seguida surgiram os Certificados do Tesouro Poupança Mais, entre 2013 e 2017,
com um prazo mais reduzido, até cinco anos, e com uma taxa de juro anual crescente. Se
subscreveu algum destes produtos, a recomendação é que os guarde até ao final do prazo.
Atualmente encontram-se em comercialização os Certificados do Tesouro Poupança e
Crescimento, que para quem quer investir é sobre estes que tem de se informar.

Quais são as principais características dos Certificados do Tesouro?


 Investimento mínimo de 1.000 euros e máximo de 1.000.000 euros;
 Prazo máximo de 7 anos;
 Juros são pagos anualmente com uma taxa crescente a partir do segundo ano, entre
0,75% e 2,25%;
 A partir do segundo ano há um prémio de remuneração de 40% do crescimento médio
real do PIB;
 Não pode ser mobilizado durante o primeiro ano.

Não ocorre a capitalização dos juros, ou seja, todos anos estes são depositados noutra
conta. A taxa cresce todos os anos até ao final do prazo e, a partir do segundo ano, à taxa
base definida soma-se um prémio de remuneração e este corresponde a 40% do crescimento
médio real do produto interno bruto (PIB) em Portugal nos quatro trimestres conhecidos no
mês anterior à data de pagamento dos juros.
Assim como nos Certificados de Aforro, não existe aqui quaisquer encargos de subscrição,
manutenção ou levantamento. No entanto, tenha atenção que se levantar algum montante

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antes do prazo e antes do aniversário da subscrição, irá perder parte dos juros
correspondentes a esse ano.
Um exemplo: subscreveu o produto no dia 1 de março de 2019 e levantou uma parte do
valor a 1 de junho de 2023: tem direito aos juros de 1 de março de 2019 a 1 de março de
2023, mas já não tem direito aos juros entre 1 de março de 2023 a 1 de junho de 2023.
Estes certificados também são adquiridos nos CTT.

7.6 Obrigações

As obrigações são instrumentos financeiros que representam um empréstimo contraído


junto dos investidores pela entidade que as emite, que tanto podem ser empresas, como
Estados ou outras entidades públicas ou privadas. Ao adquirir uma obrigação, o investidor
torna-se credor dessa entidade.
Existem diversos tipos de obrigações e diversos mercados através dos quais podem ser
comercializados. Conhecer estas diferenças e as características específicas de cada emissão
de obrigações permite ao investidor perceber os riscos em que incorre.
No momento em que são emitidas, as obrigações podem ser vendidas diretamente ao
público em geral, através, por exemplo, da subscrição ao balcão dos bancos durante um
período pré-definido ou apenas colocadas junto dos investidores institucionais, denominada
colocação em mercado primário. Neste último caso, os investidores particulares só
conseguem adquirir estes títulos se essas obrigações forem, após a venda inicial, colocadas
em bolsa e estiverem disponíveis para negociação, denominada colocação em mercado
secundário.
Previamente à subscrição de obrigações colocadas em mercado primário, tal como as
obrigações emitidas por empresas através de ofertas públicas, os bancos e outros
intermediários financeiros são obrigados a prestar aos pequenos investidores todas as
informações necessárias para uma tomada de decisão esclarecida e fundamentada,
incluindo:

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 A ficha técnica ou outro documento informativo, da emissão de obrigações onde


constam as características da obrigação e condições da oferta;
 Informação relativa aos riscos associados;
 Informação relativa aos custos dos serviços, nomeadamente o preço total a pagar,
incluindo todas as remunerações, comissões discriminadas, encargos e despesas
conexos, bem como todos os impostos a pagar através do intermediário financeiro;
 Informação sobre a taxa anual nominal bruta (TANB) da obrigação;
 Informação sobre a taxa interna de rentabilidade (TIR), líquida de impostos, do
montante investido, assumindo que o investimento é mantido até à maturidade,
tendo em conta todos os custos associados decorrentes das concretas circunstâncias
contratuais do cliente. ATIR é a taxa que permite ao investidor ter a perceção sobre
qual será a rentabilidade efetiva do seu investimento.

Antes de investir é fundamental que o investidor leia toda a informação disponível


referente ao produto e que só invista se compreender plenamente as implicações do seu
investimento.
Cada instituição financeira pode cobrar diferentes comissões, pelo que, antes de investir o
investidor deve comparar os preçários praticados no mercado, uma vez que o retorno
obtido com a aplicação pode alterar-se de forma significativa consoante os custos
suportados.
As obrigações que não estão admitidas à negociação no mercado podem ser alienadas antes
da respetiva maturidade. Cabe ao intermediário financeiro encontrar um investidor
interessado em comprar essas obrigações. No entanto, o preço de venda pode ser inferior
ao esperado pelo investidor ou pode não haver procura no momento em que o investidor as
pretende alienar.
No caso das obrigações negociadas em mercado, a venda também pode ser solicitada em
qualquer momento anterior ao fim da maturidade. No entanto, o investidor fica também
sujeito à existência de compradores no mercado na quantidade e ao preço a que o
investidor pretende.
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A subscrição de obrigações envolve custos para o investidor. Antes de aplicar a poupança


neste tipo de produto, é importante que o investidor saiba quais as comissões que,
geralmente, tem que suportar.

As comissões aplicáveis são as seguintes:


 Comissão de corretagem, devida pela prestação do serviço de receção, transmissão
ou execução de ordem relativas à subscrição, compra ou venda das obrigações;
 Comissão de custódia de títulos, cobrada pelo registo e guarda em conta das
obrigações em carteira;
 Comissão de reembolso, paga pelo processamento e liquidação da operação de
reembolso das obrigações;
 Comissão de pagamento de juros ou de cupões, devida pelo processamento e
liquidação da operação de pagamento dos rendimentos gerados pelas obrigações.

Cada intermediário financeiro tem o seu próprio preçário, pelo que o investidor deve
comparar os valores aplicados por cada um.
Na subscrição de obrigações, o investidor deve ainda ter em atenção a fiscalidade aplicável.
Sobre as obrigações incidem diversos impostos: IRS, no pagamento dos juros e no
apuramento de mais-valias, ou IRC e imposto do selo.
Os rendimentos das obrigações, juros, são considerados rendimentos de capitais,
independentemente dos títulos serem ou não emitidos a desconto. A alienação ou a
transmissão a título gratuito das obrigações é tributada como mais-valias obtidas.
As taxas de imposto aplicáveis dependem do regime a que esteja sujeito o investidor
enquanto sujeito passivo residente ou não residente em território português e podem sofrer
alterações ao longo do tempo, pelo que é sempre muito importante ler a informação que
sobre essa matéria consta obrigatoriamente do prospeto, das condições finais ou da ficha
técnica das obrigações. Essa leitura não deve substituir a informação mais aprofundada que
o investidor deverá obter junto da autoridade tributária.

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7.7 Ações

Uma ação é um título que representa uma fração do capital social de uma empresa,
constituída sob a forma de uma sociedade anónima. O detentor destes títulos é o acionista
e a empresa que os emite é o emitente.
O retorno total obtido com um investimento em ações depende não só da evolução da sua
cotação, como também de outros eventos societários, como é o caso da distribuição de
dividendos, aumentos ou reduções de capital, ofertas públicas de aquisição. Não devem ser
descurados todos os custos envolvidos na transação e detenção de ações.

Antes de adquirir ações é importante:


 Conhecer com detalhe a empresa ou empresas em que pretende investir;
 Ter disponibilidade para acompanhar com regularidade o investimento realizado;
 Conhecer os eventos que podem ocorrer na sociedade, como, por exemplo, aumentos
ou reduções de capital, oferta pública de aquisição e a forma como deve agir;
 Aprender a constituir uma carteira de ativos equilibrada e diversificada;
 Comparar os preçários praticados pelos intermediários financeiros, bancos,
corretoras;
 Saber o impacto que as comissões cobradas podem ter no retorno gerado;
 Conhecer a fiscalidade a que está sujeito este instrumento financeiro.

Características das Ações


 Capital aplicado nas ações não é garantido. Ou seja, o investidor tem que estar
preparado para a eventualidade de, no momento em que decide vender as ações, a
sua cotação, preço, ser inferior à de aquisição. Este risco não se materializa
necessariamente caso o investidor não tenha pressa em vender as ações e possa
esperar que estas recuperem o valor, ou cotação, a que são transacionadas em bolsa.
 Facilidade de venda. As ações, desde que estejam cotadas em bolsa, são, por norma,
fáceis de alienar quando comparadas com outro tipo de ativos. No entanto, é preciso

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ter em atenção que há exceções. Há títulos cotados em bolsa que são pouco líquidos,
pouco transacionados, isto é, há poucos compradores e vendedores para esses
títulos, o que pode tornar mais difícil a sua venda no momento e ao preço desejados.
A liquidez das ações pode ser medida, por exemplo, pelo volume médio de
transações diárias, informação que pode ser recolhida junto das entidades que gerem
o mercado ou através dos meios de comunicação social especializados em informação
económica e financeira.

Encargos Associados às Ações


Comissão de transação - No ato de compra e venda de ações são cobradas taxas ou
comissões pela execução dessas operações, que incluem as cobradas pelo próprio
intermediário financeiro, as que têm que ser pagas à bolsa ou a outro intermediário
financeiro responsável pela efetiva execução da ordem, nos casos aplicáveis, a comissão de
liquidação e de compensação. Os valores cobrados variam consoante o intermediário
financeiro, banco, corretora ou outro, e o mercado onde a empresa em que pretende
investir está cotada. Essas taxas podem ser fixas ou em percentagem do capital aplicado.
Há intermediários financeiros que cobram comissão mesmo que uma ordem de compra ou
venda não seja executada. Sobre as taxas ou comissões apresentadas há ainda que ter em
conta o pagamento do imposto do selo, à taxa em vigor no momento da transação.
Comissão por guarda de títulos - A abertura e manutenção de uma conta de títulos –
obrigatória para quem detém ações – tem custos. Este custo pode ter um valor fixo,
trimestral ou semestral, ou variável, percentagem sobre os valores que fazem parte da
conta, com um limite mínimo e um limite máximo. Sobre o valor da comissão incide IVA à
taxa legal em vigor.
Comissão por transferência de valores mobiliários entre contas - Um investidor que
pretenda mudar a sua carteira de títulos para outra instituição financeira incorre também
em custos. Esta comissão não é cobrada, normalmente, pelo intermediário financeiro para
o qual os valores mobiliários são transferidos. Antes de solicitar a transferência, é

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importante que o investidor conheça estes custos e verifique se o valor da sua carteira de
títulos compensa o custo de transferência.

Fiscalidade.
O regime fiscal influencia o retorno final do investimento em ações. No caso do investidor
ter recebido dividendos, estes estão sujeitos à taxa liberatória de IRS em vigor, o que
significa que a entidade que distribui os dividendos é obrigada, no ato do pagamento, a
reter a parcela correspondente à aplicação dessa taxa, que depois entrega diretamente ao
Estado. No caso das ações, a sujeição à tributação só ocorre com a venda dos títulos e o
montante sobre o qual incide a taxa de imposto corresponde ao saldo entre as mais-valias,
lucros e menos-valias, prejuízos, registadas no ano civil em que ocorreram essas
transações.

8 Fundo de Investimento

Um fundo de investimento é um instrumento financeiro que resulta da captação de capital


junto de diversos investidores, constituindo o conjunto desses montantes um património
autónomo, gerido por especialistas que o aplicam numa variedade de ativos.
Os fundos de investimento são supervisionados pela Comissão do Mercado de Valores
Mobiliários.
Existem no mercado diversos tipos de fundos de investimento, que se distinguem,
designadamente, pela diversificação das classes de ativos presentes nas suas carteiras. Os
fundos de investimento mobiliários investem sobretudo em ativos como ações, obrigações
ou outros valores mobiliários. Os fundos de investimento imobiliários investem sobretudo
em bens imóveis.
Os fundos de investimento podem ainda subdividir-se em fundos abertos e fechados. Nos
fundos abertos os investidores podem subscrever e resgatar unidades de participação em
qualquer momento. Nos fundos fechados a subscrição só é possível durante um período pré-
fixado e o resgate só ocorre na data de liquidação do fundo.

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Existem também fundos especiais de investimento, que têm maior flexibilidade do que os
fundos clássicos quanto aos limites de investimento em determinados ativos. Uma outra
categoria de produtos relacionada com os fundos são os contratos de seguros ligados a
fundos de investimento, denominados unit linked.

Características dos fundos


Os fundos de investimento são uma alternativa ao investimento direto nos ativos que
compõem o seu património, com as seguintes vantagens:

 Permitem uma maior diversificação do património do investidor particular;


 Permitem reduzir os custos de transação, nomeadamente de corretagem, face aos
que um investidor individual teria de suportar por cada operação, caso pretendesse
atingir sozinho o mesmo nível de diversificação da carteira;
 Estão sujeitos a um regime fiscal que é, em muitos casos, mais favorável, como é o
caso do investimento em imóveis, devido às isenções fiscais de que beneficiam;
 São caracterizados pela simplicidade quanto à forma de investir;
 São conhecidas, previamente à sua subscrição, as regras para o reembolso dos
montantes aplicados;
 Permitem o acesso dos pequenos investidores a mercados, que à partida lhe estariam
inacessíveis, atendendo ao elevado montante do capital exigido.

Um fundo de investimento pode ser subscrito através da aquisição de unidades de


participação junto da entidade gestora do fundo ou ao balcão das instituições financeiras,
que, neste caso, atuam enquanto intermediários financeiros.
As instituições financeiras que os comercializam têm de estar autorizadas pela Comissão do
Mercado de Valores Mobiliários para o exercício dessa atividade.

Custos e comissões

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A subscrição de fundos de investimento envolve custos para o investidor. As comissões


variam entre tipos de fundos, mesmo dentro da mesma sociedade gestora. No entanto, há
casos em que as entidades gestoras decidem isentar os investidores de alguma ou algumas
das comissões mais usuais.
Antes de aplicar poupança neste tipo de produto, é importante que saiba quais as
comissões que terá de suportar e que têm de estar previstas no regulamento de gestão, no
prospeto ou documento informativo dos fundos de investimento.

 A comissão de subscrição é cobrada pela entidade comercializadora no momento em


que são subscritas as unidades de participação, sendo o seu montante adicionado ao
valor das unidades de participação;
 A comissão de resgate é cobrada pela entidade comercializadora no momento em
que o investidor recebe o valor do resgate das unidades de participação, sendo o seu
montante subtraído ao valor das unidades de participação;
 A comissão de gestão é suportada diretamente pelo fundo e se destina a remunerar
os serviços prestados pela entidade gestora, a qual está já, todavia, incorporada no
valor da unidade de participação;
 Para além destas comissões, os fundos suportam ainda outros custos que já estão
incorporados no valor da unidade de participação. Os prospetos simplificados dos
fundos de investimento devem conter a respetiva taxa global de custos relativa ao
ano anterior.

A CMVM divulga no seu sítio de internet informação que permite conhecer e comparar as
comissões e custos cobrados pelas entidades que comercializam fundos de investimento.
Disponibiliza também simuladores que permitem aferir qual a entidade que pratica a taxa
mais competitiva na subscrição de um determinado fundo.

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9 Seguro de vida

Contrato através do qual o segurador se compromete a pagar o capital seguro em caso de


morte da pessoa segura, seguro em caso de morte, ou sobrevivência da pessoa segura,
seguro em caso de vida.
Existem riscos que têm consequências graves e de grande impacto económico na vida dos
cidadãos. Uma morte prematura pode afetar seriamente os recursos familiares, levando à
redução dos rendimentos. Por outro lado, uma maior longevidade pode acarretar custos
acrescidos para o idoso e sua família.
Estes são riscos que podem ser partilhados ou transferidos para um segurador, através de
um seguro de vida.
O resgate total consiste na antecipação do recebimento da prestação devida pelo
segurador, calculada em função dos prémios entretanto pagos, dando, assim, origem à
cessação do contrato.
O resgate resulta, normalmente, de pedido expresso do tomador. O direito ao valor de
resgate é usualmente concedido após um período mínimo estabelecido no contrato e nem
todos os seguros do ramo Vida dão direito a valor de resgate.
O segurador deve anexar à apólice uma tabela de valores de resgate calculados com
referência às datas de renovação do contrato, sempre que existam valores mínimos
estabelecidos.

Reembolso
Quando o beneficiário recebe, no final do contrato, o valor a que tem direito.

Como é pago o prémio?


O tomador do seguro deve pagar o prémio nas datas e condições indicadas no contrato de
seguro.

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9822 - Poupança – Conceitos Básicos

O segurador deve avisar o tomador do seguro com, pelo menos, 30 dias de antecedência em
relação à data limite em que o prémio deve ser pago. O aviso deve indicar o valor do
prémio, onde e como deve ser pago.

Quais as consequências de não pagar o prémio?


A falta de pagamento do prémio na data indicada no aviso pode dar ao segurador,
consoante o que for acordado, o direito de:

 Cessar o contrato e pagar ao beneficiário o respetivo valor de resgate;


 Reduzir as garantias ou capitais contratados.

10 Planos de Poupança

São produtos vocacionados para a poupança de médio ou longo prazo, que podem contribuir
para complementar a reforma ou ser usados para financiar a educação do participante ou
da sua família.

Que tipo de planos de poupança existem?


Existem os seguintes:

 Planos poupança-reforma (PPR), associados a um fundo de poupança-reforma;


 Planos poupança-educação (PPE), associados a um fundo de poupança-educação;
 Planos poupança-reforma/educação (PPR/E), associados a um fundo de poupança-
reforma/educação.

As contribuições para o fundo de poupança são usualmente efetuadas pelo participante ou


pelo seu empregador.

Em que casos é possível o reembolso dos planos de poupança?

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O valor do PPR/E pode ser levantado, sem penalizações, nos seguintes casos:

 Reforma por velhice do participante;


 Reforma por velhice do cônjuge do participante se, devido ao regime de bens do
casal, o PPR/E for um bem comum;
 A partir dos sessenta anos de idade do participante;
 A partir dos sessenta anos de idade do cônjuge do participante se, devido ao regime
de bens do casal, o PPR/E for um bem comum;
 Frequência ou entrada do participante ou de qualquer dos membros do seu agregado
familiar num curso do ensino profissional ou do ensino superior, se tiver despesas
nesse ano;
 Desemprego de longa duração do participante ou de qualquer dos membros do seu
agregado familiar;
 Incapacidade permanente para o trabalho do participante ou de qualquer dos
membros do seu agregado familiar, qualquer que seja a causa;
 Doença grave do participante ou de qualquer dos membros do seu agregado familiar;
 Em caso de morte do participante, o valor do plano é entregue aos herdeiros e, se
tiver sido designado, ao beneficiário;
 Em caso de morte do cônjuge do participante se, devido ao regime de bens do casal,
o PPR/E for um bem comum, a parte do valor do plano respeitante ao falecido é
entregue ao participante ou aos restantes herdeiros.

Nos casos de reforma por velhice, a partir dos sessenta anos de idade ou por frequência ou
entrada num curso de ensino superior ou profissional, só podem ser levantados valores
referentes a entregas feitas há, pelo menos, 5 anos.
Nesses casos, o reembolso da totalidade do valor dos PPR/E só é possível se o montante das
entregas efetuadas na primeira metade da vigência do contrato representar, pelo menos,
35% do total das entregas.

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Nos casos de desemprego de longa duração, incapacidade permanente para o trabalho e


doença grave, esta regra também se aplica se o participante, ou o membro do seu agregado
familiar cujas condições pessoais justificam o pedido de reembolso, se encontrasse numa
dessas situações na data em que foi feita a entrega.
Por exemplo, em caso de desemprego de longa duração do cônjuge, só podem ser
levantados valores referentes a entregas feitas há pelo menos 5 anos, se o cônjuge
estivesse nessa situação na altura em que essas entregas foram feitas.
Se se tratar de um PPR, aplicam-se todas as regras anteriormente referidas, exceto a
possibilidade de levantar o valor do plano de poupança em caso de frequência ou entrada
do participante ou membro do agregado familiar num curso de ensino profissional ou do
ensino superior.
Se se tratar de um PPE aplicam-se todas as regras anteriormente referidas, exceto a
possibilidade de levantar o valor do plano poupança em caso de reforma por velhice ou a
partir dos 60 anos de idade do participante ou cônjuge.
O valor do PPR, do PPE ou do PPR/E pode ser levantado em qualquer altura, fora das
condições legais, mas com as penalizações fiscais previstas na lei, ou seja, o participante
terá de devolver ao Estado os benefícios fiscais que obteve com o investimento no plano de
poupança, caso existam, acrescidos de uma penalização adicional.

Quais as modalidades de reembolso?


Os participantes, herdeiros ou beneficiários, conforme os casos, podem optar por:

 Receber o valor do plano de poupança de uma só vez ou periodicamente;


 Receber uma pensão mensal durante toda a sua vida;
 Qualquer conjugação das duas formas de pagamento anteriores.

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11 Bibliografia

Banco de Portugal

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