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21/06/2018

Remediação de Sítios Contaminados Remediação de Sítios Contaminados

Barreiras verticais 1. CONCEITOS


2. PLUMA DE CONTAMINAÇÃO
impermeáveis 3. MATERIAL DE PREENCHIMENTO
4. MÉTODOS CONSTRUTIVOS
5. CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA
Prof. Karla Heineck 6. CONFIGURAÇÃO

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1. Conceito 1. Conceito
 Barreiras não estruturais construídas para interceptar e
impedir o fluxo de fluidos no subsolo, isolando a pluma de
contaminação  Usadas em uma variedade de aplicações cujo objetivo é
 Função principal: impedir o fluxo lateral de fluidos no subsolo.
conter fisicamente contaminantes no subsolo (Boscov, 2008).
 Tanto previnem a migração de poluentes para águas
subterrâneas quanto não permitem a passagem de água
limpa para a zona contaminada.

 Tais barreiras apresentam coeficiente de condutividade


hidráulica muito baixo, inferior a 10-7 cm/s.

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1. Conceito 1. Conceito
 Uma trincheira é escavada no solo, usando uma
retro-escavadeira ou equipamento especializado.  Lama bentonítica – impede a trincheira de
colapsar (água + 5% bentonita).

 Trincheira
 Tipos:
sendo  Solo-bentonita (SB)
escavada  Cimento-bentonita (CB)
 Solo-cimento-bentonita (SCB)
 Outros (cimento-escória-bentonita, materiais com baixa
conditividade hidráulica).
 Retro-escavadeira

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2. Pluma de Contaminação
 A fase líquida do contaminante geralmente migra como
uma pluma de contaminação na subsuperfície.
 Existem incertezas associadas com dimensões e formatos
da pluma, que se devem a diversos fatores.

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 Fatores físicos, químicos e biológicos

Dispersão
A capacidade de dispersão no meio é dependente da velocidade do
escoamento e da heterogeneidade do meio, e inversamente
proportcional à porosidade.
2. Pluma de Contaminação
Processos físicos Redução da quantidade de substâncias do contaminante. Muito eficaz em
Filtração
materiais argilosos e pouco eficaz em materiais granulares.

Movimento de Favorece a quebra aeróbica das substâncias e aumenta o índice de


gás decomposição.

Reação ácido- Em águas orgânicas, baixo pH (4 a 6) é associado a altos valores de ácido  Outros fatores de influência na mobilidade da pluma:
base carbônico.
 Parâmetros hidrogeológicos
Contaminantes serão oxidados em solos não-saturados, mas haverá
 Fatores climáticos
Processos
Oxi-redução redução sob condições saturadas quando houver excesso de
geoquímicos
matéria orgânica.
 Condutividade hidráulica do aquífero
Precipitação- A abundância de ânions como carbonatos, fosfatos, silicatos ou hidróxidos
dissolução podem levar a precipitação.

N, C, K, P são requeridos por microorganismos e podem retardar o


Síntese celular movimento da pluma para longe da fonte de contaminação, pois
estão incorporados nas células microbióticas.
Processos
bioquímicos Microorganismos podem quebrar gorduras insolúveis, carboidratos e
Decomposição e
proteínas, liberando solutos e partículas para águas
respiração
subsuperficiais.

Fonte: Jackson (1980) apud Reddi e Inyang (2000)

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2. Pluma de Contaminação 2. Pluma de Contaminação


 Formato típico da pluma de contaminação em solo
 Efeito da estratificação do solo na pluma de
homogêneo
contaminantes

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2. Pluma de Contaminação
CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA
 Contaminantes mais densos que a água tendem a afundar e se MATERIAL (cm/s)
acumular em um meio relativamente impermeável, por onde
Rochas cristalinas - altamente
poderão migrar por gravidade. Os contaminantes que são mais fraturadas 10-6 - 1
leves que a água flutuam pelo nível d’água.
Rochas cristalinas - não fraturadas 10-12 - 10-8

Pedregulho 10-1 - 10²

Areia bem graduada 104 - 1

Areia siltosa 10-5 - 10-1

Silte 10-7 - 10-3

Argila 10-10 - 10-7

Fonte: Freeze e Cherry (1979) apud Reddi e Inyang (2000)

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3. Material de preenchimento  Execução de trincheiras impermeáveis


 Cimento-escória-Bentonita (UK),
 A permeabilidade da barreira vertical deve ser
• Inicialmente, fluído para manter as paredes da trincheira, mais
significativamente menor do que a do subsolo natural. tarde este enrijece.

 As barreiras verticais podem ser constituídas de  Solo-Bentonita (US),


• Substitui a mistura temporária de água-bentonita para manter
paredes diafragma e trincheiras preenchidas como
as paredes da trincheira.
solo-bentonita, cimento-bentonita, e solo-cimento-
bentonita.  Requer um material impermeável no fundo
 O qual as vezes pode ser injetado sob pressão;
 Ou, ainda, com concreto plástico, concreto armado,
cortinas de estaca-prancha, cortinas de injeção de
cimento e painéis de geomembranas.

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3. Material de preenchimento 3. Material de preenchimento


 Bentonita:
 Argila natural muito fina, principal mineral constituinte é
montmorilonita.
 A bentonita sódica expande quando em contato com água, até 20  Mistura solo-bentonita SB:
vezes seu volume inicial.
 Apresenta excelentes propriedades coloidais, sendo
frequentemente usada em lama bentonítica, como lubrificante de  usualmente usada quando a permeabilidade do solo
escavações para perfurações de óleo e gás e para investigações compactado não atende ao limite mínimo de 10-7 cm/s.
geotécnicas e ambientais.

 As misturas podem ser feitas na obra ou previamente


em equipamentos apropriados para homogeneização
da mistura.

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3. Material de preenchimento 3. Material de preenchimento


 Mistura cimento-bentonita CB
 Mistura solo-cimento-bentonita SCB
 são vantajosas quando existe falta de materiais, como
solo, para preparação do preenchimento da trincheira,  combinam a baixa condutividade hidráulica da
ou espaço insuficiente para preparação deste
barreira de solo-bentonita com um material
preenchimento, ou ainda, quando é exigida grande
resistência das barreiras. com certa resistência (característica da barreira
de cimento-bentonita).
 As barreiras de cimento-bentonita tendem a alcançar
valores de condutividade hidráulica maiores que as
misturas solo-bentonita.

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4. Métodos Construtivos 4. Métodos Construtivos


 A escavação inicia no ponto de maior declividade.
 A barreira impermeável é construída a partir da escavação de Com uma retro-escavadeira, atinge-se a
uma trincheira até atingir materiais impenetráveis, como rocha. profundidade de projeto, seguindo, então pelo
comprimento da trincheira.
 Se o gradiente hidráulico for ascendente ou se a densidade do
contaminante for menor que da água (LNAPL), não se faz
necessário atingir a camada impenetrável, são as chamadas
barreiras suspensas.
 A barreira deve estar disposta abaixo do nível do lençol
freático, do contrário sua utilização torna-se ineficaz.

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4. Métodos Construtivos
 A lama bentonítica é lançada na trincheira, penetrando nos
vazios do solo adjacente por diferença de pressão. Nesse
processo, partículas sólidas (colóides) se acumulam dentro dos
poros das partículas do solo formando uma camada fina na
interface lama-solo.

 Logo após, essa camada é coberta por outra fina camada de


bentonita, chamada de filme protetor. Nesse estágio, a barreira
está impermeável, fornecendo total resistência à penetração de
líquidos. Formação do filter cake:
(a) deposição das partículas coloidais nos vazios do solo;
(b) filtração da lama por diferença de pressões;

(c) formação do filme protetor ao longo da face da escavação

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Equipamentos para execução das trincheiras


 Equipamentos para execução
 Guindastes adaptados
 Clam-shells
 Hydrofraises
Guindaste
de esteiras
Clam-
shell

Hydrofraise

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4. Métodos Construtivos 4. Métodos Construtivos


 Preenchimento da trincheira:

 O material de preenchimento
deve ser depositado com
uma escavadeira de
mandíbula – clamshell –
desde o fundo da trincheira
até a superfície, com
inclinação de 6:1. A lama
bentonítica vai sendo
expulsa da trincheira
conforme se vai efetuando o
preenchimento.
O próprio material escavado
é usado na mistura.

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4. Métodos Construtivos Execução das barreiras (US-style)

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Defeitos na execução de barreiras 4. Métodos Construtivos


 Preenchimento da trincheira:
 Em mistura cimento-bentonita, a escavação contínua é
possível para trincheiras pouco profundas, menos de
8m (Azambuja, 2004).

 Caso tenha maior profundidade, utilizam-se


escavações alternadas. Quando os painéis escavados
atingirem completo endurecimento, faz-se a escavação
do painel entre os anteriores.

 O material escavado deve ser estocado e disposto em


área especifica de projeto.

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4. Métodos Construtivos Geossintéticos


 Preenchimento da trincheira:
 Membranas podem ser instaladas junto aos
materiais das barreiras para garantir uma
As barreiras de solo-cimento-bentonita são construídas como as
segurança extra.

barreiras de solo-bentonita e apresentam menores profundidades,


no máximo de 15m.  As membranas devem deslizar em meio ao solo e a
barreira, evitando esforços à membrana.
Capeamento:

 Execução da barreira
 Após o preenchimento da trincheira, uma camada de 0,5 a 1m do

próprio material de preenchimento deve ser executada para  progressivamente (backhole), ou


proteger de tráfego ou crescimento de plantas e evitar  em painéis (clam shell / hydrofraise)
ressecamento do material da barreira. Após um período de até 2
semanas, este capeamento pode ser removido, e feita então a
cobertura permanente (Ryan e Day, 2003)

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5. Condutividade Hidráulica Resultados experimentais


Azambuja (2006)
 A condutividade hidráulica da barreira tem variação
conforme o teor das adições de cimento e bentonita.  Todas as misturas com teor de bentonita de 6% se mostraram
muito permeáveis para aplicação em barreiras verticais de
 SB
contaminantes (na faixa de 9x10-6 a 8x10-5 cm/s).
 Para um mesmo teor de bentonita, normalmente

as barrreiras SB apresentam k menor que as de  Usual: 10-12% bentonita


SCB.  As misturas de solo-bentonita, com teor de bentonita de 18 e 22%,
apresentaram valores de condutividade hidráulica inferiores aos
 SCB geralmente usados em projetos (1x10-7cm/s).
 Quanto maior o teor de cimento, menor a k

• Estabilidade estrutural

 Bentonita:
 quanto maior o teor de bentonita, menor a k

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6. Configuração 6. Configuração
 Barreira em toda circunferência da fonte contaminante
 Barreiras que envolvem o local contaminado
tipo de configuração mais usual devido a maior garantia de
 Capeamento para evitar a entrada de água de chuvas contenção do contaminante
 Bombeamento de água do interior da camada de solo
para posterior tratamento
 Ventilação ou drenagem de gases, se necessário
 Barreiras à montante do fluxo
 evita a entrada de água limpa Para situações
de pouco fluxo
 propicia a saída de água suja dágua
 Barreiras à jusante do fluxo
 Capta a água contaminada e a conduz às bombas

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Barreiras em circunferência 6. Configuração


(vista em corte)
 Barreiras a montante da fonte de contaminação
a barreira pode ser locada antes da fonte contaminante para
minimizar o potencial da fonte de submergir pelo fluxo d’água

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Barreira à montante do fluxo (vista em corte) 6. Configuração


 Barreiras a jusante da fonte contaminante
locada depois da fonte contaminante para reduzir a migração e
promover uma diminuição da pluma de contaminação.

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Barreira à jusante do fluxo Disposição das barreiras


Interceptar os LNAPL
(vista em corte) 

 É necessário penetrar abaixo do nível d’agua.

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6. Configuração 6. Configuração
 Vantagens e desvantagens dos arranjos  Vantagens e desvantagens dos arranjos

 As barreiras impermeáveis em toda circunferência da fonte  As barreiras impermeáveis parciais (de montante e jusante):
contaminante:
 são mais baratas que as anteriores;
 afastam a contaminação do fluxo d’água em todas as direções;
 precisam de alta precisão para prever a direção do fluxo d’água
 minimizam o escape de poluentes; no subsolo.
 podem tornar-se muito caras no caso de extensas
contaminações.

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6. Configuração
 Os poços de extração têm a função de retirar o material
contaminado do solo, no caso a pluma de contaminação.
 Ainda, a barreira pode ser linear, arqueada ou retilínea:

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Cálculo da estabilidade das


peredes da escavação
 O Fator de segurança pode ser definido como a
razão entre as forças disponíveis (resistentes)
pelas forças mobilizadas (atuantes).

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 Para argilas: Exemplo


 Calcule o fator de segurança para uma
 Para areias:
trincheira de 9,1m de profundidade, escavada
em uma areia com ângulo de atrito interno de 30
graus. O peso específico do fluido é 10,2kN/m3.
• F = Fator de segurança
A areia possui peso específico natural de 20,4
• Su = resistência não drenada (coesão) kN/m3.
• H = profundidade da trincheira
 g = peso especifico do solo
 gf = peso específico da lama
 f= ângulo de atrito interno

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Exercício
 Calcule as proporções em peso dos materiais e
a quantidade de material para uma barreira de
20m de comprimento, 40cm de largura e 8m de
profundidade:
 Lama com 5% de bentonita para estabilizar a
escavação
 Material de preenchimento solo-cimento-bentonita,
Observe que, para areias, o fator de segurança é teor de umidade = 100%, teor de bentonita = 12% e
independente da profundidade da barreira fator água-cimento = 6.

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