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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA SERRA GAÚCHA

CENTRO DE TECNOLOGIA E INOVAÇÃO


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

MATEUS FORMOLO

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ACÚSTICO DE UM PROTÓTIPO MODULAR


CONSTRUÍDO COM SISTEMA WOOD FRAME

Caxias do Sul
2019
MATEUS FORMOLO

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ACÚSTICO DE UM PROTÓTIPO MODULAR


CONSTRUÍDO COM SISTEMA WOOD FRAME

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso


de Engenharia Civil do Centro Universitário da
Serra Gaúcha, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Engenheira Civil.

Orientador: Prof. Dr. Sergio Pastor Ontiveros Pérez.

Caxias do Sul
2019
MATEUS FORMOLO

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ACÚSTICO DE UM PROTÓTIPO MODULAR


CONSTRUÍDO COM SISTEMA WOOD FRAME

Este Trabalho de Conclusão foi julgado


adequado como pré-requisito para a obtenção
do título de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado
em sua forma final pelo Professor Orientador e
pelo Coordenador da disciplina: Trabalho de
Conclusão de Curso do Centro Universitário da
Serra Gaúcha.

Caxias do Sul, dezembro de 2019.

Prof. Sergio Pastor Ontiveros Pérez


Dr. pela UFRGS
Orientador

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Andrea Ucker Timm (FSG)


Dr.ª pela UFSM

Prof.ª Luciane Calabria (FSG)


Dr.ª pela UFRGS

Prof. Sergio Pastor Ontiveros Pérez (FSG)


Dr. pela UFRGS
Dedico aos meus pais, sou grato por todo o
amparo que recebi durante essa trajetória.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus.
Agradeço à minha família por todo apoio prestado durante todos os momentos da
minha vida, por me ensinar a enxergar a vida com outros olhos.
Agradeço aos meus amigos que, de alguma forma, fizeram parte da minha trajetória.
Referencio o meu orientador Sergio, por se disponibilizar a me auxiliar durante todo
o desenvolvimento deste estudo.
Agradeço a todos os meus professores que fizeram parte da minha formação e pelos
quais tenho profundo respeito e admiração.
“O corpo muda a mente,
A mente muda o comportamento,
E o comportamento, muda o nosso destino!” (Saulo Arruda).
RESUMO

Sendo a sustentabilidade um dos fatores que aumenta a busca por novas implementações para
modernizar o setor da construção civil, visto que sistemas pré-fabricados tem como fator
principal elevar os níveis de racionalização construtiva, ou seja, reduzir os desperdícios e os
custos, o sistema wood frame está inserido nessas características. Algumas bibliografias
apontam que os efeitos da poluição sonora vem sendo cada vez mais prejudiciais ao meio
ambiente e a saúde humana, sendo que uma das medidas para atuar diretamente no problema é
através do condicionamento e isolamento acústico, afim de garantir o conforto do ambiente
conforme a sua finalidade. Com os objetivos de garantir um ambiente com condições audíveis,
o programa experimental consiste na construção de um protótipo modular em wood frame,
definidos por diferentes modelos com e sem preenchimento interno de material absorvente, no
qual foram submetidos a testes de níveis de pressão sonora e tempo de reverberação utilizando
quatro frequências sonoras com base no espectro vocal, afim de compará-los entre eles. Os
resultados obtidos neste estudo comprovam como os materiais absorventes influenciam no
desempenho acústico do ambiente.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Wood frame. Conforto acústico.


ABSTRACT

As sustainability is one of the factors that increases the search for new implementations to
modernize the construction sector, since prefabricated systems have as main factor raising the
levels of constructive rationalization, that is, reducing waste and costs, the system wood frame
is inserted in these characteristics. Some bibliographies point out that the effects of noise
pollution have been increasingly harmful to the environment and human health, and one of the
measures to act directly on the problem is through conditioning and acoustic isolation, in order
to ensure the comfort of the environment according to its purpose. In order to ensure an
environment with audible conditions, the experimental program consists of the construction of
a modular wood frame prototype, defined by different models with and without internal filling
of absorbent material, which were subjected to sound pressure levels and reverberation time
using four sound frequencies based on the vocal spectrum in order to compare them between
them. The results obtained in this study prove how absorbent materials influence the acoustic
performance of the environment.

Keywords: Sustainability. Wood frame. Acoustic comfort.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Resultados da isolação sonora ................................................................................. 20


Figura 2 – Sistema Massa-Mola-Massa ................................................................................... 26
Figura 3 – Incidência do som na parede ................................................................................... 28
Figura 4 – Câmara anecoica – pirâmides de base retangular ................................................... 36
Figura 5 – Câmara reverberante – superfícies lisas .................................................................. 36
Figura 6 – Montagem da estrutura da parede em wood frame ................................................. 39
Figura 7 – Protótipo modular em wood frame.......................................................................... 40
Figura 8 – Planta baixa do protótipo modular .......................................................................... 40
Figura 9 – Vista frontal do protótipo modular.......................................................................... 41
Figura 10 – Corte A-A do protótipo modular ........................................................................... 41
Figura 11 – Corte B-B com forro do protótipo modular .......................................................... 42
Figura 12 – Corte B-B sem forro do protótipo modular ........................................................... 42
Figura 13 – Lã de PET .............................................................................................................. 43
Figura 14 – Isopor e papelão com formato côncavo utilizados para rebaixo superior ............. 44
Figura 15 – Dosímetro de ruído DOS-600 e suporte para microfone ...................................... 45
Figura 16 – Caixa de som JBL Flip 2 ....................................................................................... 45
Figura 17 – Locação dos equipamentos dentro do protótipo modular. .................................... 46
Figura 18 – Estrutura com e sem lã de PET ............................................................................. 47
Figura 19 – Estrutura com e sem lã de PET e rebaixo em papelão com formato côncavo ...... 47
Figura 20 – Estrutura com e sem lã de PET e rebaixo em isopor............................................. 47
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Valores do Índice de Redução Sonora para cada faixa de frequência................... 21


Gráfico 2 – Frequência (f) e período (T) .................................................................................. 23
Gráfico 3 – Curvas de ponderação em A, B, C e D .................................................................. 25
Gráfico 4 – Lei da massa (Isolamento (dB) x Frequência (Hz)) .............................................. 26
Gráfico 5 – Diferença do coeficiente de absorção conforme a frequência aplicada ................ 31
Gráfico 6 – Área de absorção do ar em ambientes com volumes diferentes ............................ 32
Gráfico 7 – Indicação da medição do tempo de reverberação .................................................. 34
Gráfico 8 – Tempo ótimo de reverberação (500 Hz)................................................................ 37
Gráfico 9 – Fator de correção para frequências diferentes de 500 Hz ..................................... 38
Gráfico 10 – Comparação entre a estrutura com e sem lã de PET ........................................... 50
Gráfico 11 – Comparação entre a estrutura com e sem lã de PET e rebaixo em isopor .......... 51
Gráfico 12 – Comparação entre a estrutura com e sem lã de PET e rebaixo em papelão com
formato côncavo ....................................................................................................................... 52
Gráfico 13 – Variação do nível de pressão sonora equivalente dos seis modelos na frequência
de 250 Hz .................................................................................................................................. 55
Gráfico 14 – Variação do nível de pressão sonora equivalente dos seis modelos na frequência
de 500 Hz .................................................................................................................................. 57
Gráfico 15 – Variação do nível de pressão sonora equivalente dos seis modelos na frequência
de 1000 Hz ................................................................................................................................ 59
Gráfico 16 – Variação do nível de pressão sonora equivalente dos seis modelos na frequência
de 2000 Hz ................................................................................................................................ 61
Gráfico 17 – Tempo de reverberação na frequência de 250 Hz da estrutura com lã de PET ... 62
Gráfico 18 – Tempo de reverberação na frequência de 250 Hz da estrutura sem lã de PET ... 62
Gráfico 19 – Tempo de reverberação na frequência de 500 Hz da estrutura com lã de PET ... 63
Gráfico 20 – Tempo de reverberação na frequência de 500 Hz da estrutura sem lã de PET ... 63
Gráfico 21 – Tempo de reverberação na frequência de 1000 Hz da estrutura com lã de PET . 64
Gráfico 22 – Tempo de reverberação na frequência de 1000 Hz da estrutura sem lã de PET . 64
Gráfico 23 – Tempo de reverberação na frequência de 2000 Hz da estrutura com lã de PET . 65
Gráfico 24 – Tempo de reverberação na frequência de 2000 Hz da estrutura sem lã de PET . 65
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Vantagens e desvantagens da técnica wood frame ................................................. 19


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Coeficiente de absorção sonora da lã de PET ......................................................... 43


Tabela 2 – Coeficiente de absorção sonora do isopor .............................................................. 43
Tabela 3 – Coeficiente de absorção sonora do papelão em formato côncavo .......................... 44
Tabela 4 – Nível de pressão sonora máximo em diferentes frequências .................................. 49
Tabela 5 – Dados de medição na frequência de 250 Hz ........................................................... 54
Tabela 6 – Dados de medição na frequência de 500 Hz ........................................................... 56
Tabela 7 – Dados de medição na frequência de 1000 Hz ......................................................... 58
Tabela 8 – Dados de medição na frequência de 2000 Hz ......................................................... 60
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 13

2 DIRETRIZES DA PESQUISA ........................................................................................ 15


2.1 QUESTÃO DE PESQUISA ............................................................................................ 15
2.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ......................................................................................... 15
2.2.1 Objetivo principal ....................................................................................................... 15
2.2.2 Objetivos secundários ................................................................................................. 15
2.3 HIPÓTESE ....................................................................................................................... 15
2.4 PRESSUPOSTOS ............................................................................................................ 16
2.5 LIMITAÇÕES ................................................................................................................. 16
2.6 DELIMITAÇÕES ............................................................................................................ 16
2.7 DELINEAMENTO .......................................................................................................... 16

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 17


3.1 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................... 17
3.2 MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................................................ 17
3.3 SISTEMA CONSTRUTIVO WOOD FRAME ................................................................ 18
3.3.1 Elementos construtivos ............................................................................................... 19
3.3.1.1 Eucalyptus grandis ..................................................................................................... 19
3.3.1.2 Lã de poliéster ............................................................................................................ 20
3.3.1.3 Oriented Strand Board (OSB) .................................................................................... 21
3.4 SOM E RUÍDOO ............................................................................................................. 22
3.4.1 Curvas de ponderação ................................................................................................ 24
3.5 COMPORTAMENTO ACÚSTICO DOS MATERIAIS ................................................ 25
3.5.1 Lei da massa................................................................................................................. 25
3.5.2 Sistema construtivo Massa – Mola – Massa.............................................................. 26
3.6 ISOLAMENTO ACÚSTICO........................................................................................... 27
3.7 CONDICIONAMENTO ACÚSTICO ............................................................................. 27
3.7.1 Absorção sonora .......................................................................................................... 28
3.7.2 Tempo de reverberação .............................................................................................. 33
3.7.2.1 Câmera anecoica e câmera reverberante .................................................................... 36
3.7.3 Tempo de reverberação ótimo ................................................................................... 37
4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................. 39
4.1 CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO ................................................................................. 39
4.2 MATERIAIS ABSORVENTES ...................................................................................... 42
4.3 EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO ................................................................................ 44
4.4 MÉTODOS ...................................................................................................................... 46

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................... 49
5.1 NÍVEL DE PRESSÃO SONORA MÁXIMO ................................................................. 49
5.2 NÍVEL DE PRESSÃO SONORO EQUIVALENTE ...................................................... 53
5.2.1 250hz ............................................................................................................................. 53
5.2.2 500hz ............................................................................................................................. 55
5.2.3 1000hz ........................................................................................................................... 57
5.2.4 2000hz ........................................................................................................................... 59
5.3 TEMPO DE REVERBERAÇÃO .................................................................................... 61

6 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 66

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 67

ANEXO A – CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO DOSÍMETRO DOS600 ................... 70


13

1 INTRODUÇÃO

A indústria de construção civil busca a implementação de novas estratégias para


modernizar o setor, no qual o emprego de sistemas pré-fabricados, sejam eles total ou parcial,
tem como fator principal elevar os níveis de racionalização construtiva. De fato, com os novos
modelos de eficiência sendo aplicados, comprometem menos a saúde do meio ambiente e
proporcionam uma construção mais sustentável.
A construção civil industrializada é um dos métodos mais utilizados por países
desenvolvidos como Canadá, Estados Unidos, Austrália e Alemanha, considerando o sistema
wood frame como um recurso que é industrializável e durável, o mesmo é composto por perfis
de madeira em conjunto com outros materiais que são utilizados para o aumento do conforto
acústico e térmico de obras gerais.
Aprimorar o sistema construtivo para reduzir os desperdícios e os custos, são fatores
que devem ser levados em conta e repassados para a cultura brasileira, sendo que o sistema
wood frame é ainda considerado novidade. Tido como de fácil utilização e um material
ecológico de baixo consumo de energia, os painéis em madeira tem a capacidade de ser
transformado em paredes, pisos e telhados.
Algumas bibliografias apontam que os efeitos da poluição sonora vem sendo cada
vez mais prejudiciais à saúde humana, sendo que a exposição aos ruídos gerados pela poluição
sonora, não devem ser tratados apenas como um incomodo, mas como um problema ambiental
e para a saúde humana. Uma forma de solucionar esse problema é através de isolamento
acústico, sendo que é possível considerar uma residência ideal, quando ela tem a capacidade de
proporcionar seis propriedades, tais como: conforto, eficiência, durabilidade, segurança,
resistência e sustentabilidade, porém, se faz necessário considerar outros aspectos quanto ao
desempenho de uma construção civil, afim de garantir o conforto acústico do ambiente
conforme a finalidade de uso.
O condicionamento acústico é aplicado para garantir um ambiente com condições
audíveis, portanto são aplicados dois fatores importantes, como: o tempo de reverberação e uma
geometria adequada para o ambiente. O sistema wood frame no contexto de condicionamento
vem evoluindo constantemente e pode ser formado por estruturas porosas que fornecem
diferentes níveis de absorção sonora, tendo importância para o conhecimento do tempo de
reverberação do ambiente.
O tempo de reverberação é um dos principais fatores utilizados para caracterizar
um ambiente sonoro, sendo o parâmetro acústico mais importante para avaliar o recinto ideal
14

para determinado tipo de uso, ou seja, o som reverberante transforma o lugar mais vibrante e
vivo. Os níveis de pressão sonora têm o intuito de determinar o grau de potência de uma onda
sonora e determinar a amplitude do som que é ouvida, garantindo um conforto ao ouvido
humano.
Para isso foram utilizados métodos empíricos para realização dos ensaios em
relação ao desempenho acústico de um protótipo modular construído pelo sistema wood frame
e comparado em diferentes situações, no qual será abordado nesse trabalho.
15

2 DIRETRIZES DA PESQUISA

As diretrizes para o desenvolvimento do trabalho estão descritas abaixo:

2.1 QUESTÃO DE PESQUISA

A questão definida para a pesquisa do presente estudo é: como o sistema construtivo


wood frame pode influenciar na qualidade do desempenho acústico dos ambientes internos?

2.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

Os objetivos da pesquisa estão classificados em principal e secundário, os quais são


descritos a seguir.

2.2.1 Objetivo principal

O objetivo principal do trabalho é verificar por meio de um comparativo de


resultados, se os valores obtidos nos ensaios acústicos executados no protótipo modular
apresentam valores diferentes devido aos materiais absorventes utilizados.

2.2.2 Objetivos secundários

Os objetivos secundários desta pesquisa são:


a) Definir os mecanismos de vedação utilizados no isolamento acústico;
b) Avaliar e comparar o tempo de reverberação e os níveis de pressão sonora
de um protótipo modular utilizando um sistema de vedação em wood frame,
nas condições de uso com e sem lã de poliéster no preenchimento interno
da estrutura.

2.3 HIPÓTESE

O trabalho tem como hipótese a de que o sistema construtivo wood frame obtenha
resultados satisfatórios quanto ao isolamento acústico, sendo que quando submetidos a
diferentes materiais absorventes podem haver variações no desempenho.
16

2.4 PRESSUPOSTOS

A empresa Cometa, sediada na cidade de Caxias do Sul, atua no mercado há 43


anos, tendo experiência na fabricação de elementos em madeira colada com tecnologia e
métodos inovadores para atender o mercado de arquitetura modular. A madeireira
disponibilizou-se a fornecer o material utilizado no sistema wood frame para a avaliação de
desempenho. Dado isso, parte-se do pressuposto de que a empresa segue todos os padrões
estabelecidos para valorizar os recursos naturais em conjunto com a otimização de tempo.

2.5 LIMITAÇÕES

Os testes foram realizados em um protótipo de pequena escala por meio de


equipamentos com baixa precisão, devido a disponibilidade de recursos e o curto espaço de
tempo para o desenvolvimento da pesquisa em questão, o que fez com que os seus resultados
ficassem limitados. É importante salientar que seria de grande valia que os testes fossem
repetidos utilizando um sonômetro.

2.6 DELIMITAÇÕES

Este estudo está limitado a testes com o objetivo de verificar o tempo de


reverberação e os níveis de pressão sonora de uma estrutura modular construído pelo sistema
wood frame, no qual será comparado com dois modelos diferentes, sendo eles: nas condições
de uso com e sem material absorvente.

2.7 DELINEAMENTO

O trabalho de conclusão de curso foi realizado conforme delineado a seguir:


a) Pesquisa bibliográfica;
b) Construção do protótipo em wood frame;
c) Realização de ensaios;
d) Análise e comparação dos resultados;
e) Conclusão e referências bibliográficas.
17

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Uma construção sustentável é a combinação de uma proposta de projeto e


construção que utilize materiais e métodos eficientes, tendo como o principal objetivo não
comprometer a saúde do meio ambiente.
As atividades humanas tem proporcionado nos últimos tempos níveis críticos de
poluentes atmosféricos, segundo Souza (2010) a sustentabilidade é composta por um conceito
sistêmico, onde possui relação com os aspectos sociais, econômicos, culturais e ambientais, no
qual abrange as necessidades de preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais.
O desenvolvimento sustentável é um processo que busca a introdução de novos
modelos de eficiência e o rompimento do atual sistema de construção convencional, assim
sendo o planejamento de uma obra sustentável é de suma importância, pois assim os
desperdícios em obras são evitados e novas técnicas construtivas que consomem menos
energias e que são oriundas de fontes renováveis são aplicadas. (ZANGALLI JUNIOR, 2013).

3.2 MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A madeira é considerada um produto natural, sustentável e oriundo de uma fonte


renovável, quando extraídas de uma origem não predatória. Considerada mediante a sociedade
um produto ecologicamente correto em relação a outros materiais como metais, plásticos,
compostos de cimentos e outros que, ao serem produzidos, provocam impactos ambientais.
(ZENID, 2009).
Além de oferecer desempenho térmico e acústico, a madeira é um material de fácil
trabalhabilidade e elevada relação entre a resistência e seu peso próprio, logo é considerada
competitiva no mercado quando utilizada da maneira correta. Com a facilidade de tratar a
madeira como um elemento industrializado, garante maior facilidade quanto ao transporte e
posterior montagem no canteiro de obras. De uma maneira geral, com a ampliação da
tecnologia, novos produtos e métodos vem sendo utilizados junto com a combinação de outros
materiais, correlacionados ao benefício ambiental. (MOLINA; CALIL JUNIOR, 2010).
18

3.3 SISTEMA CONSTRUTIVO WOOD FRAME

Os sistemas construtivos que utilizam técnicas diferenciadas, aliadas a rapidez,


resistência e principalmente a sustentabilidade, vem ganhando espaço no mercado do Brasil.
Sendo assim o sistema construtivo em wood frame é considerado leve, estruturado e que permite
a utilização de outros materiais para dar suporte no desempenho, além de ser de rápida
montagem, o sistema tem comportamento estrutural em resistência, acústico e conforto térmico
superior ao sistema de alvenaria estrutural. (MOLINA; CALIL JUNIOR, 2010).
Para Silva et al. (2016) a principal característica deste sistema é a combinação do
conjunto de materiais utilizados, no qual é composto por uma estrutura de perfis leves de
madeira de reflorestamento, ligadas entre elementos com placas estruturais de derivados de
madeira como OSB, compensados navais, dentre outros, que quando trabalham juntos geram
maior rigidez e sustentação a edificação.
As construções industrializadas garantem reduzir mais da metade do tempo de
construção, além de ser uma obra limpa, sem desperdícios e com baixa geração de entulhos.
Balen, Pansera e Zanardo (2016), defendem a ideia que é preciso mudar a cultura de
padronização das construções, sendo que o wood frame permite qualquer tipo de projeto, no
qual possui apenas uma limitação para construções maiores que cinco pavimentos.
O desconhecimento em relação a madeira no Brasil, sendo um dos materiais mais
antigos da construção, leva a informação que se trata de um elemento que agride o meio
ambiente. Porém em países mais desenvolvidos como Canadá, EUA, Austrália e Alemanha,
sistemas em wood frame são amplamente utilizados, por exemplo, a tecnologia que é utilizada
pelos alemães, proporciona a construção de casas com mais de 200 metros quadrados em 60
dias, sendo que é preciso apenas um dia para montagem. (MOLINA; CALIL JUNIOR, 2010).
19

Quadro 1 - Vantagens e desvantagens da técnica wood frame

VANTAGENS DESVANTAGENS
Obra seca e limpa gera menos resíduos Mão de obra especializada
Pré-construção em ambiente industrializado Altura das edificações de no máximo 5
reduz tempo da obra pavimentos
Utiliza madeira de reflorestamento, única
Baixa oferta de mão de obra especializada
matéria prima renovável na construção civil;
Sustentabilidade, rapidez e limpeza da obra,
Baixa oferta de ferramentas específicas
durabilidade e eficiência das construções
Resistência do mercado à mudança
Estabilidade do preço da matéria prima
(preconceito da sociedade)
Flexibilidade de projeto
Conforto e resistência
Fonte: Souza (2012, p. 13).

3.3.1 Elementos construtivos

Com a evolução na indústria da construção civil, novos métodos são estudados e


desenvolvidos, acompanhando a necessidade constante de inovação que o setor proporciona.
Abaixo são citados os materiais que constituem o sistema wood frame estudado.

3.3.1.1 Eucalyptus grandis

Tratando-se de uma espécie com maior produção no Brasil e no mundo, o


Eucalyptus grandis tem como característica de ser um material versátil e de utilidades múltiplas.
O Brasil é detentor da maior área de floresta plantada, e é valorizado pelo fato de estar evoluindo
quanto ao desenvolvimento científico do gênero. Quando requer maior produção de madeira
por hectare, se utiliza como base os fatores dendrométricos, porém para o produto garantir
qualidade para a indústria de celulose e para a indústria energética, o fator que é utilizado é
através da massa específica. (HASELEIN et al., 2004).
Segundo Brito et al. (2006), com um crescente interesse para o uso da madeira
Eucalyptus grandis para fins estruturais, proporciona a identificação de diversos aspectos
técnicos ligados à sua qualidade, por consequência uma atuação em melhorias. O autor afirma
que a madeira é considerada de elevada retratibilidade, no qual pode ser considerada negativa
para tipos de usos, sendo assim faz-se necessário o uso de métodos para minimizar tal questão.
20

3.3.1.2 Lã de poliéster

Os materiais porosos fibrosos quando utilizados da maneira correta e aliada com


sistemas ressonantes, possuem características de obter absorção sonora. Segundo Garai e
Pompoli (2005) a fibra de poliéster é um material de uma classe de inovação que rapidamente
se tornou um material utilizado para absorção sonora, atualmente se tratando de
sustentabilidade e suas condições de aplicação, quando avaliado em relação a saúde humana,
vem sendo mais utilizado que materiais com características semelhantes como a lã de vidro e a
lã de rocha.
Fabricada a partir de garrafas PET's é também conhecida por lã de PET, com
elevada vida útil é muito utilizado para isolamento térmico e acústico nas paredes de construção
a seco. Com característica de promover a absorção de ruídos e potencializar o desempenho
acústico interno, o produto é disponível em mantas ou painéis, logo possui capacidade de ser
um material flexível e macio, facilitando o manuseio. (TRISOFT, 2017).
O isolamento de ruídos entre ambientes pode superar o desempenho de uma
alvenaria convencional, segundo Trisoft (2017) foi realizado a comparação do Índice de
Redução Sonora Ponderado (Rw) entre uma parede de concreto com 48mm de espessura, uma
parede de tijolo cerâmico, um sistema drywall de 48mm de espessura sem preenchimento
interno e a aplicação de três camadas de espessura de manta de lã de pet em um sistema drywall
de 48mm de espessura.

Figura 1 – Resultados da isolação sonora

Fonte: Trisoft (2017, p. 198, adaptado).


21

Gráfico 1 – Valores do Índice de Redução Sonora para cada faixa de frequência

Fonte: Trisoft (2017, p. 198).

3.3.1.3 Oriented Strand Board (OSB)

As chapas 'OSB' formadas por partículas estruturais teve início no Brasil no ano de
2012, sendo considerado um material com boas características estruturais de estabilidade e
resistência mecânica, é considerado um elemento melhor que o compensado de madeira pelo
fato de utilizar toras de qualidade inferior e baixo valor comercial em sua produção, quando
produzidas são incorporados em sua composição resina a prova d'agua e parafina, sendo que a
sua geometria é formada por camadas cruzadas que são consolidadas e prensadas em alta
temperatura. (IWAKIRI; MENDES; SALDANHA, 2002).
22

Se tratando de um sistema em wood frame, segue alguns padrões conforme cita


Datec (2017):

As chapas de OSB estrutural (classe 2) com espessura de 9,5mm localizadas nas faces
externas das paredes exercem função de contraventamento, exceto aquelas existentes
em áreas molhadas. As chapas recebem tratamento contra o ataque de cupins, porém
não apresentam resistência a fungos emboloradores/apodrecedores. O índice de
umidade das mesmas deve ser de no mínimo 2% e no máximo de 12%, verificado
conforme método de ensaio disposto na norma DIN EN 300.

3.4 SOM E RUÍDOO

O som é tudo que é captado pelo sentido auditivo, são vibrações das partículas do
ar que se propagam no meio elástico com uma determinada frequência, já o ruído é um conjunto
de sons ou frequências indesejáveis ao nosso ouvido. Existem diversos efeitos prejudiciais à
saúde que os ruídos geram, como: em níveis elevados, podem causar danos fisiológicos,
psicológicos e mecânicos. (BISTAFA, 2011).
Tendo em vista que o ruído é considerado um som indesejável, Bistafa (2011)
destaca o julgamento da utilidade do som, sendo que depende do contexto em que está inserido,
ou seja, uma percepção subjetiva do que é indesejável.
Frequência é definida pelo número de oscilações de onda, que em um intervalo de
tempo de maior e menor, oscila de pressão e depressão, sendo representada pela expressão em
Hertz (Hz), que equivale a um segundo, ou seja, quando uma onda vibra a 10Hz, significa que
ela oscila 10 vezes por segundo. (CARVALHO, 2010). O gráfico evidência a frequência.
23

Gráfico 2 – Frequência (f) e período (T)

Fonte: Carvalho (2010, p. 26).

Para Murgel (2007) existem diversos parâmetros que podem interferir na


propagação do som, em locais onde o ar não é totalmente elástico é possível obter a condição
ideal de propagação sonora, ocorrendo perda de energia na transmissão do ruído aéreo.
Conforme as condições meteorológicas (temperatura, umidade relativa do ar e ventos) e a
frequência do som, o ruído aéreo pode variar, quanto mais alta a frequência maior é o ruído
gerado, sendo que ao atingir longas distâncias da fonte, só são audíveis na baixa frequência os
sons mais graves.
Com início na fonte, a propagação do som se espalha em todas as direções, o sentido
de maior concentração de energia determina o seu direcionamento, através de um meio qualquer
como: sólido, líquido e gasoso, o som se propaga, porém não no vácuo. (CARVALHO, 2010).
Segundo Carvalho (2010) o decibel equivale a uma décima parte de um bel, que é
a unidade de intensidade física em relação ao som, para medir o ruído aéreo se utiliza o decibel
(dB). Para Bistafa (2011) um decibel é a variação mínima que o sistema audível pode detectar,
sendo usado para comparar os ruídos de proporções semelhantes à potência. Para determinar o
nível de intensidade sonora, define-se que a intensidade sonora é ligada proporcionalmente à
potência sonora.
24

A adição de níveis sonoros em decibéis é realizada através de um processo de


sintetização, ou seja, a partir dos níveis de pressão sonora das bandas estreitas contidas na banda
larga é possível calcular o nível da pressão sonora equivalente. (BISTAFA, 2011).
A equação abaixo é utilizada para “somar” níveis de pressão sonora, em decibéis.

𝑁
𝐿𝑝𝑖
𝐿𝑝 = 10 log ( ∑ 10( 10 ) ) (1)
𝑖=1

Onde:
• 𝐿𝑝 é o nível da pressão sonora da banda larga;
• 𝑁 é o número de bandas estreitas contidas na banda larga;
• 𝐿𝑝𝑖 é o nível de pressão sonora da 𝑖-ésima banda estreita;

3.4.1 Curvas de ponderação

O ouvido humano não é sensível ao som em todo espectro de frequências, portanto


quando é exposto a ruídos com a mesma intensidade, sendo que em frequências diferentes, o
mesmo terá diferentes percepções para cada frequência. Definimos a baixa frequência como
um som menos perceptível que a alta frequência.
As curvas foram designadas para que os níveis sonoros captados pelos medidores
fossem calibrados para assemelharem-se ao ouvido humano, garantindo uma mesma percepção,
com isso as curvas foram nomeadas pelas letras A, B, C e D. (BISTAFA, 2011).
Conforme o gráfico abaixo é possível verificar os comportamentos das curvas,
indicando que a curva A é a que melhor se adapta ao ouvido humano.
25

Gráfico 3 – Curvas de ponderação em A, B, C e D

Fonte: Bistafa (2010, p. 91).

3.5 COMPORTAMENTO ACÚSTICO DOS MATERIAIS

Assim que uma onda sonora incide em uma superfície, ocorre quatro situações
distintas, sendo que uma parte do som é transmitida, parte é propagada pelo material, parte é
absorvida pela superfície e o restante é refletido para a origem que se encontra a fonte sonora.
O material tem a capacidade de transformar as ondas sonoras em energia térmica, assim
conclui-se que o material que retém maior energia é considerado de boa absorção sonora.
(CARVALHO, 2010)

3.5.1 Lei da massa

Segundo Luca (2015), quanto maior a densidade da parede, melhor será o seu
desempenho acústico, pelo fato de que o peso dificultará a vibração da parede.
Ao se deparar com a falta de informações em relação ao índice de isolamento
acústico, faz-se necessário adotar a lei da massa, que no caso é obtida de forma empírica e após
confirmada pela teoria. O isolamento acústico é calculado através da densidade superficial, no
entanto é possível verificar no gráfico que o material ao ser duplicado não resulta o dobro de
isolamento, mas sim um acréscimo de 6db. (CARVALHO, 2010).
26

Gráfico 4 – Lei da massa (Isolamento (dB) x Frequência (Hz))

Fonte: Carvalho (2010, p. 60).

3.5.2 Sistema construtivo Massa – Mola – Massa

Para Simões (2011), as paredes duplas são construídas com um espaçamento entre
elas, sendo que seu interior pode ser preenchido com material absorvente ou então deixado
vago, quanto maior o espaçamento entre as superfícies maior será a absorção da pressão sonora.
Portanto, recomenda-se a utilização de diferentes espessuras e materiais para que a estrutura
não sofra excitações.
O fato de haver uma fricção entre a onda sonora e o vão vazio, faz com que o sistema
se torne eficiente, essa fricção converte boa parte da energia sonora em calor, ocorrendo a perda
de intensidade de energia sonora através dos materiais absorventes ou do ar, e por consequência
resulta em um aumento da isolação. (LUCA, 2015).

Figura 2 – Sistema Massa-Mola-Massa

Fonte: Luca (2015, p. 9).


27

Conforme explica Gagliardo e Mascia (2010), uma estrutura com sistema massa-
mola-massa é considerada uma estrutura do tipo sanduíche, no qual consiste em duas placas de
material resistente, alternadas por um material de menor resistência e baixa densidade em seu
interior. A resistência dessa estrutura a flexão, em algumas condições, é considerada maior que
uma estrutura maciça.

3.6 ISOLAMENTO ACÚSTICO

Para Miguel e Tamagna (2007) a isolação do som é basicamente não deixar o som
passar de fora para dentro e nem de dentro para fora de um ambiente. O isolamento acústico é
indicado na NBR 12.179, onde afirma que o isolamento "compreende a proteção contra ruídos
ou sons aéreos e ruídos ou sons de impacto". (ABNT, 1992).
Conforme cita Costa (2003), a transmissão sonora de um ambiente para outro, se
dá por meio de 3 caminhos diferentes, como veremos abaixo.

1. Através do ar, nas janelas, nas grades de ventilação, nas frestas, etc.
2. Através das canalizações e da estrutura da construção, por consequência de
que certas vibrações transmitem e afetam a utilização do ambiente para
atividades especificas.
3. Através das superfícies limítrofes do meio fechado.

Para Bistafa (2011), os materiais que possuem características densas e reflexivas, e


também com propriedades estruturais, é considerado um isolante acústico, que impede que o
ruído de um ambiente se transmita para outro ambiente.
Segundo a parte 4 da NBR 15.575, no qual “apresenta os requisitos e critérios para
a verificação do isolamento acústico entre o meio externo e o interno, entre unidades autônomas
e entre dependências de uma unidade e áreas comuns.”. Avalia o tipo de métodos que são
disponíveis para verificação e os parâmetros para níveis de desempenho mínimo.

3.7 CONDICIONAMENTO ACÚSTICO

Carvalho (2010) afirma que condicionamento acústico é garantir ao ambiente as


melhores condições audíveis internas, para isso é preciso adotar duas providencias necessárias:
garantir um tempo de reverberação adequado, atuando em relação as absorções acústicas
28

internas e adequar a forma de distribuição do ambiente, através de superfícies refletoras,


mantendo assim uma apropriada geometria para o ambiente.
Segundo Miguel e Tamagna (2007) deve-se promover frequências adequadas com
base no ambiente utilizado, para que assim crie uma sonoridade agradável dentro do ambiente
e mantenha o controle dos parâmetros de reverberação.
O condicionamento acústico é abordado na NBR 12.179, indicando que o
condicionamento é um "processo pelo qual se procura garantir em um recinto o tempo ótimo
de reverberação e, se for o caso, também a boa distribuição do som." (ABNT, 1992).
Para controlar o tempo de reverberação de um ambiente, faz-se necessário a
utilidade da absorção sonora, porém a sua aplicação implica em uma baixa redução de ruído
em um ambiente, ocorrendo pouca perda de decibéis. O autor cita que "o conforto acústico
gerado com o aumento da absorção normalmente dá a impressão de que os níveis sonoros foram
reduzidos mais do que as medições objetivas revelam.". De fato, não se deve focar na absorção
sonora como uma principal medida de diminuição do ruído, principalmente quando elevado.
(BISTAFA, 2011).

3.7.1 Absorção sonora

Para Costa (2003), toda onda sonora que atinge uma superfície sólida, perde energia
por causa da viscosidade do ar e é transformado em calor, levando em consideração o tipo de
material. De fato, os materiais formados por estruturas porosas como madeira, plásticos
porosos, feltros, tecidos dentre outros, fornecem um coeficiente de absorção maior.

Figura 3 – Incidência do som na parede

Fonte: Bistafa (2011, p. 243, adaptado).


29

Conforme indica a Figura 3, Bistafa (2011) destaca que uma parte do som que bate
na superfície sólida é refletida e a outra parte é dívida em duas parcelas, que constitui em energia
sonora dissipada e transmitida pela parede. A medida do coeficiente de absorção sonora é
determinada pela equação abaixo:

Et + Ed
α= (2)
Ei

Onde:
• α é o coeficiente de absorção;
• Ed é a energia dissipada;
• Ei é o fluxo de energia incidente;
• Et é a energia transmitida;

Já o coeficiente de reflexão sonora é determinado através da expressão:

Er
ρ= (3)
Ei

Onde:
• ρ é o coeficiente de reflexão;
• Er é o fluxo de energia refletida;
• Ei é o fluxo de energia incidente;

Conforme as fórmulas de definição citadas acima, verifica-se que o coeficiente


apresenta um valor que varia entre 0 e 1, conforme o tipo de material utilizado. Sendo que para
uma superfície totalmente absorvente, α = 1 e ρ = 0; e para uma superfície totalmente reflexiva,
α = 0 e ρ = 1.
30

E o coeficiente de transmissão sonora é representado pela expressão:

Et
τ= (4)
Ei

Onde:
• τ é o coeficiente de transmissão;
• Et é a energia transmitida;
• Ei é o fluxo de energia incidente;

Parcela que é propagada no sentido oposto do som incidente, é resultado de uma


energia que se propaga no ar-livre ou em qualquer recinto, tendo em vista que quanto maior o
coeficiente de transmissão, menor será o isolamento. (BISTAFA, 2011).
Para efeito de cálculo da absorção total de uma superfície, é utilizada a expressão
dada em sabines métricos: (CARVALHO, 2010).

A = S. α (5)

Onde,
• A é a absorção total;
• S é a área da superfície (m²);
• 𝛼 é o coeficiente de absorção sonora;

Os ambientes não só possuem a absorção dos materiais da superfície, como também


a absorção de objetos (móveis, pessoas) e a absorção do ar. Para melhor entendimento a
absorção da área é definida em metros quadrados, onde a área é definida como a razão entre a
potência sonora absorvida por uma superfície ou objeto e a intensidade de incidência na
superfície ou objeto. (HOPKINS, 2007).
31

A absorção de objetos presentes em um determinado local, é definido pelo produto


do coeficiente de absorção do próprio objeto (Sabine) e a quantidade de objetos no ambiente.
Como mostra a equação abaixo: (COSTA, 2003).

Aobj = ni Ai (6)

Onde:
• Aobj é a absorção do objeto;
• Ai é a absorção dos objetos;
• ni é a quantidade de objetos;

Através do gráfico abaixo, conforme a frequência aplicada é possível analisar a


variação do coeficiente de absorção sonora dos materiais porosos, que estão instalados em
uma superfície sólida.

Gráfico 5 – Diferença do coeficiente de absorção conforme a frequência aplicada

Fonte: Bistafa (2011, p. 244).


32

A absorção do ar depende da frequência, humidade relativa, temperatura e da


pressão estática. Portanto a absorção do ar é calculada através da expressão: (BISTAFA, 2011).

Aar = 4mV (7)

Onde:
• Aar é a absorção do ar;
• V ó o volume do ar no espaço (m³);
• m é o coeficiente do ar (m−1 );

Segundo o gráfico abaixo, é possível analisar a absorção do ar em ambientes com


diferentes volumes.

Gráfico 6 – Área de absorção do ar em ambientes com volumes diferentes

Fonte: Hopkins (2007, p. 30, adaptado).


33

Para ambientes com absorção de superfícies, objetos e ar, o total da absorção é


definido pela expressão: (BISTAFA, 2011).

A = ∑ S. α + ∑ Aobj + ∑ Aar (8)

Onde:
• A é o total de absorção
• 𝑆. 𝛼 é a absorção das superfícies
• 𝐴𝑜𝑏𝑗 é a absorção dos objetos
• 𝐴𝑎𝑟 é a absorção do ar

3.7.2 Tempo de reverberação

A análise do tempo que o som residual permanece em um ambiente, é conhecida


por tempo de reverberação, no qual possui grande relevância na qualidade acústica de um
ambiente. Através de reflexões sucessivas do som pelas paredes é caracterizado como uma
permanência no ambiente, sendo que quando a reverberação é exagerada ocasiona
inteligibilidade e confusão, já para valores insuficientes o ambiente faz-se surdo. (COSTA,
2003).
Segundo Costa (2003), “o tempo necessário, para que a intensidade energética de
um som puro de 512 Hz se reduza a um milionésimo de seu valor inicial (60 dB), a partir do
momento no qual a fonte cessa de emiti-lo”, caracteriza o tempo de reverberação de um
ambiente, pelo fato da linha limite de audibilidade ser um milhão de vezes inferior a intensidade
energética média dos sons musicais e da palavra.
34

Gráfico 7 – Indicação da medição do tempo de reverberação

Fonte: Bistafa (2011, p. 259).

O fenômeno de reverberação detém propriedades estabelecidas diante de inúmeras


experiências realizadas, assim Costa (2003) afirma que:

• O tempo de reverberação de um ambiente é praticamente igual para todos


os pontos do mesmo (som perfeitamente difundido).
• O tempo de reverberação de um ambiente independe da posição da fonte
sonora.
• O efeito de uma superfície absorvente sobre o tempo de reverberação de um
determinado ambiente é independente da mesma.

Conforme afirma Bistafa (2011), o tempo de reverberação requer mais tempo para
cessar quando a absorção sonora do ambiente é menor, já para recintos com muita absorção
sonora o tempo é mais baixo, tendo uma relação entre absorção sonora e tempo de reverberação.
Em 1896 a fórmula de Sabine foi uma grande contribuição para relacionar tempo de
reverberação e absorção sonora, que considera a constante 0,161 a área de absorção sonora e o
volume do ambiente equivalente. O mesmo é dado pela seguinte equação: (MICHALSKI,
2011).
35

V
𝑇 = 0,161 (9)
∑A

Onde:
• T é o tempo de reverberação (s);
• V é o volume do recinto (m³);
• A é a área do recinto (m²);

Conforme descrito na NBR 12.179 (item 5.1.4.1), a fórmula de Sabine deve ser
utilizada quando o coeficiente médio de absorção for menor ou igual a 0,30. Já para coeficientes
maiores, utiliza-se para o cálculo do tempo de reverberação a fórmula de Eyring, dado pela
NBR 12.179.

0,161𝑉
𝑇= (10)
𝑆(−2,30𝑙𝑜𝑔10 (1 − 𝛼𝑚 ))

Onde:

• T é o tempo de reverberação (s);


• V é o volume do recinto (m³);
• S é a superfície total (m²);
• 𝛼𝑚 é o coeficiente médio ponderado de absorção sonora

A NBR 12.179, afirma que “O coeficiente médio ponderado de absorção sonora das
várias superfícies interiores do recinto e demais elementos absorventes nele contidos, do tipo
espectadores, cadeiras, mesas, etc.” É definida pela expressão abaixo: (CARVALHO, 2010)

∑ 𝑆𝑖 𝛼𝑖 (11)
𝛼𝑚 =
∑ 𝑆𝑖

Onde:
• 𝛼𝑚 é o coeficiente médio ponderado de absorção sonora
• 𝑆𝑖 são as superfícies;
• 𝛼𝑖 é o coeficiente de absorção
36

3.7.2.1 Câmera anecoica e câmera reverberante

Para Bistafa (2011) os recintos especiais chamados de câmera anecoica e câmera


reverberante, contribui para o fato da realização de testes específicos em laboratório, onde pode-
se afirmar que em uma câmera anecoica, as paredes são construídas para que toda a energia
sonora seja absorvida, ou seja, não ocorre a refletância do som, já para a câmera reverberante
são construídas superfícies para que o som seja refletido em seu máximo, fazendo com que gere
um campo difuso.
Conforme a figura abaixo, é possível analisarmos a diferença de comportamento do
som em relação aos dois modelos de câmeras.

Figura 4 – Câmara anecoica – pirâmides de base retangular

Fonte: Bistafa (2011, p. 264).

Figura 5 – Câmara reverberante – superfícies lisas

Fonte: Bistafa (2011, p. 264).


37

3.7.3 Tempo de reverberação ótimo

A NBR 12.179 define o tempo de reverberação como “considerado ótimo para um


determinado recinto e determinada atividade, e expresso em segundos.
Determinados recintos requerem a adequação do tempo de reverberação conforme
a sua utilidade, por exemplo, um tempo de reverberação considerado longo, não se adequa a
ambientes onde a fala é bastante utilizada, como salas de aula, teatros para drama e salas de
conferências, pois ao atingirmos tempos de reverberação longos a inteligibilidade da fala é
afetada, pelo motivo do som permanecer mais tempo no ambiente, por isso devem ser
projetados ambientes utilizados para fala, com o tempo de reverberação mais curto. Em outros
casos, como uma sala de concerto, deve-se adequar o tempo de reverberação em níveis mais
longos, com propósito de qualificar a música orquestral. (BISTAFA, 2011).
O gráfico abaixo indica tempos de reverberação recomendado em 500 Hz para cada
volume e tipo de ambiente.

Gráfico 8 – Tempo ótimo de reverberação (500 Hz)

Fonte: Carvalho (2010, p. 95).

Para buscar os tempos de reverberação adequados para demais frequências, o


cálculo tem como base a porcentagem do tempo de reverberação em 500 Hz, assim utiliza-se o
gráfico abaixo:
38

Gráfico 9 – Fator de correção para frequências diferentes de 500 Hz

Fonte: Carvalho (2010, p. 95).


39

4 MATERIAL E MÉTODOS

Com o propósito de abordar os efeitos da influência da utilização de material


absorvente sobre o desempenho acústico de uma estrutura em wood frame, neste capítulo serão
descritas as etapas dos estudos que se dividem entre: pesquisa bibliográfica, construção do
protótipo e ensaio experimental, objetivando comparar os resultados obtidos.
Visando alcançar os resultados esperados através dos materiais e métodos
utilizados, o programa experimental definiu-se pela construção de um protótipo modular que
foi submetido a dois diferentes tipos de estrutura utilizadas no sistema wood frame.
A metodologia utilizada para medir o tempo de reverberação e os níveis de pressão
sonora foi baseada em estudos empíricos, compreendido que as condições ideais de ruído de
fundo e reverberação podem variar em função da atividade exercida no ambiente, para isso foi
utilizado a caixa de som como fonte sonora.

4.1 CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO

O protótipo construído possui as dimensões de 0,73m x 0,60m x 1,03m, tendo área


de 0,438m² e volume interno de 0,148m³
Para a construção foram utilizados chapas de OSB de 0,015m de espessura e perfis
de madeira Eucalyptus grandis com dimensões de 0,85m x 0,50m.
Através da imagem é possível analisar a montagem da parede.

Figura 6 – Montagem da estrutura da parede em wood frame

Fonte: Arquivo pessoal (2019).


40

A construção das paredes do módulo foi executada na madeireira Cometa e


posteriormente transportadas para a residência do autor para conclusão da montagem e
realização dos testes acústicos, devido ao fato da estrutura pesar em torno de 40 kg/m².

Figura 7 – Protótipo modular em wood frame

Fonte: Arquivo pessoal (2019).

Para melhor entendimento da construção, abaixo é possível visualizar os desenhos


técnicos do protótipo executado, visto que os cortes B-B possuem duas formas de construção e
que serão exemplificadas posteriormente, no qual uma possui volume inferior a outra pelo fato
de haver um rebaixo interno com material absorvente.

Figura 8 – Planta baixa do protótipo modular

Fonte: Adaptado pelo autor


41

Figura 9 – Vista frontal do protótipo modular

Fonte: Adaptado pelo autor

Figura 10 – Corte A-A do protótipo modular

Fonte: Adaptado pelo autor


42

Figura 11 – Corte B-B com forro do protótipo modular

Fonte: Adaptado pelo autor

Figura 12 – Corte B-B sem forro do protótipo modular

Fonte: Adaptado pelo autor

A estrutura possui paredes de 12cm de espessura e é considerado um sistema massa-


mola-massa, que mantém uma distância entre as chapas de OSB de 9cm, assim criando um
espaço vazio no interior da estrutura. Para a realização dos testes foram analisados seis
diferentes modelos de estrutura, tendo como a principal comparação os modelos com e sem lã
de poliéster no preenchimento interno da estrutura.

4.2 MATERIAIS ABSORVENTES

A lã de PET utilizada possui espessura de 5cm e para realização dos testes foi
utilizada uma camada dupla, totalizando 10cm de material absorvente.
43

Figura 13 – Lã de PET

Fonte: Arquivo pessoal (2019).

A tabela abaixo mostra uma relação do coeficiente de absorção da lã de PET


conforme o nível de frequência atuante.

Tabela 1 – Coeficiente de absorção sonora da lã de PET


Coeficiente de Absorção da Lã de PET
250 Hz 500 Hz 1000 Hz 2000 Hz
0,38 0,6 0,76 0,79
Fonte: Klippel Filho (2017, p. 66, adaptado).

Não só a lã de PET como outros materiais podem ser utilizados como absorventes
sonoros, assim foram realizados testes com a utilização de um rebaixo de dentro do módulo, ou
seja, foi diminuído o volume interno com material de poliestireno expandido, também
conhecido como isopor e papelão com formato côncavo.
Qualquer tipo de material possui um coeficiente de absorção, sendo assim o papelão
e o isopor são considerados materiais de baixo coeficiente de absorção, porém quando utilizados
em diferentes geometrias podem aumentar a absorção sonora.
Observa-se na tabela abaixo uma relação do coeficiente de absorção do isopor
conforme o nível de frequência atuante.

Tabela 2 – Coeficiente de absorção sonora do isopor


Coeficiente de Absorção do Isopor
250 Hz 500 Hz 1000 Hz 2000 Hz
0,07 0,08 0,28 0,88
Fonte: Sikora e Turkiewicz (2010, adaptado).
44

Já para o coeficiente de absorção do papelão em formato côncavo, podemos


observar na tabela abaixo.

Tabela 3 – Coeficiente de absorção sonora do papelão em formato côncavo


Coeficiente de Absorção do Papelão em Formato Côncavo
250 Hz 500 Hz 1000 Hz 2000 Hz
0,07 0,44 0,61 0,48
Fonte: Corporation (1988, adaptado).

Os materiais utilizados para o fechamento são os mostrados na figura abaixo, visto


que foi utilizado fita adesiva branca e cola para fazer a união do papelão e garantir uma melhor
vedação.

Figura 14 – Isopor e papelão com formato côncavo utilizados para rebaixo superior

Fonte: Arquivo pessoal (2019).

4.3 EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO

Para as medições do tempo de reverberação e os níveis de pressão sonora foram


utilizados os seguintes equipamentos.

• Dosímetro de ruído DOS-600


• Caixa de som JBL Flip 2
• Suporte para microfone
• Software Microsoft Excel
• Software Run DOS600
45

Figura 15 – Dosímetro de ruído DOS-600 e suporte para microfone

Fonte: Arquivo pessoal (2019).

Figura 16 – Caixa de som JBL Flip 2

Fonte: Arquivo pessoal (2019).

Deve-se levar em consideração alguns itens essenciais para garantir qualidade no


resultado, portanto foram verificados os seguintes dados:

• O medidor deve estar calibrado conforme indica o fabricante.


• O dispositivo precisa estar ajustado as curvas de ponderação em A, na
condição de resposta rápida.
• Evitar a interferência de ruídos alheios que possam ocasionar falhas na
medição final.
• Realizar medições espaçadas de 1 segundo cada no interior.

Para a realização dos ensaios os equipamentos utilizados foram colocados conforme


o corte B-B apresentado na figura 11 e 12, onde indica a altura de 30cm que o microfone do
46

dosímetro ficou posicionado para captação da fonte sonora que se encontra na base da estrutura
e direcionando o som para o topo.
A imagem abaixo indica o posicionamento dos equipamentos.

Figura 17 – Locação dos equipamentos dentro do protótipo modular.

Fonte: Arquivo pessoal (2019).

4.4 MÉTODOS

Foram analisados seis diferentes modelos, sendo eles:

• Estrutura com lã de PET;


• Estrutura com lã de PET e rebaixo em papelão com formato côncavo;
• Estrutura com lã de PET e rebaixo em isopor;
• Estrutura sem lã de PET;
• Estrutura sem lã de PET e rebaixo em papelão com formato côncavo;
• Estrutura sem lã de PET e rebaixo em isopor.
47

Figura 18 – Estrutura com e sem lã de PET

Fonte: Arquivo pessoal (2019).

Figura 19 – Estrutura com e sem lã de PET e rebaixo em papelão com formato côncavo

Fonte: Arquivo pessoal (2019).

Figura 20 – Estrutura com e sem lã de PET e rebaixo em isopor

Fonte: Arquivo pessoal (2019).


48

Foram realizados testes em quatro frequências diferentes, sendo eles 250Hz, 500Hz,
1000 Hz e 2000 Hz. A definição das frequências foi baseada em relação aos sons médios que
variam de 200 Hz a 2000 Hz, visto que o espectro vocal está concentrado nas frequências de
125 Hz e 1000 Hz. Portanto, Bistafa (2011) afirma que “A altura de um som depende da
frequência. Quanto maior a frequência, mais agudo será o som e vice-versa. Podem ser
considerados graves os sons de frequência inferior a 200 Hz”.
Para cada frequência foi realizado a medição nos módulos exibidos acima,
totalizando vinte e quatro ensaios.
Com os respectivos equipamentos dentro do módulo e o topo fechado para
isolamento, ligou-se a fonte sonora através do sistema bluetooth e após 25 segundos a fonte
sonora foi desligada para iniciar o cálculo do tempo de reverberação.
Através do programa experimental descrito neste capítulo, foi possível a obtenção
dos resultados referentes ao nível de pressão sonora e tempo de reverberação, possibilitando
comparar os valores obtidos com cada material utilizado.
49

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os testes foram executados de forma empírica, para cada ensaio foram utilizados
quatro níveis de frequência, com isso os valores foram tabulados e comparados através de
gráficos.

5.1 NÍVEL DE PRESSÃO SONORA MÁXIMO

Em relação ao nível de pressão sonora, foram coletados os dados de maior pico para
cada frequência, como observado na tabela abaixo.

Tabela 4 – Nível de pressão sonora máximo em diferentes frequências

Com lã de Sem lã de Com lã de Sem lã de


Com lã de Sem lã de
Frequência PET + PET + PET + PET +
PET PET
Papelão Papelão Isopor Isopor

(Hz) (dB) (dB) (dB) (dB) (dB) (dB)


250 113,5 109,2 98,4 95,8 110,4 109,2
500 96 90,8 98,4 102 100,6 99,4
1000 110,1 107,2 94,2 93,2 107 108,2
2000 94,6 95,8 94,2 96,6 89,9 92,7
Fonte: Adaptado pelo autor
50

Gráfico 10 – Comparação entre a estrutura com e sem lã de PET

Fonte: Adaptado pelo autor

Para o primeiro ensaio, conforme o gráfico 10, onde foi verificado e comparado os
valores da estrutura com e sem lã de PET, percebe-se que a estrutura com lã de PET teve níveis
maiores de pressão sonora nas frequências de 250, 500 e 1000 Hz, visto que as superfícies lisas
sofreram uma maior refletância durante o teste, porém durante os ensaios foi perceptível ao
ouvido humano que a transmissão do som de dentro para fora foi superior na estrutura sem
preenchimento, tendo um menor isolamento sonoro. Já na frequência de 2000 Hz, a estrutura
com preenchimento obteve níveis de pressão sonora menores, certamente, esses valores
variaram pelo fato de que ocorreu uma maior dissipação do som quando utilizado uma
frequência maior.
51

Gráfico 11 – Comparação entre a estrutura com e sem lã de PET e rebaixo em isopor

Fonte: Adaptado pelo autor

No segundo ensaio, onde foi utilizado o rebaixo com material de isopor, o


comportamento foi similar ao primeiro ensaio, porém devido ao fato da utilização de outro
material absorvente simulando um forro interno, que no caso diminuiu o volume, ocorreu uma
maior absorção do som.
Percebe-se também que a lã de PET teve menos influência nos resultados quando
comparados ao primeiro ensaio, visto que apenas na frequência de 2000 Hz teve uma diferença
mais significante entre os níveis de pressão sonora.
52

Gráfico 12 – Comparação entre a estrutura com e sem lã de PET e rebaixo em papelão com
formato côncavo

Fonte: Adaptado pelo autor

Para o terceiro ensaio, no qual foi utilizado o rebaixo em papelão com formato
côncavo, percebe-se que o comportamento da estrutura na frequência de 500 Hz teve uma
reação diferente ao teste, visto que a estrutura sem lã de PET teve uma maior vibração sonora,
afim de que a sua frequência natural coincidiu com a frequência aplicada, ou seja, ocorreu uma
ressonância, e por consequência um aumento na amplitude sonora.
53

5.2 NÍVEL DE PRESSÃO SONORO EQUIVALENTE

Se tratando da utilização de um dosímetro como medição, o mesmo tem a restrição


de tabular valores até 60 dB, portanto quando analisado as tabelas 5, 6, 7 e 8 é visto que após o
desligamento da fonte sonora, a taxa de decaimento dos decibéis varia em média de três a cinco
decibéis por segundo, ou seja, se o nível de pressão sonora for maior no ambiente,
consequentemente o tempo de medição será maior.
Para cálculo do nível de pressão sonoro equivalente foi utilizado a equação (1), no
qual se refere a “adição” dos decibéis no recinto durante o ensaio acústico.

5.2.1 250hz

Em cada nível de frequência foi obtido valores referentes aos seis tipos de estrutura,
portanto em relação a frequência de 250 Hz, pode se observar que a estrutura com lã de PET
teve o maior nível de pressão sonora no ambiente interno, ou seja, atingiu o pico de 113,5 dB.
Visto que a estrutura sem lã de PET e com papelão em formato côncavo teve o menor nível de
pressão sonora, sendo o valor de 95,8 dB.
A tabela abaixo mostra os níveis de pressão sonora a cada um segundo durante a
realização dos testes.
54

Tabela 5 – Dados de medição na frequência de 250 Hz

Fonte: Adaptado pelo autor


55

Gráfico 13 – Variação do nível de pressão sonora equivalente dos seis modelos na frequência
de 250 Hz

Fonte: Adaptado pelo autor

Em relação ao nível de pressão sonora equivalente, percebe-se que a estrutura que


utilizou o rebaixo com papelão em formato côncavo obteve uma maior absorção sonora, isso
se deve ao fato de que a utilização de uma superfície com formato côncavo faz com que o
ambiente simule uma câmara semi-anecoica, ou seja, o som é absorvido pelo formato da
geometria do material.

5.2.2 500hz

Na frequência de 500 Hz, pode se observar que a estrutura com e sem lã de PET e
com papelão em formato côncavo obtiveram o mesmo nível de pressão sonora, ou seja, atingiu
o pico de 102 dB. Visto que a estrutura sem lã de PET teve o menor nível de pressão sonora,
sendo o valor de 90,8 dB.
A tabela abaixo mostra os níveis de pressão sonora a cada um segundo durante a
realização dos testes.
56

Tabela 6 – Dados de medição na frequência de 500 Hz

Fonte: Adaptado pelo autor


57

Gráfico 14 – Variação do nível de pressão sonora equivalente dos seis modelos na frequência
de 500 Hz

Fonte: Adaptado pelo autor

De acordo com o gráfico do nível de pressão sonora equivalente, percebe-se que a


variação dos valores obtidos na frequência de 500 Hz tem relação com a diminuição do volume
interno, visto que com e sem lã de PET o ambiente teve uma redução dos níveis de pressão
sonora.

5.2.3 1000hz

Em relação a frequência de 1000 Hz, pode se observar que a estrutura com lã de


PET teve o maior valor obtido de pressão sonora, ou seja, atingiu o pico de 110,1 dB. Visto que
a estrutura sem lã de PET e com papelão em formato côncavo teve o menor nível de pressão
sonora, sendo o valor de 93,2 dB.
A tabela abaixo mostra os níveis de pressão sonora a cada um segundo durante a
realização dos testes.
58

Tabela 7 – Dados de medição na frequência de 1000 Hz

Fonte: Adaptado pelo autor


59

Gráfico 15 – Variação do nível de pressão sonora equivalente dos seis modelos na frequência
de 1000 Hz

Fonte: Adaptado pelo autor

Da mesma forma que observado na análise da frequência de 250 Hz, a estrutura que
utilizou um rebaixo com papelão em formato côncavo, obteve uma maior absorção do som.
Porém em uma análise geral descobriu-se que os níveis de pressão sonora de todas estruturas
foram reduzidos em comparação aos testes em 250 Hz, pelo fato que com o aumento da
frequência sonora, os materiais absorventes obtiveram um melhor rendimento.

5.2.4 2000hz

Em relação a frequência de 2000 Hz, pode se observar que a estrutura sem lã de


PET e com papelão em formato côncavo teve o maior valor obtido de pressão sonora, ou seja,
atingiu o pico de 96,6 dB. Visto que a estrutura com lã de PET e com isopor teve o menor nível
de pressão sonora, sendo o valor de 89,9 dB.
A tabela abaixo mostra os níveis de pressão sonora a cada um segundo durante a
realização dos testes.
60

Tabela 8 – Dados de medição na frequência de 2000 Hz

Fonte: Adaptado pelo autor


61

Gráfico 16 – Variação do nível de pressão sonora equivalente dos seis modelos na frequência
de 2000 Hz

Fonte: Adaptado pelo autor

Certamente, esses valores variaram desta forma, pelo motivo que a estrutura com
lã de PET e isopor possui uma absorção em relação a frequência de 2000 Hz maior que os
demais, sendo assim ocorreu uma maior difusão do som.

5.3 TEMPO DE REVERBERAÇÃO

Segundo Costa (2003), “o tempo necessário, para que a intensidade energética de


um som puro de 512 Hz se reduza a um milionésimo de seu valor inicial (60 dB), a partir do
momento no qual a fonte cessa de emiti-lo”. A partir desse conceito, foram realizados os testes
para a definição do tempo de reverberação para cada frequência em cada estrutura.
Portanto, as tabelas 5, 6, 7 e 8 mostram o tempo que a fonte sonora foi iniciada,
desligada e o tempo que o som permaneceu no ambiente. Porém ao analisar os gráficos em
relação ao tempo de reverberação de cada modelo, temos a informação que todas variam da
mesma forma, ou seja, após o desligamento da fonte sonora o equipamento determina uma taxa
de decaimento de decibéis por segundo, sendo que a sua variação constante.
62

Dessa forma, a análise com o modelo experimental ficou limitada, por motivos do
tipo de equipamento utilizado, visto que não possui a precisão ideal para gerar os resultados.
Através dos gráficos abaixo, é possível visualizar o comportamento do som nas
quatro frequências ensaiadas.

Gráfico 17 – Tempo de reverberação na frequência de 250 Hz da estrutura com lã de PET

Fonte: Adaptado pelo autor

Gráfico 18 – Tempo de reverberação na frequência de 250 Hz da estrutura sem lã de PET

Fonte: Adaptado pelo autor


63

Gráfico 19 – Tempo de reverberação na frequência de 500 Hz da estrutura com lã de PET

Fonte: Adaptado pelo autor

Gráfico 20 – Tempo de reverberação na frequência de 500 Hz da estrutura sem lã de PET

Fonte: Adaptado pelo autor


64

Gráfico 21 – Tempo de reverberação na frequência de 1000 Hz da estrutura com lã de PET

Fonte: Adaptado pelo autor

Gráfico 22 – Tempo de reverberação na frequência de 1000 Hz da estrutura sem lã de PET

Fonte: Adaptado pelo autor


65

Gráfico 23 – Tempo de reverberação na frequência de 2000 Hz da estrutura com lã de PET

Fonte: Adaptado pelo autor

Gráfico 24 – Tempo de reverberação na frequência de 2000 Hz da estrutura sem lã de PET

Fonte: Adaptado pelo autor


66

6 CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos durantes os ensaios acústicos, verificou-se que os
objetivos foram alcançados, porém ocorreu uma limitação quanto aos resultados do tempo de
reverberação. As alterações previstas, adotadas como objetivo principal do trabalho em relação
ao tipo de material absorvente utilizado, obtiveram resultados satisfatórios durante o teste
experimental.
Ao conhecer o comportamento sonoro mediante as diferentes condições, percebe-
se que com a utilização de diferentes materiais absorventes na estrutura, a sua frequência de
vibração natural altera, portanto, conforme o nível de frequência que a fonte emissora aplica,
as estruturas tendem ao fenômeno de ressonância sonora, ou seja, a fonte emite um som igual
ou parecida com a vibração natural de um receptor, ocasionando assim uma amplitude sonora.
Outra questão de grande relevância a ser analisada, neste estudo, é o fato da
utilização de materiais em formato côncavo apresentarem valores de níveis de pressão sonora
mais baixos em determinadas frequências, visto que a sua geometria é projetada para conter
reflexões e transformar o ambiente em um campo livre.
É observável que a utilização de lã de PET como preenchimento no sistema massa-
mola-massa amortece mais quando a fonte emissora transmite frequências mais agudas, assim
seu modelo de fricção faz com que a energia sonora perca intensidade.
Esses resultados reforçam o quão importante é a utilização do material correto para
determinados ambientes. Se tratando do tempo de reverberação, se faz necessário uma analisa
do recinto e do tipo de atividade exercida, para que a estrutura seja projetada de forma a atender
o tempo ideal para cada ambiente.
67

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ANEXO A – Certificado de Calibração Dosímetro DOS600

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