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JANAINA BEZERRA SILVA

APLICAÇÃO DA TEORIA DE ANÁLISE DE REDE SOCIAL E PROPOSTA


DE UM ESQUEMA CONCEITUAL PARA DESENVOLVIMENTO DE UMA
INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS PARA TRANSPORTE RODOVIÁRIO
DE PRODUTOS PERIGOSOS

São Paulo
2014
iv

JANAINA BEZERRA SILVA

APLICAÇÃO DA TEORIA DE ANÁLISE DE REDE SOCIAL E PROPOSTA


DE UM ESQUEMA CONCEITUAL PARA DESENVOLVIMENTO DE UMA
INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS PARA TRANSPORTE RODOVIÁRIO
DE PRODUTOS PERIGOSOS

Dissertação apresentada à Escola


Politécnica da Universidade de São
Paulo como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em
Ciências.

Área de Concentração: Engenharia


de Transportes ± Informações
Espaciais.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ana Paula


Camargo Larocca.

São Paulo
2014
v

À minha querida mãe, Leila.


vi

AGRADECIMENTOS

Eu gostaria de agradecer à minha orientadora, Professora Ana Paula Larocca


pelo acolhimento e confiança depositada em mim junto ao programa de pós-
graduação na área de Engenharia de transportes na POLI e pelos bons conselhos
que me passou durante essa fase.

Ao Professor Quintanilha pela coorientação e principalmente, por ter aceitado


e colaborado para minha ideia e anseio inicial de estudos relacionados à temática de
políticas para a área tecnológica.

À querida Professora Mariana Abrantes Giannotti, pela orientação e


comprometimento constante desde o início com meu tema de pesquisa e mais do
que nunca, pelo carinho, pela forma positiva de enfrentar a vida profissional, pelo
empenho constante ao meu trabalho e em especial, pela amizade construída nesse
período do mestrado.

Ao Departamento de Transportes da Escola Politécnica da Universidade de


São Paulo e ao Laboratório de Geoprocessamento (LabGeo) pela estrutura
fornecida ao desenvolvimento da pesquisa.

Aos professores e funcionários do departamento por todos os ensinamentos


acadêmicos e principalmente, pela gentileza constante e carinho oferecido nesse
período de estudo. Em especial, à Professora Linda Hee Ho pela correção do meu
questionário, orientado à aplicação das entrevistas e ao Professor Denizar Blitzkow
por todo seu carinho, simpatia e competência.

À Pró- Reitoria de Pós Graduação da Universidade de São Paulo pelo


financiamento do meu período de estágio na UN ± SPIDER (Bonn - Alemanha). À
todos os meus companheiros de trabalho na ONU.

Aos 39 (trinta e nove) funcionários das respectivas instituições que


participaram da pesquisa respondendo ao meu questionário. Em especial ao Mauro
Teixeira e à Glória Benazzi, que não somente me incentivaram desde o início com
informações e ensinamentos referentes ao tema da pesquisa, mas também por
vii

ajudarem na identificação das instituições participantes do gerenciamento de


instituições que atuam na área de TRPP.

À Comissão Geral de Transportes de Produtos Perigosos, promovida pela


Secretaria de Estadual de Transportes de São Paulo, pelo convite recebido à
participação das reuniões mensais.

Ao aluno de iniciação científica da POLI, Ricardo Lisboa pelo empenho e


ajuda na elaboração do esquema conceitual dos dados de uma IDE para Transporte
Rodoviário de Produtos Perigosos (TRPP).

Aos amigos do laboratório por toda ajuda, conversas e sugestões,


especialmente à Eli baby, à Claudinha, ao Rafa, ao Luíz, à Martina, ao Junes, às
novas companheiras de laboratório, no ano de 2013, à Dani, à Lu, à Juju pelas
nossas risadas e nescafés no laboratório.

À toda minha família, à minha mãe Leila, ao meu pai Gilberto e aos meus
irmãos Roberto e Melina.

Ao Boris pelo companheirismo e amor.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)


pelo tempo de financiamento da pesquisa.

À todos as pessoas que contribuíram de forma direta e indireta ao alcance


dos objetivos da minha pesquisa. OBRIGADA a todos!!!!!!!!!!!!!!!!!
viii

RESUMO

Os dados espaciais têm sido utilizados para o monitoramento ambiental de


consequências de acidentes com produtos químicos no transporte de produtos
perigosos. A Infraestrutura de Dados Espaciais (IDE), que foi criada para a
disponibilização e uso de dados espaciais, esbarra na ausência de políticas para dar
suporte a essa realização. O objetivo principal deste trabalho é explorar o uso da
teoria de Análise de Rede Social (ARS) para diagnosticar a articulação entre as
organizações do setor, e discutir as políticas e acordos institucionais vigentes e criar
um esquema conceitual de uma IDE para gerenciamento de acidentes relacionados
ao Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos (TRPP). Neste contexto, esta
pesquisa identificou as instituições que tratam do tema TRPP, para que informações
sobre o interesse no uso e compartilhamento de dados espaciais através de uma
IDE pudessem ser coletadas através de entrevistas, e desta forma, consolidadas. As
entrevistas foram aplicadas de forma presencial em 39 instituições. A aplicação da
teoria Análise de Rede Social (ARS) pôde diagnosticar o fluxo dos dados entre as
instituições através da representação gráfica das redes de disponibilização e
utilização de dados espaciais entre as organizações participantes. A partir de então,
foram analisados e discutidos os acordos vigentes para compartilhamento de dados
espaciais. Os resultados compilados permitiram propor um esquema conceitual de
uma IDE para apoio a desastres envolvendo o TRPP, para, então, prover a
elaboração de metodologia para o suporte ao diagnóstico da articulação entre os
diversos atores de uma IDE. A finalidade é a possível a formulação de políticas para
disponibilização de dados espaciais para tomada de decisões preventivas e de
enfrentamento de desastres. Os resultados indicaram que as 39 instituições
compartilham dados espaciais entre si, ainda que nem sempre por acordos formais
preestabelecidos. Constatou-se ainda que há um grande anseio por parte das
instituições que fazem o gerenciamento de acidentes envolvendo o TRPP para que
haja mecanismos legais para compartilhamento de dados estruturantes para
planejamento territorial - para que o uso desses dados possa auxiliar na preparação,
prevenção, gerenciamento e socorro imediato aos incidentes que envolvem o TRPP.
ix

Palavras-chave: IDE, ARS, SIG, TRPP, Articulação Política do Setor de


TRPP, Desastres Tecnológicos.
x

ABSTRACT

Spatial data have been used for environmental monitoring of chemical


accidents on the road transportation of dangerous goods. The Spatial Data
Infrastructure (SDI) has been created to availability and use of spatial data, however,
it emphasizes that there are no policies to support this realization. The main aim of
this work is to create a conceptual scheme of a Spatial Data Infrastructure (SDI) for
management of transport of Dangerous Goods by road, focusing on the political
context. It was identified the institutions that deal with the subject of road
transportation of hazardous materials, Moreover the interviews could be
consolidated. The interviews were administered by face, in 39 institutions. Interview
data were ran in software UCINET, 2000 to obtain metrics related to centrality
measures. The application of the theory of Social Network Analysis (ARS) could
recognize the flow of data between institutions through the enrolled institutions.
Furthermore, it was analyzed the network availability and use aspects of spatial data
sharing between the organizations. Besides, the compiled results allowed to propose
a conceptual scheme of a SDI to support technological disasters with road
transportation of hazardous materials throw the SNA theory applied to investigation
of spatial data sharing between different stakeholders to make prevention and risk
management of the sector. Therefore, the analysis of the theory of Social Network
Analysis (ARS) found that 39 (thirty-nine) institutions share spatial data between
themselves, but not always in formal agreements previously established. It was
further observed that there is a great desire on the part of the institutions that make
the management of the accidents of this kind of transportation mode, so there are
legal frameworks for data sharing for land cover uses, as a result the use of such
data can be shared between different stakeholders to assist the preparedness,
mitigation, response and recovery from incidents related to road dangerous goods
transportation.

Key words: SDI, SNA, ROAD TRANSPORTATION OF HAZARDOUS


MATERIALS, GIS, TECHNOLOGICAL DISASTERS, POLICIES ARTICULATION TO
DANGEROUS GOOD TRANSPORTATION.
xi

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1. Fluxo de dados na IDE subnacional na Bélgica, organizada pelo


número de acessos de tomadores decisão (VANDERBROUCKE et al., 2009). ....... 41

Figura 2.2. Fluxo de dados organizados de acordo com hierarquia


governamental da IDE subnacional na Bélgica (VANDERBROUCKE et al., 2009). . 42

Figura 2.3. Sociograma identificando três subgrupos de compartilhamento de


dados espaciais no projeto de sistema cadastral do Egito (OMRAN et al., 2007)..... 43

Figura 2.4. Esquema simplificado do fluxo dos processos de negócio para o


desenvolvimento de planos de gerenciamento para elaboração de mapas de
inundação .................................................................................................................. 44

(VANDERBROUCKE et al 2009). ................................................................... 44

Figura 2.5. Diagrama de casos de uso para o processo de compartilhamento


de dados espaciais no projeto de gerenciamento de bacias hidrográficas em áreas
de preservação (PAUDYAL et al., 2012). .................................................................. 45

Figura 3.1. Fluxograma das etapas do trabalho ............................................. 48

Figura4.1.Frequência de disponibilização de dados espaciais ...................... 59

Figura 4.2. Frequência de utilização de dados espaciais acessados............. 62

Figura 4.3. Proposta de Esquema Conceitual de Dados Espaciais para uma


IDE para TRPP.......................................................................................................... 78

Figura 4.4. ' HVFUHYHDFODVVH³(VWDGR´......................................................... 80

Figura 4.5. Congrega a classe Rodovia ........................................................ 81


xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1. Resumo das métricas da rede e definições ................................ 49

Tabela 4.1. Padrão de legendas da rede ........................................................ 51

Tabela 4.2. Funcionalidades das respectivas instituições


entrevistadas..............................................................................................................52

Tabela 4.3. Medidas da rede por instituição para disponibilização de dados


espaciais e sua respectiva estatística descritiva para toda rede ............................... 65

Tabela 4.4. Medidas da rede por instituição para utilização de dados espaciais
e sua respectiva estatística descritiva para toda rede. .............................................. 66

Tabela 4.5. Resumo da comparação das métricas ......................................... 67

Tabela 4.5. Grupos analisados e seus acordos institucionais vigentes .......... 75


xiii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................... 14

1.1. JUSTIFICATIVA ................................................................................. 16

1.2. OBJETIVOS ....................................................................................... 17

1.2.1. GERAIS........................................................................................... 17

1.2.2. ESPECÍFICOS ................................................................................ 17

2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................. 18

2.1. TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PRODUTOS PERIGOSOS (TRPP)


18

2.1.1. ANÁLISE ESPACIAL DE DESASTRES TECNOLÓGICOS A PARTIR


DO TRPP 20

2.1.2. A ARTICULAÇÃO POLÍTICA NO SETOR DE TRANSPORTE


RODOVIÁRIO DE PRODUTOS PERIGOSOS .......................................................... 24

2.2. INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS (IDE) .......................... 28

2.2.1. IDE PARA DESASTRES .................................................................... 29

2.2.2. INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS E POLÍTICAS ............ 32

2.3. ANÁLISE DE REDE SOCIAL (ARS)................................................... 34

2.3.1. ANÁLISE DE REDES SOCIAIS (ARS): MÉTRICAS E TÉCNICAS DE


ANÁLISES 34

2.3.2. ANÁLISE DE REDE SOCIAL E INFRAESTRUTURA DE DADOS


ESPACIAIS 37

3. METODOLOGIA .................................................................................... 46

3.1. ENTREVISTAS................................................................................... 46

3.2. ANÁLISE DE REDE SOCIAL (ARS)................................................... 48

3.3. MODELAGEM DE DADOS ESPACIAIS EM IDE ............................... 50


xiv

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................... 50

4.1. ANÁLISE DAS REDES....................................................................... 50

4.2. DISPONIBILIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS .................................. 58

4.3. UTILIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS ............................................... 61

4.4. ANÁLISE DA ARTICULAÇÃO ENTRE INSTITUIÇÕES PARA


COMPARTILHAMENTO DE DADOS ESPACIAIS .................................................... 69

4.5. ANÁLISES DAS POLÍTICAS e ACORDOS INSTITUCIONAIS COM


BASE NAS ENTREVISTAS ....................................................................................... 71

4.6. PROPOSTA DE ESQUEMA CONCEITUAL DE DADOS PARA UMA


IDE DE TRPP 76

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................ 82

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 84


xv

APÊNDICE A ± Questionário orientado para entrevistas em instituições


ligadas ao setor de Transporte Rodoviário de Produtos
Perigosos....................................................................................................................89

APÊNDICE B ± Tabela completa das Medidas da rede por instituição para


disponibilização de dados espaciais e sua respectiva estatística descritiva para toda
rede..........................................................................................................................98

APÊNDICE C ± Tabela completa Medidas da rede por instituição para


utilização de dados espaciais e sua respectiva estatística descritiva para toda
rede.........................................................................................................................99
14

1. INTRODUÇÃO

O aumento do desenvolvimento econômico de uma sociedade conduz


ao elevado consumo de bens e alimentos, que demandam produtos químicos e
seu consequente transporte e destinação. O modo rodoviário é o principal meio
de transporte de produtos perigosos no Brasil (CETESB, 2010).

O crescimento dessa atividade envolve riscos, pois há alta incidência de


acidentes com os veículos, com consequente possível contaminação do
ambiente. Desta forma, acabam por causar grandes impactos para a saúde da
população e meio ambiente.

De acordo com UNISDR (2007), os desastres tecnológicos são


provenientes de condições tecnológicas e industriais, incluindo os acidentes de
alto risco, tais como falhas de infraestrutura ou ações humanas específicas,
que acarretam perda de vidas, ferimentos, doenças ou outros impactos na
saúde, além de danos aos bens públicos, prejuízos sociais e impactos no
ambiente.

Dentre os riscos tecnológicos incluem-se a poluição industrial, a


radiação nuclear, manipulação e descarte de resíduos tóxicos, as falhas de
operação de barreiras de contenção, acidentes de transporte, as explosões de
fábricas, incêndios e vazamentos de produtos químicos (UNISDR, 2007).

Segundo dados da World Health Organization (WHO) (2012), as


liberações de gases, vapores, combustão e vazamentos químicos decorrentes
de incidentes tecnológicos, catástrofes naturais, conflitos e terrorismo são
comuns. A Federação Internacional da Sociedade da Cruz Vermelha, por meio
do Programa Internacional de Segurança Química (IPCS), estimou que entre
os anos de 2000 e 2009, ocorreram cerca de 3.200 desastres tecnológicos,
com cerca de 100 mil pessoas mortas e 1, 5 milhão e meio de pessoas
atingidas (WHO, 2012).

As exigências do desenvolvimento econômico impõem a movimentação


de produtos perigosos pelos diversos modos de transporte, que se mostram
fundamentais para cadeia produtiva. Porém, independentemente do modo
15

adotado, a atividade do transporte desses produtos envolve riscos, pois há a


possibilidade da ocorrência de acidentes.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)


a indústria química participa com 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
O setor químico ocupa a segunda posição na matriz industrial brasileira, com
12,5% do PIB da indústria de transformação, depois do setor de alimentos e
bebidas, que detém 14,9% do total (CETESB, 2012).

A proteção à saúde das pessoas e da qualidade do ambiente está na


base de um desenvolvimento sustentável. A Organização Mundial da Saúde
(WHO, 2013) apoia fortemente a necessidade de canais de comunicação
eficazes para obter informações sobre os riscos químicos para toda cadeia
produtiva (indústria / transporte / destino). Os mecanismos de informação sobre
os riscos são de importância vital para suportar esses canais de comunicação.

O tipo de desastre tecnológico decorrido determina a consequente


natureza das atividades emergenciais. No caso de gerenciamento dos
acidentes com transporte de produtos perigosos, as fases que envolvem as
atividades são: prevenção, preparação, resposta e recuperação da área
degradada. Os dados espaciais são de extrema importância para o
atendimento às emergências, podendo ser manipulados e analisados em
Sistemas de Informações Geográficas (SIG) (SNOREN et al., 2007). Algumas
aplicações com SIG são encontradas na literatura, conforme será tratado no
item 2.1.

Os dados espaciais e tecnologias associadas têm sido importantes para


a efetiva colaboração de tomada de decisão na gestão de desastres
(MANSOURIAN et al., 2006). No entanto, o compartilhamento de dados
espaciais em atividades de gestão de desastres com produtos perigosos ainda
enfrenta muitos desafios.

Uma solução apresentada para o compartilhamento de dados espaciais


é a Infraestrutura de Dados Espaciais (IDE). Para aplicações em desastres
naturais é possível encontrar vários exemplos na literatura (SNOEREN et al.,
2007; AJMAR et al., 2008; GROEVE et al., 2010; AGOSTO et al., 2011;
16

MOLINA et al., 2011). No entanto, para o caso de desastres tecnológicos, os


exemplos ainda são incipientes.

Neste trabalho foi possível explorar uma metodologia para caracterizar


como ocorre o compartilhamento de dados espaciais entre organizações que
trabalham no atendimento a desastres tecnológicos, em especial os
decorrentes do Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos (TRPP). Essa
metodologia baseou-se na aplicação da teoria de Análise de Redes Sociais
(ARS), com base em entrevistas aplicadas em organizações envolvidas no
setor.

As entrevistas foram utilizadas não somente como base para aplicação


da teoria ARS, mas também, como subsídio para o desenvolvimento de um
esquema conceitual de dados espaciais e como fonte de informação para a
discussão referente às políticas e aos acordos institucionais vigentes nessas
organizações, relacionadas ao compartilhamento de dados espaciais.

Espera-se que os resultados ora produzidos possam servir como suporte


conceitual para a criação de uma IDE para apoiai a atividade de gestão do
TRPP.

1.1. JUSTIFICATIVA

Os dados espaciais (produtos de sensoriamento remoto, dados de


Global Positioning System - GPS, mapas temáticos, entre outros) são muito
importantes para oferecer suporte à decisão em processos de prevenção,
atendimento e gerenciamento de desastres decorrentes do Transporte
Rodoviário de Produtos Perigosos (TRPP).

Entretanto, diversas instituições públicas e privadas no Brasil possuem


dados espaciais que estão dispersos (VEGI et al., 2011), não integrados, a
exemplo das instituições relacionadas ao gerenciamento de acidentes com
transporte rodoviário de produtos perigosos.

Dentro desta perspectiva, este trabalho explorou metodologias que


possam ser utilizadas como referência no processo de formulação de políticas
de acesso aos dados, que visem fomentar o compartilhamento de dados
17

espaciais e a constituição de uma Infraestrutura de Dados Espaciais, que


proporcione o suporte ao gerenciamento de desastres envolvendo o transporte
rodoviário de produtos perigosos.

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. GERAIS

O objetivo desta Dissertação de Mestrado é propor metodologias para a


caracterização de políticas e acordos institucionais, relacionadas ao
compartilhamento de dados espaciais, que possam servir como suporte a
constituição de uma IDE para o TRPP.

O trabalho explora o uso da teoria de ARS para diagnosticar a


articulação entre as organizações do setor, discute as políticas e acordos
institucionais vigentes e propõe um esquema conceitual de dados espaciais,
base sobre a qual pode ser desenvolvida uma IDE para TRPP.

1.2.2. ESPECÍFICOS

São objetivos precípuos:

Identificar instituições produtoras e mantenedoras de dados espaciais


potencialmente integrantes da IDE para TRPP.
Identificar as especificidades do TRPP visando à constituição de uma
IDE.
Aplicar a teoria de Análise de Análise de Rede Social (ARS) para medir
o fluxo de dados entre as instituições que atuam direta ou indiretamente
no atendimento e gerenciamento de desastres com TRPP.
Discutir acordos institucionais entre organizações para o
compartilhamento de dados espaciais.
Diagnosticar a articulação entre as instituições, com vistas à formulação
de políticas para compartilhamento de dados espaciais para o setor de
TRPP.
Propor um esquema conceitual de dados espaciais que possa ser
utilizado na implementação de uma IDE para TRPP
18

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PRODUTOS PERIGOSOS


(TRPP)

De acordo com o World Disaster Report (2011), os desastres


tecnológicos são divididos em três grupos: acidentes industriais (vazamentos
de produtos químicos, colapso da infraestrutura industrial, explosões,
incêndios, vazamentos de gás, contaminação por radiação); acidentes com
transportes (modos rodoviário, ferroviário, fluvial e aéreo); e acidentes ditos
diversos (por exemplo: incêndios e explosões em áreas domésticas não
industriais).

Uma compilação da estatística de dados de acidentes tecnológicos com


transportes revelou que houve cerca de 2.051 acidentes em todo o mundo no
período de 2001 a 2010, e o número de mortes relacionadas a esse tipo de
desastre foi de 62.075 pessoas no período analisado (World Disaster Report,
2011).

Segundo dados da United States Department of Transportation Pipeline


and Hazardous Materials Safety Administration, no modo de transporte
rodoviário de produtos perigosos, nos Estados Unidos, verificou-se que entre
os anos de 2002 e 2012 ocorreram, em média, 3.060 incidentes anuais, com
vazamentos de substâncias químicas em rodovias devido ao transporte
rodoviário de produtos perigosos (PHMSA, 2012).

No Brasil, o modo de transporte rodoviário, em geral, lidera a


movimentação de produtos perigosos, assim como o índice de acidentes
ambientais relacionados ao transporte desses produtos. No período
compreendido entre 1978 e setembro de 2010, a Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental ± São Paulo (CETESB) atuou em 8.254 ocorrências de
atendimento às emergências químicas no Estado de São Paulo (CETESB,
2010). A atuação consiste em reparar o dano ocorrido para que haja uma
contenção imediata do escoamento do produto.
19

A atividade de transporte rodoviário de produtos perigosos (TRPP) é a


principal responsável pelas emergências químicas atendidas pela companhia.
Segundo o relatório de emergências químicas da CETESB (2010), a estatística
de acidentes envolvendo TRPP nas rodovias estaduais paulistas registrou nos
últimos 11 anos cerca de 200 ocorrências anuais. Esses acidentes acarretam,
na grande maioria das vezes, alto risco à vida, como consequência de
vazamentos de produtos químicos, explosões, vazamentos de gás, entre outros
eventos.

Há uma elevação, ao longo dos anos, no número de atendimentos a


acidentes envolvendo o transporte rodoviário de produtos perigosos realizados
pela CETESB. Em 2010, a CETESB atendeu a 266 emergências de TRPP, o
que representa um aumento de 36,4% em relação aos 195 atendimentos
realizados em 2009 (CETESB, 2010).

No âmbito nacional e do Mercosul as atividades de transporte de carga,


em diversos modos, consideradas perigosas, obedecem às classificações da
Organização das Nações Unidas (ONU). As classificações são publicadas no
Modelo de Regulamento ± Recomendações para Transporte de Produtos
Perigosos ± ³2 UDQJH%RRN´

Há uma tendência histórica no Brasil de priorizar os investimentos


públicos no modo rodoviário. Na Europa, apesar de haver o incentivo à
intermodalidade, principalmente do setor ferroviário, os dados da Internacional
Road Transport Union (IRU, 2011) demonstram que as rodovias avançam em
escala crescente em meios urbanos e rurais.

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) é responsável por


regulamentar todos os modos de transporte terrestre. Os requisitos legais são
baseados em uma ferramenta que regula o transporte rodoviário de produtos
perigosos e também na respectiva legislação ambiental relacionada ao tema,
que regulamenta as obrigações e os deveres dos embarcadores ou
transportadores (ANTT, 2010).

Lieggio Júnior (2012) mostra que parte da movimentação de cargas com


produtos químicos, petroquímicos e derivados do petróleo é transportada pelo
modo rodoviário. Como resultado, essas atividades estão à frente nas
20

estatísticas, com 39,7% de todos os acidentes no Estado de São Paulo, no


período de 1978 a 2007 (ANTT, 2009).

A alta taxa de acidentes com emergência no transporte rodoviário de


produtos perigosos inflamáveis adverte para uma melhor articulação de
políticas voltadas para este setor de transporte (LIEGGIO JÚNIOR, 2012).

O crescente número de acidentes que envolvam o TRPP preocupa as


autoridades governamentais e demais segmentos envolvidos, tendo em vista
que os mesmos circulam por áreas densamente povoadas e ou vulneráveis sob
o ponto de vista ambiental, agravando os impactos causados ao meio ambiente
e comunidades (CETESB, 2012).

2.1.1. ANÁLISE ESPACIAL DE DESASTRES TECNOLÓGICOS A


PARTIR DO TRPP

Esta seção apresenta exemplos de aplicações de estudos sobre


gerenciamento de acidentes envolvendo o TRPP com base em análises
espaciais. Sistemas de Informação Geográfica (SIG) têm sido utilizados para
análises de risco e gerenciamento de Transporte Rodoviário de Produtos
Perigosos.

Pushpam e Palanichamy (2013) criaram um software baseado em SIG,


que mapeia os acidentes rodoviários das estradas nacionais e locais de Tami
Nadu (Índia). Esse sistema auxilia as autoridades a conhecer, não somente
³FRP R´³RQGH´H³SRUTXH´RFRUUHUDP RVDFLdentes rodoviários, mas também
como planejar e adotar medidas mitigadoras.

Oliveira et al. (2011) criaram um sistema de gerenciamento de acidentes


automotivos com cargas perigosas ± GEOCAP. Este sistema é composto de
informações que permitem, mediante a combinação das coordenadas
geográficas do ponto de ocorrência de um acidente, determinar as bacias
hidrográficas que foram afetadas e o risco de contaminação, além de alertar as
autoridades fiscalizadoras. O sistema também fornece ao usuário informações
sobre os produtos perigosos, conforme a tabela da ONU, e permite uma
21

consulta ao guia de procedimentos, o que possibilita maior precisão e rapidez


nas providências para minimizar as consequências dos acidentes.

Perinotto et al. (2011) analisaram o impacto ambiental de acidentes com


transporte de produtos perigosos, referente ao derramamento de óleo na região
estuarina de Santos, por meio de dados espaciais obtidos através de ortofotos
digitais, mapas temáticos da região e GPS.

Longhitano e Quintanilha (2011), por sua vez, utilizaram dados de


sensoriamento remoto para avaliação de impactos ambientais ocasionados por
acidentes envolvendo transporte rodoviário de produtos perigosos, com o uso
de veículos aéreos não tripulados (VANTs). Os sensores embarcados nos
VANTs possibilitam a geração de imagens georreferenciadas, o que permite
que estas sejam integradas de forma mais rápida aos Sistemas de Informação
Geográfica (SIG).

O gerenciamento de acidentes que envolvem transporte de produtos


perigosos é importante para a valoração do dano ambiental, contudo é de difícil
execução, em virtude do tempo necessário para que as consequências do
acidente efetivamente gerem danos perceptíveis. Em caso de acidentes com
transporte rodoviário de produtos perigosos, os elementos da paisagem (solo,
matas, cursos G¶iJXD lagos, etc.) são diretamente impactados (PEDRO e
COSTA, 2009).

Pesquisadores como Alves et al. (2005) e Pedro (2006) destacam a


necessidade de criação de bancos de dados nacionais com informações sobre
acidentes envolvendo transportes de produtos perigosos, para que estes
sirvam de apoio ao planejamento e gestão.

Pedro (2006) analisou os acidentes ocorridos devido ao TRPP de 1997 a


2004, para identificação das frequências de ocorrência de tipo, classe,
localização e consequência do acidente. Para tal, implementou, em um
Sistema de Informação Geográfica (SIG), um modelo conceitual de análise de
risco do dano ambiental envolvendo o TRPP, no município de Campinas (SP).

Bubbico et al. (2004) desenvolveram uma metodologia de análise de


risco em transporte de produtos perigosos por rodovia e ferrovia, baseada na
utilização de um SIG como ferramenta para acoplar informações territoriais a
22

bancos de dados utilizados na avaliação de risco. A análise de risco dos dados


desenvolvida pelos autores leva em consideração dados populacionais, taxas
de acidentes, permitindo identificar de maneira rápida o risco no transporte de
produtos perigosos.

Bubbico et al. (2006) propuseram opções para mitigação do risco, tais


como a possibilidade de adoção de rotas alternativas, não apenas para
transporte rodoviário, mas também para outros modos de transporte. Foram
consideradas 23 (vinte e três) diferentes rotas para transporte rodoviário e 4
(quatro) para o modo ferroviário. Os autores verificaram que os Sistemas de
Informação Geográfica (SIG) são úteis e importantes, porém os programas
comerciais de SIG não contêm ferramentas que permitem analisar a variação
de parâmetros como, por exemplo taxa de acidentes, fluxo de tráfego, dados
de população e dados de clima, ao longo dos segmentos das rodovias.

Verter et al. (2001) descreveram uma metodologia para avaliação do


risco de transportes integrado a um SIG, da qual se fez uma implementação de
larga escala para frotas de caminhões entre os estados de Quebec e Ontário,
no Canadá. Para análise de origem e destino foi analisada a densidade
populacional no entorno das rodovias. A análise mostrou que, em Ontário, há a
possibilidade de escolha de rotas mais seguras para o TRPP, ao passo que em
Quebec já há uma demanda para construção de novas rodovias afastadas de
áreas de alto adensamento populacional.

Martinez-Alegria et al. (2003) criaram, em ambiente SIG, um modelo de


análise interativa de riscos, associados a acidentes rodoviários com produtos
perigosos, baseado em informações de volume de tráfego, dados de acidentes
e mapas rodoviários, geológicos e populacionais.

Margarida (2008) levantou e organizou um inventário de dados oficiais


sobre transporte rodoviário de produtos perigosos no Estado de Santa
Catarina. A autora propôs que os dados levantados fossem utilizados na
gestão de risco, na estratégia e no planejamento organizacional / institucional.
Propôs, ainda, a construção de um SIG para apoio à gestão de riscos no
transporte rodoviário de produtos perigosos.
23

Lieggio et al. (2011) afirmam que as empresas transportadoras que


dispõem do uso de tecnologias espaciais já mostram uma tendência de menor
exposição a riscos em suas operações, com reflexo na redução do número de
acidentes. O uso de tecnologias espaciais, neste caso, envolve desde a
eletrônica embarcada (on-board eletronics), passando pelo rastreamento global
por satélite da unidade de transporte, até o tráfego de informações sem a
necessidade de conexão física por meio de cabos (wireless).

Considerando o número e a natureza variada das interferências


existentes ao longo do traçado de uma rodovia, os métodos convencionais
adotados para consulta e interpretação dessas informações comprometem o
tempo de resposta de ações interventivas. O SIG tem sido utilizado, pela
CETESB, em ações específicas para análise de vulnerabilidade de rodovias,
com destaque à aplicação na rodovia Fernão Dias (BR 381) (CETESB, 2010).

Os acidentes envolvidos com TRPP resultam de fatores adversos, que


passam a se materializar a partir das operações de carregamento e trajeto do
transporte. As variáveis que estão ligadas ao condutor (90% dos casos,
CETESB, 2010), à via, a intempéries climáticas, ao veículo e à ação ou
omissão do poder público, são elementos que podem de alguma forma
contribuir para concretização de um evento indesejado.

Embora haja complexidade na somatória das causas contribuintes,


observa-se que, quando analisadas de forma individual, as causas passam a
ser identificáveis e, portanto, passíveis de ações preventivas a partir da origem.

O Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida em


Emergências Ambientais ± P2R2, (2005), do Ministério do Meio Ambiente,
propõe aos órgãos estaduais de meio ambiente e ao Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) que promovam a
caracterização e o mapeamento de riscos químicos em áreas de risco
ambiental causado por acidentes tecnológicos (MMA, 2011). Assim como o
plano nacional P2R2, outras políticas que estão associadas ao
compartilhamento de dados espaciais serão discutidas no item a seguir.
24

2.1.2. A ARTICULAÇÃO POLÍTICA NO SETOR DE TRANSPORTE


RODOVIÁRIO DE PRODUTOS PERIGOSOS

Nesta pesquisa notou-se a necessidade de um aparato legal para dar


suporte ao compartilhamento de dados espaciais entre instituições atuantes no
TRPP, para que o potencial do uso de ferramentas de geoprocessamento
possa ser explorado. Nesse sentido, esta seção refere-se brevemente aos
aspectos da articulação política e legislação vigente para o setor de TRPP.

Em todos os aspectos relacionados a produtos perigosos (produção,


importação, armazenamento, transporte, distribuição, exportação, consumo e
fiscalização desse tipo de produto) há legislação específica. Dentre essas leis,
destacam-se as leis internacionais como Legislação Mercosul, Legislação
Ambiental, Legislação de Controle e Circulação, Resoluções CONTRAN
(Conselho Nacional de Trânsito) e Regulamentações da atividade de
Transporte.

Em relação aos aspectos legais de prevenção e gerenciamento de


desastres com produtos químicos perigosos, o Decreto Federal nº 5.098, de 3
de junho de 2004, cria o Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta
Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos (P2R2),
a fim de prevenir a ocorrência de acidentes com produtos químicos e aprimorar
os sistemas de preparação e resposta a emergências químicas no país. O
P2R2 tem o intuito de instrumentalizar e oferecer ferramentas aos órgãos
públicos, ao setor privado e à comunidade, de forma a capacitá-los para
prevenir a ocorrência de acidentes com produtos perigosos e prepará-los para
o pronto-atendimento do evento, contendo ou minimizando os efeitos nocivos
ao meio ambiente e à população exposta (MMA, 2011).

Outra abordagem de planejamento para tomada de ações preventivas e


emergenciais no Estado de São Paulo, que trata dos acidentes devido ao
TRPP, é o Plano de Ação de Emergência ± PAE. Nesse plano, há a
obrigatoriedade de que todas as concessionárias de rodovias do Estado de
São Paulo apresentem seus respectivos planos de ação de emergência para
acidentes nas vias sob concessão.
25

O PAE é parte do programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), e


garante que as ações e os recursos necessários sejam efetivos para minimizar
os impactos causados por um acidente. Este plano deve definir as atribuições e
responsabilidades dos envolvidos, prevendo também os recursos humanos e
materiais compatíveis com os possíveis acidentes a serem atendidos, além de
procedimentos de acionamento e rotina de socorro às emergências.

O Decreto Estadual nº 53.417, de 11 de setembro de 2008, institui o


Comitê para Estudos das Ameaças Naturais e Tecnológicas do Estado de São
Paulo (CEANTEC), dentro da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil -
CEDEC, integrante da Casa Militar do Gabinete do Governador. Comissões e
subcomissões realizam estudos para fomentar a criação de políticas de
prevenção a acidentes devido ao TRPP. Essas comissões estão ativas por
meio de reuniões mensais no Estado de São Paulo.

Outra iniciativa do Governo Estadual é a Comissão de Estudos e


Prevenção de Acidentes no Transporte Terrestre de Produtos Perigosos, que é
dirigida pela Secretaria Estadual de Logística e Transportes, tem a finalidade
de identificar as principais causas geradoras dos acidentes, propor programas
de conscientização para transportadores, fabricantes, expedidores,
importadores e destinatários dos produtos perigosos movimentados nas
rodovias, além de despertar e motivar práticas preventivas que resultem na
minimização de riscos causados pelos acidentes.

Em todas as reuniões são elencadas as experiências mensais de cada


comissão, as análises dos relatórios dos acidentes, as estatísticas dos
acidentes, a elaboração de planos emergenciais e a fiscalização conjunta nas
rodovias do Estado por meio de bloqueios que fiscalizam a autenticidade e as
regras para condução do veículo e da carga transportada. O curso de
Movimentação de Produtos Perigosos (MOPP) (Resoluções CONTRAN nos 168
e 205) é obrigatório aos condutores que transportam produtos perigosos; no
entanto, estão sendo identificados vários casos de falsificação.

A Subcomissão Estadual de Estudos de Acidentes no Transporte


Rodoviário de Produtos Perigosos da Região Metropolitana de São Paulo
26

(RMSP) tem como finalidade tratar localmente os principais problemas do


TRPP.

Em virtude de a RMSP apresentar o maior volume de tráfego relativo ao


TRPP de todo o Estado de São Paulo, essa comissão implantou 9 (nove)
subcomissões no Estado, coordenadas pela CETESB, abrangendo 22 (vinte e
dois) dos 39 (trinta e nove) municípios da RMSP.

Entre os trabalhos em andamento destacam-se a análise de acidentes


relevantes, o planejamento e realização de exercícios simulados de acidentes
no TRPP e DUHDOL]DomRGRFXUVR³Primeiro no Local´HP GLYHUVRVP XQLFtSios
da RMSP. Este curso visa capacitar os profissionais que são os primeiros no
atendimento à emergência.

Há ainda fóruns de recomendações internacionais para o transporte de


produtos perigosos, que se fundamentam nos princípios de garantia da
segurança e facilitação dos transportes. Com base neles, os países elaboram
suas regulamentações internas, verificando suas especificidades e os níveis
tecnológicos de evolução de suas operações nesse setor de transporte.

O comitê de estudos da Associação Brasileira de Normas Técnicas


(ABNT ± CB16) é um fórum nacional de normalização. As normas específicas
sobre o tema de transporte rodoviário de produtos perigosos são elaboradas e
discutidas pelas comissões de estudos.

Mas isso, por si só, não é o suficiente. Essas normas poderiam ser
complementadas com aspectos relativos ao acesso aos dados espaciais.
Teixeira (2010) atesta que, no Brasil, o transporte rodoviário de produtos
perigosos sofre pela ausência de uma política abrangente de coleta de dados,
não apenas em relação ao número de acidentes ocorridos e às principais
características destes, mas também à demonstração de dados relativos a
outros indicadores, capazes de avaliar a dimensão dos riscos dessa atividade
e, por conseguinte, demonstrar a importância desse segmento de transporte no
desenvolvimento tecnológico, social e econômico do país.

Segundo Fuzetti (2000), os órgãos públicos que prestam atendimento


emergencial a incidentes com o TRPP na cidade de São Paulo não adotam
uma padronização para preenchimento de relatórios de coleta de dados. Há
27

também falhas no preenchimento dos registros e dificuldade de obtenção dos


relatórios, o que impede a apuração da totalidade dos acidentes com esse tipo
de transporte na cidade de São Paulo.

Nardocci e Leal (2006) corroboram o entendimento de Fusetti (2000), ao


afirmarem que, apesar do envolvimento de diversos órgãos e instituições, os
registros de atendimento dos acidentes com o TRPP são realizados de maneira
diversa, ou seja, instituições como Polícia Rodoviária, Corpo de Bombeiros e
CETESB preenchem cada qual um formulário distinto para a mesma
ocorrência.

Esses estudos evidenciam a necessidade de padronização dos dados e,


nesse contexto, seria interessante que as instituições responsáveis pelo
atendimento às ocorrências envolvendo o TRPP previssem periodicamente o
repasse dos registros e das informações.

A falta de uniformização dos dados dificulta não só a realização de


análises integradas, mas também prejudica a realização de estudos e de
diagnósticos da situação atual às causas e consequências de acidentes no
TRPP no Estado de São Paulo.

Lieggio (2008) constatou a ausência de banco de dados atualizado de


informações sobre o TRPP e sugeriu a criação e a gestão, em âmbito nacional
e regional, de um sistema integrado georreferenciado de informações que
colete, compare, analise e divulgue as estatísticas relativas aos acidentes
ambientais, bem como os principais fluxos de tráfego que envolve o TRPP.
Lieggio et al. (2011) também sugeriram a criação de um sistema integrado de
informações sobre substâncias químicas, recursos humanos e materiais
mobilizáveis, que forneça o suporte necessário às equipes de atendimento
emergencial em acidentes envolvendo o TRPP.

Organizações públicas e privadas são as produtoras e mantenedoras de


diferentes bancos de dados para planejamento territorial. Fica claro que se o
conjunto de dados puder ser compartilhado, as comunidades de gerenciamento
de risco ter mais subsídios para trabalhar de maneira mais eficiente em ações
preventivas e mitigadoras dos efeitos de desastres com o TRPP. A formação
de Infraestruturas de Dados Espaciais (IDE) é uma solução tecnológica que
28

vem sendo adotada para o compartilhamento da base de dados espaciais, e


será abordada no item a seguir.

2.2. INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS (IDE)

Os dados espaciais têm sido importantes para a tomada de decisão na


gestão de desastres (MANSOURIAN et al., 2006). Alguns estudos têm sugerido
o uso da Infraestrutura de Dados Espaciais (IDE) como ferramenta para o
compartilhamento de dados espaciais - como será visto nesta seção.

As IDEs proporcionam um ambiente colaborativo para a produção e


compartilhamento de dados espaciais, baseado na articulação entre
instituições (RAJABIFARD et al., 2003).

A criação de uma Infraestrutura de Dados Espaciais (IDE) pode ser


usada como uma importante ferramenta para a tomada de decisões na gestão
de desastres. De acordo com Rajabifard et al (2000), IDE é um conjunto de
mecanismos e padrões para a interoperabilidade, para a troca, para o acesso e
para a distribuição de dados.

Rajabifard et al. (2003) definem os componentes de uma IDE, sendo que


sua implementação é um processo dinâmico, em que as pessoas são um
elemento-chave. A mediação entre as pessoas e o compartilhamento de dados
deve ser definida por políticas e tecnologias de acesso (network).

A INSPIRE (Infrastructure for Spatial Information in Europe) foi a primeira


iniciativa para constituição de uma IDE intergovernamental, que surgiu como
uma ação da Comissão Europeia com vistas a promover a acessibilidade de
geoinformação nas etapas de formulação, implementação e avaliação das
políticas da União Europeia (CRAGLIA et al., 2007) .

O Sistema de Observação Global da Terra (GEOSS), que tem o objetivo


de promover redes científicas entre os sistemas de observação terrestre, é
outra iniciativa internacional interessante para o compartilhamento de dados
espaciais e compreende mais de 70 nações, a Comissão Europeia e mais de
50 organizações internacionais (CRAGLIA et al., 2007).
29

A questão da padronização é muito importante para o compartilhamento


de dados espaciais (FRIIS-CHRISTIANSEN et al., 2009). Uma vez que padrões
de metadados são estabelecidos, o número de usuários dos dados pode ser
expandido, sem desperdiçar recursos. Os metadados são essenciais para a
compreensão, utilização e gestão dos dados. Há uma ampla gama de padrões
para elaboração de metadados (por exemplo: ISO 19115, Dublin Core ou
Federal Geographic Data Committee (LIMA, 2003)). Outro aspecto importante
no compartilhamento dos metadados e dados, diz respeito à semântica. A
interoperabilidade completa requer não só uma equivalência sintática entre as
entidades representadas pelos sistemas, mas inclui também a equivalência de
conceitos e significados destas entidades (FONSECA et al.,2002 e WANG et
al., 2007).

Nakamura (2010) comenta que no Brasil o esforço em organizar as


Infraestruturas de Dados Espaciais em vários níveis governamentais, como
organizacional, municipal, estadual ou nacional, tem sido cada vez mais
frequente, para que os benefícios da utilização cooperativa da informação
geográfica tornem o uso dos dados e da tecnologia cada vez mais acessível
para tomadores de decisão.

2.2.1. IDE PARA DESASTRES

Neste item são apresentados trabalhos que tratam da relação entre IDE
e desastres. Embora grande parte esteja relacionada aos desastres naturais,
foram esses exemplos encontrados na literatura que apresentaram
contribuições conceituais importantes que serviram de base conceitual para
este trabalho.

A constituição de uma IDE para a gestão de desastres, envolve


questões sociais, técnicas e tecnológicas, com desafios políticos, institucionais
e econômicos intrinsecamente relacionados (MANSOURIAN et al., 2006).

Mansourian et al. (2006) desenvolveram um projeto de pesquisa


relacionado a um desastre causado por um terremoto ocorrido no Irã. Um
modelo conceitual de uma IDE e um sistema baseado na Web foram
desenvolvidos para o gerenciamento do desastre, com a colaboração de
30

diferentes organizações das comunidades de análise de risco. O modelo


proposto serve com uma ferramenta que define um regime de convênios entre
diferentes organizações na produção e compartilhamento de dados espaciais.

Snoren et al. (2007) apresentam dois projetos de inovação que existem


na Holanda, que visam à melhoria do intercâmbio de dados espaciais entre
diferentes instâncias de monitoramento de emergências. Estes projetos são:
Infraestrutura de Dados Geográficos para a Gestão de Emergência (GDI4DM)
e Geo-informação para Gestão de Riscos.

Molina et al. (2011) descreveram um sistema pioneiro para o


compartilhamento de informação espacial, que foi desenvolvido para a
Comunidade Andina. Esse sistema, denominado SIAPAD Andino (Sistema de
Informação para a Prevenção e Atendimento de Desastres), integra informação
espacial de 37 organizações técnicas nos países andinos (Bolívia, Colômbia,
Equador e Peru). O SIAPAD foi baseado no conceito de uma Infraestrutura de
Dados Espaciais (IDE) e inclui uma aplicação web, chamada GEORiesgo.

Groeve et al. (2010) analisam a utilização da IDE e aplicação de mash -


1
ups na gestão de crise em caso de catástrofes naturais. Uma das conclusões
apontadas pelos autores é que a solução mais completa deve envolver o uso
de mash - ups para visualização e análise simples. Já a utilização de um SIG
para cartografia e análise avançada e implementação de uma IDE deve servir
como base para acesso aos dados a partir de serviços web.

Agosto et al. (2011) descreveram um sistema web implementado pela


ITHACA (Tecnologia da Informação para a Assistência, Cooperação e Ação
Humanitária). Trata-se de uma associação sem fins lucrativos, que construiu
uma aplicação web para o compartilhamento de dados, que permitiu aos
usuários, tanto de campo como da sede, obter os dados, tão logo eles fossem
produzidos ou atualizados, após o desastre causado pelo terremoto em Porto
Príncipe (Haiti), em 2010. A organização ITHACA apoia organizações como a
ONU e o World Food Programme (WFP) no desenvolvimento e implementação
de uma IDE baseada no Grupo de Trabalho de Informação Geográfica

1
Mash - ups: segundo Butler (2006a), originalmente o termo mash-up referia-se à
mistura de trilhas musicais e foi apropriado para fazer referência a websites que integram
dados de diferentes fontes para proporcionar um novo serviço.
31

(UNGIWG) da ONU e contribui com as respectivas recomendações (AJMAR et


al., 2008).

Ainda dentro do escopo da ONU, a Office for the Coordination of


Humanitarian Affairs (OCHA) tem o encargo de assegurar ações humanitárias
no sistema da ONU, incluindo propostas de gerenciamento de desastres.

Um Geoportal baseado na Infraestrutura de Dados Espaciais para


transportes (SDI-T) pode ser acessado online no endereço:
<http://geoportal.logcluster.org/useradmin/auth>. Além disso, muitos outros
exemplos de IDEs nacional, regional e local podem ser encontrados no site
Global Data Infrastructure Spatial Association <http://www.gsdi.org/SDILinks>.

A United Nations Spatial Data Infrastructure (UNSDI) é uma IDE da


ONU, que tem como um de seus propósitos dar suporte às ações que visam
ajuda humanitária e ajuda emergencial em caso de desastres. Atuando na
mesma temática, a United Nations for Out Affairs (UNOOSA) é um centro de
expertise internacional responsável por promover o uso internacional e
cooperativo de dados espaciais.

Em especial, o programa UN ± SPIDER (United Nations Plataform for


Space-based Information for Disaster Management and Emergency Response)
tem como propósito assegurar que todos os países e organizações mundiais
tenham acesso e desenvolvam capacidade de utilização de informação satelital
para oferecer suporte nas fases do gerenciamento de desastres. Dados
provenientes do Sistema de Posicionamento Global (GPS) e dados de
sensoriamento remoto; incluindo as porções visível e termal do espectro
eletromagnético, e imagens de RADAR (Radio Detection And Ranging) e
LIDAR (Light Detecting and Ranging), têm sido considerados essenciais para o
gerenciamento de desastres (BRUZEWICZ, 2003).

Além dos dados tradicionais de sensoriamento remoto, GNSS (Global


Navigation Satellite System) e mapas cartográficos utilizados em SIG,
recentemente, os dados espaciais obtidos a partir do uso da Internet por
usuários não técnicos, chamados Volunteered Geographic Information (VGI),
vêm sendo muito utilizados na gestão de desastres. No pós-desastre do
furacão Katrina, que ocorreu em 2005 nos Estados Unidos, o VGI foi muito
32

importante nos esforços de recuperação e ajuda. Usuários geraram


informações de celulares equipados com tecnologia GPS e câmeras,
contribuindo com dados espaciais para a gestão do desastre (GOODCHILD,
2007).

O programa UN ± SPIDER serve como um facilitador para o


desenvolvimento de uma vasta área de aplicações espaciais, para os Estados
membros, por meio de convênios e acordos institucionais para o
compartilhamento de dados espaciais.

2.2.2. INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS E POLÍTICAS

Neste item, são apresentadas experiências de aspectos políticos e


convênios para compartilhamento de dados entre instituições.

A ONU vem priorizando convênios para aperfeiçoar as ações integradas,


com informações espaciais mediante impactos causados por desastres
naturais e tecnológicos.

O Banco Mundial possui um acordo chamado Global Facility for Disaster


Reduction and Recovery (GFDRR). Nesse acordo, entre 41 países e 8
organizações internacionais, há o compromisso de ajuda aos países em
desenvolvimento para redução de vulnerabilidade aos desastres naturais e
enfrentamento de mudanças climáticas.

Outra iniciativa convergente é a do grupo de suporte inter-agencial


formado em 1998, chamado Geographic Information Support Team (GIST),
com intuito de promover a padronização do uso de dados espaciais e sistemas
de informação geográfica para o suporte à recuperação de operações
humanitárias relacionadas aos desastres.

O Departamento de Cartografia da ONU (United Nations, Department of


Field Support Cartographic Section) (DFS/CS) é responsável pelo fornecimento
de mapas. A DFS/CS possui acordos com a UNOOSA para distribuição de
imagens do satélite LANDSAT (Land Remote Sensing Satellite) em países da
África e na colaboração em atividades de suporte a países como Indonésia,
Haiti e Myamar, que muito sofreram nos últimos anos com desastres naturais.
33

Ainda na ONU, há também incentivos inter-governamentais com


iniciativas públicas, tais como a rede voluntária de ³0 DSDVGH& ULVHV´ &ULVHV
Mappers Network) sendo uma iniciativa de rede voluntária baseada em
mapeamento colaborativo (crowdsourcing), visando dar suporte à produção e
extração de dados geoespaciais (imagens pós-desastre) e elaboração de
mapas durante a ocorrência do evento desastre. A rede se tornou mais forte e
melhor estruturada depois dos recentes desastres naturais, como o terremoto
do Haiti em 2010, quando esforços de contribuição com dados para resposta e
emergência foram concedidos para tomada de decisão.

Há também iniciativas relacionadas a acordos público-privados para


compartilhamento de dados espaciais entre empresas como a Digital Globe e
VXDLQLFLDWLYD* HR(\H& ULVLV5 HVSRQVH7HDP TXHSRUP HLRGRSURJUDP D³)LUVW
/RRN´RIHUHFHP Lmagens de alta resolução espacial da área afetada pelo
desastre. A empresa ESRI Inc. através do programa Microsoft Disaster
Response Team possui um acordo de aliança estratégica para prover dados
não apenas para agências públicas e privadas, mas também para
comunidades que estão sofrendo durante um desastre. A Microsoft
disponibiliza em nuvem um portal de resposta a desastres naturais e
tecnológicos que contém, entre outras ferramentas, mapas das áreas afetadas.
Já a empresa Google Inc. com os programas Earth Divison e Google.Org.
facilita o acesso aos dados espaciais, que servem para muitas aplicações na
fase posterior a um evento de desastre. Além disso, a partir do Google
MapMaker podem ser desenvolvidas iniciativas para mapeamentos
colaborativos em situações de desastres.

Apesar dos avanços tecnológicos na área de Infraestrutura de Dados


Espaciais (IDEs), estas ainda estão em fase de implementação no Brasil
(DAVIS JR. et al, 2011).

Atualmente, apesar de já existem avanços com a promulgação de


decretos nacionais e estaduais para a disponibilização de dados espaciais
entre diferentes instituições, como por exemplo, a Infraestrutura Nacional de
Dados Espaciais (INDE), faltam políticas públicas para dar suporte para que
esse tipo de iniciativa se consolide.
34

A INDE (Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais) foi instituída pelo


Decreto n° 6.666 de 27/11/2008 e estabelece um ³FRQMXQWRLQWHJrado de
WHFQRORJLDV´ SROtWLFDV mecanismos e procedimentos de coordenação e
monitoramento; padrões e acordos, necessários para facilitar e ordenar a
geração, o armazenamento, o acesso, o compartilhamento, a disseminação e o
uso dos dados geoespaciais de origem federal, estadual, distrital e municipal. A
disponibilização de dados, metadados e informações geoespaciais (IG) através
de serviços na Internet, denominados Geo Serviços Web, é viabilizada pela
utilização de protocolos públicos internacionais que permitem o acesso à IG de
forma simples e integrada, sem necessidade de conhecimento especializado.
Os geo-serviços da INDE podem ser acessados por diferentes geoportais.

Apesar das iniciativas de políticas e acordos institucionais internacionais


supracitadas, nota-se que, no Brasil, as experiências de constituição de IDE
ainda são incipientes e uma das dificuldades está na articulação das
instituições para o compartilhamento de dados espaciais. A teoria de Análise
de Redes Sociais (ARS) tem sido utilizada para medir os relacionamentos entre
provedores de dados em uma IDE. O próximo capítulo abordará as
especificidades desse tipo de aplicação, utilizado neste trabalho dentro do
contexto de uma IDE para o TRPP.

2.3. ANÁLISE DE REDE SOCIAL (ARS)

Esta seção apresenta os conceitos da teoria de Análise de Rede Social


(ARS) e as métricas utilizadas neste trabalho. A primeira parte (2.3.1) introduz
os conceitos básicos de redes e a articulação destes com os propósitos da
dissertação. A segunda parte (2.3.2) explica as métricas de Análise de Redes
Sociais (ARS) utilizadas e o significado delas para o estudo em questão.

2.3.1. ANÁLISE DE REDES SOCIAIS (ARS): MÉTRICAS E TÉCNICAS


DE ANÁLISES

O objetivo do emprego da teoria de Análise de Rede Social (ARS) para


este estudo é medir o fluxo de compartilhamento de informação entre trinta e
35

nove instituições que tratam do tema TRPP visando apoiar a criação de uma
IDE.

A análise de Redes Sociais (ARS) refere-se ao conjunto de métodos


destinados a detectar, descrever e interpretar padrões de laços sociais entre
atores (NOOY et al., 2005). Os padrões presentes nas redes constituem sua
estrutura e expressa o ambiente social no qual o indivíduo está inserido
(WASSERMAN; FAUST, K, 1994).

Uma rede social é definida como um conjunto finito de atores e suas


relações mútuas. Os atores referem-se às entidades sociais, que podem ser
pessoas, empresas, cidades, países, entre outros. A relação diz respeito à
coleção de laços sociais de um determinado tipo, por exemplo, amizade,
colaboração, etc. (WASSERMAN; FAUST, K, 1994).

A teoria de Análise de Rede Social (ARS) utiliza medidas de centralidade


de indivíduos e organizações, que sustentam as analises das redes sociais.
Um exemplo para entender a centralidade é a análise da rede estrela. Neste
tipo de rede, a pessoa mais central é a pessoa TXHpDP DLVµSRSXODU¶QRJUXSR
ou quem permanece no centro das atenções (SCOTT, 2013).

A centralidade é um dos conceitos mais estudados nas teorias de rede


social. Um número considerável de medidas tem sido desenvolvido, quais
sejam: degree, closeness e betweenness. Vários autores propõem diferentes
formas de calcular essas medidas, como por exemplo as propostas por Katz
 SRU+ XEEHOO  SRU7D\ORU¶V   por Freeman (1979) e por
Borgatti (2005), para caracterizar como os fluxos acontecem em uma rede.

Segundo com Borgatti (2005) deve-se escolher entre as diferentes


métricas aquelas que forem mais adequadas, de acordo com o objeto de
estudo. O autor discute diferentes fluxos, tais como: dinheiro, fofoca, e- mail,
atitudes e infecção, bem como pacotes para elucidar as especificidades e
complexidades de cada caso, conforme comentado a seguir.

A nota de dinheiro é um objeto indivisível e pode apenas estar em um


lugar por vez. A nota não é proibida de passar no mesmo link mais de uma vez.
Pode ir de A para B, de B para A e de A para B novamente. Pode facilmente
mover-se de A para B, de B para A, de A para B novamente, então para C.
36

A fofoca é tipicamente contada atrás de portas fechadas, uma por vez.


Diferentemente da nota de dinheiro, a fofoca pode estar em vários lugares ao
mesmo tempo. É espalhada, replicada, ao invés de transferida, como ocorre
com as cédulas de dinheiro.

Uma mensagem de e-mail que avisa sobre um vírus, por exemplo, é


repassada de um para vários contatos. A mesma mensagem é transmitida para
muitos receptores simultaneamente. A mensagem existe em múltiplos lugares,
ao mesmo tempo, a difusão é por replicação.

A atitude, um processo de influência, a partir de interação, é passada de


pessoa para pessoa, como o que está na moda, por exemplo. A atitude é
passada por replicação, ao invés de transferência. Uma pessoa não perde a
atitude no momento que influencia outra. Uma pessoa pode persuadir muitas
ao mesmo tempo, trajetórias da atitude podem revisitar links e continuar a
influenciar com o tempo.

(P XP DLQIHFomRTXHR³KRVW´(hospedeiro) fica imune. A infecção passa


de pessoa para pessoa por duplicação, como a fofoca, mas não re-infecta
ninguém que está imune.

A entrega de um presente (pacote) tem a característica única de ter um


destino fixo. Normalmente quem está entregando seleciona a menor rota
possível, de forma que a trajetória segue o menor caminho em uma rede de
ruas e intersecções.

A partir desses exemplos o autor propõe uma classificação da tipologia


dos fluxos. Maiores detalhes podem ser encontrados em Borgatti (2005).

No que diz respeito aos dados espaciais Omran et al. (2009) atestam
que o dado espacial é um recurso replicável. No entanto, ele pode ser
considerado, em algumas redes, como um pacote único. Ele é transferido de
uma fonte conhecida para um destinatário, este destinatário tem especificações
quanto ao formato do dado, atributos necessários, entre outras
particularidades. Apesar de não ser um objeto físico indivisível, como dinheiro
ou um livro, ele, por conta das especificações, acaba sendo um pacote único.
Os dados espaciais geralmente não são copiados inteiramente durante a
transmissão (como fofoca e e-mail). O dDGRHVSDFLDOVyILFD³LQWHLUR´QDIRQWH
37

(no produtor), HpUHSDVVDGR³HP SHGDoRV´GHDFRUGRFRP RSURSyVLWRGH


quem o está solicitando. O dado espacial pode ir direto da organização
provedora para a organização usuária, mas o trâmite burocrático pode passar
por várias instâncias.

2.3.2. ANÁLISE DE REDE SOCIAL E INFRAESTRUTURA DE DADOS


ESPACIAIS

O compartilhamento de dados espaciais é um aspecto fundamental para


uma IDE (OMRAN et al, 2007), que tem sido analisado a partir da aplicação da
ARS. Omran et al. (2007) aplicou a teoria de rede social para uma IDE no
Egito; Paudyal et al. (2012) na Austrália; Vanderbroucke et al. (2009) na
Bélgica e Van Oort et al. (2010) na Holanda.

A teoria ARS tem sido geralmente aplicada com o foco exclusivo nos
comportamentos individuais para compartilhamento dos dados entre
instituições (PAUDYAL et al., 2012; VANDERBROUCKE et al., 2009; VAN
OORT et al., 2010). No entanto, há também trabalhos que buscam expandir o
foco para analisar o comportamento coletivo para o compartilhamento de dados
espaciais, como é o caso de Omran et al. (2007).

Além da teoria ARS, outras teorias sociais são utilizadas para


diagnosticar o compartilhamento de dados espaciais, como a Teoria de Rede
dos Atores (TRA) investigada por Paudyal et al. (2012), e a Teoria do
Comportamento Humano (TCH) pesquisada por Omran et al. (2010).

Os artigos científicos que tratam da aplicação da ARS para IDE,


referem-se a diferentes áreas temáticas. Paudyal et al. (2012) analisaram uma
IDE, relacionada ao compartilhamento de dados ambientais, para
gerenciamento de bacias hidrográficas em áreas de preservação. Omran et al.
(2007) investigaram o compartilhamento de dados para cadastro urbano.
Vanderbroucke et al. (2009) trabalharam com uma IDE em dois temas de
análise, um relacionado ao mapeamento de uso e cobertura do solo e outro
relacionado ao mapeamento de áreas de inundação.

A aplicação da ARS visa analisar a existência ou não de fluxo de dados


entre tomadores de decisão, e serve como base para avaliações qualitativas e
38

quantitativas da performance de uma infraestrutura de dados espaciais


(VANDERBROUCKE et al., 2009).

Para a análise de mapeamento de fluxos de dados faz-se uma


caracterização de como os nós interagem entre si, e é possível diagnosticar se
há hierarquia nessa rede, ou seja, se os dados foram obtidos diretamente da
fonte ou se percorrem um caminho hierárquico, passando por diversas
instâncias (VANDERBROUCKE et al., 2009).

A aplicação da teoria ARS em IDE também foi utilizada para diagnosticar


o fluxo de dados, que muitas vezes ocorre de forma anônima, com objetivo de
identificar o quanto o usuário do dado de uma IDE colabora para aprimorar o
mesmo, fornecendo XP ³feedback´VREUHDVSHFWRVGHTXDOLGDGHGRGDGRHGo
metadado (VAN OORT et al., 2010). Para tal, Van Oort et al. (2010) publicaram
um questionário online, enviado para 339 (trezentos e trinta e nove) endereços
de e-mails de usuários que utilizavam dois tipos de conjuntos de dados de uso
e cobertura do solo. Foi identificado que os dois conjuntos de dados estão
sendo usados em diversas organizações. A classificação das redes permitiu
que os usuários fossem divididos em usuários intermediários (gerenciador /
vendedor de dados), usuários diretos (quem trabalha diretamente com dados
espaciais), usuários indiretos (uso indireto de dados espaciais) ou ex-usuários
(usuário temporário de dados espaciais).

A exemplo do trabalho de Van Oort et al. (2010), as pesquisas citadas


neste trabalho que utilizaram ARS para avaliar o compartilhamento de dados
espaciais, tiveram como base para geração de medidas quantitativas e
visualização gráfica das redes, questionários aplicados aos usuários de dados
espaciais (OMRAN et al., 2007; PAUDYAL, 2012; VANDERBROUCKE et al.,
2009). Omran et al. (2007) entrevistaram 29 (vinte e nove) funcionários e
diretores relacionados aos projetos em andamento sobre cadastro urbano,
envolvendo uma instituição principal de interesse e duas outras organizações,
que tinham alguma relação devido a trabalharem com os mesmos conjuntos de
dados espaciais. Paudyal et al. (2012) aplicaram questionários online em seis
grupos de atores representativos de comunidades de uso do solo, tais como:
representantes de projetos de gerenciamento de áreas de preservação,
instituições ambientais regionais, gerentes de dados espaciais, provedores de
39

dados espaciais, fazendeiros, e grupos que oferecem dados espaciais para


este eixo temático. Dentro desses grupos foram entrevistados dezoito
tomadores de decisão.

Vanderbroucke et al. (2009) elaboraram um questionário para 177 (cento


e setenta e sete) tomadores de decisão que responderam uma entrevista, no
qual destes, 107 (cento e sete) eram provedores de dados. A entrevista teve o
intuito de diagnosticar o fluxo de dados entre os tomadores de decisão para 4
eixos temáticos: uso do solo, base de logradouros, base de rede de rodovias e
base hidrográfica. Os dados foram mapeados de acordo com o registro de
entrada e saída dos dados, com enfoque nos entraves de comunicação destas
redes.

Em relação ao cálculo utilizado para a geração das redes, Omran et al.


(2007) usaram as seguintes métricas de análise centralidade: In degree based,
Out degree based, In closeness , Out closeness e Betweenness para medir o
fluxo dos dados entre diferentes instâncias na organização e diagnosticar quem
são os atores mais centrais da rede. Por sua vez, Paudyal et al. (2012)
utilizaram apenas a métrica de relacionamento In Degree, que pôde medir
também a taxa de fluxo de informação e o papel de cada organização no fluxo
de dados entres estas.

Vanderbroucke et al. (2009) utilizaram, para diferentes conjuntos de


dados, três métricas de estudo para análise da rede: a distância, a densidade e
a centralidade. A densidade mostrou a complexidade dos relacionamentos na
rede. A métrica distância é uma medida que mostra como os nós estão
conectados entre si. A menor distância está intrinsecamente relacionada à
rapidez de entrega do dado. Quanto maior a interconexão de dados entre um e
mais nós, maior será a distância. Já a centralidade mensurou o número de
acessos de cada nó individual, ou seja, é uma medida que indica a importância
de determinados nós em uma rede. Em Vann Oort et al. (2010), não está
explícito quais foram as métricas utilizadas. Além disso, como visto na seção
anterior, há diferentes formas de se calcular essas métricas. Apenas Omran et
al. (2007), Paudyal (2012) e Vanderbroucke et al. (2009) deixam claro qual foi a
referência metodológica base para cálculo das métricas, diferentemente de Van
Oort et al (2010).
40

Todos os trabalhos mencionados analisaram métricas e houve


diferenças na priorização destas, como visto anteriormente. Omran et al. (2007)
diagnosticaram que os funcionários que ocupam cargos superiores na
instituição são centrais, e possuem alto poder de decisão para
compartilhamento e acesso a dados. Já os funcionários que ocupam posições
intermediárias e periféricas possuem menor poder de decisão para
compartilhamento de dados espaciais. Dessa forma, o compartilhamento de
dados espaciais segue uma hierarquia para que haja o intercâmbio de dados
entre os funcionários desta instituição.

Ainda segundo Omran et al. (2007), os resultados empíricos mostram


que o grande desafio para compartilhamento dos dados está na harmonização,
para que os dados possam fluir de maneira menos hierárquica, ou seja, para
que funcionários periféricos ou intermediários possam trocar dados sem a
necessidade de pedido do dado para funcionários superiores.

Paudyal et al. (2012) observaram que as agências envolvidas no projeto


de gerenciamento de áreas de bacias hidrográficas em áreas de preservação
têm maior frequência de interação com fazendeiros, e grupos atuantes em
planejamento de dados de uso do solo. As instituições que são centrais
apresentam alto valor In Degree. Foi também diagnosticado que os grupos que
tem interesse em conjunto de dados comuns e possuem bom relacionamento,
apresentam maior fluxo de compartilhamento de dados. Outro aspecto
preponderante, é que grande parte do fluxo destes dados flui por meio de
acordos institucionais formais e informais entre convênios estabelecidos entre
diferentes órgãos.

Van Oort et al. (2010) quantificaram que os dois conjuntos de dados de


uma IDE, utilizados na pesquisa, colaboraram respectivamente em 34 e 42%
para o aprimoramento do dado, apresentando XP ³feedback´VREUHDVSHFWRV
de qualidade do dado e do metadado.

Vanderbroucke et al. (2009) demonstraram a centralidade de conjuntos


de dados cadastrais na rede analisada. O sistema cadastral funciona como
provedor único de dados para muitos outros tomadores de decisão. Também
41

notou-se que há 6 (seis) instituições que não trocam conjuntos de dados


específicos como pode ser visto na figura 2.1 a seguir.

Figura 2.1. Fluxo de dados na IDE subnacional na Bélgica, organizada pelo número de
acessos de tomadores decisão (VANDERBROUCKE et al., 2009).

Os nós no círculo correspondem às organizações que compartilham


dados espaciais com duas ou mais organizações. A organização responsável
por dados de cadastro está posicionada abaixo, do lado direito inferior. Esta
organização é claramente a maior provedora de dados. Nota-se que. 6 (seis)
instituições não trocam dados.

Já na figura 2.2 é demonstrada a mesma informação, porém os dados


são organizados de acordo com uma hierarquia governamental. Na base e no
segundo nível da rede estão inseridos os nós dos grupos de governo no âmbito
42

municipal. O terceiro nível mostra os múltiplos departamentos no nível regional


da IDE na Bélgica. No topo da rede, encontram-se os tomadores de decisão.

Figura 2.2. Fluxo de dados organizados de acordo com hierarquia governamental da IDE
subnacional na Bélgica (VANDERBROUCKE et al., 2009).

Todos os trabalhos mencionados utilizaram a visualização das redes.


Omran et al. (2007) e Van Oort et al. (2010) optaram ainda por aprimorar a
visualização a partir do uso de sociograma, como no exemplo ilustrado pela
figura 2.3.
43

Figura 2.3. Sociograma identificando três subgrupos de compartilhamento de dados espaciais


no projeto de sistema cadastral do Egito (OMRAN et al., 2007).

Além das métricas e da visualização das redes os autores utilizaram


também a ARS como base para gerar fluxos de processo, para saber como
diferentes tipos de dados fluem entre diversos tomadores de decisão
(VANDENBROUCKE et al., 2009) e modelagem de diagrama de uso em UML
(Unified Modeling Language) dos atores (PAUDYAL et al., 2012).

De acordo com Vandenbroucke et al. (2009) o fluxo de negócios pode


ser definido a partir do fluxo do processo de compartilhamento de dados de
uma rede. As características de cada fluxo dos dados foram mapeadas para
representação dos acessos. Isso permitiu que os entraves tecnológicos para a
transmissão e compartilhamento de conjuntos de dados espaciais fossem
diagnosticados. Dessa forma, foi evidenciado como funciona esse fluxo de
negócios em uma aplicação para um projeto público de sistema de drenagem e
44

escoamento de áreas suscetíveis à inundação, por meio de políticas de


gerenciamento de recursos hídricos.

O fluxo dos processos de negócios para geração de mapas de


inundação para gerenciamento de áreas sujeitas à inundação está baseado em
dados de uso e cobertura do solo, base de dados de unidades de conservação,
rede hidrográfica, mapas de ordenamento territorial e modelo digital de
elevação. Esses dados são inseridos no sistema para gerar os mapas de
inundação.

Os mapas de inundação gerados fazem parte de uma política de


delimitação das áreas onde a água oriunda de uma enchente pode ser
armazenada para evitar inundações em áreas urbanas. Após inundações, há o
registro da área de ocorrência e criam-se, então, buffers ideais para alocação
de água. A delineação dessas áreas faz parte de iniciativas de políticas
públicas para compartilhamento de mapas que podem circular por meio de
muitos tomadores de decisão, diferentes departamentos ambientais e, até
mesmo, por cidadãos voluntários. Neste caso, puderam ser analisadas as
etapas desde o impacto e desempenho de uma IDE até o processo da tomada
de decisão e oferecimento de serviço, como visto na figura 2.4.

Figura 2.4. Esquema simplificado do fluxo dos processos de negócio para o


desenvolvimento de planos de gerenciamento para elaboração de mapas de inundação

(VANDERBROUCKE et al 2009).
45

Paudyal et al. (2012) obtiveram como resultado a criação de um


esquema UML para diagnosticar quem são os principais atores para o
processo de compartilhamento de dados espaciais. No presente estudo, seis
atores estão interagindo com nove diagramas de uso em um sistema, em que o
limite é delimitado pelo processo de compartilhamento de dados espaciais,
conforme a figura 2.5.

Figura 2.5. Diagrama de casos de uso para o processo de compartilhamento de dados


espaciais no projeto de gerenciamento de bacias hidrográficas em áreas de preservação
(PAUDYAL et al., 2012).

A teoria de Análise de Rede Social provou ser uma ferramenta útil para
medição dos relacionamentos entre as instituições, relacionamentos de
comunicação e também relações de poder entre as organizações participantes
do projeto (PAUDYAL et al., 2012).
46

A metodologia seguida por este trabalho aplicou a teoria ARS para


diagnosticar o fluxo de compartilhamento de dados espaciais no setor do
TRPP.

3. METODOLOGIA

A proposta metodológica deste trabalho envolve três frentes principais. A


primeira está relacionada ao diagnóstico da articulação entre as instituições
para compartilhamento de dados espaciais baseada na ARS; a segunda está
relacionada às análises das políticas com base nas entrevistas e, a terceira diz
respeito a proposição de um esquema conceitual de dados espaciais que
possa ser utilizado para o desenvolvimento de uma IDE para o setor do TRPP.

3.1. ENTREVISTAS

As entrevistas foram aplicadas presencialmente, em 39 (trinta e nove)


instituições envolvidas no gerenciamento de desastres tecnológicos, em
especial com o TRPP, cujas respostas embasaram as discussões sobre as
articulações entre as instituições, as políticas e os acordos vigentes, que
seguem na seção de resultados e discussões. Somado a isso, as entrevistas
também auxiliaram na determinação das classes representadas no esquema
conceitual de dados espaciais proposto, bem como serviram de base para a
aplicação da metodologia baseada na teoria de Análise de Redes Sociais
(ARS).

O questionário, base sobre a qual se estruturou a entrevista, foi


desenvolvido a partir dos trabalhos apresentados por Omran et al. (2007) e
Paudyal et al. (2012). No Apêndice A segue a versão completa do questionário
aplicado. O questionário abordou dois aspectos de análise. O primeiro deles
corresponde à identificação da interação entre as diferentes instituições, e o
segundo identifica a frequência de disponibilização e utilização de dados
espaciais entre as instituições. No mesmo questionário houve duas perguntas
referentes a quais seriam dados fundamentais para composição de uma IDE
para o TRPP.
47

A razão primária do uso da ARS neste trabalho é medir a variedade de


relações entre as instituições que tratam de dados espaciais no tema do TRPP.

As questões foram elaboradas para atingir respostas em relação à inter-


relação das instituições para o compartilhamento de dados espaciais. Duas
questões foram elaboradas para medir e quantificar o grau de interação entre
as instituições e frequência de troca de dados espaciais.

Os dados foram processados no Software UCINET 6, e para a


representação gráfica das redes foi utilizado o módulo de desenho do software
NetDraw 2.16.

Seguindo o fluxograma da Figura 3.1, há a descrição das etapas do


estudo. Em um primeiro momento, foi realizado um levantamento bibliográfico
sobre a teoria de análise de rede social (ARS), IDE para desastres e aplicações
de IDE para teoria de Análise de Redes Sociais. Nas etapas subsequentes
foram identificadas as instituições que tratam do tema TRPP, para que as
entrevistas pudessem ser consolidadas.

A aplicação da teoria ARS pôde diagnosticar o fluxo dos dados entre as


instituições participantes. A partir de então, foram analisados e discutidos os
acordos vigentes para compartilhamento de dados espaciais.

Finalmente, criou-se um esquema conceitual de dados espaciais visando


uma IDE para apoio a desastres envolvendo TRPP. A aplicação da teoria de
Análise de Rede Social e a modelagem de um esquema conceitual de dados
espaciais foram desenvolvidos com a finalidade de propor metodologias que
sirvam de base para o diagnóstico da articulação entre instituições envolvidas
em uma IDE, como sustentação para formulação de políticas para fomentar o
compartilhamento de dados espaciais, necessários para a efetiva consolidação
de uma IDE.
48

Figura 3.1. Fluxograma das etapas do trabalho

3.2. ANÁLISE DE REDE SOCIAL (ARS)

Os dados referentes à identificação de inter-relação entre as entidades


foram analisados pelo uso da teoria ARS. Esse conjunto de técnicas analíticas
foi baseado em Scott (2013). Os gráficos são redes constituídas por um
conjunto de pontos (nós) e um conjunto de linhas (laços) que conectam pares
de pontos. Os atores (instituições) são vistos como nós nos gráficos.

(VVHFRQFHLWRpFKDP DGRGHSRQWRGHµFHQWUDOLGDGH¶8 P SRQWRp


localmente central se este tem grande número de conexões com outros pontos
em sua vizinhança, e essa relação de contato é direta. Ao contrário, um ponto é
globalmente central, quando este possui uma posição estratégica em toda a
estrutura de rede. Ou seja, a centralidade local, diz respeito à proeminência
relativa de um ponto focal em sua vizinhança, enquanto a centralidade global
diz respeito à proeminência de um ponto com toda a rede.
49

A tabela 3.1 lista as diferentes métricas utilizadas neste estudo. Todas


dizem respeito a diferentes tipos de centralidade. A centralidade implica no
controle sobre os recursos, pois indivíduos centrais controlam o acesso de
outros aos dados espaciais.

Os indivíduos com alto degree tem mais poder, pois os outros atores
percebem que eles têm alguma autonomia, ou seja, que eles são menos
dependentes de um ator específico e, portanto, mais poderosos, pois têm mais
alternativas de acesso à informação.

Os atores que possuem mais ligações têm mais oportunidades, pois


possuem maior poder de decisão na escolha de conexão, ou seja, eles são
menos dependentes do que todos os outros. A métrica closeness leva em
conta toda a rede e mede a proximidade provinda dos indivíduos para todos os
outros indivíduos.

Já a variável betwennes trata apenas o fato de alguns indivíduos serem


centrais, não pelo fato de serem amplamente conectados com muitos outros,
mas sim por viabilizarem a ligação de atores que de outra maneira estariam
desconectados da rede.

Tabela 3.1. Resumo das métricas da rede e definições (Borgatti et al., 2002)
50

3.3. MODELAGEM DE DADOS ESPACIAIS EM IDE

A modelagem de dados espaciais tem a finalidade de identificar quais


seriam os dados fundamentais em uma IDE para o TRPP, de modo que
aplicações possam ser desenvolvidas diante do contexto de gerenciamento de
desastres tecnológicos decorrentes do TRPP.

A partir disso, esclarecer quem são as instituições produtoras e


mantenedoras de dados espaciais, com a finalidade de verificar a articulação
entre as diversas instituições, em relação à disponibilização de dados espaciais
entre elas.

Existem diversas metodologias para modelagem de dados espaciais


(GeoFrame, OMT - G, GMOD, etc.). Neste trabalho foi utilizado o modelo OMT
- G (Object Modeling Technique for Geographic Applications), cujas
especificações podem ser encontradas em Borges et al. (2001).

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados aqui apresentados basearam-se nas questões 1 (um), 2


(dois), 3 (três), 4 (quatro), 5 (cinco), 6 (seis), 7 (sete) , conforme questionário
em anexo, durante as entrevistas presenciais. A questão 5 (cinco), embasou as
discussões relativas aos acordos institucionais. Já as questões 2 (dois), 3 (três)
e 4 (quatro) embasaram a criação do fluxo de dados espaciais na rede. As
questões restantes, 1 (um), 5 (cinco), 6 (seis) e 7 (sete) fundamentaram o
desenvolvimento da proposta de esquema conceitual de dados espaciais
apresentado no final desta seção.

4.1. ANÁLISE DAS REDES

O grau de interação entre as organizações foi usado para medir a


relação de comunicação entre as instituições que tratam do tema TRPP. A
medida de centralidade foi utilizada como medida adotada na geração da rede.
Os resultados referentes à aplicação da teoria ARS são apresentados a seguir
e estão organizados em discussões sobre as representações gráficas das
51

redes e sobre os valores das métricas, sempre à luz do contexto registrado


durante as entrevistas.

A simbologia dos nós representa o tipo de organização, classificada


conforme ilustrado na Tabela 4.1 e descrita conforme a função de cada
instituição na tabela 4.2. A espessura das linhas finas retrata a frequência de
comunicação. A posição dos nós mostra a importância de cada organização na
rede.

Tabela 4.1. Padrão de legendas da rede

Tabela 4.2. Funcionalidades das respectivas instituições entrevistadas

AA1 Associação destinada à prestação de serviços em


defesa das concessionárias.

AA2 Associação prestadora de atendimento, revisão de


leis e normas e prestação de consultorias aos seus
respectivos associados, no caso: Transportadoras.

AA3 Prestação de serviços às transportadoras e


52

indústrias associadas que congregam produtos


como: Cloro/Soda cáustica/ ácido clorídrico e
hipoclorito de sódio.

AA4 Associação que possui como associados setores


da indústria química, abrangendo todas as etapas
dos processos de fabricação dos produtos
químicos. A associação estabelece contato com o
fabricante, transportador e entidades públicas e
privadas que devem ser acionadas em ocorrência
com produtos químicos.

AA5 Associação que presta serviços como atualização


de Normas técnicas e leis para transportadores e
toda cadeia de transporte da indústria química.

AA6 Associação responsável por traçar perfil do setor,


promover relatório de desempenho, troca de
informações sobre acidente para transportadoras e
indústria química e petroquímica.

AA7 Associação que trata de assuntos relativos a


licenças, exames médicos aos motoristas,
vinculado ao DENATRAN e Ministério da Saúde.

OLL8 Órgão municipal da saúde destinado ao


monitoramento das vítimas envolvidas em
acidentes com TRPP em bairros, do município de
São Paulo.

OAE9 Órgão Municipal responsável pelo atendimento de


vítimas quando há necessidade de realocação de
pessoas afetadas em acidentes tecnológicos.

OLL10 Autarquia Federal responsável pela classificação,


transporte e atuação em caso de acidentes com
53

elementos radioativos.

OLL11 Órgão municipal destinado à fiscalização das rotas


sugeridas para TRPP no município de São Paulo

OAE12 Órgão Estadual responsável pelo atendimento de


ocorrência de acidentes com TRPP nas fases de
um desastre: pré ± processo de licenciamento,
mitigação e pós ± acidente, consistindo no
monitoramento ambiental da área degrada.

OAE13 Órgão Estadual responsável pelo gerenciamento e


monitoramento do acidente. Possui registro de
tipos de produtos perigosos no Estado de São
Paulo.

OPS14 Concessionária de rodovia.

OLL15 Autoridade Estadual responsável pela fiscalização


e autuação de TRPP em condições adversas. Atos
de Infração.

OAE16 Autoridade responsável pela autuação e


fiscalização em rodovias estaduais.

OAE17 Autoridade responsável pela autuação e


fiscalização em rodovias federais.

OLL18 Autoridade estadual responsável por autuações de


impacto ambiental

OLL19 Autarquia federal responsável pela elaboração de


legislação referente ao setor TRPP. Possui o
caráter fiscalizador e regulador.

OPS20 Entidade reguladora das concessionárias


Estaduais.
54

OLL21 Órgão municipal responsável pelo licenciamento e


autuações de veículos .

OLL22 Órgão Estadual responsável por obras de


engenharia nas rodovias de domínio estadual.
Responsável pela elaboração do relatório
estatístico anual de TRPP em rodovias estaduais.

OLL23 Autoridade federal responsável pela certificação de


registro de empresas transportadora da classe
explosivos

OLL24 Autarquia federal, elabora, revisa e inspeciona


veículos e equipamentos (tanque de carga)
rodoviários para TRPP a granel, por meio de
órgãos estaduais conveniados.

OLL25 Plano Federal responsável pela prevenção,


preparação e resposta rápida à emergências
ambientais. As instituições entrevistas representam
o plano mencionado acima no âmbito Estadual.

OLL26 Autarquia federal responsável pelo cadastro,


licença de autorização de transporte, responsável
pela fiscalização da qualidade ambiental de cada
transportadora.

OLL27 Órgão municipal responsável pela emissão de


licenças às transportadoras e empresas de
atendimento (indústria química).

OLL28 Órgão Estadual responsável pela articulação com o


Ministério da Saúde, vigilância sobre os riscos ao
meio ambiente, responsável também pelo
diagnóstico laboratorial e saúde do trabalhador.
Conta com banco de dados integrado com
55

Unidades de atendimento hospitalar em caso de


vítimas contaminadas por meio de fichas de
notificação por região e município.

OLL29 Órgão Estadual responsável pela logística e


legislação de rodovias estaduais de São Paulo.

OPS30 Órgão responsável por assegurar frotas de


caminhões de transportadoras e gerenciar as
respectivas seguradoras do setor de TRPP.

OPS31 Transportadora responsável por TRPP

OPS32 Transportadora responsável por TRPP

PDPT33 Instituto de Pesquisas tecnológicas destinado à


elaboração de relatórios técnicos destinados a
desastres naturais e tecnológicos. Órgão provedor
de dados espaciais para planejamento territorial
para mapeamento de susceptibilidade de rodovias,
elaboração de mapas de recuperação ambiental do
entorno de áreas impactadas.

PDPT34 Instituto estadual de ciências da terra destinado à


elaboração de mapas do Estado de São Paulo.
Responsável pelo mapeamento 1:10.000/ 1:50.000
da malha municipal, mapa de uso do solo (1:1000/
1:5000) do município de São Paulo, Modelo Digital
de Elevação, curvas de nível, Ortofotos,
visualização.

PDPT35 Instituto destinado à mapeamentos geológicos do


Estado de São Paulo. Produzem produtos para
mapeamento de risco e disponibiliza imagem
IKONOS (2003) e Modelo Digital de Elevação do
Estado todo.
56

PDPT36 Instituto destinado à mapeamentos geológicos do


Estado de São Paulo. Produzem produtos para
mapeamento de risco e disponibiliza imagem
IKONOS (2003) e Modelo Digital de Elevação do
Estado todo.

PDPT37 Órgão destinado ao mapeamento ambiental do


Estado de São Paulo. Produz a base cartográfica,
de Unidade de conservação, dados temáticos,
base de logradouros.

PDPT38 Órgão responsável pelo levantamento florestal ,


Unidades de Conservação do Estado de São
Paulo. Produz base de cobertura vegetal: 1:50.000/
1:25.000/ 1:10.000.

OPS39 Concessionária pública do Estado de São Paulo.


Responsável por obras do Rodoanel com
elaboração de bases vetoriais e projetos
geométricos com todas as dimensões da via.
58

4.2. DISPONIBILIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

A teoria de Análise de Rede Social (ARS) foi utilizada para medir como é
o fluxo de interação para disponibilização e acesso a dados espaciais entre
instituições que tratam do tema TRPP.

A Figura 4.1 mostra o resultado gráfico relativo à frequência de


disponibilização de dados espaciais entre as instituições que foram
entrevistadas. Conforme mencionado anteriormente, o formato do nó
representa o tipo de organização de acordo com a classificação apresentada
na Tabela 4.1.
59

Figura4.1.Frequência de disponibilização de dados espaciais


60

Quanto à disponibilização dos dados espaciais, as medidas de


centralidade aplicadas neste estudo estão presentes na Tabela 4.2 e são
comparadas pelas métricas abaixo:

In Degree: pode-se observar que os Órgãos de Atendimento a


Emergências (OAE) e Órgãos Prestadores de Serviço (OPS) identificados por
OAE12, OAE16, AA4 e OPS31 são os mais centrais da rede, e possuem um
alto valor de centralidade. Estes nós também podem ser vistos como potenciais
mediadores no processo de compartilhamento de dados espaciais, pois
possuem muitas ligações com outras organizações.

Out Degree: essa a métrica mostra o mesmo padrão da métrica In


Degree. Pode ser observado que os OAE e OPS possuem as interações mais
frequentes. Foi diagnosticado também que grupos que possuem afinidade no
exercício de atividades semelhantes possuem melhor relação. Os Órgãos de
Atendimento a Emergências, que primeiro estão no local do acidente para o
socorro imediato de vítimas e contenção do dano ambiental, são as instituições
que possuem melhor inter-relação, e por este motivo ocorre uma maior
disponibilização de dados espaciais entre eles.

In Closeness: a variável segue um padrão similar ao da métrica In


Degree, apresentando os mesmos atores centrais. Os órgãos OAE16, AA4,
OAE12 e OPS31 recebem informações mais cedo e estes também promovem
o controle da informação.

Out Closeness: a variável segue o padrão do Out Degree, apresentando


os Órgãos de Atendimento a Emergências e Associações e Órgãos
Prestadores de Serviço como os mais centrais da rede. As diferenças relativas
são menos marcadas para esta métrica do que para as métricas Degree e
Betweenness. Não há muito contraste entre o maior e menor valor, assim como
ocorre no In Closeness.

Betweenness: a métrica apresenta altos valores para indivíduos centrais


que possuem alto valor de Degree. Os Órgãos de Atendimento a Emergências
identificados por OAE16, OAE11, OAE12 e OPS 31, e a Associação
identificada por AA4 comportam-se como controladores da informação. Isto faz
com que a rede seja bem centralizada, e os dados fluam com a necessidade
61

deVVHV³yUJmRVDWRUHV´serem de fato os controladores da informação, e como


são eles os mais poderosos, podem se comportar como potenciais impedidores
do compartilhamento da informação.

A medida Betweenness é empregada para medir o volume (frequência)


do movimento de tráfego de cada nó, para todos os outros nós. É a medida da
porção do fluxo de rede, isto é, esses órgãos são poderosos na rede, pois
possuem o poder de paralisar e repassar a informação para os demais nós da
rede.

4.3. UTILIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

A Figura 4.2 mostra a frequência de interação para utilização de dados


espaciais entre as organizações entrevistadas.
62

Figura 4.2. Frequência de utilização de dados espaciais acessados.


63

Quanto à utilização dos dados espaciais acessados as medidas de


centralidade aplicadas neste estudo estão presentes na Tabela 4.3 e
comparadas pelas métricas abaixo:

In Degree: pode-se observar que as associações identificadas por AA6,


AA4, AA7 e AA5 correspondem ao grupo mais central em referência aos
usuários dos dados, seguidamente aos órgãos OAE16, OAE13, OPS 31, OPS
32, PDPT13, PDPT3, OLL39 e OLL29. Estes nós se caracterizam pelo número
direcional de acessos provindos de outros indivíduos da rede. Estas instituições
podem ser vistas como potenciais mediadoras no processo de
compartilhamento de dados espaciais, pois possuem muitas ligações com
outras organizações.

Out Degree: essa métrica mostra o mesmo padrão da métrica In Degree,


porém com menor número de atores. Também pôde ser observado que os nós
OAE12 e OLL21 possuem as interações mais frequentes. Foi também
diagnosticado que grupos que possuem afinidade no exercício de atividades
semelhantes possuem melhor relação. A métrica Out Degree se caracteriza
pelo número de acessos direcionais para utilização de dados espaciais.

In Closeness: os órgãos OLL39, AA6, OPS31 e AA4 são os mais


centrais da rede e recebem informações mais cedo, pois possuem o menor
caminho ou acesso (caminho geodésico) entre um nó e outro.

Out Closeness: a variável segue o padrão do Out Degree no que se


refere aos órgãos de atendimento a emergências, aos órgãos licenciadores e
legisladores, às associações e aos órgãos prestadores de serviço, sendo estes
os mais centrais da rede. Não há muito contraste entre o maior e o menor
valor, assim como ocorre no In Closeness.

Betweenness: essa pode ser associada ao potencial dessas instituições


de serem controladores da informação. As Associações AA4 e AA6, de acordo
com essa métrica, parecem ter o maior potencial para atuarem como
controladores da informação, bem como os Órgãos Prestadores de Serviço
(OPS32) e Órgãos Provedores de Dados para planejamento territorial
(PDPT36). A configuração da rede parece ser bastante centralizada. Esta
configuraçãRLQGLFDTXHRVGDGRVSDUDIOXtUHP GHSHQGHP GHVVHV³yUJmRV
64

DWRUHV´ como controladores da informação. Esses órgãos acabam por se tornar


mais poderosos, pelo potencial que possuem de serem impedidores do
compartilhamento da informação.

A seguir serão abordadas as medidas de centralidade aplicadas a este


estudo, e apresentadas nas tabelas 4.2 e 4.3 e comparadas a seguir na tabela
4.4.

As tabelas completas encontram- se em apêndice.


65

Tabela 4.3. Medidas da rede por instituição para disponibilização de dados espaciais e sua respectiva estatística descritiva
para toda rede
66

Tabela 4.4. Medidas da rede por instituição para utilização de dados espaciais e sua respectiva estatística descritiva para
toda rede.
67

Tabela 4.5. Resumo da comparação das métricas

Os esforços em organizar a Infraestrutura de Dados Espaciais em vários


níveis como organizacional, municipal, estadual ou nacional têm sido cada vez
mais frequentes, para que o benefício da utilização cooperativa da informação
geográfica, sobre produto perigoso, torne o uso dos dados cada vez mais útil
para tomadores de decisão na área de gerenciamento de acidentes envolvendo
o TRPP.

De acordo com Davis (2006) e Mansorian et al. (2006) a IDE trata não
somente de questões operacionais, como interoperabilidade e otimização de
processos, e também dos aspectos relacionados às politicas e acordos
institucionais, o que necessita de apoio governamental para que essa estrutura
se torne real.

Hoje, porém, a integração é falha, pois há tecnologia para integrar dados


espaciais, como exemplo, a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais
(INDE), mas faltam políticas públicas para dar suporte para que isso de fato
aconteça, apesar de já existirem avanços com a elaboração de decretos
nacionais e estaduais para disponibilização de dados espaciais entre diferentes
instituições.
68

As instituições que participaram da pesquisa lidam com dados


relacionados ao Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos. A partir das
entrevistas aplicadas revelou-se que as instituições sentem a necessidade de
que os dados respectivos ao atendimento e gerenciamento de acidentes sejam
especificados e especializados.

A maior parte do fluxo de dados flui entre os Órgãos Provedores de


Dados de Planejamento Territorial e Órgãos de Atendimento a Emergências,
por meio de acordos institucionais informais. Em virtude da alta usabilidade
desses dados e porque nestes órgãos há acordos institucionais mais coesos, já
ocorre grande intercâmbio de dados entre estas instituições.

A teoria da Análise de Rede Social (ARS) demonstrou ser uma


ferramenta útil para evidenciar os relacionamentos de transição, comunicação
e de poder de autoridade entre os parceiros de equipe. Órgãos de Atendimento
a Emergências tem a maior frequência de interação. Os órgãos de atendimento
a emergências identificados por OAE8, OAE9, OAE11,OAE12, OAE13 e
OAE16 são os órgãos dominantes, tanto para disponibilização de dados quanto
para utilização de dados espaciais provenientes de outras instituições.

Algumas das associações, como AA4 e AA6, apareceram como


instituições centrais e dominantes, tanto para disponibilização quanto para
utilização dos dados para essa categoria.

Dentre os órgãos prestadores de serviço, os órgãos OPS31 e OPS32,


que são empresas transportadoras, dominam o fluxo de informação, tanto da
disponibilização quanto da utilização dos dados espaciais.

Os órgãos licenciadores e legisladores OLL21, OLL22, OLL29 E OLL39


foram os órgãos mais centrais dentro dessa categoria.

Os órgãos provedores de dados para fins de planejamento territorial


operam com dados espaciais (detentores de bases espaciais, cada um com
sua especialidade). Foi diagnosticado que para essa categoria tão
especializada os órgãos PDPT36 e PDPT33 são os órgãos que possuem maior
fluxo de informação na rede.
69

A partir das análises também foi possível observar que as redes


parecem não configurar uma hierarquia para compartilhamento de informações,
ou seja, a despeito de alguns órgãos terem apresentado altos valores de
betweenness (que caracteriza um potencial controlador), a conformação da
rede evidencia que a informação pode ser proveniente de órgãos periféricos
até órgãos centrais de maneira direta, sem necessidade de passar por atores
intermediários.

Todas as instituições entrevistadas confirmaram o desejo pelo


compartilhamento de informação por meio de uma IDE para o TRPP. No
entanto, há a necessidade de avançar nos acordos institucionais para viabilizar,
de fato, o compartilhamento dos dados.

Dentre as dificuldades de aplicação da metodologia destacam-se dois


pontos. O primeiro referente ao fato de que alguns dos entrevistados, não
familiarizados com Geoprocessamento, podem ter respondido ao questionário
sem, de fato, entender a abrangência do que são os dados espaciais, a
despeito de ter sido explicado, antes do início de cada entrevista, o que é um
dado espacial. O segundo ponto está relacionado à dificuldade em avaliar a
confiabilidade dos resultados apresentados pelas métricas de centralidade.
Discutiram-se sempre os resultados frente ao contexto proporcionado pelas
entrevistas, mas não foi possível gerar uma medida quantitativa que levantasse
a confiabilidade das análises. De qualquer forma, a metodologia baseada na
teoria de Análise de Rede Social (ARS), demonstrou ser uma ferramenta
interessante para diagnosticar aspectos das inter-relações entre as instituições
que são, de fato, de difícil mensuração.

4.4. ANÁLISE DA ARTICULAÇÃO ENTRE INSTITUIÇÕES PARA


COMPARTILHAMENTO DE DADOS ESPACIAIS

Nesta seção foi diagnosticado como funciona a articulação entre as


instituições entrevistadas que tratam do tema TRPP para o compartilhamento
de dados espaciais através da análise das entrevistas e dos resultados
propiciados pela teoria de Análise de Rede Social (ARS).
70

A partir das entrevistas destacou-se que as instituições participantes da


pesquisa e que possuem alto fluxo de compartilhamento de dados espaciais
são os Órgãos de Atendimento a Emergências (OAE), Associações (AA),
Órgãos Licenciadores e Legisladores (OLL) e Órgãos Provedores de Dados
para Planejamento Territorial (PDPT).

Dentre os dados que são disponibilizados entre as organizações,


caracterizam-se os dados de ocorrência, relatórios e boletins de ocorrência de
acidentes, estatísticas de acidentes por km da rodovia, relatórios estatísticos
dos acidentes anuais, dados estatísticos de indústrias, relatório de origem-
destino para concessões de rodovias, ficha de notificação com vítimas
contaminadas por região e por município, base vetorial, e projeto geométrico
com todas as dimensões da via.

Ainda em relação aos dados disponibilizados destacam-se: imagens de


satélites, base cartográfica, foto aérea (2010), dados temáticos, base de
logradouros, malha municipal, mapa de uso do solo (folha topográfica ±
1:10.000/ 1:5.000), mapeamento de susceptibilidade de rodovias,
implementação de rodovia, recuperação ambiental do entorno, modelagem
digital de terreno, ortofoto, carta, curvas de nível, base de cobertura vegetal,
limites da Unidades de Conservação (UCs), planos de manejo (1:5.000,
1:250.000, 1:100.000).

Já em relação aos dados relacionados às instituições provedoras de


dados para o planejamento territorial, destacam-se os dados tais como: bases
temáticas planimétricas, mapa planimétrico (EMPLASA), base altimétrica de
bacias e sub-bacias (IF), bases geológicas (IG), dados alfanuméricos,
monitoramento fluviométrico e pluviométrico (DAEE), base vetorial/ rodoviária
1:100.000 (DER), recursos hídricos (base 1:10.000), base de águas
subterrâneas (1: 250.000 e 1:50.000).

Em referência aos dados que são utilizados pelas instituições


entrevistadas, destacam-se os dados com informações relativas à localização
de acidentes com produtos perigosos envolvidos , dados de localização de
empresas, localização de empresas de reparação do dano ao ambiente, dados
de localização das indústrias e produtos que transportam ou importam, análises
71

estatísticas dos acidentes, formulários de ocorrência de acidentes e incidentes.


Somado a esses, foram ainda citados: a base vetorial de rodovias, na escala
de 1:250.000, para todo o Estado de São Paulo, elaborados pelo órgão
SIRGEO no (DER), águas subterrâneas, cartas topográficas (1:10.000), limites
UGRHI, outorga de poço profundo para avaliar a água para consumo humano
em caso de acidente, modelo digital de elevação (1:250.000) para águas
subterrâneas.

A maior parte do intercâmbio de dados entre instituições ocorre entre


instituições públicas estaduais, em virtude do avanço de legislação específica
para compartilhamento de dados espaciais.

4.5. ANÁLISES DAS POLÍTICAS e ACORDOS INSTITUCIONAIS


COM BASE NAS ENTREVISTAS

A partir das entrevistas também foram levantados os acordos


institucionais vigentes com foco no compartilhamento de dados espaciais no
setor de TRPP. Entretanto, muitos dos acordos mencionados referem-se a
atuação na prevenção, atendimento e recuperação do desastre tecnológico,
que a despeito de alguns deles não estarem diretamente relacionados ao
compartilhamento de dados, foram citados por permitirem uma visão do
contexto de articulações já estabelecidas entre as instituições.

Nas 39 (trinta e nove) instituições entrevistadas foi constatado que há


acordos institucionais (informais) e acordos legais (formais) para o
compartilhamento de dados espaciais.

Há esforços para que os dados espaciais sejam compartilhados por


meio de acordos institucionais entre instituições públicos estaduais, por meio
do Contrato de Licença de uso (CLU nº 038/12), Protocolo unificado de
atendimento a emergências químicas no Estado de São Paulo (CETESB/
Polícia Rodoviária Estadual/ Corpo de Bombeiros/ Defesa Civil/ IBAMA/ P2R2).
O presente contrato tem o Objetivo a outorga de licença de uso de arquivos
digitais das ortofotos do Projeto de Atualização Cartográfica do Estado de São
72

Paulo. Já o protocolo Unificado de Intenções versa sobre a obrigação de cada


órgão de atendimento à emergência ter a sua incumbência e função na hora do
atendimento ao acidente.

Por meio de Termos de Cooperação, os dados espaciais digitais


públicos podem ser distribuídos e reutilizados por diferentes secretarias. Um
exemplo de dado em que há alto intercâmbio são as imagens de satélite e
diferentes bases territoriais. Cada secretaria deve ter um termo de cessão
específico para poder fazer o uso de dados espaciais.

Em relação aos acordos institucionais formais foram destacados nas


entrevistas os de nível estadual, como por exemplo, o Termo de Cooperação
entre órgãos estaduais, o Programa de Atuação Responsável (Abiquim), o
Programa de Parcerias entre empresas de transporte e de distribuição de
produtos perigosos.

Entre os programas preventivos foram mencionados: o Protocolo


Unificado de Intenções, o Plano de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida
em Emergências Ambientais ± P2R2, SASSMAQ (Sistema de Avaliação de
Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade) e o Programa Olho Vivo na
Estrada, o qual busca a redução de acidentes por meio do aumento da
conscientização dos motoristas frente aos riscos envolvidos.

O programa preventivo do Plano Nacional de Prevenção, Preparação e


Resposta Rápida em Emergências Ambientais - P2R2 propõe parcerias entre
Órgãos de Meio Ambiente Estaduais e IBAMA para padronização de trabalhos,
com vistas ao compartilhamento de dados entre as instituições participantes
dos mapeamentos de áreas de riscos químicos, e promoção de diretrizes e
orientações gerais para os devidos procedimentos preventivos, de preparação
e resposta a emergências.

Outro exemplo de acordo nacional é o protocolo de intenções firmado


entre Abiquim e Associquim, que por meio do Programa Atuação Responsável
do Programa de Distribuição Responsável (PRODIR) selam a colaboração e a
troca de informações entre as instituições para que ambas estejam atualizadas
a respeito das práticas adotadas na aplicação dos programas, evitando
73

especialmente a superposição de procedimentos para as instituições


associadas.

No âmbito internacional, destaca-se o acordo de cooperação entre


centros de emergência. As organizações signatárias (EUA/ Brasil/ Chile/
Argentina/ Colômbia/ México) possuem centros de atendimento a emergências
estabelecidos e compartilham metas comuns para aprimoramento da
capacidade de socorristas na atuação de incidentes que envolvem TRPP.

O memorando de acordos cooperativos entre centros de Emergência


(MACCE, 2009) foi estabelecido para facilitar o compartilhamento de
informações durante uma emergência que envolva o TRPP e a cooperação
técnica no socorro imediato, em caso de derramamento, incêndio ou exposição
relacionado a produtos químicos, sendo que as informações necessárias são
exigidas com rapidez para proteger a população exposta, e ao ambiente.

Já as experiências nacionais, no âmbito legislativo estadual, avançaram


com a criação da Resolução da Casa Civil, CC ± 1, de 30-1-2004 que institui o
³7HUP RGH& RRSHUDomR´SDUDFRP SDUWLOKDP HQWRGHEDVHVHVSDFLDLVGLJLWDLV
entre os órgãos do Governo do Estado de São Paulo. O compartilhamento de
bases espaciais digitais entre os órgãos de governo do Estado, será
formalizado mediante a celebração de Termo de cooperação.

A Secretaria do Meio Ambiente adquiriu produtos de Sensoriamento


Remoto da região metropolitana de São Paulo, compreendendo seus 39
municípios, abrangendo área de cerca de 8. 000 km2, cujas bases podem ser
compartilhadas por todos os órgãos da administração direta e indireta do
Estado de São Paulo.

Durante as entrevistas foi mencionado também que os órgãos e


entidades da administração pública estadual, antes de adquirirem dados
espaciais, deverão consultar o comitê de qualidade da Gestão Pública sobre a
existência dos dados pretendidos, evitando a duplicidade na aquisição.

Outro avanço relacionado aos acordos é o Protocolo Unificado de


Atendimento a Emergências Químicas no Estado de São Paulo. Nesse acordo,
é estabelecida uma padronização na gestão de emergências ambientais com
produtos perigosos, no Estado de São Paulo.
74

Entre os objetivos deste protocolo pretende-se integrar as atividades dos


órgãos públicos (municipais, estaduais e federais), a fim de atender as
emergências químicas que representem risco à saúde, segurança pública e
meio ambiente, bem como aos patrimônios públicos e privados; estabelecendo-
se os princípios básicos mínimos para nortear a realização de tais atividades e
buscando ações de respostas eficazes.

Ainda no tema comentado acima, há esforços de reconhecimento das


atividades de cada órgão no atendimento a emergências que é promovido pelo
³& XUVR3ULP HLURQR/RFDO´TXHHVWiVREUHDFRRUGHQDomRGD& (7(6%H& HQWUR
de Vigilância Sanitária (Secretaria Estadual da Saúde).

2  ³& XUVR 3ULP HLUR QR /RFDO´ HVWi VHQGR UHDOL]DGR HP  WRGDV DV
subcomissões representantes de saúde da Região Metropolitana de São Paulo.
Cada qual, com um número específico de municípios relacionados. Esse curso
destina-se ao conhecimento de quais são os procedimentos que devem ser
realizados, e de quem são as incumbências necessárias como socorristas à
emergência. O curso também promove integração de todas as instituições
convidadas a participar do curso. O curso é destinado aos profissionais da
Secretaria da Saúde de cada município, Guarda Municipal, Corpo de
Bombeiros local, Polícia Rodoviária Estadual e representantes da Defesa Civil.
2 FXUVR³3ULP HLURQR/RFDO´HVWiHP VXDVH[WDHGLomRHMiSHUFRUUHXWRGDVDV
subcomissões da Região Metropolitana do Estado de São Paulo.

Dentre os acordos informais citados destacam-se os acordos para troca


de dados espaciais e informações entre instituições públicas e privadas ou
entre instituições privadas.

Um exemplo de acordo informal entre organizações públicas é o Termo


de Cooperação Técnica e Financeira entre CETESB e Departamento de
Estradas de Rodagem (DER/ SP). O convênio propiciou o desenvolvimento de
um sistema informatizado para apoio às ações emergenciais e estabeleceu um
Plano de Ação de Emergência (PAE). Esse plano serviu de base para o
Sistema de Prevenção e Atendimento a Acidentes no Transporte Rodoviário de
Produtos Perigosos, na rodovia na rodovia Fernão Dias ± BR 381, no trecho
75

paulista e por mais 10 km no trecho entre divisões de estado entre São Paulo e
Minas Gerais.

As áreas em que envolvem o traçado da rodovia Fernão Dias são de


extrema vulnerabilidade ambiental. Ao longo do traçado destaca-se um dos
maiores sistemas produtores de água potável do mundo, o sistema Cantareira,
no município de Mariporã, que abastece 10 milhões de habitantes da Grande
São Paulo (CETESB, 2012).

Outra iniciativa de acordo informal está vinculada à Secretaria da Saúde,


em especial ao Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo. Há dois
acordos em trâmite, um refere-se ao repasse dos registros de ocorrência de
acidentes com TRPP, atendido pela CETESB, e outro com a Defesa Civil, que
passa os registros preliminares de dados de localização de ocorrências de
desastres naturais e tecnológicos, para a central de emergência CIEVS da
Secretaria da Saúde.

Na Tabela 6 abaixo estão dispostos os grupos de análise e seus


respectivos acordos institucionais vigentes.

Tabela 4.6. Grupos analisados e seus acordos institucionais vigentes


76

A tabela 4.5 mostra que a maior parte dos acordos para


compartilhamento de dados espaciais é formal, para universo amostral das
trinta e nove instituições participantes da pesquisa. Das trinta e nove
instituições representadas, apenas dezoito possuem acordos com vistas ao
compartilhamento de dados entre si.

4.6. PROPOSTA DE ESQUEMA CONCEITUAL DE DADOS PARA


UMA IDE DE TRPP

A partir de duas questões específicas, das entrevistas, as questões 1


(um) e 7 (sete), mais a análise das reuniões da Comissão Geral de Transportes
de Produtos Perigosos, foi elaborado um esquema conceitual dos dados
espaciais que poderá servir como referência a ser utilizada no processo de
constituição de uma IDE para o TRPP.

O esquema conceitual está baseado no levantamento de quais seriam


os dados fundamentais para uma IDE do TRPP. Foram pesquisados, quais
seriam os mapas, ou planos de informação, almejados por aqueles que
trabalham no setor, a partir da questão 7 (sete) do questionário. Os dados
citados foram: pontos de ocorrência de acidentes, rios, hospitais, declividade,
dados de uso do solo, áreas de proteção permanente, áreas com ocorrência de
neblina (levantamento climático), áreas susceptíveis a deslizamentos (áreas de
risco) e dados das câmeras.

Outros dados mencionados foram os dados de localização das indústrias


químicas, transportadoras, órgãos de meio ambiente, bombeiros, rotas de
transportes (origem-destino), densidade da rota de vias com maior tráfego de
TRPP, detalhamento dos pontos de parada para veículos e equipamentos
utilizados no transporte de TRPP para descanso e emergência, pontos de
descanso na rodovia, localização dos equipamentos pesados (guinchos),
localização das bases operacionais, dados de tráfego em tempo real, áreas de
adensamento populacional e de vias com maior frequência de sinistros.
77

Com a realização deste trabalho foi desenvolvido esquema conceitual de


dados espaciais visando uma IDE para auxílio no gerenciamento de incidentes
com TRPP.

Para tanto, o esquema conceitual de dados para uma IDE para


gerenciamento do TRPP será a ferramenta utilizada para agrupar os diferentes
dados, com a finalidade de disponibilizar possíveis ações, tomar decisões
rápidas e eficazes. Ações de alerta para evacuação de pessoas, e que meios
de transportes a serem utilizados, rotas e vias e acesso a serem escolhidas,
local de abrigo para proteção de pessoas, e que medidas de contenção ao
dano ambiental são eficientes no gerenciamento do desastre.

A figura 4.3 mostra o esquema de dados espaciais para uma


Infraestrutura de Dados Espaciais para TRPP.
78

Figura 4.3. Proposta de Esquema Conceitual de Dados Espaciais para uma IDE para TRPP
79

A metodologia utilizada na confecção do esquema foi a OMT-G proposto


por Borges et al. (2001), desenvolvido para representação de dados espaciais
e georreferenciados. O modelo em questão busca representar a realidade de
maneira parecida ao modelo mental do usuário.

Através da utilização do software Visio 2013 da Microsoft, com um


estêncil para os símbolos do OMT-G, foi elaborado um fluxograma para
apresentação do esquema.

Cada caixa representa uma classe, podendo ser georreferenciada ou


convencional. As classes ditas convencionais não apresentam nenhum tipo de
legenda especifica. Já as classes georreferenciadas são divididas em geo-
objeto e geo-campo, o primeiro representa objetos particulares com fronteira
definida e o segundo objetos com distribuição continua no espaço. A legenda
no canto superior esquerdo representa o seu tipo (polígono, linear, nó, etc.)

Os tipos de ligações também recebem notação especifica, que


representam as diferentes maneiras com que as classes se relacionam. Para
relações envolvendo classes convencionas, utiliza-se uma linha continua, para
relacionamentos espaciais é utilizada uma linha pontilhada. Maiores detalhes
sobre a metodologia podem ser encontrados em Borges et al. (2001). A seguir
detalha-se o modelo a partir de uma análise individual para cada classe.
80

A classe Estado representa a


unidade territorial de referência que
está sendo adotada, base sobre a qual
outras classes e relacionamentos são
definidas, como por exemplo a classe
Alerta Meteorológico.

Figura 4.4. Descreve a classe ³Estado´


81

Linha de Alta Tensão


está diretamente contida em
Estado e é representada por
linhas.

A classe Rodovia é
representada por uma rede, de
forma que direção e outras
informações sejam
consideradas. Ponto Notável
é um nó na Rodovia, sendo
subdividido em Acesso,
Pedágio, Ponto de Descanso
e Ponto de Apoio.
Figura 4.5. Congrega a classe Rodovia
82

Neste contexto, este trabalho tem a missão de apontar diretrizes para


políticas de acordos institucionais entre diferentes órgãos públicos técnicos e
empresas privadas, geradores de dados georreferenciados, com vistas a uma
política de fornecimento de dados geoespaciais via internet. E ainda propor
parâmetros e requisitos como suporte a formulação de políticas para
disponibilização de dados espaciais sobre TRPP a partir do arcabouço
metodológico explorado, qual seja, ARS, esquema conceitual de dados
espaciais, e discussões baseadas nas entrevistas e revisão bibliográfica.

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Os dados espaciais são necessários para o gerenciamento de desastres


envolvendo o TRPP. A presente Dissertação levantou e apresentou algumas
especificidades para implementação de uma IDE para o TRPP.

Foram identificadas e entrevistadas trinta e nove instituições produtoras


e mantenedoras de dados espaciais potencialmente integrantes de uma IDE
para o TRPP.

A teoria ARS foi utilizada para caracterizar a articulação vigente entre as


trinta e nove instituições que atuam nesse setor. A partir das análises foi
possível identificar e mensurar as relações para utilização e disponibilização de
dados espaciais relevantes no contexto de uma IDE para o TRPP.

Constatou-se que a ARS é uma ferramenta poderosa, que tem como


função não apenas diagnosticar, como também mapear o fluxo de dados
espaciais. As análises qualitativas, baseadas na interpretação das
representações gráficas da rede, e quantitativas, relacionadas à análise dos
índices de centralidade, elucidaram vários aspectos das relações
interinstitucionais.

A partir das análises da teoria de Análise de Rede Social (ARS)


verificou-se que as trinta e nove instituições compartilham dados espaciais
entre si, ainda que nem sempre por acordos formais pré-estabelecidos.
83

Percebeu-se também que há um grande anseio por parte das


instituições que fazem o gerenciamento de desastres tecnológicos, em especial
relacionados ao TRPP, para que haja mecanismos legais para o
compartilhamento de dados estruturantes para planejamento territorial, de
forma que o uso destes dados possa compor a elaboração de mapas que
auxiliem ações de preparação, prevenção, gerenciamento e socorro imediato
aos incidentes com TRPP.

Além disso, pôde ser criado um esquema conceitual dos dados


espaciais considerados fundamentais para uma IDE para o TRPP. A partir das
entrevistas, levantamento bibliográfico e de aplicações desenvolvidas
anteriormente, foi possível especificar não somente quais são os dados
espaciais desejados, como também os dados já existentes que corroboraram a
formulação de um esquema conceitual de dados para o TRPP.

Dentre as dificuldades de aplicação da metodologia destacam-se alguns


pontos, que configuram perspectivas para desenvolvimento futuro.

A primeira consideração versa sobre o fato de que alguns dos


entrevistados, não familiarizados com Geoprocessamento, podem ter
respondido sem realmente entender a abrangência do que são os dados
espaciais, mesmo tendo sido enfaticamente explicado, antes de cada
entrevista, o conceito de dado espacial. Nesse sentido sugere-se para
trabalhos futuros uma classificação dos entrevistados, quanto à familiaridade
técnica, visando dar maior transparência para as interpretações dos resultados
obtidos.

Outro ponto está relacionado à dificuldade em avaliar a confiabilidade


dos resultados apresentados pelas métricas de centralidade. Nesta pesquisa
os resultados foram sempre discutidos frente ao contexto proporcionado pelas
entrevistas, mas não foi possível gerar uma medida quantitativa que levantasse
a confiabilidade das análises. Nesse sentido, trabalhos investigando
metodologias complementares são interessantes para aumentar a robustez
desta ferramenta metodológica.

E por fim, mas não menos importante, a validação da qualidade do


esquema conceitual poderia ser feita através da implementação de fato,
84

mesmo que prototipada, para verificar se a abrangência do esquema proposto


é suficiente para responder às consultas espaciais relevantes no contexto do
gerenciamento do TRPP.

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91

APÊNDICE A

Questionário orientado para entrevistas em instituições ligadas ao


setor de Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos (TRPP)

Código Instituição:

Nome do respondente:

Cargo do respondente:

E mail do respondente:

O presente questionário parte de uma pesquisa de mestrado, tem o


objetivo de identificar e medir a inter-relação das organizações em
referência à troca de dados espaciais no TRPP.

Dados espaciais: dados que podem ser colocados em um mapa, ou


estão em um mapa. Por exemplo: um boletim de ocorrência que tem o
endereço da ocorrência, um formulário preenchido em dispositivo móvel
(tablet, GPS, celular) que tem o dado de localização.
92

1. No atendimento a ocorrências que envolvam TRPP, você poderia explicar os


procedimentos da sua instituição no socorro a acidentes com TRPP. A
organização atua: na prevenção, no gerenciamento e no monitoramento pós-
acidente?

Prevenção Gerenciamento Monitoramento Pós


Acidente
Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não ( )

2. Com quais destas associações abaixo, a organização interage?

2.A) Associações

Instituições Interage? Grau de


Interação
(0 a 10)
AA 1
AA 2
AA 3
AA 4
AA 5
AA 6
AA 7

B) Órgãos de Atendimento a Emergência

Instituições Não Interage Grau de


Interação
(0 a 10)
OAE 8
OAE 9
OAE10
OAE 11
OAE 12
OAE 13
OAE 14
OAE 15
OAE 16
OAE 17
OAE 18
93

C) Órgãos Licenciadores/ Legisladores

Instituições Não Interage Interage


(0 a 10)
OLL 19
OLL 20
OLL 21
OLL 22
OLL 23
OLL 24
OLL 25
OLL 26
OLL 27
OLL 28
OLL 29

d) Órgãos Prestadores de Serviço

Instituições Não Interage Interage


(0 a 10)
OPS 30
OPS 31
OPS 32

e) Provedores de dados estruturantes para planejamento territorial

Instituições Não Interage Interage


(0 a 10)
PDPT 33
PDPT 34
PDPT 35
PDPT 36
PDPT 37
PDPT 38
PDPT 39
94

3. Esta questão pretende avaliar o quanto que sua instituição disponibiliza dados
espaciais para algumas organizações.
(0) Não disponibiliza
(10) Disponibiliza muito

A) Associações

Instituições Escala de Avaliação


(0 a 10)
AA1
AA2
AA3
AA4
AA5
AA6
AA7

3.1 Quais dados que sua instituição disponibiliza para outras organizações acima
(boletim de ocorrência, formulário) ?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

c) Órgãos de Atendimento a Emergências

(0) Não disponibiliza

(10) Disponibiliza muito

Instituições Escala de Avaliação


(0 a 10)
OAE 8
OAE 9
OAE10
OAE 11
OAE 12
OAE 13
OAE 14
OAE 15
OAE 16
OAE 17
OAE 18
95

3.1b) Quais são os dados espaciais que sua instituição disponibiliza para outras
organizações acima (boletim de ocorrência, formulário)?
________________________________________________________________
________________________________________________________________

B) Órgãos Licenciadores/ Legisladores

(0) Não disponibiliza

(10) Disponibiliza muito

Instituições Escala de Avaliação


(0 a 10)
OLL 19
OLL 20
OLL 21
OLL 22
OLL 23
OLL 24
OLL 25
OLL 26
OLL 27
OLL 28
OLL 29

3.1 C) Quais são os dados que sua instituição disponibiliza para outras
organizações acima (boletim de ocorrência, formulário)?

_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

d) Órgãos Prestadores de Serviço

(0) Não disponibiliza

(10) Disponibiliza muito

Instituições Escala de Avaliação


(0 a 10)
OPS 30
OPS 31
OPS 32

3.1 d) Quais são os dados que sua instituição disponibiliza para outras
organizações acima (boletim de ocorrência, formulário)?
96

_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

e) Provedores de dados estruturantes para planejamento territorial

Instituições Escala de
Avaliação
(0 a 10)
PDPT 33
PDPT 34
PDPT 35
PDPT 36
PDPT 37
PDPT 38
PDPT 39
4. Esta questão pretende avaliar o quanto que sua instituição utiliza dados
espaciais gerados por algumas organizações.

( 0) Não Utiliza
(10) Utiliza Muito

a) Associações

Instituições Escala de Avaliação


(0 a 10)
AA1
AA2
AA3
AA4
AA5
AA6
AA7

4.1 A) Quais são os dados espaciais que sua instituição utiliza dados espaciais
gerados para outras organizações acima (boletim de ocorrência, formulário)?

_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

b) Órgãos de Atendimento a Emergências


97

( 0) Não Utiliza
(10) Utiliza Muito

Instituições Escala de Avaliação


(0 a 10)
OAE 8
OAE 9
OAE10
OAE 11
OAE 12
OAE 13
OAE 14
OAE 15
OAE 16
OAE 17
OAE 18

4.1 B)Quais são os dados espaciais que sua instituição utiliza dados espaciais
gerados para outras organizações acima (boletim de ocorrência, formulário)?

__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

c) Órgãos Licenciadores/ Legisladores

( 0) Não Utiliza
(10) Utiliza Muito

Instituições Escala de Avaliação


(0 a 10)
OLL 19
OLL 20
OLL 21
OLL 22
OLL 23
OLL 24
OLL 25
OLL 26
OLL 27
OLL 28
OLL 29
98

4.1c) Quais são os dados espaciais que sua instituição utiliza dados espaciais
gerados para outras organizações acima (boletim de ocorrência, formulário)?

_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

d) Órgãos Prestadores de Serviço

( 0) Não Utiliza
(10) Utiliza Muito

Instituições Escala de Avaliação


(0 a 10)
OPS
OPS
OPS

4.1d) Quais são os dados espaciais que sua instituição utiliza dados espaciais
gerados para outras organizações acima (boletim de ocorrência, formulário)?

__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

e) Provedores de dados estruturantes para planejamento territorial

Instituições Escala de Avaliação


(0 a 10)
PDPT 33
PDPT 34
PDPT 35
PDPT 36
PDPT 37
PDPT 38
PDPT 39

5. Há algum acordo Institucional para troca de dados entre instituições? Se sim,


qual (formal, legal, outro)?
( ) Sim ( ) Não
99

_________________________________________________________________
________________________________________________________________

6. A organização utiliza redes sociais (facebook, twitter, etc) para comunicação


quando há um acidente?
( ) Sim/ Facebook ( ) Não/ facebook

( )Sim/ Twitter ( ) Não/ Twitter

7. Se você pudesse utilizar um sistema no computador que tivesse mapas (como


google maps), quais dados você gostaria de ver nesses mapas?

( ) Pontos representando maior ocorrência de acidentes


( ) Rios
( ) Hospitais
( ) Postos Policiais
( ) Declividade (mapa topográfico)
( ) Uso do solo da região ( área residencial, área de vegetação)
( ) Área de vegetação permanente
( ) Locais com maior ocorrência de neblina
( ) Locais suscetíveis à ocorrência de deslizamentos
( ) Dados das câmeras
( ) Fotografias dos acidentes

Outros:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
100

APÊNDICE B
101

APÊNDICE C

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