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A nelídeos Poliquetos

da Costa Brasileira
Características e chave para famílias
Glossário

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A. Cecilia Z. Amara1
Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia - UNICAMP
Edmundo F. Nonato
Instituto Oceanográfico - USP

Características e chave para familias


Glossário

Desenhos: Toyomi Namto


Sumário

I. CARACTER~I'ICASE CHAVE PARA FAMÍUAS

CARACTERISTICAS DA CLASSE
Estrutura
Reproduçgo
Formas de vida
Abundância relativa
Interesse para o homem

HABITATS E MÉTODOS DE COLETA


Alguns habitats singulares

T E ~ I DE~ PRESER
S VAÇKO
Fixr~$o
Conservaçáo
Preparaçáo do Material para Estudo

METODOS DE CULTURA

CLASSIFICAç Ã o
Chave para Famílias

iL USTRAÇóÈS
Introdução

Os anelídeos poliquetos são animais prede gênese desses organismos.


minantemente marinhos e de vida livre. Um pe-
queno número de espécies habita a água salobre ou Ainda dignos de menção são os trabaihos de
doce; poucos são comensais ou parasitas. Em sua levantamento bibliográfico de Hartman (1951) que
maioria são bentõnicos, povoando desde a zona relaciona a literatura existe.nte até essa época e de
das marés, até as grandes profundidades oceânicas. Long (1969-1975) em contínua atualização e que
As espécies exclusivamente peligicas são represen- por estar baseado em princípios e recursos moder-
tadas em apenas seis famílias. nos (computação dos dados) oferece informações
detaihadas em áreas ou objetivos específicos, como
O grupo é importante sob vários aspectos. distribuição geogrifica e sinonímia.
Sob o ponto de vista do balanço energético, cons- Em relação aos poliquetos da costa brasilei-
titui fonte de alimento valiosa para muitos organis- ra, existem poucos trabalhos publicados. Entre OS
mos marinhos, inclusive peixes. Havendo conquis- mais antigos, são importantes os de Kinberg (1 910)
tado no mar a quase totalidade dos habitats, a pre- revistos por Hartrnan (1948), de Müiler (1858),
sença de determinadas espécies revela condições Hansen (l881), e Augener (1 93 1); Friedrich (1950)
peculiares, de outra forma dificilmente percepti- e Tebble (1960) estudaram a distribuição das espé-
veis. Essa qualidade faz dos poliquetos excelentes cies planctônicas no Atlântico Sul. Publicações
indicadores do grau de poluição de uma determina- mais recentes são de Nonato (1958, 1%3, 1%5,
da área. Trabaihos recentes, entre os quais os de 1966 a, b, 1973, no prelo), Mangum (1 966), Nona-
Pérès (1976) e Reish (1979), têm evidenciado a to & Luna (1970 a, b), Zibrowius (1970), Oren-
possibilidade de utilizá-los para essa finalidade. sanz & Gianuca (1974), Fauchald (1976), Amaral
(1977-1980), Rullier & Amoureux (1979) e Mor-
Sua taxonomia é bastante complexa, em d o gado & Amaral (no prelo).
corrência do grande número de espécies e da diver-
sidade de formas. Resenhas ainda atuais e extrema- O difícil acesso à literatura antiga, o número
mente úteis são o "Catalogue of the Polychaetous relativamente grande de novas espécies, bem como
Annelids of the World", Hartman (1 959-1965), e os a importância do assunto, nos convenceram da ne-
atlas dos poliquetos da Califórnia, publicados em cessidade de efetuar um levantamento completo e
1968 e 1969. Monografias sobre faunas de áreas atualizado das espécies até agora referidas para a
específicas como as de Fauvel(1923 e 1927-1953), costa brasileira, acrescido de informações sobre sua
Hartman (1964-1966), Day (1967), Ushakov sinonímia e distribuição e de chaves para identifi-
(1 9 5 9 , Hartmann-~chroéder (1971) têm sido cação. Dado o volume de informações que espera-
utilizadas com êxito pelos pesquisadores de todos mos fornecer, o trabalho será publicado em fascí-
os continentes. Os trabalhos mais recentes de culos, cada um reunindo várias familias. Para esta
Perkins & Savage (1975), Day (1973) e, em parti- primeira fase foram previstos um estudo das carac-
cular os de Fauchald (1972-1977) oferecem uma terísticas gerais da classe, uma chave para identifi-
visão atual da taxonomia e dos problemas da file cação de famílias e um glossário.
Características
da Classe

ESTRUTURA - A presença de cerdas, geral- são consistentes ou duradouros. Tubos verdadei-


mente abundantes, constitui o caráter mais conspi- ros, membranosos, cómeos ou calcários, incrusta-
cuo, traduzindo literalmente a denominação da dos ou não de diferentes materiais, são constmídos
Classe. por várias espécies
O grau de cefalização, isto é, a existência de A estrutura do tubo depende, obviamente,
uma "cabeça" mais ou menos diferenciada, é outro do equipamento anatômico da espécie. Glândulas
caráter de valor taxonômico. A parte anterior da produtoras de calcário tornam possível aos Serpu-
cabeça, constituída pelo lóbulo pré-oral ou prosti3- lidae a constmção de tubos calcificados; nos
mio, contém os gânghos cerebrais e os principais Polyodontidae, glândulas fiandeiras produzem fios
órgáos dos sentidos. Um prostômio bem desenvol- de seda, com os quais o animal reveste o interior
vido, com oihos, palpos e antenas ocorre em mui- de seu tubo. brgáos especiaiizados, nos segmentos
tas famílias; carúnculas, estatocistos e órgãos nu- anteriores, possibilitam aos Pectinariidae e Sabella-
cais são peculiares a alguns gêneros. riidae, por exemplo, o trabalho com grãos de areia
A extremidade anterior do tubo digestivo com os auais constroem os tubos. Os Oweniidae
pode ser evaginável, constituindo uma tromba, recobrem seus tubos livres e de forma peculiar,
inerme ou provida de maxilas quitinosas. Da mes- com areia, minúsculos fragmentos de conchas ou
mas forma, a parte posterior ou faringe, pode ser espículas de esponjas, cuidadosamente seleciona-
dotada de dentes isolados, ou de uma estrutura dos. Hyalinoecia tubicola (Onuphidae), constrói
quitinosa. Os Nereidae e Glyceridae, por exemplo, um tubo córneo, ligeiramente cônico e recurvado,
possuem trombas extremamente características. singularmente semelhante à haste de uma pena de
NOS Eunicea, a faringe é provida de mandíbulas e
ganso. Também cómeos, de parede espessa, rígi-
maxilas complexas. dos e translúcidos, são os tubos de Hypsicornus
O pigídio ou extremidade posterior 6, em (Sabellidae). Pergamináceos, largos e se abrindo
muitos gêneros, dotado de apêndices. Os mais nas duas extremidades por "gargalos" estreitos, são
comuns são os untos, subulados ou cilíndricos. os tubos de Chaetopterus (Chaetopteridae).
Funis e tubos anais, com a borda lisa ou franjada, Em muitas espécies, a abertura anterior dos
são peculiares às famílias Maidanidae e Opheliidae. tubos pode ser eficientemente obliterada, seja por
Em várias famílias é frequente a presença um opérculo bem diferenciado, como nos Serpu-
de brânquias permanentes ou retráteis; desde sim- lidae, seja por cerdas especiais, dispostas em forma
ples exp&s6es vesiculares, até estruturas comple- de opérculo, como ocorre nos Sabellariidae.
xas, arborescentes ou pectinadas, com vasculariza- Na sua grande maioria, os poliquetos, vágeis
ção abundante. ou f ~ a d o sao substrato, são encontrados isolada-
A capacidade de construção de um tubo, mente. Espécies gregárias ou coloniais, formando
onde vive o animal, é comum a um grande número aglomerados compactos, são pouco frequentes.
de espécies, de diferentes famílias. Os tubos mais Constituem exceções características os SabeUa-
simples resultam do revestimento de muco ao lon- riidae e alguns Serpulidae. A primeira famíiia per-
go das galerias escavadas pelo animal e raramente tencem os formadores de recifes de areia (no Bra-
sil, principalmente do gênero Phragmutopomma); à desenvolvimento.
segunda, os que formam os aglomerados de finos A alimentação dos poliquetos, em conse-
tubos calcários, incrustando o casco de embarca- qüência da multiplicidade de formas e adaptações,
çi3es e estruturas submersas. Certos Sabellidae e é muito variável. Formas presumivelmente preda-
Chaetopteridae também ocorrem agrupados sobre doras ocorrem especialmente nas famílias caracte-
áreas mais ou menos amplas, especialmente em rizadas pela presença de escamas (Polynoidae, p.
águas calmas e ricas em partículas em suspensão. ex.); com trombas musculosas e armadas de fortes
maxilas. Também nas famílias Clyceridae, Nerei-
REPRODUÇÃO - A reprodução dos poli- dae e Eunicidae, a armadura bucal é compatível
quetos é sexuada e os sexos geralmente separados. com a captura de presas vivas.
As exceções são conhecidas principalmente na fa- Comedores de detritos ou de substrato cons-
mília Syllidae, onde ocorrem formas de divisão di- tituem a maioria das formas vágeis e de alguns tu-
reta. Casos de viviparidade foram referidos em al- bícolas. Os Terebellidae, por exemplo, são dotados
gumas famílias. Smith (1950), no estudo do pro- de tentáculos extensíveis e ciliados, com os quais
cesso em Neanthes lighti Hartman, faz uma revi- alcançam partículas alimentícias, em larga área ao
são da literatura pertinente. redor deseu tubo.
O dimorfismo dos sexos é conspícuo nas fa- Os SabeUidae e Serpulidae são filtradores,
mílias Syllidae e Nereidae, às quais pertencem providos de eficientes aparelhos de movimentação
espécies com "formas de reprodução" bem dife- da água circunjacente; seus penachos branquiais,
renciadas. Em certos gêneros dos Syliidae a diversi- profusamente ciliados, atraem e transportam até à
dade é quase sempre profunda, com formas mascu- boca as partículas em suspensão.
linas (Polybostrichus) muito diferentes das femi-
ninas (Sacconereis). Entre os Nereidae, as formas ABUNDÂNCIA RELATWA - Os polique-
ditas c'epítocas" (Heteronereis) se caracterizam tos estão entre os organismos bentônicos que ocor-
pela hipertrofia dos olhos e dos parapódios de par- rem com maior frequência e abundância. Ainda
te do corpo; porém, os sexos se distinguem apenas que os dados quantitativos sejam escassos, encon-
por pequenos detalhes na anatomia da região fér- tramos exemplos muito expressivos. Hartman
til. (1963), em um importante trabalho de prospecção
A maturação simultânea de um grande nú- dos "canyons" submarinos ao largo da Califómia,
mero de indivíduos de espécies normalmente ben- constatou que, em média, acima de 50% dos espé-
tônicas, induzindo a súbita passagem ao ambiente cimes coletados pertenciam à classe dos polique-
pelágico e conseqüente afloramento, é um fenôme- tos. Em alguns dos "canyons" essa proporção ai-
no bem conhecido. Em algumas espécies das famí- cançou 75% (Hueneme Canvon - relação nototal
lias Nereidae e Eunicidae os vermes maduros, enxa- de espécimesln? poliquetos = 294112208) e 90%
meando à superfície, recebem o nome genérico de (Santa Monica Canyon - 10626110203).
Palolo. Não temos conhecimento da ocorrência Algumas espécies de Spionidae e de Opheli-
do fenômeno no Brasil. Porém, formas epítocas idae são articularm mente abuneantes em raias de
de Nereidae têm ocorrido, discretamente, durante areia fina: Obse~vaçõesefetuadas também na Cali-
pescas noturnas com luz, ou ainda mais raras, fómia (La JoUa; McConnaughey e Fox, 1950)
sobre algas, na zona das marés. mostram que a população de uma única espécie
Euzonus (Thoracophelia) mucronata Treadwell,
FORMAS DE VIDA - Na sua grande maio- pode alcançar uma densidade surpreendente. Os
ria os poliquetos são, como se disse, de vida livre; autores calcularam que uma faixa de 3m de largu-
isto é, não diretamente associados ou dependentes ra e uma milha de comprimento, continha aproxi-
de outros organismos. madamente 158.000.000 de indivíduos da espécie;
O cornensalismo entre algumas espécies das representando cerca de 7.000 kg de vermes (peso
famílias Polynoidae e Hesionidae e equinodermos médio unitário de cerca de 40 mg). O volume de
é bem conhecido. areia ingerido durante a alimentação (os autores
Os HistriobdeUidae habitam a câmara bran- presumem que o animal se alimenta de matéria or-
quial de decápodos marinhos ou de água doce. No gânica adsorvida sobre os grãos de areia) e, portan-
sul do Brasil, temos encontrado com frequência to, movimentado anualmente na área considerada,
Stratiodrilus platensis Cordero, infestando-caran- alcança cerca de 14.600 toneladas.
guejos de água doce, do gênero Trichodac~lus. Nas praias brasileiras, a densidade das popu-
Espécies parasitas são muito raras e, no Bra- lações de poliquetos, com exceção de alguns Spio-
sil, conhecemos apenas um endoparasita, do gêne- nidae e Onuphidae, é incomparavelmente menor.
ro Labrorostratus (Arabellidae), encontrado na ca- Colônias de Diopatra (Onuphidae) podem alcançar
vidade do corpo de um Perinereis sp., da região de uma densidade de 1.O00 indivíduoslm2, quando
Ubatuba (Amaral, 1977). A ruptura acidental do muito compactas e abrangendo áreas relativamente
corpo do nereídeo revelou a presença de numere pequenas; ou até 200 indivíduoslm2, quando ocu-
sos exemplares do parasito, em diferentes fases de pando grandes áreas. Nerine agilis Verrill (Spioni-
dae) alcança, em praias do litoral norte de São espécies perfuradoras de conchas podem causar
Paulo, cerca de 4.000 indivíduoslm2. prejuízos às culturas de moluscos de importância
Representantes do gênero Euzonus (espé- econômica, como as ostras, por exemplo.
cie ainda não descrita), foram encontrados apenas Algumas formas de grande porte e armadas
em algumas praias do Paraná e São Paulo, em uma de peças bucais robustas, como se encontram entre
faixa estreita, ao longo da linha da baixa-mar. Uma os Polyodontidae, Glyceridae e Eunicidae, são ca-
avaliação quantitativa, efetuada na Praia do Ten& pazes de inflingir ao colecionador mordidas super-
rio, em Ubatuba, SP, revelou cerca de 600 exem- ficiais. Com uma única exceção conhecida, tais fe-
plares/m2 (com peso unitário de 3@60mg). rimentos são, por si mesmos, inócuos. No caso de
Em regiões permanentemente submersas, c o Glycera dibranchiata Ehlers, que é utilizada como
lônias de Phyllochaetoptems socialis Claparhde isca para pesca, uma substância tóxica pode ser
podem apresentar densidade de 5.000 exempla- inoculada pelas maxilas do animal, causando dor e
resIm2. inflamação semeihantes às de uma picada de abe-
iha (Klawe & Dickie, 1957).
INTERESSE PARA O HOMEM - OS poli- Entretanto, maior risco corre o colecionador
quetos participam signúicativamente da cadeia ao manusear inadvertidamente algumas espécies da
alimentar das populações bentônicas, contribuin- família Amphinomidae, cujas cerdas vítreas e frá-
do com até 80% do volume de alimento ingerido geis penetram facilmente a pele humana e causam,
por algumas espécies de peixes de importância e c o quando numerosas, considerável desconforto. Al-
nômica. A introdução, em 1939, de Nereis gumas de tais cerdas são ocas e podem conter lí-
succinea no Mar Cáspio, com o objetivo de aumen- quido~tóxicos.
tar os recursos alimentares para os Acipenseridae, As grandes Aphrodita (Aphroditidae) pos-
foi muito bem sucedida (Ushakov, 1955). Perkins suem cerdas aciculares semelhantes aos "espinhos"
& Savage (1 975) fueram uma revisão da bibliogra- dos ouriços-domar; porém, só excepcionalmente
fia recente e enfatizaram o interesse e alcance dos ocorrem na zona das marés, onde poderiam consti-
estudos efetuados nesse campo. Em compensação, tuir algum perigo.
Habitats
e Métodos de Coleta

Os poliquetos conquistaram integralmente o excepcionalmente. Os métodos que descrevemos


ambiente marinho e algumas espécies alcançam, visam capturá-las em seu ambiente mais comum.
nos estuários, a água praticamente doce. Assim Lembramos que o habitat de uma determi-
sendo, e em conseqüência da multiplicidade de ha- nada espécie pode variar, de uma região para outra.
bitats que h e s são acessíveis, sua captura exige, ao
lado dos métodos gerais, inespecificos, técnicas
os exemplos aqui mencionados se referem, princi-
palmente, à fauna da centro-sul do Brasil.
condicionadas pelas peculiaridades das espécies De um modo geral, o domínio dos polique-
visadas. tos é circunscrito pela linha da maré alta. A neces-
As formas pelágicas e as larvasplanctÔFas sidade de uma umectaçáo constante- só raramente
são f a ~ i h e n t ca~turadascom
e redes para zoo~lanc- hes alcançu as &as adjacentes, do supra-
ton, Ou redes pelágicas, com litoral. Obviamente, em tostões batidos, onde a ar-
fma (200-500 p m ) As espécies ~elágicassão, em rebentação mantém providas de água fresca peque-
geral, de pequeno Porte, a maioria delas alcançan- nas bacias naturais, muito a c h a da linha das ma-
do apenas alguns centímetros de comprimento. Po- rés, subsistem condiç&=spara a existência de poli-
rém algumas, especialmente da familia Alciopidae, queto, Em princípio, qualquer das espécies da
são robustas, podendo atingir cerca de 10 cm.A das marés pode ocorrer nesse ambiente.
maiha da rede tem, portanto, um efeito seletivo. A baixa-mar, expondo uma extensa área,
Para uma amostragem eficiente, é recomen- habitualmente submersa, propicia condições de
dáve! o uso simultâneo de redes de dimensões e acesso ao habitat de um grande número de esp&
malhas diferentes. cies bentônicas.
Uma luz submersa, durante a noite, é um
método apropriado para atrair muitas espécies na- A exploração das fendas das pedras e dos
interstícios entre as lâminas de esfoliação propor-
tantes, facflitandOa ma caphlra. será ciona, geralmente, compensadores.
descrito juntamente com as técnicas utilizadas para O denso tapete de algas de pequeno porte
a coleta de formas bentônicas. que, nas áreas de arrebentação, recobrem as ro-
A manipulação das formas ~elágicasvivas é chas, abriga uma fauna abundante, na qual prede
dificultada por serem estas transparentes; assim, é minam espécies de SyUdae e Nereidae. Ao nível
quase sempre impraticável a sua triagem antes da da maré média, onde coexistem blocos de rocha e
furação. Felizmente, o formo1 neutro e na concen- fundos de areia, proliferam colônias de Phragma-
tração habitualmente utilizada para futar 0 pianc- topo- (Sabeflariidae). Tais colônias, quando
ton (cerca de 5%) as conserva satisfatoriamente. antigas qferecem abrigo a um grande número de
Tratando-se de espécies pequenas, a triagem é tra- formas. E neste nível também que mais comumen-
balhosa, mas não apresenta problemas especiais. te se podem encontrar colônias de Sabeiiidae, reco-
Formas bentônicas são as que normalmente brindo ou formando franjas na borda das pedras
habitam o substrato ou sobre os organismos nele subrnersas. Em áreas abrigadas, de água relativa-
fixados. Muitas delas são aptas a ocupar, tempora- mente calma e rica em partículas orgânicas, as c e
riamente, o ambiente pelágico; porém, isso ocorre lônias de Branchiomma fazem parte de associa-
ções, onde é caracterizada a presença de tunicados mento essencial se limita, além dos frascos apro-
dos gêneros Ascidia, Herdmania e Clavelina. Na priados para conter os exemplares, a uma pinça de
face inferior das pedras, especialmente sobre fun- tamanho médio, uma espátula ou pequena alavan-
dos de areia, são comuns os tubos mais frágeis, de ca e uma pá para cavar o solo. São fabricadas atual-
alguns Terebeliidae. mente no país pequenas pás dobráveis, muito con-
As fendas mais estreitas, especialmente sob venientes para o trabalho nas praias.
as lâminas de esfoliação, onde se acumulam detri- Os habitats que podem ser alcançados direta-
tos finos, abrigam vários Nereidae e Eunicidae e mente, com ou sem dispositivos de merguiho, se
constituem o habitat característico de espécies do equiparam, para efeito de coletas, aos da zona das
gênero Audouinia (Cirratulidae) e Eulalia (Phyllo- marés. A utilização do escafandro autônomo per-
docidae). mite explorar ambientes peculiares, como os pare-
Peculiares aos nichos constituídos pelos pe- dões submersos e as anfractuosidades do infrali-
quenos espaços sob pedras, onde sempre subsiste toral, de outra forma praticamente inatingíveis.
alguma água, são alguns Amphinornidae e Hesio- Entretanto, como o acesso direto ao fundo
nidae. é limitado a áreas extremamente restritas, méto-
Espécies que penetram o substrato, nele ca- dos especiais tiveram que ser desenvolvidos para a
vando galerias mais ou menos profundas, ou cons- coleta em regiões permanentemente submersas.
truindo seus tubos, requerem para sua captura,
Os aparelhos mais utilizados são as redes de
maior trabdho e, eventualmente, técnicas espe
arrasto, as dragas e os "pegadores de fundo".
ciais.
Em muitos casos, a presença do poliqueto é As redes de pesca comercial ("trawl") muitas
conspicuamente revelada pelo tubo que emerge do vezes capturam espécies de poliquetos que habitam
solo, ou por marcas características na sua superfí- a superfície do substrato. Porém, suas malhas só
cie. Em nossas praias, são comuns os tubos de Dio- retêm as formas relativamente volumosas, que são
patra (Onuphidae), caracteristicamente eriçados de raras. Aphrodita longicomis, por exemplo, é uma
fragmentos de conchas e detritos. Tais tubos ocor- espécie robusta que aparece com freqüência nas
rem isolados ou em "bancos" cobrindo uma área redes do fundo, na costa sul do Brasil.
mais ou menos ampla, ao nível da baixa-mar. As dragas apresentam considerável vantagem
As pequenas depressões, rasas e afuniladas, sobre as redes, penetrando alguns centímetros da
próximas a montículos de dejeções em forma de camada superficial que é, em geral, a mais rica em
cone rudimentar, revelam a presença de Areni- espécies.
cola. Os pegadores de fundo permitem alcançar
Nas áreas de areia lodosa, não expostas à camadas mais profundas e, principalmente, obter
ação direta das vagas, emerge a extremidade dos amostras quantitativas.
tubos de vários Chaetoperidae- e dos tubos delga- Por qualquer dos processos mencionados, se
dos e frágeis, revestidos de areia, de certos Euni- obtém um volume de sedimento mais ou menos
cidae. Neste ambiente, mais que em qualquer ou- considerável, do qual deve ser separado o material
tro, os resultados dependem da paciência e habili- que nos interessa, no caso, os poliquetos.
dade do colecionador. A propósito, nos parece Como estes são organismos geralmente frá-
oportuno transcrever a observação de Dakin geis, um cuidado especial deve ser exercido duran-
(1953) sobre a captura de uma Onuphis (que, na
te as operações de captura e triagem.
Austrália, ocupa o mesmo habitat que as nossas
Em fundos moles, de areia ou lodo, o traba-
grandes Eunice) :"Sua extração da praia parece ser
lho é consideravelmente facilitado. A triagem 6
uma realização artística, na qual somente especia-
efetuada fazendo-se passar o sedimento através de
listas - pescadores e meninos - são peritos". Real-
uma série de peneiras, com auxilio de um grande'
mente, alguns Eunicidae e Onuphidae cavam gale-
volume de água.
rias verticais, muito profundas, que atingem níveis
As peneiras que temos utilizado são cons-
normalmente' inacessíveis. A obtenção de um
tituídas por caixas retangulares, de madeira, com
exemplar completo, de grande porte, é difícil.
6-10 cm de altura e uma superfície de 40 x 6 0 cm,
Em condiçaes favoráveis, uma escavação cir- cujo fundo é formado por tela de latão reforçada.
cunscrevendo a área em que se encontra o animal, Uma série de 3-4 peneiras superpostas, com
permitirá desmontar com precaução, o bloco cen- maihas de 5-0,5 rnm,em escala decrescente, nos
tral, até alcançá-lo. Este processo é particularmew tem proporcionado resultados muito satisfatórios.
te eficaz para a captura de exemplares intactos de Para um trabaiho minucioso, volumes de
Arenicola. Espécies menores, das familias Ophe- cerca de 1 G! do sedimento são colocados sobre a
liidae, Spionidae e Nereidae, por exemplo, são peneira de malha maior e dissociados com um jato
mais facilmente capturados fazendo-se passar por- fraco de água do mar. Estando as peneiras super-
ções do substrato - areia ou lodo - através de postas, é assegurada a retenção seletiva, mesmo das
peneiras. formas pequenas. A medida que vão aparecendo,
Para a coleta na zona das marés, o equipa- os exemplares são colhidos com uma pinça e colo-
cados, seja em recipientes com água do mar, seja o descrito, é limitada a águas muito calmas; porém,
diretamente no líquido furador. proporciona excelentes resultados. Os animais
As características do sedimento condicionam atraídos pela luz e enxameando ao redor dela, são
a maior ou menor rapidez com que a triagem pode capturados com o auxílio de uma pequena rede
ser executada e, conseqüentemente, o rendimento com cabo. Permitindo capturar, com certa seletivi-
do trabalho. dade os poliquetos, o m6todo é particularmente
A triagem do material proveniente de fundos útil para a obtenção de formas maduras, para tra-
duros ou de cascaiho, para o qual seja impraticável balhos de embriologia.
o uso de peneiras, 6 consideravelmentemais difícil.
A dispersão de pequenos volumes de sedimento em AWUNS HABITATS SINGULARES - Cor-
cubas emaltadas ou de plástico branco, convenien- pos flutuantes ou submersos, quer sejam organis-
temente iluminadas, poderá facilitá-la em parte. mos vivos, quer objetos de variada natureza, p e
Quando se trata de blocos calcários, toma-se dem oferecer abrigo a numerosos poliquetos.
necessário fragmentá-los para alcançar as formas Certas espécies, como p. ex. Salmacina dys-
perfuradoras (espécies dos gêneros Paloia e Mar- teri (Huxley) (Serpulidae), contribuem para o
physa, por exemplo). "fouling". Sobre estruturas de madeira, como o
Em tais fundos, assim como naqueles rece casco de embarcações ou pilares de pontes, se de-
bertos por algas, a pesca noturna, com o auxíiio de senvolve uma fauna frequentemente rica e na qual
um foco de luz relativamente poderoso, constitui os poliquetos estão bem representados.
um método conveniente para capturar muitas for- A aptidão de certas larvas, para se furarem
mas tipicamente bentônicas, além de suas formas sobre substratos artificiais, torna fácil obter o p e
de reprodução, pelágicas. voamento de lâminas ou placas, o que constitui
Um dispositivo flutuante, capaz de conter um método cômodo e prático de trazer ao labora-
uma lâmpada elétrica ou a gás, com uma intensi- tório, espécimes em condiçges ótimas. Entre as es-
dade luminosa de 200-300 velas, é de construção pécies que meihor se desenvolvem sobre lâminas de
fácil. O modelo projetado para lâmpada de 200 W vidro, durante todo o ano, estão dois Serpulidae:
foi construído a partir de uma "luminária" à p r e Hydroides brachyacantha Rioja e Pomatoceros mi-
va de tempo, de tipo normal e uma bóia comum, nutus Riofa.
de isopor. Com pequenas alteraçaes, a lâmpada Em nossa costa, as colônias arborescentes de
elétrica pode ser substituída por uma lanterna a Schizoporello unicornis (Bryozoa) são povoadas
gás liquefeito de petróleo. por várias espécies, das famílias Hesionidae, Sylii-
A utilizaçáo de um dispositivo simples como dae e Dorvilleidae (Morgado, 1980).
de Preservação

A escolha do método de preservação depen- geralmente, os que melhor reagem a este anestési-
de, em grande parte, dos recursos disponíveis por co. Em cerca de 10 min se obtém uma anestesia
ocasião da coleta e será orientada primordialmente profunda, da qual os animais se recuperam perfei-
pelas finalidades visadas. Sempre que possível, os tamente.
exemplares coletados individualmente ou prove- A recuperação exige b transporte para água
nientes da triagem, devem ser desembaraçados dos abundante e bem oxigenada e se completa em al-
detritos que aderem sobre eles e colocados em pe- gumas horas. O grau de anestesia obtido é um tan-
quenos recipientes com água limpa. Esta prática to variável com as espécies. A permanência mais
toma possível observar detalhes da pigmentação e longa na solução de cloreto de magnésio não traz
da anatomia externa do animal, bem como o seu progresso apreciável; porém, causa a maceração
comportamento. dos tecidos superficiais.
A anestesia, nem sempre necessária, permite
conservar exemplares inteiros e bem distendidos FIXAÇÃO - O álcool etíiico a 70%, quando
ou efetuar intervenções como a ablação de órgãos, de boa qualidade, proporciona resultados plena-
etc. mente satisfatórios. Os animais podem ser passados
Uma solução de cloreto de magnbsio, a 8% diretamente da água para o álcool correndo-se, po-
em água doce, proporciona excelentes resultados; rCm, o risco de que se fragmentem em consequên-
a anestesia é rápida e perfeitamente reversível, per- cia da contração violenta, provocada pelo liquido
mitindo quando necessário a recuperação integral fixador. Exemplares túrgidos com produtos germi-
do animal anestesiado. O álcool, adicionado gota a nativos podem literalmente explodir e, frequente-
gota, pode ser utilizado; porém, seus resultados mente, alguns Polynoidae se fragmentam e perdem
são pouco satisfatórios e raramente será Útil para todas as escamas.
anestesia temporária. Em compensação, várias formas providas de
A anestesia facilita ainda a evaginação da tromba a emitem em condições perfeitas.
tromba, o que, em muitos casos, é sumamente O formol neutro, a 10% (4% de aldeído),
desejável. Há alguma evidência de que o cloreto de pode ser utilizado, especialmente quando for gran-
magnésio afete de forma diversa os diferentes Ór- de o volume do material a furar. A neutralização
gãos do animal; assim, é possível determinar um do formol, que pode ser obtida com adição de
momento da anestesia em que apenas a muscula- bórax, é essencial quando da furação de espCcies
tura da tromba reage vigorosamente. Nesse mo- com tubos, opérculos ou mandíbulas calcificados.
mento, a simples imersão do animal, não total- A permanência no formol não deve ser pro-
mente anestssiado, no líquido furador, provoca a longada. Tão cedo quanto possível, após o tempo
projeção da tromba. Quando isso não ocorre es- necessário à furação completa (12-24 h para as es-
pontaneamente, uma compressão cuidadosa, na re- pécies de porte mediano), os exemplares serão la-
gião anterior, propicia o mesmo resultado. vados em água doce e conservados em álcool a
A sobrevivência sob anestesia por cloreto de 700/0, ao qual se pode adicionar 2 a 5% de glicerina
magnésio varia com as espécies. Os Nereidae são, pura.
Quase sempre a pigmentação dos poliquetos admissivel e por vêzes recomendável, envolver
desaparece rapidamente no álcool; aparentemente os espécimes muito grandes, após perfeitamente
a fuação prévia em formol a preserva, pelo menos futados, em pano resistente (não gaze) e conser-
em parte. vá-los em sacos plásticos fechados e protegidos
Para estudos histológicos ou da anatomia, a contra compressão excessiva Esse método permi-
solução alcoólica de Bouin proporciona bons resul- te considerável economia de peso e espaço.
tados.
Na execução de programas de coleta intensi- CONSERVAÇAO - As coleç6es devem ser
va ou grande volume de material, os trabaihos no conservadas em álcool 70%, ao abrigo da luz. Os
campo ou a bordo, exigem métodos expeditos, p e pequenos frascos cilíndricos, com tampa de polie-
rém, capazes de garantir a integridade das amos- tileno e de preferência de vidro âmbar, são perfei-
tras. tamente convenientes para a maioria das espécies.
Sendo geralmente frágeis, os poliquetos de- É oportuno lembrar, entretanto, que as tampas de
vem ser manipulados com algum cuidado. Quando polietileno, extremamente práticas e eficientes,
possível, os exemplares, deverão passar das penei- ocasionalmente se partem, permitindo a evapora-
ras ou cubas de triagem para água limpa e imedia- ção ou hidratação do álcool. Um exame periódico
tamente depois para frascos contendo já o fuador das coleções é, portanto, imprescindível.
(álcool ou fomiol). É: essencial que o volume do fi- Os tubos, quando não acompanharem o ani-
xador seja suficiente para garantir uma preservação mal no mesmo frasco, deverão ser conservados, de
correta. De um modo geral, os animais em cada preferência em Iíquido. Certos tubos, como os de
frasco não devem ultrapassar 115 do volume do fi- alguns Terebellidae, constituídos essencialmente
xador. por areia aglutinada, conservam-se satisfatoriamen-
Há grande conveniência em separar as formas te quando imersos em líquido, porém se desinte-
pequenas ou delicadas, das muito robustas, o que gram quando secos. O mesmo ocorre em tubos
será facilitado pelo uso de frascos de diferentes ca- calcificados, mas frágeis, ou com esculturas deli-
pacidades. cadas. Neste caso, é indispensável que o líquido
As espécies tubícolas devem ser fmadas iso- seja inócuo ao calcário.
ladamente, pois muitas vezes o animal abandona o
seu tubo, confundindese com os demais (caso de PREPARAÇAO DO MATERIAL PARA
algumas Eunice e Onuphis), o que pode tomar di- ESTUDO - A observação do espécime vivo reve-
fícil o relacionamento posterior entre tubo e ani- la não só caracteres que a futação deforma ou des-
mal. trói, mas principalmente o seu comportamento,
Sempre que possível, pelo menos um exem- que pode apresentar peculiaridades valiosas para a
plar de cada espécie presumível deve ser extraído caracterização da espécie.
de seu tubo antes da futação, evitando-se a destrui- Uma anestesia parcial é recomendável quan-
ção total do tubo. Ambos devem ser, então, fixa- do se faz mister um exame mais minucioso.
dos conjuntamente. Ainda que não seja indispensá- Larvas e exemplares pequenos, com menos
vel, este procedimento assegura a melhor conserva- de 10 mm, são geralmente transparentes, havendo
ção do exemplar. A penetração do líquido fixador considerável vantagem em estudá-los quando vivos.
no interior dos diferentes tipos de tubo é muito va- O método de estudo do material fmado de-
riável e, muitas vezes, imprevisível. pende, em grande parte, do tamanho dos exempla-
Em geral, um procedimento cuidadoso du- res.
rante a Fiação permite preservar razoavelmente Formas pequenas podem ser montadas "in
bem os exemplares, mesmo dentro dos tubos intac- totum", sobre lâmina e examinadas ao microscó-
tos. pio, com ou sem coloração prévia. Como corantes,
Nas formas providas de um opérculo que especialmente para larvas, têm sido utilizados, o
oblitera eficazmente a abertura do tubo, a aneste- bórax-carmim e a hematoxilina de Ehrlich. Os
sia prévia aumenta as probabilidades de sucesso. meios de montagem, mais comuns, são a glicerina-
Nem sempre será possível uma tal triagem gelatina e o xarope de Apathy. Ambos permitem a
prévia. Quando náo houver tempo ou recursos para montagem imediata de material furado em áicool
o parcelamento das amostras, estas poderão ser fi- ou formol e proporcionam uma diafanização sufi-
xadas "in totum", de preferência em um frasco de ciente para o trabaiho de rotina.
boca larga, com um grande volume de fixador. Este método dá bons resultados, por exem-
É necessário ter em conta que os poliquetos plo, com os pequenos Syiiidae, permitindo obser-
contêm um considerável volume de água, que irá var ao microscópio os detalhes das cerdas e do tra-
diluir o Iíquido fmador. Essa conseqüência é espe- to digestivo.
cialmente importante no caso de álcool que, di- Os exemplares de maior porte exigem técni-
luído, perde rapidamente suas qualidades. cas específicas, que descreveremos sucintamente.
Em nenhuma circunstância deverão os Geralmente, um primeiro exame, sob lupa bi-
exemplares ser envoltos em papel ou algodão. É nocular, revela os caracteres da família ou do gêne-
ro. Tendo em conta que a maioria das formas é Quando necessário, as maxilas, que consti-
opaca, recomenda-se o exame com luz incidente, tuem um conjunto de várias peças, serão cuidado-
sobre fundo escuro. Uma iluminação cuidadosa samente dissecadas para o estudo individualizado
permite apreciar os detaíhes da anatomia externa de cada uma delas. A maceração durante 12-24 h,
e mesmo as características mais conspícuas das cer- em uma solução fraca de hidróxido de potássio ou
das. de sódio, proporciona preparações excelentes. O
Como as peculiaridades dos parapódios e das grau ideal de maceração é o que permite remover
cerdas têm importância capital na taxonomia, de- todo o tecido muscular, sem afetar o arranjo nor-
vem ser determinadas com precisão. Para tanto, o mal das maxilas. No caso dos Dorvilleidae, o núme-
estudo da anatomia externa deve ser completado ro elevado e a complexidade das peças maxilares
com o exame dos parapódios, ao microscópio. toma difícil examiná-las convenientemente, sem
A montagem total de um segmento, geral- desfazer tal arranjo. Sempre que possível, prepa-
mente volumoso, não é necessária. Os parapódios rações de dois exemplares da mesma espécie de-
serão cortados pela sua base e montados ordenada- verão ser feitas simultaneamente em uma das
mente, sob lamínula, em glicerina-gelatina ou xaro- quais as peças serão inteiramente dissociadas e iso-
pe. Uma ligeira compressão facilitará o exame das ladas.
cerdas, porém certo cuidado é necessário para não A mesma técnica de maceração e dissocia-
deformar a peça. ção poderá ser utilizada no estudo do opérculo
Geralmente, é indispensável o exame de, pe- dos Sabeilariidae ou para o exame mais detalhado
lo menos, uma dezena de parapódios de diferentes de cerdas e uncini.
partes do corpo; pois muitas espécies apresentam
Nas espécies dotadas de uma tromba, cujas
considerável diversidade nas características dos pés
características tenham valor taxonõmico, a dissec-
e das cerdas de cada região.
ção se toma necessária quando esta se encontra in-
Para remover os parapódios ou as áreas de trovertida, no material fxado. Um procedimento
tecido que contenham as cerdas e para o exame da semelhante ao recomendado para os Eunicea pode
anatomia interna, podem ser empregados os ins- ser empregado também aqui. A tromba, depois de
trumentos usuais de dissecção fina. isolada, será cuidadosamente'incisada longitudinal-
Um pequeno escalpelo muito conveniente é mente e distendida, expondo o que, normalmente
obtido quebrando-se a borda de uma lâmina de
seria sua superfície externa. É conveniente lembrar
barbear, com o auxílio de uma pinça forte ou pe-
que a tromba dos Glyceridae e Goniadidae é extre-
queno alicate e montando o fragmento em um ca-
mamente longa, requerendo uma incisáo mais ex-
bo para sonda odontológica (as lâminas inoxidá-
tensa. Nestas duas famílias, é conveniente destacar
veis, devido a uma certa maieabilidade, não se pres-
pequenos segmentos do epitélio da tromba (que é
tam para este fm).
Pinças de relojoeiro, com pontas rígidas e recoberto por papilas características) para o exame
extremamente finas, são outro instrumento de ao microscópio.
grande utilidade, para a manipulação de cerdas. Uma dissecção mais extensa será necessária
Com poucas exceções, a dissecção só é re- quando peculiaridades da anatomia interna tiverem
querida para formas com tromba ou armadura bu- papel relevante na caracterização da espécie. No
cai. No caso dos Eunicea, por exemplo, o exame gênero Arenicolo, por exemplo, as espécies se dis-
das maxilas e mandíbulas 6 , geralmente imprescin- tinguem inclusive pela arquitetura dos primeiros
dível. A dissecção 6 feita através de uma incisão segmentos do tubo digestivo, pelo número e forma
dorsal, expondo a faringe musculosa; esta poderá dos nefrídios e pela presença de estatocistos mais
ser faciimente removida ou incisada "in loco", ex- ou menos complexos.
pondo as peças bucais.
Métodos
de Cultura

Considerando a grande variedade de formas, nado. Uma dosagem exata do alimento é necessá-
conhecemos muito pouco sobre a manutenção de ria para evitar a proliferação de fungos pernicie
poliquetos em laboratório. As informações mais SOS.
detalhadas se limitam às espécies utilizadas em tra- Durchon (1952) menciona a sobrevivência,
balhos experimentais ou às formas cuja cultura foi por cerca de um ano, de exemplares de Syllis ami-
bem sucedida. ca (Syliidae), em placas de Petri com água do mar
A exata natureza das exigências da maioria esterilizada.
das espécies ainda nos é desconhecida. Ruilier
(1969) menciona os "habitats inesperados" de al- No caso dos Nereidae, o mesmo autor cons-
gumas das espécies mais comuns, que revelam uma tatou que várias espécies podem ser mantidas com
ampla capacidade de adaptação ou, como no caso relativa facilidade, desde que se disponha das algas
de Ophryonocha (Eunicidae), exigências muito verdes das quais se alimentam. Uma observação in-
peculiares (Ophyotrocha puerilis Claparède apare- teressante é a de que certos Nereidae como Perine-
reis cultrifera (que é comum também em nossa
ce habitualmente nos velhos aquários). costa) têm dificuldade em arrancar os fragmentos
Algumas espécies adultas podem ser manti- de alga (Ulva ou Enteromorpha) quando não dis-
das facilmente em aquários que reproduzam apro- põe de um apoio conveniente. Esse apoio pode ser
ximadamente o seu habitat normal. proporcionado por pequenos tubos de vidro, no
Corri algumas precauções, não é indispensá- interior do qual o verme se aloja espontaneamen-
vel a água corrente e nem mesmo a sua renovação te. Tubos de plástico, de diâmetro igual ou ligeira-
frequente. A utilização dos dispositivos de areja- mente inferior ao do animal, parecem oferecer
mento e fitragem, utilizados correntemente nos vantagem sobre os de vidro.
aquários para peixes ornamentais, permite manter Quando um pequeno volume de água é utili-
um mesmo volume de água do mar em condições zado, sua renovação frequente (diária ou em dias
satisfatórias, por longo tempo. A evaporação deve alternados) é quase sempre indispensável.
ser compensada pela adição periódica de pequena A criação de Nerek gmbei em laboratório,
quantidade de água doce. a partir de ovos até a geração F2 foi obtida por
Reish (1953) utilizando um aquário totalmente
Persiste, entretanto, o sério problema da de vidro, com a aeração assegurada por duas pedras
alimentação, quer de larvas, quer dos adultos. As de arejamento colocadas em pontos opostos. A
culturas de algas (predominantemente diatomá- corrente provocada pelas bolhas de ar é essencial
ceas) são imprescindíveis. para manter as larvas flutuando, livres do ataque
Reish e Richards (1966) descrevem um mé- de bactérias e protozoos. A alimentação das larvas
todo de cultura, utilizando, essencialmente, o dis- foi assegurada pelo crescimento espontâneo de
positivo acima mencionado, e provendo a alimen- diatomáceas; para os adultos consistiu de gônadas
tação com algas (Enteromorpha) dessecadas e tri- de mariscos e algas verdes, dessecadas e pulveriza-
turadas e pequenas porções de um adubo nitroge- das.
O filo Annelida compreende os vermes seg- Prostômio e segmento oral quase sempre
mentados e reúne 4 classes: Archiannelida, Olige dotados de apêndices sensoriais. Faringe
chaeta, Polychaeta e Hirudinea. frequentemente provida de mandíbula ou
Os poliquetos são caracterizados pela presen- dentes quitinosos.
ça de cerdas numerosas geralmente reunidas em Sedentaria
feixes e inseridas sobre processos laterais da parede Corpo geralmente dividido em duas ou mais
do corpo denominados parapódios. regiões bem distintas. Parapódios em geral
A divisão da classe Polychaeta em ordens se reduzidos, ou substituídos por simples pre-
torna difícil devido à grande diversidade de for- gas com um dos ramos dotado de placas den-
mas. Autores recentes, como Dales (1962) e Fau- teadas minúsculas ("uncini"). Faringe iner-
chald (1977) propuseram uma tal divisão, baseada me.
sobretudo na estrutura da cabeça e na natureza dos
órgãos utilizados para a apreensão do alimento, no Ainda que a rigor pouco satisfatório, esse
primeiro caso; ou na filogênese, no segundo. critério tem a vantagem de facilitar o acesso à
Entretanto, tendo em conta a natureza deste maioria das chaves de classificação atualmente dis-
trabaiho, que visa essencialmente fornecer ao pes- poníveis.
quisador brasileiro um instrumento de trabalho As chaves para famílias, gêneros e espécies
simples e prático, decidimos adotar o critério clás- foram elaboradas considerando apenas as espécies
sico e antigo, de dividí-la em duas subclasses: Er- referidas para a costa brasileira. Muitos dos termos
rantia e Sedentaria. nelas utilizados têm uma acepção restrita quando
Errantia designam estruturas anatômicas dos poliquetos,
Corpo geralmente longo, com segmentos exigindo uma definição particular. Tais definições
numerosos, pouco diferenciados entre si, foram reunidas em um glossário ilustrado, para fa-
providos de parapódios bem desenvolvidos. cilitar o uso das chaves.
Chave para Famz7ias

Corpo transparente. Exclusivamente pelágicos.


Corpo opaco. Bentônicos ou raramente pelágicos.

Parapódios unirremes, com cirros foliáceos. Olhos enormes, ou ausentes.


Parapódios birremes, orlados por uma membrana com aspecto de nadadeira.
Prostômio com dois pequenos olhos. Um par de grandes cirros tentaculares. Tornopteridae

Parapódios bem desenvolvidos, com cerdas numerosas. Prostômio com 4-5


antenas e um par de olhos enormes. Alciopidae
Parapódios vestigiais, com poucas ou nenhuma cerda. Prostômio cônico, sem
antenas nem olhos; com órgão nucal saliente. Typhloscolecidae

Corpo discóide, com o bordo, provido de papilas cirriformes; parapódios na


face ventral. Comensais ou parasitas de Crinóides. Myzostomidae
Corpo curto ou alongado, com segmentos geralmente conspícuos. Predomi-
nantemente de vida livre, vágeis ou sedentários. 5

Região dorsal parcial ou totalmente coberta por escamas ("élitros"), por cer-
das modificadas ("páleas") ou por um "feltro".
Região dorsal não recoberta por escamas, páleas ou feltro.

Região dorsal geralmente coberta por uma camada de feltro, que oculta as
escamas. Corpo curto e de forma ovalada. Aphroditidae
Região dorsal coberta por páleas. Formas geralmente delgadas e de pequeno
tamanho. Chrysopetalidae
Com escamas conspícuas, recobrindo o dorso - em extensão variável. 7

Corpo geralmente curto; 12-21 pares de escamas (Excetua-se Lepidasthenia


que possui corpo longo, com mais de 24 pares de escamas). Prostômio bilo-
bado com dois pares de olhos sésseis. Cerdas todas simples. Polynoidae
Corpo curto, de largura uniforme. 12 pares de escamas com a superfície
nua e o bordo provido de papilas foliáceas; deixando descobertos os últimos
segmentos. Eulepethidae
Corpo muito longo (segmentos numerosos), com escamas em toda sua ex-
tensão. 8
Escamas relativamente pequenas, deixando larga faixa mediana descoberta.
Cerdas neuropodiais simples. Olhos conspícuos, geralmente pedunculados. Polyodontidae
Escamas recobrindo totalmente o dorso. Cerdas neuropodiais compostas.
Olhos pequenos ou punctiformes, nunca pedunculados. Sigalionidae

Região anterior com as cerdas dos 3-4 primeiros setígeros geralmente muito
longas e delgadas, dirigidas para a frente. Palpos e brânquias retrácteis. Cor-
po recoberto por papilas aglu tinando areia. Flabelligendae
Região anterior invaginável; com os 3 primeiros setígeros providos de gros-
sas cerdas dispostas em leque. Região posterior com uma placa ventral qui-
tinosa. Sternaspidae
Prostômio envolto e oculto por um penacho branquial, ou por uma mem-
brana laciniada.
Extremidade anterior provida de largas cerdas justapostas. Tubo formado
por grãos de areia.
Segmentos anteriores parcial ou totalmente ocultos por apêndices filamen-
tosos. Brânquias de forma variável.
Segmentos anteriores bem visíveis, com prostômio conspícuo.

Geralmente com um opérculo pedunculado. Membrana torácica bem desen-


volvida. Tubo calcário, longo ou espiralado. Serpulidae
Sem opérculo. Membrana toráxica pouco desenvolvida ou ausente. Tubo
não calcificado. 11

Com penacho branquial. Uncini em fileira. simples ou dupla. Tubo mem-


branoso ou córneo, não incrustado de areia. Sabeliidae
Sem penacho branquial. Extremidade anterior orlada por uma membrana
laciniada. Uncini minúsculos, muito numerosos. Tubo fusiforme, incmsta-
do de grãos de areia ou de fragmentos de conchas. Oweniidae

Tórax com dois pares de brânquias pectinadas. Apêndice caudal ("escafo")


segmentado. Tubo livre, cônico e aberto nas duas extremidades. Pec tinariidae
Tórax com numerosas brânquias filiformes dispostas em fileiras longitudi-
nais. Apêndice caudal longo, não segmentado. Disco opercular formado por
3 séries de páieas justapostas. Tubos, de areia, geralmente aglomerados, for-
mando massas volumosas. Sabeilarudae

Corpo com regiões pouco diferenciadas. Apêndices filamentosos concentra-


dos nos primeiros segmentos; continuando ou não ao longo do corpo. Cer-
das aciculares geralmente presentes. Cirratulidae
Corpo com duas regiões bem diferenciadas. Apêndices filamentosos, ligula-
dos ou arborescentes, apenas nos primeiros segmentos. Sem cerdas aci'cula-
res. Com uncini.

Tentáculos retrácteis dentro da boca. Brânquias filamentosas ou liguladas.


Corpo geralmente curto, claviforme. Ampharetidae
Tentáculos não retráteis dentro da boca. Brânquias cirriformes ou arbores-
centes. Tórax com escudos glandulares ventrais. Tere beliidae
Com uma única brânquia, pedunculada, volumosa lamelar; ou 2-3 pares de
brânquias liguladas. Sem escudos glandulares. Trichobranchidae

Corpo geralmente cilíndrico e muito longo; com segmentos numerosos.


Prostômio com palpos curtos e antenas geralmente longas; ou, acurninado e
desprovido de apêndice. Fai<'ny I v Miv C/ ma --A7bJ-
Corpo cilíndrico ou de forma peculiar. Palpos longos e preênseis, com forma
de tentáculos (perdidos com facilidade no material furado), às vezes acorn-
panhados por pequenas antenas.
Paipos e antenas minúsculos ou ausentes.

Corpo com duas regi6es mais ou menos distintas. Cirros dorsais e ventrais
lamelares. Brânquias liguladas ou penadas; presentes em todos ou apenas
em alguns segmentos (faltam no gênero Spiophanes). Em alguns gêneros O
5? setígero é modificado. Spionidae
Prostômio com uma antena frontal e órgão nucai trilobado. Parapódios -
todos birremes; os dos setígeros 70 e 110, com cirros dorsais e ventrais
longos, lageniformes. Poecilochaetidae
Prostômio sem antenas nem órgão nucai aparente. Parapódios da região
mediana do corpo, unirremes. Cirros dos setígeros anteriores lenticulares,
com bordo liso ou recortado. Trochochaetidae
Corpo dividido em duas ou mais regiões claramente distintas. Tubos mem-
branosos. 17

Paipos muito longos, densamente cobertos por papilas. Corpo formado por
uma região anterior com 8 setígeros, separada da região posterior pelo 99
setígero, que tem estrutura peculiar. Magelonidae
Paipos sem papiias; curtos ou longos, fdiformes. Corpo constituído por 3
ou mais regias muito diferentes entre si. Chaetopteridae

Prostómio sem antenas. Extremidade anterior em placa limbada. Extremi-


dade posterior em placa ou funil com ou sem cirros. Segmentos da região
mediana e posterior geralmente longos e separados por "nós" salientes. Maidanidae
Prostômio com ou sem antenas. Extremidade anterior de forma variável,
nunca em placa.

Corpo ciiíndrico, robusto, com segmentos muito numerosos. Prostômio acu-


minado, com 4 pequenas antenas na extremidade. Tromba evaginável, longa
e armada de 4 ou mais dentes. Brânquias saculares, retrácteis.
Corpo longo ou curto e achatado. Prostômio largo; geralmente com oihos bem
desenvolvidos. Cirros tentaculares presentes. Sem brânquias. 21
Corpo de forma variável, dividido ou não em regiões distintas. Prostômio gerai-
mente conspícuo. Brânquias, quando presentes, cirriformes, liguladas ou arbores-
centes. 26

Parapódios de um único tipo ao longo de todo o corpo; unirremes ou birrernes.


Extr2midade da tromba com 4 dentes (maxilas) iguais. Glyceridae
Parapódios de dois tipos: unirremes, na região anterior; birremes e maiores, na re-
gião posterior do corpo. Extremidade da tromba com numerosos pequenos den-
tes de formato diferente. Parte basai da tromba com séries de peças quitinosas em
'V" ("chevrons"). Goniadidae

Tromba evaginável, longa e com a superfície recoberta por papilas. Prostômio


conspícuo, geralmente com olhos grandes; sem paipos. 2-4 pares de cirros ten-
taculares. Parapódios unirremes, com cirro dorsal foliáceo. Corpo longo. Phyliodocidae
Tromba curta, com superfície lisa. Prostômio com palpos mais ou menos lon-
gos e bi-articulados. 2-8 pares de cirros tentaculares. Parapódios unirremes,
com cirro dorsal subulado. Corpo curto. Hesionidae

Prostômio bem desenvolvido; com palpos robustos e um par de antenas curtas,


subuladas. Dois pares de olhos. Tromba evaginável; com um par de maxilas
dentadas e a superfície geralmente provida de papilas cómeas ("paragnatas").
4 pares de cirros tentaculares. Formas epítocas ("heteronereis") geralmente
com olhos hipertrofiados e parte do corpo diferenciada. Nereidae
Prostômio com palpos separados ou fundidos; com 3 antenas (excepcionai-
mente 1). Cirros tentaculares e cirros dorsais geralmente segmentados ou mo-
niliformes. Faringe parcialmente evaginável; acompanhada de um proventrículo
em forma de baniiete. Corpo relativamente curto. ,Syliidae
Sem uma tromba verdadeira. Faringe não evaginável; provida de peças bucais
quitinosas, complexas. Parapódios medianos e posteriores geralmente pouco
desenvolvidos. Corpo geralmente muito longo.

Prostômio com antenas e palpos.


Prostômio sem antenas nem palpos.

Com 7 antenas; sendo 2 anteriores (frontais), ovóides ou piriformes e 5 poste-


riores (dorsais), geralmente inseridas sobre uma base ("ceratóforo") conspicua-
mente aneladas. Onuphidae
Com 1 , 3 ou 5 antenas, geralmente longas e subuladas; desprovidas de cerató-
foro. Sem antenas frontais. Brânquias geralmente conspícuas; simples ou pec.
tinadas. Eunicidae
Com 3 antenas curtas, inseridas na margem posterior do prostômio (às vezes,
ocultas sob a borda do losegmento). Parapódios com cirro dorsal comprimi-
do, largo; sem cirro ventral. De vida livre ou parasitos. Lysare tidae
Com 2 antenas, geralmente moniliformes e dois palpos robustos, recurvados
para trás (gênero Dorvillea) ou com antenas e palpos minúsculos (gênero
Ophyotrocha). Geralmente de pequeno porte. Dorvilleidae
Com 5 tentáculos (ou antenas) curtos, bi-articulados. Corpo de forma peculiar.
Comensais de Decápodos marinhos ou de água doce. Histriobdellidae

Com cerdas de vários tipos. Maxilas com apenas um par de peças basais curtas
e largas (sem peça ímpar). Lumbrineridae
Com cerdas todas simples e de um único tipo. Maxilas com 3 peças basais; sen-
do um par muito longo e delgado e uma peça mediana ímpar. Arabellidae

Região anterior desprovida de brânquias. Corpo dividido em 3 regiões distin-


tas; a mediana com brânquias arborescentes; a caudal cilíndrica, desprovida de
cerdas. Arenicolidae
Região anterior com brânquias cirriformes erectas sobre o dorso. Corpo longo.
Parapódios birremes. 27
Região anterior desprovida de brânquias ou com brânquias liguladas ou digita-
das. Corpo dividido em duas regiões ou sem divisão aparente. Parapódios redu-
zidos.
Brânquias, quando presentes, dispostas em tufos ou cirriformes, ocultas entre
os ramos parapodiais.
Prostômio geralmente com uma antena dorsal (esta falta no Gênero Paraonis)
e com dois olhos. Brânquias dorsais simples, liguladas; limitadas a região ante-
rior, 3-6 segmentos anteriores desprovidos de brânquias. Formas pequenas e
delicadas. Paraonidae
Prostômio sem antenas nem palpos. Brânquias dorsais simples, fortemente
caiadas, em todos os segmentos, exceto os mais anteriores (5-20 primeiros).
Parapódios da região anterior ("tórax") com o ramo ventral geralmente p r e
vido de fdeiras de cerdas de forma muito variável. Formas geralmente robus-
tas. Orbiniidae

Corpo füsiforme. Prostômio agudo, com órgãos nucais retrácteis. Brânquias,


quando presentes, ligulada. Em alguns gêneros, olhos laterais ao longo do cor-
po. Opheliidae
Corpo clavifome ou alongado. Prostômio bilobado (com "cornos frontais"),
com olhos, mas desprovidos de palpos. Scalibregmidae
Corpo longo e cilíndrico, dividido em 2 regiões, ou sem divisão normalmente
aparente.

29. Corpo nitidamente dividido em duas regiões. Tromba globulosa, inerme. Unci-
ni sigmóides, encapuzados, nos segmentos abdominais. CapiteUidae
- Sem uncini (apenas cerdas capilares). Um tentáculo muito longo, inserido s e
bre o 39setígero. Cossuridae

30. Com brânquias em forma de cirro recurvado, entre os dois ramos dos para=
pódios. Tromba evaginável, com fdeiras de papilas moles e aiongadas. Nephtyidae
- Com brânquias dorsais arborescentes ou em tufos. Uma formação dorsai pe-
culiar ("carúncula") estendendese do prostômio para trás. Cerdas muito nu-
merosas; simples, vítreas, inteiras ou bifurcadas. 31
- Sem brânquias. Prostômio fendido. Corpo longo; achatado ou ciiíndrico. Cer-
das aciculares ou em forma de gancho geralmente presentes nos ramos dorsais. Pilargidae

3 1. Com tufos de cerdas e de brânquias formando séries transversais sobre o dorso. Euphrosinidae
- Tufos de cerdas e de brânquias limitados aos lados do corpo. Carúncula geral-
mente bem desenvolvida. Arnphinomidae
Referêvt cias
Bibliográficas

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Glossário

Introdução ção com descrições em línguas estrangeiras; porém,


Muitos dos termos correntemente utilizados quando a tradução se revelou inexpressiva ou i n b
para designar estruturas anatôrnicas dos pdique- cua, foi mantido a forma já consagrada na litera-
tos têm uma acepção particular, nem sempre re- tura ("uncinus", "chevron", p. ex.).
gistrada pelos dicionários. Por isso incluímos aqui Para facilidade de consulta foi adotada a or-
um glossário, visando definir e ilustrar claramen- dem alfabética Os números, após as definições, se
te os termos que foram ou serão empregados nas referem As ilustrações correspondentes; quando
chaves de classificação. mais de um, complementam a caracterização da
Sempre que possível, adotamos o termo estrutura designada pelo primeiro (exemplo: 23
equivalente em porhiguês, para facilitar a compara- (58) = cirro (moniliforme)).

ABDOME ARTICULADO
Regiáo posterior do corpo, às vezes seguida de uma constituído por segmentos separados por
cauda (2). articulações ou nós (78).
ACICULAR ARTICULO
Cerda robusta e rígida, em forma de agulha. Segmento de um cirro ou antena ou parte distai de
uma cerda composta (77).
ACÍCULO
Suporte quitinoso em forma de bastonete, no AURICULAR
interior dos ramos parapodiais (60). Em forma de orelha.
ANTENA AVICULAR
Apêndice do prostômio, com funç6es sensoriais; Em forma de cabeça ou bico de ave (98).
em número, forma e posição variáveis (3). BI~IDO
ÁPODO Fendido distalmente.
Desprovido de parapódios (1 8). BIFURCADO
AQUETA Dividido em dois ramos divergentes.
Desprovido de cerdas. BIRREME
ARBORESCENTE Parapódio constituído por dois ramos ou lobos (65).
Ramificado em forma de árvore (38). BRÂNQUIA
ARISTADO Extensão da parede do corpo, de forma, estrutura
Provido de um apêndice ou prolongamento distai e posição variáveis; com função respiratória (3 1).
em forma de pluma (72). Em espiral - Com os radíolos dispostos em
espiral, sobre um eixo ou lóbulo (32). COMPOSTO
Gancho ou cerda formado por uma haste e um ou
CADUCO mais artículos (75, 76).
Qualidade de soltar-se facilmente.
CORDIFORME
CAPILAR
Em forma de coraçáo.
Cerda delgada ou filiforme, semelhante a cabelo.
CAR~NCULA C~RNEO
Saliência dorsal camosa sobre o prostômio e De consistência, resistência e flexível, semelhante
primeiros segmentos (30). ao corno.
CERAT~FORO CTEN~DIA
Parte ou artículo basal de uma antena (5). Prega ciliada, disposta entre os ramos parapodiais
CERATOSTILO ou na base da antena mediana (25).
Parte distal, geralmente longa, de uma antena (6). DEC~DUO
CERDAS Qualidade de soltar-se em certas condiçaes ou
Formaçaes quitinosas de aspecto e características ocasiaes.
variáveis dispostas em feixe ou leque, na DENTADO
extremidade dos parapódios (4 1). Provido de um ou mais dentes.
Em arpáo - Com a extremidade provida de
uma ou mais farpas; semelhante a uma fisga; DENTICULADO
Provido de dentes pequenos e numerosos.
Em baioneta - Em forma de lâmina afilada,
com uma ou mais saliências na base (94); DIGITIFORME
Em espiga - Com espinhos dispostos em Em forma de dedo.
círculos sucessivos em redor de um eixo (80); ELITRÍGERO
"En pioche" - Em forma de pequena enxada Segmento provido de escama.
de ponta (95,96).
ÉLITRO
CHEVRONS Ver ESCAMA.
Peças quitinosas em forma de V, dispostas
bilateralmente na base da tromba de alguns ELITR~FORO
Goniadidae (I 7). Pedúnculo que liga a escama ao parapódio (24).
CIRRO ENCAPUZADO
Apêndice sensorial, de forma variável: Com extremidade envolta por uma membrana
Anai - Projeção do segmento mal ou pigídio simulando um capuz (89).
(51); EPÍTOCO
Dorsal - Projeção dorsal do parapódio (23); Animal ou parte modificada de um animal na fase
Occipitai - Inserido na face dorsal do reprodutiva; tambem se aplica à própria fase
segmento peristomial (7); quando acompanhada de alteraçaes
Tentacular - Inserido lateralmente em um ou morfológicas e estruturais.
mais dos primeiros segmentos (13); ESCAFO
Ventral - ProjeçZo ventral do parapódio (61). Apêndice caudal provido de cerdas especiais
característico dos Pectinariidae (53).
CIRR~FORO '
Parte ou artículo basal de um cirro. ESCAMA
Formação laminar, geralmente pedunculada,
CIRROSTILO inserida na face dorsal dos parapódios de
.' Parte distal, geralmente longa, de um cirro.
algumas espécies (56).
CLAVADO ESCUDO
Em forma de clava ou bastão, com uma das
Saliência em forma de almofada, geralmente de
extremidades alargadas (69). natureza glandular.
COLAR
ESPATULADO
- Nos Sabellidae: pregas altas que envolvem a base
dos lóbulos branquiais, geralmente fundidas na Com a extremidade comprimida e alargada; em
face ventral, porCm separadas na face dorsal. forma de espátula.
- Nos Serpuiiidae: primeiro segmento torácico, ESPIN~GERA
geralmente dotado de cerdas especiais, porem Cerda composta, com artículo de extremidade
desprovido de uncini (46). aguçada (81).
ESTATOCISTO Bidentado - Com dois dentes na extremidade (91);
Ó r g ~ osensorial, em forma de cápsula, geralmente Tridentado - Com três dentes na extremidade (90);
contendo grânulos. Unidentado - Com a extremidade nao dividida,
ESTATOLITO nem provida de dentes.
Grânulo de natureza mineral ou orgânica, no
interior do estatocisto. GEMCULADO
ESTILÓDIO Curvado bmscamente, como umjoelho (87).
Apêndice cilíndrico ou clavado, ocorrendo em GLABRO
número variável nos parapódios de algumas Liso; desprovido de pelos ou papilas.
espécies (26), ou sobre os radíolos branquiais
dos Sabellidae. GOTEIRA
Depressão alongada, com margens paralelas.
EVERSICVEL
Característica da tromba ou faringe capaz de ser HETEROGONFA
projetada para fora, invertendo a posição relativa Cerda composta cuja haste tem a parte distal
das superfícies. (articulaçZo) formada por dois ramos desiguais (84).
FALCADO HOMOGONFA
Em forma de foice. Cerda composta cuja haste tem a parte distal
(articulação) formada por dois ramos de
FALCIFORME comprimento igual (82).
Recurvado em forma de foice.
IMBRICADO
FALC~GERA Disposto como telhas ou escamas; em série, se
Cerda composta, com artículo em forma de lâmina recobrindo parcialmente.
(83).
INERME
FAIUNGE Sem armadura, ou dentes.
Parte anterior do tubo digestivo.
LACINIADO
' FARPADO Rendado ou muito recortado (36).
Provido de espinhos ou farpas (93).
LAGENIFORME
FELTRO Em forma de garrafa de pescoço longo (70).
Conjunto de cerdas capilares muito finas e
entrelaçadas, recobrindo parcial ou totalmente LAME LAR
o dorso de algumas espécies (57). Formado por lâminas justapostas (34).
FILIFORME LANCEOLADO
Em forma de fio. Em forma de ferro (ou ponta) de lança.
LIGULADO
FOLIACEO Em forma de lígula ou lâmina longa e afdada.
Em forma de folha.
LIMBADO
FUNiL Com uma orla ou margem alargada (92).
Prolongamento, geralmente da regiao posterior, de
forma côncava ou afundada; com o bordo liso ou LOBULO (LOBO)
provido de papilas (52). Parte arredondada ou saliente, de um órgzo.
Parapodial - Parte de um parapódio ou
FURCADO prolongamento de sua extremidade (62);
Com a extremidade dividida em dois ramos
divergentes (71). Pré-Setal - Em posição anterior ao feixe de cerdas
(63);
FUSIFORME PósSetal - Em posição posterior ao feixe de
Cilíndrico, com as extremidades afdadas. cerdas (64).
GANCHO MAND~BULA
Cerda robusta simples ou composta, com Par de peças ventrais da armadura bucal (16,55).
extremidade geralmente dentada.
Pseudo-composto - Semelhante a uma cerda ou MANOBRIO
gancho composto, porém constituído por uma Prolongamento em forma de haste horizontal, em
única peça; sem articulação (88); alguns uncini (99).
Subacicular - Inserido abaixo do acículo ou em MAXILAS
posição ventral em relação ao acículo; Conjunto de peças dorsais da armadura bucal dos
Eunicea; ou placas denteadas em algumas espbcies inseridas as cerdas (1 2).
(54). PECTINADO
MEMBRANA TORÁCICA Em forma de pente (35).
Expansiio membranosa estendendo-se de ambos os PEDUNCULADO
lados do tórax, em alguns Serpulidae (47). Na extremidade de uma haste ou pedúnculo.
MONILIFORME
Em forma de colar ou fileira de contas esf6ricas PEDÚNCULO
(58). Haste ou prolongamento que suporta um órgão
(33).
NEUROPODIAL Opercular - Radiolo branquial modificado (nos
Pertencente ou inserido sobre o neuropódio. Serpulidae), na extremidade do qual está o
NEUROP~DIO opkrculo (44);
Ramo ou lóbulo ventral dos parapódios (66). Ocular - Projeção da região anterior do prostômio,
NOTOPODIAL sobre a qual está o olho (27).
Pertencente ou inserido sobre o notopódio. PENACHO BRANQUIAL
NOTOP~DIO Conjunto de apêndices da região anterior, longos e
Ramo ou lóbulo dorsal do parapódio (67). bipinados, dispostos em dois grupos semicirculares
ou em espiral; característico dos Sabellidae e
NUCAL Serpulidae, o mesmo que "coroa branquial" (42).
Situado na face póstero-dorsal do prostômio.
PENADO
OCCIPITAL Em forma de pena; com ramos opostos, sobre um
Situado na parte póstero-dorsal do prostômio ou eixo (37).
do segmento peristomial.
PENICILADO
OMAT~FORO Com a extremidade em forma de pincel (73).
Apêndice ou pedúnculo na extremidade do qual
está inserido o olho; o mesmo que PEDÚNCULO
PERISTOMIO
Primeiro segmento após o prostômio: geralmente
OCULAR (27). modificado, formando parte da cabeça ao redor
OPERCULO da boca (9).
Estrutura destinada ao fechamento do tubo, nas
famílias Sabelariidae e Serpulidae (45). PICOS FRONTAIS
Projeçtks antero-laterais do prostômio,
~ R G Ã ONUCAL caracteristicas de algumas espkcies de Polynoidae
Órgão sensorial do prostômio, geralmente em
forma de goteira ou prega ciliada. (22).
PIGÍDIO
PÁLEA Parte terminal do corpo; ou segmento mal (50).
Cerda robusta, geralmente larga e achatada (85,
86);.JU de forma peculiar, como as páleas PIRIFORME
operculares dos Sabelariidae (74,79). Em forma de pera; com a base bulbosa e
extremidade afilada (68).
PALPOS
- Nos ERRANTIA: Apêndices sensoriais do bordo PLACA
antero-ventral do prostômio (4). Estrutura laminar.
- Nos SEDENTARIA: Apêndices do peristômio, Ana1 - (48)
providos de uma goteira ciiiada; utilizados para a Cefáiica - (49)
coleta de alimento (20). PROSTOMIO
PAPILAS Parte do corpo não segmentada, à frente da boca;
Expans6es epidérmicas de forma e natureza geralmente contendo órgãos sensoriais cefáiicos
variável, ocorrendo em diferentes partes do animal (olhos, antenas e palpos) (8).
(19). PROVENTRI~ULO
PARAGNATOS Parte do tubo digestivo imediatamente após a
Dentículos cómeos ou quitinosos.na extremidade faringe; geralmente dilatada e com estrutura
da tromba ou em sua superfície quando evertida peculiar (28).
(15). RADÍOLO
PARAR~DIO Cada um dos ramos principais do penacho
Projeçiks laterais de cada segmento, onde estiio branquia dos Sabelíidae e Serpulidae; geralmente
provido de duas fileiras de expansões laterais T~RAX
(pínulas) (43). Região anterior do corpo. Relativo aos Sedentaria,
nos quais as regiões anterior e posterior são
RETRÁCTI L
nitidamente diferenciadas pela estrutura dos
Que pode ser retraído.
parapódios e das cerdas (1) veja ABDOME.
SEGMENTO
TORO
Cada uma das partes ou secçUes sucessivas do
Prega onde estão inseridos cerdas ou uncini.
corpo, dispostas em sCrie linear e geralmente
dotadas de um par de expansões laterais Uncinígero - Prega ou saliência correspondente ao
(parapódios) (1O). parapódio ou lóbulo parapodial, onde estgo
inseridos os uncini (40).
SERRI LHADO
Com o bordo provido de dentes numerosos TRÉPANO
e minúsculos. Conjunto de dentes, dispostos em círculo na
extremidade da faringe ou tromba de alguns
SÉSSIL Syllidae (29).
Sem pedúnculo.
TROMBA
SET~GERO- Parte evaginável da faringe, As vezes dotada de
Segmento ou anel provido de cerdas (1 1). dentes (14). Por extensão o termo é usado para
SUBULADO designar órgão sacular evaginável, sem
Longo, afilando gradualmente até a extremidade comunicação com o tubo digestivo, peculiar aos
representantes de algumas famílias (Arenicolidae,
(21). p. ex.).
UNCINUS (UNCINI)
TENTACULAR Peças quitinosas, geralmente minúsculas; sigmóides
Com forma e funçoes semelhantes às dos ou em forma de placa denteada, que ocupam o
tentáculos. Designa o segmento da região anterior lugar das cerdas em muitas famílias dos Sedentaria
dotado de tentáculos ou cirros tentaculares.
(97).
TENTÁCULO UNIRREME
Apêndice sensorial cefáiico. Em algumas famílias Com um único ramo ou lóbulo (59).
são retrácteis; em outras (Terebellidae, p. ex.) são
muito longos e extensíveis, adaptados para coleta URITO
de alimento (39). Ver CIRRO ANAL.
Ilustrações
Desenhos:Toyomi Naruto
r-.
-4

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