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INTRODUÇÃO AO PROJETO DE
BARRAGENSDETERRA EDEENROCAMENTO
NÉLIO GAIOTO
2003
ficha catalográfica preparada pela Seçfo de Tratamento
da Informação do Serviço de Biblioteca - EESC/ USP
Cnioto, Nélio
Cl43i
Introdução ao proj4'>to do barragens dP. terr a
e de <:>nrQctunento I Nélio Gaioto . - São Carlos :
EESC-USI?, 2003 .
126 p. : i ! .
Inclui réterênciç:i:s bibliográficas e índice .
ISBN 8 5• 8S20S - 45- 8
~Í1TLO 1. ........................................................................................................................ 1
- ,ER.'\.LillADES ............................ ............................. ....................................................... l
/,\7RODUÇ1ÍO .............•................................. ........................ ..........................•......... ...... 1
:!FINAI.IIMIJF:S IJAS RARRA(;F.NS ................... .....................•.... ................... .............. 3
3 .PRINCIPMS TIPOS DE BARRAGENS E SU,1 SELEÇ,10 ........................ ................. 6
I.ESCOLHA DO LOCAL, PARA A IMPI..ANTAÇÃO DA BARRAGEM ................... 10
'5.TIPOS D!:: BARIU<iENS DE TERRA E DF. F.NROCAMF,NT0 ........... ..... ............... 11
CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................ 17
l'iVESTIGAÇÕES GEOI.ÓGlCO·GEOTÉCNlCAS ............................ ................. ............ 17
?.l.lN VESTTGAÇÕES DAS FUNDAÇÔES ..................................................... ......... ......... 17
:!.2.JN VESTTGAÇÕES DOS MATERIAIS D!:: CONSTRUÇÃ0 ..... ...................... ........... 21
2.3.A TERROS EXPERIMEN7AIS ..... ..................................................... ............................ 28
CAPITULO 3 .......................................................................................................................... 31
El..ElvfENTOS PRTNCJPAJS DAS BARRAGENS ... ....... .............................. ,..................... 3 1
3. /.BORDA 1./VRF. / ·· FrPP h<>artl"" )--............•....................•..................... ....... ............ ."...... ... JI
3.2.CRISTA .................................................................. ....... ......... ............................. ..... ........ 32
.i..?.TALUDES ....................... ...... ,........................ .......... .... ..... ...................... ..................... .... 33
3. ./.(jEOMl:JRIA INTERN1\ DA SEÇÃ 0 ... .......•..................•...........•....................... ......... 33
3.5.PROTEÇÃO DOS TAl, UDES E DA CRISTA .. ....... ..... ..... .......................... ....... ... .. 35
CAPÍTULO 4 ........................................................................................................................ 39
TRATAMENTO OJ\ FUNDAÇÃ0 ................................................. ..................................... '.\9
4./.1RJNC/IEIIIA DE VEDAÇ;iO ("CUT-OFF") ..................................... ..... .........•.... ..... 39
4.2.CORTINA VI:: INJEç·.40 ........... ..... ....... ...................................... ................... ............... 39
4.J.PAREDI:: DIAFIIA(iMA ............ ..... ........................................ ....................................... 4/
4.4. TAPETE IMPERMl-.'Á Vt:l. A MON7ANTF-: ............................................................... . ./2
C·<\l'ÍTULO 5 ........................................................................................................................ 45
DRENAGEM TNTERNA ...................................................................................................... 45
5. 1. l'II.TRO EM CHAMINÍ:: ......... .......... ....... ............................... ................................. ....... 45
5.2.TRANSIÇOES NAS BARRAGENS DE ENROCMdE:NT0 ... ....... ............................ .47
5.3.TAPETE DRENANTE ..................................... .......... ..................... ................... .......... ... 48
5.4.DRENO DE PÉ .... .............................................................. ............................................. . 48
5.5. TRINCHEIRA DRENAN T/:.' ..................................................... ..... .............. ..... ............. 49
5.ó.POÇOS DE ALÍVIO ......................................................................... .............. ................ 50
5. 7.GALERJAS DE DRENA GEM ....... ........................................................... ............ ......... 51
Ct\PÍTIJU) 6 ........................ ............ .................................................................................... 53
TRATAMENTO DE CAM íNITOS PREFERENCTAJS DE PERCOLAÇÃO .......... ...... .. 53
6.1.CONTATOS 00 ATERRO COM A l-"UNDAÇÃ0 ................................................... 54
6.2.CONTATOS DO ATERRO COM ESTRUTURAS DE CONCRETO ..... ................... 56
CAPÍTULO 7 ........................................................................................................................ 63
ANJ\USES DE PERCOLAÇÃO ....... ................................................................................... 63
CAPÍTULO 8 ...•......•....•.•..•.•....•.........•......•.•....•..•.•.........•...........•..•....•.....•........................... 67
ANÁLISES DE ESTABILIDADE ........................................................................................ 67
CAPÍTULO 9 ........................................................................................................................ 71
ANÁLISES DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES ....................... ......... ... ................. .. ... 71
CA PÍTULO 10 ........................................................................ ............................................. 75
INSTRUMENTAÇÃO ................•.......................................................................................... 75
10.I. TIPOS DE INSTRUMENTOS ....................... .............. ..... ..... ..... ............ ............ ........ 75
/0.2. PERlOOJC!JJADE DAS l.EITURAS .•.. ....... .................................. ...•......... .. ............ 78
10.J. lNTFRPRE'li\ÇÃO DOS RESULTADOS ...................•.........................•.... .... ...... 79
CAPÍTULO 11 ...................................................................................................................... 81
MÉTODOS CONSTRUTIVOS ............................................................................................ 81
11. J. 1.-:SCAVAÇÀO ............ ........................ ... .. ..... ....... .....•......... ...................... ... ......... ....... 82
11.2. TNANSPORTE ................. ....... ............ ........................... ............... .. ............................ 87
J J.J. ESPALHAMENTO .................. .............................•......... ...................... ..... ....... .......... 90
11.4. SEPARAÇÃO E MISTURA DE MATERIAIS ..................... .............................•...... <)f
11.5. CORREÇÃO DA UMIDADE.......................... ........ ..... ........................................ 92
11.6. HOMOOENEJZAÇÃO ................... . ........ ..•.......... .................... .. ................. ..... ...... 93
11.7. COMPACTAÇÃO ... ....... ............ ...................... .................................. ................. ........ 94
11.8. CONSTRUÇÃO OE ENROCAMENTOS .............................................. ....... ..... ..... 106
11.9. CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS DE Rl:JElTO .................. ............... .......... .. .. 107
l l .10. CONSTRUÇÃO NAS ZONAS DE CONTATO ENTRE MATERIAIS /)/FERE:Nlts ... // J
li. li. DESVIO 00 RIO PARA ,t CONSTRUÇÃO DA BARRAGeM ....................... 120
Oepm. de Geotccnia
Escola de Engenharia de S,in ,arlos - Universidade de São Paulo
CAPÍTULO l
GENERALIDADES
LYfROD UÇÃO
Uma barrngcm pode ser construída para atender a uma finalidade cspccífo.:a ou a
finalidades múltiplas, a segui r relacionadas:
Geração de énergia elétrica
Ahasteei mento de água
Controle de enchentes
Navcg.a~ão
Saneamento
[niga,·ão
Contenção de rcjeitos. etc.
8
a. Top<>grafia ·
• \lateriais de construção
O vertedouro é lllll órgão vital da bmngem. Muicas ve7,es o seu tamanho e tipo, e
as restrições parn a sua locação são fatores imponanrcs na escolha do tipo de barragem.
Os requisitos do vcncdouro são ditados pelas condições hidrológicas do rio.
indepcnde111es das condições do local, do tipo e do tamanho da barragem. A seleção do
tipo de vertedou ro é uinuenciada pela magnitude das va,-õcs que por ele devem passar.
Nos rios com grande potencial de cheias. o vertedouro é urna estruturn dominante e a
barragem pode merecer consideração secundária.
O custo de construção de um grande vertedouro freqüentemente representa uma
considerável parcela do cus10 lotai da obra. Nesses casos, a combinação do vert.:douro
e da barragem para constituir um,t única estrntura pode ser vantajosa. opiando-se assim
po r uma barragem -vertedouro de concreto. Norma lmente, não se considera a
possibilidade de construir o vertedouro sobre o aterro ou sobre o enrocamemo. devido
a uma série de problemas. tais como, recalques difcrenciais provocados pelo adensamento
não uniforme do maciço da barragem. a nc.ccssidade de cuidados especiais para se evitar
o fissuramento do concreto e a abertura de frestas que pcnnitiriam a fuga de água através
do contato com o aterro. provocando '·piping" ou a lavagem dos materiais adjacentes.
Além disso. a necessidade de se aguardar a conclusão da barragem para a construção do
vertedouro, pode acmTctar urna atraso consider.ívcl no cronograma da obra.
Silo comuns os aJTanjos que utilizam um canal escavado cm urna das ombreiras,
além dos limites da barragem. para a implantação do vertedouro. Nessc.s casos. o maciço
da bmrngcm, de teJTa ou decnrocamento, ficar:, completamente independente da estrutura
do vertedouro.
f. Condições climáticas
g. Experiência de construção
barragem cm um local onde o vale do rio apresenta-se mais cstrciro. abaixo da curva de
nível do futuro reservatório, com o objetivo de minimizar o volume do maciço. São
a,,sim escolhidas diversas alternativa~. que serão analisadas. considerando-se tamb6m
outros fatores, pm,1 que se alcance a melhor solução técnico-econômica.
As condições geol6gico-geotécnicas do local são muito imponantes, pois
detem,i nam os tratamentos necessários para atender aos problemas de estabil idade,
perco lação de água e deformabi!idade da bam1gem. Assim sendo, um local que a primeira
vista parece ser ma.is vantajoso. por corresponder a uma barragem de menor comprimento.
poderá requerer tratamentos extrcmameme onerosos. de escavação. impermeabilização,
drenagem, etc. que venham a se constituir em uma parcela considerável no custo tmal
da barragem.
A distância de transporte e a qualidade dos mat1!riais de construção também são
fatores a se considerar na escolha do eixo da bam1gem. As condições para a implantação
das estruturas de concreto, como o vertedouro. a tomada d'água, a casa de força, as
eclusas para navegação. etc. também são importantes.
O desvio do r io. durame o período de construção da barragem. às vezes é um
fator condicionante para a escolha do local do eixo. Um local mLlito estreito requer a
constmção de túneis. enquanto que um vale mais abe110 pennite a escavação de um
canal ou a const rução de galerias tlc concrew armado. Estas alternativas poderão
apresentar custos e requerer prazos de consuução significativamente diferentes. a ponto
de influenciar na dcósão da escolha do local.
A possibilidade de se construir o vertedouro em uma cela topográfica, isolado
do maciço da barragem. pode reprc;.cntar uma vantagem hidráu Iica ou econômica.
conslituindo-se em outro fator condicionante para a escolha do local da barragem.
NA.
~~~~~-w.""~~~
· ~~~ ,z,;~~~~~
e) alérro hidráu:lico
Núcleo tnciinoc:to
face de eooetc.~,'
1° es1. et Gas,oo
IC J
,Amo)
dique
Figura 1.8 Barragem de Fo.: do Areia - Seção Típica (apud Pinto ct ai. 1981}
TABELA DE MA TERIAIS
CLASS IFI· ME.TODO DE DADOS DÊ
MATERIAL ZONA
CACÂO COLOCACÂO COMPACTAÇÃO
~
IA Lançado ...
Ba'.')alh> 1naciço Co1npactado ern Rolo vibnul,rio 4 p.;.,ssad~,~
t8
(até 25% dé camadas de 0.80m 25% de á!!,ua (1 O ton. J
brecha basáltica) Compactado em Rolo vibrntório 4 passadas
IC C<.tn)ac.las de l ,6<)m 25% de ,,gua ( 1O tonl_
E11roc::1111enro Intercalação de
11) Con1pac.:rado e,n Rolo vihratúrio ~ passadas
basalto rnaciç<> e
camadas de 0.80m 2.5'iii <lc águ.a ( 10 lon.)
rocha b~1:-.állica
Ba~:dto maciço
1- rochas sclcc. IE
Rfx:ha de foce
---
de 0.80m (min.) colocada
()radua<lu 111cnor Camadas: rolo vibratório
'I\ansiç.ão 11
Bri 1a corrida de que 1) 6 .. min. 4 passad«s. race: rolo
li B
hasalto 111aciço cornpa<.:lada cm vihrat6tio rnio. 6 pas...~ada,
camada~ 0.4l)m ascenden1es
Tv1aterial Menor que~··
A terro Ili in1permeável
Rolo poeu,ntílico ou
IIID ctnnpactada e1n
equipan1ento de con~tn1ção
- c:~1p a de (CIT'J camadas - o..~Om
17
CAPÍTULO 2
INVESTIGAÇÕES GEOLÓGICO-GEOTÉCNICAS
O maciço da fundação, que será aforado pela construção da barragem, precisa ser
investigado, para se dete r111inar os três parftrnetros mais importantes para o
desenvolvimento do projeto, os quais sejam: resistência. permeabilidade e
compressibilidade. Estes parâmetros são determinados a1ravé.~ de processos a seguir
descritos, à medida que os estudos evoluem, da forma geral para a particular, isto é,
partindo-se da região na qual a barragem está contida e concentrando-se sucessivamente
ern áreas mais restritas, onde os detalhes são melhor investigados.
a. Investigações de superfície
b. Sondagens a percussão
São utilizadas para a investigação das camadas que são penetráveis pela ferramenta
de percussão. Geralrnemc, de metro cm metro. são colhidas amostrns deformadas, para
a realização de ensaios d.: caracterização em laboratório e decenninados os índices de
resistência à penetração. SPT, sendo assim possível caracterizar o terreno <le fundação
e avali ar a sua resistência e deformabi Iidade. Nos furos de sondagens são ainda realizados
ensaios de in filtração de água. pata aval iação da permeabilidade do maciço . .A partir
desses resullados. pode-se programar a retirada de amostras i11deformadas.
representativas das camadas da fundação, para determinação dos parâmcu·os geotécnicos
que interessam ao projeto d:1 harrngem. Eslas amostra.s podem ser extraídas com a abe1tura
de poços ou por· meio de amostradore.s especiais, em furos de sondagem. em níveis
abaixo do lençol freático.
J. Ensaios de laboratório
e. Sondagens rotativas
b. Sondagens a percussão
São util izadas para a investigação das camadas que são penetráveis pela ferramenta
de percussão. Geralmente, de metro em metro, são colhidas amostrns deformadas, para
a realização de ensaios de caracterização em laboratório e determinados os índices de
resistência à penetraçno, SPT, sendo assim possível caracterizar o terreno de fundação
e avali ar a sua resistência e deformabi Iidade. Nos furos de sondagens são ainda real izados
ensaios de infiltração de água, pru·a avaliação da pern\eabilidade do maciço ..A partir
desses resultados, pode-se programar a retirada de amostras ind cformadas.
representativas das cmnadas da fu ndação, para determinação dos parâmcu·os geotécnicos
que interessam ao projeto da bmrngem. Estas amostras podem ser extraídas com a abe11ura
de poços ou por meio de amostradores especiais, em furos de sondagem, em níveis
abaixo do leoçol freático.
fundaçi\es. às ve7es mais importantes que os resu ltados dos ensaios de laboratório
realizados com amostras indefonnadas.
Quando se <.k~eja inspecionar camadas do subso lo em maior extensão.
principalmente nas ombreiras. programa-se a abertura de trincheiras, examinando-se,
em continuidade. as suas paredes e o seu fundo.
d. Ensaios de laboratório
e. Sondagens rotativas
metros. Estes ensaios são realizados, isolando-s<.: os trechos po r meio tle o hturadores e
injetando-se água sob prc.ssão controlada, meclintlo-se a vazão. a pós a sua estabi lização.
Geralmente são utilizados uês estágios ascendentes de pressão e outros dois descendentes.
c.01upatíveis com os níveis de pressão hidráulica que o reservatório irá exercer sobre a
fundação. nas profundidades em que está sendo investigada. Os resultados destes ensaios
são expressos em valores de perda d'água específica. ou seja. em litros por m inuto. po r
metro, por atmosfera de pressão. q ue podem ser tra nsformados em valores de
"pcrmeahilidade equivaleme".
Com os testemunhos tias sondagens pode-se preparar corpos de prova. para ensaios
de compressão simples. Entretamo, estes re~ultado~ não represen tam a resistência nem
a deforruabiHdade do maciço rochoso. pois os corpos de prova não incorporam as
descontinuidades existentes na fundação, ma;. podem fornece r info1maçôcs úteis para
avaliação do seu comportamento. Quando é necessário conhecer-se os parâmeLro, de
resistência e deformabilidadc cm horizomes específicos da rocha de fundação. como
por exemplo. em uma j unta falha. pode-se recorrer a ensaios de cisalhamento ·'in situ·•.
Por meio de poços e/ou 6'lllcrias, chega-se ao hori1.ontc a ensaiar, recortando-se um
bloco que contem a descontinuidade e. por meio de macacos hidráulicos, a plicam-se as
pressões nonnal e cisalhante, consu·uintlo-se gráficos das compressôes e deslocamentos,
em função das tensões aplicadas.
f. Sondagens sísmicas
Por meio de medida~ indi retas. tais como. resistivitlatle do solo. velocidade de
propagação de ondas, e rc, pode-se avaliar as características de uma fu ndação ao lo ngo
de uma linha re ta. Sondagens sísmic.as de refração podem ser realizada~. medindo-se a~
velocidades de propagação de ondas elásúcas. provocadas por uma detonação na
supc1i'ície ou em uma perforação, para obter-se infonuações sobre di ferentes horizontes
de solo e de rocha em uma seção da fundação. Os resuhatlos <.lestas medidas, tlcvidamentc
interpretados e apoiados nos dados obtidos de alguns perfis de ,ondagens realizadas
nessa seção, podem revelar a existência ele cenas descontinuidades, que somente seriam
determinada~ com a realização de um grande número de sondagens diretas. A~sim. esse
tipo de investigação pode aux iliar na programação das investigaçôes, podendo-se ter
um melhor c.onhec.nuento do maciço de fundação da bmTagem. co m menores custos e
prazos.
g. Ensaios de injetabilidade
1
21
a. Materiais terrosos
serem submetidas aos ensaios para a determinação dos seus parfunetros geotécnicos, as
amostra~ deverão ser preparadas, através de técnicas de laboratório, de forma a
aprcscmarem condições semelhamcs às do aterro compactado.
Com(l os ensaios para detenninação dos parâmetros de projew requerem muito
tempo para a sua realização e são de CllstOs relativamente altos. somence algumas
amostras. as mais representativas. são selecionadas pam tal. Para a seleção destas amostras
representativa~. são prelirnimm1,ente realizados cns,úos de caracteriza,;ão. cuja execução
é mais rápida, em um número bastante grande de amostras, colhidas em toda a área ele
empréstimo e cm diversas profundidades. Apresenta-se. a seguir, a seqüência básica
das investigações das áreas de empréstimo.
Sondagens a trado: são realizadas por meio de trado espiral. geralmente de 10
cm de diâmetro. segundo malhas de füros e.spaçados a cada 200 a 400 metros. com a
coleta dL: amostras a cada metro de profundidade; a profundidade de exploração
geralmente fica limitada pela ocorrência de lençol freático ou de material i.mpenetrávcl
ao irado. Na Figura 2.1 são apresentadas as malhas de sondagens a tr-ado ,·calizadas para
as investigações das áreas de empréstimo da Barragem de Água Ve,melha.
àreas de empréstimo
da margem esquctda
.,.
á(<t3 de empréstimo
da margem dircrtl
áréa não
éxpk)rada
Os ensaios com estas séries de corpos de prova, que iri1o definir os parâmetros de
resistência, compressibilidade e permeabilidade para o projeto. são. basicamente os
seguintes:
ensaio, de compressão Lriaxial dos tipos rápido, adensado rápido. adensado
rápido saturado e drenado;
ensaios de compressão triaxial, dos tipos PH. PN e K :
0
ensaios de adensamento edométrico. ou em câmara triaxial:
ensaios de adcnsamen10-pcrrncabilidade.
A partir dos resultados destes ensaios são selecionados os materiais que ~erão
militados nos aterros. as suas condições de compactação, definindo-se os principais
parâmetros geotécnicos para as análises do projeLo da barragem. Na Figura 2.3 são
apresemados os res'ltl rados dos ensaios de compressão rriaxial <:. ua Figura 2.4 os de
adcnsamcnro edométrico. com medida de pem1eabilidade para o projeto básico da
Barragem de Água Vermelha.
25
b. ~latcriais granulares
b. l Areias e cascalhos
granulometria
massa específica dos grãos
densidade má.xi ma e núnima
permeabilidade
e. Materiais de enrocamcnto
CAPÍTULO 3
Borda livre é a diferença que deve ser observada entre o níve l da crista da barragem
e o nível máximo do reservat6rio. para que as ondas formadas não ultrnpassem a
barragem. O nível máximo do reservatório é definido através de estudos hidrológicos e
hidráulicos. em função das cheias consideradas para o projeto do barramento e das
características dos 6rgãos de extrava7l1o.
A a Imm das ondas que podem chegar ao talude de montante da barragem é função
da velocidade do vento e da extensão do reservatório na direção do vento considerada
('"fctch"'). No mínimo. o valor da horda livre deve ser igual à altura da onda máxima.
acrescida ele 50%. para compensar a sua corrida sobre o talude da barragem e. ainda. de
um valor correspondente a um fator de segurança, variável enrre 0.60 e 3.00 metros.
dependendo da impo1tância da barragem. Para o cálculo da almra da onda m:ixima
existem ábacos, como o desenvolvido pelo U. S. Burcau of Reclamation, apresentado
na Figura 3.1. Corno a linha do rescrvat6rio pode ser muito irreiular, deve-se calcular o
"fctch'' efetivo . F. através da f'ôrmula:
Os valores de a.1 são tornados a cada 3º , até 45". em ambos os lados da direção
principal.
32
3.2 CRISTA
"fe<ct,· (km)
3.3 TALUDES
~ aterro compactado
N.A. normal
140 EL. 138,00
aterro
compactado concreto
compactado
a rolo
su erfície
da rocha
O talude de jusante das barragens deve ser protegido conu-:i a erosão. causada
pela.~ águas de chuva. que podem adquirir grande.~ velocidades. ao percorrer a distânci;i
entre o topo e o pé do talude. Nas barragens de enrocamcnto com núcleo de rcrra ou
com face de concreto, o problema de erosão é resolvido. deslocmH.lo e arrumando os
blocos graúdos do cnrocamemo para a face de jusante.
Nas barragens de terra. a primcirn provid~ncia consiste em subdividir o talude em
trecho~. de ahura não superior " LO metros. por meio da intercalação de bermas. com
cerca de 3 a 5 rm.:tros de largurn. A superfície das bermas deve apresentar pequena
declividade para montante. a fim de evitar que as de chuva que nelas caem desçam para
o tal udc inferior. Nes,a., berma,. são i nstalaclas caoaletas de concreto. para coletar as
águas que caem no talude do trecho superior e na própria benna, condutindo-as. com
declividade tia ordem de 0,5 %. para rnixas. também dispostas nas bermas. a cada 100
me1ros, aproxirnadmncrnc. As águas que chegam a essas caixas são conduzidas através
de tubos de concreto, :ué outras caixas. construídas na berma inferior e. assim,
sucessivamente, até o pé da barragem. No contato da saia do atem> da barragem com as
ombreiras, também deve ser prevista a consu·ução de uma canaleta ele concreto. para
captar iíguas proven ientes do talude e das ombreiras.
Com a ve locidade das águas redu7,ida. pela suhdivisão do tal ude. a erosão
superficial pode ser combatida pelo simples plantio de grama. em toda a área de taludes
e de bermas. Esse tipo de proteção requer manutenção permanente. tanto para conservar
o gramado, corno para a limpeza das canaletas e caixas, que, com o tempo. vão sendo
obstruídas pelo carreamento inevitável de terra dos taludes. Mesmo assim. a proteção
com grama, na maioria das b,trragens, ainda é economicamente mais interessante que
outros tipos ele proteção. como enrocamcnto. concreto. solo-cimento, etc. Na Foto l é
apresentada uma vista da Barragem de Jacarcí, aparcc.:cndo, em primeiro plano. o talude
de jusante. interc.:alado por bennas e protegido por grama.
O talude de montante deve ser protegido contra a erosão causada pelas ondas que
se fonnam no reservatório. Essa proteção, geralmente é feita com enrocamento.
denominado .. rip-rap". cujos blocos devem apresentar dimensões mínimas. suficientes
para não serem arrastados pelas ondas. O U. S. Anny Corps of Engineers. apresenta as
seguintes sugestões para o di,1mctro médio (D~0 ) e espessura da camada de "rip-rap".
mínimo,, cm função da altura m(L'tima das ondas:
36
A proteção deve cobrir todo o trecho do talude, desde o seu topo, até cerca de 1
metro abaixo do nível mínimo de operação do reservatório. O IJ·ccho inferior, também
deve ser protegido, contra a erosão de água~ de chuva. se o talude ficar exposto por um
37
CAPÍTULO 4
TRATAMENTO DA FUNDAÇÃO
ancorado à fundação por meio de b,mas de aço. fixadas 1:om calda de cimento. O maciço
rochoso subjacente ao plinto também rec.:ebe a-atamento com injeção de cimento.
A cortina de injeção é constituída por uma ou mais linhas de furos. cxecmados no
maciço rochoso, por meio de equipamento rotativo ou roto-percussivo. que são
preenchidos por injeção de calda de cimento (ou de outros materiais). A injeção é aplicada
em u·cchos com cerca de 3 meu·os de comprimento. com pressão controlada, de fonna a
proporcionar a penetração da calda a uma distância desejada, sem, enm:tamo. causar
maior fraturamento no macit;o de funclação. Ensaios de perda d'água e de injetabilidadc,
executados na fase de investigações geotécnicas das fundações. fornecem informações
importantes quanto ao espaçamento cios furos. número de linhas necessárias,
profundidades. pressiio de injeção, relação água/cimento, etc.
32330.
350
1 J 1·
®--H 11 G) \rinchci1;.1 de VOO;'\Ção
li 1 @ laje <le concreto ,1m100C)
® filtro ele a.reia
© uanslcão de pedro bmada
® cortina de IIOJecão ele cimento
N.A.
---=~--
NA(473m) ~
-=,j:~j:,,r==T==--==3d
2==· =- " =· =imem::,~~
-~=- - ,......!1==::::(3)-"i~-~:==
338m
(a)
(m)
600 478m
500-j-.,.....,,-.:-~ ~ ~~~~~~~~__ic:.::__~~~~~~ ~~~-7""
400
300
200
100
(D núcreo (b)
CAPÍTULO 5
DRENAGEl\11 INTERNA
1.ona do espa ldar de j u~antc. Como resultado. são benefic iadas as co ndições de
estabilidade do talude de jusante, podendo-se construí-lo mais íngreme. com a
conscqücmc redução <lo volume do ate1TO.
Em gemi. dá-se preferência em exenuar o liltro na posição ve1tical. o que faci lita
a sua locação topográfica e a constrU<;iio, j untv às sucessivas camadas do aterrv cio
maciço da barragem. Além disso, o lillro vertical é econom icamente mais vantajoso,
pois a sua capacidade drenante é maior, em virtude <lo g radiente hid,.íulico ser máximo
e ai; perdas ele material, durante a constn1ção. múlimas. Por ser construído com material
gnmular. menos compressível que o aterro. o filtro vertical, nas barragens de grnnde
ah ura. pode atuar como uma coluna mais rígida, originando tensões de tração e. em
conseqüência. fissuramcntos no maciço. Este aspecto foi analisado na Barragem de
Marimbondo (ver Fig ura 1.2). com 90 metros de altura máxima, na qual foi adotada
urna solução mista. de filtro vertical. na zona superior e inclinado, na zona inferior do
maciço. Este expediente reduziu sensivelmente as zonas de tração, nas po rções mais
altas da barragem, adjacentes ao filtro vertical (Souto Silve ira et ai. 1976).
O fi ltro cm chami né gera lmente é construído com areia gros,a. aluvionar, isenta
de finos. fü!)<.."Cifica-sc uma porcentagem miixima de 5%, cm peso, pi\.ssando na peneira
# 200. para q ue o material não apresente coesão, evitando-se a.ssim a propagação de
uincas de tr:1ção dentro do liltro. eventualmcmc de.~envolvidas no inte1ior do aterro.
Este material de\lC satisfazer. ~imullancamcnte. aos dois requisitos ele filtragem e
drenagem da água percolada através da barragem. 0 11 seja. os seus vazios devem ser
suficien1ememe peque nos, para evitar que as panículas do aterro sejam cam~adas atr.wés
deles e suficientemente grandes. para proporcionar pcrmcahi lidade adequada para o
escoamento da água, evitando o tksenvolvimento de elevadas forças de r ercolação e de
pressões hidrostáticas.
Com o o~jetivo de atender a estes dois requisitos, com base na sua exrcriéncia
profissio nal, Ter1.agh i propôs. crn 1922. relações entre os diâmetro~ d,; e d._, do material
de base, com o d iâme1ro D15 • do material de lihro. expressas pélas duas incquaçücs:
misturado. Esta transição, além de compactada em camadas. com rolo vibratório. deverá
também receber compactação sobre o talude. no semido ascendente (Gaioto, 1995 ).
Neste caso. a transição tem como maior objetivo proporcionar condições mais adequadas
para a construção dos painéis da laje. concrctados com formas desli,.ames, como wmbém
minimi;.ar as vazôes de água, que podem p,;rcolar através das fissuras do concreto.
captada pelo sistema de drenagem interna, para lança-la de volta ao talvegue do rio, a
jusante da barragem.
320
geralmente construídos segundo uma linha. ~ob o dreno de pé, mas podem ocupar
posições a morm111te deste. até a base do filtro cm chaminé. Também podem ser
constn1ídos a jusante da barragem. quando são detectadas subprcssõcs excessivas durante
o enchimento do reservatório.
Pnr aprc;;cntarem custo relativamente haixo e serem bastante eficientes para a
redução das subpressões. os poços de alívio têm sido utilizados com grande frcqü~ncia
nas barragens com fundação penneável. Nas ,•izinhanças de cada poço dt alívio. as
subpressõcs são redu7idas a valores próximos à carga hidráulica correspondente ao
topo do poço.
A principal desvantagem dos poços de alívio é que podem requerer inspeções e
manutenção, para garamir a sua eficiência. durante toda a vida útil da barragem: além
disso. por reduzirem o caminho de pcn:olação <la água entre as zonas de montante e de
jusante do barramento. a, perdas d',~gua através da fundação crescem com a eficiência
dos poços de alívio.
Os p-OÇOs de alívio podem ser executado, por meio de simples perfuração. quando
a fundação se trata de um maciço rochoso pcnneável. não susccptível <lc sofrer arraste
de panículas pelo fluxo de água. É preciso, portanto, que h,üa uma garantia de que nf,o
ser,10 ca11·cado:, minerais constituintes da rocha e que as tlcscontinuidades também não
contenham 111akriais de prc,;nchimento. cujo arraste alteraria as condições mecânicas e
hidrául icas do maciço. Caso contrário e principalmente na.s fundações cm solo e rocha
alterada. os poços de alívio devem possuir dispositivos para a filtragem da água, tais
como, materiai~ granulares, telas, gcotcxtcis, etc e tubos perfurados. para aumentar a
úrc.i de escoamento da .igua e. conseqiientemcnte. as vazões drenadas.
Tubos perfurados de PVC têm ~ido mualmentc ut ilizados. pois apresentam menor
rugo~idade interna e parede menos espessa. ocupando menor volume dentro do poço. O
espaço anelar cxistc11lt: entre o cubo e as paredes do roço é preenchido com material
granulm (cascalho miúdo nu pcdri~oJ. com granulomctria para servir de filtro do material
de fundação.
Os difunctros mais usuais dos poços de alívio variam entre 75 e 150 mm e dos tubos
perfurados, de 50a 100 mm. Os p0<,:os de alívio devem ter o seu topo em cota a mais baixa
possível. p,u·a proporcionar maior rebaixamento do knçol freático. Quan<lo e.~te.s topos
não coincidem com o tubo pc,tura<lo do dreno de pé, <levem ser consuuídas caixas para a
sua proteçào. de onde a, águas cokrndas são condu:ci<las para o talvegue do rio.
Em muitas das grande, barragens <le terra e de cnrocamento européias rêm sido
construído gale1ias na sua fundação. com o propó,ito de pcm1itir a execução de serviços
de drenagem e/ou de injeção. durante ou após a construção do aterro. Essas galerias são
muito freqüen1e~ na5 barragens e outras 1:struturas de concreto (tomada d'água. c.~,a <lc
fnrça. verr~donrn ). parn a redução das subpressõcs na área de jusante e a garantia da
estabilidade do conjunto L'Slruturn-fundação.
52
CAPÍTULO 6
Cw = B/3+t
hcr
onde
Os valores propostos por Lane (em Vargas, 1977), para Cw, foram:
Material da fundação e w
Areia fina e silte 7 a 8,5
Areia média e grossa 5a6
Pedregulhos 3a4
Argila de consistência média 2 a3
Argila dura l ,5 a 2
54 ~ - ~ 1 1
proposto na tabela para o tipo de matetial de fundação, era necessário aumentar o caminho
de percolação através do contato. A maneira mais eficiente de aumentar esse caminho
era introduzir dentes sob a estrutura de concreto (também denominados de "chicanas"
ou "corta-águas"), o que proporcionava maiores acréscimos de C".
Atualmente, esta correlação, entre o tipo de material da fundação e o seu potencial
de "piping", somente tem valor para o projetista de barragens, como uma orientação
grosseira e não como um critério de projeto. Independentemente do coeficiente de erosão,
qualquer barragem não pode ser considerada suficientemente segura, em relação ao
"piping", se ela não estiver adequadamente protegida por um sistema de drenagem
interna.
. O· o
·.. --
·e. o.
·º ...
O 5 10 15 20 25m
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b) corte horizontal
' --· ..... .:.t-"'~(.., ' "«;/-..._. #·~. ~,.,;,,~ ~;.,· ,,,.,, ~
'
1
Outro tipo de estrutura que também pode dar origem a caminhos preferenciais de
percolação de água são as galerias de concreto, que atravessam o maciço da barragem
!:?a direção montante-jusante, construídas para o desvio do rio e/ou para adução de água
do reservatório. Essas galerias não devem trabalhar sob pressão interna elevada, a menos
que haja absoluta garantia de que sejam construídas sobre um maciço rochoso pouco
compressível e homogêneo , para que não ocorram recalques diferenciais que
comprometam a estrutura. Em caso contrário, as galerias deverão servir apenas como
um recinto, para a instalação de tubulações sob pressão, que, assim, poderão ficar mais
protegidas das tensões e deformações que os recalques das fundações transferem a elas.
A Barragem do Jacareí, construída pela SABESP - Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo, no Município de Bragança Paulista, possui uma galeria
sob o maciço do aterro, utilizada na fase de desvio do rio, que é um exemplo marcante
do comportamento sob recalques elevados da fundação (Gaiato et al, 1981; Gaiato et
al, 1999).
A barragem é de terra, do tipo homogêneo, com 63 metros de altura máxima e um
volume total de aterro de 7 milhões de metros cúbicos. O reservatório tem uma capacidade
total de armazenamento de cerca· de um bilhão de metros cúbicos, utilizado para
abastecimento da região metropolitana da cidade de São Paulo.
A galeria de desvio é composta de duas células de seção retangular, sobrepostas,
com dimensões internas de 4,00 x 4,80 me 4,00 x 2,00 m; apresenta uma extensão total
de cerca de 340 metros, 250 dos quais sob o aterro da barragem. Sua seção externa é
trapezoidal, com 11,70 m de altura, 7,60 m de largura na base e 5,10 m no topo.
Longitudinalmente, a galeria apresenta-se dividida em tramas, de cerca de 20 metros de
comprimento, separados por juntas chavetadas.
A barragem foi construída sobre o Embasamento Cristalino, constituído
essencialmente por rochas migmatíticas, cortadas por veios aplíticos e pegmatíticos,
intrusões básicas e graníticas. As descontinuidades do maciço rochoso na área estão
associadas a tectonismo de caráter transcorrente e normal. O elevado grau de
intemperísmo produziu espessas camadas de solo ou manto de alteração.
A barragem ficou apoiada sobre quartzo-dioritos, na ombreira esquerda e
migmatitos, na ombreira direita. Na margem direita, onde foram localizadas várias falhas,
a rocha aflora a montante do eixo, mergulhando acentuadamente para jusante, onde,
sob o pé da barragem apresenta um capeamento de solo, de cerca de 20 metros de
espessura. No local da barragem, a várzea do rio apresenta-se com cerca de 500 metros
de largura, onde predominam aluviões recentes de baixa consistência, com cerca de 4 a
8 metros de espessura, subjacente aos quais se encontram solos residuais, com evidências
pouco nítidas da textura original e, abaixo desses, solos de alteração, com estrutura da
rocha sã.
Considerando o porte da galeria e as solicitações que lhe seriam impostas - 55
metros de aterro acima do seu nível de base - as condições ideais de fundação seriam,
naturalmente, as de apoio em substrato de muito baixa compressibilidade. Entretanto, a
+
60
G) filtros
@ reaterro argiloso
@ reaterro em material de filtro
@ solo residual
Seção transversal
o
10
20 - /
/
E
~ 30
1/'J 40
Cll
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e~ ~
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~ ~15
CAPÍTULO 7
ANÁLISES DE PERCOLAÇÃO
CAPÍTULO 8
ANÁLISES DE ESTABILIDADE
espaldares de
~ r i a i s granulares ~
s .. ~ \ ;;
fundação
em rocha
~''"'" ·ª'""
a) Final de construção
Notas :
1) Não aplicável aos maciços sobre fundação de folhelhos argilosos; para estas condições, devem
ser utilizados coeficientes de segurança maiores.
2) Para maciços com mais de 15 metros de altura, sobre fundação relativamente fraca, utilizar
coeficiente de segurança mínimo de 1,4.
3) Em zonas onde não se antevê excesso de pressão neutra, utilizar envoltória S.
4) O coeficiente de segurança não deve ser menor que 1,5, quando as pressões neutras são obtidas
a parti1 de rede de fluxo de rebaixamento.
5) Usar a envoltória de resistência para o caso analisado sem terremoto.
CAPÍTULO 9
fissura
planta
planta
a - Fissuras transversais
aterro aluvião
compactado compressível
sob tabulação
seção longitudinal
planta
Figura 9.1 Alguns tipos de fissuras transversais e suas causas (Sherard et al, 1976)
_ 1,.. ~ _;, " r";.. O~ í="' .r :.J _ te ·j? 3 1_;.~ ( .J. "=r"'S
74 l)f' 1 -'t''t"" 0 7: 1,.,\;,::· ~('(' ,~· ·- ::o.r..-C,r' "t
fissuras
núcleo longitudinais
compactadg,, -
/
recalque ,,--
exagerad~,,--" enrocamento
,,,,,,.,..,. \ ',, lançado
/
/
/
/
/
rocha
fissuras
longitudinais
............ recalque
' ....... ~exagerado
....................
fundação relativamente
compressível .__
rocha
b - Fissuras longitudinais
Figura 9.2 Alguns tipos de fissuras longitudinais e suas causas (Sherard et al, 1976)
75
CAPÍTULO 10
INSTRUMENTAÇÃO
granular e/ou manta de geotêxtil. O trecho restante é envolvido por material impermeável
(argila ou misturas de solo com bentonita socada ou calda de cimento), de forma que o
nível d'água registrado dentro do tubo corresponde à pressão neutra existente no trecho
perfurado. Envolvendo o trecho não perfurado, pode ser colocado um tubo de PVC
corrugado, para maior proteção do piezômetro, para não ser danificado durante a
construção do aterro.
c. Piezômetro hidráulico
É constituído de uma célula, com uma pedra porosa, que é instalada no aterro,
quando a superfície deste se encontra pouco acima do nível de instalação. A célula é
conectada, por um par de tubos, a um terminal, localizado geralmente no talude de
jusante da barragem, onde é construída uma cabine de leituras.
As pressões neutras reinantes no aterro, em contato com a célula, são transmitidas,
através dos tubos, saturados, aos manômetros montados no terminal. Circulando-se
água deaerada através do sistema, pode-se remover bolhas de ar nele existente.
Em cada terminal, podem ser ligados diversos piezômetros, de uma mesma seção
da barragem, instalados ou não no mesmo nível.
d. Piezômetro pneumático
e. Piezômetro elétrico
h. Medidor de recalques
i. Caixa sueca
. Tassômetro
k. Inclinômetro
1. Medidor de vazão
As leituras dos instrumentos devem ser iniciadas logo após a sua instalação. A
periodicidade das leituras dependerá dos próprios resultados e de sua variação, bem
como dos fatores que sobre elas influem, tais como, velocidade de construção, velocidade
de enchimento do reservatório, etc.
No início deve ser mantida uma periodicidade elevada, que gradativamente vai
sendo diminuída, à medida em que os valores das leituras vão se tomando constantes ou
apresentando variações pouco significativas. Durante a fase do primeiro enchimento
79
do reservatório, as leituras deverão ser realizadas diariamente, até que seja atingido o
nivel máximo e constatada a sua estabilização. A seguir, a periodicidade passa a ser
semanal, quinzenal e mesmo mensal, dependendo do próprio comportamento da
barragem. Sempre que houver variação significativa dos resultados ou dos fatores que
neles influem, deve-se reduzir o intervalo de tempo entre as leituras.
80
CONVENÇÕES
650 O· piezômetro pneumáti co
e . caixa succn
i - inchnôm<tro recalque defle.,ào - IP IQ
600
''º
350 1
1 CS-2 12
r,,--
300
250
1 j IR-359 1
Ê
~ 200 1
( CS-214 1
---
Q)
~
O" r-~ IR-378
rJ 150 '
Q)
a::
100
j CS-216 1
50
(
o b /
jan/79 jan/81 jan/83 jan/85 jan/87 jan/89 jan/91 jan/93 jan/95
CAPÍTULO 11
MÉTODOS CONSTRUTIVOS
11.1 ESCAVAÇÃO
Foto 3 - Escavadeira.
83
Dragas
b. Dragas de sucção
"Loaders"
87
Este tipo de equipamento não pode ser utilizado se for requerida escavação seletiva
ou misturas programadas dos materiais de empréstimo.
Dependendo da consistência do material, podem ser requeridos um oµ dois tratores
para operar a "loader". A eficiência de escavação é muito prejudicada, quando há
ocorrência de matacões nas áreas de empréstimo.
11.2 TRANSPORTE
Caminhões basculantes
Existem diversos tipos e tamanhos de caminhões, que podem bascular para frente,
para traz, ou para o lado, a sua carga. A escolha do tipo a ser adotado depende
principalmente das dimensões da obra, do tipo de material, do volume do aterro, da
necessidade ou não de grande produção, da distância de transporte e das rampas a serem
vencidas.
Os denominados "fora de estrada" são caminhões reforçados, projetados para
suportar os choques que ocorrem durante a carga e a descarga de grandes blocos de
enrocamento. Devido à baixa relação entre o peso da carga e o do caminhão, os custos
diretos de sua utilização são muito elevados, se forem utili zados para o transporte de
solo. Como eles têm maior potência por tonelada de carga, são especialmente
recomendados para transporte em estradas com rampas íngremes. Na Foto 1Oé ilustrado
um caminhão "fora de estrada".
Yagões
··&crapers"
As características dos "scrapers" já foram discutidas no item sobre escavação.
Correias transportadoras
Este tipo de equipamento tem sido utilizado em poucas barragens, para o transporte
dos materiais de empréstimo. Apresenta vantagens em locais de topografia acidentada,
quando existe grande diferença de nível entre a área de empréstimo e a barragem e o
custo de construção e de manutenção das estradas de acesso é muito elevado.
Para a melhor distribuição do material na área da barragem, o trecho final da
correia pode ser construído de forma a permitir a rotação em torno de um pivô, lançando
o material em diversos pontos do aterro ou do enrocamento. Na saída, pode-se também
m,talar uma central, para carregamento de caminhões, que fazem o transporte final do
material.
Calhas e tubulações
11.3 ESPALHAMENTO
.. .,. .
· . J ,.
Foto 12 - Trator de esteira espalhando camada de enrocamento.
11.6 HOMOGENEIZAÇÃO
11.7 COMPACTAÇÃO
Atualmente existe uma grande variedade de compactadores, para cada tipo acima
mencionado, puxados por diferentes tipos de equipamentos:
os rolos pé-de-carneiro propriamente ditos são usados para compactação de
solos com matriz argilosa, em camadas com espessura variando entre 15 e 30
cm;
os rolos do tipo "tamping" são usados em aterros de argilas arenosas ou siltes
argilosos, também compactados em camadas de 15 a 30 cm de espessura;
os rolos pneumáticos, auto-propulsores de pneus pequenos, são utilizados para
siltes arenosos, argilas arenosas e areias com pedregulhos; a espessura da camada
varia entre I O e 20 cm;
os rolos pneumáticos pesados, de pneus grandes, também são usados para a
compactação de siltes arenosos, argilas arenosas e areias com pedregulhos; a
espessura das camadas pode variar entre 30 e 60 cm;
os rolos vibratórios podem ser de tambor liso, para compactar enrocamentos e
materiais granulares, ou do tipo "tamping", para compactar aterros; os
enrocamentos são compactados em camadas de 60 a 100 cm e, os aterros, de 15
a 30 cm de espessura;
os compactadores manuais são utilizados para compactação de solo, nas
primeiras camadas de fundação em rocha e em locais de difícil acesso aos
equipamentos pesados, tais como, junto a estruturas de concreto ou nas
proximidades da instrumentação, para prevenir contra eventuais danos que
possam ser causados pelos rolos pesados; podem ser acionados por ar
comprimido ou por motores a gasolina; a espessura das camadas é da ordem de
10cm;
as placas vibratórias são utilizadas para a compactação de filtros em chaminé,
e o método construtivo destes consiste em se escavar uma vala no aterro, para
o seu preenchimento com areia; a espessura das camadas é da ordem de 30 cm,
molhando-se intensamente a areia à medida em que a placa vibratória vai se
aproximando para a sua compactação.
Rolos pé-de-carneiro
os tambores não devem ter menos que 1,50 m de diâmetro, comprimento entre
1,20 e 1,80 m, com espaço entre dois tambores adjacentes de 30 a 45 cm;
cada tambor deve ser independente, para poder girar em torno de um eixo
paralelo à direção do tráfego;
deve haver uma pata para cada 650 cm2 de superlície do tambor;
o espaço entre os pés deve ser maior ou igual a 22,5 cm;
o comprimento dos pés deve ser de, no mínimo, 22,5 cm;
a seção transversal dos pés, a uma distância de 15 cm da superfície do tambor
deve ser de 65 cm2 e não pode ser menor que 45 cm2, nem maior que 65 cm2, a
uma distância de 20 cm dessa superfície;
o peso do rolo, quando totalmente carregado, com areia e água, não deve ser
menor que 6 toneladas, por metro de tambor;
os rolos devem ser providos de limpadores, para evitar que a terra fique aderida
entre as patas, o que seria prejudicial à compactação.
Rolos pneumáticos
F to I x R1 1
99
Rolos vibratórios
Rolos "tamping"
\ ó'
'\-,,
\'Óo
\ %
\
\
\
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dens. seca \
máxima :';
\
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V, \ \
Q)
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l'O
"O
\ \ \
·.;;
e
Q) umidade \ \
o \
ótima \
\ \
\
\
Umidade
1
"'u
3l
Q)
"'O
"'
"'O
'üi
e
Q)
Cl
Umidade
Nesta farru1ia de curvas, a linha que liga os pontos de densidade máxima aproxima-
se de uma reta, que é ligeiramente paralela às curvas de mesmo grau de saturação.
Acima da umidade ótima, as curvas obtidas para todas as energias de compactação
superpõem-se. Assim, para uma dada umidade, há um grau de saturação máximo e,
portanto, urna densidade máxima, que pode ser obtida, na prática, por um tipo de
equipamento de compactação, indiferentemente da energia utilizada. Abaixo da umidade
ótima, as curvas são aproximadamente paralelas. Conclui-se, portanto, que um acréscimo
na energia de compactação é mais efetivo para aumentar a densidade de um solo, quando
a sua umidade está abaixo da ótima, do que acima dela.
Na Figura 11.3 é representada, qualitativamente, a correlação entre o acréscimo
da energia de compactação e o acréscimo da densidade seca do solo, para uma
mesma densidade seca inicial, mas com diferentes teores de umidade. Esta influência, do
- . .
102
solo úmido
a. Rolo pé-de-carneiro
b. Rolos pneumáticos
Até a década de 60, a maioria das grandes barragens de enrocamento era construída
com blocos de rocha sã, lançados em camadas de espessura variável entre 5 e 30 metros,
lavados com água na proporção entre 2: 1 e 4: 1, em volume (água/enrocamento). A
opinião dos projetistas era de que os blocos deveriam ser de tamanho uniforme, cada
um suportando diretamente a carga do outro, conforme a expressão usual "rock to rock",
a fim de evitar recalques excessivos e desiguais.
A partir da década de 70, com a evolução das barragens de enrocamento com face
de concreto, houve a necessidade de minimizar os recalques do espaldar de montante,
para não prejudicar a estanqueidade da laje apoiada sobre este paramento. Com este
objetivo, os enrocamentos passaram a ser compactados com rolos vibratórios, em
camadas de 60 a 90 cm de espessura. Esta prática permitiu o aproveitamento de ampla
faixa de materiais rochosos, tais como, rochas moles, com certa quantidade de finos,
que não eram tolerados nos enrocamentos simplesmente lançados.
Atualmente, as barragens de enrocamento são predominantemente construídas
em camadas compactadas. Nas barragens com face de concreto, onde o controle dos
recalques é mais importante, a seção transversal é subdividida em zonas, como na
Barragem de Xingó, mostrada na Figura 3.2, com as seguintes características:
zona de montante, construída com enrocamento são, não desagregável, com,
no máximo, 35 % de "finos" (partículas menores que 25mm) e, no máximo, 10
o/o passando na peneira# 200, compactado em camadas de 80 cm de espessura,
com rolo vibratório de 10 toneladas e com adição de água;
zona de jusante, construída com enrocamento não selecionado, sendo aceitável
a utilização de rocha desagregável, desde que contenha menos que 65 o/o de
"finos" e que permita o tráfego de "caminhões fora de estrada" carregados,
sem atolamento, compactado em camadas de 2,00 m de espessura, com rolo
vibratório de 1O toneladas e com adição de água;
faixa de 1O metros de largura, junto à face de jusante, construída com grandes
blocos de enrocamento são, não desagregável, colocados antes do lançamento da
zona anterior, para dar o alinhamento e o acabamento do talude de jusante;
zona de enrocamento fino, com 4 metros de largura, construída a montante da
primeira zona, constituída de blocos de enrocamento são, não desagregável,
com diâmetro máximo de 20 cm, compactada com rolo vibratório de 10
toneladas, em camadas de 40 cm de espessura, com adição de água;
zona de transição, com 4 a 6 metros de largura, construída entre a última zona
e a laje de concreto, constituída de material misturado, com diâmetro máximo
_____________________
._ - - -
107
b)
e)
d}
Pelo método de jusante, a barragem vai sendo gradativamente alteada para jusante,
com o aproveitamento da fração grossa do rejeito, conforme ilustrado na Figura 11.5.
Este método também é empregado quando o rejeito é muito fino , sendo o dique inicial
e os alteamentos executados com aterro compactado. O sistema de drenagem interna
(filtro vertical e tapete drenante) também vai sendo prolongado, juntamente com o
alteamento da barragem, para evitar que a linha freática alcance posições elevadas no
espaldar de jusante.
. zona. dique
lago rejiito ,mpermeavel~
-nicial
====:~==:x:;:===
· · · · . =====
· . ~=;,. :- :: .. tapete
::;:,z:;:
· · :::;.::::drenante
WI-Wi<-&~\ V~ W~'Wi.,&..
a}
b}
e}
·.·.2 _. d)
rejeito
lama grosso dreno
·nterno
a)
V:
v~"«-.~
b)
V:
"S>'~'w:,@,
e)
W~™--
d)
oitava etapa. Este critério foi mantido até o final do ano de 2.002, quando a altura
máxima já alcançava cerca de 75 metros e o reservatório acumulava 200 milhões de
toneladas de rejeito.
A barragem vinha sendo monitorada por:
57 piezômetros do tipo "stand-pipe", instalados no aterro, no tapete drenante e
na fundação;
22 piezômetros elétricos de corda vibrante, instalados no rejeito;
18 placas de recalque, instaladas na plataforma de aterro lançado;
9 marcos de deslocamentos superficiais instalados na crista e no talude de
jusante;
4 medidores de vazão, instalados na saída do sistema de drenagem interna.
Até dezembro de 2.002, os piezômetros "stand-pipe" estavam indicando que o
máximo gradiente hidráulico a jusante do filtro vertical era da ordem de 10% e, a
montante, de cerca de 34% e que os valores máximos das pressões neutras de construção
eram inferiores a 15%; os piezômetros elétricos acusavam cargas piezométricas no rejeito
subjacente à plataforma de aterro lançado inferiores ao nível do reservatório; as placas
instaladas na plataforma de aterro lançado mostravam recalques entre 0,60 e 2,30m e a
vazão total medida a jusante do sistema de drenagem mantinha-se aproximadamente
constante, da ordem de 100 m3/h. Todos estes registros estavam concordantes com os
critérios de projeto da barragem.
Filtros
Foto 22.b - Vala preenchida com areia compactada em camadas do filtro vertical
3
JJ4
Transições
\ largura mínima \
A junta perimetral é a que merece maiores atenções, pois está situada na zona onde
ocorrem maiores recalques diferenciais, devidos às diferenças de compressibilidade
r:: . . JJ9
dos materiais onde estão apoiados o pljnto (em rocha) e a laje (enrocamento). Nesta
junta, são colocados dois tipos d~ vedajunta, um de cobre, na parte inferior e outro de
PVC, no centro, como na Barragem de Foz do Areia, conforme é mostrado na Figura
11.8 (Pinto et al, 1981). Além dos vedajuntas, é colocado, sobre ajunta, um recobrimento
com mastique ("Igas"), complementado por mangueiras cilíndricas de neoprene, nos
trechos onde se prevê maiores aberturas e, na parte inferior, uma camada de mistura de
areia com material betuminoso. Na Barragem de Aguamilpa, construída no México, foi
eliminado o vedajunta interno de PVC, após constatar-se que ele não resiste às pressões
elevadas de reservatório e substituiu-se o recobrimento de mastigue por uma camada de
areia fina siltosa, com o objetivo de colmatar a junta .em caso de vazamento.
Nas juntas verticais, é colocado um vedajunta único de cobre, no fundo da laje
e, nas mais próximas das ombreiras, onde são previstas aberturas, um sistema de proteção
com um cilindro de neoprene, de 2,5 cm de diâmetro e recobrimento com mastigue,
semelhante à junta perimetral (ver Figura J 1.8).
Ainda como medida de proteção contra vazamentos, é colocado a montante da
laje um tapete impermeável, de aterro compactado, construído até cerca de um terço da
altura da barragem.
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Figura 11.8 Detalhes das juntas da Barragem de Foz do Areia (Pinto et al, 1981).
120
Quando a barragem deve ser construída em um sítio onde o vale do rio é bastante
amplo, este poderá ser desviado em várias etapas, estrangulando-o e orientando-o para
posições mais convenientes à construção da obra, no seu próprio leito. A Foto 28
apresenta uma vista de montante da Barragem de Três Irmãos, na ocasião da primeira
etapa de desvio do Rio Tietê.
Em vales fechados, onde este processo não é praticável, o rio deve ser desviado
através de canais ou de túneis escavados nas ombreiras. Neste segundo caso, em vista
dos elevados custos de escavação em rocha, o projeto deve ser otimizado,
compatibilizando-se as alturas das ensecadeiras com as seções hidráulicas de desvio, de
forma a minimizar o custo total dessas obras. Como as seções dos túneis ou canais são
fisicamente limitadas, pode-se correr riscos calculados de galgamento das ensecadeiras,
nos períodos de chuvas, providenciando-se proteção adequada do talude de jusante, por
meio de annação ou utilizando-se concreto compactado a rolo.
N.A.
A vedação também pode ser construída por etapas, lançando-se uma pré-
ensecadeira a montante, quando a vazão do rio é temporariamente baixa, para se conseguir
uma vedação provisória, suficiente para a construção a seco da vedação definitiva. Na
Figura 11.1 Oé apresentada uma seção típica da ensecadeira da Barragem de Três Irmãos,
onde foi utilizado enrocamento para a construção da pré-ensecadeira e aterro compactado,
na ensecadeira principal.
Para este tipo de solução, deve-se dar atenção ao problema de estabilidade do aterro,
que pode ficar prejudicada, pelo desenvolvimento de subpressões elevadas no contato
entre o aterro e o enrocamento e na fundação, conforme é mostrado na Figura 11.11.
123
aterro compactado
N.A.
pré-ensecadeira
NA
ensecadeira
principal
pré
ensecadeira
N.A.
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