Coordenação de Produção
Francielli Schuelter
Coordenação de AVEA
Andreia Mara Fiala
Design Instrucional
Cíntia Costa Macedo
Carine Biscaro
Clarissa Venturieri
Danrley Maurício Vieira
Dirce de Rossi Garcia Rafaelli
Marielly Agatha Machado
Design Gráfico
Sonia Trois
Aline Lima Ramalho
Sofia Zluhan de Amorim
Victor Liborio Barbosa
Linguagem e Memória
Cleusa Iracema Pereira Raimundo
Graziele Nack
Victor Rocha Freire Silva
Programação BY NC ND
Jonas Batista Todo o conteúdo do Curso Investigação do Crime de Estupro:
Marco Aurélio Ludwig Moraes Aspectos Conceituais, da Secretaria Nacional de Segurança
Renan Pinho Assi Pública (SENASP), Ministério da Justiça e Segurança Pública
do Governo Federal - 2020, está licenciado sob a Licença
Salésio Eduardo Assi Pública Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem
Derivações 4.0 Internacional.
Audiovisual
Rafael Poletto Dutra Para visualizar uma cópia desta licença, acesse:
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR
Rodrigo Humaita Witte
Sumário
APRESENTAÇÃO DO CURSO...............................................................................6
MÓDULO 1 – ABORDAGEM CONCEITUAL E DOUTRINÁRIA DO CRIME DE
ESTUPRO.............................................................................................................7
Apresentação.................................................................................................................8
Objetivos do Módulo.............................................................................................................................. 8
Estrutura do Módulo.............................................................................................................................. 8
Aula 1 – Compreendendo a Dinâmica dos Aspectos Jurídicos e Sociológicos do
Crime de Estupro............................................................................................................9
Contextualizando................................................................................................................................... 9
A Cultura do Estupro.............................................................................................................................. 9
Aspectos Jurídicos.............................................................................................................................. 13
Aspectos Sociológicos........................................................................................................................ 18
Aula 2 – O Papel da Segurança Pública nas Políticas Públicas Preventivas e
de Controle do Crime de Estupro..............................................................................21
Contextualizando... ............................................................................................................................. 21
Prevenção do Delito............................................................................................................................. 21
Aula 3 – Vitimização: o Status da Vítima e do Infrator na Investigação
do Crime de Estupro............................................................................................ 25
Contextualizando... ............................................................................................................................. 25
O Status da Vítima............................................................................................................................... 25
O Status do Investigado...................................................................................................................... 29
Aula 4 – A Relação entre a Síndrome da Mulher de Potifar e a Investigação
Criminal......................................................................................................................................... 31
Contextualizando... ............................................................................................................................. 31
A História e a Investigação Criminal................................................................................................... 31
Referências...................................................................................................................34
MÓDULO 2 – GARANTISMO DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL NO ESTADO
DEMOCRÁTICO DE DIREITO.............................................................................. 36
Apresentação...............................................................................................................37
Objetivos do módulo............................................................................................................................ 37
Estrutura do módulo............................................................................................................................ 37
Aula 1 – O que a Investigação Criminal Pretende Garantir.................................38
Contextualizando................................................................................................................................. 38
A investigação criminal e os direitos fundamentais dos indivíduos................................................ 38
Aula 2 – Eixos Articuladores e Pilares Básicos da Investigação Criminal .......42
Contextualizando... ............................................................................................................................. 42
Pilares do processo investigativo ...................................................................................................... 42
Referências...................................................................................................................52
MÓDULO 3 – MOTIVAÇÃO DO AUTOR DO CRIME DE ESTUPRO...................... 54
Apresentação...............................................................................................................57
Objetivos do Módulo............................................................................................................................ 57
Estrutura do Módulo............................................................................................................................ 57
Aula 1 – Motivação do Criminoso..................................................................... 58
Contextualizando................................................................................................................................. 58
Como Surge a Motivação do Autor do Crime.................................................................................... 58
Aula 2 – Motivação Humana ............................................................................. 61
Contextualizando... ............................................................................................................................. 61
Teoria de Campo de Kurt Lewin ......................................................................................................... 61
Teoria da escolha racional ................................................................................................................. 63
Teoria do Valor da Expectativa........................................................................................................... 70
Modelo Cognitivista............................................................................................................................. 73
Aula 3 – Motivação e a Investigação Criminal ...................................................79
Contextualizando... ............................................................................................................................. 79
A Importância de Identificar a Motivação do Agressor na Fase da Investigação........................... 79
Referências...................................................................................................................82
MÓDULO 4 – PLANEJAMENTO DA INVESTIGAÇÃO DO CRIME DE ESTUPRO......84
Apresentação...............................................................................................................85
Objetivos do módulo............................................................................................................................ 85
Estrutura do módulo............................................................................................................................ 85
Aula 1 – Importância do Planejamento da Investigação do Crime de Estupro.......86
Contextualizando... ............................................................................................................................. 86
Conhecendo os caminhos a percorrer............................................................................................... 86
O planejamento e a investigação criminal......................................................................................... 88
Aula 2 – Elaboração de um Cronograma de Trabalho.......................................91
Contextualizando................................................................................................................................. 91
Elaborando um cronograma................................................................................................................ 91
Aula 3 – Análise Preliminar do Objeto
da Investigação .......................................................................................................94
Contextualizando... ............................................................................................................................. 94
O objeto da investigação e sua análise preliminar............................................................................ 94
Aula 4 – Plano Operacional da Investigação de Estupro: Matriz de
Planejamento.................................................................................................... 105
Contextualizando... ........................................................................................................................... 105
Modelo de matriz de planejamento.................................................................................................. 105
Validação da matriz de planejamento.............................................................................................. 107
Seleção das ferramentas de coleta de dados.................................................................................. 108
Elaboração do plano de investigação............................................................................................... 108
Risco de investigação........................................................................................................................ 111
Aula 5 – Evidências de Prova.................................................................................. 118
Contextualizando... ........................................................................................................................... 118
O que é evidência............................................................................................................................... 118
Qualidade da evidência...................................................................................................................... 121
Referências................................................................................................................ 123
Apresentação do Curso
Equipe do curso.
6 • Apresentação
MÓDULO 1
ABORDAGEM
CONCEITUAL E
DOUTRINÁRIA DO
CRIME DE ESTUPRO
7 • Módulo 1 Abordagem Conceitual e Doutrinária do Crime de Estupro
Apresentação
OBJETIVOS DO MÓDULO
Compreender o conceito da cultura do estupro, analisar os
aspectos jurídicos e sociológicos que possibilitam entender a
dinâmica do crime de estupro e sua classificação, reconhecer
a importância do papel da segurança pública nas políticas
públicas preventivas e de controle do crime, bem como
destacar os aspectos presentes na condição da vítima e do
infrator na investigação e reconhecer a necessidade de estar
atento ao processo de investigação do crime de estupro.
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – Compreendendo a Dinâmica dos Aspectos
Jurídicos e Sociológicos do Crime de Estupro.
• Aula 2 – O Papel da Segurança Pública nas Políticas
Públicas Preventivas e de Controle do Crime de Estupro.
• Aula 3 – Vitimização: o Status da Vítima e do Infrator na
Investigação do Crime de Estupro.
• Aula 4 – A Relação entre a Síndrome da Mulher de Potifar e
a Investigação Criminal.
CONTEXTUALIZANDO...
A prática do estupro é vista como uma conduta invasiva e
repugnante nas relações de convivência do ser humano,
no entanto a sociedade muitas vezes naturaliza esse
comportamento humano violento que agride a individualidade
sexual das pessoas, especialmente das mulheres. Essa conduta
acaba por fomentar a chamada cultura do estupro. Dessa forma,
vamos conhecer melhor o conceito que caracteriza o termo
“cultura do estupro” e seus aspectos jurídicos e sociológicos.
A CULTURA DO ESTUPRO
As constatações históricas referentes à construção cultural
do crime de estupro percorrem caminhos cheios de mitos a
respeito dessa conduta, que é permeada de preconceitos e
falsas justificativas. Ainda existem muitos equívocos a respeito
dos fatores que contribuem para a prática desse crime, visto
que preconceitos e desvalores acabam por contaminar, muitas
vezes, a investigação desse evento criminoso.
Figura 1: Expressões
ditas pela sociedade
no julgamento da
vítima de estupro.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
Crescimento de
66.041 registros 4,1% em relação ao 53,8% tinham até 13 anos.
(4 meninas de até 13 anos
de estupro no resultado do ano estupradas por hora)
Brasil. anterior.
50,9% eram negras e
48,5% eram brancas
ASPECTOS JURÍDICOS
O propósito do curso é construir habilidades investigativas
para que você consiga elucidar os casos de crime de estupro.
Portanto, é importante que você compreenda o delito pelo
aspecto das normas penais, ou seja, pelos princípios legais
que incriminam pelo julgamento das ações, que é onde
está ambientada a investigação criminal. Desse modo,
primeiramente entenderemos o conceito do direito penal.
Saiba mais
O Código Penal é uma lei formada por um conjunto de normas
que tem por finalidade a punição para atos cometidos em
desacordo com o estabelecido. Para conhecer melhor o
documento, acesse o link:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
del2848compilado.htm
Figura 4:
Representação em
lista do Art. 213
do Código Penal.
Fonte: Código
Penal Brasileiro
(2009), adaptado
por labSEAD-UFSC
(2019).
Veja o que diz o TJ/RS sobre ato libidinoso no link:
https://bit.ly/2wVtSId.
Aprenda mais sobre as formas de estupro na decisão proferida
pelo Superior Tribunal de Justiça no link:
https://bit.ly/2vd4X2l.
VÍTIMA
CONSTRANGIMENTO A quem se dirige a ação
Causado pela violência do constrangimento
física ou grave ameaça. (qualquer pessoa
independente do gênero).
Figura 5: Quatro
PERSUASÃO
elementos que CONJUNÇÃO
compõem o crime Ato de fazer com que a
CARNAL
de estupro. vítima pratique ou permita
Fonte: labSEAD- Prática de ato libidinoso.
qualquer ato libidinoso.
UFSC (2019).
Na Prática
Agora, reflita se você, como investigador do crime de estupro, em
ASPECTOS SOCIOLÓGICOS
A investigação criminal faz parte de um sistema de funções que
Método científico
a serviço da promovem e garantem a submissão do indivíduo por meio de
compreensão do normas legais (controle social formal), oferecendo evidências
fenômeno criminal, ao Estado que comprovem o crime. Uma das principais
oferecendo um
preocupações desse sistema é com a qualidade da resposta
diagnóstico
qualificado e que passa pela eficiência dos meios e a eficácia do resultado.
multidisciplinar
que garante Para compreender o contexto em que está situada a
a segurança
investigação criminal, em especial a de estupro, o investigador
aos processos
de controle da terá que ultrapassar as fronteiras do conceito puramente legal
criminalidade. do crime e navegar pelo ambiente inter e multidisciplinar da
ciência da criminologia.
Figura 6: Aspectos
que influenciam
o crime e a
criminalidade do
autor.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
CONTEXTUALIZANDO...
A investigação criminal é uma das ações positivas do Estado
Democrático que buscam garantir a segurança e o bem-estar
das pessoas nas suas relações cotidianas, bem como é
responsável por subsidiar o processo penal com informações
sobre evidências da prática de crimes garantindo o controle
da criminalidade e a aplicação da pena de forma justa
ao infrator. Nesse sentido, o profissional de segurança
pública possui como uma das obrigações em sua função a
investigação criminal e o envolvimento com a política pública
de prevenção e controle dos crimes.
PREVENÇÃO DO DELITO
No Estado Democrático de Direito, a preocupação com o crime
não se limita à conotação de enfrentamento formal entre
Estado e infrator, visto que o propósito do Estado é aplicar uma
pena legal ao agressor.
Figura 8: A
investigação
criminal é uma
fonte científica
de dados. Fonte:
Shutterstock (2019).
POLÍTICAS DE
SEGURANÇA PÚBLICA
Figura 9:
Investigação Investigação
criminal, elo entre Criminal
o Poder Judiciário
e as políticas de
segurança pública.
Fonte: labSEAD- PODER
UFSC (2019).
JUDICIÁRIO
CONTEXTUALIZANDO...
A investigação de estupro normalmente se inicia com um voo
cego que precisa fazer grande esforço para abrir pequenos
buracos de luz que aos poucos mostrarão os caminhos. Assim,
nesta aula vamos identificar a investigação criminal do estupro
pela ótica da vítima e do investigado, coletando informações
importantes que ajudarão a comprovar o ato.
O STATUS DA VÍTIMA
A primeira preocupação do investigador é definir o fato
criminoso sobre o qual recairão os atos para averiguação e
comprovação da conduta noticiada.
Saiba mais
O Código Penal, em seu 217º artigo, descreve o estupro de
vulnerável como a conjunção carnal ou atos libidinosos
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
del2848compilado.htm
Saiba mais
A Lei n.º 11.340, de 7 de agosto de 2006, popularmente conhecida
como Lei Maria da Penha, cria mecanismos para controlar a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/
l11340.htm
O STATUS DO INVESTIGADO
As circunstâncias em que ocorre o crime de estupro são
sempre desfavoráveis para a coleta de provas, o que resulta
num fator de risco em alto grau, que pode fazer com que
pessoas inocentes sejam acusadas da prática criminosa.
Figura 12:
Investigado.
Fonte: Shutterstock
(2019).
CONTEXTUALIZANDO...
No campo da criminologia, é utilizado o capítulo 37 do livro de
Gênesis da Bíblia, como uma representação jurídica que facilita
a compreensão da relação entre a vítima e o investigado na
área da investigação. A história envolve José, filho de Jacó,
e a mulher do oficial egípcio Potifar. A partir de agora, vamos
conhecer os terrenos que envolvem o investigador no cuidado
às reais motivações da acusação e da consumação do crime.
GARANTISMO DA
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
NO ESTADO DEMOCRÁTICO
DE DIREITO
36 • Módulo 2 Garantismo da Investigação Criminal no Estado Democrático de Direito
Apresentação
OBJETIVOS DO MÓDULO
Compreender o garantismo da investigação criminal no Estado
Democrático de Direito e analisar os eixos articuladores do
processo de investigação criminal.
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – O que a Investigação Criminal Pretende Garantir.
• Aula 2 – Eixos Articuladores e Pilares Básicos da
Investigação Criminal.
CONTEXTUALIZANDO...
O processo de investigação criminal deve ser visto como
o elo entre a notícia de um crime e o processo penal. É por
meio da investigação que serão identificadas a natureza real
do evento criminoso e a necessidade de um processo penal.
Todo o processo investigatório precisa estar alinhado com os
fundamentos dos direitos cidadãos dos envolvidos.
A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E OS
DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS
INDIVÍDUOS
Certamente, você já vivenciou uma situação onde houve uma
acusação de um crime e se questionou sobre a possibilidade
e a probabilidade de sua existência. E, provavelmente,
seu questionamento deu-se pelas evidências brevemente
analisadas em relação à existência do evento criminoso.
Figura 1: Direitos e
fundamentos dos
indivíduos. Fonte:
Shutterstock (2019).
Essa ideia é reforçada por Lopes Jr. (2006), que diz que a
investigação criminal não se faz para confirmação do crime,
mas, sim, para exclusão de uma acusação equivocada.
Figura 3: O
garantismo do
direito penal como
peça fundamental. Validade do Confiabilidade do
Fonte: Shutterstock processo penal processo penal
(2019), adaptado
por labSEAD-UFSC
(2019)
Garantismo
CONTEXTUALIZANDO...
É importante assegurar a investigação criminal num Estado
Democrático de Direito. Por meio dela que indivíduos podem
garantir seus direitos fundamentais no processo de acusação
de um crime e que o Estado pode apresentar credibilidade de
seus sistemas formais de controle e da segurança social.
FUNÇÃO
SIMBÓLICA EVITAR
BUSCA PELO ACUSAÇÕES
Figura 4: Pilares FATO OCULTO INFUNDADAS
básicos para
o processo
investigativo.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
Sinal da prática de
Perceba que, geralmente, no crime de estupro, o criminoso
um delito.
criará dificuldades e dissimulações para evitar que o
investigador identifique sua autoria e aplique a pena
correspondente. Ele procurará ocultar os motivos,
instrumentos, meios e o próprio crime.
Função simbólica
No meio social, a prática do crime de estupro funciona como um
abalo sísmico cujo efeito depende de alguns fatores que relacionam
a ação de execução do delito. Vejamos na figura a seguir.
Natureza
do delito
Grau de
lesividade
Meio onde
Figura 6: Os efeitos
ocorreu
da prática do crime.
Fonte: labSEAD- Grau de
UFSC (2019). tolerância social
Figura 7: A
simbologia da
investigação
permite o controle
judicial do processo
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
Fatores do Sofrimento ao
sistema de
filtros
acusado inocente.
Estigmação
social e jurídica.
Figura 9: Pena
antecipada sem
análise de todas as
evidências. Fonte:
Shutterstock (2019).
Figura 10:
Supremacia do
poder estatal e
a consequência
de sofrimento de
acusamento injusto.
Fonte: Shutterstock
(2019).
Figura 11:
Estigmatização
social. Fonte:
Shutterstock (2019).
MOTIVAÇÃO DO
AUTOR DO CRIME
DE ESTUPRO
54 • Módulo 3 Motivação do Autor do Crime de Estupro
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA
Secretaria Nacional de Segurança Pública
Diretoria de Ensino e Pesquisa
Coordenação Geral de Ensino
Núcleo Pedagógico
Coordenação de Ensino a Distância
Reformulador
Francisco das Chagas Soares de Araújo
Revisão de Conteúdo
Rita de Cássia Oliveira da Silveira
Juliana de Angels Carvalho Drachenberg
Revisão Pedagógica
Ardmon dos Santos Barbosa
Coordenação de Produção
Francielli Schuelter
Coordenação de AVEA
Andreia Mara Fiala
Design Instrucional
Cíntia Costa Macedo
Carine Biscaro
Clarissa Venturieri
Danrley Maurício Vieira
Dirce de Rossi Garcia Rafaelli
Marielly Agatha Machado
Design Gráfico
Sonia Trois (supervisão)
Aline Lima Ramalho
Sofia Zluhan de Amorim
Victor Liborio Barbosa
Linguagem e Memória
Cleusa Iracema Pereira Raimundo
Graziele Nack
Victor Rocha Freire Silva
Programação BY NC ND
Salésio Eduardo Assi Todo o conteúdo do Curso Investigação do Crime de Estupro:
Jonas Batista Aspectos Conceituais, da Secretaria Nacional de Segurança
Marco Aurélio Ludwig Moraes Pública (SENASP), Ministério da Justiça e Segurança Pública do
Governo Federal - 2020, está licenciado sob a Licença Pública
Renan Pinho Assi Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem Derivações 4.0
Internacional.
Audiovisual
Rafael Poletto Dutra Para visualizar uma cópia desta licença, acesse:
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR
Rodrigo Humaita Witte
Apresentação.................................................................................................................5
Objetivos do Módulo.............................................................................................................................. 5
Estrutura do Módulo.............................................................................................................................. 5
Aula 1 – Motivação do Criminoso....................................................................... 6
Contextualizando................................................................................................................................... 6
Como Surge a Motivação do Autor do Crime...................................................................................... 6
Aula 2 – Motivação Humana ............................................................................... 9
Contextualizando... ............................................................................................................................... 9
Teoria de Campo de Kurt Lewin ........................................................................................................... 9
Teoria da escolha racional ................................................................................................................. 11
Teoria do Valor da Expectativa........................................................................................................... 18
Modelo Cognitivista............................................................................................................................. 21
Aula 3 – Motivação e a Investigação Criminal ...................................................27
Contextualizando... ............................................................................................................................. 27
A Importância de Identificar a Motivação do Agressor na Fase da Investigação........................... 27
Referências...................................................................................................................30
OBJETIVOS DO MÓDULO
Enumerar os fatores motivacionais relacionados ao crime de
estupro, analisar as principais teorias que abordam a apuração
do motivo da prática delituosa e que servem de referencial aos
investigadores e reconhecer a importância da apuração da
motivação do crime na fase da investigação criminal.
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – Motivação do Criminoso
• Aula 2 – Motivação Humana
• Aula 3 – Motivação e a Investigação Criminal
Figura 1: A
investigação
e a busca de
informações
para identificar a
motivação do crime.
Fonte: Shutterstock
(2019).
CONTEXTUALIZANDO...
A motivação pode ser entendida como opções de condutas
delinquentes que um indivíduo racionaliza e as torna
socialmente adaptáveis e funcionais para a sua satisfação.
Assim, é possível entender a conduta delitiva analisando os
elementos motivadores do infrator. A criminologia procura
racionalizar esse processo por meio de algumas teorias que
servirão de suporte ao estudo dos motivos que levam alguém
a praticar um crime.
FAMÍLIA AMIGOS
IGREJA TRABALHO
Figura 3: Espaços
vitais que
influenciam
as relações e
necessidades.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019). ESCOLA
C= f (P.M)
C M
Comportamento Meio
externo
Figura 4:
Representação
lógica do f P
comportamento
humano. Representação
Fonte: labSEAD- da interação entre Pessoa
UFSC (2019). pessoa e meio
externo
Figura 5: Cálculo
mental do
criminoso.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
Necessidade de planejamento.
Sangue-frio é indispensável.
Severidade da punição.
Será que o
horário de saída
das alunas
é sempre o Os pais
mesmo? sempre
podem
Tem buscar?
policiais
por perto?
CM = NI + DM
DM
CM Desejo de coisas
Comportamento existentes no
motivado meio ambiente
Figura 10:
Representação
lógica do NI
comportamento Necessidades
motivado. Fonte: individuais
labSEAD-UFSC
(2019).
Figura 11:
Investigação
criminológica da
linha histórica do
agressor. Fonte:
Shutterstock
(2019), adaptado
por labSEAD-UFSC
(2019).
MODELO COGNITIVISTA
Um dos estudos formulados por Dodge (1986 apud KONVALINA-
SIMAS, 2014), psicólogo clínico, especialista no desenvolvimento
de comportamentos agressivos e violência crônica em crianças,
foi o modelo cognitivista, que, no campo da psicologia, refere-se à
compreensão de comportamentos humanos.
CARACTERÍSTICAS DE ABUSADORES
SEXUAIS DE CRIANÇAS E
AGRESSORES SEXUAIS.
MINIMIZAÇÃO
Figura 15:
Características de Eximem-se da
abusadores sexuais responsabilidade
de crianças e RECUSA do ato, atribuindo-o
agressores sexuais. Não reconhecem a alguém.
Fonte: labSEAD- a agressão.
UFSC (2019).
MECANISMO DESCRIÇÃO
CONTEXTUALIZANDO...
Determinar os motivos que conduzem alguém à pratica de um
delito é relevante para a investigação criminal, especialmente
no caso da apuração de provas da prática do crime de estupro.
A IMPORTÂNCIA DE IDENTIFICAR A
MOTIVAÇÃO DO AGRESSOR NA FASE DA
INVESTIGAÇÃO
Alguns pesquisadores do processo de motivação da prática
do crime de estupro dizem que não basta apurar apenas a
racionalidade da decisão do infrator para entender todo o
conjunto de motivos conscientes e inconscientes. É importante
que a investigação leve em consideração e avalie o cálculo
do custo-benefício que o infrator emprega no seu crime, visto
que determinar o motivo da decisão pela prática do evento
criminoso pode ser significativo tanto para a fase de acusação
como do julgamento. Veja a seguir algumas vantagens de
evidenciar, através da investigação, a motivação do agressor.
Refere-se ao
falo, ou seja, ao Esse tipo de infrator, em regra, tem uma profissão na qual
órgão reprodutor exerce autoridade. Observe como essa vantagem facilita o
masculino. planejamento, podendo indicar a seleção da vítima e do local, do
momento oportuno, da escolha do local de abando e de todas
as estratégias necessárias para dissimulação do ato.
PLANEJAMENTO DA
INVESTIGAÇÃO DO
CRIME DE ESTUPRO
84 • Módulo 4 Planejamento da Investigação do Crime de Estupro
Apresentação
OBJETIVOS DO MÓDULO
Reconhecer a importância do planejamento para a eficácia da
investigação, enumerar as principais etapas do planejamento
da investigação de estupro, identificar os riscos que podem
ocorrer no processo e compreender a necessidade de se
avaliar a qualidade das evidências como suporte para as
provas que deseja apurar.
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – Importância do Planejamento da Investigação do
Crime de Estupro.
• Aula 2 – Elaboração de um Cronograma de Trabalho.
• Aula 3 – Análise Preliminar do Objeto da Investigação.
• Aula 4 – Plano Operacional da Investigação de Estupro:
Matriz de Planejamento.
• Aula 5 – Evidências de Prova.
CONTEXTUALIZANDO...
Quando o investigador elabora um planejamento operacional da
investigação de um crime de estupro, possibilita a estruturação
da investigação e desenha uma rota que mantém a equipe
focada nas metas estabelecidas e nos resultados esperados. A
partir de agora, vamos compreender a importância de construir
e entender o caminho a ser percorrido durante o processo.
Figura 1: Escolha do
caminho.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
“
Alice era uma criança que brincava no jardim e, de
“
repente, volta sua atenção para um coelho que passa
apressado olhando as horas em um relógio de pulso.
Curiosa, segue o coelho e cai em um buraco que a leva
para um mundo maravilhoso e desconhecido. Assustada,
procura uma saída, construindo o diálogo anterior com
um gato de sorriso cínico e rabo balançante.
Contudo, não basta fazer planos bem elaborados que não levem a
lugar nenhum. A movimentação eficiente e eficaz da investigação
criminal depende de três fatores. Vejamos na imagem a seguir.
Objetivos
Figura 3:
Movimentação
de fatores que
contribuem
para eficácia da
investigação.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
Estratégias Ação
CONTEXTUALIZANDO...
O planejamento da investigação de estupro visa definir a
estratégia metodológica que será adotada, além de estimar os
recursos, os custos e o prazo necessário para sua realização.
Especialmente, esse processo procura delimitar os objetivos e o
escopo da investigação, levando em consideração a natureza do
tipo penal e as evidências necessárias para formação da prova.
É certo que a investigação do crime de estupro nem sempre
se depara com informações suficientes para uma previsão
temporal segura, mas as existentes permitirão a elaboração de
um cronograma mínimo para as ações do procedimento.
ELABORANDO UM CRONOGRAMA
Criar um cronograma para o processo de investigação criminal
permite a organização das tarefas e a alocação de recursos de
acordo com as demandas.
Profissional com
conhecimentos
em áreas forenses
ligadas à psicologia,
psiquiatria,
medicina legal,
criminalística e
outras correlatas.
Ele acompanha
a polícia em
investigações
com a finalidade
de fornecer Figura 4: Reuniões da equipe de investigação.
informações que Fonte: Shutterstock (2019).
sejam específicas
sobre o perfil do
As reuniões técnicas devem ter a participação de todos os
indivíduo que
cometeu o crime investigadores envolvidos, incluindo os peritos, legistas e
(GEBERTH, 2006). outros profissionais que por ventura estejam colaborando com
a investigação, como o profiler.
CONTEXTUALIZANDO...
A investigação criminal busca compreender e resolver um
problema. Então, é preciso que você identifique se o evento
tem as características próprias do fato tido como crime, neste
caso, o crime de estupro. E, somente após a identificação
desse fator, você poderá começar a formular as hipóteses
e as questões cujas respostas irão confirmar ou não as
características de um crime.
Câmeras de Informações
segurança da vítima
Ambientes de
Redes sociais convivência
Laudos
periciais
Saiba mais
A caracterização do crime do estupro e as diferentes modalidades
de pena o crime são encontradas no Art. 213 do Código Penal
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/
L12015.htm
ABRANGÊNCIA
OPORTUNIDADE
EXTENSÃO
Existem informações
suficientes para caracterizar
um padrão do crime?
Existem informações
suficientes para descrição
do local do crime?
Figura 9:
Construindo a
investigação a
partir do grau
de dificuldade
das questões
levantadas. COLETA DE RELATO
Fonte: labSEAD- PROVAS DA VÍTIMA
UFSC (2019).
• Economicidade de recursos.
• Eficiência.
• Eficácia.
• Efetividade.
Saiba mais
A caracterização dos padrões de crime que permitem a
identificação real da prática são encontrados no Art. 29 do
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
del2848compilado.htm
CONTEXTUALIZANDO...
Após a definição da tipologia do crime a ser apurado e da
especificação dos critérios de investigação, a equipe deve
partir para o planejamento das ações investigatórias. Em
boa parte, a objetividade, economicidade, eficiência, eficácia
e efetividade da investigação de estupro dependem da
dedicação da equipe ao planejamento da investigação.
Fontes de
Identificar as fontes de cada item de informação.
informações
VALIDAÇÃO DA MATRIZ DE
PLANEJAMENTO
Depois de elaborada, a matriz de planejamento deve ser
validada pela equipe de investigação para que críticas
e sugestões sejam levantadas e colaborem para seu
aperfeiçoamento.
O objetivo específico da validação se faz por quatro aspectos,
são eles:
Figura 11:
Elementos que
compõem o plano
de investigação.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
WHAT WHY
O que será feito. Por que será feito.
Corresponde às Corresponde à
etapas da execução.
justificativa.
WHO
Por quem será feito. 5W WHERE
Onde será feito.
Corresponde ao Corresponde ao
responsável pela local de execução.
Figura 12: Os 5W execução.
do método. Fonte:
labSEAD-UFSC WHEN
(2019).
Quando será feito.
Corresponde ao
tempo de execução.
CONHECIMENTO
AVALIÇÃO
Figura 14: Cuidados
que devem
DOS RISCOS
estar presentes
no processo GESTÃO DOS
de pesquisa e
avaliação de provas. RISCOS
Fonte: Shutterstock
(2019), adaptado
por labSEAD-UFSC
(2019).
Palavra do Especialista
“A ideia revolucionária que define a fronteira entre os tempos
modernos e o passado é o domínio do risco: a noção que o
futuro é mais que um capricho dos deuses e de que homens
Risco humano
Neste tipo de risco estão relacionados três aspectos que o
caracterizam, como vemos na figura a seguir.
Risco de processo
Esta categoria de risco diz respeito à formalidade de
procedimentos, à conformidade legal e ao controle das ações.
Risco tecnológico
Atualmente, o avanço da tecnologia da informação (TI) e
da comunicação facilita o desenvolvimento operacional da
investigação. Nesse sentido, o risco tecnológico diz respeito aos
equipamentos, sistemas de TI e confiabilidade da informação.
CONTEXTUALIZANDO...
Desde o início do curso, utilizamos o termo evidências. Mas,
afinal, o que é a evidência?
O QUE É EVIDÊNCIA
De uma forma geral, encontramos nos dicionários a
informação de que evidência se refere à qualidade ou ao
caráter do que está evidente, não deixando margem para
a dúvida; ou, ainda, que a evidência é tudo aquilo que pode
ser usado para provar que uma determinada afirmação é
verdadeira ou falsa.
QUALIDADE DA EVIDÊNCIA
O exame criterioso e a avaliação das evidências darão
confiabilidade ao resultado da investigação. E, nesse sentido, as
evidências precisam estar amparadas por alguns requisitos que
lhe garantam qualidade, conforme destacado na figura a seguir.
Figura 19:
Requisitos que
garantem qualidade
à evidência. Fonte:
labSEAD-UFSC
(2019).