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23/7/09
- O Bilionário da Educação, Chaim Zaher, Dono do COC
Se você não conhece Chaim Zaher, é melhor ler sua história: ele pode ser o homem mais rico do négocio de “Ensino Privado”
no país. Um ex-franqueado do Colégio Objetivo, que almeja em pouco tempo ter 1 milhão de alunos estudando nos COC’s.
Matéria interessante, extraída da IstoÉDinheiro, ed 614 de 15/07/09, pg 54-58 (por Leonardo Attuch).
Corria o mês de outubro de 2007, quando o empresário Chaim Zaher, à época dono de uma promissora rede de ensino
particular no interior de São Paulo, se viu diante de uma encruzilhada. Ele estava pronto para lançar ações na Bovespa, mas
os banqueiros que o assessoravam trouxeram uma péssima notícia.
O preço de lançamento dos papéis não seria de R$ 40, como havia sido planejado, mas de no máximo R$ 33, em razão da
crise imobiliária americana, que já causava os primeiros estragos. Chaim quase desistiu, mas antes ligou para o economista
Paulo Guedes, um velho amigo e também fundador do Banco Pactual. Eis o diálogo:Zaher ouviu o conselho e convidou o
economista para um encontro com sua família em Ribeirão Preto. Todos, a começar pela esposa Adriana, teriam de ser
convencidos.
O jantar começou pouco antes da meia-noite e foi até às 3h do dia seguinte. Tomada a decisão, o SEB -, Sistema Educacional
Brasileiro foi para o IPO - um dos últimos antes da tempestade global - e levantou R$ 400 milhões. “Foi a decisão mais
acertada que tomamos”, disse Zaher à DINHEIRO (leia sua entrevista à página 58). “Para acabar com aquela indecisão de
‘pulo ou não pulo´, colocamos uma asa-delta nas costas dele e o empurramos morro abaixo”, brinca Guedes.
Com o dinheiro levantado no IPO, Zaher colocou em marcha a maior máquina de aquisições do setor educacional brasileiro.
Em dois anos, ele investiu quase R$ 200 milhões em 12 operações e triplicou de tamanho - a mais recente foi a compra, na
semana passada, da tradicional rede Pueri Domus, de São Paulo, por R$ 41 milhões.
Com quase 500 mil alunos, o SEB detém a marca COC, líder no interior paulista, e outras renomadas, como o Dom Bosco, no
Paraná, e o Inei, em Brasília. Ao todo, tem valor de mercado de R$ 604 milhões e deve fechar 2009 com receita próxima a R$
450 milhões. Como tudo isso aconteceu? “Maktub”, responde Zaher. De acordo com a sabedoria árabe, já estava escrito. Só
isso.
O maktub esteve presente em vários momentos da vida deste empresário que nasceu em Beirute, no Líbano, e que, com
apenas seis anos, veio para o Brasil. Sua família pousou em Araçatuba e, ainda menino, Zaher começou a ajudar o pai, Zein
Zaher, no trabalho como mascate.
Aos 18 anos, quando o velho Zein se instalou em Pereira Barreto, Zaher decidiu voltar para Araçatuba, onde arrumou um
emprego num cursinho local, chamado Prever. Foi porteiro, bedel de alunos e vendedor de matrículas. Em pouco tempo, já
entendia como funcionava a gestão de uma escola, enquanto, nas horas vagas, trabalhava como rádio-ator e colunista social.
E, lá pelos idos de 1972, ele enxergou uma ameaça: a chegada de cursinhos da capital paulista, como Anglo e Objetivo, que
invadiam o interior. Foi então que ele decidiu sugerir ao patrão, o empresário Waldir Suliani, que buscasse um
parceiro.Resultado: acabou demitido. “Em vez de cair em depressão, percebi que havia conquistado minha liberdade”, diz
Zaher.
Seus primeiros parceiros foram os professores do Colégio Equipe de São Paulo, que também estavam criando um cursinho.
Mas Zaher já enxergava o Objetivo, do empresário João Carlos Di Genio, como o grupo mais profissional do setor. E, em 1976,
ele conseguiu agendar uma reunião com o professor Jorge Bryhi, braço direito de Di Genio, não sem antes realizar uma
pequena peripécia.
Depois de esperar horas por uma audiência, ele decidiu se trancar no banheiro de uma escola, onde dormiu até o dia seguinte.
E quando Bryhi voltou ao Objetivo, Zaher já estava lá esperando por ele. Na mesma hora, tornou-se franqueado da rede. A
atitude foi tão inusitada que o próprio Di Genio quis conhecê-lo. E quando Zaher soube que o dono do Objetivo era também da
região de Araçatuba, os dois se tornaram amigos - Di Genio foi até seu padrinho de casamento. No Natal de 1984, após ter
trabalhado quatro anos como franqueado do Objetivo, Zaher recebeu uma ligação do amigo Di Genio:
- Você quer mesmo uma oportunidade para crescer e sair de Araçatuba? Venha para Ribeirão Preto e ficaremos meio a meio na
escola - disse Di Genio.
- Aceito, respondeu Zaher.
Assim que desligou o telefone, Zaher, aquele mesmo personagem que havia dormido num banheiro para conseguir sua
primeira audiência no Objetivo, começou a fazer as malas para se mudar para a “cidade grande”. Desta vez, como sócio.
À época, o grande concorrente do grupo de Di Genio era o COC, um cursinho criado por professores de medicina que ia de
vento em popa. A tal ponto que era capaz de fretar um jatinho para trazer em primeira mão as listas de aprovados na Fuvest,
num tempo em que ainda não existia internet.
E mais uma vez Zaher executou uma pequena proeza. Alugou um helicóptero, pousou nas proximidades da Universidade de
São Paulo e chegou em Ribeirão Preto mais cedo do que os concorrentes, que tinham de tomar um avião em Congonhas. Com
o tempo, o pêndulo virou em favor do Objetivo. A tal ponto que o próprio COC foi colocado à venda, em 1986.
E foi Zaher quem apareceu para comprá-lo, num negócio que o afastou do antigo mentor. “Aprendi tudo com o Di Genio, mas
precisava seguir meu próprio caminho.”
De lá para cá, o COC, que virou parte integrante do SEB, decolou. É o maior grupo de ensino médio do País, com mais alunos
do que o próprio Objetivo. Uma das razões é a aliança desenvolvida com escolas públicas.
Várias prefeituras do interior tornaram-se parceiras de Zaher ao adotar o método de educação conhecido como Name, Núcleo
de Apoio à Municipalização do Ensino. Desenvolvido pelos professores do COC, ele tem melhorado drasticamente os
indicadores da educação pública.
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Os alunos das escolas públicas de Adolfo, uma pequena cidade de 3,9 mil habitantes no interior paulista, ficaram em primeiro
lugar na avaliação do Ideb, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, criado pelo MEC. E as prefeituras pagam cerca
de R$ 160/ano por aluno para ter acesso ao material didático do COC - hoje, mais de 100 mil alunos da rede pública estão
integrados a esse sistema de ensino.
“Além de rei do ensino médio privado, o Chaim também tem a chave para melhorar rapidamente os indicadores do setor
público”, diz o economista Guedes. O sonho do dono do SEB é chegar a um milhão de alunos. E os especialistas do setor
dizem que isso é plenamente viável. “A educação ainda é extremamente pulverizada e o processo de consolidação está
apenas começando”, diz Ryon Braga, da Hoper Consultora, especializada em educação.
As sócias do Pueri Domus tomaram a decisão de vender a escola, com mais de 40 mil alunos, ao perceberem a tendência de
concentração do setor. “Constatamos que se não fizéssemos parte de um grande grupo econômico, não conseguiríamos
concorrer no mercado”, disse a diretora Fernanda Simeoni, filha da fundadora Beth Zocchio, ao jornal Valor Econômico.
Outra grande avenida de crescimento é o setor público e Zaher tem conversado com o ministro da Educação, Fernando
Haddad, para convencê-lo da necessidade de se criar um Prouni para o ensino médio - em vez de comprar vagas apenas em
universidades, o governo bancaria bolsas de estudos de alunos carentes em escolas privadas.
Outra grande aposta de Zaher é a educação a distância, que já responde por 13% das receitas do grupo, que também atua no
ensino superior. Para isso, o SEB investiu fortemente em tecnologia. Além de aulas interativas, que podem ser transmitidas
para mais de 150 cidades ao mesmo tempo, as escolas estão implantando lousas eletrônicas, com duas telas simultâneas.
Se um professor ou palestrante estiver transmitindo sua aula, os alunos poderão encaminhar perguntas instantaneamente.
“Educação hoje combina conteúdo e tecnologia”, diz Tadeu Terra, diretor de material digital e editorial do COC. E, como os
investimentos são altos, os ganhos de escala são fundamentais. No processo de crescimento de suas escolas, Zaher recorreu
frequentemente a outras peripécias. Uma delas foi o marketing de emboscada.
Na Copa de 1998, na França, ele conheceu um torcedor que sempre era flagrado pelas câmeras da Globo com uma grande
faixa do Corinthians. Zaher então o convenceu a abrir também uma faixa do COC. Assim, sua marca apareceu
espontaneamente em vários jogos da Copa de 2002 e em muitos outros dos campeonatos brasileiros. Certa vez, o torcedor foi
surpreendido por um policial, mas se saiu com maestria. Disse que COC significava “Comissão Organizadora do Corinthians”.
Foi por essas e outras que o grupo se tornou o maior do País em educação privada. Maktub, como diriam os árabes.
criado por Prof Rafael Porcari 04:39:06 — Arquivado em: Sem categoria — Tags:Administração, Empreendedorismo,
Ensino, Negócios —
1 Comentário »
1. RECEPCIONISTA OU PORTEIRO?
Recepcionista ou Porteiro?
Em primeira e última análise, ainda permanece o pensamento do porteiro de minha escola, em sua forma mais simples: “é
muito melhor ser um humilde servo na portaria da unidade escolar do que ter qualquer espécie de reconhecimento entre os
que desprezam a educação”.
Quando planejei escrever este texto, pensei nas melhores funções existentes em uma Escola pública, pelo menos se
pensando do ponto de vista que é o porteiro a primeira pessoa responsável pela acolhida da comunidade externa e interna,
concluí ser a portaria uma delas. A escola pública ou “segundo lar” também já não é um lugar seguro. Ouvi de um porteiro
que levou uns empurrões e só não apanhou do aluno porque não reagiu, e outros mil e um casos em que eles sofrem maus
tratos de quem deveria ser agradecido, até pelo o bom-dia ou boa-noite com que lhes cumprimentam! O que torna o
fraseado de meu texto particularmente significativo é que ouvi do próprio guarda-portão do colégio em que trabalho.
Conquanto fosse ofendido em um outro lugar que não fosse em seu ambiente de trabalho, pelo menos por uma pessoa
qualquer que não fosse um aluno. Mas, o servidor declarou que “é muito melhor ser um humilde servo na portaria da
unidade escolar do que ter qualquer espécie de reconhecimento entre os que desprezam a educação”.
A posição de homem que guarda a portaria já foi mais prestigiosa. Muitas repartições públicas e particulares têm essa
seção, inclusive as igrejas. Encerrava, porém, certa honra, pois não era qualquer pessoa que podia estar tão ligada a uma
função tão “sagrada”, lugar de primeiras impressões. Além disso, se essa honra não é conferida pela própria tarefa, pode ser
obtida realizando-a com esmero.
A escola pública hoje em dia necessita mais de recepcionistas do que de porteiros no sentido literal. Quando os membros
da comunidade interna e os visitantes chegam à escola para tratar de quaisquer assuntos, quão agradável é serem recebidos
junto ao portão por uma pessoa sorridente e cordial, com cumprimentos fáceis, a informação precisa e talvez um livro de
registro de assuntos pendentes dos visitantes! Provavelmente esse tipo de recepcionista nunca será ofendido ou maltratado.
Mas, o antigo adágio: “as primeiras impressões são as que perduram” encerra boa psicologia, e o espírito com o qual os
visitantes tratarão os demais que toparem pela frente naquele ambiente polido, e a recordação que levarão consigo pode ser
determinada pela espécie de recepção que lhes é prestada junto ao portão.
Segundo a concepção popular, o porteiro tem que ser um homem forte, musculoso, bem fardado e armado: um segurança.
Ou do tipo dos recepcionistas do Vapt-vupt que constrange com uma notória falsa cordialidade, bloqueando a presença
espontânea de quem se aportar por ali, com os chavões: “Pois não?!” “O que deseja?!”
Mas, não precisa ser assim o porteiro de um recinto educacional. Na realidade apenas precisa de alguém que faça qualquer
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