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Um ciclo se inicia
Toda vez que o sol
Nasce no horizonte
E cada novo dia
Oferece inesperadas
Possibilidades
Por exemplo: a genial
Aventura do pensar
E a ventura do pulsar
Pois todo e cada um
Traz em si o bom
É em si um povo
Venho lhe desejar
Um Feliz Natal e
Um Ótimo Ano Novo
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Meu pai
Que tanto me deu
E não pediu nada em troca
Nos seus aniversários
O que eu te dava
Agora
Sinto sua falta
E quase sou
Você
Meu querido pai
Feliz Aniversário
Nosso encontro diário
Se renova
Aqui
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Não o traíram
Não o julgaram
Não lhe cuspiram
Não lhe espancaram
Não o feriram
Não o crucificaram
Não lhe quebraram as pernas
Não lhe furaram
Não o despiram
Não o destinaram
Não o vestiram
Não o sepultaram
Nada lhe fizeram
Ele escapou ileso
E eles nem notaram
Ele está vivo
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Fala comigo
Pra dizer que sou seu
Amigo ou não
Isso pouco importa
Eu vou deixar aberta
A folha e as mil folhas
Mas mais muito mais que um milhãozim
Como se fossem bolhas de sabão
Ou como se a porta
Não estivesse mesmo encadeada
E mesmo que eu esteja aqui agora assim dez amarrado
Quero dizer que você pode sim contar
Pois quanto a mim
Sou seu
Amigo sim
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A gênese do capitalismo
Está na mais valia que foi gerada pelo lucro
Do comércio e o mercado entendido como monopólio
Ou holding ou truste foi assim o início
Depois veio a industrialização
Que foi a formação e a maturidade
Com as indústrias produzindo sem parar
Em ritmo maquinal e não humano
Acopladas ao mercado e à mais valia
O capitalismo cresceu por todo o planeta
Essa foi a verdadeira globalização
Esses três fatores: tecnologia industrial,
Mercado visando mais valia e planetarização da economia
Levaram ao comércio de símbolos que é a atual realidade
Pós-industrial e pós-moderna
O problema é que neste contexto atual na trama mundial
Não há como produzir a mais valia os ciclos se abrem
E os devires enlouquecem no macro e no micro
Agora o capitalismo começa a chegar ao fim
Sem choro nem vela nem revolução nem outra visão
Então o que será das subjetividades produzidas
Nessa conjuntura-furacão? Não joguem na bolsa
Porque ela é o indicador inicial da implosão
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Uma das péssimas coisas que eles fazem pro país e pràs
futuras gerações
Nenhum deles hora nenhuma se arrepende ou se envergonha
Nem pede infinitas desculpas prà nação
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Há um vulcão
Debaixo do chão
Dos planetas Marte
Saturno e Plutão
Ah esse não é planeta
Me diz você
Sua inteligência
Incomoda muita gente
Sua paciência
E sua ciência
Sua clarividência
E competência
No meu caso eu procuro não me incomodar
Com muita coisa
Tipo o leve adejar da asa
De uma borboleta no pomar
É que perturba
Porque pode despertar
Vendavais tempestades
Furacões
E alçar o mar
É disso que o povo tem medo
Que o céu caia
Que a maré suba
Eu tenho graça na turba
Na tuba
Mesmo que seja um falso enredo
E amo mais que tudo
A leve brisa
Quase imperceptível
Do bater da asa
Da mariposa
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experiência # 3
experiência # 87
ver o noticiário até o fim
sem vomitar nem torcer o nariz
o que eles falam falam de esportes
numa hora lá
pra fazer o vidente feliz
lançar um lema
somos todos palestinos
somos todos judeus
mas não somos
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Porcaria de carro
Porcaria de shopping
Porcaria de computador
Nazismo de pessoas idiotas
Que são peças de uma máquina
Que é peça de outras mais
Hitler era fichinha
Perto desses agentes da mídia
Que fizeram esse mundo de mentecaptos
Inaptos, canalhas, robotizados
Um profeta jogava pedras no shopping
Um profeta jogava pedras
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eu e você
merecemos viver numa civilização
que valorize o talento e atenção
e não
numa sociedade carnavalizada
na qual a educação e a boa vontade
sejam desvalorizadas
mas
como não seria bom
irmos todos pro estrangeiro
vamos transformar nosso Brasil
numa verdadeira pros seus
top de linha na indústria
produtor de ciência
criador de cultura
e
uma pátria mãe gentil
pra todo e qualquer cidadão
que nascer no Brasil
seja preto ou branco
rico ou pobre
velho ou novo
alto ou baixo
forte ou fraco
homem ou mulher
homo ou transgênero
seja índio ou negro
japa portuga alemão
somos todos brasileiros
essa sim vem a ser a nossa e verdadeira
independência brasileira
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ouro
na verdade é luz amarela ou simplesmente luz
mas parece ouro tudo feito de ouro elevatório
as portas pesadas as linhas clássicas
as máscaras do passado do presente
do futuro que não se veem aí
mas que a gente vê tão bem
aí e em toda parte mas arte
é algo que se tem
ou não se tem
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O Brasil
No lugar do corgo um lamaçal
De metais pesados e consciências leves
Desde quando se assenhoraram do Brasil
Os europeus assorearam e levaram o que quiseram
Não me importa a cor dos partidos
O que importa é que eles sejam brasileiros
No Brasil
E simplesmente ajam como na Inglaterra agiria o seu governo
Se uma empresa estrangeira destruísse e envenenasse
Por séculos
A fauna a flora os rios o solo e as populações
De uma larga faixa de lindas e singelas produções
Naturais e humanas
As igrejas barrocas
As pessoas
Suas casas suas vidas
Suas vacas suas vilas
Suas percarias no corguinho
E no corgo grande
Que até semana passada se chamava
Rio Doce
E agora é um manancial de venenos tóxicos
Sem que ninguém se importe
Pois é tudo nos trópicos
Num país do sul
De pessoas escravizadas
Cotidianamente vilipendiadas
Sem nem noção do que seja
Cidadania e nação
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somando tudo
manifestações de rua
impeachment e denúncia do pt
as instituições querendo ser sérias
e respeitadas no país
e o amor meio bêbado meio bobo
do nosso povo bom
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Um fenômeno recorrente
Da nossa época em que grassa a mais porca escravidão
Que a humanidade já viu – os clones semióticos
É a máquina de formatação das subjetivações e escoamento
da potência
Nossa querida potência
Que é mais que nós e nos faz
Uma coisa que ocorre e é sutil e cabulosa
É a máquina cega
As pessoas entram num sistema
E começam a gerir e a gerar
A si mesmas
Pelas normas arbitrárias
De acordo com a lógica binária
Do dito cujo sistema
Como uma inércia
Que as faz moverem-se muito
Na mente no corpo no mito
Sem sair do lugar o tal falado sistema
Faz parte da teoria dos clones semióticos
Por exemplo senti uma coisa péssima
Ao ver que aspiram com uma parceria
Com aquele canalha pseudopoeta mediocrizador
cuspeculturinha
O outro lado da moeda
É a gente
A máquina vidente
Mas quando digo a gente
Quero dizer uma gente sem patota
Sem confraria ou calota polar
Onde faz seu castelo de podar
E reinventa novas retroalimentações
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Eu sou carioca
Mas sou cidadão do cosmos
Eu sou professor
Mas não sei nada
Eu sou escritor
Mas prefiro ler as ruas
E as moças nuas
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Em 1972
Waly Salomão publicou o livro
me segura que eu vou dar um troço
era um tempo conflitivo
como hoje é o negócio
e no ponto mais ávido
essas coisas que parecem com o livro supracitado
tipo o poeta é a pimenta do planeta
mas a pimenta mesmo é a placenta do estratega
que pode ser cabal se for guerreal
mas que na real é fa-tal to-tal fe-cal
o capitão de indústria
e suas pústulas
se o venerável sailor estivesse aqui
usaria ele a net o face o blá blá blá blog
e o que viesse?
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essa civilização
está mesmo toda errada
se a civis tá errada
é uma selva? a selva é natural
ou é um verso bonito
do infinito universo
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professor e professor
é uma profissão super importante
qual seria mais?
mesmo que as mídias nazistas atuais
queiram propor
um programa ou tutor
no seu lugar
sem a força e a potência do pensar
que usam a professora e o professor
mas pensa numa profissão que lhe cai bem
atleta artista frentista jardineiro cozinheiro
rábula médico engenheiro faxineiro
o que você quiser
se você tiver um amigo que a professa
irá chamá-lo pelo nome de sua empresa
ou de sua profissão?
isso sim
seria estranho
me orgulho com alegria de ser poeta
escritor filósofo e professor
o mais singelo de todos
o mais simples
aquele que não sabe quase nada
e acha que sabe alguma coisa
quando converso como ser humano
prefiro ser chamado Carlos ou Luís
porque são nomes de gente
mais feliz
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http://euodonodaverdade.blogspot.com.br/
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